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TEORIA GERAL DO PROCESSO NORMA PROCESSUAL: OBJETO E NATUREZA I. Norma material e instrumental - Materiais ou substanciais: disciplinam a cooperação entre pessoa e os conflitos de interesses. Direito substancial: é um sistema normativo de valoração de condutas. Error in iudicando - Normas instrumentais: normas processuais. Direito processual. Error in procedendo II. Objeto da norma processual - É a disciplina do modo processual de resolver os conflitos e controvérsias mediante a atribuição ao juiz dos poderes necessários para resolvê-los. III. Natureza - Direito público - certas normas admite a aplicação da vontade das partes – normas processuais dispositivas, ex.: arts. 62 e 373, § 3º CPC. FONTES1 DA NORMA PROCESSUAL - Fonte é a nascente da água, e especialmente é a bica donde verte água potável para o ser humano. FONTE: ORIGEM. I. Fontes de direito em geral - Fontes formais: meios de produção ou expressão da norma jurídica, a lei, os usos e costumes, o negócio jurídico (arts. 140, CPC; 3º, CPP e 4º, LINDB). - Jurisprudência, a doutrina, princípios gerais do direito? II. Fontes abstratas e concretas - Mesmas do direito em geral: lei, usos e costumes, negócio jurídico processual? (a tendência é negá- los). - Constituição, Constituição Estadual, lei complementar, lei ordinária, lei delegada, convenções e tratados internacionais, regimentos internos dos tribunais. - a Medida Provisória no caso do processo penal e civil não, art. 62, § 1º, I, b, CF. - As concretas são aquelas em abstrato que efetivamente atuam. - Fontes constitucionais, da legislação complementar2 à Constituição e fontes ordinárias3. Art. 59, II a V, CF. - Legislação complementar – Estatuto da Magistratura (art. 93, CF) – ainda não editado. Continua em vigor a LOMN, LC 35/79. III. Fontes subsidiárias - A lei não pode prever todas as situações. - Analogia: em verdade não é uma fonte, mais sim um método de integração. Não se trata de interpretação extensiva. - Costume: regra jurídica não escrita. - Princípios gerais do direito. IV. Outras fontes formais: Súmulas vinculantes do STF - Art. 103-A da CF. Expressão a interpretação da lei pelo STF. EFICÁCIA DA LEI PROCESSUAL NO ESPAÇO E NO TEMPO 1 Lugar de onde provém ou de onde promana algo. 2 Estatuto da magistratura, art. 93, CF. 3 CPC, CPP, CLT etc. TEORIA GERAL DO PROCESSO I. Dimensões - Eficácia limitada no espaço e no tempo, dentro de determinado território e por certo período de tempo. II. Eficácia no espaço - Princípio da territorialidade. A atividade jurisdicional é manifestação do poder soberano do Estado. Art. 16 do CPC e art. 1ºdo CPP4. - Lex fori = lei do foro. - Art. 12, LINDB c/c 21 e 22 CPC – não somente os nacionais como também os estrangeiros domiciliados no país, se sujeitam a lei processual do lugar onde o juiz exerce a jurisdição. - Há ainda a extensão da autoridade do juiz brasileiro sobre o estrangeiro, mesmo quando o réu resida no exterior, § 1 do art. 12, LINDB c/c 23, CPC. - As provas dos fatos ocorridos no estrangeiro se submetem ao que regula o artigo 13, da LINDB – Lex loci, lei do lugar em que ocorreu o fato. III. Eficácia no tempo - Eficácia temporal das leis, LINDB, art. 1º e §§ 3º e 4º e arts. 2º e 6º. - Conflito temporal de leis processuais (processo se constitui por uma série de atos que se desenvolvem e se praticam sucessivamente no tempo). - Direito transitório – direito intertemporal. - Princípios gerais são o da não retroatividade e o da aplicação imediata da lei nova. - Processos já findos não poderão ser atingidos pela nova lei processual. - Processos em curso, três sistemas: • Unidade processual: o processo apresenta unidade, sendo regulado por uma única lei; • Fases processuais: fases autônomas, cada uma suscetível de aplicação por leis diferentes; • Isolamento dos atos processuais: a lei nova não atinge atos processuais já praticados, mais se aplica aos atos processuais a praticar, sem limitações a fases. (art. 2º, CPP5) (art. 14 e 1046 CPC). Tempus regit actum. - Para o processo das infrações penais de menor potencial ofensivo, a Lei 9.099/95 (Dispõe sobre os Juizados Especiais Cíveis e Criminais e dá outras providências), adotou o sistema de fases do procedimento, art. 90 – ADIN 1719-0: EMENTA: Ação direta de inconstitucionalidade. Argüição de inconstitucionalidade do artigo 90 da Lei 9.099, de 26.09.95 , em face do princípio constitucional da retroatividade da lei penal mais benigna (art. 5º, XL, da Carta Magna). Pedido de liminar. - Ocorrência dos requisitos da relevância da fundamentação jurídica do pedido e da conveniência da suspensão parcial da norma impugnada. Pedido de liminar que se defere, em parte, para, dando ao artigo 90 da Lei 9.099, de 26 de setembro de 1995, interpretação conforme à Constituição suspender "ex tunc", sua eficácia com relação ao sentido de ser ele aplicável às normas de conteúdo penal mais favorável contidas nessa Lei. (ADI 1719 MC, Relator(a): Min. MOREIRA ALVES, Tribunal Pleno, julgado em 03/12/1997, DJ 27-02-1998 PP-00001 EMENT VOL-01900-01 PP-00001) EMENTA: PENAL E PROCESSO PENAL. JUIZADOS ESPECIAIS. ART. 90 DA LEI 9.099/1995. APLICABILIDADE. INTERPRETAÇÃO CONFORME PARA EXCLUIR AS NORMAS DE DIREITO 4 Art. 1o O processo penal reger-se-á, em todo o território brasileiro, por este Código, [...]