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Imunologia Basica Compilacao de Aulas

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Aulas 2013.1 
Profª. Dra. Aparecida Tiemi Nagao Dias 
Msc. Luciana Mabel Vasconcelos 
Msc. Alba Fabíola C. Torres 
Compliado por Rayra Lima. 
 
 
 
 
 
 
 
 
Sumário 
Aula 1 – Introdução à Imunologia Básica ..................................................................................... 1 
Aula 2 – Células e Órgãos do Sistema Imune ............................................................................... 2 
Aula 3 – O Sistema do Complemento ........................................................................................... 9 
Aula 4 – Imunidade Inata e Inflamação ........................................................................................ 16 
Aula 5 – Apresentação de Antígenos a Linfócitos ........................................................................ 24 
Aula 6 – Estrutura e Função das Imunoglobulinas ....................................................................... 34 
Aula 7 – Parâmetros de Validação de Testes Sorológicos ............................................................. 42 
Aula 8 – Princípio de Métodos de Aglutinação e Precipitação ..................................................... 45 
Aula 9 – Mecanismos Imunológicos das Doenças Infecciosas ..................................................... 48 
Aula 10 – Reações de Hipersensibilidade ..................................................................................... 54 
Aula 11 – Imunologia dos Tumores .............................................................................................. 64 
Aula 12 – Mecanismos de Rejeição de Transplantes .................................................................... 71 
Aula 13 – Vacinas .......................................................................................................................... 76 
 
 
 
Aula 1 
Introdução à Imunologia Básica 
Profª Dra. Aparecida. 
Introdução 
Conceito: Ciência que estuda a resposta imune. 
Histórico: 
Varíola (Orthopoxvirus 
variolae) – Edward Jenner, 
o pai da Imunologia, 1796 
– Em um experimento, 
verificou que humanos 
saudáveis que eram 
vacinados/inoculados com 
extrato de linfa de bezerro 
que havia sido infectado com o vírus da varíola bovina, 
não adquiriam a doença. Um dos primeiros a ser 
inoculado foi seu próprio filho. 
Reconheceu que o indivíduo tornava-se protegido contra 
a varíola humana, e então percebeu que havia algo no 
organismo humano capaz de reconhecer e se defender. – 
A este processo chamou de vacinação, que vem de 
“vaca”. Com isso, a varíola foi declarada como erradicada 
em 1980 pela OMS. 
 
Sistema Imune 
Conceito: Conjunto de células, moléculas e órgãos que 
atuam de forma a colaborar entre si e coordenada para 
reconhecer aquilo que é próprio dele (tolerância 
imunológica) e não reagir e responder apenas ao que é 
estranho a ele. 
Doenças auto-imunes: Fatores individuais e ambientais 
que desencadeiam a quebra da tolerância. 
Imunidade: Latim – Immunitas. Células, moléculas e 
órgãos levam a um conjunto de processos fisiológicos 
que permite então reconhecer agentes infecciosos e não 
infecciosos e responder contra eles. 
 
Agentes Infecciosos 
Vírus, bactérias, 
protozoários, fungos, 
helmintos. 
Porta de entrada: 
mucosas (oral, 
intestinal, nasal, vias 
urinárias – maior área 
de contato com meio 
externo), sangue, lesões na pele. 
 
 
Agentes Não Infecciosos 
Toxinas (alimentares, bacterianas, ambientais) 
Proteínas inócuas (alérgenos) 
Proteínas alteradas 
Proteínas de microrganismos 
Outras moléculas (polissacarídeos, lipopolissacarídeos, 
ácidos nucléicos) 
 
Imunidade Inata e Adaptativa 
Imunidade inata é o mecanismo de proteção que o 
organismo tem logo que entra em contato com 
microorganismo/agente infeccioso, já nas primeiras 
horas de vida. Barreiras, células do sistema imune que 
participam da imunidade inata (ex. neutrófilos, 
macrófagos, células dendríticas, linfócitos natural killer, 
mastócitos, linfócitos B-1, linfócitos T intra-epiteliais), 
moléculas, fatores do complemento, citocinas, proteínas 
com ação enzimática (lisozima), proteínas que 
competem com Fe, por exemplo (lactoferrina) etc. 
Na maioria dos casos consegue-se debelar infecções nas 
primeiras horas, senão os indivíduos seriam fonte de 
inflamação. Quando isso não ocorre, se estabelece a 
imunidade adaptativa, que depende basicamente de 
dois tipos de linfócitos – B e T. 
 
Linfócitos B e T 
Células com alta capacidade de especificidade no 
reconhecimento de agentes infecciosos. 
Usando a lisozima como exemplo, esta possui certa 
especificidade, clivando apenas a ligação entre N-
acetilmurâmico e N-acetilglicosamina na parede celular 
dos patógenos. 
Na imunidade adaptativa, os linfócitos B ou T podem 
reconhecer especificamente sequências pequenas 
variadas, caracterizando uma diversidade muito maior 
que na imunidade inata. 
Outra característica importante é a memória, 
evidenciada no experimento de Edward Jenner, em que 
1 
 2 
 
o indivíduo foi exposto à varíola bovina e em seguida 
exposto à varíola humana, mas não adquiriu a doença, 
pois de algum modo o sistema imune conseguiu 
reconhecer moléculas na vacina e especificamente agir 
contra elas. 
Algumas células permanecem viáveis, então quando o 
indivíduo entra em contato com o agente pela segunda 
vez, elas rapidamente se proliferam e efetuam a 
resposta. 
Etapas: Reconhecimento  Ativação e proliferação  
Efetuação de resposta. 
A partir do momento que o linfócito T reconhece, é 
ativado e prolifera, na efetuação da resposta este produz 
anticorpos que vão interagir com estas moléculas e de 
alguma forma debelar a infecção, existindo uma 
colaboração estreita entre a imunidade adptativa e 
inata. 
Os linfócitos T, dependendo do caso, podem produzir 
citocinas, que agirão em receptores na célula alvo ou 
agir por citotoxicidade associada. 
 
Imunidade Inata 
Composta de barreiras fisiológicas e anatômicas, barreira 
fagocítica, barreira inflamatória, fatores solúveis 
(lisozima, lactoferrina, citocinas, quimiocinas, proteínas 
do Complemento, proteínas de fase aguda) e células (já 
citadas). 
 
Citocinas 
Moléculas protéicas que podem ser produzidas tanto 
por células do sistema imune como não, podem ser 
produzidas pelas células epiteliais da mucosa, 
endoteliais, etc. 
Tem como função principal mediar a interação entre 
células. Podem agir sobre a célula produtora (autócrina), 
sobre uma célula próxima (parácrina) ou agir como 
hormônio sobre um órgão distante (endócrina). 
Para poderem agir, necessitam que haja um receptor 
para estas na célula alvo. 
 
Quimiocinas 
Moléculas que atraem células para que estas saiam do 
endotélio e alcancem o sítio inflamatório – Quimiotaxia. 
A inflamação é um processo inicialmente benéfico, pois 
leva ao extermínio do agente infeccioso. 
 
Processo Inflamatório 
Por exemplo, se um tecido é lesionado e infectado, 
inicia-se o processo inflamatório, a partir do vaso 
sanguíneo. Inicia-se com vasodilatação, onde as células 
que teriam fluxo no centro do vaso começam a diminuir 
sua velocidade, se lateralizar e parar, principalmente nas 
vênulas. 
Em seguida, há um aumento da permeabilidade vascular, 
pois é importante que o fluido endotelial alcance o sítio 
inflamatório, carreando moléculas como complemento, 
citocinas, e outra que auxiliarão no processo. 
Por quimiotaxia, células chegam neste local e iniciam o 
processo de fagocitose, digerindo os agentes infecciosos. 
 
Processo de Fagocitose 
Células fagocíticas: neutrófilos,macrófagos, monócitos, 
células dendríticas. Possuem capacidade de emitir 
pseodópodes e englobar o microorganismo, formando o 
fagossoma, que se ume a um lisossomo contendo 
grânulos enzimáticos, forma um fagolisossomo onde 
ocorre digestão e eliminação. 
“Fagos” = comer, ingestão (grego). 
 3 
 
Processo de fagocitose é facilitado se o microorganismo 
estiver opsonizado. 
 
Opsonofagocitose 
“Opsono” = facilitar deglutição/englobamento, preparar 
alimento (grego) 
Opsoninas: Moléculas que se ligam ao microorganismo e 
facilitam sua fagocitose. Têm como função o processo da 
opsonização, no qual o microorganismo é recoberto por 
anticorpos, complemento ou outros fatores, facilitando 
sua fagocitose. 
 
Imunidade Adaptativa 
Principais células: linfócitos B e T. 
Características: memória, especificidade e diversidade 
para n microorganismo, moléculas, proteínas que o 
organismo entra em contato e outros, este tem um 
repertório amplo que consegue reconhecer estas 
pequenas particularidades. 
 
 
Aula 2 
Células e Órgãos do Sistema Imune 
Profª Dra. Aparecida. 
Introdução 
A medula óssea é onde ocorre a hematopoese, processo 
no qual a partir de uma célula totipotente (stem cell) 
pode-se obter a linhagem linfóide ou mielóide. 
As stem cell são abundantes no fígado fetal e cordão 
umbilical e chega a 0,01% na medula óssea em adultos. 
A medula óssea está presente nos ossos longos e contém 
uma rede de fibras onde macrófagos e células em 
desenvolvimento se ancoram. Neste local da medula 
óssea não há vasos linfáticos. 
As células totipotentes são autorenováveis e sua 
diferenciação em cada uma das linhagens depende de 
fatores de transcrição e citocinas. 
 
 
 
 
Hematopoese 
Durante o processo inflamatório, as próprias células 
(linfócitos T, macgófagos ativados, etc) podem produzir 
citocinas que induzem que esta célula totipotente se 
diferencie em linhagem linfóide, mielóide ou ambas. 
 
Células do Sistema Imune 
Imunidade Inata 
Neutrófilos 
Fagócitos ávidos de vida curta (12-24h), estão ausentes 
nos tecidos, mas diante de um processo 
inflamatório são os primeiros a chegar. 
Sua presença no sítio inflamatório 
caracteriza inflamação aguda. 
Pus: resulta da batalha entre neutrófilos e 
microorganismos, sendo composto destas células mortas 
(de 12 a 24h os neutrófilos entram em apoptose). 
 
