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LFG CADERNO PSICOLOGIA JURÍDICA 36

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PSICOLOGIA JUDICIÁRIA 
 
Davi Goldman 
 
1. Psicologia: conceitos e definições: 
 
- Psicologia do senso comum ≠ psicologia científica: 
- De médico, louco e psicólogo todo mundo tem um pouco. Trata-se de psicologia do 
senso comum, um exemplo pode ser quando procuramos um amigo para conversar 
sobre determinado problema – gosto dele como amigo porque ele tem boa psicologia. 
A proposta de usar a psicologia no cotidiano não pode se confundir com uma 
abordagem da psicologia científica. A psicologia do senso comum nos auxilia no nosso 
dia-a-dia. 
 
- A psicologia cientifica se compromete com o controle rigoroso. A psicologia está 
apoiada no método (caminho – fazer ciência é encontrar o correto caminho dos 
controles)/epistomologia. 
 
- Dominar, estabelecer domínio nas relações de causa e efeito, ser capaz de controlar 
os efeitos manipulando as causas – o ideal do método, quando a conexão funciona, 
esse circuito se fecha. 
 
- Epistemologia é a verificação da correção desse domínio causal. A proposta da 
psicologia científica é desenvolver um estudo sistemático, é compreender, elucidar, 
alterar, de forma especializada e apurada todos os desafios que se apresentam neste 
campo do conhecimento. A psicologia do senso comum não tem um comprometido 
com esta força da assertividade. A psicologia do senso comum é intuitiva, espontânea, 
está apoiada no simples, no banal e no imperativo. 
 
- A psicologia se relaciona muito de perto com questões do dia-a-dia, porque em última 
análise, a psicologia é a ciência que está interessada em entender melhor como o 
homem funciona, uma verdade apoiada em certeza. 
 
- Para ser científica a psicologia precisa ter credibilidade, em estudos efeitos com 
amostragem significativa, ela utiliza de método cientifico. 
- É preciso ter uma disciplina de não generalização, uma análise minuciosa, que 
apontem para as conclusões. É preciso encontrar explicações sustentáveis, respeito 
aos princípios científicos. Se tudo isso for contemplado, estaremos diante de uma 
psicologia com base científica. 
 
- A psicologia está interessada em uma amplitude do ser humano e por isso muitos 
subconjuntos da questão humana estão sob a sombra de interesse da psicologia. Com 
método, com rigor científico a psicologia se aproxima e quer aprender melhor tópicos 
como: questões ligadas à violência, agressividade, depressão, papeis sexuais, 
aprendizagem, memória, linguagem, raciocínio, pensamento, emoções, motivações, 
tipos de personalidade, etc. 
- O que chamamos de psicologia configurou uma cartografia bastante ampla das 
questões humanas, racionais, motivação, emocionais. A psicologia se transformou nos 
últimos 300 anos como uma referência importantíssima para uma melhor compreensão 
do individuo. 
 
- O individuo é aquilo que a psicologia tenta focar o tempo todo. 
- No tronco das humanidades, sobre a batuta régia da filosofia, que é pura abstração, 
saem três ramos importantes: antropologia (ciência que estuda manifestações 
culturais), sociologia (construções sociais), psicologia (ligada ao indivíduo). – todos 
esses ramos acabam se relacionamento com conjuntos maiores da produção humana. 
Mas a que tem maior afinidade com o direito é a psicologia. Psicologia e direito andam 
de mãos dadas. O processo do direito tem enormes instâncias que vão se servir de 
psicologia. Exemplo: quando o réu é julgado no tribunal, ele já passou por uma série de 
trocas de realidades psicológicas, porque o delegado, juiz, advogado, testemunhas, júri 
utilizam da psicologia. 
 
- Nada pode ser mais complexo do que o ser humano. O ser humano não é linear, não 
é previsível. Exemplo: estamos no trânsito de SP, que é um problema. Outro motorista 
fecha um terceiro sujeito. O sujeito que foi fechado tem uma explosão de raiva. Essa 
explosão de raiva é um interesse da psicologia. 
 
- A psicologia é uma pedra da fundação da ciência do direito. O direito não trabalha 
com seres humanos apenas, mas com a complexidade inerente aos seres humanos. 
 
2. Definição de psicologia: 
 
- Definição da psicologia que se entrelace com os ideais de método e de abordagem 
controlada do desafio que é entender a ação humana. 
 
- Psicologia é a ciência do comportamento e do funcionamento mental de todas as 
criaturas (Professora Davidoff). – Trata-se de uma definição bem abrangente. 
 
- Essa definição da Davidoff carece de aprofundamento que enfoque as questões 
sociais. Para a psicologia judiciária interessa as perspectivas sociais. 
 
- Definição específica que se relaciona com a psicologia jurídica: a psicologia está 
interessada em desenvolver, utilizar, verificar e transmitir conhecimento sobre 
um objeto singular e diverso: a subjetividade – conjunto de aspectos do 
comportamento, da consciência, dos sentimentos, do pensamento, das emoções 
ou da personalidade que se apresenta sempre dinâmico, móvel, em processo. 
 
- Subjetividade é o jeito de cada um de nós, uma espécie de depósito interior que 
carregamos e que reflete nossa maneira de compreender e enxergar o mundo. Ela se 
relaciona com outra questão importante que é a questão do espírito de época. 
 
- A subjetividade está em transformação. A formação jamais se completa. A aventura 
humana é uma travessia inacabável, estamos caminhando numa corda bamba. A 
subjetividade sempre é ligada à uma questão de grande desafio. Não há uma pré-
determinação 
 
- Nascer é muito comprido – Clarice Lispector. A aventura do viver não tem porto de 
chegada, não tem porto de conclusão. Até o último momento da nossa vida a nossa 
subjetividade está sendo esculpida por nós mesmos. 
 
Subjetividade: a subjetividade é o nosso modo de ser, síntese individual que cada um 
de nós vai construindo conforme vamos desenvolvendo e vivenciando as experiências. 
(PENSAMENTO - EMOÇÃO - COMPORTAMENTO) 
 
A subjetividade é o objeto da psicologia. O comportamento também interessa, mas de 
forma mediata, secundária - comportamento também são expressões da subjetividade. 
 
- Qual conselho você daria aos jovens? Para os jovens o conselho é muito simples, 
envelhecem. – Nelson Rodrigues - José Saramago. A ideia de envelhecer traz a ideia 
de aprimorar-se, de se tornar mais competente para as ideias que a aventura de viver 
vai nos passando. 
 
- O importante e bonito do mundo é isso: que as pessoas não estão sempre iguais, 
ainda não foram terminadas, mas que elas vão mudando. Afinam e desafinam”. – 
Guimarães Rosa – o verbo “ser” não traz ideia dinâmica de subjetividade, a 
subjetividade não é uma fotografia, é algo dinâmico, está passando o tempo todo. 
 
ATENÇÂO - A vida é um caminhar sobre uma corda estendida no abismo, não se deve 
ir nem tão rápido nem tão devagar - Zaratrusta 
 
DEVIR - a marca humana que interesse principalmente à psicologia - estamos em 
formação - alteração de compreensão. 
 
A SUBJETIVIDADE NÃO É - ELA ESTÁ. 
 
3. Dialética no caminho da psicologia: 
 
- Dois caminhos foram trilhados na tentativa de se compreender melhor essa riqueza 
desafiadora da subjetividade humana. 
1 - Caminho da tradição científica: século XIX – esse caminho é responsável 
por magnetizar 100 anos de trabalho dos psicólogos. Trata-se de uma valorização 
enorme da tradição experimental. A psicologia experimental é uma proposta afinada 
com toda uma conjuntura importante naquele momento histórico. O século XIX é um 
momento de grande otimismo na história do ocidente. O século XIX colhe progressos 
científicos e tecnológicos, estava-se no apogeu na revolução industrial. Essa expressão 
foi valorizada porque contém em si a realidade onomatopaica da alegria e celebração. 
A aventura ocidental estava envolvidade euforia. As ciências sociais se organizam no 
cenário do pensamento humano ocidental, aqui nasce uma perspectiva de se fazer 
uma psicologia científica, que estava apoiada no otimismo, nas forças da psicologia e 
também no cientificismo. 
 
- nesse clima de utopia os psicólogos se organizam de forma positivista, traçam um 
número grande propostas, escolas, métodos e caminhos a serem trilhados. Buscam 
determinar os modos de funcionamento da personalidade, dos tipos, do ser humano. 
estava em jogo a possibilidade de se criar ferramentas poderosas que poderiam até 
assustar, porque poderiam operar um enorme poder social, regulado por ações e 
mentes humanas. 
 
