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Lavagem de Capitais

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LAVAGEM DE CAPITAIS (12.683/12)
1. PREVISÃO LEGAL.
Lei 9.613/98, alterada pela Lei 12.683/12.
2. CONCEITO.
É o ato ou a sequência de atos praticados para encobrir a natureza, localização ou propriedade de bens, direitos ou valores de origem delituosa, com o objetivo de reintroduzi-los à economia formal com aparência lícita.
3. HISTÓRICO DA LAVAGEM DE CAPITAIS.
 A lei em estudo está ligada diretamente à Convenção das Nações Unidas contra o tráfico de drogas celebrada em 1988 na cidade de Viena. 
	A repressão ao crime de tráfico passa obrigatoriamente à repressão ao delito de lavagem de dinheiro. Isto porque o delito de tráfico gera uma grande quantidade de dinheiro.
	A Convenção foi ratificada pelo Brasil e somente no ano de 1998 foi então editada a lei de lavagem de dinheiro. 
3.1. Principais Alterações Trazidas pela Lei 12.683/12.
1) Extinção do rol taxativo de infrações antecedentes:
Antiga redação do art. 1º, “caput”, da Lei 9.613/98:
Art. 1º Ocultar ou dissimular a natureza, origem, localização, disposição, movimentação ou propriedade de bens, direitos ou valores provenientes, direta ou indiretamente, de crime:
I - de tráfico ilícito de substâncias entorpecentes ou drogas afins;
II - de terrorismo;
II – de terrorismo e seu financiamento;(Redação dada pela Lei nº 10.701, de 9.7.2003)
III - de contrabando ou tráfico de armas, munições ou material destinado à sua produção;
(...)
IV - de extorsão mediante seqüestro;
V - contra a Administração Pública, inclusive a exigência, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, de qualquer vantagem, como condição ou preço para a prática ou omissão de atos administrativos;
VI - contra o sistema financeiro nacional;
VII - praticado por organização criminosa.
(...)
(...)
VIII – praticado por particular contra a administração pública estrangeira (arts. 337-B,
337-C e 337-D do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 – Código Penal). (Inciso incluído pela Lei nº 10.467, de 11.6.2002). 
Pena: reclusão de três a dez anos e multa.
Nova redação do art. 1º, “caput”, da Lei 9.613/98, alterada pela Lei 12.683/12:
Art. 1º Ocultar ou dissimular a natureza, origem, localização, disposição, movimentação ou propriedade de bens, direitos ou valores provenientes, direta ou indiretamente, de infração penal. (Redação dada pela Lei nº 12.683, de 2012)
I - (revogado); (Redação dada pela Lei nº 12.683, de 2012)
II - (revogado); (Redação dada pela Lei nº 12.683, de 2012)
III - (revogado); (Redação dada pela Lei nº 12.683, de 2012)
IV - (revogado); (Redação dada pela Lei nº 12.683, de 2012)
V - (revogado); (Redação dada pela Lei nº12.683, de 2012)
VI - (revogado); (Redação dada pela Lei nº 12.683, de 2012)
VII - (revogado); (Redação dada pela Lei nº 12.683, de 2012)
VIII - (revogado). (Redação dada pela Lei nº 12.683, de 2012)
2) Aprimoramento das medidas assecuratórias: Lei 9.613/98.
Art. 4º O juiz, de ofício, a requerimento do Ministério Público ou mediante representação do delegado de polícia, ouvido o Ministério Público em 24 (vinte e quatro) horas, havendo indícios suficientes de infração penal, poderá decretar medidas assecuratórias de bens, direitos ou valores do investigado ou acusado, ou existentes em nome de interpostas pessoas, que sejam instrumento, produto ou proveito dos crimes previstos nesta Lei ou das infrações penais antecedentes. (Redação dada pela Lei nº 12.683, de 2012).
Art. 4º (...) 
§ 1º Proceder-se-á à alienação antecipada para preservação do valor dos bens sempre que estiverem sujeitos a qualquer grau de deterioração ou depreciação, ou quando houver dificuldade para sua manutenção. (Redação dada pela Lei nº 12.683, de 2012). 
§ 2º O juiz determinará a liberação total ou parcial dos bens, direitos e valores quando comprovada a licitude de sua origem, mantendo-se a constrição dos bens, direitos e valores necessários e suficientes à reparação dos danos e ao pagamento de prestações pecuniárias, multas e custas decorrentes da infração penal. (Redação dada pela Lei nº 12.683, de 2012). 
§ 3º Nenhum pedido de liberação será conhecido sem o comparecimento pessoal do acusado ou de interposta pessoa a que se refere o caput deste artigo, podendo o juiz determinar a prática de atos necessários à conservação de bens, direitos ou valores, sem prejuízo do disposto no § 1º. (Redação dada pela Lei nº 12.683, de 2012). 
