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DIREITO CONSTITUCIONAL I - 2º Semestre - Gabriel Marques

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DIREITO CONSTITUCIONAL I
Aluno: João Felipe Cabral Fagundes Pereira
CONSTITUCIONALISMO - É o processo de limitação da garantia de poder do Estado, assim como o processo de garantia de direitos fundamentais. Surgiu no final do século XVIII na França e nos EUA.
EXPERIÊNCIA AMERICANA – Após a independência americana em 4 de julho de 1776, houve em 1781 um processo falho de estabelecer a confederação (Estados Soberanos + Tratados + Direito de Secessão/Retirada) , pois a confederação trouxe insegurança aos americanos (há rumores de que alguns estados estavam criando sua própria moeda).
 Em 1787, houve a transição de confederação para federação (União dos Estados Soberanos que formaram apenas um Estado, se tornando apenas autônomos + indissolubilidade do vínculo federativo + república presidencialista e uma constituição própria).
 A Constituição Americana , vigente até hoje possui apenas 7 artigos, sendo uma constituição sintética, cuja interpretação é feita pela suprema corte americana. Já se falava nesse período sobre a Declaração do Bom Povo da Virgínia.
EXPERIÊNCIA FRANCESA – A Revolução Francesa , em 1789 ( data mais importante é o dia 14 de julho de 1789, pois houve a Queda da Bastilha) , foi o que iniciou o constitucionalismo francês (serviu de forte inspiração para a Conjuração Baiana de 1798), dando origem a Declaração de Direitos do Homem e do Cidadão, havendo maior foco na universalidade dos direitos. A Declaração de Direitos do Homem e do Cidadão continha no artigo 16 , a definição do constitucionalismo :
Artigo 16 – Nenhuma sociedade tem uma constituição se não houver separação de poderes e garantia de direitos.
 Houve uma certa instabilidade nas primeiras constituições francesas.
BREVE HISTÓRIA DO CONSTITUCIONALISMO BRASILEIRO
CONSTITUIÇÃO IMPERIAL DE 1824 – Foi criada e entrou em vigência após a independência do Brasil e da Bahia (7/9/1822 e 2/7/1823 , respectivamente).
 Inspirada em Constant , estabelecia a tetrapartição do poder ( legislativo, judiciário, executivo e moderador). Por influência de José Bonifácio, o Estado tinha um caráter unitário e concentrado e a religião oficial era o Catolicismo. A forma de governo era a Monarquia e o Poder Legislativo era quem interpretava a Constituição.
CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA DOS ESTADOS UNIDOS DO BRASIL (1891) – Entrou em vigor dois anos após a Proclamação da República (15/11/1889) , sendo Ruy Barbosa um dos principais responsáveis pela elaboração da Constituição, que tinha um caráter liberal.
 Trouxe diversas mudanças em relação a Constituição Imperial , entre elas:
- A transição de um Estado Unitário para uma Federação, descentralizando o poder.
- Mudança da forma de governo , monarquia para uma república.
- O Estado passou a ser laico , não havendo uma religião oficial do Estado.
- Inspirado não mais em Constant , mas sim em Montesquieu, a Constituição de 1891 estabelecia a tripartição do poder (Legislativo, Judiciário e Executivo).
CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA DOS ESTADOS UNIDOS DO BRASIL (1934) – Com o fim da política “Café com Leite” ( monopólio do poder entre a oligarquia rural de MG e SP) , que durou até 1930, graças a Revolução de 1930 , que terminou com Vargas assumindo a presidência , gerando em 1932 a Revolta Constituinte , um confronto militar entre os cidadãos de SP e o Governo Vargas , onde apesar da derrota dos paulistas , eles conseguiram fazer com que Vargas criasse uma nova Constituição.
 A Constituição de 1934 inaugurouo constitucionalismo social (baseado na constituição mexicana de 1917 e na República de Weimar em 1919) , que promove um Estado que intervém na vida do cidadão (Ex: Artigo 6º da CF/88 - São direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a moradia, o transporte, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos desamparados, na forma desta Constituição.) , promovendo outros direitos ao cidadão, diferentemente do constitucionalismo liberal, que prefere pela não intervenção do Estado, dando maior liberdade ao indivíduo.
CONSTITUIÇÃO DOS ESTADOS UNIDOS DO BRASIL DE 1937 – Foi uma constituição de caráter fascista , sendo apelidada de “Constituição Polaca” , pois se inspirou na Constituição da Polônia fascista. Era muito autoritária, sendo formulada no período de ascensão do nazifascismo e no Estado Novo de Getúlio Vargas, estabelecendo a hipervalorização do executivo.
 Após a Segunda Guerra Mundial , com o Brasil e os Aliados derrotando o Eixo, não fazia mais sentido a vigência da Constituição de 1934.
CONSTITUIÇÃO DOS ESTADOS UNIDOS DO BRASIL DE 1946 – Após o fim do Estado Novo, em 1946 entrou em vigência uma nova constituição, fortemente inspirada na de 1934, promovendo o reequilíbrio dos poderes e o estabelecimento da democracia.
CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL (1967) – Os militares , classe média e a Igreja, insatisfeitos com as propostas reformistas de João Goulart e com medo da “ameaça” comunista , tentaram limitar o executivo com uma experiência fracassada de um congresso parlamentar (1961-1963) e , consequentemente com o Golpe Militar de 1964.
 A Constituição de 1967 tinha como características a valorização do executivo e a restrição a direitos ( concentração do poder ) , estabeleceu eleições indiretas, privando o povo de poder eleger cargos executivos como os Presidentes.
 Em 1968 , houve uma modificação significativa da constituição pelo AI-5, que instituiu de forma legal a censura , cassação política, exílios ( resultando em diversas torturas e mortes ) além da não passibilidade de revisão do judiciário , de acordo com o artigo 11.
    Art. 11 - Excluem-se de qualquer apreciação judicial todos os atos praticados de acordo com este Ato institucional e seus Atos Complementares, bem como os respectivos efeitos.
CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL DE 1988 – Antes do fim da Ditadura em 1985 , houve um importante movimento popular , o Diretas Já , que apesar de falho , resultou na criação da Constituição de 1988, apelidada por Ulysses Guimarães de “Constituição Cidadã”. Ela é de caráter social e é divida em 3 partes: o Preâmbulo , Corpo/Parte Permanente e a ADCT.
PREÂMBULO – Parte introdutória da Constituição, apresenta os principais valores constitucionais , os de um Estado republicano e democrático.
” Nós, representantes do povo brasileiro, reunidos em Assembléia Nacional Constituinte para instituir um Estado Democrático, destinado a assegurar o exercício dos direitos sociais e individuais, a liberdade, a segurança, o bem-estar, o desenvolvimento, a igualdade e a justiça como valores supremos de uma sociedade fraterna, pluralista e sem preconceitos, fundada na harmonia social e comprometida, na ordem interna e internacional, com a solução pacífica das controvérsias, promulgamos, sob a proteção de Deus, a seguinte CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL.”
OBS: Preâmbulo “Sob a proteção de Deus” x Estado Laico, este conflito pode ser explicado através do Artigo 5º , Inciso VII com a escusa/objeção de consciência , justificando também o lema “Deus seja louvado” na moeda, feriados religiosos e crucifixos em prédios públicos. O artigo 19 também mostra que os 4 entes federativos não podem interferir na religião.
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
VIII - ninguém será privado de direitos por motivo de crença religiosa ou de convicção filosófica ou política, salvo se as invocar para eximir-se de obrigação legal a todos imposta e recusar-se a cumprir prestação alternativa, fixada em lei;
Art. 19. É vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios:
I - estabelecer cultos religiosos ou igrejas, subvencioná-los, embaraçar-lhes o funcionamento ou manter com eles ou seus representantes relações de dependência ou aliança, ressalvada,na forma da lei, a colaboração de interesse público;
II - recusar fé aos documentos públicos;
III - criar distinções entre brasileiros ou preferências entre si.
CORPO PERMANENTE DA CONSTITUIÇÃO – Trata dos assuntos mais relevantes da Constituição, possuindo no total 250 artigos e é dividido em 9 títulos.
Ex: Título I trata dos princípios (Artigos 1-4)
Título II trata dos direitos e garantias fundamentais (Artigos 5-17)
ADCT (ATO DAS DISPOSIÇÕES CONSTITUCIONAIS TRANSITÓRIAS) – É o Título X da Constituição, possuindo 100 artigos. É uma ferramenta para harmonizar o processo de transição constitucional
-Exemplo 1: Plebiscito feito em 1988 consultando o eleitorado para escolher a forma de governo (monarquia x república ) e o regime de governo (presidencialismo x parlamentarismo)
-Exemplo 2: Antes da CF de 88 haviam territórios federais ( Roraima, Amapá, Fernando de Noronha), vinculados à União, sem autonomia política , e passaram a ser Estados , enquanto Noronha virou um distrito de Pernambuco. 
OBS: O Corpo Permanente e a ADCT podem ser alterados por meio de Emendas Constitucionais , através de um rito processual , incluso no artigo 60.
TIPOS OU ESPÉCIES DE CONSTITUCIONALISMO ( ANTIGO X MODERNO , LIBERAL X SOCIAL ) 
CONSTITUCIONALISMO MODERNO – Teve início no final do século XVIII, na França (1789) e nos EUA (1787) , vide as experiências americanas e francesas com o constitucionalismo
CONSTITUCIONALISMO ANTIGO - O Constitucionalismo Antigo teve grande contribuição do historiador americano Charles McIlwain, que durou até os momentos anteriores ao século XVIII, sendo uma fase de experiências constitucionais “embrionárias”.
-1º Experiência: Politeia/Constitutio Grega; seriam as constituições de outras épocas, no período grego.
-2º Experiência: Povo Hebreu; vigorava a Lei do Senhor , portando uma intensa conotação religiosa.