Obs. VER DOCUMENTÁRIO - HIST´ÓRIA DA CIENCIA - BBC 
 
2 - Tradição humanista – psicologia filosófica: marcou o século XX e está em 
sintonia com a crise do positivismo. A vida do século XX pode ser apresentada como 
um momento de se fazer uma balancete sobre os momentos vivenciados. No início do 
século XX coloca-se a seguinte problematização: o século que se encerra foi um século 
de grandes expectativas, de depósitos de grandes sonhos e aspirações. Algumas 
conquistas foram conseguidas, mas a maior medida está ainda para ser cumprida para 
atingir toda a utopia almejada no início do século. O positivismo é arraigado nas 
possibilidades da ciência, é ter a visão de que a ciência é o caminho aberto para 
resolver todos os conflitos e todas as questões humanas. As utopias vão se arrebentar 
em distopia. No início do século XX a proposta era libertar a humanidade. Houve um 
momento em que se acreditou que a psicologia avançaria tanto pela medicina que 
acreditou-se que teria um remédio para todos os males. Mas acreditava-se que isso 
seria perigoso, porque quem tivesse esse medicamento seria uma espécie de Big 
Brothter, sendo capaz de manipular as consciências humanas de forma muito poderosa 
e perigosa. 
 
- Aquele sonho, aquela utopia do século XIX era exagerado. 
- Hoje o melhor da psicologia internacional bebe da dupla fonte, não despreza as 
conquistas e avanços conquistados pela linha 1 e nem pela linha 2. 
- No final do século XX retorna o otimismo do século XIX atrelado à uma série de 
conquistas vindas do espantoso conjunto de possibilidades que se antevê a uma das 
áreas mais férteis da ciência hoje. 
 
- Crise do positivismo: nenhum cientista, consequentemente, nenhum psicólogo, pode 
considerar-se um cientista “puro”. Todos estão comprometidos com uma posição 
filosófica ou ideológica. Esta não é a mesma em todos os países, depende dos meios 
culturais e cria variações e diversidade de escolas. 
 
Séc. XIX - 
Cientificismo 
Naturalista 
Positivismo 
 
Séc. XXI - 
 Humanismo 
 Crise do Positivismo 
 Psicologia filosófica 
 
Obs. O símbolo do positivismo era: AMOR, ORDEM E PROGRESSO 
 
Obs. Há uma imprevisivilidade irracional característica na subjetividade - CAIXA 
DE SURPRESAS - da subjetividade não se sabe como controlar - temos 
estatísticas e probabilidades - mas nada é exato. 
 
4. Escolas de psicologia: - Três grandes momentos precisam ser apresentados: 
diferentes escolas de compreensão da psicologia: 
 
1) momento pré-científico: deve ser dividido em: 
 
1.1) o interesse dos filósofos transbordam para assuntos ligados à filosofia. Eles 
são amigos dos conhecimentos. O interesse dos filósofos derivava para todo e 
qualquer assunto. Sócrates foi um dos principais filósofos gregos que deixou 
importantes escritos sobre essa questão. Sócrates tem uma curiosidade para tentar 
determinar e entender como esta força invisível pode levarmos por este ou por aquele 
caminho, pode fazer com que a gente percorra essa ou aquela trilha. No conhecimento 
socrático muito se fala sobre a psique (Texto O banquete – o texto gira em torno de 
uma questão psicológica, que é o amor). 
 
- Platão também esteve interessado nas especulações da psicologia, tentando 
entender como era a questão da psicologia dentro da filosofia. Platão trata do conceito 
de metempsicose. Há uma energia na natureza que está voando e trocando de corpo. 
Quando alguém morre, o corpo vai aprodecer, mas esse sopro, esse espírito, alma, sai 
voando e se fragmenta e embarga em outros seres viventes. Na verdade, nós somos 
um amontoado de gente que já morreu e vai nos deixando herança. A cada dia 
recebemos mais informações de pessoas que passaram por aqui. Trata-se de uma 
visão que não valoriza o corpo, mas sim a alma. 
 
- Aristóteles: propõe no seu livro “De ânimo” o primeiro tratado sistematizado sobre 
psicologia. Aristoteles faz a seguinte pergunta: Porque o homem é diferente de todas 
as coisas que existem por ai? Aristoteles diz que existem 04 forças na natureza, 04 
almas ou 04 piseques. A primeira delas é que existe em maior quantidade e é a força 
mineral, faz com que as coisas que são dotadas delas, sejam o atributo da força 
alimentar. Existe uma outra força que é encontrada em menor quantidade, que é a 
alma vegetal, que permite que seres dotados deste atributo também consigam se 
alimentar, nascer, crescer, se reproduzirem e morrerem. A terceira força é a alma 
animal, que traz outras possibilidades, os animais fazem tudo que os vegetais fazem e 
vão além. Há uma força da natureza muito exclusiva, que é encontrada em 
pequeníssima porção. Essa alma só os seres humanos apresentam, e é a logos, a 
razão, o conhecimento, a racionalidade. 
 
1.2. Idade média: duas figuras se destacam: 
a) São Tomaz de Aquino: 
b) Santo Agostinho: 
 
- Constroem uma psicologia ligada à questão da religião, retomam ao dualismo, corpo, 
alma e mente. Para o pensamento medieval, não é importante a aparência, ou seja, o 
corpo, o importante é a essência. Se ao longo da vida as experiências vão tornando a 
essência melhor, a psique aspira e poderá entrar no paraíso. A essência que habita o 
corpo é que importa e ela precisa traçar caminhos bons para poder entrar no paraíso. 
 
- Pico della Mirandola – Oração pela dignidade do homem – é um texto interessante em 
que fala que o homem está destinado a viver em liberdade. Pico é um antecipador do 
renascimento. Não é preciso valorizar apenas a essência, é preciso também ter uma 
atenção para as coisas do corpo e do cotidiano. 
 
- René Descartes afinado com o pensamento do renascimento propõe uma psicologia 
que entenda tanto a riqueza da mente, como a riqueza do corpo. No século XVII o 
Desacartes deixa uma marca para a psicologia que segue até a chegada do século 
XIX. 
 
2) Momento da psicologia científica: 
 
2.1) Escola Estruturalista: Wundt – (pessoa olha a subjetividade mas precisa atuar na 
estrutura - no cérebro que está atrás da consciência - PIONEIRO DOS 
NEUROCIENTISTAS) - funda o primeiro laboratório de psicologia científica. A ideia é 
estudar as grandes estruturas do comportamento. Num laboratório apresenta certos 
estímulos e vê que tipo de resposta ele obtém no laboratório. A ideia é compreender 
grandes estruturas da personalidade. Ele foi fundador da psicologia científica e estava 
interessado no domínio da vida mental, propósito, valores, intenções, objetivos, 
motivações. Há uma resposta americana à essa proposta da escola estruturalista. O 
caminho americano fica conhecido como funcionalismo. 
 
2.2) Escola do Funcionalismo: o grande nome do funcionalismo é o psicólogo norte 
americano Willian James, ele avalia no seu livro princípios de psicologia, como o 
homem funciona, porque as pessoas fazem aquilo que elas fazem. Como funciona a 
subjetividade. 
 
2.3) Escola do Comportamentalismo: Behaviorismo/ Comportamentalismo: Watsmon 
e Skinner chegaram a perfeição do cientificismo do funcionalismo. Se domino um 
estímulo, eu estouno domínio da resposta. SINTESE DAS ESCOLAS 
ESTRUTURALISTAS E FUNCIONALISTAS. 
 
Ciência do comportamento pretende criar condições para dominar o esquema 
elementar de comportamentos. UM ESTÍMULO DESENCADEIA UMA RESPOSTA - 
para controlar uma resposta basta ter em mãos o estímulo correto - “DÊ-ME UMA 
DÚZIA DE BEBÊS E UM MUNDO ESPECIFICADO POR MIM PARA CRIA-LOS E 
FAREI DELES O QUE ESCOLHER - MÉDICOS, ARTISTAS, COMERCIANTES, 
CRIMINOSOS - INDEPENDENTES DE SEUS TALENTOS, INCLINAÇÕES, 
HABILIDADES E RAÇA DE SEUS ANCESTRAIS”. 
 
Obs. Essa ideia de comportamentalista, de controle científico das pessoas, choca com 
as ideias filosóficas de incerteza de formação. Estende os estudos de PAVLOV - com 
os animais. 
 
Reforço positivo - estimular como acréscimo positivo, bonificação pelo 
comportamento correto. 
Reforço negativo - retira algo pelo comportamento negativo - punição. 
 
Estimulo é o caminho para a educação. 
 
 
3) Psicologia Humanista ou Filosófica: 
 
- As escolas científicas crescem, se desenvolvem e vicejam no bojo do pensamento 
positivista. Trata-se de um olhar utópico, uma forma otimista de se almejar fazer ciência 
do objeto da psicologia que como sabemos, é a subjetividade. 
 