§ 4º Poderão ser decretadas medidas assecuratórias sobre bens, direitos ou valores para reparação do dano decorrente da infração penal antecedente ou da prevista nesta Lei ou para pagamento de prestação pecuniária, multa e custas. (Redação dada pela Lei nº12.683, de 2012).
3) Ampliação das pessoas físicas/jurídicas responsáveis pela comunicação de operações suspeitas (Lei 9.613/98, art. 9º) – GATEKEEPERS.
4. DIREITO INTERTEMPORAL.
4.1. Norma de Direito Processual Penal.
a) Norma genuinamente processual: matéria que diz respeito realmente ao direito processual.
Aplicação do Art. 2º do CPP: A lei processual penal aplicar-se-á desde logo, sem prejuízo da validade dos atos realizados sob a vigência da lei anterior (tempus regit actum).
Exemplo (Lei 12.683/12) – Alienação antecipada de bens: consiste na expropriação antecipada de coisas (i)móveis, fungíveis, de fácil deterioração e de difícil conservação, que tenham sido objeto de medidas cautelares patrimoniais, adotada com o objetivo de preservar o valor dos bens.
Lei 9.613/98.
Art. 4º-A. A alienação antecipada para preservação de valor de bens sob constrição será decretada pelo juiz, de ofício, a requerimento do Ministério Público ou por solicitação da parte interessada, mediante petição autônoma, que será autuada em apartado e cujos autos terão tramitação em separado em relação ao processo principal. (Incluído pela Lei nº 12.683, de 2012)
b) Norma processual mista (norma processual material): norma processual que repercute no jus libertatis do agente. 
Aplicação do critério da irretroativade da lex gravior. 
Ex: Art. 366 do CPP. Se o acusado, citado por edital, não comparecer, nem constituir advogado, ficarão suspensos o processo e o curso do prazo prescricional, podendo o juiz determinar a produção antecipada das provas consideradas urgentes e, se for o caso, decretar prisão preventiva, nos termos do disposto no art. 312. (Redação dada pela Lei nº 9.271, de 17.4.1996) 
(Vide Lei nº 11.719, de 2008).
§ 1º (Revogado pela Lei nº 11.719, de 2008).
§ 2º (Revogado pela Lei nº 11.719, de 2008).
Lei 9.613/98, antiga redação do art. 3º:
Art. 3º Os crimes disciplinados nesta Lei são insuscetíveis de fiança e liberdade provisória e, em caso de sentença condenatória, o juiz decidirá fundamentadamente se o réu poderá apelar em liberdade. (Revogado pela Lei nº 12.683, de 2012)
4.2. Norma de Direito Penal.
- Ex: Lavagem de capitais e contravenção penal do jogo do bicho praticada antes da vigência da Lei 12.683/12.
- 1ª Corrente: Crime instantâneo de efeitos permanentes (Badaró);
- 2ª Corrente: Lavagem (art. 1º, caput) é crime permanente (Vladimir Aras). 
 #STF (INQ 2.471) – Não fixada ainda pelo STF à natureza jurídica do crime de lavagem. 
Súmula 711 do STF: “A lei penal mais grave aplica-se ao crime continuado ou ao crime permanente, se a sua vigência é anterior à cessação da continuidade ou da permanência”.
5. GERAÇÕES DAS LEIS DE LAVAGEM DE CAPITAIS.
1ª Geração: o único crime antecedente era o tráfico de drogas. Já que a lei da lavagem surgiu exatamente em razão da convenção das nações unidas contra o tráfico de drogas.
2ª Geração: com elas há uma ampliação do rol de crimes antecedentes, porém este rol é taxativo (numerus clausus). Lei 9.613/98. 
3ª Geração: qualquer crime grave pode figurar como crimeantecedente da lavagem de capitais. Geralmente o crime grave será aquele que tiver determinada pena vista como grave. Lei. 12.683, de 2012. 
6. DISTINÇÃO ENTRE LAVAGEM DE CAPITAIS E EXAURIMENTO DA INFRAÇÃO ANTECEDENTE.
	INFRAÇÃO PENAL ANTECEDENTE
	LAVAGEM DE CAPITAIS
	
O crime antecedente gera dinheiro e é natural que esse ele permaneça em algum lugar (por exemplo dentro de uma casa, embaixo do colchão, no bolso), só que essa conduta configura, apenas, exaurimento do crime antecedente (pós factum impunível).
	
Para configurar lavagem é necessária a realização de uma conduta autônoma visando a ocultação, dissimulação, isto é com objetivo de dar aquele dinheiro ilícito uma aparência lícita.
7. FASES DA LAVAGEM DE CAPITAIS.
1ª Fase: Colocação (placement) – Ela consiste na introdução dos valores no sistema financeiro. Várias técnicas são indicadas: doutrina costuma citar o “Smurfing” – são diversos pequenos depósitos bancários sendo realizados. De modo que não atinja a quantia suficiente para levantar suspeita.