-3º Experiência: Magna Carta (Século XIII , mais precisamente em 1215), foi a primeira declaração de direitos da história da humanidade, tinha uma preocupação com “o devido processo legal”, presente no Artigo 39 da Magna Carta, que é invocado até hoje.
-4º Experiência: Lei de Habeas Corpus ( Século XVII), tem como objetivo garantir o direito à liberdade de locomoção , para resguardar a integridade física. Pode ser feito por qualquer pessoa e serviu de inspiração para diversos elementos do direito atual, entre eles o mandado de segurança.
-5º Experiência: Revolução Gloriosa (Século XVIII) , estabeleceu uma instituição fiscal , que fiscaliza os direitos ( Parlamento Inglês ).
 CONSTITUCIONALISMO LIBERAL - Período que marca o final do século XVIII, experiência norte americana e francesa, revoluções liberais. Individuo tenta garantir alguma esfera de proteção (liberdade) diante do Estado, garante a ausência do estado.
CONSTITUCIONALISMO SOCIAL
a) Inglaterra, século XIX – revolução industrial. Os donos de produção exploravam os trabalhadores. Necessidade de o Estado intervir.
b) Movimento socialista – preocupação com as garantias para o trabalhador. Novo papel do Estado, presença na vida das pessoas.
c) Estado interventor, presente na vida do individuo. Preocupação social.
d) Constituição do México (1917) e Weimar (1919). Influencia o Brasil em 1934
EX: direitos sociais refletem a preocupação (Artigo 6 , CF/88)
Art. 6º São direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a moradia, o transporte, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos desamparados, na forma desta Constituição.
 
 NEOCONSTITUCIONALISMO - Atual tipo de constitucionalismo. 
 
MARCOS HISTÓRIOS
- Mundo: pós 1945, criação da ONU (carta das nações unidas).
                    1948 - Declaração Universal dos Direitos Humanos (DUDH)  
                    1949 – criação da constituição da Alemanha ocidental (Lei fundamental de Bonn)., começa uma menção ao Princípio da Dignidade da Pessoa Humana
                    1951 – Tribunal (Em Nuremberg) que desenvolve uma rica jurisprudência na interpretação dos direitos fundamentais na Alemanha (Tribunal Constitucional Federal da Alemanha).
- Brasil: na época do pós-guerra, o Brasil vive uma instabilidade.  Pós-1988 – Artigo 1º inciso III: Dignidade da Pessoa Humana. Fundamento central da República Federativa. Redemocratização.
Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos:
III - a dignidade da pessoa humana;
 
MARCOS TEÓRICOS -  Assuntos que integram o novo momento do direito constitucional.
- Dignidade da Pessoa Humana: baseado em Kant – separa pessoas e coisas, cada um com seu comportamento. As coisas funcionam de acordo com a lógica do imperativo Hipotético (as coisas servem para que alcancemos finalidades) e as pessoas funcionam de acordo com o imperativo Categórico (as pessoas são fins em si mesmo). Na época do nazismo, existiu um processo de coisificação das pessoas. As pessoas têm uma dignidade, não um preço.
-Princípios Jurídicos: etapa de ascensão da força normativa dos princípios. Existem colisões.
-Fundamentação das decisões tomadas pelo poder judiciário
-Proliferação dos tribunais constitucionais: todos os países deveriam ter um tribunal para fazer a interpretação e proteger a constituição, sendo fiscal da mesma. Idealizado por Hans Kelsen.
 
MARCO FILOSÓFICO -  Marco filosófico chamado de Pós-positivismo (tenta gerar uma reunião entre os traços valiosos entre o jusnaturalismo e o positivismo; os valores do jusnaturalismo e a segurança jurídica por parte do positivismo). Conteúdo que tenta se aproximar da ideia de justiça, com a proteção do ser humano (DPH), mas ainda tendo a segurança jurídica. Reaproximação entre o direito e a moral, já que nem tudo pode ser jurídico (somente o jurídico levou às leis discriminatórias de Nuremberg).
-Exemplo: decisão do STF, com efeito vinculante, sobre a permissão da tatuagem em concursos públicos, ressalvados os casos de tatuagens de valores discriminatórios.
                              
DIREITO CONSTITUCIONAL
 
José Afonso da Silva: “Ramo do direito público (1) que expõe, interpreta e sistematiza (2) os princípios e normas (3) fundamentais do Estado (4)”. 
1 – Princípio da Legalidade, oriundo do Direito Público: o Estado só pode fazer o que a Lei disser. 
2 – A disciplina do Direito Constitucional tem como objeto a Constituição Federal de 5/10/1988.
3 – Normas = regras (requisitos para ministro, idade mínima , etc) e princípios (liberdade profissional x privacidade , expressos no artigo 5º da CF)
4 – Fundamentais : Títulos I (Artigos 1-4) e II (Artigos 5-17) 
DIREITO PÚBLICO: princípio base é o principio da legalidade, que é associado ao Estado de direito. Estado só pode agir de acordo com a lei, sendo a mais importante delas a Constituição, não podendo nenhuma lei contradizer a constituição. Direito constitucional é a base do direito público.
DIREITO PRIVADO: o principio central é a autonomia da vontade, liberdade para fazer qualquer coisa, se não houver algum tipo de vedação legal.  
 
ESPÉCIE DE DIREITOS CONSTITUCIONAL - PAOLO BISCARETTI DI RUFFIA
 
DIREITO CONSTITUCIONAL GERAL - assuntos comuns, usuais de diversos países. –Exemplo: Poder constituinte (como fazer e alterar as constituições); controle de constitucionalidade (proteção da constituição); interpretação da constituição.
DIREITO CONSTITUCIONAL POSITIVO/PARTICULAR - preocupação com uma realidade constitucional específica.
DIREITO CONSTITUCIONAL COMPARADO -  tentativa de analisar mais de uma realidade constitucional, vendo prós e contras.
CLASSIFICAÇÃO DAS CONSTITUIÇÕES (CRITÉRIOS)
QUANTO AO PROCESSO DE MUDANÇA:
- Super-rígida: Alexandre de Moraes. Traz uma blindagem para uma parte de seu conteúdo, imuniza algumas partes chamadas Cláusulas Pétreas. Imune às mudanças constitucionais.
- Rígida: Não se confunde com imutabilidade. Passa por um processo de mudança maissolene e mais rigoroso, caso seja comparada com as demais leis, como, por exemplo, a lei ordinária. Conduz ao conceito de supremacia constitucional.
- Flexível: Não há diferença no processo de mudança entre a constituição comparada com outras leis. 
(Exemplo: Itália no século XIX, Estatuto Albertino. Não é mais utilizada.)
- Semirrígida: parte do seu conteúdo marcada pela rigidez e a outra, marcada pela flexibilidade. 
(Exemplo: Na Constituição Imperial de 1824, era expresso que tinha uma parte flexível e outra rígida, sendo constitucional apenas o que organiza o poder e a garantia de direitos).
QUANTO À FORMA: 
 A forma é considerada Escrita/sistematizada, quando temos um documento único, bem organizado. (Exemplo: Brasil – Preâmbulo, parte Permanente e ADCT)
 A forma é considerada Não escrita/assistemática , também chamadas de constituições históricas, quando a matéria é disseminada de forma plural, em várias fontes. (Exemplos: Inglaterra, Israel e Nova Zelândia.)
 A Inglaterra , que possui um formato assistemático/não-escrito , tem uma pluralidade de fontes , entre elas; Princípios , decisões judiciais e textos escritos (em sua maioria esparsos), tendo como exemplo de textos a Magna Carta (principalmente o Artigo 39).
OBS: Constituições Escritas/Sistematizadas = Natureza Formal e Dogmática.
 Constituições Não-Escitas/Assistematizadas = Natureza Material e Histórica.
A Constituição Federal Brasileira atual é considerada rígida , super-rígida e escrita/sistematizada. A mudança é feita por meio de Emendas Constitucionais, como prevê o Artigo 60; primeiro estabelecendo os critérios para a apresentação e depois os critérios para a aprovação. 
 Já foram feitas 92 emendas até agora. A Constituição Federal de 1988 também pode ser considerada super-rígida, pois têm cláusulas pétreas, limitações materiais ao poder de reforma da constituição de um Estado. Em outras palavras, são dispositivos que não podem ter alteração, nem mesmo por meio de emenda, tendentes a abolir as normas constitucionais relativas às matérias por elas definidas. 
OBS: Está prevista no Artigo 61 o processo de apresentação e aprovação das leis ordinárias. Para que haja a apresentação de um projeto de lei ordinária basta que seja obtida a maioria simples (metade + 1 dos presentes) e um turno em cada casa (Câmara e Senado)
Art. 60. A Constituição poderá ser emendada mediante proposta:
I - de um terço, no mínimo, dos membros da Câmara dos Deputados ou do Senado Federal;
II - do Presidente da República;
III - de mais da metade das Assembleias Legislativas das unidades da Federação, manifestando-se, cada uma delas, pela maioria relativa de seus membros.
§ 1º A Constituição não poderá ser emendada na vigência de intervenção federal, de estado de defesa ou de estado de sítio.
§ 2º A proposta será discutida e votada em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, considerando-se aprovada se obtiver, em ambos, três quintos dos votos dos respectivos membros.
§ 3º A emenda à Constituição será promulgada pelas Mesas da Câmara dos Deputados e do Senado Federal, com o respectivo número de ordem.
§ 4º Não será objeto de deliberação a proposta de emenda tendente a abolir:
I - a forma federativa de Estado;
II - o voto direto, secreto, universal e periódico;
III - a separação dos Poderes;
IV - os direitos e garantias individuais.
§ 5º A matéria constante de proposta de emenda rejeitada ou havida por prejudicada não pode ser objeto de nova proposta na mesma sessão legislativa.
QUANTO Á SUA EXTENSÃO – É a classificação de constituições em relação a extensão (tamanho) das constituições, existem as sintéticas e as analíticas.