- A tendência das escolas humanistas é adotar uma postura crítica, elas procuram 
interpretar. Elas compreendem o individuo como verdadeiras caixas pretas 
criptografadas que precisa ser interpretada. O individuo é visto como alguém marcado 
por incongruências. Trata-se de uma relação cheia de problemas. 
 
- Na nossa época a marca da psicologia é uma postura eclética, um conjunto de ideias 
variadas. Dizemos que a psicologia da nossa época carrega a marca de um composto 
heterogêneo, ela vai beber nessa dupla fonte: se alimenta dos conhecimentos 
desenvolvidos pelas escolas científicas sem conflitar com conhecimentos que se 
organizaram ao longo do século XX e que estão ligados a uma visão filosófica ou 
humanista. Nos nossos dias a psicologia se apresenta como uma disciplina muito rica, 
não descarta a complexidade do humano e nem a visão positivista ou pragmática. 
 
3.1) Gestalt: é o momento em que a história da psicologia de forma muito firme se 
desassombra do positivismo. É uma escola que apoiada no trabalho muito importante 
de três pesquisadores alemães, que avançam nas possibilidades da psicologia. Esse 
trio inicia as suas atividades de reflexão acadêmica em uma proposta que parecia não 
conduzir longe demais. A proposta inicial era entender como psicologicamente funciona 
o cinema. A subjetividade é algo profundamente enigmático, uma caixa preta. 
 
- Interesses da Gestalt: 
a) Compreensão do real 
b) Papel da percepção 
 
- A Gestalt coloca em questão uma novidade que atravessa a história moderna da 
psicologia. Essa novidade atende por: fenomenologia. A Gestalt entende que nós não 
somos capazes de entender com absoluta integridade a realidade. Nós podemos 
apenas entender um fenômeno de realidade e não a apreensão do real. Há a 
apreensão de determinados fenômenos do real. Nas palavras do pai fundador dessa 
proposta a explicação para esse enfoque da psicologia: “há uma grande diferente ente 
o que está no mundo (as coisas tal como são em si mesmas, o Real) e aquilo que 
experimentamos (e podemos conhecer) como estando no mundo (a forma distinta que 
o mundo assume para cada um de nós, como ele se individualiza através de nossa 
experiência). Não apreendemos a “coisa em si”, mas somente o seu fenômeno, uma 
apropriação que depende do sujeito – da estrutura humana de experimentação, da 
maneira singular como a percepção funciona, de características particulares de cada 
um de nós.” 
 
- O Real nos oferece uma série de condições estimulantes que são trazidas à nossa 
mente pela percepção e após são integradas no cérebro. As condições revelam para o 
nosso cérebro um determinado fenômeno. A Gestalt está colocando em xeque nossa 
noção de verdade e realidade. 
- A Gestalt questiona a realidade. Questionar a realidade: o que chamamos de real (e 
acreditamos que seja o real), não passa de uma experiência do Real, vinda de alguns 
estímulos periféricos, uma massa de sensação que, mesmo grande, não abarca a 
totalidade do Real. 
- Fenômeno é o nome que damos para toda a percepção que o nosso sistema 
sensorial capta. 
- Experiências de figura e fundo: uma imagem é vista de diferentes formas. A 
apreensão fenomênica da imagem é ambígua. 
- Fechamento: duas das atividades nascentes da psicologia da Gestalt: as atividades 
com figura e fundo e as descobertas com o fechamento. 
- Nada do que parece ser real é efetivamente real, são experiências sensoriais. 
- Um único lapso já problematiza até onde podemos confiar na correção da maneira 
como nosso cérebro (poderoso, sem dúvida, mas não infalível) navega pela realidade. 
- Noções importantes de Gestalt: 
a) Confiabilidade: podemos confiar nos nossos olhos? 
b) Drible da realidade: 
c) Problematizar: questionar o autocentramento, o autoreferente 
- Mais recentemente a Gestalt trabalha com estados psicológicos que são o conjunto 
de motivações, de objetivos, de interesses e expectativas que interferem no nosso 
campo de experiência. 
- Estados emocionais e complexos psicológicos atuam na organização dos fenômenos. 
Essas experiências foram feitas por Hastorf e Cantril – experimentos de 
tendencialismo. 
 
- Psicanálise: 
- Freud – era um hábil hipnotizador. Freud trabalha com hipnose e histeria. 
- Ao longo de 27 anos Freud montou o seu método psicanalítico. A psicanálise é uma 
das mais importantes aventuras do espírito contemporâneo. Freud não explica nada, 
acredita na subjeitividade como individual, os cientificistas pretendem criar modelos 
padrões de subjetividade. 
- 1° Momento: Talking = fala ou conversa. Freud percebe uma vocação para tratar do 
sofrimento alheio. Ele está contagiado em tratar a alma que sofre. Após ele percebe 
que tudo aquilo que ele obtém com hipnose ele pode obter sem hipnose. Mas ele 
precisa da fala, da conversação. Ele percebe alguma coisa que nós intuitivamente 
sabemos. Mágoas, dores e angústias costumam encontrar escape quando nós 
falamos. O paciente para curar a alma precisa colocar para fora, precisa falar. Durante 
a fala o psicanalista precisa procurar a associação livre: incentivar para que conteúdos 
complicados possam ser verbalizados. A ideia de trazer conteúdos rejeitados à 
compreensão é uma forma de curar a personalidade que está doente. Podemos 
associar a prática da associação livre com a existência de um problema. A psicanálise 
é um processo longo, é preciso recomeçar outra vez a partir da fala do paciente a 
descobrir problemas e desarranjos e investir em outras possibilidades. Quando localiza 
aquela dissonância, é possível fazer com que a vida das pessoas ganhe um sentido 
mais pleno. Trata-se de uma tarefa longa. A associação livre tem um objetivo: ela quer 
lidar com a questão da resistência. Seria outro conceito importante da psicanálise. 
- A resistência é aceitar, olhar de frente, passagens da vida da gente que tenham 
marcas dolorosas ou repugnantes. São espécies de pesos mortos, que permitem que 
os voos sejam mais efetivos e soberbos. A ideia de resistência precisa purgar a ideia 
de espremer. A psicanálise é um processo que envolve muita dor. Não estamos aqui 
para tornar a vida de ninguém num paraíso, a psicanálise faz com que as pessoas 
cresçam. O crescimento é crise e crise é separação, é dor. Esses passos foram 
aprendidos na clínica. 
- Recalque ou repressão: é um mecanismo de defesa que todos nós temos, de tentar 
esconder, tentar tapar as informações e passagens dolorosas e infelizes da nossa vida. 
O recalqueé o movimento de encobrimento. Até agora o movimento é de 
internalização. Ganha todo aquele que conseguir colocar para fora, que tiver coragem e 
maturidade para sair vencedor do embate. 
- Catarse: aparece pela primeira vez nos escritos de Aristóteles. Ele escreve um livro 
falando sobre o teatro e explicando porque gostamos da comédia e tragédia. 
Aristóteles fala que gostamos de acompanhar tragédias porque elas são fortemente 
catarse. Em grego a palavra quer dizer descarga. A tragédia nos alivia porque 
podemos acompanhar outros destinos que não o nosso passando por situações 
terríveis, que movem a nossa piedade. E nós descarregamos conteúdos emocionais, 
acompanhando as tribulações desses personagens. 
- Catarse é liberação emocional. 
- A catarse vem na tragédia quando no teatro é cantado a última estrofe. Esse último 
momento da tragédia se chama cataestrofe (a estrofe que fala como as coisas saíram 
depois daquilo tudo). 
- Freud percebe que não há sonho que não tenha dois níveis: um nível visível e um 
nível invisível. Ele chama conteúdos manifestos e conteúdos latentes. Ele percebe que 
quanto mais a história do sonho é um conto de fadas, mais brutal é o conteúdo latente 
que subjaz. 
- O trabalho com os sonhos foi entendido por Freud como um caminho aberto para 
chegar à reconstrução da vida. Ataca-se para depois construir a vida. 
- Sexualidade infantil: centenas de pacientes entendidos por ele relatavam que haviam 
sido molestadas na infância e por pessoas do círculo familiar. A tara não pode estar 
solta no mundo, segundo Freud. Freud faz a teoria do abandono da sedução. Ele 
percebe que não é possível que todos tenham sido estuprados. Ele chega à conclusão 
de que isso pouco importa, porque as pessoas que não foram efetivamente molestadas 
vivia a fantasia desse molestamento. Freud monta a teoria da sexualidade infantil 
destacando a importância das fantasias sexuais na personalidade humana. As pessoas 
montam-se enquanto pessoas e organizam as suas personalidades de uma maneira 
tal, a partir de um conjunto grande de fantasias sexuais. De um conjunto de 
sexualidade pautado muito mais pela fantasia do que pela efetivação real, concreta. 
- Freud fala de sublimação apoiado em Nieztche. Nós temos uma grande energia 
sexual e não sabemos e a sociedade, não sabe como organizar isso. A civilização lida 
com uma maneira equivocada com esse combustível sexual. A energia sexual mal 
canalizada vai para o recalque. E com a catarse é preciso expeli-la. Enquanto essa 
energia sexual não sai, ela fica nos atrapalhando. Freud dizia que o Homem só quer 
uma coisa: obter prazer sexual interminável. O Homem quer ter acesso à todas as 
fêmeas e eliminar os seus potenciais concorrentes. Diante da sublimação, não 
precisamos nos tornar escravos do sexo, podemos elaborar grandes obras utilizando 
esse grande combustível que cada um tem dentro de si. 
- Como se organiza a vida psíquica? Freud entendeu que a vida psíquica está dividida 
em dois polos concorrentes: consciente e o inconsciente. Não somos donos da 
compreensão de nós mesmos. Só dominamos uma parcela pequena de nós mesmos. 
Não sabemos o que acontece na nossa própria casa. 
- O pensamento e a razão podem ser tudo, menos forças dominantes na natureza 
humana, comumente estão servindo grandes impulsos e desejos, que são os 
verdadeiros donos da conduta humana. O intelecto é um servo, torce, esconde e 
manipula a verdade no interesse de seus poderosos donos. A razão é sempre 
motivada por necessidades afetivas. 
- No consciente está uma pequena parcela de informações das quais nos temos 
clareza. O inconsciente é um depósito enorme, um depósito desarrumado. É uma 
confusão de desejos e recalques. O consciente está dialogando com o ego (em latim = 
eu). O ego recebe influência de dois outros atores da nossa vida psíquica (id e 
superego). O id é aquela força que nos infantiliza, os desejos que superam a nossa 
compreensão racional das coisas. O id é o depósito da libido, do infantil, do desejo, 
pulsão (aquilo que nos leva à uma ação por impulso). Em oposição, o superego é a 
autoridade, é a nossa lei, a nossa moral. O superego é a civilização, os valores da 
civilização, as regras civilizadas, aquilo que permite a vida institucionalizada. Id tem 
uma relação etimológica com a palavra idiota = quem não sabe compartilhar. O id é a 
porção de nós mesmos muito egoísta. Precisamos ter algum egoísmo para sobreviver. 
Se fossemos pura tolerância seriamos arrebentados pelo mundo. Pessoas com 
fragilidade de id estão á mercê de forças externas que podem conduzi-las à situações 
desagradáveis. A civilização é conviver com os outros, é vida em coletividade, é 
entender que não estou sozinho no mundo. É preciso entender o limite dos direitos 
alheios. 
- Id e superego se relacionam com o inconsciente. Vivemos uma experiência filtrada 
pela nossa dinâmica de id e superego. 
 
