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SOCIOLOGIA DA EDUCAÇÃO

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AÇÃO SOCIAL, TEORIA DOS TIPOS IDEAIS
E A TEORIA WEBERIANA MODERNA
PEDAGOGIA 
PROF. FRANCISCO GILSON RODRIGUES OLIVEIRA
Rio de Janeiro, 25 de Agosto de 2011
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OBJETIVOS
Conceituar o objeto de estudo da sociologia, segundo Marx Weber;
Apresentar a Sociologia Compreensiva de Max Weber;
Refletir sobre a concepção de sociedade em Max Weber.
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SOCIOLOGIA COMPREENSIVA
“Para o positivismo, a história é um processo universal de evolução da humanidade, cujos estágios o cientista pode perceber pelo método comparativo, capaz de aproximar sociedades humanas de todos os tempos e lugares. A história particular de cada sociedade desaparece, diluída nessa lei geral que os pensadores positivistas tentaram reconstruir, Essa forma de pensar torna insignificantes as particularidades históricas, e as individualidades são dissolvidas em meio a forças sociais impositivas”. “[...] anula a importância dos processo históricos particulares, valorizando apenas a lei da evolução, generalização e a comparação entre as formações históricas.”
 A Sociologia Compreensiva de Max Weber pretende afastar-se dessa vertente evolutiva da história, sustentada pelo positivismo.
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Weber se opõe a esta concepção. A pesquisa histórica, “baseada na coleta de documentos e no esforço interpretativo das fontes”, é fundamental para a compreensão da sociedade; permite o entendimento da gênese e formação diferenças sociais, negando os estágios de evolução. Portanto, deve-se respeitar “o caráter particular e específico de cada formação social”. 
Weber combinava a perspectiva histórica – respeito as particularidades de cada sociedade – e a sociológica, que ressalta os elementos mais gerais de cada fase do processo histórico.
Para Weber uma sucessão de fatos históricos não fazem sentidos por si mesmo, são dados fragmentados e esparsos, que exigem do historiador um esforço interpretativo do passado e de sua repercussão nas características peculiares das sociedades contemporâneas; “é isso que permite ao cientista atribuir aos fatos esparsos um sentido social e histórico”. Aí está o método compreensivo de Weber.
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Weber rejeita a neutralidade científica preconizada pelo Positivismo: “o cientista como todo indivíduo em ação, também age guiado por seus motivos, sua cultura e suas tradições, sendo impossível descartar-se de suas prenoções como propunha Durkheim. Existe sempre certa particularidade na análise sociológica, intrínseca à pesquisa, como a toda forma de conhecimento [...]. As preocupações do cientista orientam a seleção e a relação entre elementos da realidade a ser analisada. Os fatos sociais não são coisas, mas acontecimentos que o cientista percebe e cujas causas procura desvendar.”
“Uma vez iniciado o estudo, este deve se conduzir pela busca da maior objetividade na análise dos acontecimentos. A realização da tarefa científica não deveria ser dificultada pela defesa das crenças e das ideias pessoais do cientista. [...] O cientista deve buscar os nexos causas que deem o sentido da ação social.” 
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“Qualquer que seja a perspectiva adotada pelo cientista, ela sempre resultará numa explicação parcial da realidade. Um mesmo acontecimento pode ter causas econômicas, políticas e religiosas, sem que nenhuma dessas causas seja superior à outra em significância. Todas elas compõem um conjunto de aspectos da realidade que se manifesta, necessariamente, nos atos individuais. O que garante a cientificidade de uma explicação é o método de reflexão, não a objetividade pura dos fatos”*.
*Todas as citações feita até aqui encontram-se no livro: Sociologia – introdução a ciência da sociedade, cap. 06. 
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TIPO IDEAL
“Trata-se de uma construção teórica abstrata a partir dos casos particulares. O cientista, pelo estudo sistemático das diversas manifestações particulares, constrói um modelo acentuando aquilo que lhe pareça característico ou fundante. Nenhum dos exemplos representará de forma perfeita e acabada o tipo ideal, mas manterá com ele uma grande semelhança e afinidade, permitindo comparações e a percepção de semelhanças e diferenças. Constitui-se em um trabalho teórico indutivo que tem por objetivo sintetizar aquilo que é essencial na diversidade das manifestações da vida social, permitindo a identificação de exemplares em diferentes tempos e lugares.”
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COMO SE USA O TIPO IDEAL?