-Constituições Sintéticas: Tendo um dos maiores exemplos a Constituição dos EUA (1787) , que foi acompanhada por um conjunto de 10 emendas constitucionais (“Bill of Rights”) em 1791, são constituições pequenas , que se limitam a normas bem gerais e breves , não buscando se aprofundar em detalhes, dando à Suprema Corte bastante espaço para a interpretação constitucional ( não consta explicitamente na Constituição Americana que o judiciário interpreta a constituição, mas sim no Caso Marbury x Madison, onde é dito que “cabe ao poder judiciário interpretar e proteger a Constituição”), decidindo casos e criando o sistema de precedentes. 
OBS: A Teoria dos Separados mas Iguais foi uma teoria polêmica americana que acreditava que a igualdade só seria alcançada com a separação entre brancos e negros (ônibus, escolas, shows) , sendo inicialmente aceita pela Suprema Corte no fim do século XVIII e , devido aos movimentos sociais em meados do século XX, em 1954, eles voltaram atrás. 
-Constituições Analíticas: Tem como exemplo a Constituição Federal de 1988, tendo uma grande extensão , com 350 artigos (250 no Corpo Permanente + 100 no ADCT), onde eles não se limitam a generalidade, com normas mais detalhadas e minuciosas. 
 A Constituição Federal de 88 , no seu período de elaboração (87-88) foi feita durante um período de redemocratização logo após a Ditadura Militar, onde o principal foco era garantir a segurança jurídica , a não restrição dos direitos e está explícito na Constituição que cabe ao judiciário a proteção e a interpretação da mesma. Por ser mais detalhada, as Constituições Analíticas tem menor espaço de interpretação, devido ao grande número de normas mais específicas.
QUANTO À ORIGEM – Existem dois tipos de constituições quanto à origem. Temos as constituições outorgadas e as constituições promulgadas.
-Constituições Outorgadas: Foi uma Constituição que teve origem através da imposição, foi outorgada, geralmente possuem caráter autoritário (períodos turbulentos , de autoritarismo) , tendo como exemplo aqui no Brasil as Constituições de 1824 (Império) , 1937 (Estado Novo) , e as de 1967 e 1969* (Ditadura Militar , sendo a de 69 a Emenda Constitucional I).
-Constituições Promulgadas: Foram constituições que tiveram um certo grau ( maior ou menor ) de participação popular, tendo um caráter mais democrático , havendo debates constitucionais sobre a elaboração do diploma, tendo como exemplo no Brasil as Constituições de 1891 ( República Velha ) , 1934 (Antes do Estado Novo), 1946(Após o Estado Novo, retomada de 1934) e a atual Constituição da República Federativa do Brasil de 1988 (Constituição Cidadã, após a Ditadura Miitar).
EFICÁCIA E APLICABILIDADE DAS NORMAS CONSTITUCIONAIS 
PLANOS NORMATIVOS: Existem três tipos básicos de planos normativos, sendo eles a existência , a validade e a eficácia.
-Exemplo 1: A abertura de uma conta bancária por um menor de 17 anos sem assistência do responsável é um ato inválido, não possuindo validade.
-Exemplo 2: Caso um advogado queira representar um cliente , o mesmo necessita de uma procuração, que precisa estar devidamente assinada pelo cliente, pois se não estiver assinada , o ato da representação será inexistente.
CLASSIFICAÇÃO ENTRE EFICÁCIA JURÍDICA E EFICÁCIA SOCIAL – A eficácia jurídica busca exercer seus efeitos no campo normativo. Nos anos 60 , alguns autores acreditavam que certas normas não gozavam de eficácia jurídica, trazendo insegurança ao ordenamento jurídico, onde José Afonso da Silva escreveu, em 1967, o livro “Aplicabilidade das Normas Constitucionais”, onde dizia que toda e qualquer norma constitucional possui eficácia jurídica, tendo como diferença apenas seu grau de eficácia. As normas constitucionais possuem dois efeitos: o de revogação, caracterizada por uma relação horizontal , onde uma norma constitucional nova revoga a norma constitucional mais antiga e o efeito de parâmetro de constitucionalidade, onde caso uma norma infraconstitucional vá de encontro com uma norma constitucional, a mesma se tornará inconstitucional.
-Aplicabilidade Plena: As normas de eficácia plena são as mais completas , pois possuem aplicabilidade direta, imediata e integral , trazendo tudo que é necessário para a sua própria aplicabilidade.
Ex: CF 88/Art. 2º - São Poderes da União, independentes e harmônicos entre si, o Legislativo,o Executivo e o Judiciário.
-Aplicabilidade Contida: Na norma de eficácia contida , ela traz o que é necessário para a sua aplicabilidade, sendo direta e imediata, mas é possível que caso surja uma nova lei , a mesma pode restringir a aplicabilidade da norma constitucional , sendo assim possivelmente não integral. A norma de eficácia contida , pode ser chamada também de norma de eficácia contível ou restringível, pois assim é deixado com maior clareza a potencialidade da restrição.
Ex: Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
XIII - é livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão, atendidas as qualificações profissionais que a lei estabelecer;  
-Aplicabilidade Limitada: A norma de eficácia limitada possui aplicabilidade indireta, mediata e reduzida, havendo a expectativa e dependência de outra lei infraconstitucional, para que quando essa lei vier , a norma constitucional possa ser aplicada.
 A norma de eficácia limitada de Princípio Institutivo, é quando temos uma norma de eficácia limitada preocupada com a criação/instituição de um órgão ou entidade , para que seus efeitos sejam aplicados.
 A norma de eficácia limitada de Princípio Programático, são aquelas que estabelecem objetivos para o futuro, estabelecendo um objetivo/meta que deva ser cumprida/alcançada no futuro.
Ex: Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, também, ao seguinte:
VII - o direito de greve será exercido nos termos e nos limites definidos em lei específica;
ADIO/ AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE POR OMISSÃO E MI/MANDADO DE INJUNÇÃO- Criados pela Constituição de 1988 , com o objetivo de tentar combater a inércia do poder público diante das normas de ineficácia limitada (não criação das leis), sendo usadas para combater a mora (atraso) legislativa do poder público, também chamada de síndrome da inefetividade das normas constitucionais.
 -Leis da ADIO e do MI:A lei da ADIO só foi criada em 2009 (Lei 9868/99 , alterada em 2009 para tratar da ADIO) , e o Mandado de Injunção só passou a contar com lei própria em 2016 (Lei 13.300/16)
-Previsão na CF/88: O mandado de injunção está presente no Artigo 5º, Inciso LXXI da Constituição Federal de 1988.
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
LXXI - conceder-se-á mandado de injunção sempre que a falta de norma regulamentadora torne inviável o exercício dos direitos e liberdades constitucionais e das prerrogativas inerentes à nacionalidade, à soberania e à cidadania;
Já a ADIO está prevista no Artigo 103, Parágrafo 2º, na Constituição Federal de 1988.
Art. 103. Podem propor a ação direta de inconstitucionalidade e a ação declaratória de constitucionalidade:
§ 2º Declarada a inconstitucionalidade por omissão de medida para tornar efetiva norma constitucional, será dada ciência ao Poder competente para a adoção das providências necessárias e, em se tratando de órgão administrativo, para fazê-lo em trinta dias. 
-Legitimidade Ativa: Quem pode usar o mandado de injunção é qualquer pessoa física ou jurídica, acompanhada de um advogado, onde trate de uma norma que não existe ainda. Apenas quem pode propor uma ADIO são as pessoas que exercem os cargos citados no Artigo 103 da Constituição Federal de 1988. 
Art. 103. Podem propor a ação direta de inconstitucionalidade e a ação declaratória de constitucionalidade:
 I - o Presidente da República;
II - a Mesa do Senado Federal;
III - a Mesa da Câmara dos Deputados;
IV a Mesa de Assembléia Legislativa ou da Câmara Legislativa do Distrito Federal;  
V - o Governador de Estado ou do Distrito Federal;  
VI - o Procurador-Geral da República;
VII - o Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil;
VIII - partido político com representação no Congresso Nacional;
IX - confederação sindical ou entidade de classe de âmbito nacional.
-Competência de Processar + Julgar: Cabe apenas ao STF julgar casos de ADIO, enquanto quando tratamos de MIs , o tribunal que irá julgar o Mandado de Injunção será o que está de acordo com a autoridade envolvida que emitiu o pedido (Governador , Procurador-Geral , etc).
-Efeitos: No Mandado de Injunção seus efeitos atingem as partes do processo (efeitos ”interpartes”), podendo, excepcionalmente, ter eficácia ampliada. 
 Ex: Enfermeira que procurava sua aposentadoria especial, mas não existia uma lei e foi aplicada a analogia para uma lei similar. 
 Já na ADI por omissão o efeito é aplicável para todos (“erga omnes”).
 Ex: Tributário, Imposto sobre Grandes Fortunas.
CONCEPÇÕES DE CONSTITUIÇÃO – A visão de alguns autores através de diferentes visões diante da Constituição.
CONCEPÇÃO SOCIOLÓGICA (FERDINAND LASSALE) - Concebida no Século XIX , por Ferdinand Lassale, é a concepção de constituição mais antiga, onde o mesmo diz que “A Constituição seria a soma ou conjunto dos fatores reais de poder de uma sociedade”. Os fatores reais de poder são as forças mais ativas da sociedade , como as forças políticas, militares, econômicas e religiosas, onde o que tais forças dizem e defendem acabam sendo mais preponderantes que a própria Constituição, ou seja, “caso haja um choque entre essas forças e a Constituição, a mesma vira apenas uma mera folha de papel” (Lassale).
 Trazendo a concepção sociológica para os dias atuais, podemos observar na CF/88, o já revogado parágrafo 3º do Artigo 192 da Constituição, que era uma norma de aplicabilidade limitada, cuja lei complementar nunca foi feita (pressão por parte das forças econômicas), sendo revogada na Emenda Constitucional 40 /03.