2ª Fase: Dissimulação (Layring) – Nesta fase são realizadas várias operações financeiras, de modo a encobrir a origem ilícita dos valores. Alguns doutrinadores a denominam de mascaramento.
	Depois de atingida certa quantidade de dinheiro em determinada conta, os criminosos começam a movimentar o numerário, distribuindo-o, muitas vezes, em diversas outras contas, objetivando não levantar suspeita a nenhuma delas, que acabam ficando com quantias baixas.
3ª Fase: Integração (integration) – Com a aparência lícita, os recursos são utilizados para financiar a prática de novos ilícitos penais.
	O dinheiro vai se acumulando e uma hora ou outra deverá ser reinvestido, e acaba sendo utilizado no custeio de novas práticas delituosas. 
Curiosidade: Há outros doutrinadores que dizem que a lavagem de capital é semelhante ao ciclo da água.
RHC 80816 – STF (Máfia dos fiscais) – Para a consumação do crime de lavagem não há necessidade do preenchimento da 03 fases; O STF entendeu que não há necessidade de grande complexidade (engenharia financeira) no processo da lavagem de capitais. 
8. BEM JURÍDICO TUTELADO
1ª Corrente: A lavagem de capitais, segundo certa parcela da doutrina, tutela o mesmo bem jurídico tutelado pelo crime antecedente. 
Esta corrente pode ser trabalhada juntamente com as leis que ainda são primeira geração.
Agora com a ampliação do rol de crimes antecedentes é complicado falar nesta ligação do bem jurídico tutelado. Ora, como uma mesma lei tutelaria tantos bens jurídicos diferentes?
Por isso, esta corrente é minoritária.
2ª Corrente: o bem jurídico tutelado seria a administração da justiça. Esta já é uma posição relativamente mais forte na doutrina.
A ideia é que o crime de lavagem de capitais é semelhante ao delito de favorecimento real - previsto no artigo 349 do código penal – prestar ao criminoso, fora dos casos de autoria e participação, auxilio destinado a tornar seguro o proveito do crime. No caso do delito de lavagem de dinheiro o criminoso também almeja tornar seguro o proveito do crime. 
Apesar de relativamente mais forte, conforme dito, ainda é uma posição minoritária.
3ª Corrente: o bem jurídico tutelado é a ordem econômico-financeira. Está a posição que prevalece. O crime de lavagem de capitais afeta o equilíbrio do mercado e a própria livre concorrência. 
Adotemos esta posição para concursos.
Os adeptos são: Alberto Silva Franco e Willian Terra de Oliveira. 
CF/88.
Art. 170. A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano e na livre iniciativa, tem por fim assegurar a todos existência digna, conforme os ditames da justiça social, observados os seguintes princípios:
(...)
4ª corrente: o bem jurídico tutelado seria a ordem econômico-financeira e também o bem jurídico tutelado pelo crime antecedente.
Esta é uma posição bastante minoritária. 
Obs.: se o bem jurídico tutelado, segundo a maioria, é a ordem econômico-financeira, significa então que é possível a aplicação do princípio da insignificância. 
8.1. Aplicação do princípio da Insignificância no crime de lavagem de capitais.
Lei 10.522/02.
Art. 20. Serão arquivados, sem baixa na distribuição, mediante requerimento do Procurador da Fazenda Nacional, os autos das execuções fiscais de débitos inscritos como Dívida Ativa da União pela Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional ou por ela cobrados, de valor consolidado igual ou inferior a R$ 10.000,00 (dez mil reais). (Redação dada pela Lei nº 11.033, de 2004). 
9. ACESSORIEDADE DA LAVAGEM DE CAPITAIS.
- Crime acessório; parasitário; diferido; remedido; sucedâneo (a expressão “infração penal” é uma elementar do crime de lavagem). 
 
-Tramitação do processo de lavagem e do processo da infração antecedente:
CPP.
Art. 76. A competência será determinada pela conexão:
(...)
III - quando a prova de uma infração ou de qualquer de suas circunstâncias elementares influir na prova de outra infração.
Lei 9.613/98.
Art. 2º O processo e julgamento dos crimes previstos nesta Lei:
(...)
II - independem do processo e julgamento das infrações penais antecedentes, ainda que praticados em outro país, cabendo ao juiz competente para os crimes previstos nesta Lei a decisão sobre a unidade de processo e julgamento; (Redação dada pela Lei nº 12.683, de 2012).
ATENÇÃO: É possível a reunião dos processos, todavia não é obrigatória (depende do caso concreto). 
- Teoria da acessoriedade limitada:
Lei n. 9.613/98
Art. 2º. (...)
§1º A denúncia será instruída com indícios suficientes da existência da infração penal antecedente, sendo puníveis os fatos previstos nesta Lei, ainda que desconhecido ou isento de pena o autor, ou extinta a punibilidade da infração penal antecedente.
