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Estrutura Perversa na Clínica Psicanalítica

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Resumo: Joël Dor. Estruturas e Clínica Psicanalítica
Jéssyca Buenos aires
A ESTRUTURA PERVERSA
O ponto de vista Freudiano
Dor no começo do texto, diz que Freud em “Três ensaios sobre a teoria da sexualidade” distingue inversões da perversão propriamente dita, essa distinção é fundamentada na plasticidade do mecanismo pulsional ao desviar o fim e o objeto das pulsões. 
Inversões: desvio do objeto da pulsão.
Perversão: desvio do fim da pulsão.
Freud diz que o processo sexual perverso, esta inscrito no desenvolvimento normal da sexualidade. Retrata a sexualidade infantil como uma perversidade polimorfa, para explicar “as ressurgências na economia libidinal do sujeito adulto” (DOR, 1991). Este raciocínio leva Freud a uma delimitação decisiva entre neurose e perversão, que é a neurose como o negativo da perversão.
O sintoma neurótico é resultado de um recalcamento de componentes pulsionais da sexualidade. A conversão da pulsão sexual presente no sintoma, deveria ser chamadas perversas. Freud em “Pulsão e suas vicissitudes” traz dois destinos pulsionais, são eles: 
Inversão em seu contrário;
Retorno sobre a própria pessoa;
Ao conceituar os destinos da pulsão, Freud percebe que só os conceitos de Inversão e Perversão não são suficientes para definir o processo perverso, que deve ser caracterizado pelo conjunto dos processos pulsionais. A partir disso, passa a se pensar a Perversão como estrutura, não só relacionada com com as “realizações sexuais”(DOR, 1991).
A perversão é elaborada a partir do conceito de denegação da realidade; quando o corre a castração e o conceito de clivagem do eu; propriedade intrínseca do funcionamento do aparelho psíquico. Estes conceitos voltam na dialética edipiana, em que, a atribuição fálica é vivida como falta, dando o caráter imaginário ao objeto fálico. Para enfrentar a agústia de castração, são instituídas reações defensivas, frente a recusa de aceitação da criança, da diferença dos sexos, operando para contornar à incidência da castração. Freud traz três soluções possíveis, frente a angústia de castração:
 Duas soluções consiste na castração só ser aceita se puder se transgredir a lei – Perversão.
Aceita a castração mas desenvolve sintomas diante a perda – Neurose.
A perversão possui dois polos: o da angústia da castração e o da tentativa de defesa de contorno. Sendo as formas de defesa: a fixação e a denegação da realidade, que são características respectivas da homossexualidade e do fetichismo. 
Homossexualidade: defesa narcísica frente a castração, em que há uma fixação na representação da mulher não castrada, Freud traz a homossexualidade masculina , como advinda da estrutura perversa, e afirma que esta se difere da homossexualidade feminina.
Denegação da Realidade: “recusa em conhecer a realidade de uma percepção traumatizante: a ausência do pênis na mãe.”, em que a partir disso o fetichismo vem como forma substitutiva de elaboração, ou seja, de recusa. O objeto fetiche tem três dispositivos de defesa; renúncia ao falo, proteção frente a angústia de castração e a escolha da mulher fálica como objeto sexual (evitando que o fetichista tenha uma saída homossexual).
A partir disso, Freud traz o conceito de Clivagem psíquica, como incessante, em que há dois conteúdos psíquicos contraditórios a realidade, que coexistem no aparelho psíquico, estes conteúdos são a denegação da realidade e o fetiche. Dor explica a contradição em: 
“A coexistência destas duas opções, em clementemente contraditório entre o fato de que a realidade é denegada pelo sujeito pelo fundo de ausência e que a instauração do objeto fetiche permanece a testemunha mais eloquente do reconhecimento permanente dessa ausência” (DOR, 1991, p.38.)
Ancoramento na Perversão
Na perversão há a renegação quanto ao reconhecimento da falta do outro, o perverso não quer saber da atribuição fálica do pai simbólico, há uma recusa em simbolizar a falta. Portanto na renegação, a criança não quer saber a castração da mãe, mas pela intrusão do pai, ela sabe, frente a isto, há uma manutenção imaginária, visto que; é atribuído a mãe, imaginariamente, um falo. Esta manutenção anula a diferença dos sexos, atualizando a falta. A lei nesta estrutura clínica, é uma lei cega, que tende a substituir a lei do pai, é uma lei ordenada pelo desejo, não permitindo ao sujeito uma possibilidade para além da castração. 