Macrófagos 
Fagócitos com vida média de dois 
meses, que chegam ao sítio inflamatório 
após os neutrófilos. 
Diferentemente dos neutrófilos, estes 
chegam no sítio como monócitos, se 
diferenciam em macrófagos e ainda vivem nos tecidos 
 4 
 
por dois meses, dependendo da localidade podem 
receber nomenclaturas diferentes. 
 
 
 SNC: células da micróglia 
 Fígado: célula de Kupffer 
 Pulmão: macrófago alveolar 
 Ossos: osteoclasto 
Possuem capacidade metabolítica muito maior que os 
monócitos. 
São capazes de produzir e secretar uma variedade de 
citocinas e outras moléculas. 
 
Células Dendríticas 
Tem origem de uma 
progenitora mielóide comum, 
podendo derivar de célula 
dendrítica de Langerhans 
imatura (célula dendrítica de 
Langerhans, de tecido epitelial – a principal), derivar a 
partir do monócito (célula dendrítica derivada de 
monócito), derivar a partir de célula dendrítica 
precursora plasmocitóide (célula dendrítica derivada de 
plasmocitóides) ou derivar de célula dendrítica 
intersticial imatura (célula dendrítica intersticial). 
Todas possuem a mesma função, com moléculas 
diferentes na superfície. 
Funções: 
 Alojam-se nos órgãos sob a forma imatura 
(normalmente em processos inflamatórios, algo as 
torna maduras). 
 Fagocitam. 
 Apresentam antígenos para linfócitos T. 
 Produzem citocinas. 
Constituem elo entre imunidade inata e adaptativa. 
 
Células Dendríticas Foliculares 
 Não são de origem hematopoiética, e sim 
mesenquimal. 
 Não possuem moléculas de MHC II (complexo 
histocompatibilidade principal II). 
 Não apresentam antígenos para linfócitos T. 
 Possuem uma grande quantidade de receptores 
para imunoglobulinas. 
 Interagem com células B e não com T. 
 Estão presentes nos linfonodos. 
 
Fagocitose 
Realizada por neutrófilos, macrófagos e células 
dendríticas. 
Facilitado por opsonização, a partir do fragmento C3b, 
do complemento, e anticorpos. A célula alvo deve 
possuir receptor para ambos. 
 
Linfócitos Natural Killer 
Matadores ativados por lifocinas, são derivados da 
linhagem linfóide e fazem parte da imunidade inata. 
Linfócito granular, não fagocítico, presente no sangue (5-
10% em adultos) e tecidos. 
Não produzem imunoglobulinas, não possuem 
especificidade imunológica nem memória e não precisa 
de sensibilização prévia para exercer sua função. 
Função: Atividade citotóxica – ao interagir, libera 
grânulos contendo moléculas que induzem a célula alvo 
a apoptose, principalmente células tumorais e/ou 
infectadas por vírus. 
 
 
 5 
 
 
 
 
Necrose x Apoptose 
 
Necrose: Célula incha e expele seu conteúdo, devido a 
trauma, stress, etc. 
Apoptose: Processo fisiológico que ocorre com o auxílio 
de uma cascata de pró-enzimas, que vão se ativar e levar 
à clivagem do DNA, proteínas estruturais e culminando 
na formação de corpos apoptóticos que serão 
fagocitados, de forma que provoque o mínimo de 
inflamação possível. 
 
Mastócitos 
Podem fazer parte da imunidade inata, 
são extremamente importantes na 
inflamação, sendo uma das primeiras 
células a ser ativada, localizam-se ao redor de vasos 
sanguíneos (de pele, membranas, mucosas) e contém 
grânulos constituídos de histamina, serotonina e 
triptase. 
A histamina é um dos primeiros mediadores 
inflamatórios e induz vasodilatação, aumento de 
permeabilidade vascular, contração de músculo liso e 
hipersecreção de fluidos. Importante em processos 
alérgicos (ex. Anafilaxia, em alérgicos a amendoim). 
 
Basófilos 
Estão presentes no interior dos vasos 
sanguíneos, possuem grânulos 
contendo histamina e heparina e também são 
importantes em processos alérgicos. 
 
 
Imunidade Adquirida 
Línfócitos T e B 
Ambos são produzidos, após o nascimento, na medula 
óssea, com diferentes locais de amadurecimento. 
Linfócitos B amadurecem na medula óssea (bone 
marrow) e os linfócitos T amadurecem no timo. 
A especificidade destas células deve-se a características 
que as diferem de outras células. 
 Linfócitos B Linfócitos T 
Receptor BCR – receptor 
de antígeno de 
célula B. 
TCR – receptor de 
antígeno de 
célula T. 
Reconhecimento Antígenos livres 
ou ligados a 
células e tecidos. 
Antígenos ligados 
a moléculas MHC 
classe I ou II), e 
não livres 
Resultado Ativa-se a 
diferencia-se em 
plasmócitos e 
células de 
memória. 
 
Expansão clonal: linfócitos B ativados se multiplicam e só 
depois se diferenciam. 
Plasmócitos: células efetoras de vida curta, produzem 
muitas Igs e estes anticorpos levarão à resposta. 
TH = Linfócito T Helper, CD4. 
TC = Linfócito T Citotóxico, CD8. 
CD = Cluster of differentiation, moléculas que 
caracterizam as células. As duas células são 
fenotipicamente diferentes com funções diferentes. 
 
Reconhecimento de Antígenos por Linfócitos T 
A célula alvo deve conter a 
molécula de MHC classe I ou 
II e o linfócito T tem seu 
receptor TCR, que 
reconhecerá o peptídeode 
MHC. O linfócito T citotóxico 
ou CD8 reconhece o peptídeo 
da molécula de MHC classe I e o linfócito T helper ou 
CD4 reconhece o peptídeoda molécula de MHC classe II. 
 6 
 
 
Efetuação da Resposta por Linfócitos T 
Linfócito T CD4 ou Helper (auxiliar) reconhece 
microorganismo através da ligação de seu receptor TCR 
ao antígeno ligado a MHC classe II de uma célula 
apresentadora de antígeno. 
Após o reconhecimento o CD4 se ativa, sofre expansão 
clonal e produz citocinas que poderão ativar macrófagos, 
induzir a produção e ativação de células 
inflamatórias/neutrófilos e/ou induz a ativação de 
células B e mais células T. 
Linfócito T CD8 ou Citotóxico reconhece antígeno ligado 
ao MHC classe I, presente em células tumorais ou 
infectadas por vírus. Efetua sua resposta, levando a 
célula à apoptose (semelhante ao NK, também granular). 
 
Órgãos do Sistema Imune 
Órgãos linfóides primários (timo e medula óssea): órgãos 
de amadurecimento. 
Órgãos linfóides secundários (linfonodos, baço, tecidos 
linfóides associados às mucosas – placas de Peyer, 
tonsilas palatinas, adenóides): Linfócitos maduros 
povoam estes, quando já prontos para reconhecer os 
antígenos, se ativar e efetuar a resposta. 
 
Órgãos Linfóides Primários 
Timo 
Responsável pela maturação de diferenciação dos 
linfócitos T, l ocaliza-se na parte ântero-superior da 
cavidade 
torácica, sob o 
esterno, atrás do 
coração e 
constitui-se de 
dois lóbulos, cada 
um contendo 
córtex e medula, 
possuindo 
também uma cápsula protetora. 
No córtex, predominam timócitos (linfócitos T em 
amadurecimento), macrófagos e células epiteliais do 
córtex. 
Na medula, temos corpúsculos de Hassal (células 
epiteliais em degeração), macrófagos e linfócitos T 
maduros. Da medula, os linfócitos T maduros migram 
para povoar os órgãos linfóides secundários. 
Não possui vasos linfáticos aferentes, apenas alguns 
poucos eferentes, portanto as células chegam ao timo 
pelo vasos sanguíneos endoteliais. 
Os capilares presentes são contínuos, de modo a formar 
a barreira sangue-timo, para evitar a entrada de 
proteínas e antígenos provenientes do vaso endotelial. 
DN (amarelo) = Timócitos. Passam por 3 estágios de 
amadurecimento, para o qual são necessários fatores de 
transcrição, hormônios e citocinas, produzidos pelas 
células epiteliais tímicas. As células vão migrando do 
córtex em direção à medula. 
SP (rosa esuro) = Quando amadurecidos, saem como 
linfócitos T CD4 ou CD8 positivos (CD4+ ou CD8+). 
Seguem para os órgãos linfóides secundários. 
DC (marrom) = Células dendríticas. 
CEC (turquesa) = Células epiteliais tímicas. 
MEC (lilás e roxo) = célula epitelial medular. 
Macrófagos (rosa claro). 
 
Órgãos Linfóides Secundários 
Linfonodos: Em vários locais do corpo, interligados por 
vasos linfáticos. 
Baço: Não se comunica com vasos linfáticos, apenas com 
vasos sanguíneos. Tem como função reconhecer 
antígenos derivados do próprio sangue. 
Tecidos linfóides associados às mucosas (placas de Peyer, 
tonsilas, adenóides) 
Tecido cutâneo não possui órgão organizado, apenas 
células soltas (O.L. terciário). 
 7 
 
Linfa 
Formado pelo líquido reabsorvido nos tecidos 
conjuntivos, servem de transporte de 
macromoléculas/antígenos e células (dendríticas, 
macrófagos, etc). 
Em determinado ponto, há uma conexão dos vasos 
linfáticos com os vasos sanguíneos (veia subclávia 
esquerda) – ducto torácico – que drena todo seu 
conteúdo para a veia. 
 
Recirculação Linfocitária 
Os linfócitos devem estar circulando no sangue a fim de 
encontrar com as células apresentadoras de antígenos 
específicas, através da linfa e do sangue. 
Então, estes saem do sangue, seguem para os linfonodos 
ou tecidos linfóides de mucosa e cutâneos, destes 
voltam ao sangue, seguem para o baço, etc. 
Por exemplo, permanecem cerca de 30 minutos no 
sangue, seguem para os linfonodos pelos vasos 
aferentes, saem pelos vasos eferentes e uma 
porcentagem volta para o sangue, o restante segue pelos 
vasos endoteliais até o baço e continuam seu trajeto, 
podendo passar também pelos tecidos linfóides 
associados às mucosas. Uma pequena parte retorna à 
medula e não circula mais. 
 