 Outro exemplo seria na sanção a ser aplicada para a Presidente da República Dilma Rousseff ser impeachmada, que não foi aplicada de forma completa , mas sim dividida (não foram aplicados os 8 anos de inelegibilidade), devido a pressões e influência do poder político.
Art. 192. O sistema financeiro nacional, estruturado de forma a promover o desenvolvimento equilibrado do País e a servir aos interesses da coletividade, em todas as partes que o compõem, abrangendo as cooperativas de crédito, será regulado por leis complementares que disporão, inclusive, sobre a participação do capital estrangeiro nas instituições que o integram.
§ 3º, que limitava os juros remuneratórios ou compensatórios ao patamar de 12% ao ano. (Revogado)
CONCEPÇÃO POLÍTICA (CARL SCHMITT) – Desenvolvida nos anos 30, por Carl Schmitt, também chamada de Concepção Decisionista, definia que Constituição era aquilo que definia as decisões políticas fundamentais, onde tais decisões deveriam ser separadas das “meras” leis constitucionais. Para isso ser feito, alguém (O Guardião da Constituição, o Chefe de Estado) deveria interpretar o significado da Constituição, definindo o que são decisões políticas fundamentais e o que eram as leis constitucionais, sendo o último intérprete, tendo mais legitimidade , pois foi escolhido popularmente.
 Foi uma concepção formulada na Alemanha nos anos 30, servindo de inspiração e base para a ascensão do Governo Nazista que se instaurou na Alemanha. A concepção política de Carl Schmitt foi contraposta pela concepção jurídica de Hans Kelsen.
 No Brasil, essa diferença entre o mais e menos importante, recorre a seguinte diferenciação, onde temos as normas materialmente constitucionais (Direitos Fundamentais), sendo normas que devem estar na Constituição , sendo que convivem com as normas apenas formalmente constitucionais (Ex: Colégio Pedro II ),que são as normas que não deveriam estar na Constituição.
CONCEPÇÃO “JURÍDICA”/NORMATIVISTA (HANS KELSEN) – Formulada por Hans Kelsen , através da célebre obra “Teoria Pura do Direito”, diz que se incomoda com o que Kelsen chama de sincretismo metodológico, que é uma grande confusão pois várias áreas do conhecimento estavam disputando sobre qual era o objeto do Direito. Dentre os vários objetos (costumes, valores , princípios, justiça), Kelsen escolheu as Leis/Normas Jurídicas, pois era o único recorte do Direito capaz de conceber uma Teoria Pura do Direito, sendo o foco do estudo do jurista. 
 Kelsen faz sua lógica através da Pirâmide da Hierarquia Normativa, onde as normas presentes na Constituição ocupam o topo desta pirâmide, enquanto as decisões/normas individualizadas, ocupam a base da pirâmide.
 “Nós respeitamos a Constituição graças à Norma Hipotética Fundamental”. A NHF é uma ficção jurídica, não sendo concreta, palpável ou manuseável, mas , por ser uma ficção jurídica, traz uma frase que é: deve-se obedecer a Constituição. Acreditando assim que a Teoria Pura do Direito era a única forma de conceber o Direito como uma ciência. A Constituição para Kelsen é o ápice de uma ordem jurídica escalonada.
 Para Kelsen, diferentemente de Schmitt, o Guardião da Constituição não seria o Chefe de Estado, mas sim o Tribunal Constitucional (A Suprema Corte, que se aproxima do STF no Brasil).
 A Concepção Jurídica se divide em dois sentidos: o Lógico-Jurídico (NHF), onde aproximamos a Constituição da Norma Hipotética Fundamental, pois é através da Norma Hipotética Fundamental que respeitamos a própria Constituição, e o sentido Jurídico-Positivo, onde em vez de privilegiarmos a NHF, valorizamos a posição privilegiada que uma Constituição ocupa dentro de um ordenamento jurídico.
CONCEPÇÃO DIRIGENTE (GOMES CANOTILHO) – Concebida em 1982, o debate era qual seria o papel das constituições, e Canotilho disse que a Constituição tinha o papel de conduzir a sociedade à um outro patamar, repleta de metas e objetivos a serem alcançados futuramente pela sociedade para alterar positivamente a própria sociedade. 
 Esta Constituição dependeria do legislador (através das criações de metas, inclusas nas leis), onde tal concepção serviu de inspiração para a confecção da CF/88 durante as Assembleias Constituintes, sendo o Artigo 3º um exemplo da inspiração na Concepção Dirigente.
 Art. 3º Constituem objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil:
 I - construir uma sociedade livre, justa e solidária;
II - garantir o desenvolvimento nacional;
III - erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais;
IV - promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação.
 Com o passar dos anos , o próprio Canotilho acabou modificando um pouco sua teoria, onde no Segundo Momento da Concepção Dirigente, sua teoria se torna mais cuidadosa e menos otimista, devido à frustração do autor sobre os rumos tomados da sociedade.
OBS: Ao analisarmos a Constituição Federal de 1988 , podemos concluir que a mesma é profundamente baseada na Concepção Dirigente de Gomes Canotilho.
CONCEPÇÃO SIMBÓLICA (MARCELO NEVES) – Foi uma concepção fundamentada através de uma crítica feita por Marcelo Neves, que serve como uma denúncia do uso “vazio” da Constituição, no livro “Constitucionalização Simbólica”, onde é dito que a Constituição tem um valor simbólico, porém sendo um símbolo vazio , cuja função e razão da inserção de direitos é neutralizar as expectativas sociais. 
 É criticada a inserção de direitos na Constituição, pois acaba servindo como um álibi para os políticos , pois dá uma falsa ideia de que os problemas existentes estão ou serão resolvidos por estarem presentes na Constituição. Um dos exemplos presentes na CF/88 é o Artigo 6º, cuja parte onde citam direito a moradia, alimentação e transporte não estavam originalmente previstas na Constituição, sendo inclusas através de Emendas Constitucionais, como se o parlamentar ao inserir tais direitos , “lava suas mãos”, neutralizando as expectativas sociais.
Art. 6º São direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a moradia, o transporte, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos desamparados, na forma desta Constituição.
 Marcelo Neves, na verdade, faz uma crítica para nos alertarmos a não usar a Constituição apenas de forma simbólico, evitando assim o simbolismo constitucional.
CONCEPÇÃO ONTOLÓGICA (KARL LOEWENSTEIN) – Através dessa concepção , Karl Loewenstein divide as constituições em três tipos: Normativas (Melhor) , Nominais (Intermediária) e Semânticas (Pior). Ele divide as constituições, devido a sua capacidade de acompanhar a dinâmica do processo político.
 As Constituições Normativas tem uma plena adequação entre o acompanhamento do processo político e suas normas havendo uma completa harmonia entre a Constituição e a sociedade, onde a sociedade respeita todas as normas estabelecidas pela Constituição, tendo como exemplo uma roupa que veste perfeitamente na sociedade.
 As Constituições Nominais possuiriam uma adequação parcial entre sua normas e o acompanhamento do processo político , onde parte do seu conteúdo não é respeitada pela sociedade, visando o avanço para se tornar uma Constituição Normativa (Constituição Brasileira de 1988, por exemplo). Sendo exemplificada por Loewenstein como uma “roupa um pouco folgada ou apertada demais”.
 As Constituições Semânticas tem como característica a incapacidade de suas normas de acompanharem o processo político, ou seja ela serve como um disfarce , geralmente não sendo respeitadas pela sociedade, tendo como exemplo as Constituições de 1937 (Polaca) e a de 1967/1969.
POSIÇÃO DOUTRINÁRIA INÉDITA – Com base na concepção culturalista, que toma o Direito como objeto cultural e parte da cultura, porque o Direito é um produto da atividade humana. A partir disso, Meirelles Teixeira, em seu livro “Curso de Direito Constitucional” concebe sua Concepção de Constituição Total, em que a Constituição é a “expressão da cultura total em determinado momento histórico, e elemento configurante de outras partes da cultura.” 
 O autor a considera pertinente , pois foge da unilateralidade das outras concepções estudadas em sala (jurídico-normativista, sociológica, política) e faz uma conexão entre elas afirmando que a Constituição é um conjunto de normas jurídicas fundamentais condicionadas pela cultura e dela condicionantes; reflete aspectos políticos , sociais e morais.
HISTÓRIA DO PODER CONSTITUINTE – Tendo como principal autor e influente , Emmanuel Sieyes (Contemporâneo da França perto da Revolução Francesa), ele consegue diferenciar os momentos de criação e modificação da constituição, onde a etapa de criação possui maior importância.
 No período anterior à Revolução Francesa, os votos eram feitos por bancadas , divididas em 3 Estados, o 1º Estado (Clero), 2º Estado (Nobreza) e o 3º Estado (Burguesia e o Povo), onde cada Estado valia por um voto , mesmo que a Burguesia e o Povo faziam parte da maioria esmagadora da população francesa.
 Através dessa situação , Sieyes , ao escrever o livro “O Que É O Terceiro Estado?”, ele diz: ”O Terceiro Estado é tudo, tem sido nada, e pretende ser alguma coisa.” Através dessa frase ele acredita que é necessária a criação de uma nova constituição na França, conceituando que Poder Constituinte é  o poder de criar, modificar, revisar, revogar ou adicionar algo à Constituição do Estado, sendo a nação francesa titular do Poder Constituinte, onde os representantes extraordinários serão responsáveis por representar a nação ao titularizarem o Poder Constituinte. 
PODER CONSTITUINTE ATUALMENTE – É dividido em duas partes: o PCO e o PCD.
PODER CONSTITUINTE ORIGINÁRIO (PCO) - É a forma atual de classificar o poder constituinte, que ao se manifestar, é responsávelpor criar uma nova Constituição e uma nova ordem política, possuindo maior relevância que o outro tipo de Poder Constituinte.
