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1.O que é recurso? Segundo Barbosa Moreira, o recurso é o “remédio voluntário idôneo a ensejar, dentro do mesmo processo, a reforma, a invalidação, o esclarecimento ou a integração da decisão judicial que é impugnada”. Uma outra definição, é “um meio ou remédio impugnativo apto de provocar, no processo ainda em curso, o reexame da decisão judicial, pela mesma autoridade, ou outra hierarquicamente superior, afim de obter a reforma, a invalidação, o esclarecimento ou integração da decisão atacada. 2.O recurso é o único meio impugnativo contra as decisões judiciais? Não, pois, temos outros instrumentos que também cuidam do assunto, como a ação de impugnação, rescisória, mandado de segurança. O que diferencia dos recursos, é que esses, são interpostos dentro da mesma relação jurídico-processual, enquanto aqueles, instauram uma nova relação jurídica processual. 3.Como se classificam os recursos? Podemos classifica-las quanto ao fim colimado pelo recorrente: - de reforma, quando se busca uma modificação na solução contida no decisório impugnado. - de invalidação, quando não se busca um novo julgamento, dentro do recurso, para a matéria decidida no ato impugnado, mas sim, a sua cassação pura e simples, ensejando, posteriormente, que volte a mesma matéria a ser julgada em novo decisório que não o contenham os vícios que provocaram a anulação do primeiro. - de esclarecimento ou integração, aqui é incluído o EDs, onde o objetivo principal não é o julgamento da matéria decidida, tampouco a invalidação, mas sim, um aperfeiçoamento, o que se alcança com a eliminação da obscuridade, ou suprimento da omissão, dentre outros. Podem ser classificados, também, pelo órgão julgador do ato decisório impugnado: - reiterativos, quando o julgamento da decisão impugnada é devolvido ao conhecimento de outro órgão, como os RE, RESP, a apelação. - não iterativos, quando a impugnação é julgada pelo mesmo órgão que proferiu a decisão recorrida, como ocorre nos EDs. - mistos, quando o julgamento é possível tanto pelo órgão superior como pelo próprio prolator do ato decisório impugnado, como é o caso do agravo. Também podem ser classificados quanto à extensão do reexame: - A extensão trata-se do inconformismo do recorrente, o qual pode atacar toda a decisão ou parte dela, sendo o recurso total ou parcial. - Outro critério a ser considerado é a divisão dos recursos, entre os de “fundamentação livre” e os de “fundamentação vinculada”. Para os de “fundamentação livre”, basta ao recorrente demonstrar o seu inconformismo cuja admissibilidade não se prende a matérias preordenadas pela lei, enquanto, os de “fundamentação vinculada”, além do inconformismo, faz-se necessário demonstrar um prejuízo especifico, quando se invoca tema enquadrado na previsão legal de cabimento, como nos embargos de declaração, recurso especial e recurso extraordinário. Por último, temos a classificação quanto à marcha do processo rumo à execução da decisão impugnada: - Podem ser suspensivos, ou seja, impedirão o início da execução provisória ou definitiva, ou - não suspensivos, os que, mesmo na pendência do recurso, poderão ter início a execução provisória ou definitiva. Importante lembrar que, a apelação, em regra, suspende os efeitos da sentença impugnada, não ensejando execução provisória, ressalvado os casos excepcionais - art. 1.012,§1º -. 4.O que é efeito devolutivo? O efeito devolutivo, dentro da sistemática recursal, tem o sentido de transferir de um órgão judicial para outro, a função de reexaminar a decisão judicial. Outrossim, o recurso interposto regularmente afasta a possibilidade de preclusão, reabrindo ou restituindo o poder de examinar, mais uma vez, a matéria já decidida. 5.Todo recurso possui efeito devolutivo? Tecnicamente, podemos dizer que sim, pois, qualquer que seja ele, afasta ou impede a preclusão, ensejando nova oportunidade de julgamento, no todo ou em parte, da questão decidida. 6. Quais os recursos admissíveis? - No primeiro grau de jurisdição – 1ª instancia -, é admissível a apelação; o agravo de instrumento; o EDs. - Quanto aos acórdãos dos tribunais, é admissível o EDs; o recurso ordinário – STJ ou STF -; o recurso especial, o recurso extraordinário, o embargos de divergência para o STF ou STJ. - Para as decisões de 2º grau, diferente de acórdão, é admissível o agravo interno, o agravo em recurso especial ou extraordinário. *É admissível o agravo interno contra qualquer decisão do relator. 7.Como funciona o julgamento dos recursos? Para o julgamento de recursos, temo o juízo de admissibilidade e o juízo de mérito. No juízo de admissibilidade resolvem-se as preliminares relativas ao cabimento, ou não, do recurso interposto. Verifica-se se o recorrente tem legitimidade para recorrer, se o recurso é previsto em lei e se é adequado ao ato atacado, e, finalmente, se foi manejado em tempo hábil, sob forma correta e com atendimento dos respectivos encargos econômicos. Se a verificação chegar a um resultado positivo, o órgão revisor “conhecerá do recurso”, do contrário, “não conhecerá”. Superada essa fase, iremos para o juízo de mérito, em que o julgamento consistirá em dar ou negar provimento ao recurso. O mérito do recurso pode ou não referir-se a uma questão de direito material. Vale lembrar que, o julgamento do mérito é do recurso e não dá causa. *Salvo em caso de não conhecimento do recurso, o acórdão que o julga substitui o decisório impugnado, nos limites da impugnação. 