Linfonodos 
Também chamados de gânglios linfáticos, são bem 
organizados e encapsulados, irrigados pela linfa, 
contendo vasos aferentes e eferentes. Locais onde 
ocorrem as respostas imunes contra antígenos 
provenientes da linfa. Região de contínua recirculação 
linfocitária. 
Possuem vasos aferentes e eferentes, e regiões 
chamadas córtex, paracórtex, medula e também os 
folículos. 
Folículos primários contém linfócitos B maduros em 
repouso (que ainda não encontraram o antígeno), 
macrófagos, células dendríticas foliculares e alguns 
linfócitos T. 
Folículos secundários contém o centro germinativo 
(células B em ativação, que reconheceram antígeno e 
iniciam expansão clonal, por isso o aumento do 
linfonodo). Quando estas células são ativadas, e após a 
expansão clonal, diferenciam-se em plasmócitos e 
linfócitos B ativados, que seguem pelos vasos eferentes 
para efetuarem a resposta. Devido a esse processo 
demorado, a imunidade adaptativa leva alguns dias para 
se estabelecer. 
Paracórtex: Rico em linfócitos T e macrófagos. Interagem 
com outras áreas circunvizinhas, pois em algumas 
circunstâncias o linfócito B precisa do T. Há situações em 
que a célula dendrítica apresenta o antígeno direto para 
o linfócito T. 
Medula: Rico em linfócitos B ativados e plasmócitos. 
 
 
 8 
 
Baço 
Localiza-se na região abdominal esquerda superior e está 
envolvido na resposta a antígeno proveniente da 
circulação sanguínea, enquanto os linfonodos são 
responsáveis pela circulação linfática. 
Também participa da eliminação das células sanguíneas 
senescentes ou lesadas. 
Divide-se em duas regiões: a polpa vermelha (rica em 
sinusóides, estruturas vasculares, macrófagos e 
hemácias sendo destruídas) e a polpa branca 
(responsável pela resposta imunológica – bainha 
periarteriolar rica em linfócitos T e há também o 
nódulo/folículo que é rico em linfócitos B, contendo 
centro germinativo se estiverem em ativação). 
 
Sistema Imune Associado às Mucosas 
As mucosas constituem a maior área de contato com o 
meio externo. Devido a este fato, o sistema imune 
associado precisa ser bastante eficaz. 
Possuem área 200 vezes maior do que a da pele, com 
400m2 de superfície. 
Mais de 90 % dos linfócitos desta área são direcionados 
a produção de IgA, em cada metro há cerca de 1010 
destas células e mais de 40 mg/kg de IgA são excretados 
por dia. 
 
Tecido Linfóide Associado às Mucosas (MALT) 
 Trato gastro-intestinal (GALT): Placas de Peyer (íleo, 
intestino grosso e apêndice) e lâmina própria. 
 Nasofaringe (NALT): Tonsilas e adenóides. 
 Trato genito-urinário 
 Lâmina própria das glândulas exócrinas (mamárias, 
lacrimais, salivares) 
 Brônquios (BALT) 
 
 
Placas de Peyer: Organização celular linfóide não 
encapsulada. Possui região mais rica em linfócitos B 
maduros em repouso, outras regiões paracorticais mais 
ricas em células T e uma região central mais ligada ao 
centro germinativo (linfócitos B e plasmócitos prontos 
para serem liberados). 
No epitélio próximo às placas de Peyer, há algumas 
células epiteliais modificadas intercalando-se entre os 
vilos intestinais, chamadas células M, que não 
apresentam microvilosidades. Estas funcionam como um 
bolsão para células linfóides. 
Microbiota: Microorganismos não-patogênicos 
(lactobacilos – amamentação) necessários para o correto 
desenvolvimento das placas de Peyer (cross-talk). 
 
Tecido Linfóide Associado ao Cutâneo 
Não constitui tecidoorganizado, nem encapsulado, são 
apenas células linfóides dispersas na derme e epiderme. 
Queratinócitos: Produzem citocinas, quimiocinas que 
promovem e auxiliam a resposta imune. 
Células dendríticas de Langerhans: A partir do contato 
com antígeno, migram rapidamente para os linfonodos, 
onde apresentam aos linfócitos T. 
 
 
 
 
 
 
 9 
 
Aula 3 
O Sistema do Complemento 
Msc. Luciana Mabel. 
Introdução 
Componente da imunidade inata, portanto com baixa 
especificidade, mas também contribui na imunidade 
adquirida. 
Foi descoberto em 1985 por Charles Bordet, em um 
experimento no qual estudava a lise de bactérias no 
sangue. No experimento, imunizavam (exposição gera 
resposta e memória imunológica) o animal, retiravam o 
soro e expunha-o a bactérias, em tubos de ensaio – 
houve aglutinação (anticorpos – proteínas) e lise das 
bactérias (???). 
O cientista repetiu o procedimento, desta vez aquecendo 
a 56°C por alguns minutos, e misturou com as bactérias 
– as bactérias foram aglutinadas mas não foram lisadas. 
Quando ele aqueceu o soro a 60°C e misturou às 
bactérias, estas não sofreram aglutinação nem lise. 
Chegou a conclusão que haviam componentes 
termolábeis responsáveis por este efeito, um que era 
degradado a 56°C e outro a 60°C. Percebeu-se que havia 
algo além dos anticorpos, ou seja, um complemento que 
ajudava a lisar as bactérias. 
Para concluir, fez mais um experimento: ao soro 
aquecido a 56°C contendo as bactérias aglutinadas, 
adicionou soro fresco não imunizado, verficando a 
ocorrência de lise – provando que este complemento 
dos anticorpos não era específico, basta estar presente 
que causa a lise das bactérias. 
CONCLUSÃO: Soro tem um componente termolábil 
inespecífico que complementa a ação do anticorpo. 
 
O Sistema Complemento 
Existem quatro tipos de barreiras da imunidade inata: 
anatômica, fisiológica, resposta inflamatória e fagocítica. 
O Complemento é um dos fatores solúveis que 
compõem a barreira fisiológica, juntamente com a 
lisozima e o interferon. 
Definição: Sistema formado por mais de 30 proteínas 
que são ativadas pelos microorganismos e promovem a 
destruição destes microorganismos e a inflamação 
(amplificação). 
São proteínas e glicoproteínas sintetizadas nos 
hepatócitos, macrófagos e células epiteliais, constituem 
5% da fração globulínica do soro e a maioria circula no 
soro em sua forma inativa (zimógenos – inativos até a 
clivagem proteolítica, que remove um fragmento 
inibitório e expõe o sítio ativo). 
Geralmente estas proteínas são formadas de duas 
partes, sendo uma o inibidor e o outro que expõe seu 
sítio ativo quando clivado, continuando a cascata do 
complemento. 
Os componentes do complemento são designados por 
números (C1 – C9), por letras (fator D e B) ou por nomes 
triviais (fator de restição homólogo). Geralmente o fator 
inibidor é designado de “a” (C3a, C4a, C5a, etc), sendo 
este normalmente o menor, responsáveis por auxiliar as 
respostas inflamatórias (anafilatoxinas). O fragmento b, 
geralmente maior, (C3b, C4b, C5b, etc) expõe seu sítio 
ativo quando clivado e liga-se ao alvo, sendo responsável 
pela efetuação. 
Os fragmentos interagem entre si com o objetivo de 
formar complexos funcionais (ativos), que são 
designados com um travessão/barra sobre o número ou 
símbolo, significando que estão ativos. 
O complemento pode ser ativado através de três vias, 
gerando respostas como: recrutamento das células 
inflamatórias, opsonização de patógenos e morte dos 
patógenos (através do complexo de ataque à 
membrabna ou MAC). 
 
Ativação do Sistema Complemento 
O principal local de ativação do complemento, das três 
vias, é na superfície da membrana do patógeno. Cada 
uma das vias dependem de diferentes moléculas para 
seu início. 
A via clássica depende de reação antígeno-anticorpo, ou 
seja, o anticorpo liga-se à bactéria e ativa o 
complemento. A via alternativa independe da reação 
antígeno-anticorpo, e sim da ligação do fragmento C3b, 
que está solúvel no plasma (C3 hidrolisa-se 
espontaneamente em C3a e C3b), a ácidos teicóicos, LPS, 
etc na membrana dos patógenos. A via das lectinas é 
ativada pela proteína ligadora de manose e fucose (MBL, 
um fator solúvel), quando encontra algum destes 
 10 
 
açúcares na membrana do patógeno (inespecífico, pois 
este açúcar está na membrana de várias bactérias). 
Os anticorpos são parte da imunidade adaptativa, pois 
são altamente específicos aos diversos microorganismos, 
portanto a via clássica, que é ativada por anticorpo, faz 
parte da imunidade adaptativa. Além das funções 
convencionais, os anticorpos podem neutralizar, ativar o 
complemento, dentre outras. 
Todas as vias convergem para a geração do mesmo 
grupo de proteínas efetoras, as quais são responsáveis 
pela formação e deposição do COMPLEXO DE ATAQUE À 
MEMBRANA (MAC), o qual promove lise celular. 
 
Vias de Ativação do Complemento 
A via clássica é formada por C1, C4, C2 e C3. C1 é 
formado por 3 subunidades, C1q, C1r e C1s, que 
culminam com a formação da MAC (C9). 
A via alternativa começa com C3b na superfície dos 
patógenos, depois aparecem o fator B, o fator D e a 
properdina, que iniciam a formação da MAC. 
A via das lectinas inicia-se com a MBL reconhecendo a 
manose ou fucose na membrana dos microorganismos, a 
exposição da MASP-1 e MASP-2, que clivam C2 e C4 e 
estes dão continuidade, até a formação da MAC. 
Estas vias podem ocorrer ao mesmo tempo, se 
intercomunicam a partir de C5 até C9, onde várias 
moléculas destas formam a MAC, que é responsável por 
criar poros na membrana do microorganismo, causando 
sua morte por desequilíbrio osmótico. 
Os dois pontos principais nas três vias é a formação da 
C3 convertase e da C5 convertase, que clivam/ativam a 
C3 (C3a + C3b) e a C5 (C5a + C5b), respectivamente. 
 