A lei de desejo se refere ao desejo do outro, porém, é a lei do pai que impõe a esta estrutura o desejo, impondo a condição do desejo ser o desejo do outro. Com a denegação da lei do pai, há uma subtração do desejo perverso, com uma economia psíquica, tendo como consequência a fixação cega, em que o sujeito tenta demonstrar que a lei do desejo não é a do outro e sim a dele. 
Dor retoma a ideia de Freud de que: A renegação só é possível se o perverso reconhecer o desejo da mãe pelo pai, visto que só se denega o que se sabe. Ou seja, na perversão há um reconhecimento do real da diferença dos sexos, mas recusa que essa diferença seja a causa de desejo. Há uma economia da causa significante, ao se esforçar em manter o risco da possiblidade de gozo.
Para manter a possibilidade dita acima, o perverso vai transgredir a lei, e quando transgride, se assegura da existência dela, se remetendo a ela simbolicamente. Ou seja: “Quanto mais o perverso desafia, ou mesmo trangride a lei, mais experimenta a necessidade de se assegurar ter ela, realmente, origem na diferença dos sexos e na relação e na referencia à interdição do incesto.”(DOR, 1991).
Transgressão na Neurose
Na neurose obsessiva o desafio esta nos comportamentos sintomáticos, como na compulsão, na competição ou de ordem de domínio. A possibilidade de transgressão se faz impossível, visto que o obsessivo ao se preocupar com as regras de combate, não consegue desobedece-las e quando se esforça para ser perverso, não consegue. Quanto mais o sujeito defende a legalidade, mais ele luta contra o desejo de transgressão. 
O obsessivo tem necessidade de criar uma situação imaginária de adversidade para se engajar no desafio, um desafio criado por ele, que só surge na possibilidade de gastar energia. A fuga do desejo é equivalente a transgressão, em que o desejo entra em ação, ultrapassando o sujeito e este sofre passivamente. 
A atualização do desejo culmina no ato transgressor, que normalmente é insignificante, mas dramatizado pelo sujeito, por isso evoca uma transgressão perversa. Essa transgressão é segundo o autor: “o acting-out que é a própria dimensão onde o obsessivo se autoriza a ser agido por seu desejo, com todo o gozo que daí deriva.” (DOR, 1991, p.47.).
Na histeria, há um questionamento referente a identificação, que traz em cena a identidade sexual, pela atração que a histérica tem pelo “risco da lógica fálica”, culminando na transgressão. 
O perverso e a lei do pai
Na perversão a lei do pai é desafiada, de forma dialética. Faz intervir a lei do próprio desejo, que deveria se fundar na lei do desejo do outo, porém recusa que a lei do seu desejo se submeta à lei do desejo do outro. O gozo na perversão, esta no espaço entre os dois desejos (o dele e o do outro), em uma sustentação impossível, mas tenta com um terceiro fazer com que não seja.
A lei do pai é posta como um limite, o gozo estaria na ultrapassagem, que necessita do envolvimento de um outro, seja imaginário ou real. Para isto se tem uma estratégia fixa, que culmina no desencaminhamento do outro em relação as manobras e limites de suas leis. O perverso vive o fantasma de uma castração real, visto que a ausência do pênis da mãe é resultado da castração, supostamente causada pelo pai, e pela inadmissibilidade do desejo da mãe pelo pai.
A dialética citada acima, é decorrente dos elementos fantasmáticos, da castração da mãe e do desejo da mãe pelo pai. Há uma figura do verso e reverso, devido a oscilação entre: o pai ser responsável por ter submetido a mãe à ordem do desejo dele, ou a mãe que desejou o pai e é faltosa, dando para mãe um papel de cumplice dacastração. O horror a castração, surge em oposição quando o perverso crê imaginariamente que a mãe não é carente, neutralizando o pai simbólico, na tentativa de sustentar o fantasma de que: ele é o único objeto de desejo que faz a mãe gozar.
A mãe fálica
O perverso vivencia a sedução da mãe, visto que a resposta materna é considerada um “chamado para o gozo”, mantendo a atividade libidinal do filho junto a dela. Há um mutismo da mãe em relação ao desejo dela pelo pai, que contribui para a rivalidade fálica. A transgressão começa devido a sedução materna, seguida de uma interdição realizada pela mãe, mas que não traz consequências.
