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Universidade Estadual de Campinas Faculdade de Engenharia de Alimentos TA 221 – Características e Pré-Processamento de Grãos Profa. Dra. Ana Paula Badan Ribeiro Aula - Fosfolipídios - Degomagem - Objetivos - Princípios - Processos - Lecitinas e aplicações » Fosfolipídios ˃ Compostos de glicerol, ácidos graxos, fosfato e uma base orgânica ˃ Estrutura primária: ácido fosfatídico ˃ Geralmente o grupo fosfato está localizado em sn-3 ˃ Constituintes importantes das membranas celulares e tecidos orgânicos ˃ Excelentes agentes emulsificantes, devido à estrutura da molécula + Região de afinidade hidrofóbica ou apolar, constituída pelos ácidos graxos + Região de afinidade hidrofílica ou polar, constituída pelo radical fosfórico ˃ Ampla utilização em produtos alimentícios: maioneses, biscoitos, bolos, sorvetes, cremes, etc. » Fosfolipídios » Fosfolipídios » Fosfolipídios » Fosfolipídios R3: + H: ácido fosfatídico (PA) + Grupo serina: fosfatidilserina (PS) + Grupo colina: fosfatidilcolina (PC) + Grupo inositol: fosfatidilinositol (PI) + Grupo etanolamina: fosfatidiletanolamina (PE) » Fosfolipídios Surfactante para uso em alimentos: emulsificante Região hidrofílica fase aquosa Região lipofílica fase oleosa força de separação: mistura facilitada » Fosfolipídios: fontes diversas » Fosfolipídios em óleos vegetais ˃ Conteúdo de fosfolipídios em óleos vegetais: variável segundo espécie e entre diferentes variedades de uma mesma fonte oleaginosa (1 a 3%) ˃ Extração preferencial por solventes apolares ˃ Teor em óleos vegetais: influência do processo de extração ˃ Solúveis em óleo ˃ Insolúveis em acetona » Fosfolipídios: óleos vegetais brutos Óleo Fosfolipídios (%) Fósforo (ppm) Colza 0.5 – 3.5 200 – 1400 Soja 1.0 – 3.0 400 – 1200 Algodão 1.0 – 2.5 400 – 1000 Milho 0.7 – 2.0 250 – 800 Girassol 0.5 – 1.3 200 – 500 Cártamo 0.4 – 0.6 150 – 250 Amendoim 0.3 – 0.7 100 – 300 Palma 0.03 – 0.1 15 – 30 Coco 0.02 – 0. 05 10 – 20 ALTINO, H.C. Capítulo 4: Desgomado de aceites y grasas vegetales y animales In: BLOCK, J.M., BARRERA-ARELLANO, D. Temas Selectos en Aceites e Grasas, vol.1 Processamiento, 1ª ed. São Paulo – SP; Edgard Blucher, 475p. 2009. » Fosfolipídios em óleos vegetais » Ação de fosfolipases ˃ Diferentes sítios de atuação ˃ Importância do pré-tratamento de grãos oleaginosos: condicionamento adequado para inativação de fosfolipases de efeito negativo ˃ Fosfolipases: A1, A2, B, C e D ˃ FORMAÇÃO DE ÁCIDO FOSFATÍDICO PELA AÇÃO DE FOSFOLIPASE D Composição – Óleo bruto Triacilgliceróis – TAG (97%) Produtos de decomposição dos TAG (DAG, MAG, AGL) Fosfolipídios Esteróis Tocoferóis e tocotrienóis Pigmentos (Ex: clorofila, carotenoides) Proteínas Carboidratos Ceras Hidrocarbonetos Metais (cálcio, magnésio, ferro, cobre, etc) Compostos odoríferos » Componentes minoritários em óleos e gorduras Componente Óleo de soja Óleo de canola Óleo de palma Ácidos graxos livres (AGL) 0,3-0,8% 0,3-1,0% 2,0-5,0% Fosfolípidios 1,0-3,0% 0,5-3,5% 0,03-0,1% Esteróis 0,04-0,07% 0,04-0,6% 0,1-0,2% Tocoferóis e tocotrienóis 0,06-0,2% 0,06-0,1% 0,05-0,1% Carotenoides 40-50 ppm 25-70 ppm 500-800 ppm Clorofilas 1-2 ppm 5-30 ppm Traços Peróxidos (meq. de O2/kg) <10 <10 1-5 Ferro (Fe) 1-3 ppm 1-5 ppm 4-10 ppm Cobre (Cu) 0-30 ppb 0-30 ppb 0-50 ppb » Refino 1. Remoção de produtos indesejáveis presentes no óleo bruto ˃ ácidos graxos livres ˃ fosfolipídios ˃ produtos de oxidação ˃ metais ˃ outros 2. Redução do nível de pigmentos 3. Preservação