	INFRAÇÃO ANTECEDENTE
	LAVAGEM
DE CAPITAIS
	FATO TÍPICO + ILÍCITO
	RESPONDE PELO CRIME
10. SUJEITOS DO CRIME.
 O crime de lavagem de capitais é um crime de natureza comum. Quer dizer, pode ser praticado por qualquer pessoa física.
10.1. Autolavagem (selflaundering)
Quando o próprio autor da infração antecedente pratica a lavagem de capitais. 
# STF (INQ. 2471). 
10.2. Advogado como Sujeito Ativo. 
Art. 9o  Sujeitam-se às obrigações referidas nos arts. 10 e 11 as pessoas físicas e jurídicas que tenham, em caráter permanente ou eventual, como atividade principal ou acessória, cumulativamente ou não: (Redação dada pela Lei nº 12.683, de 2012)
(...)
  Parágrafo único. Sujeitam-se às mesmas obrigações:
(...)
XIV - as pessoas físicas ou jurídicas que prestem, mesmo que eventualmente, serviços de assessoria, consultoria, contadoria, auditoria, aconselhamento ou assistência, de qualquer natureza, em operações: (Incluído pela Lei nº 12.683, de 2012)
a) de compra e venda de imóveis, estabelecimentos comerciais ou industriais ou participações societárias de qualquer natureza; (Incluída pela Lei nº 12.683, de 2012)
b) de gestão de fundos, valores mobiliários ou outros ativos; (Incluída pela Lei nº 12.683, de 2012)
c) de abertura ou gestão de contas bancárias, de poupança, investimento ou de valores mobiliários; (Incluída pela Lei nº 12.683, de 2012)
d) de criação, exploração ou gestão de sociedades de qualquer natureza, fundações, fundos fiduciários ou estruturas análogas; (Incluída pela Lei nº 12.683, de 2012)
e) financeiras, societárias ou imobiliárias; e (Incluída pela Lei nº 12.683, de 2012)
f) de alienação ou aquisição de direitos sobre contratos relacionados a atividades desportivas ou artísticas profissionais; (Incluída pela Lei nº 12.683, de 2012)
Modalidades:
- Advogado de representação contenciosa: atua na defesa de um cliente em um processo judicial. Ademais, este advogado não está obrigado a comunicar operações suspeitas por gozar de sigilo constitucional (desdobramento da ampla defesa), bem como em observância do direito ao silêncio, consequentemente,não poderá responder pelo crime de lavagem de capitais. 
- Advogados de operações: consultoria jurídica não processual. Destarte, o advogado está obrigado a trabalhar com a politica do “know your customer” (ter conhecimento sobre os clientes). Eventualmente, se ficar comprovado que o advogado teria conhecimento sobre a origem ilícita dos bens e, mesmo assim, assumiu o risco de produzir o resultado, poderá responder pelo crime de lavagem de capitais. Ex: Monte Eden – STJ (HC 50.933). 
IMPORTANTE!
# COAF: Resolução 24/2013 (normas gerais de combate à lavagem de dinheiro, sendo que preceitua que os advogados são excluídos da obrigação de comunicar informações confidenciais de seus clientes. Nesse interim, os causídicos e os escritórios de advocacia estão sujeitos a regulamentação da OAB). 
# Consulta 49.0000.2012.006678-6 (OAB Nacional): A Lei de Lavagem de Capitais não pode ser aplicada a advogados e sociedade de advocacia, dessa forma não são obrigados a realizar o cadastro no COAF com o objetivo de informar operações suspeitas de seus clientes. 
ATENÇÃO! Se o advogado recebe determinada quantia, declarando o montante à receita federal, não há falar em dolo de lavagem de capitais, o que, no entanto, não impede a decretação de medidas cautelares patrimoniais objetivando a recuperação do produto do crime. 
11. Tipo Objetivo 
Lei 9.613/98
 Art. 1o  Ocultar ou dissimular a natureza, origem, localização, disposição, movimentação ou propriedade de bens, direitos ou valores provenientes, direta ou indiretamente, de infração penal. (Redação dada pela Lei nº 12.683, de 2012)
I - (revogado);  (Redação dada pela Lei nº 12.683, de 2012)
II - (revogado); (Redação dada pela Lei nº 12.683, de 2012)
III - (revogado); (Redação dada pela Lei nº 12.683, de 2012)
IV - (revogado); (Redação dada pela Lei nº 12.683, de 2012)
V - (revogado); (Redação dada pela Lei nº 12.683, de 2012)
VI - (revogado); (Redação dada pela Lei nº 12.683, de 2012)
VII - (revogado); (Redação dada pela Lei nº 12.683, de 2012)
VIII - (revogado). (Redação dada pela Lei nº 12.683, de 2012)
Pena: reclusão, de 3 (três) a 10 (dez) anos, e multa.  (Redação dada pela Lei nº 12.683, de 2012).