1º Construa um tipo ideal ‘puro’ (Weber construía vários: tipos de ação social, tipos de dominação política etc). Tipo é uma construção mental, feita na cabeça do investigador, a partir de vários exemplos históricos. Ele é um exagero de perfeição, que jamais será encontrado na vida prática;
2º Olhe o mundo social que o cerca, esta teia inesgotável de eventos e processos, e selecione dele o aspecto a ser investigado (não dá pra ser tudo, tem que ser uma coisa de cada vez);
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3º Compare o mundo social empírico com o tipo ideal que você construiu. Mas note bem: ‘ideal’ aqui não significa ‘desejado’, não significa ‘idealizado’, como por exemplo idealizar o que seria uma ‘sociedade perfeita’. Significa apenas que você escolhe as características mais ‘puras’ dos tipos, e Weber achava que os tipos de conduta mais puros são os mais racionais, no sentido de adequação entre meios e fins.
4º À medida que você descreve o quanto a realidade se aproxima ou se distancia do tipo “puro” que você construiu, essa realidade se apresenta a você, se revela em seu caráter mais complexo; os comportamentos vêm à luz revelando a racionalidade e a irracionalidade que os tornou possível.
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AÇÃO SOCIAL
“O ponto de partida de toda a sociologia weberiana reside no conceito de ‘ação social’ [...]. Recusa tratar os ‘fatos’ sociais como se fossem ‘coisa’. Para ele isso simplesmente não é possível, porque as ‘coisas’ que eu vejo podem ser diferentes das ‘coisas’ que você vê, embora vivamos na mesma sociedade na mesma época histórica. Aliás, pode ser que as ‘coisas’ que eu vejo nem sejam ‘coisas’ para você. E por quê? Porque os homens vêem o mundo que os cerca a partir dos seus valores. Os valores são compartilhados, é claro, mas são inculcados, introjetados (são subjetivados) de modos distintos, conforme o processo de interação em que o indivíduo está inserido. Um mesmo meio cultural pode assumir significados diferentes para os diferentes indivíduos nele imersos e, no momento da ação, ocasionar diferenças de comportamento conforme o modo de assimilação dessa cultura, e sobretudo conforme os diferentes tipos de racionalidade empregados pelos indivíduos.” 
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“O que é a ação social? Ela ocorre quando um indivíduo leva os outros em consideração no momento de tomar uma atitude, de praticar uma ação. Nas palavras do próprio Weber: “por ‘ação’ (incluindo a omissão e a tolerância) entendemos sempre um comportamento compreensível com relação a ‘objetos’, isto é, um comportamento especificado ou caracterizado por um sentido (subjetivo) ‘real’ ou ‘mental’, mesmo que ele não seja quase percebido [...] Ação que especificamente tem importância para a sociologia compreensiva é, em particular, um comportamento que: 1. está relacionado ao sentido subjetivo pensado daquele que age com referência ao comportamento de outros; 2. está codeterminado no seu decurso por esta referência significativa e, portanto, 3. pode ser explicado pela compreensão a partir deste sentido mental (subjetivamente)”. 
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“conduta humana (ato, omissão, permissão) dotada de um significado subjetivo dado por quem o executa, o qual orienta seu próprio comportamento tendo em vista a ação – passada, presente, futura – de outro ou de outros que, por sua vez, podem ser ‘individualizados e conhecidos ou uma pluralidade de indivíduos indeterminados e completamente desconhecidos”. 
Exemplo: “Quando você vai a escola, isto é uma ação social. Não apenas porque ali você encontra seus professores, seus colegas, seu grupo. Estar junto com outras pessoas, apenas, não faz você um animal social.
Ir a escola é uma ação social porque agindo assim você está calculando (mesmo que não pense nisso conscientemente todos os dias) os custos e os benefícios que você terá, indo ou, no caso inverso, deixando de ir. Ao ir a escola você emprega a sua racionalidade e leva em consideração a racionalidade dos outros e o modo como ela interfere ou pode interferir sobre o seu próprio comportamento.”
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 TIPOS DE AÇÃO SOCIAL
“As condutas são tanto mais racionalizadas quanto menor for a submissão do agente aos costumes e afetos e quanto mais ele se oriente por um planejamento adequado à situação. Pode-se dizer, portanto, que as ações serão tanto mais previsíveis quanto mais racionais.” Weber define em quatro os tipos ideais de ação social:
a) Racional com ralação a fins: ação de um indivíduo ou grupo para atingir um objetivo previamente definido, lançando mão dos meios necessários ou adequados, ambos avaliados e combinados tão claramente quanto possível de seu próprio ponto de vista. O procedimento econômico corresponde ao modelo típico de ação racional.