do valor vitamínico (vitamina E, um antioxidante natural) 4. Redução da perda de triacilgliceróis 5. Proteção de triacilgliceróis contra degradação Tipos de refino Óleo bruto Degomagem Clarificação Destilação por vapor Estocagem FÍSICO Óleo bruto Degomagem Neutralização Lavagem com água Secagem Clarificação Desodorização Estocagem QUÍMICO Óleos com alta acidez e < 10 ppm fósforo » Degomagem: objetivos ˃ Retirada de fosfolipídios e substâncias coloidais (gomas) ˃ Transporte e armazenamento do óleo ˃ Produção de lecitina ˃ Preparação de óleo bruto para refino + Diminuição das perdas de óleo neutro no refino químico Degomagem é realizada na planta de extração: pré-processamento Fundamento do processo de degomagem: hidratação dos fosfolipídios e sua separação física, possibilitando a estocagem e transporte do óleo » Hidratabilidade dos fosfolipídios Hidratáveis (90%) Não hidratáveis (10%) - Sais de Ca2+, Mg2+, Fe2+ - Problemas de coloração marrom - Fatores: atividade de fosfolipases - umidade semente e altas temperaturas na estocagem ácido fosfatídico (PA) fosfatidilcolina (PC) fosfatidilinositol (PI) fosfatidiletanolamina (PE) » Hidratabilidade dos fosfolipídios » Hidratabilidade dos fosfolipídios » Hidratabilidade dos fosfolipídios » Princípios da degomagem ˃ Interação de fosfolipídios com água é crítica para sistemas biológicos – aplicabilidade desta propriedade em processos tecnológicos ˃ Hidratação dos fosfolipídios, reduzindo sua solubilidade no óleo, facilitando sua remoção com a fase aquosa ˃ Precipitado: “gomas” ˃ Entretanto.... + ↑ Atividade fosfolipase D: ↓ hidratabilidade da fração de fosfolipídios – formação de PA + Sais metálicos de fosfolipídios são insolúveis em água + Teor de não hidratáveis: qualidade da semente e condições de estocagem DEVE-SE UTILIZAR ÁGUA ABRANDADA NA ETAPA DA DEGOMAGEM Processos de degomagem Clássica (água) Ácida Enzimática » Degomagem clássica ˃ Degomagem com água ˃ Objetivo: obtenção de óleo livre de gomas – transporte e estocagem ˃ Produção de lecitina grau alimentar ˃ Fosfolipídios não hidratáveis são mantidos no óleo ˃ ~ 2% de água (v/v) em relação ao teor de óleo ˃ ↓ água: goma viscosa e óleo opaco; ˃ ↑ água: perdas de óleo neutro por hidrólise ˃ Temperatura/tempo ˃ Teor final de fosfolipídios no óleo: 80-200 ppm Processo batelada T: 60 – 70°C Tempo contato: 30 minutos Processo contínuo T: 70 – 80°C Tempo contato: 15 minutos » Degomagem clássica: batelada Óleo bruto + água (60-70°C / 20-30min) Centrifugação Gomas (Lecitina) (água residual) Óleo degomado (80-200 ppm de P) % água = 1,5 - 2% Fósforo inicial óleo de soja - 800 mg/kg Fósforo após degomagem = 200 mg/kg » Degomagem clássica: contínuo Óleo bruto Trocador de Calor Misturador Centrífuga Secagem Óleo degomado Água (70-80°C) (2 %) (15 - 20 min.) gomas » Degomagem clássica Resultados esperados Fósforo: 50 - 200 ppm max. Umidade < 0,1% » Centrífuga auto-limpante » Centrífuga auto-limpante Fase pesada (borra) Fase leve (óleo) » Degomagem ácida ˃ Variante do processo clássico, que utiliza ácido para degomagem mais efetiva ˃ Ácido cliva as ligações metais-fosfolipídios, e forma complexos com os íons metálicos ˃ Hidratação total dos fosfolipídios ˃ Ácidos grau alimentício: cítrico e fosfórico ˃ Gomas obtidas não compõe lecitina padrão: adicionadas ao farelo ˃ Teor final de fosfolipídios no óleo: 5-30 ppm, em geral < 10ppm Processo contínuo Solução ácida 50-85% 0,2 -1% em relação à massa de óleo T: 65 – 70°C Tempo contato: 30 minutos » Degomagem