Via Clássica 
O microorganismo está sendo carreado pela corrente 
sanguínea. Os anticorpos são produzidos pelos linfócitos 
B, específicos para aquele patógeno, produzidos a partir 
de memória imunológica (exposição prévia), são 
lançados na corrente sanguínea para encontrar os 
microorganismos. 
Os anticorpos possuem configuração espacial 
semelhante a um “Y”, formado por duas cadeias pesadas 
e duas cadeias leves. É dividido em duas porções: Fc 
(inferior, única) e Fab (superior, dupla). 
O anticorpo IgM é o principal anticorpo responsável pela 
ativação da via clássica, devido ao fato de ser 
pentamérico (formado por 5 unidades de anticorpo). 
Este possui várias porções Fc, onde ocorre a ligação com 
o C1. Quando solúvel, não consegue ativar o 
complemento, pois seu sítio ativo não encontra-se 
exposto (configuração planar), mas quando ligada ao 
antígeno (forma básica/”grampo”), suas porções Fc são 
expostas, possibilitando sua ligação com C1. Portanto, 
 11 
 
basta uma IgM para ativar o complemento (mínimo 2 
porções Fc para ativar). 
Devido a este fato, a IgG, formada por apenas uma 
unidade de anticorpo, necessita estar em dupla para 
possibilitar a ativação do complemento (cada molécula 
possui apenas uma porção Fc), fazendo com que esta 
ativação por IgG possua uma baixa probabilidade. 
O C1 é formado por 3 subunidades: C1q, formada por 
seis “hastes”, cada uma composta de três subunidades 
(A, B e C), totalizando 18 cadeias polipeptídicas em seis 
tríplets, responsáveis pela ligação com IgM ou IgG; C1r e 
C1s estão unidos em um complexo mantido por cálcio, 
chamado C1r2s2, pois é formado por 2 unidades de C1r 
e 2 unidades de C1s, sendo que cada um destes é 
formado por uma porção catalítica(Cr/Cs) e uma porção 
de interação (Ir/Is) – que obtém a forma de “8”, 
encaixando-se sobre o C1q. 
 
 
 
O C1q liga-se à porção Fc do anticorpo (mín. 2), 
permitindo a autoativação de C1r, que irá clivar/ativar 
C1s (ação das porções catalíticas) em protease. 
A C1s será responsável por clivar C4 (C4a + C4b), que se 
fixará à membrana do microorganismo e posteriormente 
se ligará ao C2 (C2a + C2b) e este será clivado também 
por C1s, gerando o complexo C4b2a, a C3 convertase da 
via clássica (clivará C3 em C3a e C3b). 
As porções C4a, C3a e C5a, cronologicamente formadas, 
são chamadas de anafilatoxinas, amplificam a resposta 
inflamatória. 
Formada a C3 convertase, haverá a clivagem de C3 em 
C3a e C3b, momento chamado de amplificação, pois há 
muito C3a e C3b sendo liberado (C3b atuará na via 
alternativa e facilitando a fagocitose). Além da função de 
principal opsonina e de outras funções, o C3b liberado é 
capaz de ligar-se à C3 convertase, formando um 
complexo diferente (C4b2a3b) – a C5 convertase da via 
clássica, que tem como função clivar o C5 em C5a e C5b. 
 
C5b inicia a montagem do complexo de ataque à 
membrana, ligando-se a C6, C7, C8 e à medida que estes 
se ligam vão expondo sítios hidrofóbicos, que possibilita 
C1qr2s2 
C1r2s2 
 12 
 
sua penetração na membrana. Em seguida este 
complexo C5b678 liga-se a várias moléculas de C9 que 
irão formar o poro na membrana do patógeno. 
 
Via Alternativa 
A fase inicial envolve C3, fator B, fator D e a properdina. 
Não são necessários componentes específicos para sua 
ativação, sendo, portanto, componente da imunidade 
inata. 
Pode ser iniciada com a ligação espontânea de C3b 
(proveniente de hidrólise espontânea e constante) na 
superfície do patógeno (reconhece estruturas padrão na 
membrana – ácido teicóico, lipopolissacarídeos, 
parasitas, fungos, vírus – e liga-se). As células de 
microorganismos possuem baixo nível de ácido siálico, 
tem-se manose e fucose, o ácido siálico impede que a 
C3b permaneça ligada e dê continuidade à cascata do 
complemento, atuando com fator protetor. C3b tem 
curta vida, então deve ligar-se logo ao patógeno. 
O fator B ligar-se-á ao C3b, tornando-se susceptível 
(alteração conformacional) à clivagem pelo fator D, 
resultando em Ba e Bb. O fragmento Ba é liberado, 
gerando o complexo C3bBb, que é a C3 convertase da via 
alternativa – a properdina tem como função estabilizar o 
complexo C3bBb (C3 convertase), possibilitando meia 
vida de 30 minutos, em vez de 5 minutos – se não 
houver properdina a C3 convertase não será ativada. 
A C3 convertase (C3bBb) cliva C3 em C3a e C3b. Esta C3b 
que está sendo produzida, liga-se ao complexo C3bBb, 
resultando em um complexo diferente, C3bBb3b, sendo 
esta a C5 convertase da via alternativa, que clivará C5 em 
C5a e C5b. Este é outro momento de amplificação, por 
haver bastante liberação de C3a (anafilatoxina) e C3b 
(opsonina). 
 
Via das Lectinas 
Via de ativação bastante semelhante à via clássica, com 
diferenças apenas na maneira de iniciação. 
Inicia-se com o reconhecimento de manose e fucose na 
membrana dos microorganismos pela proteína ligadora 
de manose (MBL, proteína de face aguda). Sua ligação à 
manose causa a exposição dos sítios ativos para MASP-1 
e MASP-2 (semelhantes a C1r e C1s, respectivamente), e 
estas ligam-se à MBL. 
C5 convertase 
 13 
 
A MASP-1 cliva/ativa a MASP-2, e esta clivará C4 e C2, 
assim como na via clássica. A via das lectinas continua 
idêntica à via clássica. 
As células humanas são recobertas por ácido siálico, que 
inibe a ação da MBL, por isso não causa danos às células 
humanas. 
 
Etapa Final das Vias 
O fragmento C5b, clivado pela C5 convertase, está 
disponível na membrana. A este, liga-se o C6, expondo 
sítio ativo para C7 e gerando sítios hidrofóbicos para 
inserção na membrana. Este se liga, expondo sítio ativo 
para o C8. 
Várias moléculas de C9 ligam-se lado a lado para formar 
um poro na membrana do microorganismo, provocando 
desequilíbrio osmótico (vários poros). 
Os objetivos finais do complemento são a formação da 
MAC (C5b6789), opsonização de patógenos (C3b), 
produção de anafilatoxinas/amplificação da resposta 
inflamatória (anafilatoxinas C3a e C5a, principalmente). 
Outra função do C3b é a remoção dos complexos 
imunes, pois estes ao se acumularem em determinado 
órgão causam inflamações – o C3b atua como 
“opsonina” também nesse caso, ligando-se ao complexo 
imune e sinalizando para o eritrócito que deve 
transportá-lo. No caso do lúpus, o indivíduo tem uma 
deficiência de C1, C4 e/ou C2, dificultando a formação 
de C3 convertase – o que impede a formação de C3b 
suficiente para depurar os complexos imunes, estes se 
acumulam em diversos lugares, gerando os sintomas 
característicos. 
 
Regulação do Sistema Complemento 
Objetivos: Evitar a ativação do complemento em células 
normais do hospedeiro e limitar a duração da atividade 
do complemento, mesmo em microorganismos, quando 
estes já foram mortos. 
Mediada por várias proteínas circulantes e da membrana 
celular. 
 
Principais Alvos da Regulação 
C1 – Formação da C3 convertase. A atividade proteolítica 
de C1r e C1s é inibida por uma proteína do 
complemento chamada inibidor de C1 (C1 inh), este liga-
se a C1r e C1s, fazendo-os desligarem de C1q, inibindo a 
clivagem de C2 e C4. 
C3 convertase – Gera opsoninas (C3b) e mediadores 
inflamatórios (C3a). Na via clássica e na via das lectinas, 
a reunião dos componentes da C3 convertase é inibida 
pela ligação de três proteínas reguladoras ao C4b – 
proteína ligadora de C4 (C4bBP), receptor de 
complemento tipo I (CR1) e proteína do cofator de 
membrana (MCP). Outro fator que inibe esta etapa é a 
clivagem do C4b em C4c e C4d pelo Fator I. 
Já na via alternativa, a inibição é realizada por CR1, MCP 
e Fator H que se ligam ao C3b, para impedir que o C3b se 
 14 
 
ligue ao Bb, e o Fator I que cliva o C3b em fragmentos 
menores. 
 - Os componentes que estiverem ligados não vão se 
ligar aos próximos porque o sítio ativo está ocupado 
pelas proteínas ligantes e os que estiverem livres serão 
quebrados pelo Fator I. 
A dissociação dos componentes da C3 convertase das 
três vias é realizada por C4bBP, CR1, Fator H e o Fator de 
aceleração de desintegração (DAF), que liberam o C2a do 
C4b e o Bb do C3b. 
Formação da MAC – Formação do poro na membrana do 
microorganismo. Protege células vizinhas “espectadoras 
inocentes”, através da ligação da proteína S (originária 
destas células saudáveis – sentinela) ao complexo C5b67 
livre, impedindo sua inserção nestas células e a 
formação da MAC. 
- As células saudáveis humanas não sofrem o início do 
processo quanto à ligação de C1, MBL ou C3b, devido ao 
ácido siálico, mas fragmentos posteriores, se liberados, 
podem ocasionar danos a estas células, se não forem 
desativados satisfatoriamente. 
Outro meio de evitar a formação da MAC é a ligação de 
proteínas do complemento provenientes das células 
humanas ao C5b67, como o fator de restrição homólogo 
(HRF) e o inibidor de membrana de lise reativa (MIRL), 
impedindo sua inserção nas células vizinhas. 
O componente CD59 impede a polimerização de C9, 
também impedindo a formação da MAC. 
 
 
Outras Funções do Complemento 
C3b/C4b 
É liberado constantemente pela C3 convertase, liga-se ao 
microorganismo como opsonina, emitindo sinais às 
células fagocíticas, que possuem receptor de C3b. 
- Receptor do complemento tipo I (CR1): receptor de alta 
afinidade para C3b presente em células sanguíneas 
(eritrócitos,neutrófilos, monócitos, eosinófilos e 
linfócitos T e B e células dendríticas), que funciona como 
ponte para que a célula fagocítica fagocite o que foi 
sinalizado pelo C3b (microorganismos, complexos 
imunes, etc). 
 
