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LAVAGEM DE CAPITAIS LEI N.º 9.613/98 
 
 
Conceito, bem jurídico e sujeito ativo do delito 
 
A lavagem de dinheiro é definida como um conjunto de ações, práticas e 
operações por meio das quais os bens, direitos e valores obtidos com a prática de 
ações criminosas são integrados ao sistema econômico financeiro, com a aparência 
de terem sido obtidos de maneira lícita. É uma forma de camuflagem da obtenção 
ilícita de capitais. De modo reducionista, pode ser explicada como o processo de 
transformação do “dinheiro sujo” (produto criminoso) em “dinheiro limpo” (aparência 
de regular). 
O bem jurídico aqui protegido é a ordem econômica e financeira, ou seja, os 
interesses estatais na preservação da idoneidade das transações financeiras e na 
proteção do mercado e do comércio. 
O legislador não menciona sujeito ativo qualificado, de modo que ele pode ser 
realizado por qualquer pessoa, seja um terceiro ou o próprio agente do delito 
antecedente, eis que quando o agente da infração antecedente introduz ativo ou 
bem no mercado, existe uma afetação no correto funcionamento deste. 
 
 
Fases da lavagem de dinheiro 
 
O dinheiro obtido de maneira ilícita – produto de crime - passa por um 
processo composto por diversas fases, as quais objetivam disfarçar a origem ilícita 
dos capitais para isentar os envolvidos da prática criminosa e possibilitar a utilização 
do dinheiro de maneira a não levantar suspeita sobre sua origem. As fases são as 
seguintes: 
 
1º FASE – COLOCAÇÃO 
Trata-se da introdução do dinheiro ilícito – sujo - no sistema financeiro, do 
momento em que se busca separar o dinheiro da prática delitiva. É realizado através 
de depósitos bancários, transferência de valores, compras de obras de arte, 
remessa de valores para o exterior. 
 
2º FASE – DISSIMULAÇÃO, OCULTAÇÃO 
Nessa segunda fase, o sujeito ativo do delito busca camuflar as evidências, 
pois se dissimula a origem dos valores para que sua procedência não seja 
identificada com a utilização de uma série de negócios ou movimentações 
financeiras, a fim de que seja dificultado o rastreamento contábil dos lucros ilícitos. É 
muito comum nesta fase a transformação das quantias em bens imóveis ou móveis; 
quanto a estes, costuma-se adquirir bens que possam ser postos em circulação 
rápida, como, por exemplo: veículos, ouro, joias e pedras preciosas. 
 
3ª FASE – INTEGRAÇÃO 
 
 
 
 
É a fase final do processo, muitas vezes interligada ou até mesmo sobreposta 
à etapa anterior. Nessa fase, já com a aparência lícita, o capital é formalmente 
incorporado ao sistema econômico, geralmente por meio de investimentos no 
mercado mobiliário e imobiliário. A integração do “dinheiro limpo” através das outras 
etapas faz com que este dinheiro pareça ter sido ganho de maneira lícita. 
 
Extraterritorialidade do delito antecedente 
 
O artigo 2, inciso II, da lei estudada indica que a infração antecedente pode 
ser praticada em outro país. 
 
Delito Antecedente 
 
Não se pode olvidar que o delito de lavagem de dinheiro possui natureza 
acessória, derivada ou dependente (parasitária), eis que depende da existência de 
um ilícito penal anteriormente cometido, no qual ocorreu a obtenção de vantagem 
econômico-financeira ilegal. 
 
Crime Permanente 
 
Faz-se necessário pontuar que os verbos “ocultar” e “dissimular”, núcleos do 
tipo penal do artigo 1º da lei citada, indicam ideia de permanência. 
Consequentemente, o momento consumativo se protrai no tempo. Nesta trilha, 
devemos lembrar a Súmula n.º 711 do STF a qual indica que: “a lei penal mais grave 
aplica-se ao crime continuado ou ao crime permanente, SE a sua vigência é anterior 
à cessação da continuidade ou da permanência”. 
 
Tipicidade Objetiva e Subjetiva 
 
Com relação à tipicidade, trata-se de tipo misto alternativo, bastando para a 
ocorrência do crime qualquer dos verbos elencados no artigo 1º (ocultar e 
dissimular). Trata-se de crime que se consuma no momento do mascaramento, e a 
permanência da camuflagem é mera consequência do ato inicial, sem qualquer nova 
conduta lesiva ao interesse tutelado. 
 
Com relação aos verbos nucleares do tipo penal inscrito no artigo 1º da lei n.º 
9.613/98: 
 
- Ocultar significa o simples ato de esconder, como escopo de impossibilitar o 
conhecimento da situação jurídica e espacial do capital. Seu efeito é causar uma 
absoluta ignorância sobre alguns atributos fundamentais dos bens e valores em 
questão; 
- Dissimular significa ocultar ou encobrir com astúcia e fraude, ou seja, 
disfarçar, camuflar a origem da ocultação, com a finalidade de garanti-la. 
 
 
 
 
 
Com relação à tipicidade subjetiva, trata-se de crime doloso, o qual se 
configura com a ação livre e consciente do sujeito ativo do delito. 
 
 
 
 
QUESTÕES PARA ESTUDO 
 
 
Joana, condenada em 2005 por tráfico de drogas, na justiça federal, 
movimentou, em 2006 e 2007, por meio de transações bancárias eletrônicas, 
valores incompatíveis com sua atividade profissional e demais fontes de renda. 
Durante investigação, ficou comprovado que o dinheiro movimentado era 
proveniente do tráfico de drogas e que Joana ocultara e dissimulara a origem 
ilícita dos valores com o auxílio de seu irmão, dono de uma revenda de carros 
novos e usados. Demonstrou-se a materialidade da conduta ilícita a partir das 
informações fornecidas pela Receita Federal do Brasil e pelas instituições 
bancárias. Acerca dessa situação hipotética, julgue o próximo item com base na 
Lei n.º 9.613/1998, que trata dos crimes de lavagem ou ocultação de bens, 
direitos e valores. 
 
O processo e julgamento dos crimes praticados por Joana são da 
competência da justiça estadual. 
 
( ) CERTO ( ) ERRADO 
 
 
 
 
Sobre o crime de lavagem de dinheiro, é correto afirmar que a Lei no 
9.613/1998: 
 
a) definiu que a troca de bens de igual valor não gera a prática do crime, pois os 
crimes tem como elemento essencial a obtenção de lucro; 
b) deu causa, face à revogação do rol de crimes antecedentes, ao fenômeno da 
abolitio criminis, quanto às condutas ali previstas; 
c) proibiu o recebimento pelo profissional liberal de valores ilícitos, em face da 
prestação de serviços efetivada, mesmo que não tenha dolo; 
d) permitiu o reconhecimento do crime de lavagem de dinheiro, quaisquer que 
sejam os crimes antecedentes dos quais resultem os ativos;

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