 O PCO possui 4 características conectadas a ele: sendo um poder inicial, ilimitado, incondicionado e autônomo.
-Inicial: É inicial, pois acaba criando uma nova ordem jurídica no Brasil, onde tudo que havia antes é reinterpretada à luz de uma nova Constituição, mantendo ou revogando leis antigas de acordo com seu encaixe, adequação e compatibilidade com a nova Constituição.
-Ilimitado, Incondicionado e Autônomo: Todas essas características tem como objetivo dizer que o PCO não possui restrições no seu momento de criação da Constituição, onde o PCO não é condicionado por nada ou ninguém, não possui limites e tem autonomia completa, exercendo assim a soberania do Estado.
 PODER CONSTITUINTE DERIVADO (PCD) - É a forma que atua dentro de uma ordem política já desenhada e em obra já criada, alterando , modificando, revogando e adicionando algo à Constituição do Estado. O PCD possui características diferentes do PCO sendo um poder de natureza secundária (é praticado depois da do PCO), limitado, condicionado e heterônomo (possuindo assim restrições , tendo que se adequar de acordo com a manifestação prévia do PCO e a Constituição criada já existente em vigor).
-Poder Constituinte Derivado Reformador: O objetivo do PCD Reformador é modificar a nossa Constituição, trazendo algum tipo de atualização para a CF , como , por exemplo, as Emendas Constitucionais e a Revisão Constitucional.
 As Emendas Constitucionais tratam , teoricamente de mudanças específicas na CF , onde as condições para a elaboração e aprovação da Emenda Constitucional estão previstas no Artigo 60 da CF/88.
 A Revisão Constitucional ocorreu dentro de 5 anos após a Promulgação da CF88, em 1993, sendo uma experiência frustrada , pois gerou apenas a promulgação de 6 ECRs (Emendas Constitucionais de Revisão), e tem como principal objetivo alterar as normas constitucionais, que, devido o passar do tempo, tenham se tornado antiquadas, ou mesmo que tenham instituídos princípios exagerados ou conflitantes com outras regras, com o objetivo de clarear o escopo principal da Constituição, definindo assim sua linha de normas, determinadas pelo próprio texto constitucional. Suas condições estão previstas no Artigo 3º da ADCT da CF/88.
Art. 3º. A revisão constitucional será realizada após cinco anos, contados da promulgação da Constituição, pelo voto da maioria absoluta dos membros do Congresso Nacional, em sessão unicameral.
-Poder Constituinte Derivado Decorrente: O PCD Decorrente tem dois objetivos: criar e modificar as Constituições Estaduais. Na Bahia, a nossa Constituição Estadual considera o 2 de Julho como data magna e a cidade de Cachoeira é um centro de resistência histórica, fazendo todo o sentido apenas para o povo Baiano.
TITULARES DO PODER CONSTITUINTE – Hoje em dia, os titulares do Poder Constituinte são o próprio povo, o que está previsto no Artigo 1º da CF/88.
Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos: 
Parágrafo único. Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição.
I - a soberania;
II - a cidadania
III - a dignidade da pessoa humana;
IV - os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa;
V - o pluralismo político.
REPRESENTANTES DO PODER CONSTITUINTE – Atualmente , os representantes são os parlamentares do Poder Constituinte , onde uma vez tendo sido eleitos pelo povo, os próprios parlamentares votam entre si para definir quem irá compor o corpo de parlamentares constituintes , responsáveis por criar a nova Constituição.
TITULARIDADE X EXERCÍCIO – Enquanto titularidade é a fonte de legitimidade do exercício do poder , sendo do titular que emana tal legitimidade, legitimando o exercício, porém na prática , essa fonte convive com o exercício , ou seja o exercício é justamente quem , na prática, irá desempenhar este poder.
-Titularidade x Exercício do PCO: O titular do PCO é o povo, pois é graças ao povo que este poder é exercido com legitimidade, sendo que o exercício do PCO pode ocorrer de duas formas: mediante Outorga , que tal exercício acaba gerando uma Constituição Outorgada (1824,1937,1967/69) , onde alguém impõe (de forma geralmente indesejada pelo povo) de forma unilateral um novo texto constitucional, e mediante Convenção, onde quem exerce é a Assembleia Nacional Constituinte (ANC), onde um grupo de pessoas e parlamentares se reúnem e servem como porta-vozes do povo , guardando a legitimidade do exercício do poder (CF/88).
Titularidade x Exercício do PCD Reformador e Decorrente: Em ambas as situações , o titular do PCDR e PCDD é o povo que compõe o Estado.
 O exercício do PCD Reformador é feito pelo Congresso Nacional (Senado e Câmara dos Deputados Federais) através das Emendas Constitucionais e da Revisão Constitucional (ocorrida em 1993).
 Já o PCD Decorrente é exercido pela Assembleia Legislativa de cada Estado, composta pelos Deputados Estaduais , onde cada Assembleia terá seus poderes constituintes, que serão exercidos pela Assembleia Legislativa , através da criação e posterior alteração da Constituição Estadual.
LIMITES DOS PODERES CONSTITUINTES 
LIMITES DO PCO - Na visão positivista do PCO, afirma-se que o PCO é ilimitado, sendo assim um fato inalterável. Porém vimos que o PCO pode se alterar através de tratados internacionais já celebrados , pois possuem uma importância relativamente maior e através do Princípio da Proibição do Retrocesso Social, pois faz parte da caminhada evolutiva dos Direitos Fundamentais e da sociedade, protegendo assim mais direitos como defender a permanência da liberdade , o não retorno da escravidão, os direitos das mulheres e a aplicação da pena de morte apenas em casos de guerra declarada.
LIMITES DO PCD REFORMADOR - São limites das Emendas Constitucionais , divididos em duas grandes categorias : Limites Expressos e Impícitos.
Limites Expressos são os limites mencionados pela própria Constituição , se separando em:
 -Limites Expressos Temporais : (há um intervalo de tempo dentro do qual não seria possível a mudança constitucional, como se fosse uma “autoblindagem” temporal da CF), tendo como exemplo a Constituição Imperial de 1824 , que não permitia a alteração nos primeiros 4 anos de sua vigência. Alguns autores possuem outro sentido para o limite expresso temporal, acreditando que a Revisão Constitucional é uma expressão de limite expresso temporal.
 -Limites Expressos Circunstanciais: são limites impostos em situações de instabilidade institucional, impedindo as mudanças na CF , que ocorrem em casos de Intervenção Federal (ocorre uma suspensão temporária da autonomia política de um ente da federação, Art 34 a 36) , Estado de Defesa e Estado de Sítio (Artigos 136-141 da CF), que são situações de tamanha instabilidade onde há restrições à Direitos Fundamentais em nome da preservação do próprio Estado, sendo o Estado de Sítio dotado de medidas mais gravosas.
Art. 34. A União não intervirá nos Estados nem no Distrito Federal, exceto para:
I - manter a integridade nacional;
II - repelir invasão estrangeira ou de uma unidade da Federação em outra;
III - pôr termo a grave comprometimento da ordem pública;
IV - garantir o livre exercício de qualquer dos Poderes nas unidades da Federação;
V - reorganizar as finanças da unidade da Federação que:
a) suspender o pagamento da dívida fundada por mais de dois anos consecutivos, salvo motivo de força maior;
b) deixar de entregar aos Municípios receitas tributárias fixadas nesta Constituição, dentro dos prazos estabelecidos em lei;
VI - prover a execução de lei federal, ordem ou decisão judicial;
VII - assegurar a observância dos seguintes princípios constitucionais:
a) forma republicana, sistema representativo e regime democrático;
b) direitosda pessoa humana;
c) autonomia municipal;
d) prestação de contas da administração pública, direta e indireta.
e) aplicação do mínimo exigido da receita resultante de impostos estaduais, compreendida a proveniente de transferências, na manutenção e desenvolvimento do ensino e nas ações e serviços públicos de saúde. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 29, de 2000)
Art. 35. O Estado não intervirá em seus Municípios, nem a União nos Municípios localizados em Território Federal, exceto quando:
I - deixar de ser paga, sem motivo de força maior, por dois anos consecutivos, a dívida fundada;
II - não forem prestadas contas devidas, na forma da lei;
III – não tiver sido aplicado o mínimo exigido da receita municipal na manutenção e desenvolvimento do ensino e nas ações e serviços públicos de saúde; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 29, de 2000)
IV - o Tribunal de Justiça der provimento a representação para assegurar a observância de princípios indicados na Constituição Estadual, ou para prover a execução de lei, de ordem ou de decisão judicial.
Art. 36. A decretação da intervenção dependerá:
I - no caso do art. 34, IV, de solicitação do Poder Legislativo ou do Poder Executivo coacto ou impedido, ou de requisição do Supremo Tribunal Federal, se a coação for exercida contra o Poder Judiciário;
II - no caso de desobediência a ordem ou decisão judiciária, de requisição do Supremo Tribunal Federal, do Superior Tribunal de Justiça ou do Tribunal Superior Eleitoral;
III - de provimento, pelo Supremo Tribunal Federal, de representação do Procurador-Geral da República, na hipótese do art. 34, VII, e no caso de recusa à execução de lei federal. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
IV - (Revogado pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
§ 1º O decreto de intervenção, que especificará a amplitude, o prazo e as condições de execução e que, se couber, nomeará o interventor, será submetido à apreciação do Congresso Nacional ou da Assembléia Legislativa do Estado, no prazo de vinte e quatro horas.
§ 2º Se não estiver funcionando o Congresso Nacional ou a Assembléia Legislativa, far-se-á convocação extraordinária, no mesmo prazo de vinte e quatro horas.