C3a, C4a e C5a 
São as chamadas anafilatoxinas, que têm como função a 
amplificação da resposta inflamatória, com o objetivo 
principal de recrutar mais células de defesa para o local 
da infecção. 
Estes fragmentos são quimiotáticos para outras células 
inflamatórias, como neutrófilo, macrófagos, etc – 
aumentam também a expressão de moléculas de adesão 
para que estas possam rolar pela parede do vaso e 
chegar ao local. Há também um aumento da 
permeabilidade vascular para possibilitar um 
extravasamento destas células dos vasos sanguíneos 
para o sítio inflamatório, além de imunoglobulinas e 
moléculas do complemento. 
 
 
 
Os componentes terminais do 
complemento formam um poro 
na membrana – MAC. 
CD59 impede a montagem da 
MAC no estágio entre C8 e C9. 
 15 
 
Neutralização Viral e Bacteriana 
As partículas virais podem ser recobertas por 
componentes do complemento e anticorpos, sendo 
então neutralizados, devido à ocultação dos receptores 
virais para as células hospedeiras. 
O envelope viral é constituído basicamente de 
membrana da célula hospedeira, estando susceptível a 
perfuração pela MAC. 
A maioria dos vírus estão susceptíveis à lise, como os 
parvovírus, herpesvírus, retrovírus, dentre outros. 
Além dos vírus, a maioria das bactérias Gram-negativas 
também estão susceptíveis à lise pela MAC, mas algumas 
possuem mecanismos de defesa, como LPS longo, 
elastase que inibe anafilatoxinas (Pseudomonas), dentre 
outros. As Gram-positivas geralmente não são 
susceptíveis à MAC, devido a espessura do seu 
peptideoglicano e presença de cápsula. 
 
Solubilização de Complexos Imunes 
Após sua ação estar completada, os complexos imunes 
podem se acumular em determinados locais, gerando 
inflamação e lesões teciduais. Para evitar isso, estes 
devem ser depurados. 
- Pequenos complexos antígeno-anticorpo se formam na 
circulação, a ativação do complemento leva a deposição 
de várias moléculas de C3b na superfície do complexo, 
funcionando como opsonina. Estes complexos serão 
levados aos eritrócitos, que possuem receptor para C3b 
(CR1), transportando os complexos ao baço e ao fígado, 
onde os fagócitos os depurarão. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Deficiências do Complemento e Doenças 
Via Clássica 
Inibidor de C1 (C1INH): Superprodução de C2b, uma pró-
cinina (proteínas solúveis da imunidade inata, que são 
pró-inflamatórias, e em excesso causa uma exacerbação 
das características da inflamação, como edema, etc), 
com consequente angioedema hereditário. 
C1, C2 e/ou C4: Predisposição ao lúpus eritematoso 
sistêmico (SLE), doença auto-imune com aumento da 
quantidade de complexos imunes na circulação, estes se 
depositam causando inflamação (vasculite, artrite, 
glomerulonefrite, etc). Isso ocorre devido a ausência de 
opsonização dos complexos imunes para serem 
transportados para o baço e o fígado, resultante da 
deficiência de C1, C2 e C4 e consequente deficiência da 
opsonina C3b. 
 
Via das Lectinas 
MBL: Susceptibilidade a infecções bacterianas em bebês 
ou imunodeprimidos, simplesmente por não poder 
iniciar a via das lectinas. 
 
Via Alternativa 
Fator B ou D: Susceptibilidade a infecções bacterianas 
piogênicas (pus), por insuficiência de opsonização da 
bactéria, devido à inabilidade de formar a C3 convertase 
e, consequentemente, a opsonina C3b. 
C3: Susceptibilidade a infecções bacterianas, devido a 
ausência de opsonização e inabilidade de formar a MAC. 
C5, C6, C7, C8 e C9: Susceptibilidade a infecções Gram-
negativas, devido a incapacidade de atacar a membrana 
destas com a MAC. 
Properdina (ligada ao X): Susceptibilidade a meningite 
meningocóccica, devido a impossibilidade de estabilizar 
a C3 convertase, com consequente ausência de C3b e 
opsonização. 
Fatores H ou I: Deficiência de C3 e susceptibilidade a 
infecções, por ativação descontrolada de C3 pela via 
alternativa, sem regulação, ocasionando depleção de C3 
até esgotar os estoques. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 16 
 
Aula 4 
Imunidade Inata e Inflamação 
Profª Drª Aparecida. 
Introdução 
A imunidade inata é constituída de barreiras, células e 
fatores especializados, responsáveis por conter as 
infecções nas primeiras horas. 
 
Barreiras Fisiológicas e Anatômicas 
Pele: constituída de queratinócitos vivos na parte mais 
interna e mortos na parte mais externa, eles têm como 
função principal a produção de queratina, mas também 
são capazes de secretar citocinas. Os queratinócitos 
mortos são ricos em queratina, que possui um arranjo 
molecular tridimensional que favorece a 
impermeabilidade à água, mas se a pele estiver 
lesionada, os microorganismos são capazes de penetrar. 
Há também os mastócitos e células dendríticas de 
Langerhans. Os ácidos graxos presentes na pele ocasiona 
uma redução do pH, tornando-se inibidor de 
crescimento de alguns microorganismos. 
 
Mucosas: maior área de interação com o meio externo, 
contendo a microbiota normal, muco, cílios, 
peristaltismo, fluxo (salivar, lacrimal) e o pH (gástrico, 
salivar, urinário). 
Epitélio pseudo-estratificado cilíndrico ciliado: barreira 
anatômica presente no trato respiratório, da traquéia 
aos bronquíolos, que 
apresentam certa 
movimentação, 
responsável por 
eliminar a maioria dos 
alérgenos, toxinas e 
outros fatores que os 
indivíduos entram em contato diariamente. Em 
temperaturas mais baixas, há uma diminuição desta 
movimentação dos cílios, favorecendo o aparecimento 
de infecções respiratórias. 
Muco do trato gastrointestinal: produzido pelas células 
caliciformes, que se situam entre os 
enterócitos, nos vilos intestinais. A 
presença da microbiota normal 
estimula a produção de muco, que 
funciona como proteção, tendo visto 
que na ausência deste é facilitada a 
aderência de bactérias patogênicas e 
toxinas. Algumas patologias e 
irritações crônicas da mucosa 
intestinal podem ocasionar a 
chamada “mucosa careca”, com 
diminuição dos vilos e, consequentemente, da produção 
de muco. 
 
Fatores Solúveis 
Lactoferrina: proteína presente em glândulas exócrinas 
mamárias, lacrimais e salivares, também em grânulos 
em neutrófilos. Possui uma alta afinidade por ferro 
(aceptora), acabando por competir com os 
microorganismos que utilizam ferro no seu metabolismo 
essencial. 
Lisozima: enzima capaz de clivar ligações entre N-
acetilmurâmico e N-acetilglicosamina da cama de 
peptideoglicano da parede celular de microorganismos, 
presente em leite, lágrimas, saliva e grânulos de 
neutrófilos. 
Sistema Complemento: composto por mais de 30 
proteínas, a maioria na forma inativa (zimógenos ou pró-
enzimas). Quando na forma ativada, são representadas 
com um travessão sobre o nome ou símbolo. Podem ser 
ativadas por 3 vias (clássica, alternativa e lectinas). Há 
fatores termolábeis, como C2, fatores B e D, possuindo 
uma faixa de temperatura ideal para pesquisas e 
experimentos. São produzidas no fígado, em macrófagos 
ativados e em células epiteliais do trato gastrointestinal 
e genito-urinário. 
Possuem funções como: lise osmótica (C5b, C6, C7, C8 e 
C9 – MAC), opsonização (C3b e C4b inativados), 
quimiotaxia (atração dos células inflamatórias ao sítio de 
inflamação – C3a e C5a), anafilatoxia (C3a e C5a – atuam 
em mastócitos e basófilos, causando a liberação de 
histamina,citocinas e mediadores lipídicos, responsáveis 
 17 
 
pelo aumento da permeabilidade vascular, 
vasodilatação, contração da musculatura lisa e 
hipersecreção de fluidos – é uma contra-proteção) e 
eliminação dos imunocomplexos da circulação (C3b – 
liga-se covalentemente à IgG do complexo Ag-Ac, 
impedindo a formação de grandes agregados e 
favorecendo o transporte pelos eritrócitos para o baço e 
fígado – imunocomplexos depositando-se em vasos tem-
se recrutamento de células inflamatórias, causando 
lesões endoteliais, como no lúpus). 
 
Interação das Células do Hospedeiro com o 
Microorganismo 
Ocorre através de receptores na célula do hospedeiro 
(PRR, receptor relacionado a patógenos) e moléculas na 
superfície dos microorganismos (PAMPs, padrões 
moleculares associados a patógenos). 
Um dos tipos de PRR mais estudados atualmente são os 
receptores Toll-Like, e foram descritos cerca de 10 tipos 
em humanos, estes podem estar presente em diversas 
células como: células dendríticas, linfócitos B e T, 
neutrófilos, macrófagos e células epiteliais. 
Foram descritos, inicialmente, receptores Toll em 
drosófilas e, devido as similaridades filogenéticas, 
denominaram os resceptores humanos Toll-Like. 
O LPS (lipopolisacarídeo) presente em membrana 
externa de bactérias Gram-negativas, interagem com o 
receptor Toll-Like 4 (ex, em macrófagos). 
 