 
Neurose (obsessiva, fóbica, histérica) 
 
Psicoses (paranoico, esquizofrênico, maníaco-depressiva) - interferências psíquicas 
mais graves. 
 
 
PSICOLOGIA JURÍDICA: CIÊNCIA EM EXPANSÃO: 
 
 
- Estamos diante de uma proposta complexa e multidisciplinar. A psicologia jurídica se 
instala numa interface de contato entre a psicologia e a ciência do direito. É aqui nessa 
interface, nessa possibilidade de contato que se instala a psicologia jurídica. A 
psicologia se refere ao mundo do ser. A psicologia jurídica lida com o mundo do dever 
ser. A filosofia do conhecimento olha para essa nova ciência (psicologia jurídica) como 
um encontro de dois campos bastante distintos. 
 
- De um lado temos a necessidade de compreender as tarefas da psicologia 
(psicologia), de outro lado (direito) temos a necessidade de ordenar e controlar. 
 
Psicologia jurídica: importante e inovador campo de conhecimentos interdisciplinares, 
posicionando exatamente na interface entre as Ciências Jurídica e a Psicologia, 
entendida como referência auxiliar dotada de um pertinente conjunto de informações 
relevantes. Há uma base psicológica em todas ações do direito. 
 
- A psicologia é o auxílio último às ciências jurídicas, às ciências do direito. Qualquer 
acontecimento humano vai apoiado na base das realidades concretas. Sobre essa 
base de realidade concreta, instituímos uma organização sócio cultural. Podemos ainda 
dar um terceiro passo, sobre a organização sócio cultural encontra-se a expressão do 
individual, toda a ação humana parte de um individuo que está ligado a uma realidade 
sócio cultural que está apoiada no concreto. É importante notar que há um elemento da 
subjetividade, da marca humana, que é o ponto de contato entre individual e o sócio 
cultural. 
 
Obs. O direito, definido de forma simplificada como “o conjunto das normas que 
regulam a vivência em sociedade”, no limite pode ser entendido como um dos fatores 
que habilitam a dinâmica relacional entre psiques. 
 
Psiques - interioridade subjetiva 
Direito - ordenação de psiques 
 
- O direito busca na psicologia a possibilidade de ultrapassar a literalidade da lei, 
encontra subsídios para decisões que melhor atendam as demandas sociais, 
compreendendo os modelos psicológicos que, direta ou indiretamente, inspiram o 
ordenamento jurídico. 
 
- A psicologia vem servindo como um questionamento da visão predominantemente 
positivista. A psicologia apresenta um viés questionador. O direito não pode e não deve 
ser absoluto. O direito para operar de maneira mais efetiva precisa estar aberto à 
aceitação e compreensão da realidade. 
- A psicologia (como outros campos de saber acessório) permite ao Direito ir além da 
mera acumulação de fatos. Possibilita uma análise aprofundadado contexto, 
valorizando aspectos conscientes e inconsciente que mobilizam os indivíduos às 
condutas humanas – permeadas de fatos, desejos, sentimentos, interesses, vontades e 
motivações. 
 
- Em última análise, o motor dos problemas impostos pelo Direito são as questões 
humanas estudadas pela psicologia. Portanto, a psicologia funciona como um campo 
de conhecimento acessório a serviço dos profissionais das ciências jurídicas. 
 
- “O crime não é apenas uma abstrata noção jurídica, mas um fato do mundo sensível, 
e o criminoso não é impessoal, mas um exemplar flagrante da humanidade.” – Evandro 
Lins e Silva, Arca de guardados. 
 
- O bom operador do direito precisa, deve, ter algum conhecimento a respeito da 
natureza humana. O bom operador do direito precisa montar um campo de experiência 
e sensibilidade em relação à psicologia para crescer a sua sabedoria nas ciências 
jurídicas. 
- A psiquiatria forense é um ramo da medicina legal que estuda casos em que alguma 
pessoa, pelo estado especial de sua saúde mental, necessita consideração particular 
perante a lei. 
 
Eficácia e os desafios da psicologia jurídica: 
 
- A psicologia jurídica auxilia no campo do direito, mas é preciso verificar se ela auxilia 
de forma eficaz. A psicologia precisa nos tribunais, valorizar tudo que seja humano. O 
seu compromisso é com o humano. Os psicólogos jurídicos trabalham com dois 
grandes desafios, trabalham com a questão da desalienação e com a questão da 
emancipação. Trata-se de uma procura sobre a verdade. Procura-se a verdade em 
relação ao ser humano. 
 
- Roudinesco: o papel da psicologia é interrogar a condição humana, compreender e 
formular verdade sobre os sujeitos. Negar a desumanização daquilo que precisa se 
manter humanizado. 
- A psicologia é eficaz quando gera autonomia. Permite que o humano se expresse. A 
autonomia é conquistada nos relacionamentos interpessoais. 
- Homem não deve temer a morte. 
- Nada a temer em relação aos deuses – os deuses são todos poderosos, que não 
estão interessados nos nossos minúsculos destinos humanos. 
- O homem deve conquistar a sua autonomia. 
- O homem conquista sua autonomia quando ele não se deixa ser levado. 
- O homem pode e deve ser feliz. 
 
Comunicação e relacionamento interpessoal: 
 
O homem é um animal social e de comunicação. O homem tem o logus que o 
diferencia das outras espécies. 
 
Logos é pensar e comunicar. 
 
Obs. os ocidentais nunca estão satisfeitos com a doxa - opinião. 
 
- A profissão do direito é uma profissão marcada por relações interpessoais, que se 
realizam na práxis comunicacional. 
- A psicologia fala que a comunicação se aprimora quando desenvolvemos o auto 
conhecimento e a alteridade (compreensão do outro) – conhece-se a ti mesmo. 
- O conhecimento é o primeiro passo para compreender os outros. Compreender os 
outros é desenvolver uma série de habilidades e competências. 
 
