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1 Aplicação dos anticorpos na soroterapia Soroterapia é um tratamento por meio de soro, ou seja, de anticorpos já preparados, com a finalidade de combater uma doença infecciosa ou um agente tóxico específico (venenos ou toxinas). Deste modo, a soroterapia apresenta uma ação imediata e curativa. Um exemplo clássico é a soroterapia antipeçonhenta, que foi descoberta há cerca de 120 anos pelos franceses Albert Calmett, do Instituto Pasteur, de Paris, e Auguste Césaire Phisalix e Gabriel Bertrand, do Museu Nacional de História Natural, de Paris, que apresentaram suas descobertas em uma reunião da Sociedade de Biologia da França. A soroterapia foi testada contra a picada de cobra naja, com ótimos resultados. Portanto, Vital Brazil, pesquisador brasileiro, aprimorou essa descoberta, descobrindo que esse soro não funcionava em outras picaduras de cobras, e passou a desenvolver novas possibilidades científicas. Em 1898, Brazil confirmou que a eficácia dos soros antipeçonhentos estava relacionada à especificidade do veneno utilizado na produção do antídoto e, consequentemente, ao gênero das serpentes. Em 1899, com o surto de peste bubônica em Santos (SP), Vital Brazil iniciou o preparo do soro específico para essa doença nas instalações da Fazenda Butantan, que deu origem ao Instituto Butantan, onde foi produzida oficialmente em 1901 a produção em escala da vacina. Controlada a peste bubônica, Brazil deu prosseguimento na preparação de soros antiofídicos contra os venenos de cascavel e jararaca, as duas espécies que mais matavam no país, para atender à população rural, que era predominante à época. Esses soros heterólogos antivenenos são concentrados de imunoglobulinas, obtidos a partir da sensibilização de diversos animais, a maioria de origem equina. Como essa soroterapia, que é uma imunização passiva tem como o objetivo neutralizar a maior quantidade possível do veneno circulante, independentemente do peso do paciente, o soro deve ser administrado o mais precocemente possível após o acidente e adultos e crianças devem receber a mesma dose. A produção do soro antiofídico segue as seguintes etapas: 1. O veneno é extraído da serpente, mantido seco sob refrigeração, e recebe substâncias adjuvantes; 2 2. O veneno é inoculado subcutaneamente em doses de concentrações crescentes nos cavalos; 3. Após uma sangria de aproximadamente 3% do peso do animal (12 litros de sangue de um cavalo que pese 400 Kg), o animal fornece grande volume de sangue rico em anticorpos; 4. O plasma é levado para a seção de concentração, purificação e fracionamento, onde as proteínas inativadas são eliminadas e as imunoglobulinas específicas mantidas. Outro exemplo de soroterapia é o soro antitetânico, que é composto de imunoglobulinas específicas e purificadas, obtidas de plasma de equinos hiperimunizados com toxoide e toxina tetânica.
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