Receptores Toll-Like 
Estes receptores podem se associar em hetero ou 
homodímeros para reconhecer determinado 
componente. 
Heterodímero TLR1 + TLR2: reconhece lipopeptídeos 
(PAMP) em parede celular de bactérias (G+, 
mycobacterium) e o GPI (glicosilfosfatidilinositol) na 
superfície de parasitos como o tripanossoma. Presente 
na membrana plasmática de monócitos, células 
dendríticas, eosinófilos, basófilos e mastócitos. 
Heterodímero TLR2 + TLR6: reconhece o ácido 
lipoteicóico na superfície de bactérias Gram-positivas e o 
zimosan (glicídio) na parede de fungos, como as 
leveduras. Presente nos mesmos locais que o TLR1 + 
TLR2. 
TRL3: reconhece RNA viral de fita dupla, como do vírus 
do Oeste do Nilo. Presente em endossomas em células 
NK. 
Homodímero TLR4 + TLR4: reconhece LPS na membrana 
exterior de bactérias Gram-negativas, a partir da ligação 
deste com CD14. Presente na membrana plasmática de 
macrófagos, células dendríticas, mastócitos e eosinófilos. 
TLR5: reconhece a flagelina em bactérias móveis 
flageladas. Presente na membrana plasmática do 
epitélio intestinal. 
TLR7: reconhece RNA virais de fita simples, como do HIV. 
Presente em endossomas em células dendríticas 
plasmocitóides, células NK, eosinófilos e linfócitos B. 
TLR8: reconhece RNA virais de fita simples, como no 
Influenzae. Presente em endossomas de células NK. 
TLR9: reconhece DNA rico em CpGs (regiões onde há 
citosina ligada a guanina) não metilados, em algumas 
bactérias e vírus (herpes vírus). Presente em 
Endossomas de células dendríticas plasmocitóides, 
células B, eosinófilos e basófilos. 
TLR10 (homo e heterodímeros com TLR1 e TLR2): Função 
desconhecida. Presente em células dendríticas 
plasmocitóides, células B, eosinófilos e basófilos. 
 
Interações TLR – PAMP 
De acordo com o exposto acima, pode-se inferir que 
cada tipo de patógeno pode ter mais uma possibilidade 
de ligação com receptor Toll-Likem dependendo de quais 
e quantos PAMPs este possua. 
Uma bactéria Gram-negativa, por exemplo, possui LPS, 
lipoproteína e flagelina, capazes de se ligar a TLR4-TLR4, 
TLR2-TLR6 e TLR5, respectivamente. 
O objetivo principal da ativação destes receptores Toll-
Like é a ativação do NFB, que é um fator nuclear de 
transcrição, responsável pela transcrição de citocinas 
(p.ex. TNF, interferon). 
 18 
 
 
Situações Fisiológicas x 
Inflamação 
Os mesmos receptores 
Toll-Like atuam de 
maneira diferente em 
cada situação. 
No intestino normal, o 
LPS interage com TLR4 e estimula o macrófago a 
produzir a citocina IL-10 (anti-inflamatória, assim como o 
TGF-, modula a inflamação, mantém a homeostase 
imunológica). 
No intestino inflamado, a mesma interação LPS – TLR4 
resulta na produção de IL-12 e IL-23 (inflamatórias, 
sinérgicas), mostrando que uma série de fatores 
desencadeia esta quebra da homeostase. Ex.: Doença de 
Crohn, inflamação intestinal crônica, com alta 
concentração de IL-12 e IL-23. 
Sepse/Choque séptico: Resposta inflamatória à presença 
do microorganismo disseminado no organismo, devido à 
produção excessiva de citocinas (ex. TNF, IL-12 e IL-23). 
Sepse-like: dengue hemorrágica, pois leva a um aumento 
de permeabilidade vascular exagerado. 
 
Interação com TLR de Neutrófilos 
Esta interação causa aumento da atividade fagocítica, 
aumento da capacidade de produção de mediadores 
lipídicos, aumento do metabolismo oxidativo, aumenta a 
capacidade de produção de quimiocinas (CXCL-8, que 
atrai neutrófilos; MIP-1, que atrai monócitos e linfócitos 
NK; MIP-3, que atrai células dendríticas imaturas) e o 
aumento da produção de citocina IL-1. 
 
 
Interação com TLR de Macrófagos 
Esta interação causa aumento da atividade fagocítica, 
aumento da capacidade de produção de mediadores 
lipídicos, aumento da produção de citocinas (IL-1, IL-6, 
IL-12, IL-10, TNF-) e MHC classe II (ausente em 
neutrófilos). 
 
Receptores que Levam à Fagocitose 
Receptores que ao interagirem com determinadas 
moléculas, induzem a fagocitose (opsonofagocitose). 
 Receptores tipo scavenger (limpeza), interagem 
com moléculas carregadas negativamente, como 
ácidos nucléicos, polissacarídeos sulfatados, ácido 
lipoteicóico sulfatado. 
 Receptores de manose. 
 Receptores de Complemento (C3b e C3bi). 
 Receptores de Imunoglobulinas G e A (IgG e IgA). 
Opsoninas: moléculas que revestem o microorganismo e 
facilita a fagocitose. Ex.: C3b, C3bi, C4b, proteína C 
reativa, MBL, IgG e IgA. 
Na ausência de opsonização, são utilizados os receptores 
scavenger e de manose; quando há opsonização são 
utilizados os receptores para opsoninas. 
O macrófago não possui receptor para IgM, portanto não 
é viável opsonizar um microorganismo com esta Ig se o 
objetivo é que esta seja fagocitada por um macrófago. O 
papel da IgM é ativar o complemento, que gera C3b, 
uma real opsonina. 
Quanto mais opsoninas atuarem ao mesmo tempo, mais 
fácil será a fagocitose do microorganismo. 
 19 
 
Receptores: CR1 – C3b e C4b; CR2 e CR3 – C3bi; FcR IgG – 
IgG. 
Crianças que sofrem com infecção de repetição por 
bactérias encapsuladas possuem deficiência de IgG – há 
IgM e complemento funcionais, mas está faltando a 
opsonofagocitose. 
 
Fagocitose 
Inicia-se com o englobamento de partículas, formando o 
fagossoma. Este se une ao lisossoma, formando o 
fagolisossoma. No interior do fagolisossomo ocorre 
digestão por mecanismos dependentes e independentes 
de O2. Após este processo digestivo, há a liberação dos 
produtos da digestão. 
Os macrófagos também são capazes de produzir 
citocinas, quimiocinas e mediadores lipídicos. 
 
Mecanimos Dependentes de O2 
Cascata oxidativa: no interior dos fagolisossomas se 
forma o complexo NADPH oxidase (nicotinamida adenina 
dinucleotídeo fosfato oxidase), que converte o oxigênio 
em ânion superóxido (2 O2- - íons reativos). Este é 
espontaneamente convertido em H2O2 (tóxicos). A 
enzima mieloperoxidase 
catalisa a reação de 
transformação de H2O2 
em ácido hipocloroso, 
que reage espontaneamente com as aminas do 
microorganismo, gerando as cloraminas. 
NADPH é um complexo de cerca de 100 subunidades. 
Defeitos genéticos podem ocasionar a máformação de 
uma dessas subunidades, impedindo a cascata oxidativa. 
Além da NADPH oxidase, há também a óxido nítrico 
sintetase, cuja expressão pode ser induzida por TNF em 
macrófagos, que vai utilizar o ânion superóxido e a 
arginina, transformando-o em óxido nítrico, que reage 
com o O2 do microorganismo, gerando o peroxidonitrito 
(OONO), que é altamente tóxico. 
 
Mecanismos Independentes de O2 
Presença de lisozima, lactoferrina, defensinas (peptídeos 
de 29 a 35aa – lise osmótica), enzimas hidrolíticas, 
mediadores lipídicos e/ou citocinas nos grânulos ou 
fagolisossomos. 
Mediadores lipídicos: a partir dos fosfolipídios de 
membrana celular, clivado pela fosfolipase A2, é gerado o 
ácido araquidônico, que pode seguir duas vias – 
ciclooxigenase e lipooxigenase – gerando, 
respectivamente, prostaglandinas e leucotrienos. 
Leucotrienos LTC4, LTD4 e LTE4 são chamadas substâncias 
lentas da anafilaxia – ao contrário da histamina, que tem 
ação rápida, estes têm ação lenta mas prolongam os 
efeitos (aumento de contração de musculatura lisa, de 
permeabilidade vascular e vasodilatação), por isso estão 
presentes também na inflamação (facilita a chegada das 
células ao foco inflamatório). 
A prostaglandina PGD2 e o leucotrieno LTB4 são 
substâncias quimiotáticas para neutrófilos, contribuindo 
para a resposta inflamatória. 
 
Mecanismos Independentes de O2 - Citocinas: 
Interferon tipo I ( de macrófagos e  de fibroblastos): 
produzidos pela maioria das células humanas infectadas 
por vírus, com a finalidade de interferir na replicação 
viral na célula infectada (autócrina) e nas células vizinhas 
ainda não infectadas (parácrina). Podem ativar os 
linfócitos NK, induzir a produção de MHC classe I nas 
células infectadas 
(apresenta antígenos para 
TCD8 – citotóxico – 
semelhante a NK) e nas 
células vizinhas induzir a 
síntese de RNAses e a 
síntese de fatores que 
inibem a síntese de 
proteínas virais. As células 
dendríticas plasmocitóides 
 20 
 
produzem mil vezes mais IFN tipo I que as demais 
células, contribuindo muito na imunidade inata. 
Interferon tipo II (): produzidos por células NK, com 
principal função de ativar macrófagos. 
Mecanismos de Colaboração na Imunidade Inata: um 
microorganismo Gram-negativo através do LPS interage 
com uma molécula de CD14 e com TLR4, induz a 
ativação do fator NFB, o macrófago passa a produzir 
citocinas como TNF e IL-12. IL-12 ativa NK (IFN tipo I 
também ativa NK), este produz IFN , que ativa 
macrófago. Além disso, TNF é quimiotático para 
neutrófilos, é produzido por macrófagos e células 
dendríticas. 
IL-1, TNF e IL-6: são citocinas pró-inflamatórias 
produzidas por macrófagos. São pirógenos endógenos da 
febre, induzem a produção de proteínas de fase aguda 
(p.ex.: fatores do complemento), podem promover a 
quimiotaxia de neutrófilos, podem induzir o aumento de 
permeabilidade vascular e induzem o aumento das 
moléculas de adesão nas células endoteliais (TNF, IL-1). 
 