§ 3º Nos casos do art. 34, VI e VII, ou do art. 35, IV, dispensada a apreciação pelo Congresso Nacional ou pela Assembléia Legislativa, o decreto limitar-se-á a suspender a execução do ato impugnado, se essa medida bastar ao restabelecimento da normalidade.
§ 4º Cessados os motivos da intervenção, as autoridades afastadas de seus cargos a estes voltarão, salvo impedimento legal.
 -Limites Expressos Formais: se preocupam com as regras do processo legislativo de criação de Emendas Constitucionais, previstas no Artigo 60, havendo 3 fases: a Iniciativa, onde há a apresentação da PEC, tendo como objetivo descobrir quem pode elaborar uma PEC (Incisos I, II e III) ; a Constitutiva, que é a fase de discussão/deliberação da PEC, decidindo se a mesma será aprovada ou não ; e a Complementar, que é a fase onde há a publicação ou promulgação (uma “certidão de nascimento”, reconhecimento da regularidade do seu processo)e publicação (divulgação do ato de promulgação) de uma nova Emenda Constitucional, feitas pelas Mesas da Câmara e do Senado.
Art. 60. A Constituição poderá ser emendada mediante proposta:
I - de um terço, no mínimo, dos membros da Câmara dos Deputados ou do Senado Federal;
II - do Presidente da República;
III - de mais da metade das Assembléias Legislativas das unidades da Federação, manifestando-se, cada uma delas, pela maioria relativa de seus membros.
§ 1º A Constituição não poderá ser emendada na vigência de intervenção federal, de estado de defesa ou de estado de sítio.
§ 2º A proposta será discutida e votada em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, considerando-se aprovada se obtiver, em ambos, três quintos dos votos dos respectivos membros.
§ 3º A emenda à Constituição será promulgada pelas Mesas da Câmara dos Deputados e do Senado Federal, com o respectivo número de ordem.
§ 4º Não será objeto de deliberação a proposta de emenda tendente a abolir:
I - a forma federativa de Estado;
II - o voto direto, secreto, universal e periódico;
III - a separação dos Poderes; (funções típicas e atípicas dos poderes)
IV - os direitos e garantias individuais. (Espécie de Direitos Fundamentais)
§ 5º A matéria constante de proposta de emenda rejeitada ou havida por prejudicada não pode ser objeto de nova proposta na mesma sessão legislativa.
OBS: Diferentemente da Proposta de Lei comum, na PEC não é possível que haja o veto presidencial.
-Limites Materiais: são os conteúdos protegidos em sua essência, não necessariamente inalteráveis, mas cuja essência é protegida, tendo como exemplo desses limites as Clausulas Pétreas, que são limites materiais explícitos do PCD Reformador (Ulisses e o canto da sereia), dando relevância a certos temas específicos, previstos no Parágrafo 4º do Artigo 60 da CF/88.
 Quando temos uma federação, respeitamos a autonomia política de seus entes (União, Estado, Município e Distrito Federal).
-Limites Implícitos: São os limites que são estabelecidos e sistematizados pela doutrina e são abraçados e endossados pela nossa jurisprudência, não possuindo previsão constitucional. O jurista Nelson Sampaio escreveu uma das mais famosas definições sobre os limites implícitos e uma obra chamada “O Poder de Reforma Constitucional”, que sistematiza os limites implícitos , recorrendo à lógica para estabelecer 4 categorias/assuntos que classificam os limites implícitos. 
 Normas Relativas ao titular do PCD, de acordo com Nelson Sampaio, “O PCD Reformador não pode dispor daquilo que não lhe pertence”, ou seja ele não pode modificar algo que está hierarquicamente acima dele.
 Normas Relativas ao titular do PCO, a mesma frase de Nelson Sampaio sobre o PCD Reformador também se aplica ao PCO , pois tais normas não podem ser alteradas, pois não é possível atuar acima da titularidade do povo.
 Normas relacionadas ao Processo de Mudança não seria possível mudar o próprio processo de mudança, pois assim violaríamos a vontade do Poder Constituinte Originário, onde só seria possível a mudança com o intuito de torná-lo mais difícil. Alguns países admitem esta tese , onde o Brasil é um país que , majoritariamente não admite tal tese.
 Direitos e Garantias Fundamentais só poderiam ser modificados caso a mudança proporcionasse uma ampliação nos Direitos e Garantias Fundamentais, de acordo com Nelson Sampaio.
LIMITES AO PCD DECORRENTE – Existem dois princípios relevantes que acabam por limitar o Poder Constituinte Derivado Decorrente , que são o Princípio da Simetria e os Princípios Sensíveis.
-Princípio da Simetria: Cada Estado é obrigado a respeitar a nossa CF/88 quando se trata de certos temas e assuntos, o, mas têm autonomia política para tratar de outros assuntos (Presente no Artigo 25 da CF/88). Ou seja o Princípio da Simetria se baseia na necessidade da repetição de alguns assuntos da CF nas Constituições Estaduais conjugada com uma adaptação, onde os Estados repetem alguns temas da CF e os adaptam à sua realidade específica. Um exemplo disso seriam as CPIs (Comissão Parlamentar de Inquérito) , onde enquanto em âmbito nacional é o Congresso Nacional que instaura a CPI, nos Estados é a Assembleia Legislativa a responsável. Outro exemplo é que enquanto em âmbito nacional a única autoridade responsável por elaborar uma PL que reajuste a remuneração dos servidores públicos federais é o Presidente da República, nos Estados é o Governador que tem a função de reajustar a remuneração dos Servidores Públicos Estaduais.
OBS: A ideia de adaptação está expressa na frase em latim “mutatis mutandis”, que quer dizer “alterar o que for necessário”.
Art. 25. Os Estados organizam-se e regem-se pelas Constituições e leis que adotarem, observados os princípios desta Constituição.
-Princípios Sensíveis: Os 5 Princípios sensíveis estão presentes no Artigo 34 , Inciso VII da CF/88,que caso sejam desrespeitados irão gerar a pior sanção possível , que é a Intervenção Federal , onde a União interfere no Estado, suprimindo sua autonomia política. Eles foram definidos e conceituados por Francisco Cavalcanti Pontes de Miranda.
Art. 34. A União não intervirá nos Estados nem no Distrito Federal, exceto para:
VII - assegurar a observância dos seguintes princípios constitucionais:
a) forma republicana, sistema representativo e regime democrático;
b) direitos da pessoa humana;
c) autonomia municipal;
d) prestação de contas da administração pública, direta e indireta.
e) aplicação do mínimo exigido da receita resultante de impostos estaduais, compreendida a proveniente de transferências, na manutenção e desenvolvimento do ensino e nas ações e serviços públicos de saúde.  
PODER CONSTITUINTE DIFUSO – George Burdeau acredita que a própria sociedade também é responsável por interpretar a Constituição, juntamente com os outros órgãos oficiais, onde a interpretação da Constituição ocorre todos os dias pela sociedade (jurídica e não-jurídica), de forma indireta. Este Poder Constituinte traz mudanças informais , que ocorre através dos Procedimentos Informais de Mudança da Constituição, que é quando a Constituição não passa por uma mudança expressa/textual mas passa por uma alteração no sentido da Constituição, tendo como exemplo de mutação constitucional o Inciso XI (residência e local de trabalho) e LVII (Presunção de Inocência) do Artigo 5º e o Parágrafo 3º do Artigo 226 (união homoafetiva) da CF/88.
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
XI - a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela podendo penetrar sem consentimento do morador, salvo em caso de flagrante delito ou desastre, ou para prestar socorro, ou, durante o dia, por determinação judicial;  
LVII - ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença penal condenatória;
Art. 226. A família, base da sociedade, tem especial proteção do Estado.
§ 3º Para efeito da proteção do Estado, é reconhecida a união estável entre o homem e a mulher como entidade familiar, devendo a lei facilitar sua conversão em casamento.
 A sociedade brasileira possui ferramentas que a possibilita de atuar de forma direta nas decisões do STF, pela da Lei 9868/99 (Lei da ADI) através de duas instituições: 
-Amicus Curiae (Amigo da Corte): É um órgão ou entidade que tenha representatividade para poder pedir ao STF a sua atuação no processo da ADI, onde o Amigo da Corte pode fazer sustentação oral (que é o direito de falar diante do supremo) e juntar um parecer do processo/memoriais (tem o intuito de fortalecer sua tese para influenciar o STF). 
-Audiência Pública: É convocada pelo STF , publicando um edital eletrônico (onde o STF filtra os candidatos favoráveis e desfavoráveis à questão) , para que sejam ouvidas pessoas que tenham experiência e autoridade na matéria a ser discutida.
OBS: Geralmente os Amici Curiae são pessoas que tem amplo conhecimento jurídico , enquanto nas Audiências Públicas, os indivíduos convocados são os que tem alto conhecimento sobre o tema a ser discutido ( médicos, engenheiros , etc). 
 O livro “A Sociedade Aberta de Interpretação da Constituição”, escrito por Peter Haberle , foi quem introduziu no Direito Brasileiro os conceitos de Amicus/Amici Curiae e Audiência Pública.
PODER CONSTITUINTE SUPRANACIONAL – Na visão tradicional, o Estado é “o próprio fenômeno político por excelência” (O Príncipe de Maquiavel), onde seus elementos essenciais são o Povo, o Território e a Soberania (que é a chance do Estado de poder criar suas normas, sendo um poder absoluto e perpétuo, de acordo com Jean Bodin no livro Os 6 Livros da República) e seu principal texto é a sua Constituição (no caso do Brasil a CF de 5/10/88). 
 Autores contemporâneos acreditam que o Poder Constituinte não se limita apenas à um país , mas é algo internacionalizado , onde na nossa CF/88 temos o Artigo 4º , que já trata dos processos de integração regional e relações internacionais, fazendo com que o Brasil estivesse com uma visão nacional em concomitância com um visão internacional de integração regional.
