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ORGANIZAÇÃO CRIMINOSA – LEI N.º 12.850/2013 Conceito O conceito de organização criminosa encontra amparo no § 1º, do art.1.º, da Lei n.º 12.850/2013, o qual prevê: “Considera-se organização criminosa a associação de 4 (quatro) ou mais pessoas estruturalmente ordenada e caracterizada pela divisão de tarefas, ainda que informalmente, com objetivo de obter, direta ou indiretamente, vantagem de qualquer natureza, mediante a prática de infrações penais cujas penas máximas sejam superiores a 4 (quatro) anos, ou que sejam de caráter transnacional.” Com relação ao tipo penal inscrito no art. 288 do CP (alterado pela Lei n.º 12.850/2013) trata do crime de Associação Criminosa, no qual o mínimo para a sua configuração é de 3 pessoas ou mais e é aplicado às infrações penais cujas penas máximas sejam inferiores a 4 (quatro) anos. Ao revés do Código Penal, na Organização Criminosa, o mínimo é de 4 pessoas ou mais e a aplicação é para infrações penais cujas penas máximas sejam superiores a 4 (quatro) anos, ou que sejam de caráter transnacional. Características da previsão legal a respeito do crime de Organização Criminosa - associação de 4 (quatro) ou mais pessoas; - é cabível em crimes cujas penas máximas sejam superiores a 4 (quatro) anos, ou que sejam de caráter transnacional; - há agravante para quem exerce o comando, individual ou coletivo da mesma, ainda que não pratique pessoalmente atos de execução; - há aumento de pena até a metade se na atuação da organização criminosa houver emprego de arma de fogo (art. 2º, § 2º, da Lei n.º 12.850/2013); e - há aumento de 1/6 (um sexto) a 2/3 (dois terços) quando há participação de criança ou adolescente; concurso de funcionário público, valendo-se a organização criminosa dessa condição para a prática de infração penal; se o produto ou proveito da infração penal destinar-se, no todo ou em parte, ao exterior; se a organização criminosa mantém conexão com outras organizações criminosas independentes; e/ou se as circunstâncias do fato evidenciarem a transnacionalidade da organização; Classificação do crime Trata-se de um crime formal, o qual tem seu momento consumativo com a mera associação de pessoas, independentemente da execução dos crimes que motivaram a organização. Ainda, importante frisar que se trata de um crime permanente, permitindo, assim, a prisão em flagrante de seus integrantes a qualquer tempo, sem prejuízo dos outros crimes porventura cometidos. Quanto ao sujeito ativo, trata-se de crime comum crime comum (pode ser praticado por qualquer pessoa), de concurso necessário (plurissubjetivo) e de condutas paralelas (uma auxiliando a outra). Com relação ao sujeito passivo, a vítima é a incolumidade pública. Sobre o bem jurídico tutelado, assim como no crime de associação criminosa, trata- se de salvaguardar a paz pública, permanentemente abalada por aqueles que se organizam para praticar crimes graves. Colaboração Premiada – Art. 4º A colaboração premiada – ou delação premiada – constitui-se em um acordo realizado entre o Delegado de Polícia, ou membro do Ministério Público e o investigado, o qual busca alcançar os resultados indicados no art. 4ª da respectiva lei, senão vejamos: Art. 4º O juiz poderá, a requerimento das partes, conceder o perdão judicial, reduzir em até 2/3 (dois terços) a pena privativa de liberdade ou substituí-la por restritiva de direitos daquele que tenha colaborado efetiva e voluntariamente com a investigação e com o processo criminal, desde que dessa colaboração advenha um ou mais dos seguintes resultados: I - a identificação dos demais coautores e partícipes da organização criminosa e das infrações penais por eles praticadas; II - a revelação da estrutura hierárquica e da divisão de tarefas da organização criminosa; III - a prevenção de infrações penais decorrentes das atividades da organização criminosa; IV - a recuperação total ou parcial do produto ou do proveito das infrações penais praticadas pela organização criminosa; V - a localização de eventual vítima com a sua integridade física preservada. Assim, na hipótese de o investigado colaborar efetivamente com a investigação, poderá ser beneficiado até mesmo com o perdão judicial (extinção da punibilidade), ter sua pena reduzida em até dois terços ou substituída por outra pena restritiva de direitos. Fundamental anotar que, com nítido escopo de preservar a imparcialidade do julgador, o § 6º, do artigo 4º, determina que a autoridade judiciária não poderá participar da formalização do acordo, ficando ao seu cargo apenas a sua homologação, quando verificados presentes os requisitos da legais. Nesta trilha, o Juiz apenas decidirá sobre o quantum de benefício merecerá o colaborador ao final do processo, após a análise da efetividade da colaboração prestada. Nos termos do § 10 do artigo citado, as partes poderão se retratar do acordo firmado, caso em que as provas auto incriminatórias produzidas pelo colaborador não poderão ser utilizadas exclusivamente em seu desfavor. Com relação a aceitação do colaborador, nos termos do § 