ácida Óleo bruto Trocador de calor Misturador Centrífuga Óleo degomado Água baixa dureza (70 °C) Gomas Fosfórico Cítrico Ácido » Degomagem ácida Resultados esperados Fósforo: 20 - 50 ppm max. Umidade < 0.1% » Degomagem enzimática ˃Processo EnzyMax ˃ Fosfolipase A1: converte fosfolipídios em lisofosfolipídios e ácidos graxos livres: ↑ polaridade e hidratabilidade dos fosfolipídios ˃ Teor final de fosfolipídios no óleo: < 10 ppm; Fe < 0,5 ppm ˃ Vantagens: + Temperaturas amenas + Especificidade da enzima A1 » Degomagem enzimática Etapas: (1) Ajuste de pH (2) Reação enzimática (3) Separação das gomas Condições: pH 4,5 Temperatura: 40°C Tempo de contato: 3-6 horas Agitação intensa » Lecitina: definição Lecitina grau-alimentar refere-se a uma complexa mistura de fosfolipídios que contém principalmente fosfatidilcolina (PC), fosfatidiletanolamina (PE) e fosfatidilinositol (PI), combinadas com outras substâncias, como óleo neutro, ácidos graxos livres e carboidratos. » Lecitina natural ˃ Grau-alimentício padrão: obtida por degomagem do óleo de soja pelo processo clássico (água) ˃ Teor de fosfolipídios é especificado em termos do parâmetro Insolúveis em Acetona (I.A) ˃ Plástica ou fluida ˃ Branqueada ou não ˃ Umidade < 1% ˃ Uso industrial, farmacêutico e suplementos encapsulados » Lecitina natural I.A. » Lecitina natural » Lecitinas Lecitina: propriedades funcionais EMULSIFICANTE – INSTANTANEIZANTE – MOLHANTE - DISPERSANTE - ANTISALPICANTE » Lecitina: propriedades funcionais ˃ Propriedades derivadas da capacidade surfactante » Substâncias imiscíveis em contato superfície de contato: interface tensão interfacial; » tensão interfacial: força de separação entre as substâncias; » Surfactantes: ˃ modificam propriedades da interface ˃ enfraquecem a tensão interfacial Aplicações da lecitina MARGARINAS - Emulsificante - Estabilizante - Anti salpicante - Sinergista - Antioxidante secundário PÓS INSTANTÂNEOS - Emulsificante - Dispersante - Molhante Aplicações da lecitina CHOCOLATES - Anti-bloom - Previne exsudação gordura - Estabilizante - Redutor viscosidade - Reduz tempo mistura - Auxiliar manufatura BALAS - Mastigabilidade - Emulsificante - Previne trincas - Auxiliar manufatura Aplicações da lecitina BISCOITOS - Emulsificante - Antioxidante - Auxiliar fermentação - Auxiliar manufatura RAÇÕES - ↓ finos - emulsificante - antioxidante - suplemento nutricional - ↑ absorção gordura Aplicações da lecitina COSMÉTICOS - Emulsificante - Emoliente - Estabilizante - Agente umidificador - Hidratante TINTAS - Dispersante - Estabilizante - Facilita mistura - Facilita aplicação Conclusão A eliminação do fósforo em óleos e gorduras é uma necessidade operacional e tecnológica Esta etapa é importante porque define o tipo de refino subsequente bem como a qualidade dos produtos refinados » Leitura complementar ˃ D. Cowan, P. M. Nielsen. Enzymatic Degumming of Edible Oils and Fats. In: Bleaching and Purifying Fats and Oils. Theory and Practice, 2nd Ed. AOCS Press, 2010. ˃ A. J. Dijkstra, J. C. Segers. Production and Refining of Oils and Fats. In: The Lipid Handbook , 3rd Ed. CRC Press, 2007. ˃ L. Xu, L.L. Diosady. Degumming. In: Nutritionally Enhanced Edible Oil Processing. AOCS Press, 2004. ˃ J. Pokorny. Phospholipids. In: Chemical and Functional Properties of Food Lipids. CRC Press, 2002. ˃ R. D. O'Brien. Fats and Oils Processing. In: Fats and Oils Formulating and Processing for Applications. CRC Press, 2003.
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