Art. 4º A República Federativa do Brasil rege-se nas suas relações internacionais pelos seguintes princípios:
I - independência nacional;
II - prevalência dos direitos humanos;
III - autodeterminação dos povos;
IV - não-intervenção;
V - igualdade entre os Estados;
VI - defesa da paz;
VII - solução pacífica dos conflitos;
VIII - repúdio ao terrorismo e ao racismo;
IX - cooperação entre os povos para o progresso da humanidade;
X - concessão de asilo político.
Parágrafo único. A República Federativa do Brasil buscará a integração econômica, política, social e cultural dos povos da América Latina, visando à formação de uma comunidade latino-americana de nações.
 A visão de soberania absoluta e impositiva começa a ceder devido ao fato de que os próprios países concordam em se submeter à esfera internacional, tendo como exemplo o Artigo 5º , Parágrafo 4º da CF/88. (Submissão ao TPI, que julga ,em sua maioria, crimes contra a humanidade). No futuro , é possível que um dia essa pluralidade de Estados unidos possam unir um dia uma Constituição Internacional , como por exemplo uma Constituição da União Europeia.
 No Brasil , temos o STF como principal e última instância do judiciário brasileiro, e em termos internacionais, o Brasil segue a Corte Interamericana de Direitos Humanos.
§ 4º O Brasil se submete à jurisdição de Tribunal Penal Internacional a cuja criação tenha manifestado adesão. 
LEGISLAÇÃO ANTERIOR E NOVA CONSTITUIÇÃO – Sempre que uma lei anterior for comparada com a nova Constituição , é possível acontecerem duas situações: quando a lei anterior/antiga é compatível com a nova Constituição , e quando a lei anterior/antiga é incompatível com a Constituição, tendo que examiná-las à luz da nova Constituição
 Caso a lei seja compatível, a mesma continuará em vigor ,a lei será recepcionada, tendo como exemplo o Artigo 121 do Código Penal de 1940 , que até hoje está em vigência.
 Caso a lei seja incompatível, ela sofrerá revogação , não sendo recepcionada , tendo como exemplo a Lei de Imprensa , que estava em vigor durante a Ditadura Militar e teve sua vigência encerrada , pois o STF reconheceu a sua incompatibilidade diante da CF/88.
HERMENÊUTICA E INTERPRETAÇÃO CONSTITUCIONAL – Um dos primeiros a conceituar o tema, Carlos Maximiliano disse que Hermenêutica seria uma teoria científica da arte de interpretar (dizer que o Direito é uma ciência não é tão consensual hoje em dia).Na hermenêutica há toda uma preocupação sistemática do conjunto de conhecimentos voltado para um objeto que é a interpretação. 
TEXTO ≠ NORMA - Já a Interpretação é uma atividade de descoberta/extração do sentido/alcance de enunciados, onde a doutrina do Direito tem que se basear na diferenciação de textos e normas , onde Texto é o material a ser interpretado e a Norma é o produto da interpretação de um texto ou um conjunto de textos. 
 As normas tem seus significados estruturados através de seus Modais Deônticos que permitem definir o que é proibido (Homicídio/Artigo 121), permitido (Artigo 136 da CF/88 , onde no Estado de Defesa é permitido a reunião, com certas restrições) ou obrigado (Imposto de Renda). De acordo com Robert Alexy, existiriam dois tipos de normas: a Norma Regra e a Norma Princípio.
-Norma Regra: Trata do dever definitivo (mais séria mais convicta, aplicada no conceito do “Tudo ou Nada” de Dworkin) tendo como exemplo a questão de idade mínima para exercer certos cargos. Caso haja a antinomia entre duas Normas Regras . existem três critérios que são o da Hierarquia ( a de maior hierarquia prevalece),o Cronológico (a regra mais recente prevalece diante damais antiga) e da Especialidade (onde a norma especial se sobrepõe diante da norma genérica) ou então, em regra, uma norma precisaria se tornar uma cláusula de exceção da outra (Ex: sair da sala com sinal excepcionada pela regra do alarme de incêndio).
-Norma Princípio: Trata do dever da Prima Facie/Primeira Vista, seguindo a lógica dos Mandamentos/Mandatos de Otimização, onde os princípios transmitem a ideia de que um conteúdo (assunto constitucional) deve ser realizado na maior medida do possível. Alexy diz que os princípios não possuem dimensão de validez, mas sim uma dimensão de peso, onde cada juiz do caso concreto deve fazer uma ponderação de princípios para saber qualquer irá ter primazia no caso concreto específico (Ex: Quando uma pessoa com mais de 70 anos se casa, há separação absoluta de bens que está prevista na lei, porém caso o idoso queira separação parcial de bens haveria um conflito entre os princípios da autonomia privada e proteção patrimonial, onde o juiz deveria definir qual dos princípios seria preponderante).
APLICAÇÃO DO DIREITO – É a concretização da interpretação, onde a LINDB/10 ( Lei de Introdução ás Normas sobre o Direito Brasileiro), substituindo a nomenclatura LICC ( Lei de Introdução ao Código Civil de 1942, era na verdade um decreto-lei que se aplicava ao Direito como um todo), define como será feita a aplicação do Direito.
 Dentro da LINDB, há duas passagens que são observadas sob olhar constitucional, onde a primeira passagem trata da aplicação do direito, sendo que o juiz deve levar em consideração os fins sociais da lei (cumprir os objetivos esperados da lei, tendo como exemplo um homem se utilizar da Lei Maria da Penha para se defender, havendo a reinterpretação da lei) e as exigências do bem comum (deve haver algum tipo de sensibilidade para a sociedade por parte do magistrando, tendo como exemplo a nova posição do STF sobre a presunção de inocência).
 O Brasil se utiliza do Direito Romano-Germânico (Civil Law, que tem a lei como principal fonte do Direito, porém ultimamente vem sendo utilizado cada vez mais o Common Law, que tem na jurisprudência sua principal fonte), mas a LINDB diz que caso não seja possível a aplicação da lei, a mesma for omissa, recorreremos a analogia, costumes e Princípios Gerais Do Direito (Instrumentos de Preenchimento das Lacunas Jurídicas).
-Analogia: Raciocínio de semelhança, onde utilizamos outras normas aplicadas em outras situações, para um caso similar que não tenha nenhuma norma regulando-o (MIs, garantindo os direitos de greve do setor privado a algumas áreas do setor público).
-Costumes: São praticadas reiteradas, que acabam se tornando um costume judicial, como o cheque pré-datado.
-Princípios Gerais do Direito: São diretrizes para a boa aplicação do Direito, servindo como guias, que são várias máximas orientando uma boa aplicação jurídica, tendo como exemplo o Princípio da Boa-Fé, que guia a boa aplicação do Direito, se inspirando em bons comportamentos e servindo de parâmetro ao juiz.
MÉTODOS CLÁSSICOS DE INTERPRETAÇÃO – São recomendações que nossa doutrina constituiu que irão ajudar o intérprete a interpretar de melhor forma o Direito. Com a obra “Sistema do Direito Romano Atual” (1840), Savigny se notabiliza, pois numa dimensão do Direito Civil, ele acaba criando os 4 Métodos Clássicos de Interpretação.
-Método Gramatical: Também chamado de Método Literal ou Filológico, deve haver um grande cuidado com as palavras contidas na lei, havendo uma preocupação com o significado das palavras, tendo nas palavras um ponto de partida e um limite para a própria interpretação (Exemplo: A idade mínima para ser governador, 29 anos)
-Método Lógico-Sistemático: O intérprete deve ter um cuidado maior com o conjunto normativo a ser examinado e interpretado. De acordo com Eros Grau, “não devemos interpretar o Direito em tiras” (Exemplo: Artigo 60, Parágrafo 4º, Inciso IV, pois se analisarmos através do método gramatical, não teremos como analisar todos os Direitos Fundamentais).
Art. 60. A Constituição poderá ser emendada mediante proposta:
§ 4º Não será objeto de deliberação a proposta de emenda tendente a abolir:
IV - os direitos e garantias individuais
-Método Histórico: É a análise do contexto histórico da Lei, através da pesquisa das datas, entrevistas e anais para entender as intenções do legislador que criou a Lei, a busca pela “Volunta Legislatoris”/Vontade do Legislador (Exemplo: Interpretação histórica de Moreira Alves ao falar que preconceito ao judeu não era racismo).
-Método Teleológico: Busca a finalidade, onde em vez de ser pesquisada a vontade do legislador, há a preocupação com a vontade da lei (Voluntas Legis) e a sua finalidade, tendo como exemplo a finalidade da Lei Maria da Penha, em situações onde um transexual quer ser tutelado pela lei, e a questão da união estável entre 3 mulheres. 
PECULIARIDADE DAS NORMAS CONSTITUCIONAIS
-Supremacia da Norma Constitucional: A norma constitucional tem como uma de suas peculiaridades a sua Supremacia, pois está em um patamar hierarquicamente superior, sendo as normas mais importantes do ordenamento jurídico.
-Caráter Político Mais Acentuado: A norma constitucional possui um caráter político mais acentuado, pois suas normas decidem questões de suma relevância para a sociedade (Exemplo: Decisão sobre a forma e o regime de governo que deveriam ser seguidos República x Monarquia e Presidencialismo x Parlamentarismo)
-Linguagem Abstrata: A linguagem constitucional possui termos mais abstratos, genéricos e imprecisos, tendo como exemplo o Princípio da Igualdade, havendo duas formas: a Formal (onde todos são tratados de forma idêntica) e a Material (Lógica Aristotélica de tratar desigualmente os desiguais na medida em que se iguala)
MÉTODOS DE INTERPRETAÇÃO DA NOVA HERMENÊUTICA CONSTITUCIONAL – Além dos métodos clássicos de Savigny, os juristas acreditavam que a nova hermenêutica tradicional possuía mais métodos para que fosse possível sua melhor interpretação.