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b) Racional em relação a valores: o agente orienta-se por fins últimos, agindo de acordo com ou a serviço de suas próprias convicções, levando em conta somente a sua fidelidade a certos valores, estes, sim, inspiradores de sua conduta; ou na medida em que crê na legitimidade intrínseca de um comportamento, válido por si mesmo. O sentido da ação está na própria conduta e não em seu resultado: aqueles que lutam em prol da liberdade, da paz, de uma causa nacional, preservação de animais etc.
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c) Ação afetiva: a conduta do sujeito é inspirada em suas emoções imediatas – vingança, desespero, admiração, orgulho, inveja, medo etc. – sem levar em consideração de meios ou fins a atingir. Desde o ciúme à produção de obras de arte, envolvem ações afetivas.
d) Ação tradicional: a conduta é desencadeada em função de hábitos e costumes arraigados, reage a estímulos habituais. Exemplo: o casamento na Igreja de pessoas pouco ou com nenhum compromisso com a religião. 
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SOCIEDADE
A sociedade é produto das ações sociais, particularmente daquelas que tornam-se relações sociais: que o sentido da ação é compartilhado. Um sujeito que pede informação a outro estabelece uma ação social: ele tem um motivo e age em relação a outro indivíduo, mas tal motivo não é compartilhado. Numa sala de aula, em que o objetivo dos vários sujeitos é compartilhado, existe uma relação social. 
A relação social é uma conduta plural (de vários) reciprocamente orientada, dotada de conteúdos significativos, que descansam na probabilidade de que se agirá socialmente de um certo modo. Elas estão dotadas de “conteúdo significativo” (conflito, piedade, concorrência, fidelidade, amor sexual etc.) e as condutas de uns e de outros referem-se reciprocamente, embora não tenham que ter correspondência no que diz respeito ao conteúdo. Exemplo: Ana pressupõe (corretamente ou não) que Beto gostaria de namorá-la. Para ela, no entanto, não é o caso. Conquanto ambos sejam capazes de compreender o sentido da ação do outro, eles não têm necessariamente que compartilhar o seu conteúdo.
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AS INSTITUIÇÕES SOCIAIS
Uma relação social pode ser efêmera ou durável, isto é, ter ou não continuidade, ser ou não persistente e mesmo mudar radicalmente de sentido durante o seu curso, passado, por exemplo, de solidária a hostil. Por isso é que Weber chama o “Estado”, a “Igreja” ou o “casamento” de pretensas “estruturas sociais” que só existem, de fato, enquanto houver a probabilidade de que se dêem as relações sociais dotadas de conteúdos significativos que as constituem. Assim do ponto de vista sociológico, um matrimônio, uma corporação ou mesmo um Estado deixam de existir “desde que desapareça a probabilidade de que aí se desenvolvam determinadas espécies de atividades sociais orientadas significativamente. 
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FORMAS DE DOMINAÇÃO LEGÍTIMA
“Poder significa a probabilidade de impor a própria vontade dentro de uma relação social, mesmo contra a toda a resistência e qualquer que seja o fundamento dessa probabilidade.”
Dominação: “um estado de coisas pelo qual uma vontade manifesta (mandato) do dominador ou dos dominadores influi sobre os atos de outros (do dominado ou dos dominados), de tal modo que em um grau socialmente relevante, estes atos têm lugar como se os dominados tivessem adotado, por si mesmo e como máxima de sua ação, o conteúdo do mandato (obediência).”
São três os tipos de dominação legítima: tradicional, carismática e legal. 
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Dominação tradicional: “a autoridade do ‘ontem eterno’, isto é, dos mores santificados pelo reconhecimento inimaginavelmente antigo e da orientação habitual para o conformismo. É a domínio ‘tradicional’ exercido pelo patriarca e pelo príncipe patrimonial de outrora.”
Dominação carismática: “autoridade do dom da graça (carisma) extraordinário e pessoal, a dedicação absolutamente pessoal e a confiança pessoal na revelação, heroísmo ou outras qualidades da liderança individual. É o domínio ‘carismático’ exercido pelo profeta ou – no campo da política – pelo senhor de guerra eleito, pelo governante plebiscitário, o grande demagogo ou líder do partido político.” 
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Dominação racional-legal: “o domínio da “legalidade”, em virtude da fé na validade do estatuto legal e da ‘competência’ funcional, baseada em regras racionalmente criadas. Nesse caso, espera-se o cumprimento das obrigações estatutárias. É o domínio exercido pelo moderno ‘servidor do Estado’ e por todos os portadores do poder que, sob este aspecto a ele se assemelham.” 
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