Proteínas de Fase Aguda 
São produzidas no fígado, induzido por IL-1, TNF e IL-6, 
em resposta inflamatória. 
Uma delas é a Lectina Ligadora de Manose (MBL), que 
ativa o complemento através da via das lectinas. 
A proteína C reativa, o fibrinogênio, os fatores do 
complemento, a haptoglobina e a ceruloplasmina são 
outros exemplos de proteínas de fase aguda. 
Lectina ligadora de Manose: a MBL não constitui enzima, 
mas encontra-se ligada a 
duas serina proteinases 
associadas a MBL (MASP-1 
e MASP-2), que possuem 
função enzimática. A MBL 
é bastante semelhante ao 
fragmento C1q, liga-se a resíduos de manose e fucose 
em bactérias, vírus e parasitas. Ao ligar-se, há uma 
alteração conformacional expondo os sítios ativos para 
MASP-1 e MASP-2 e estas clivam C4 e C2. Com essa 
clivagem, pode iniciar-se também a via alternativa, se 
houver fator B no meio, para ligar-se ao C3b. Pode 
também atuar como opsonina, pois os macrófagos 
possuem receptores para C1q e, por similaridade, 
utilizam o mesmo receptor. 
Proteína C Reativa: possui conformação pentamérica e 
liga-se a resíduos de fosfocolina em bactérias, fungos e 
vírus. Seus níveis séricos podem se elevar até cem vezes 
em infecções bacterianas, necrose tecidual ou após 
cirurgias – indicando infecção, precedendo em até 12 
horas os outros marcadores, como leucocitose, aumento 
de VHS e febre. Também 
pode estar presente em 
infecções virais, pois os 
fatores que induzem a 
síntese de proteínas de fase 
aguda são IL-1, IL-6 e TNF, produzidos pelos macrófagos. 
Atua como opsonina por ligar-se a receptores para C1q 
em fagócitos – ativando outra via semelhante à via 
clássica independentemente de anticorpos, através da 
ligação do C1q à PCR ligada a fosfocolina na superfície do 
patógeno. 
 
Linfócitos NK 
Componente da imunidade inata que auxilia na 
adaptativa, de origem linfóide, porém com receptores 
diferentes aos linfócitos T e B. Sua produção pode ser 
induzida pela presença de citocina IL-15, secretada por 
macrófagos, com ativação prévia por IL-12 e IFN tipo I. 
 21 
 
São também denominados “matadores ativados por 
linfocinas” (LAK), não são células fagocíticas, são células 
granulares (perforinas e granzimas – citotoxicidade), 
produzem IFN e representam 5-10% dos linfócitos do 
sangue periférico. 
 
 
Possuem atividade contra células infectadas por vírus ou 
bactérias intracelulares e células tumorais, causando sua 
apoptose (morte programada). 
As perforinas possuem estrutura semelhante a C9 do 
complemento, formam um poro na membrana do 
microorganismo ocasionando lise osmótica. As 
granzimas penetram na célula alvo por vesículas ou 
pelos poros das perforinas (dependente de perforina) e 
ativam a Caspase-8 e esta, a Caspase-3. A Caspase-3 
promove a clivagem do in ibidor da DNAse (degradação 
do DNA) e a degradação de proteínas estruturais, ambos 
resultando na formação dos corpos apoptóticos e na 
eliminação por fagocitose. 
Ação dos Linfócitos NK: os NK não levam qualquer célula 
à apoptose, e sim células específicas, contendo certos 
receptores. Uma 
célula que 
preserve seu 
MHC classe I é 
impedida de 
morrer, pois este 
é reconhecido 
pelo receptor do 
NK (inibidor de 
morte) e envia 
sinal negativo para o receptor responsável pela ativação 
(ativador de morte). Na ausência do MHC classe I 
normal, não há envio de sinal negativo para o receptor 
ativador, ativando a célula NK. Vírus oncogênicos e 
células tumorais inibem a expressão de MHC classe I, 
impedindo sua apresentação para TCD8, sendo este um 
mecanismo de escape. 
 
Linfócitos Semelhantes aos Inatos (LIL) 
Linfócitos NK T: Os linfócitos NK T são completamente 
diferente dos NK, por apresentarem um receptor de 
célula T (TCR), apesar de não receonhecer grande 
diversidade antigênica como os linfócitos T 
propriamente ditos, tem maior especificidade por 
lipídios. 
Estes linfócitos podem produzir IFN  e IL-4, citocinas 
com ações opostas, que se regulam. São citotóxicos, não 
possuem memória e ainda podem ter moléculas de CD8 
e CD4, que são próprias de TCD4 e TCD8. 
Em vez de antígenos/peptídeos serem apresentados ao 
seu TCR por MHC, são apresentados por receptor CD1 
(molécula não-MHC clássica). 
Linfócitos T Intra-epiteliais: localizados entre os 
enterócitos (1:7, função importante, desconhecida), 
também são parte da imunidade inata e podem ou não 
apredentar moléculas CD4 ou CD8. Estes linfócitos 
reconhecem fosfolipídeos microbianos ligados a 
moléculas de CD1d em células epiteliais, o mesmo 
acontececom o NK T. Podem produzir IFN  e TNF. 
O receptor TCR é formado por duas subunidades –  e  
– mas alguns podem ser constituídos de subunidades , 
que é o caso da maioria destas células. Estes receptores 
, possuem uma menor diversidade de reconhecimento 
de antígenos, por isso é mais provável que esteja ligado 
à imunidade inata. 
Linfócitos B-1: diferentemente dos linfócitos B-2 (B 
convencionais), estes fazem parte da imunidade inata. 
Como todo linfócito B, depois de ativado este 
transforma-se em plasmócitos produtores e secretores 
de Ig. Seus receptores são constituídos da Ig produzida, 
na forma monomérica. Reconhece principalmente 
polissacarídeos presente na cápsula bacteriana (grandes 
cadeias repetitivas de oligossacarídeos) e, com a 
presença do IL-5, é induzido a se diferenciar e passa a 
produzir uma molécula de IgM contra o polissacarídeo 
(ativar complemento – via clássica). 
Estão presentes na cavidade pleural e peritoneal, não 
induzem memória e são auto-renováveis. 
 22 
 
Possuem uma molécula de caracterização (cluster of 
differentiation) chamada CD5+. 
 
Inflamação 
Dando endotelial  vasodilatação  aumento da 
permeabilidade vascular  entrada de fluido para o sítio 
inflamatório  influxo de células fagocitárias para o sítio 
inflamatório  digestão dos microorganismos por 
fagocitose. 
 
Aumento de Permeabilidade Vascular 
Tem, como principais objetivos, favorecer a chegada de 
componentes plasmáticos, diluir o efeito das toxinas e 
aumentar a drenagem linfática de antígenos – vasos 
linfáticos iniciam nos tecidos e seguem para os órgãos 
linfóides, carreando os antígenos. 
Quando ocorre um dano endotelial, o fator XII é ativado 
e com ele três cascatas importantes: a cascata da 
coagulação, das cininas e depois o sistema fibrinolítico. 
A bradicinina é importante por induzir o aumento de 
permeabilidade vascular e vasodilatação, que são os 
primeiros mecanismos que compõem a resposta 
inflamatória. Atua também como quimiotático para 
neutrófilos e induz a entrada de fluido no interstício 
(edema), além de atuar em receptores para dor. 
O fator XIIa ativa a cascata da coagulação, que culmina 
na formação das fibrinas, que juntamente com as 
plaquetas, formarão o coágulo. 
A calicreína, um intermediário, ativa o sistema 
fibrinolítico, culminando com a plasmina, que clivará a 
fibrina em fibrinopeptídeo, que são quimiotáticos para 
neutrófilos e induzem o aumento da permeabilidade 
vascular. A plasmina pode ativar o complemento por 
clivar C3 em C3a e C3b, assim como a calicreína pode 
clivar C5 em C5a e C5b. 
 
Células da Inflamação 
A diapedese das células inflamatórias ocorre nas vênulas 
pós-capilares, onde as células endoteliais se contraem, 
permitindo sua passagem, mediada por moléculas no 
endotélio e nas células. 
Mastócitos: umas das primeiras células a aparecer, 
devido a ativação do complemento e a liberação de 
anafilatoxinas, que levam à liberação de histamina 
(mediador pré-formado) e podem culminar na geração 
dos mediadores lipídicos. Além das anafilatoxinas, IgE, 
trauma mecânico, frio, calor e neuropeptídeos podem 
estimular o mastócito a liberar histamina. Estão 
presentes em mucosas nasal, tratos genito-urinário e 
gastrointestinal, pele e suas camadas, alvéolos 
pulmonares e próximos a pequenos vasos. A histamina 
também pode estar presente em grânulos de basófilos e 
plaquetas. A serotonina é sinérgica com a histamina, 
mas em humanos não é produzida nos mastócitos, 
apenas em plaquetas, na mucosa intestinal e no SNC. 
Neutrófilos: são as primeiras células a chegar no sítio 
inflamatório – permanecem por cerca de 5 dias na 
medula óssea e são liberados para a circulação, sendo 
encontrados em tecidos apenas em resposta 
inflamatória. Possuem vida bastante curta, em cerca de 
12h já entram em apoptose, compondo o pus 
juntamente com microorganismos mortos. São atraídos 
ao sítio inflamatório por quimiocinas (CXCL-8/IL-8, TNF, 
C3a e C5a); apresentam receptores para porção Fc de 
IgG e IgA, C3b, C3bi, C3a, C5a, C1q; apresentam grânulos 
ricos em proteases, fosfolipases, elastases, colagenases, 
lisozima, lactoferrina, defesinas e produzem espécies 
reativas de oxigênio (mecanismo dependente de O2) e 
mediadores lipídicos. 
Monócitos/Macrófagos: circulam na corrente sanguínea 
como monócitos e se diferenciam em diferentes tipos de 
macrófagos ao chegar nos diferentes tecidos. Demoram 
cerca de 5h para chegar no sítio inflamatório, onde 
terminam sua diferenciação e possuem vida média em 
torno de dois meses. Apresentam MHC classe I e classe 
II, que apresenta antígenos para linfócitos TCD8 e TCD4, 
respectivamente – apenas as células dendríticas, 
macrófagos e linfócitos B possuem MHC classe II, são 
células apresentadoras de antígenos “profissionais”, 
algumas outras células podem passar a expressar MHC 
classe II, sendo chamadas de apresentadoras “não-
profissionais”. Apresentam lisozima, hidrolases, lipases, 
 23 
 
fosfatases, elastases e colagenases em seus lisossomas; 
podem produzir IFN tipo I, TGF-b, citocinas (IL-1, IL-6, IL-
8, IL-10 e IL-12), componentes do complemento, fatores 
coadjuvantes do complemento (ativação e regulação), 
alguns fatores de coagulação e espécies reativas de O2. 
 
Células Endoteliais: as moléculas quimiotáticas para 
neutrófilos (IL-1, TNF, C3a e C5a, PGD2, LTB4 e 
fibrinopeptídeo) também induzem à expressão de 
moléculas de adesão intercelular (ICAM), moléculas de 
Selectina P e E e CXCL-8/IL-8. 
 