- 04 capacidades ligadas à sapiência: 
 
a) Capacidade de observar: observar ≠ ver. Base do sucesso no relacionamento 
interpessoal. Compreender as mensagens verbais e não verbais, os esquemas 
de pensamento, os detalhes do comportamento (postura física, inflexão de voz, 
etc.). O objetivo é criar uma síntese apoiada na neutralidade, livre de 
preconceitos, mecanismos de defesa e interferência emocionais. Observar é um 
filtro, é entender a realidade. O ver é puramente mecânico. O observar 
transcende o verbal e valoriza também o não verbal. É preciso cuidado e 
discernimento para evitar equivoco. 
b) Escutar ≠ ouvir: ouvir é puramente mecânico, não cristaliza o conhecimento. 
Disposição e maturidade para aceitar e compreender o outro. Escutar de 
maneira significativa permite ao interlocutor, ao se expressar, raciocinar e 
concluir, ordenar as ideias, aprimorar a argumentação, ajustar os esquemas de 
pensamento. 
c) Habilidade para dialogar (≠ falar): sinaliza o grau em que ocorreu a 
compreensão. Expõe crenças, princípios e valores. Conduz a troca de 
conteúdos e o ajuste racional das situações. 
d) Empatia (≠ acolher em profundidade): acolher em profundidade, incorporar o 
esquema do outro – para compreender sob a ótica dele. Reconhecer as forças 
afetivas e racionais que movem a pessoa e a situação, perceber fraquezas e 
pontos fortes, discriminar o essencial do acessório. Empatia está relacionada 
com a lógica do vendedor – é a capacidade de entrar na coerência interna do 
comunicador. 
 
Pathos - paixão ou doenças 
Empatia - sentir as paixões de uma pessoa 
 
 
Essas competências somadas, criam duas situações: 
1) Situação positiva: comunicação gerando uma relação interpessoal – sujeito 
perfeito 
2) Situação negativa: sujeito imperfeito – não avança, não progride, o sujeito que 
tenta comunicar é incerto. 
 
Arquitetura do pensamento: 
 
Cognitivo Afetivo Comportamento 
- conhecimento reduzido 
(polo negativo) 
- contra - agressivo 
- conhecimento vasto 
(polo positivo) 
- a favor - apologia 
- trata-se de um gabarito para entender a conduta humana. 
 
Forças defensoras da personalidade: 
 
- No quadro anterior, qualquer pensamento humano pode ser integralizado. 
 
- Valor: não é universal, estrutura a vida social, gera atitude e recebe influência das 
crenças e normas. Gera atitude e recebe influência das crenças e normas; 
- Crença: confiança em uma verdade ou na existência de algo que não é 
imediatamente suscetível à prova rigorosa. Evidente para aqueles que partilham, 
absurda para os outros. 
- Norma: critério (mais ou menos) solidificado para solucionar e justificar ações e para 
avaliar os conceitos ou indivíduos, inclusive a si mesmo. Indica a maneira mais 
esperada de se comportar e escolher objetivos. 
- Em algumas situações vai houver uma cooperação maior ou menor ou então, um 
conflito maior e menor. 
 
Perfis de personalidade – tipos ideais (arquétipos - função pedagógica): 
 
a) Idealista: é alguém que tem uma grande crença. Mas a norma projetada não é tão 
grande como a crença. O que resta é a sua individualidade. 
b) Conservador: tem crença pequena, é o rei da norma e sobra-lhe uma grande 
individualidade. 
c) Liberal: tem uma crença pequena, norma pequena e vasto terreno de 
individualidade. 
- A individualidade é entendida como o terreno vazio, ainda não cultivado. É um espaço 
que pode ser usado depois para crenças e normas crescerem. 
 
- Quando a comunicação funciona com perfeição, avançamos. Quando há uma 
incerteza de comunicação, muito frequentemente caímos num conflito. A comunicação 
pode e deve ser entendida como geradora de compreensão, quando há um 
ajustamento de interesses (polo positivo). A psicologia jurídica entende as pessoas 
como seres do conflito. 
 
 
CONFLITO 
 
 
- A única coisa com que todos concordamos? É que não concordamos. (Marco Aurélio, 
Meditações). 
 
- A aventura humana não é ferroviária, é uma navegação de caravelas. Nossa aventura 
de viver não é como as rodas nos trilhos, o trem só passa onde a trilha está. As 
caravelas não navegam por percursos definidos por natureza tácita. 
 
Sartre: - O inferno são os outros. 
Aristóteles - O homem é um animal político. 
Sartre - O homem é um animal político que detesta seu semelhante. 
 
Ideia de solução: 
 
- A solução pode ser encaminhada de duas maneiras. E essa distinção é importante e 
fundamental: 
a) Métodos tradicionais (psicologia destrutiva): o método tradicional é aquele 
ligado ao julgamento, também chamado de método adversarial, método 
heterocompositivo. Aqui os conflitos são resolvidos de maneira hetero 
compositiva. Alguém fora do conflito, é que apresenta a solução. É a soluçãoadjudicada, passa por um juízo, por um julgamento, é o caminho do contencioso. 
Alguém ganha, alguém perde. Estamos no domínio do que a psicologia jurídica 
chama de cultura da sentença. 
- Do ponto de vista psicológico, o método tradicional comporta, carrega, uma 
grande carga de psicologia destrutiva. 
b) Métodos alternativos de solução de conflitos - psicologia construtiva 
(MASC): a solução é autocompositiva, consensual, colaborativo, cooperativo. 
Todos ganham. Não há cultura da sentença. O que temo é a cultura da 
pacificação. A psicologia aqui é construtiva. É uma tendência que gera 
crescimento e autonomia. 
 
Obs. certas formas de conflito são necessárias para evolução e transformação do 
homem. 
 
- Kant – Livro: Crítica do Juízo: “Estivesse o homem sozinho no mundo, como seu 
primeiro habitante ou seu último sobrevivente, e não haveria necessidade de Direito, 
por ausência de possibilidade de interpretação e conflito de interesses, cuja 
repercussão na ordem social impõe a regulação jurídica, tendente à pacificação.” 
 
- Kant apresenta que o homem é um ser de conflito que precisa ser pacificado para que 
ocorra a aventura social. 
 
- Rubin Kriesber: Espirais de conflito: “segundo o modelo de espirais de conflito, há 
uma progressiva escalada, em relações conflituosas, resultante de um círculo vicioso 
de ação e reação. Cada reação torna-se mais severa do que a ação que a precedeu e 
cria uma nova questão ou ponto de disputa.” – o conflito costuma gerar ainda mais 
conflito. Exemplo: uma simples briga porque alguém esbarrou no retrovisor de outro 
alguém no trânsito pode terminar numa espiral de conflito que pode ter o pior dos 
desfechos possíveis e imagináveis. 
 
- É um pouco causa perdida tentar manter-se afastado dos conflitos. Não há vida 
humana que prescinda integralmente no conflito. Apenas um monge budista seria uma 
hipótese de alguém que vive fora dos conflitos. Todos estão mergulhados e submersos 
na piscina do conflito. 
 
- É preciso solucionar o conflito. E essa é a justificativa que Kant chama de: “Função 
Social do Direito.” O direito é respeitado como uma das proposituras mais nobres do 
pensamento civilizado porque ele faz um movimento de meta civilização. Ele responde 
a serviço das manutenções das bases de civilização. 
 
- Definição de julgamento: é o método tradicional. Heterocompositivo. O poder 
judiciário decide. Tipicamente adversarial, uma parte perde e a outra ganha. – estamos 
diante daquilo que se estabeleceu como paradigma para a questão. Há uma tradição, 
uma longa utilização e emprego deste caminho. Este caminho é responsivo, chega a 
resultados interessantes e questionáveis. Mas recentemente outras propostas tem sido 
feitas. É importante destacar o método tradicional como um paradigma. Modernamente, 
as pessoas que tem pensando a partir do método da psicologia jurídica tendem a 
querer superar esse paradigma jurídico. 
 
- No Brasil os indicadores apontam para as seguintes estatísticas: costumeiramente 
encaminhamos a solução dos conflitos na margem de 70 a 75% das vezes optando 
pelo caminho tradicional. Em 25% o método escolhido é o alternativo. Curiosamente 
esse não é o panorama internacional. Em outros países, os números são bastante 
diferentes. Nos países que abraçaram a cultura da pacificação antes do Brasil 
solucionam os conflitos de maneira autocompositiva. 
 
Fases do Conflito 
Latente - partes não assumem a existência do conflito ou muitas vezes não tinham 
consciência de que existiam 
Percebido - partes percebem o conflito embora nenhuma delas se manifeste acerca do 
mesmo. 
Conflito sentido - os indivíduos estão envolvidos emocionalmente sofrendo 
sentimentos negativos. 
Conflito manifesto - declarado pelas partes para terceiros - tornado público, 
interferindo no ambiente que cerca os contendores. 
 