 A complacência do pai contribui para a ambiguidade da mãe, a mãe é fálica, mas não é uma mãe fora da lei, alimenta este fantasma ao ser a mãe ameaçadora que traz a palavra simbólica do pai, mas também encoraja a criança a gozar. Devido a representação dos objetos femininos fantasmados (mãe ausente e mãe castrada),o perverso vai buscar, incessantemente a uma mulher idealizada, que encarna a mãe fálica, mas ainda assim, se protege da mãe como objeto de desejo possível, ou seja, a mulher idealizada (pura e perfeita) permanece intocável, proibida.
A mãe pode ser também, a de desejo, porém é vista como o desejo de todos e não somente do perverso. Há aí o horror da castração, em que há a abjeção da castração pelo sexo feminino, em que o perverso se afasta, pois esta representa a castração e ele não quer ser castrado. Com isto passa a “sadizar” ou maltratar, é um objeto a ser evitado para não se deparar com a falta.
Diagnóstico diferencial
 	Na neurose obsessiva, são vivenciados comportamentos estereotipados com as mulheres, que remetem a perversão. Há em alguns casos uma veneração à mulher que lembra a mulher idealizada intocável, mas o distanciamento existente, pelo fato do obsessivo não querer saber o desejo. Não é considerada aqui, uma mulher fálica, poderosa, o sujeito se proíbe de saber que a deseja, muitas vezes a mulher passa a ser um objeto de posse, um troféu.
	O obsessivo se mantém tranquilo quando a mulher, elevada a uma dimensão de objeto, asfixiando o desejo do outro, mantendo a lógica do seu desejo. Ele alimenta o fantasma, na tentativa de fazer tudo por ela, que nada falte, para que não se tenha demanda, para que ela nada reivindique. O gozo advém de uma dinâmica quase morta do desejo, como ela não esta morta, o sofrimento e a desordem surgem. 
Quando a mulher é desejável pelo outro, o mundo organizado do obsessivo esta sujeito a vacilar, visto que a mulher pode escapar. A partir daí há uma tentativa de reconquista do objeto perdido, em que o obsessivo não sabe o que fazer para ser perdoado, se sente culpado, disposto a qualquer coisa para voltar a ordem inicial. Enquanto o perverso tem a ilusão de um ideal o obsessivo busca restaurar o ideal, sendo segundo o autor “românticos do ser”.
Na histeria masculina, a relação com o outro feminino é alienada, a uma representação da mulher idealizada, que é colocada em um pedestal, mas diferente do perverso essa mulher é desejada e também deseja. Uma mulher sedutora, que caso saia dessa posição passa a ser um objeto odiado, é quando ela cai do pedestal. Há nesta relação uma ambivalência, visto que para ele, a mulher ao mesmo tempo que permite a descoberta da posse do objeto fálico, que não se tem.
 A mulher é colocada como objeto de admiração fálica, sendo oferecida ao olhar de todos, o que leva ao conforto quanto ao sintoma de impotência e de ejaculação precoce, ao se ver desprovido do falo. A dialética aqui presente, se da pela transferência da posição que o objeto feminino se encontrava de ser idealizada, passando a ser detestável, como suscetível de ser perdido.
O histérico se depara com o significante da falta deste outro feminino, e é superado pela autodestruição e com isto, se tem a atualização da alienação do desejo em prol do desejo do outro. Há nesta histeria uma confusão entre desejo e amor, devido ao fato de que: “Quanto mais o histérico masculino ama, mais ele se premune da dimensão do desejo.” (DOR, 1991, p.60.). Ou seja: quanto maior o amor, mais a falta no outro é ocultada. 
A atualização da violência se equivale a atualização da perda, como o motor que da a dimensão viva ao desejo. Este caráter violento é o que se chama de crise de histeria, que consiste em uma descarga libidinal, dos investimentos eróticos do objeto do desejo. Na crise, se faz presente alguns períodos, são eles: síndromes precursoras (logorreia interpretativa), o clônico (crise elástica espetacular) e o resolutório (estereotipia dos desmoronamentos afetivos). A principal diferença estrutural desta estrutura em relação a perversão é que o histérico esta inscrito na função fálica.
Referencia:
DOR, Joël. Estruturas e clínica psicanalítica. Trad. Jorge Bastos e André Telles. Rio de Janeiro: Taurus-Timbre, 1991.

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