8.O juízo de admissibilidade é feito por quem? O § 3º do art. 1.010 do NCPC dispõe que após as contrarrazões à apelação e à apelação adesiva, se houver, os autos serão remetidos ao tribunal pelo juiz, “independentemente de juízo de admissibilidade”. Já o art. 1.016 c/c o art. 932, III, estabelecem que o agravo de instrumento será dirigido diretamente ao tribunal, cabendo ao relator não conhecer de recurso inadmissível. Quanto aos recursos extraordinário e especial, o parágrafo único do art. 1.030 determina que os autos serão remetidos ao STJ ou STF independentemente de juízo de admissibilidade. Desta forma, a sistemática do NCPC é a de um só juízo de admissibilidade. Na instância superior, portanto, o julgamento sobre a admissibilidade do recurso será sempre efetuado como preliminar indispensável ao exame de mérito. Trata-se, pois, de um juízo necessário e definitivo, em torno do cabimento, ou não, do recurso, cabendo a última palavra ao colegiado do tribunal competente para julgá-lo. No tribunal ad quem, a lei permite que o juízo de admissibilidade seja feito, preliminarmente, por decisão singular do relator. Se for negativa essa decisão, caberá sempre agravo interno para o órgão colegiado, i.e., aquele encarregado do julgamento do recurso (art. 1.021, caput)118 (sobre o processamento do agravo interno, ver, adiante, o item nº 795). 9.Quais os requisitos para o juízo de admissibilidade? Os requisitos se dividem em dois grupos, os requisitos subjetivos, que são concernentes a própria existência do poder de recorrer, quais sejam: legitimidade, interesse, inexistência de fato impeditivo ou extintivo do direito de recorrer, e os requisitos objetivos, que são relativos ao modo de exercício do direito de recorrer: a recorribilidade da decisão e a adequação, a singularidade, o preparo, a tempestividade, a regularidade formal e a motivação do recurso. 10. Quando se inicia o prazo para interposição? Em regra, o prazo é de 15 dias, salvo no caso de Eds, em que o prazo é de 5 dias. Por exceção, o prazo é em dobro para a DP, MP, FP e para os litisconsortes não representados pelo mesmo advogado ou escritório – nesses, o prazo em dobro não se aplica quando os autos forem eletrônicos ou quando apenas um deles manifestar defesa. O prazo começa a correr a partir da data em que são intimados da decisão. Se a decisão for proferia em audiência, as partes consideram-se intimadas na ocasião. 11. O que é preparo? Consiste no pagamento, na época certa, das despesas processuais correspondentes ao processamento dorecurso interposto, que compreenderão, além das custas (quando exigíveis), os gastos de porte de remessa e retorno se fizer necessário o deslocamento dos autos. O preparo deve ser feito previamente, juntando o respectivo comprovante à petição recursal. 12. Quais as consequências da falta de preparo? A falta de preparo pode acarretar em deserção, que importa no trancamento do recuso, presumindo a lei que o recorrente tenha desistido da interposição. No entanto, é dado um prazo de cinco dias para o preparo ser feito, com o seu valor em dobro, sob pena de deserção. Se o preparo feito for menor do que era devido, não se decretará de imediato a deserção, pois, deverá ser intimado para, na pessoa de seu advogado, completa-lo em cinco dias e, somente após esse prazo, é que será feito o trancamento do recurso, caso não o complete. 13. Há hipóteses de dispensa de preparo? Sim, quando o recurso interposto for o EDs, ou quando o recurso for interposto pelo MP, União, distrito federal, pelos estados, municípios e respectivas autarquias, além daqueles que gozam de isenção legal – beneficiários da justiça gratuita-. 14. É possível renunciar o direito ao recurso ou desistir de sua interposição? Sim, ocorre a renúncia quando a parte vencida abre mão do direito de recorrer. A desistência é posterior à interposição do recurso, não dependendo, as duas, de anuência do recorrido ou dos litisconsortes. 15. O que é recurso adesivo? É facultado a parte que não recorreu no devido tempo da decisão que provocara sucumbência reciproca, a interposição do recurso adesivo. O prazo desse recurso, será dado pelo restante do principal, dependendo dele a sua existência. Dessa forma, o prazo para interposição do recurso adesivo, será o mesmo que a parte dispõe para responder ao principal, só tem cabimento na apelação, RESP e RE. O processamento é o mesmo do recurso principal, devendo, após o recebimento, abrir se vista por quinze dias ao recorrido para contrarrazões. O recurso adesivo é um acessório do recurso principal. Por isso, “não será conhecido, se houver desistência do recurso principal ou se for ele considerado inadmissível” (art. 997, § 2º, III). 16. O julgamento do recurso deve ser de forma singular ou colegiada? Em regra, o julgamento deverá ser feito de forma colegiada. O relator dirige o procedimento na instancia recursal, mas não o julga sozinho. No entanto, o CPC atribuiu-lhe, em alguns casos, o poder de decidir, em julgamento singular, valendo o seu ato como decisão do tribunal, tanto em matéria preliminar como em matéria de mérito. Com efeito, o art. 932 do NCPC, traz algumas hipóteses: por motivo de ordem processual, não conhecerá de recurso inadmissível, prejudicado ou que não tenha impugnado especificamente os fundamentos da decisão recorrida; por motivo de mérito, negar provimento ao recurso que for contrário a sumula do STJ, STF, ou do próprio tribunal; acordão proferido pelo STF, STJ, em julgamento de recurso repetitivo; ou quando houver entendimento firmado em incidente de resolução de demandas repetitivas, ou de assunção de competências.
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