-Hermenêutico-Concretizador: Tendo como principal expoente teórico Gadamer, dentro desse método há dois pontos principais que devemos conhecer: a Pré-Compreensão e o conceito hermenêutico.
 A Pré-Compreensão é uma forma de entendermos que o intérprete já leva para o processo de compreensão sua história de vida, sendo responsável por repercutir no processo de interpretação
 O Círculo Hermenêutico é uma relação recíproca entre o sujeito e o objeto, onde de acordo com Gadamer esta interação permanente é retratada através de um círculo onde o sujeito modifica o objeto examinado e vice-versa.
-Tópico-Problemático: Idealizado por Viehweg, ele diz que devemos valorizar o topoi (derivado da lógica aristotélica, sendo uma ferramenta de interpretação/premissas de argumentação, como as leis, costumes, princípios, valores, etc), sendo que o problema concreto/caso concreto é a peça central no processo de interpretação. Ao redor do problema concreto estão presentes diversas premissas de argumentação voltadas ao caso concreto (Leis, CF, costumes, jurisprudência, etc), quebrando um pouco a lógica do normativismo piramidal Kelseniano (não há hierarquização entre os topois).
-Normativo-Estruturante: Sendo idealizado por Friedrich Muller, ele separa dois elementos chave, que são o programa normativo e o âmbito normativo, estabelecendo uma relação entre texto-contexto.
 O Programa Normativo é basicamente o conteúdo que o texto vai trazer no processo de interpretação, sendo uma pressuposição para a interpretação, pois, de acordo com Muller, o texto é apenas a ponta do iceberg.
 O Âmbito Normativo são os fatores que circundam o próprio texto da norma, entre eles os valores, os costumes, a época, sendo o contexto da norma.
PRINCÍPIO DE INTERPRETAÇÃO DA CONSTITUIÇÃO – Tais princípios foram idealizados pelo alemão Konrad Hesse e trazidos ao Brasil por Gomes Canotilho.
-Científico-Espiritual: Há uma crítica perante a tradução do alemão desse termo, que foi idealizado por Smend, onde cabe ao intérprete estar preocupadocom a integração política e social do texto a ser interpretado com a realidade que circunda esse texto, daquilo que se interpreta com a realidade que está ao redor do que se interpreta.
-Princípio da Supremacia da Constituição: Enfatiza a importância da constituição em relação a esfera/ordem jurídica como um todo, sendo a peça central da ordem jurídica de qualquer país. A partir da rigidez do processo de mudança da CF, tem como impacto o reconhecimento da supremacia constitucional.
-Presunção de Constitucionalidade: Isso quer dizer que a inconstitucionalidade funciona como uma exceção, pois acreditamos que qualquer lei que nasça no Brasil, já possui a presunção de que a mesma é constitucional. 
-Princípio de Interpretação Conforme a Constituição: A Interpretação Conforme nos faz lembrar sobre o começo da temática da interpretação, onde se dá uma interpretação em textos que possuem um pluralismo interpretativo, cabendo ao STF a decisão de qual dos sentidos presentes em uma norma hão de ser privilegiados/aceitos e os que serão inconstitucionais (O próprio STF diz como deve ocorrer a interpretação constitucional, “o texto será constitucional desde que seja utilizado certa interpretação”). 
 Um exemplo desse princípio é o caso de não punição de aborto em feto anencéfalo, onde apesar de não estar presente no Código Penal como uma das exceções (estupro e risco à vida da mulher), deixou de ser considerado um crime através de uma interpretação conforme a CF. Outro exemplo é o Artigo 28, Parágrafo Único da Lei da ADI (9868/99).
Art. 28. Dentro do prazo de dez dias após o trânsito em julgado da decisão, o Supremo Tribunal Federal fará publicar em seção especial do Diário da Justiça e do Diário Oficial da União a parte dispositiva do acórdão.
Parágrafo único. A declaração de constitucionalidade ou de inconstitucionalidade, inclusive a interpretação conforme a Constituição e a declaração parcial de inconstitucionalidade sem redução de texto, têm eficácia contra todos e efeito vinculante em relação aos órgãos do Poder Judiciário e à Administração Pública federal, estadual e municipal.
-Princípio da Unidade da Constituição: Consiste na harmonização da Constituição, baseada na Teoria da Norma Constitucional Inconstitucional de 1951 por Otto Bachof, que diz que há normas contrárias à Constituição dentro da própria Carta Magna (não devemos confundir com as normas infraconstitucionais e as emendas constitucionais). O STF diz que o Princípio da Unidade traz uma mensagem harmonizadora, tentando fazer com que as normas que entrem em conflito dentro da CF estejam em harmonia, repelindo juridicamente a Teoria de Bachof, pois é juridicamente impossível a existência de uma norma constitucional inconstitucional (Governador do RS que declarou um ADI do Artigo 45, em relação aos Artigos 5 e 14 da CF/88).
-Máxima Efetividade: Consiste no esforço do intérprete para obter a maior eficácia possível para as normas constitucionais, sendo que a maior eficácia é desejável em qualquer situação. Virgílio Afonso diz que a máxima efetividade deve acontecer com todas as normas do ordenamento jurídico.
-Efeito Integrador: A preocupação é a mesma do Princípio da Unidade, crendo que deve haver a harmonização das normas constitucionais a serem interpretadas, sendo o efeito integrador uma consequência do Princípio da Unidade.
-Força Normativa da Constituição: Princípio fortemente sustentado por Konrad Hesse em seu livro de mesmo nome, ia de encontro a concepção sociológica de Lassale (se os fatores reais tenham maior força do que a Constituição, a mesma seria apenas uma folha de papel) apesar dos fatores reais/forças sociais serem relevantes, a normatividade deve ser privilegiada, tendo que possuir a “Vontade de Constituição”, que é uma vontade efetiva de tornarmos reais as normas constitucionais.
-Concordância Prática: Konrad Hesse traz a ideia de que podemos ter de fato bens e valores em conflito, onde deve haver a ponderação de bens e valores constitucionais colidentes, tendo como exemplo o conflito entre a crueldade animal x manifestações culturais nos eventos de vaquejada. 
CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE - O controle de constitucionalidade tem como sua maior preocupação os mecanismos de proteção da Constituição. 
PRESSUPOSTOS - Para construirmos um modelo de proteção, devem ser imaginados alguns pressupostos que são: a Rigidez Constitucional e a Supremacia Constitucional.
-Rigidez Constitucional: Não se deve confundir com imutabilidade, já que seu processo de mudança constitucional é mais rigoroso e solene do que o processo de mudança de outras leis, ou seja, alguns juristas dizem que da rigidez constitucional decorre a Supremacia Constitucional. Porém, há certos países como a Inglaterra que não adotam a rigidez constitucional mas, ainda assim, as normas constitucionais são respeitadas (Constitucionalismo Inglês possui raízes desde o século XIII).
-Supremacia Constitucional: Segue o princípio da Supremacia Constitucional, que enfatiza a importância da constituição em relação a esfera/ordem jurídica como um todo, sendo a peça central da ordem jurídica de qualquer país. A partir da rigidez do processo de mudança da CF, tem como impacto o reconhecimento da supremacia constitucional.
ESPÉCIES DE INCONSTITUCIONALIDADE - Uma inconstitucionalidade representa uma relação de incompatibilidade normativa, ou seja haverá a comparação entre uma lei de maior e outra de menor hierarquia, havendo três espécies mais comuns de inconstitucionalidade: Ação x Omissão, Total x Parcial, Formal x Material.
-Ação x Omissão: Inconstitucionalidade por ação/vício por ação significa a criação de uma lei ou ato normativo que é contrário a CF/88, tendo como exemplo um Deputado Federal elaborar um projeto que aumente a lei do servidor público federal, já que apenas o Presidente da República pode propor tal aumento (inconstitucionalidade por ação). Outro exemplo é a questão do Uber em Salvador, pois há uma lei municipal que proíbe o Uber, porém existe uma tramitação dessa lei questionando sua constitucionalidade, pois um Estado ou Município não teriam competência para criar tal lei.
 A inconstitucionalidade por omissão/vício por omissão é quando uma lei deveria ter sido criada mas não foi criada, tendo como exemplo as normas que regulariam as greves dos servidores públicos, que ainda não existem.
-Inconstitucionalidade Total x Parcial: Inconstitucionalidade ou vício total é quando todo o texto normativo da lei não é aproveitado, tendo como exemplo quando alguém elabora uma lei sem ter competência para criar tal texto normativo.
 Já o Vício Parcial é quando algum artigo, inciso ou alínea do texto normativo pode ser aproveitado, sendo um critério que classifica a inconstitucionalidade por sua extensão
-Formal x Material: Vício formal, também chamado de vicio procedimental é quando alguma etapa do procedimento de criação de uma lei foi desrespeitada, como, por exemplo, quando um Governador apresenta uma PEC, ou quando um Presidente sanciona a PEC (o Presidente pode sancionar um PL mas não há fase de sanção presidencial nos PECs) e quando não temos a maioria absoluta para a aprovação de uma lei complementar (Artigo 69).
 Vício Material é quando o próprio conteúdo da lei ou do ato normativo acaba violando e entrando em conflito com a própria Constituição (Propostas de fim da separação dos poderes ou que quer estabelecer a prisão perpétua)
MODELO BRASILEIRO DE CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE – O Controle De Constitucionalidade Preventivo serve para atingir PLs e PECs e o Controle De Constitucionalidade Repressivo (Controle Difuso-Incidental e Concentrado-Principal) há de incidir sobre as leis e Emendas Constitucionais, onde os 3 poderes atuam no controle de constitucionalidade, sendo o Controle de Constitucionalidade Repressivo Judiciário o mais comum de todos.
-Preventivo Legislativo: Dentro da Câmara e do Senado há uma CCJ (Comissão de Constituição e Justiça), que examina os Projetos de Lei e de Emenda Constitucional e dá pareceres

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