15, do art. 4º, a lei indica que a mesma deve necessariamente ser amparada e acompanhada pela presença de defensor/advogado. Se a colaboração for prestada posteriormente à sentença, a pena poderá ser reduzida até a metade ou será admitida a progressão de regime, ainda que ausentes os requisitos objetivos, nas linhas do § 5º do art. 4º. Ação Controlada – Art. 8º e 9º Tal instituto tem previsão legal nos artigos 8º e 9º, da Lei. Nos termos dos mencionados dispositivos legais, a intervenção policial poderá ser retardada para que se perfectibilize somente no momento mais eficaz à formação de material probatório ou investigatório. Sinale-se, no caso, que tal retardamento, necessariamente, deverá ser comunicado ao Juiz competente, o qual terá a missão de estabelecer os limites da atuação e o dever de comunicar o órgão acusatório. Durante o desenvolvimento da ação controlada, apenas a Autoridade Policial, o magistrado e o membro do Ministério Público terão acesso aos autos. No final da diligência, deverá ser lavrado um auto circunstanciado sobre o ocorrido durante a ação controlada. Infiltração de Agentes – Art. 10/14 A infiltração de agentes policiais no âmbito de organizações criminosas foi previsto como um meio de investigação no art. 10. Notadamente, tal providência deverá ser autorizada pela Autoridade Judiciária, pelo prazo de 06 meses – podendo ser renovado por igual prazo -, através de uma representação formalizada pelo Delegado de Polícia, que deverá demonstrar indícios da infração penal prevista no artigo 1º. Esta medida, pelo risco que ostenta, deverá ser utilizada apenas em último caso, quando não existirem outros meios para produção da investigação ou coleta probatória. Por último, a legislação ordena que o agente policial deverá guardar, em sua atuação no âmbito da infiltração, a devida proporcionalidade com a finalidade da investigação, podendo responder por eventuais excessos praticados. Acesso a Registros, Dados Cadastrais, Documentos e Informações – Art. 15/17 O artigo 15 da lei permite que o delegado de polícia tenha aceso sem depender de qualquer autorização judicial, de dados cadastrais do investigado que informem, exclusivamente, a qualificação pessoal, a filiação e o endereço mantidos pela Justiça Eleitoral, empresas telefônicas, instituições financeiras, provedores de internet e administradoras de cartão de crédito. Não há mais necessidade de representação ao Poder Judiciário para ter acesso a tais informações, sendo que a recusa ao fornecimento desses dados pode caracterizar o crime previsto no artigo 21 da Lei. Anote-se que o poder requisitório do Delegado de Políciacinge-se apenas aos dados cadastrais do investigado que informem apenas a sua qualificação e endereços. Nesse contexto, informações referentes ao sigilo bancário ou telefônico do investigado ainda continuam sujeitas à cláusula da reserva de jurisdição. QUESTÕES PARA ESTUDO Analise as proposições abaixo acerca da colaboração premiada prevista na lei referente às organizações criminosas (Lei nº 12.850/2013): I - O juiz poderá conceder perdão judicial ao colaborador, ainda que esse benefício não tenha sido previsto originariamente na proposta inicial, desde que requerido pelo Ministério Público, a qualquer tempo, considerando a relevância da colaboração prestada. II - Em relação ao colaborador, o Ministério Público poderá deixar de oferecer a denúncia, diante da relevância da colaboração premiada, desde que, em sendo o colaborador líder da organização criminosa, seja a primeira pessoa a prestar a colaboração. III - O acordo de colaboração premiada deixa de ser sigiloso assim que recebida a denúncia. IV - O juiz não participará das negociações realizadas entre as partes para a formalização do acordo de colaboração. Assinale a alternativa correta: A) Todas as proposições são corretas; B) Somente as proposições I, III e IV são corretas; C) Somente as proposições II e III são corretas; D) Somente as proposições IV e III são corretas; E) Somente as proposições I e II são corretas. Sobre a Lei n.o 12.850/2013 (combate às organizações criminosas), está correto afirmar que: A) a interceptação telefônica e a infiltração de agentes somente serão admitidas após iniciada a ação penal; B) a infiltração de agentes de polícia em tarefas de investigação dependerá de autorização do Delegado de Polícia, que estabelecerá seus limites; C) a participação de policial nos crimes de que trata essa lei será investigada em inquérito policial instaurado pela Corregedoria de Polícia e acompanhado por membro específico designado pelo Ministério Público até sua conclusão; D) para sua aplicação, dentre outros requisitos, exige--se a associação de três pessoas para a prática de infrações penais cujas penas máximas sejam superiores a três anos quando não tiverem caráter transnacional; E) a colaboração premiada, de acordo com o artigo 4 o , prevê redução da pena corporal ao agente ou substituição da pena corporal por restritiva de direitos, não contemplando em nenhuma hipótese, o perdão judicial.
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