§ 1o  Incorre na mesma pena quem, para ocultar ou dissimular a utilização de bens, direitos ou valores provenientes de infração penal: (Redação dada pela Lei nº 12.683, de 2012)
        I - os converte em ativos lícitos;
        II - os adquire, recebe, troca, negocia, dá ou recebe em garantia, guarda, tem em depósito, movimenta ou transfere;
        III - importa ou exporta bens com valores não correspondentes aos verdadeiros.
§ 2o  Incorre, ainda, na mesma pena quem:  (Redação dada pela Lei nº 12.683, de 2012)
I - utiliza, na atividade econômica ou financeira, bens, direitos ou valores provenientes de infração penal;  (Redação dada pela Lei nº 12.683, de 2012)
        II - participa de grupo, associação ou escritório tendo conhecimento de que sua atividade principal ou secundária é dirigida à prática de crimes previstos nesta Lei. 
- O crime de lavagem de capitais é um crime material, formal ou de mera conduta? 
Nos termos do artigo 1º, caput (ocultar ou dissimular), configura crime de natureza material (STF – RHC 80.816). Já o artigo 1º, § 1º (para ocultar ou dissimular), configura crime de natureza formal. No mais, o artigo 1º, § 2º, inciso I, configura crime de natureza material, já o inciso II configura crime de natureza formal. 
11.2. Objeto Material do Crime
O objeto material é a pessoa ou coisa sobre a qual recai a conduta delituosa. Por exemplo, o bem tutelado pelo homicídio é a vida extrauterina. O objeto material do homicídio é o ser humano nascido com vida. No crime de furto o objeto material é o bem furtado – coisa móvel alheia.
	BEM JURÍDICO
	OBJETO MATERIAL
	Bem da vida que é tutelado pelo tipo penal.
	São as pessoas ou coisas sobre as quais recai a conduta do agente.
- Produto Direto X Produto Indireto:
Produto direto: (que também é conhecida como producta sceleris) é o resultado imediato do crime, ou seja, são os bens que chegam as mãos do criminoso como resultado direto do delito.
Produto indireto: (fructus sceleris) é o resultado mediato do crime, ou seja, é o proveito obtido pelo criminoso como resultado da utilização econômica do produto direto do delito. Ex.: é o dinheiro obtido com a venda da coisa alheia móvel no caso da prática do crime de furto. Em suma, é a transformação econômica do produto direto. 
ATENÇÃO! Tanto produto direto, quanto o indireto, pode ser objeto material no crime de lavagem de capitais. 
12. Tipo Subjetivo 
O crime de lavagem é punido a título de dolo e de culpa? O CRIME DE LAVAGEM DE CAPITAIS SOMENTE É PUNIDO A TÍTULO DE DOLO. 
	Em alguns países a lavagem de dinheiro é punida a título culposo. 
	Dolo direto (o agente quis o resultado) dolo eventual (assumiu-se o risco de ocasionar o resultado).
	No crime de lavagem de dinheiro o agente será punido a título de dolo direto e dolo eventual? Lembramos que quando o legislador quis punir somente a conduta praticada com dolo direto ele foi expresso. Como exemplo citamos o artigo 180 caput do CP – que não admite a punição por dolo eventual – o legislador foi categórico ao dizer “que SABE ser produto de crime”. Outra situação é a da denunciação caluniosa – artigo 339 do CP – o legislador mais uma vez foi categórico ao dizer “de que sabe inocente” – o que justifica a punição apenas a título de dolo direto.
	Seguindo este raciocínio, ao analisarmos o artigo 1º da lei não encontramos qualquer restrição quando ao tipo de dolo. Logo, pune-se tanto a conduta praticada com dolo direto, quanto a conduta praticada com dolo eventual. Da mesma forma o §1º.
	Lado outro, no que tange à figura do §2º, esta somente admite a punição a título de dolo direto, “que sabe”.
10.1. Teoria da cegueira deliberada ou Teoria das Instruções da Avestruz, ou Willful Blindness ou Ostrich Instruction. 
 Cuida-se de teoria usada nos Estados Unidos quando o agente finge não enxergar a ilicitude da procedência de bens, direitos e valores, colocando-se, de forma voluntária, em posição de alienação, repetindo justamente o que faz o avestruz ao colocar sua cabeça na terra, para não ver o que se passa ao seu redor. Conduta reprovável praticada por pessoa que procura não saber estar praticando um ato ilícito, “enterrando” a cabeça para não tomar conhecimento da natureza ou extensão deste ilícito. 