 
Obs. Definições formais dos MASC: 
 
a) Conciliação: tem espaço judicial, é aplicada em varas especiais. Apoiada na 
figura do conciliador (imparcial), que induz as partes a comporem a solução 
propondo sugestões para o acordo, indicando mútuas concessões. A sua 
natureza é contratual, convencional ou regulamentada. 
- O objetivo é colocar fim ao conflito. Na busca de soluções o conciliador mantém a 
restabelece (se necessário e possível) a negociação. Interfere e questiona, opina e 
sugere alternativas, auxilia na elaboração do acordo. 
- Não tem, entretanto, poder de decisão – a homologação será feita pelo juiz. 
- Na conciliação não há interesse em buscar ou identificar razões ocultas ou questões 
pessoais. O conciliador procura mostrar as vantagens de um acordo, que, muitas vezes 
com concessões mútuas, evita maiores prejuízos (demora, custo, incerteza, desgaste 
emocional, etc.) 
- O fato do conciliador ser imparcial não quer dizer que ele seja neutro. A conciliação 
não está sob clima de neutralidade. O conciliador tem como objetivo concluir 
assertivamente a atividade de conciliação. Ele trabalha opinando, sugerindo 
alternativas que podem culminar na elaboração do acordo. 
 
 
b) Mediação: tem caráter extrajudicial, podendo ocorrer antes ou depois de 
instalada a controvérsia, acordo deve ser homologado em cartório: 
- As partes devem ser autores das decisões. A figura do mediador, que é escolhido de 
comum acordo pelas partes, serve de canal de comunicação entre os litigantes visando 
uma decisão em que prevaleça a vontade das partes (e nunca a sua). Explora o conflito 
para identificar os interesses – que se encontram além ou ocultos pelas posições 
(queixas manifesta). Não decide, não sugere devolução, mas trabalha para que os 
envolvidos a encontre, atua ajudando, criando condições para que se firme um acordo.- 
Reconhecer o ponto de vista do outro é fundamental e o mediador, mantendo o cano 
de comunicação aberto, impedindo a ruptura do relacionamento e construindo um 
ambiente colaborativo, empenha-se para que isso aconteça reciprocamente entre os 
mediandos. O marco distintivo da mediação é a valorização dos conteúdos emocionais. 
 
- na conciliação o conciliador tem um bom cabedal de conhecimento jurídico, porque 
ela é contratual, está prevista estatutariamente. Geralmente conflito trabalhista pede a 
conciliação. A Mediação não, ela tem uma afinidade com o conflito da área do direito 
de família. O mediador não precisa ter nenhum conhecimento jurídico, o trabalho que 
ele desenvolve é diferente daquele feito intramuros do fórum, é um trabalho de 
tentativa e de acerto, de posições que tenha uma base afetiva. Se ele chega numa 
base a contento, esse acordo será homologado no cartório e terá validade jurídica caso 
seja questionado em algum momento posterior. Mas espera-se que a mediação bem 
sucedida finalize um contencioso que não precisará ser retomado no paradigma 
tradicional. 
 
Característica da mediação: 
Voluntária 
Confidencial - exceções: risco de morte, maus tratos, delitos graves 
Econômica 
Profissional 
 
 
- A mediação promove: deslocamento de emoções negativas para positivas; 
concentração nas responsabilidades pessoais; desenho pró-ativo do futuro (focalizando 
o bom); valorização dos relacionamentos interpessoais; independência e autocontrole; 
melhor equilíbrio de poder; amadurecimento; aprendizagem, novos comportamentos, 
crenças e visões-de-mundo 
 
- Certos conflitos pedem a solução contenciosa. Mas outras questões dada a sua 
natureza, parece se afinar com a possibilidade de mediação ou conciliação. A 
mediação mais nova é a grande aventura que agora ocupa as cabeças que entendem 
a sua flexibilidade. A mediação serve para determinados conflitos, não para todos. 
Quando empregada, traz vantagens muito significativas.Uma contribuição importante 
que a psicologia vem oferecendo com o mundo do direito. 
 
- Os métodos alternativos estão apoiados em pontos comuns. Conciliação e mediação 
estão apoiadas no mecanismo de negociação. 
 
- Negociação ganhou destaque por dois motivos. Ela entrou na agenda no mundo 
corporativo. As empresas e corporações apresentam na sua agenda um interesse 
destacado pela negociação. Há uma força motriz do pensamento empresarial, ela 
ganha um destaque mais animado e dinâmico porque as estratégias de negociação se 
revelaram para finalidades bélicas muito apropriadas. Foram os israelenses que 
perceberam vantagens na aplicação e no uso prático da negociação. Durante muito 
tempo, o exercito, as forças armadas de Israel optaram por tentar solucionar os 
problemas que surgiam, através do emprego da força. Exemplo: um ônibus 
sequestrado – as forças marciais eram mobilizadas para um tentativa de mobilização 
de força. Às vezes dava certo e outras vezes o panorama não era atingido. O preço 
humano pago era bastante grande e incalculável. Pela altura dos anos 70, uma 
proposta interna começou a ganhar espaço e se ternou hegemônica. Essa proposta 
pedia uma tentativa de solução sempre negociada antes do emprego da força. Daí, 
para as empresas foi um pulo. As empresas inspiraram-se nas técnicas negociais. 
 
- É bom destacarmos os passos que devem ser dados nessa negociação. É bom 
estarmos com os olhos presos na cartilha que é a cartilha da negociação. 
 
Passo 1 da atividade de negociação: é a conscientização: deixar clara as vantagens 
da negociação. Explicar resultados possíveis. Indicar os riscos e ônus do litígio. Mostrar 
que a via negociada não representa de modo algum qualquer indício de fraqueza ou 
subordinação. 
 
- Willian Ury propõe através da troca de papeis um exercício interessante. Entende que 
o pensamento alheio é o problema. Então precisamos embarcar naquela visão, entrar 
numa situação reversa. Algumas propostas são fulminadas pelo destinatário 
exatamente por carecerem de qualquer percepção sobre o que seria aceitável do ponto 
de vista de quem as recebe. A troca de pápeis seria uma solução para os conflitos. 
 
- Passo 2: ação: concentrar no objetivo, criar uma atmosfera favorável para o diálogo. 
Fugir do erro fatal, o mau-hábito de brigar. 
- Se algo compromete a ação de negociação, a ação de negociação é um 
desentendimento. 
 
- Partes dinâmicas: 
2.1) Preparar: organizar as medidas antes do primeiro contato. Buscar maior 
quantidade possível de informação. 
2.2) Negociar: estimulando o bom relacionamento, ultrapassar ressentimentos, explorar 
os interesses em jogo, discutir opções que agreguem valor. Trocar propostas no 
sentido de avançar e obter resultados e soluções. 
2.3) Fechar: esgotadas as possibilidades (e em função do tempo disponível), decidir ou 
não por fechar um acordo. Avaliar a qualidade do compromisso e os seus benefícios 
mútuos. 
2.4) Conclusão: após o acordo, celebrar o fechamento elogiando a conduta e os 
aspectos positivos, a boa-vontade e maturidade dos participantes. Superar o desgaste 
emocional com serenidade e a certeza da boa opção. 
 
- Quando o fechamento é válido? Deve ser explorada a alternativa. Quem trabalha com 
negociação é muito comum estar lidando com MASA: 
 
• Melhor 
• Alternativa 
• Sem 
• Acordo 
 
- É sempre vantajoso que uma parte da negociação tenha clareza em relação a sua 
MASA. É vantajoso ainda ter clareza com relação à MASA da outra parte. Deve fechar 
o acordo numa base que deve ser melhor do que fechar o acordo sem alternativa. 
Qualquer questão negociada leva em conta a MASA. Exemplo: tenho direito de receber 
uma quantia X. Questões mostram que posso receber essa quantia em 07, 07 ou 10 
anos. Esse valor deve ser colocado em função do tempo para pensar a MASA. 
- Relação entre interesses e posições: 
1/8 Posições 7/8 Interesses 
 
- Balizas de interesse: 
1) Recursos: capital, habilidades, competências são fatores que devem ser levados 
em conta. 
2) Orientações: valores e ligações emocionais costumam ser diferentes de pessoa 
para pessoa. 
3) Prognósticos: as pessoas enxergam o futuro de maneira diferente. 
4) Visão de risco: enfrentar ou fugir dos riscos é marca individualizada das 
personalidades. 
5) Tempo: necessidades mais ou menos prementes, maior ou menor prazo pode 
significar muito. 
 