. 5 Art. 2o A lei processual penal aplicar-se-á desde logo, sem prejuízo da validade dos atos realizados sob a vigência da lei anterior. TEORIA GERAL DO PROCESSO PENAL MAIS FAVORÁVEIS AO RÉU. O art. 90 da lei 9.099/1995 determina que as disposições da lei dos Juizados Especiais não são aplicáveis aos processos penais nos quais a fase de instrução já tenha sido iniciada. Em se tratando de normas de natureza processual, a exceção estabelecida por lei à regra geral contida no art. 2º do CPP não padece de vício de inconstitucionalidade. Contudo, as normas de direito penal que tenham conteúdo mais benéfico aos réus devem retroagir para beneficiá-los, à luz do que determina o art. 5º, XL da Constituição federal. Interpretação conforme ao art. 90 da Lei 9.099/1995 para excluir de sua abrangência as normas de direito penal mais favoráveis ao réus contidas nessa lei. (ADI 1719, Relator(a): Min. JOAQUIM BARBOSA, Tribunal Pleno, julgado em 18/06/2007, DJe-072 DIVULG 02-08-2007 PUBLIC 03-08-2007 DJ 03-08-2007 PP-00029 EMENT VOL-02283-02 PP- 00225 RB v. 19, n. 526, 2007, p. 33-35) - Normas de caráter processual penal, que beneficiam a defesa, têm incidência imediata e retroativa. - Lei 8.009/90 “bem de família”: jurisprudência dominante lhe atribui eficácia retroativa. - Questões6: • Nulidade dos atos processuais: tem aplicação imediata a lei processual nova. • Prazos: iniciado seu curso sob uma lei, deve ser regulado por esta até seu término. • Provas: quanto à admissibilidade e ônus da prova, prevalece a lei do dia em que o ato a provar se realizou e, quanto à produção da prova em juízo, prevalece a lei do dia da pratica do ato em juízo. • Ação: na lei sobre a admissibilidade da ação deve ser a do dia do surgimento do direito e não a do dia do seu ingresso em juízo. • Recuso: é a partir da publicação da decisão que nasce para a parte o poder de recorrer. INTERPRETAÇÃO7 DA LEI PROCESSUAL I. Interpretação da lei - Determinar o seu significado e fixar o seu alcance. - Métodos de interpretação: gramatical ou filológico (significação que se apoia nos elementos linguísticos); método lógico-sistemático; método histórico; método comparativo; - Resultado da atividade de interpretação: declarativa; extensiva; restritiva e ab-rogante. - Interpretação teleológica: procura articular o direito com as finalidadesa que a norma se destina. Fim social da lei. Exigência constitucional imposta pelo artigo 3º da CF. II. Interpretação e integração - O direito não apresenta lacunas, entretanto, a lei sim. - integração: atividade através da qual se preenchem lacunas8 verificadas na lei, mediante a pesquisa e formulação da regra jurídica pertinente à situação posta não prevista na lei, art. 140, CPC (princípio da indeclinabilidade). III. Interpretação e integração da lei processual - Subordinadas às mesmas regras acima vistas. Arts. 4º e 5º LIND; art. 3º, CPP9. 6 Entendimento de José de Albuquerque Rocha. 7 Interpretar é conhecer o conteúdo e a extensão das normas de determinado ramo da ciência jurídica. 8 Através da analogia, costumes (práticas reiteradas de conduta) e princípios gerais do direito (Corresponde aos princípios da justiça, como “dar a cada um o que é seu”, “respeitar a dignidade do homem”, “manter a vida social”, “contribuições de todos para o bem comum”. 9 Art. 3o A lei processual penal admitirá interpretação extensiva e aplicação analógica, bem como o suplemento dos princípios gerais de direito. TEORIA GERAL DO PROCESSO BIBLIOGRAFIA ALVIM, José Eduardo Carreira. Teoria geral do processo. 18. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2015. CARREIRA, Marcus Orione Gonçalves. Teoria geral do processo. 5. ed. São Paulo: Saraiva, 2009. DIDIER JR., Fredie. Curso de direito processual civil: introdução ao direito processual civil, parte geral e processo de conhecimento. 17. Ed. Salvador: Ed. Jus Podivm, 2015. DINAMARCO, Cândido Rangel. Teoria geral do novo processo civil. São Paulo: Malheiros, 2016. GRINOVER, Ada Pellegrini. Teoria geral do processo. 28. ed. São Paulo: Malheiros, 2012.
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