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Resenha filme prenda-me se for capaz

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Prenda-me se for capaz
Os Abagnale são uma família de classe média norte-americana. Pai, mãe e filho habitam uma bela casa, possui um Cadillac, o menino estuda num colégio particular, etc. Contudo, chegada à adolescência de Frank Abagnale Junior - a partir de agora Frank Jr. -, o pequeno núcleo familiar começa a deteriorar-se. 
O pai, Frank Abagnale, fracassa como empreendedor; sonega impostos e endivida-se com a Receita; seu crédito bancário é bloqueado, e eles têm de deixar uma bela residência para se entocar num pequeno apartamento. Lá, a mãe, é flagrada por Frank Jr. cometendo adultério Frank Jr, vê o presidente do Rotary Club sair de dentro do quarto de seus pais com a mãe. 
Passado algum tempo, o inevitável: os pais, para completa desilusão de Frank Jr., se separam, e ele se vê na saia justa de ter de escolher com qual dos dois irá ficar. Seu mundo desaba; o que antes era precário torna-se insuportável. Ele não consegue enfrenta a situação e foge. 
A partir daí, irá tornar-se um estelionatário, um fraudador compulsivo, falsificando cheques e sua identidade, e exercendo profissões a seu bel prazer – sempre com seu, Carl inspetor do FBI, encarregado do setor de fraudes, em seu encalço. 
Frank Jr. primeiro torna-se um piloto de aviões, depois um médico cirurgião até exercer advocacia na empresa de seu sogro. Isso tudo, antes de completar dezoito anos. 
O personagem Carl não deixa nada a dever ao protagonista. É um obsessivo. Em vários eventos é demonstrada sua total falta de humor; não lhe interessam piadas, apenas lhe diz respeito cumprir sua função. E capturar Frank Jr., a partir de certo momento, parece ser o único significado de sua existência; isso porque, numa das cenas primorosas no início do filme, Frank Jr. o desmoraliza profissionalmente. 
 Na ocasião, Frank Jr. consegue, ao ser flagrado por Carl em um quarto de hotel consegue persuadi-lo de que é um agente do Serviço Secreto Americano e não o fraudador a quem Carl busca capturar.
O pai de Frank Jr. não é tirano, perverso ou algo cujo caráter pernicioso pudesse gerar um perverso, mas é leviano, comportamento que irá comprometer o futuro do filho. Um único ato seu, evidenciado deliberadamente já no início do filme, denuncia o caráter futuro de Frank Jr. Nesse dia ele é acordado pelo pai, que lhe traz o café da manhã. O pai argumenta que ele, Frank Jr., tem algo mais importante a fazer, naquela manhã, do que ir a aula: tem de se fazer passar por seu motorista. Isso para que Frank Abagnale possa, ao chegar ao banco, ostentar que é próspero. Afora a singularidade da situação – um pai incitar um filho a gazetear aula para fins ilícitos -, Frank Abagnale, em frente ao banco, faz uma brincadeira com Frank Jr., brincadeira que é na verdade uma metáfora do filme. 
Pergunta-lhe porque os Yanks – time pelo qual torcem sempre vencem os times adversários. Frank responde que é porque eles possuem um grande lançador, mas o pai lhe corrige dizendo que os Yanks sempre vencem porque seus oponentes não conseguem deixar de olhar seus uniformes. Pronto. Está armada a cilada para o filho. A aparência, aquilo que é visível, aos olhos do seu pai, é mais importante do que todo o resto. Não por acaso a primeira profissão que Frank Jr. irá escolher é ser piloto de uma companhia aérea; profissão conhecida por obrigar seu contingente portar um uniforme impecável. Podemos ligar também o filme a historia do brasileiro Marcelo Nascimento, conhecido nacionalmente por aplicar o golpe se passando por filho de um dos donos da empresa de linhas aéreas Gol. Ambos usaram da lábia e do poder de persuasão para atrair e conquistar bens financeiros.
O que leva uma pessoa a agir dessa forma? Se perguntarmos para as vitimas dos mesmos ouviremos somente uma resposta: Ele provavelmente tem um problema mental. Eu particularmente tenho certeza disso (rsrsrs), abaixo irei falar sobre os sintomas que nos leva a creditar que Frank Jr sofria do transtorno de Borderline.
O transtorno é caracterizado por instabilidade emocional, impulsividade, manifestações inadequadas de raiva, baixa autoestima, tendência ao suicídio, insegurança, não aceitar críticas e regras, intolerância a frustrações e o medo pelo abandono. 
O portador do transtorno tende a ter seus relacionamentos sempre intensos, confusos e desorganizados. Mudam seus conceitos sobre as pessoas e seus sentimentos de forma muito rápida, tendo suas qualidades anteriores, atualmente desvalorizadas. 
Indivíduos com TPEIB podem ser incomodados por sentimentos de vazio crônicos, sentimentos de rejeição e abandono, não importando se isso é real/verídico ou fantasioso. 
Os primeiros sintomas tendem a aparecer durante a adolescência, persistindo geralmente por toda a vida. As mulheres fazem parte de um universo mais representativo dos portadores deste transtorno. A fase inicial pode ser desafiadora para o paciente, seus familiares e terapeutas. Porém, na maioria dos casos a severidade do transtorno diminui com o tempo. 
Como os sintomas tornam-se perceptíveis, a família costuma supor que a rebeldia, a impulsividade, o descontrole emocional, a instabilidade e a diferente percepção de valores são típicas da idade, não fazendo ideia de que estão diante de um distúrbio grave. São pessoas com um grau de afetividade muito grande sobrevalorizando as situações, sendo as boas vistas como excelentes e as ruins como péssimas.
As principais consequências são evidenciadas nas relações disfuncionais com o parceiro, trabalho e familiares. As pessoas portadoras do transtorno tem dificuldade em permanecerem empregadas, com relacionamento interpessoal estável dentro de uma união conjugal ou entre parentes próximos. A doença traz um sofrimento psíquico importante ao indivíduo tendo por consequência o risco de suicídio. Este claramente um ato corriqueiro no portador do transtorno.
Frank pai de Frank Jr é um sonhador, e como todo sonhador, presa narcísica de seus autoenganos, da cegueira, da imagem otimizada que faz de si mesmo. Isso está evidenciado diversas vezes no filme: em sua conduta equivocada com o filho, em sua recorrente penúria financeira, na incapacidade de reconquistar sua mulher, nas fórmulas feitas e nos clichês que usa para gerir sua própria existência. Contudo, há também aqueles para os quais o êxito é um fracasso; paradoxo que ganha corpo no papel de Frank Jr.; pois não fosse a empatia de Carl por ele. – empatia que o faz convidá-lo para trabalhar no Departamento de antifraudes norte-americano -, Frank Jr. continuaria errando de profissão em profissão, de fraude em fraude, mas, ainda que lograsse êxito nesse tipo de intento, nunca se daria por satisfeito, nunca iria encontrar efetivamente sua identidade.

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