- Competição: é avidez, determinação e impaciência. Quer garantir a forma como as 
coisas vão ser estruturadas. Propostas ambiciosas, fortes e se preocupa em 
demonstrar que está certo e não há nada a defender na posição contrária. 
- Acordo: valoriza o relacionamento e o entendimento. Empatia e pouca firmeza. 
Atuação suave, procurando resolver diferenças da forma menos traumática possível. 
- Evasão: desconfortável naquela situação conflituosa. Não quer competir, desliga-se 
nos momentos mais tensos. Não acredita que as discussões possam levar a algum 
lugar. Não quer lidar com o problema de frente. 
VERDADE: 
 
- Deve ser falado sobre a natureza da verdade que pode ser: 
 
a) Epistemológica 
b) Ontológica 
 
- Também deve ser falado sobre a dialética da verdade: 
 
a) Posição idealista (é a verdade judicial – verdade do direito) 
b) Posição materialista 
 
- Os gregos estavam muito interessados na natureza da verdade. Existem duas 
verdades muito diferentes. A verdade da geometria e da matemática é inquestionável. 
Mas a verdade das pessoas não pode ser quantificada, não pode ser mensurada. 
 
- Verdade epistemológica é a verdade absoluta da ciência. A verdade imperfeita, mas 
útil para os seres humanos é a verdade ontológica. 
 
- A verdade total da ciência (verdade verdadeira), inquestionável, opõe-se um conceito 
existencial e mais imperfeito: que entende como autêntica a verdade que se torna 
efetiva no livre impulso da experiência individual, a verdade que é abraçada com fervor 
na intimidade. Essa verdade é apropriada para dar validade real aos desafios que os 
seres humanos enfrentam no seu contexto de vida. A verdade ontológica não é a 
verdade epistemológica. 
 
- Aristóteles dizia que um homem sábio e bom estava sentado admirando uma 
paisagem. De repente um segundo homem passa por este homem bom e diz: Puxa 
vida, estou numa fria. Estão me perseguindo. Querem me matar. O homem sábio e 
bom fala pra ele pegar uma direção e seguir. O homem bom e justo fala que desde que 
ele estava sentado lá, não viu ninguém passar. Por de trás dessa história há a verdade. 
O homem bom não está mentindo. 
 
- No mundo epistemológico a verdade é sempre assertiva. No mundo ontológico é 
filosófico pensar em verdade, deve pensar em verdades, cada uma delas envolvendo 
uma pessoa humana numa determinada pessoa. 
 
- O idealismo platônico é negar as coisas que estão no nosso mundo real. Ele habita no 
mundo das ideias perfeitas ou puras. As coisas das verdades estão além das 
aparências concretas. Em oposição à essa tendência, temos Aristóteles (figura Escola 
de Atenas) que contemporiza e mostra o chão, porque as coisas que estão na 
realidade do mundo é as que lhe interessam. Ele usa sandálias porque algo que pode 
lhe ferir pode também materialistamente ser evitado. Platão e Aristóteles apresentam 
duas ideias divergentes sobre a verdade. Temos uma posição de busca de verdade, 
em tudo que está além das aparências e a verdade que é revelada pela aparência do 
mundo. Essas posturas distinguem pessoas, escolhas e escolas de pensamento 
ligadas ao seu desejo de encontrar a verdade. A verdade não está além de nada, a 
verdade é o que temos a nossa disposição. 
- A verdade epistemológica materialista é a verdade damatemática. 
 
VERDADE JUDICIAL: 
 
- Como posso trabalhar para obter verdade judicial? A verdade judicial nasce do 
encontro de uma série de subjetividades dos julgadores, das testemunhas e das partes. 
 
- O julgamento é uma relação que se comunica com coisas que já ocorreram numa 
realidade anterior. O julgamento não é o acontecimento. O acontecimento é o real. 
 
- Juiz, jurados, acusadores e defensores trabalham com relatos e não com a realidade 
dos fatos. Trabalham com palavras e, como bem observou Tayllerand: “a palavra foi 
dada ao homem para disfarçar seu pensamento.” 
 
- Seria bom se tivéssemos um termômetro que pudesse medir a verdade. É muito difícil 
encontrar as balizas com segurança para a construção de uma verdade judicial. 
 
- Os pesquisadores na Áustria chamavam jurados e faziam composto de casos 
verdadeiros no tribunal, com casos inventados. Percebeu-se que não era muito difícil 
chegar a erro, manipulando a subjetividade. Algumas vezes acabavam por condenar 
inocentes. 
 
- A verdade judicial aflora através da perspectiva sociocultural e dos filtros cognitivos e 
emocionais. Valores, conceitos, experiências, expectativas, crenças e estrutura mental 
funcionam como referências moduladoras. 
 
- Apelar para a emoção é uma ferramenta que está sempre a disposição do defensor 
ou de quem lida com a verdade judicial. 
 
- Diante de tantos desafios e de tantos subterfúgios, como fazer? A psicologia busca 
numa sabedoria anterior, da filosofia, o caminho que vai nos tirar deste labirinto. Muitas 
vezes, a psicologia nos tira deste labirinto. Busca na visão de mundo de Sócrates o 
caminho que devemos traçar para conseguir a verdade judicial. Sócrates foi o mestre 
da conversa, do diálogo, da entrevista. Se o interrogatório fosse bem conduzido a 
maiêutica afloraria no final e seria a expressão da verdade. Trata-se de um processo 
que está apoiado no domínio técnico da entrevista e também na feeling (sensação, 
impressão, espécie de repertório humano amadurecido a serviço da construção da 
verdade). Para construir boa verdade judicial precisamos ter domínio técnico da 
entrevista e feeling. 
- O entrevistador sabe que existe a chance de simulação, de má intenção, de distorção 
do fato. A diversidade de maneiras de perguntar constitui um artifício para levar a 
pessoa a se expressar com sinceridade (ou a se contradizer). Daí usar perguntas 
fortemente explorativas, ardilosas, ambíguas, indutivas, hipotéticas, enfim, 
investigadoras. Entrevistar corretamente coleta grande quantidade de informação, 
compõe rico conhecimento a respeito do entrevistado e da situação que se analisa. 
- A entrevista segue sendo o melhor caminho para o estabelecimento da verdade 
judicial. 
 
Tipos de pergunta: 
 
- Como devem ser as perguntas numa entrevista? 
- Temos a entrevista com perguntas abertas (entrevista aberta) e a entrevista com 
perguntas fechadas (entrevista fechada). 
 
Tipos de condução da entrevista: 
 
- Temos 03 possibilidades: 
a) Entrevista estruturada: obedece um roteiro, normalmente usam perguntas 
fechadas. 
b) Entrevista não estruturada: não tem ponto de partida, não tem ponto de 
chegada, não tem estrutura pré-determinada. 
c) Entrevista semi-estruturada: alterna um roteiro que o entrevistador leva com 
ele a uma disponibilidade de informações que podem ser utilizadas no calor da 
hora por parte do entrevistador. 
 
Ordem da entrevista: 
 
a) Centrífuga: parte de um questionamento que apresenta o centro do problema, o 
fato principal. 
b) Centrípeta: é mais eficaz, mas também demanda mais capacidade para lidar 
com as questões do humano. Parte dos elementos acessórios para chegar ao 
central. 
 
Registro: 
 
- São 04 possibilidades: 
a) Por escrito: 
b) Oral com anotação manuscrita: 
c) Oral com gravação: 
d) Combinação de registros: 
 
- E entrevista por si só não funciona como gostaríamos que ela funcionasse. É preciso 
também uma capacidade de sintonia emocional. A sintonia emocional está ligada à um 
conhecimento da natureza humana. 
 
- O bom entrevistador tem que aceitar as diferenças individuais, entender como lidar 
com silêncios e emoções intensas do entrevistado. Não só é importante ter este 
domínio técnico, mas também saber como perguntar. É fundamental nesse processo 
de obtenção de verdade judicial, ter um jogo de cintura humano. 
 
A MELHOR ENTREVISTA É ABERTA, CENTRÍPETA, SEMI-ESTRUTURADA. 
 
Postura despida de preconceitos. 
Adequar-se ao nível cognitivo 
Lidar com a ansiedade 
 
 
Histriônico - positivo - extrovertido, sedutor 
negativo - volúvel e inseguro 
 
Narcísico - positivo - busca a melhoria 
negativo - arrogante 
 
Esquizoide - positivo - autonomia, eficiência 
negativo - distante, alheio 
 
Evitativo - positivo - detalhista, produtivo 
negativo - solidão, pouca participação 
 
Paranóico - positivo - abservador, controlador 
negativo - persecutório 
 
Independente - positivo - segurança 
negativo - inflexível 
 
Ousado - positivo - inovação 
negativo - imprudência 
 
Conservador - cauteloso, realista 
Negativo - fechado 
 
Expansivo - positivo - facilidade de relacionamento 
negativo - perda do auto controle, agressivo 
 
Criativo - visão ampla 
negativo - reduzida atenção ao cotidiano, pouco prático 
 
 
Comportamento de partes e testemunhas: 
 
- Até onde os seres humanos estão no domínio da teatralização. 
 