 Para que seja aplicada a Teoria da Cegueira Deliberada, é necessário que o agente, diante da elevada possibilidade de que os bens, direitos ou valores sejam provenientes de infrações penais, tenha agido de modo indiferente a esse conhecimento. Entende-se, de forma majoritária, que a teoria em estudo apenas pode ser usada para os crimes praticados com dolo eventual, não podendo, desta feita, ser utilizada na hipótese do art. 1º, § 2º, II, da Lei de Lavagem de Capitais, em que se exige dolo direto.
	Em suma, não basta que o sujeito esteja ocultando valores, é necessário também que se prove que eles são provenientes de algum dos delitos previstos na lei. 
Quando o agente deliberadamente evita a consciência quanto a origem ilícita dos valores, assume os riscos de produzir o resultado, daí porque responde pelo delito de lavagem de capitais a título de dolo eventual.
Ex.: Banco central. É um caso concreto no qual a teoria da cegueira deliberada foi aplicada no Brasil. Os empresários que venderam os carros aos criminosos nas condições visivelmente suspeitas foram condenados, em primeira instância, vez que se não sabiam, tinham como saber que o dinheiro era de procedência ilícita. Agiram com dolo eventual. Todavia, em grau de recurso, o Tribunal absolveu os acusados, já que as condutas dos empresários deveriam ser enquadradas no §2º, modalidade que não admitia a punição a título de dolo eventual. Além disso, entenderam os desembargadores que a notícia do assalto, por ter sido veiculada depoisda venda dos carros, acabou contribuindo que eles pudessem desconfiar que aquele numerário era proveniente do furto.
13. Tentativa
Art. 1º, §3º - a tentativa é punida nos termos do parágrafo único do art. 14 do CP.
14. Causa de Aumento de Pena
	Lei n. 9.613/98 
(redação original)
	Lei n. 9.613/98 (com redação dada pela Lei n. 12.683/12)
	§ 4º A pena será aumentada de um a dois terços, nos casos previstos nos incisos I a VI do caput deste artigo, se o crime for cometido de forma habitual ou por intermédio de organização criminosa.
	§ 4o  A pena será aumentada de um a dois terços, se os crimes definidos nesta Lei forem cometidos de forma reiterada ou por intermédio de organização criminosa.
# Habitualidade Criminosa: 
Art. 1º, §4º - Legislador nos traz uma causa de aumento de pena. O que o §4º traz é a chamada “habitualidade criminosa”.
 
# Habitualidade Criminosa X Crime Habitual: 
	Habitualidade Criminosa: estilo de vida de uma pessoa. Fala-se em uma característica do agente (ex: indivíduo que vive cometendo crimes).
	Crime Habitual: aqui a habitualidade é uma característica do crime. É aquele crime em que uma prática isolada não caracteriza o delito (ex: exercício ilegal da medicina art. 282, CP – para que esteja caracterizado não basta uma prática isolada, mas que reiteradamente exerça de maneira ilegal, a profissão de médico).
O crime de lavagem é um crime habitual ou não? Se há o §4º dizendo que aplica-se a causa de aumento se cometido de forma habitual conclui-se que o crime de lavagem não é um crime habitual. 
15. Colaboração Premiada (vide Lei de Organizações Criminosas – 12.850/13). 
Trata-se de técnica especial de investigação por meio da qual o acusado, em troca de determinado premio legal, não só confessa o delito como também presta informações relevantes sobre o fato delituoso. 
Lei 9.613/98 
Art. 1º (...)
§ 5o  A pena poderá ser reduzida de um a dois terços e ser cumprida em regime aberto ou semiaberto, facultando-se ao juiz deixar de aplicá-la ou substituí-la, a qualquer tempo, por pena restritiva de direitos, se o autor, coautor ou partícipe colaborar espontaneamente com as autoridades, prestando esclarecimentos que conduzam à apuração das infrações penais, à identificação dos autores, coautores e partícipes, ou à localização dos bens, direitos ou valores objeto do crime. (Redação dada pela Lei nº 12.683, de 2012)
16. Competência Criminal para processar e julgar crime de Lavagem de Capitais. 
 O Artigo 109, VI, da CRFB/88 diz que apenas nos casos determinados por lei a competência será da justiça federal. 
 A lei 7.492/86 afirma que a competência é da justiça federal. 
 A lei 4.595/64, como não dispõe sobre competência, conclui-se que é da competência da Justiça Estadual.
	Diante do silêncio da lei 1.521/51 a competência também é da justiça estadual. Assim prevê a súmula 498 do STF:
Compete a justiça dos estados, em ambas as instâncias, o processo e o julgamento dos crimes contra a economia popular.
	A lei 8.176/91 também não fala nada sobre competência, subtendendo-se ser da justiça estadual, pouco importando a fiscalização feita pela ANP.
	Lei 8.137/90 – Crimes Tributários – a competência será firmada de acordo com o tributo sonegado. 