 
 
Influxo de Neutrófilos para o Sítio Inflamatório 
Ocorre em quatro etapas: rolamento, ativação, adesão e 
a migração transendotelial. Em condições fisiológicas, 
estas células migram dentro dos vasos, à medida que 
recebem estímulo inflamatório diminuem sua velocidade 
e iniciam sua lateralização, na adesão ela para de migrar 
– se algum mecanismo falhar, a célula se solta e continua 
a circular nos vasos. 
 
Rolamento e Ativação: ocorre uma lesão leve, o 
neutrófilo continua a migrar, mas com velocidade 
reduzida. O endotélio ativado expressando a selectina E, 
liga-se levemente a resíduos de ácido siálico (sialil de 
Lewis) presente em mucinas (proteínas bastante 
glicosiladas). 
Adesão: o endotélio ativado pode produzir CXCL-8, uma 
quimiocina atraente de neutrófilos, cuja ação neste caso 
é ligar-se ao seu receptor na célula e induz um sinal que 
provoca uma alteração conformacional em uma 
molécula de integrina (CD11/CD18), que se posiciona de 
uma maneira a permitir que ele se ligue com afinidade 
maior a esta molécula de adesão, então a célula pára de 
migrar. Em indivíduos com defeito no gene que sintetiza 
a CD18, impossibilitando a adesão dos neutrófilos, o que 
causa neutrofilia sistêmica com ausência de neutrófilos 
no sítio inflamatório. 
Migração Transepitelial: consiste na contração da célula 
endotelial e a saída da célula através de um gradiente de 
quimiocinas criado no local. 
 
Mediadores Químicos da Inflamação 
Nas primeiras horas tem-se principalmente a histamina e 
a serotonina, o complemento está presente todo o 
tempo; a seguir as cininas e prostaglandinas, 
respectivamente. Pode-se concluir que os mastócitos são 
as células mais importantes neste primeiro momento. 
Os principais mediadores são: proteínas do 
complemento, histamina, fatores de coagulação, fatores 
do sistema fibrinolítico, quimiocinas, citocinas, 
mediadores lipídicos (prostaglandinas, leucotrienos, 
fator ativador de plaquetas) e proteínas de fase aguda 
(PCR, MBL). 
 
Interação entre Imunidade Inata e Adaptativa 
As células apresentadorasde antígenos, como os 
macrófagos e as células dendríticas, constituem um um 
elo entre os tipos de imunidade, devido a presença do 
MHC classe II, responsável pela apresentação de 
antígenos ao TCD4. 
A célula dendrítica parece ser a célula primordial, por ser 
a célula a interagir realmente com a imunidade inata e 
adaptativa. Essa célula guarda a capacidade de 
processamento, fagocitose e também pode apresentar 
antígenos. Seus pseudópodes são uma vantagem com 
relação ao macrófago, pois ao capturar um antígeno 
rapidamente migra para os linfonodos. Além disso, a 
presença antígenos microbianos estimulam sua 
maturação e é bastante rica em moléculas de MHC 
classe II. 
 
 24 
 
 
Aula 5 
Apresentação de Antígenos a Linfócitos 
Profª Drª Aparecida. 
Definições 
Determinante antigênico ou Epítopo: Porção do antígeno 
que interage com receptores de linfócitos T, B ou 
anticorpos. 
Imunógeno: Antígeno capaz de induzir resposta 
imunológica. Nem todo antígeno é imunógeno, pois 
alguns interagem mas não induzem resposta (p.ex. um 
fármaco por si só não é imunógeno, mas interage, e por 
algum mecanismo pode produzir alergia a fármacos). 
Hapteno: Molécula que não é capaz de induzir resposta 
imune. Normalmente possui baixo peso molecular e, por 
si mesma, é incapaz de induzir resposta. 
Carreador: Molécula com a qual o hapteno pode se 
associar, tornando-se capaz de induzir uma resposta. Ex.: 
Penicilina quando entra no organismo, abre o anel -
lactâmico e associa-se a albumina, tornando-se pronta 
para induzir resposta. 
 
 
Reconhecimento Antigênico por T e B 
O reconhecimento ocorre por receptores de membrana 
– no linfócito B (B-2, B convencional) é a imunoglobulina 
que este produz (BCR ou receptor ligante de antígeno), e 
nos linfócitos T CD4+ e CD8+ há receptores de célula T 
ou TCR, que são estruturalmente iguais entre as duas 
populações. 
 
Fases 
Fase de reconhecimento: reconhecer o antígeno através 
da molécula de MHC classe I ou II. 
Fase de ativação: passa a se chamar linfoblasto. 
Fase de expansão clonal 
Fase de diferenciação: algumas tornam-se efetoras e 
outras tornam-se células de memória. 
Funções efetoras: As células TCD8 efetoras possuem 
grânulos, diferentemente da TCD4, e terão função 
citotóxica. As TCD4 liberam citocinas que ativarão 
macrófagos, células B (produzir Igs) e outras, concluindo 
que o TCD4 não produz resposta por si mesmo, mas por 
um produto, por isso chamado de T helper. 
Fase de resposta: Linfócitos TCD8 interagem com 
antígenos/epítopos ligados a MHC classe I (presente em 
qualquer célula nucleada), ocasionando a morte da 
célula – importante para patógenos citosólicos, como 
bactérias intracelulares, vírus, etc, e para células 
tumorais. Linfócitos TCD4 interagem com antígenos 
ligados a MHC classe II (presente em algumas células 
apresentadoras de antígeno profissionais – APC, como os 
macrófagos), ativando o mecanismo de destruição de 
microorganismos intravesiculares – importante para 
patógenos dentro de vesículas, como os 
endo/fagolisossomos (p.ex. M. leprae, M. tuberculosis, 
Leishmania sp.). Linfócitos B possuem função de 
produzir imunoglobulinas, quando diferenciados a 
plasmócitos, com o objetivo de eliminar patógenos 
extracelulares (algumas bactérias, vírus em período 
extracelular – anticorpo reconhece epítopos importantes 
para o vírus, impedindo que este se ligue ao receptor da 
célula a ser infectada) e toxinas. 
 
Principais Conceitos 
Células apresentadoras de antígenos profissionais: 
células que originalmente apresentam MHC classe II 
(macrófagos, células B e células dendríticas), há também 
células que podem tornar a apresentar MHC classe II em 
situações muito específicas (inflamação crônica), sendo 
estas apresentadoras de antígenos não profissionais. 
Pode-se concluir que a função destas células é 
 25 
 
apresentar antígenos via MHC classe II para o linfócito 
TCD4. 
Resposta imune humoral: mediada por imunoglobulinas 
e colaboradores. 
Resposta imune celular: mediada por linfócitos TCD8, 
NK, macrófagos e/ou outros. 
A célula T helper, quando colabora com 
imunoglobulinas, está fazendo parte da imunidade 
humoral, e quando está colaborando com 
TCD8/NK/macrófagos, está fazendo parte da imunidade 
celular. 
Linfócito T reconhece apenas peptídeo (com exceção dos 
linfócitos NKT e T intra-epiteliais, que podem reconhecer 
moléculas que contenham fragmentos fosfolipídeos), já 
o linfócito B reconhece antígenos solúveis, ligados a 
células/tecidos, ácidos nucléicos, lipopolissacarídeo, 
polissacarídeo ou proteína. 
 
Desenvolvimento dos Linfócitos B 
O ser humano tem a capacidade de reconhecer cerca de 
109 determinantes antigênicos – a especificidade 
relaciona-se aos receptores, pois este é o ponto de 
interação. Ao contrário do que se pensava, o linfócito B 
já é específico antes de encontrar o antígeno, em vez de 
tornar-se específico no momento do encontro. 
Fase Independente de Antígeno: Os linfócitos B são 
produzidos e maturados na medula óssea onde, na 
região gênica que codifica o receptor, para um número 
de genes codificadores há um número determinado de 
sequências de aminoácidos, que serão responsáveis por 
gerar a diversidade e especificidade antigênica – isso 
chama-se “rearranjo gênico nos receptores”, que ocorre 
em regiões/domínios varáveis, nos quais a troca de um 
único aminoácido já é capaz de gerar uma proteína com 
conformação tridimensional diferente, de forma 
aleatória. 
Esta especificidade é gerada nos órgãos linfóides 
primários, no momento da maturação destas células. As 
regiões que não sofrem esse rearranjo são chamadas 
“zonas conservadas”, que se localizam na base do 
receptor (não há interação). A todo esse processo, 
chama-se “seleção clonal de Burnet”. 
Fase Dependente de Antígeno: Os linfócitos já maduros 
passam a circular pela corrente sanguínea, processo 
chamado de recirculação. Nesta rota, ele buscará o 
determinante antigênico para o qual é específico – ao 
reconhecer, sofre expansão clonal (alta velocidade) e 
efetua a resposta. Esta fase ocorre nos órgãos linfóides 
secundários. 
 
 
 
Recirculação Linfocitária 
Na maioria dos órgãos linfóides secundários (exceto 
baço), há a comunicação da via linfática e nas mucosas 
há apenas vasos linfáticos eferentes. 
Os linfócitos circulam nas vias linfática e sanguínea, indo 
e voltando dos linfonodos, baço, mucosas e outros 
tecidos, e também para locais de reserva. Estas células 
podem utilizar a circulação linfática, passeando pelos 
nódulos linfáticos, chegando através do ducto torácico à 
circulação sanguínea; podem utilizar a circulação 
sanguínea para chegar ao baço e às mucosas; podem vir 
das mucosas, passar pelos nódulos linfáticos, passar pelo 
baço e voltar para as mucosas. 
Devido a essa recirculação, independente do local onde 
foi ativado, podem atuar em outros locais mais distantes. 
 
Placas de Peyer (GALT) 
No caso das placas de Peyer, a bactéria (PAMPs) pode 
interagir com célula dendrítica (TLR), que é ativada e 
comunica-se com os linfócitos e estes seguem para os 
gânglios mesentéricos, e em seguida para a lâmina 
própria, onde se encontram essas placas. Estes linfócitos, 
com a recirculação, percorrem todo o organismo. 
 
 
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Recirculação Linfocitária direcionada às Mucosas 
Independente de onde os linfócitos tenham sido 
estimulados, podem ser encontrados em diversos locais, 
p.ex. um linfócito estimulado pelas placas de Peyer pode 
aparecer nas glândulas mamárias, por isso diz-se que na

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