- O polígrafo pode condenar um inocente que tenha uma personalidade um pouco mais 
frágil e absolver um culpado que tenha uma capacidade de dissimulação e de 
autocontrole maior do que a média. 
 
- A teatralização é fato comum. a antropologia nos mostra que inexiste pessoa que não 
teatralize ao saber-se observada. Por isso, é preciso, sempre, cuidado ao interpretar. 
Hábitos, cultura local, bagagem emocional, condicionante, realidade sociocultural 
interferem. Evitar conclusões precipitadas, mecanismos automáticos de defesa. 
 
DANO PATRIMONIAL: aquele que afeta os bens economicamente apreciáveis; por 
exclusão, define-se dano moral aquele a que não correspondam as características de 
dano patrimonial. 
 
- O dano moral envolve uma questão de ideal, uma lesão da nossa imagem, daquilo 
que somos. É uma dolorosa sensação de ataque à alma. Não comporta uma fácil 
estimação pecuniária, o dinheiro não é o parâmetro adequado. Tem uma aferição muito 
complicada. Como avaliar, como quantificar, qual parâmetro usar, qual o preço da dor? 
Como indenizar com relação à dano moral? 
 
- A situação se restaura perfeitamente com a sanção pecuniária, sobretudo quando se 
trata da pessoa e suas características profundas: estima, otimismo, confiança, 
serenidade, ânimo, sensibilidade, integridade, sentimentos, angustias, afeições, 
crenças, imagem, liberdade, contentamento, honra, dignidade, nome, etc. Exemplo: o 
valor da indenização por paraplegia deve ser maior do que o da indenização por morte, 
porque não há como negar o impacto psicológico e a dor íntima que pode causar para 
um pai de família, saudável e ativo, a constatação de ver-se preso a uma cadeira de 
rodas pelo resto de sua vida. Nas ações de indenização, tendo em vista a ausência de 
um critério legal, objetivo e tarifado para a fixação do valor do dano moral, não são 
raros os casos de divergência na sua quantificação. Paraplegia é mais grave do que a 
morte, pois implica no prolongamento do sofrimento. 
 
- Lesão ao self: é a lesão à imagem. É o direito de ser como se é. A questão é 
presencial. - Imagem é a expressão externa da pessoa, a qual pode ser tomada em 
conjunto ou separadamente – a boca, os olhos, o cabelo, etc.- individualizando a 
pessoa. 
 
- Lesão aos sócios: é a lesão à honra. Está ligada ao pertencimento ao grupo. É uma 
questão de conotação pública. 
 
- Lesão à honra: honra possui uma conotação pública e social. O bem é a 
consideração social legada à paz na comunidade e a preservação dos laços sociais. 
- Ampliação das salvaguardas fundamentais da pessoa humana ao abranger não 
apenas a vida, a saúde e integridade física, mas também a dignidade como valor 
maior. Como indica Karl Lorenz: dignidade é prerrogativa de todo ser humano em ser 
respeitado, de não ser prejudicado em sua existência e de fruir de um âmbito 
existencial próprio. 
 
Assédio moral: assim que nasce o trabalho nasce a questão do assédio moral na 
forma de escravidão. No ocidente o preço dessa questão é exorbitante. É a exposição 
dos trabalhadores a clima de terror psicológico, situação humilhante, repetitiva e 
prolongada durante a jornada de trabalho, sendo mais comum em relações 
hierárquicas autoritárias. O efeito psicológico é a desestabilização subjetiva da vítima. 
 
- A conduta abusiva manifesta-se através de comportamentos, palavras, atos que 
possam trazer danos à integridade física ou psíquica (mais comumente), gerando 
sofrimento e degradando o ambiente de trabalho. 
 
- Nos EUA a questão do assédio no trabalho tem comprometido anualmente a soma de 
45 milhões de dólares. A União Europeia orça em 3 ou 4 milhões do seu PIB em 
despesas relacionadas ao assédio moral no trabalho. 
- A OMS alerta para o perigo do assédio moral. 
 
Assédio sexual: - É uma conduta antiga, contudo hoje olha-se para essa temática com 
olhos mais liberais. O grande alvo na história do assédio sexual é a mulher. 
 
- Caracteriza-se por incitações sexuais inoportunas e não desejadas, propostas, 
solicitações ou outras manifestações da mesma índole, verbais ou físicas, com maior 
ou menor emprego de violência, criando situação ofensiva, hostil, de abuso ou de 
intimidação. 
 
- O assédio sexual é uma expressão de controle e de superioridade dos homens sobre 
as mulheres. Essa noção fica completamente clara após a década de 60, com a 
Revolução de Costumes e a possibilidade de se discutir mais abertamente a questão 
sexual. 
 
- Fere dois princípios básicos: 
 
a) Boa-fé: o relacionamento humano deve ser regido por ele. Caso contrário não há 
condições de se manter. 
b) Razoabilidade: conduta humana deve ser guiada pela razão. Na dinâmica de 
interação entre as pessoas, a razoabilidade deve se mostrar presente o tempo todo. 
 
- De acordo com a lei 10.224/01, a conduta inadequada que parte do superior 
hierárquico para o subordinado e se repete mesmo quando a vítima repele. 
 
- No Brasil a questão do assédio sexual é cultural, a Lei 10.224/01 não pegou muito, 
porque ela foi importada dos EUA e a cultura americana é muito mais fechada do que a 
nossa. O beijinho social é mais do que tranquilo e aceitável no Brasil, o mesmo não 
ocorre nos EUA. 
 
- A importância do controle do assédio sexual é reconhecida em todo mundo civilizado. 
Trata-se de atitude profilática, medida que pode evitar um problema maior. Muitos 
crimes de caráter sexual começam com o assédio. 
 
 
Relação do magistrado com a sociedade: 
 
- É o direito que garante uma sociedade apaziguada e organizada. O magistrado é uma 
figura do universo do direito. 
- Hobbes insiste que ou temos o contratualismo, ou descambamos para a luta de todos 
contra todos que nos levaria para a deslanche da barbárie do barbarismo. O juiz é visto 
como depositário de grandes esperanças da sociedade. O juiz possui os meios 
pacíficos para solucionar os dissídios. 
 
- Hoje e sempre no mundo civilizado – civilizado, em grande medida, exatamente por 
isso – a sociedade guarda grandes e esperançosas expectativas, acreditando que a 
atuação do juiz equaciona e resolve problemas graves e antigos. 
 
- Expectativa em relação ao juiz: 
a) Celeridade: o juiz está sob a pressão da sociedade. O juiz precisa agir sem demora, 
com celeridade. Ele precisa solucionar as pendências num horizonte aceitável. 
b) Autonomia: os juízes precisam apreender as aspirações sociais e interpretá-las 
corretamente. O juiz precisa estar em sintonia com o momento que vivemos que é de 
urgência e transparência. 
 
- A sociedade espera que seu juiz compreenda o quadro das aspirações sociais, 
realizando trabalho de notável competência técnica, mas não apenas. Que se imprima 
nas decisões convicção, valores, lucidez capaz de ultrapassar os postulados 
positivistas. 
 
- O juiz deve ter na sua relação com a sociedade, ter respeito a três fatores: 
participação (sempre que possível o juiz precisa interagir com o meio social), 
neutralidade (valorizar com extrema atenção a imparcialidade e a objetividade), 
respeito (lidar com o entorno social de forma respeitosa, valorizando a cidadania e a 
dignidade humana em todas as circunstâncias. Agir com ética, consistência e 
acuidade). 
 
- Estamos diante de um exagero abusivo de poder que tem maculado um número 
expressivo de magistrados. 
 
 
Relação do juiz com a mídia: 
 
- A mídia se tornou o 4° poder, nos últimos 30 anos e o judiciário tem uma relação de 
namoro melindroso com a mídia. É preciso preservar a relação que o juiz tem com a 
mídia, porque estamos falando das duas colunas que sustentam um monumental 
edifício que atende pelo nome de democracia. 
 
- Judiciário e imprensa consolidam-se mutuamente. A imprensa pode ser esteio para 
assegurar a independência do judiciário, e este pode ser o ponto de sustentação para o 
exercício de liberdade de imprensa. 
 
- Entre justiça e imprensa é comum, infelizmente, a existência de uma espécie de 
desconfiança mútua – mesmo de conotação preconceituosa -, mostrando a existência 
de um desconhecimento recíproco.

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