 Lei 9.613/98 – Lavagem de capitais - em regra, são julgados pela justiça estadual. Estes crimes serão, porém, julgados pela justiça federal (art. 2º, inciso III): 
Quando praticados contra o sistema financeiro e a ordem econômico-financeira; 
Em detrimento de bens, serviços ou interesses da União, ou de suas entidades autárquicas ou empresas públicas – RHC 11918 – HC 117169; 
Quando a infração penal antecedente for de competência da Justiça Federal (vide súmula 122 do STJ); 
Quando a lavagem de capitais for praticada além do território nacional e houver tratado firmado pelo Brasil, obrigando a nação brasileira a reprimir aquela infração antecedente. 
16.1. Varas Especializadas para Lavagem de Capitais. 
 Resolução 314/2003 do Conselho da Justiça Federal. Antes da sua edição, foi realizada uma pesquisa que chegou a conclusão de que muitos juízes federais não tinham trabalhado com esta espécie de delito, fato que reclamava a criação de varas especializadas. Desta forma, a resolução foi editada exatamente com esta finalidade e foi direcionada aos Tribunais Federais. 
Após a resolução do CJF, em cumprimento à sua determinação, diversas outras Resoluções e Provimentos dos TRF’S também foram editadas, a fim de especializar varas federais para o julgamento do delito de lavagem de capitais. 
Ao enfrentar o assunto, nossos Tribunais chegaram a algumas conclusões. Vejamos:
- Há previsão legal autorizando a especialização de varas federais – Lei 5.010/66 (Lei que organiza a justiça federal). Esta especialização não é mais feita pelo CJF, isto porque, depois da CR/88, este conselho não tem mais competência jurisdicional, mas sim administrativa e orçamentária. Assim, apesar de o artigo 12 da referida lei fazer menção ao CJF como o competente para a especialização de competência, os Tribunais entendem que esta previsão legal não foi recepcionada pela CF/88 – artigo 105, parágrafo único. Desta feita, onde se lê, no dispositivo, conselho da justiça federal, deve-se ler Tribunais Regionais Federais. 
Neste diapasão, ao julgar o HC 86.660, o Supremo entendeu que esta resolução 314 do CJF seria inconstitucional, já que falta ao ente competência para tal regulamentação. Lado outro, ainda no mesmo julgado, firmou nosso Pretório Excelso que mencionada inconstitucionalidade não alcançava as resoluções e provimentos editados pelos TRF’S a partir da resolução do CJF.
- A especialização de Varas não é matéria submetida ao princípio da reserva de lei em sentido estrito, podendo ser feita por meio de provimentos e resoluções, já que se trata de matéria decorrente do poder de auto-organização dos Tribunais.
- Em regra, uma vez proposta a demanda, não haverá mudança da competência. Trata-se da denominada regra da perpetuatio jurisdictionis, artigo 87 do CPC. Porém, se alterada a competência em razão da matéria, que é o que ocorreu com a especialização de varas para o julgamento dos delitos de Lavagem de Capitais, é possível a modificação da competência. STJ – CC 57838 e REsp 628673.
17. Justa Causa Duplicada
A justa causa funciona como um lastro probatório mínimo indispensável para a instauração de um processo penal. Não se pode dar início ao um processo penal temerário e leviano.
A justa causa duplicada, por sua vez, significa que o lastro probatório mínimo será exigido tanto em relação ao crime de lavagem, como também em relação ao crime antecedente. 
(Previsão Legal) Artigo 2º, §1º da Lei de Lavagem de Capitais: A denúncia será instruída com indícios (prova semiplena – não traz juízo de certeza, mas é cabível pela probabilidade) suficientes da existência da infração penal antecedente, sendo puníveis os fatos previstos nesta Lei, ainda que desconhecido ou isento de pena o autor, ou extinta a punibilidade da infração penal antecedente. (Redação dada pela Lei nº 12.683, de 2012). 
18. Aplicação do Artigo 366 do CPP aos crimes de lavagem de capitais
Artigo 366 caput do CPP, com redação dada pela lei 9.271/96. 
Art. 366. Se o acusado, citado por edital, não comparecer, nem constituir advogado, ficarão suspensos o processo e o curso do prazo prescricional, podendo o juiz determinar a produção antecipada das provas consideradas urgentes e, se for o caso, decretar prisão preventiva, nos termos do disposto no art. 312. (Redação dada pela Lei nº 9.271, de 17.4.1996)
• Direito intertemporal: Antes da lei 9.271/96: O denunciado era citado por edital. Se ele não comparecesse, era decretada a sua revelia, prosseguindo-se o feito com a nomeação de defensor dativo. 
	Com a lei 9.271/96: O denunciado é citado por edital. Se não comparece e não constitui defensor, deverá ser o processo suspenso, juntamentecom o prazo prescricional. 
	Essa mudança trazida por esta lei pode voltar no tempo para beneficiar os denunciados que cometeram delitos antes da sua vigência? Esta norma é genuinamente processual? 
	Vemos que além de dispor sobre procedimento, a lei também disciplina sobre a suspensão da prescrição. 
	Para LFG, a lei deveria ser dividida em duas. MAS ESTA POSIÇÃO NÃO PREVALECEU. Já que, ou se aplica a lei na sua integralidade, ou não se aplica.
	Prevaleceu o entendimento de que por ser mais gravosa a norma que manda suspender a prescrição, não poderia retroagir. Portanto, o artigo 366 só foi aplicado aos crimes cometidos após a vigência da lei 9.271/96, evitando-se assim a retroatividade da suspensão da prescrição, que é norma de direito material mais prejudicial. POSIÇÃO ADOTADA PELO STF. 
• O artigo 366 do CPP é aplicado na Justiça Militar, Já que não há previsão legal da matéria no CPM? Não! Evitando-se, assim, possível analogia in malam partem.
• O artigo 366 é aplicável a quem foi citado por edital, não compareceu e nem constituiu advogado:
 1- a lei prevê que vai haver a suspensão do processo e também da prescrição. Mas por quanto tempo? 
STJ: A prescrição fica suspensa de acordo com o prazo da prescrição da pretensão punitiva abstrata. Findo este prazo, o processo continuará suspenso, mas a prescrição voltará a correr novamente. Súmula 415 - O período de suspensão do prazo prescricional é regulado pelo máximo da pena cominada.
STF: O processo e a prescrição podem permanecer suspensos por prazo indeterminado. Rext 460.971. 
Atenção!!! O STF reconheceu a existência de repercussão geral no RExt 600.851, no qual voltará a discutir a matéria. 
	2- O juiz também poderá determinar a produção antecipada de provas urgentes. 
Para o STJ, essa produção antecipada de provas urgentes deve ser feita nos termos do artigo 225 do CPP. O simples argumento de que testemunha tem memória curta não é suficiente, por si só, para autorizar a colheita da prova antecipada. Súmula 455 do STJ - A decisão que determina a produção antecipada de provas com base no art. 366 do CPP deve ser concretamente fundamentada, não a justificando unicamente o mero decurso do tempo.
Art. 225. Se qualquer testemunha houver de ausentar-se, ou, por enfermidade ou por velhice, inspirar receio de que ao tempo da instrução criminal já não exista, o juiz poderá, de ofício ou a requerimento de qualquer das partes, tomar-lhe antecipadamente o depoimento.
• O artigo 366 do CPP não criou hipótese de prisão preventiva obrigatória. Na verdade, sua decretação depende dos pressupostos dos artigos 312 e 313 do CPP. 
	Feitas estas breves considerações, pergunta-se: é possível a aplicação do artigo 366 nos crimes de lavagem de capitais? De acordo com o artigo 2º, §2º da lei 9.613/98, não se aplica o artigo 366 aos crimes de lavagem de capitais. 
	Há, contudo, uma posição minoritária que diz que o artigo 366 do CPP é aplicável à lavagem. Isso porque o artigo 2º, §2º da lei 9613/98 viola a constituição federal. Quer dizer, se o acusado é citado por edital, ele não tomou ciência do processo. Por isso, é necessário que se preserve o seu direito de defesa, suspendendo o processo. Outro argumento é que a própria lei de lavagem faz menção à aplicação do artigo 366 do CPP, no artigo 4º, §3º. Há, então, uma antinomia normativa, que deve ser dirimida com base na aplicação do princípio do favor rei, prezando-se pela aplicação do artigo 366. 
	Conclusão! Se cair em uma prova objetiva, deveremos optar pela alternativa que estiver de acordo com a previsão do artigo 2º, §2º da lei. Contudo, tratando-se de prova subjetiva, é conveniente que sejam feitas as ponderações a respeito da antinomia, entre o dispositivo supra e o artigo 4º, e a sua solução com base no favor rei.
OBS: STJ: Não há continuidade delitiva entre os crimes do art. 6º da Lei 7.492/1986 (Lei dos Crimes contra o Sistema Financeiro Nacional) e os crimes do art. 1º da Lei 9.613/1998 (Lei dos Crimes de "Lavagem" de Dinheiro). Há continuidade delitiva, a teor do art. 71 do CP, quando o agente, mediante mais de uma ação ou omissão, pratica crimes da mesma espécie e, em razão das condições de tempo, lugar, maneira de execução e outras semelhantes, devam os delitos seguintes ser havidos como continuação do primeiro. Assim, não incide a regra do crime continuado na hipótese, pois os crimes descritos nos arts. 6º da Lei 7.492/1986 e 1º da Lei 9.613/1998 não são da mesma espécie. REsp 1.405.989-SP, Rel. originário Min. Sebastião Reis Júnior, Rel. para acórdão Min. Nefi Cordeiro, julgado em 18/8/2015, DJe 23/9/2015.

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