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1 UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E TECNOLÓGICAS DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL FUNDAÇÕES E OBRAS DE TERRA 2 ÍNDICE 1. FUNDAÇÕES : DEFINIÇÕES E OBJETIVOS................................02 1.1. Introdução.................................................................................02 1.2. Classificação das fundações.......................................................02 1.3. Tipos de fundação......................................................................03 1.3.1. Fundações rasas...............................................................03 1.3.2. Fundações profundas.......................................................04 1.4. Escolha dos tipos de fundação e do local de implantação ..........05 2. EXPLORAÇÃO DO SUBSOLO COM VISTAS AO PROJETO DE FUNDAÇÕES DE EDIFÍCIOS.......................................................06 2.1. Introdução................................................................................06 2.2. Investigações geológicas e geotécnicas......................................06 3. CAPACIDADE DE CARGA DE FUNDAÇÕES RASAS.................11 3.1. Introdução.................................................................................11 3.2. Tipos de ruptura........................................................................12 3.3. Determinação da capacidade de carga dos solos.........................14 3.3.1. Determinação da capacidade de carga através de métodos desenvolvidos na mecânica dos solos..............................14 3.3.1.1. Método de Terzaghi para a determinação da capacidade de carga...........................................15 3.3.1.2. Fatores de correção adicionados à equação geral de capacidade de carga.......................................17 3.3.1.3. Capacidade de carga de solos estratificados........20 3.3.1.4. Método de Skempton para a determinação da capacidade de carga............................................21 3.3.1.5. Método de Brinch Hansen para a determinação da capacidade de carga.............................................23 3.3.1.6. Método de Balla para a determinação da capacidade de carga............................................23 3.3.2. Determinação da taxa de trabalho de fundações rasas a partir de processos teóricos..........................................24 3.3.3. Determinação da taxa de trabalho de fundações rasas a partir do ensaio de placa..............................................25 3.3.3.1. Execução do ensaio de placa..............................27 3.3.3.2. Interpretação dos resultados do ensaio de prova de carga ..................................................28 3.3.4. Determinação da taxa de trabalho de fundações rasas por meio de tabelas baseadas na tradição local e observações do comportamento de estruturas.....................................30 3.4. Recomendações finais e exercícios..............................................32 3.4.1. Recomendações finais.....................................................32 3.4.2. Exercícios.......................................................................34 4. RECALQUE DE FUNDAÇÕES RASAS..........................................35 4.1. Introdução.................................................................................35 4.2. Cálculo dos recalques elásticos..................................................36 4.3. Cálculo dos recalques de adensamento.......................................40 5. DIMENSIONAMENTO DE FUNDAÇÕES RASAS........................41 5.1. Introdução.................................................................................41 5.2. Definição da cota de apoio das fundações rasas..........................41 5.2.1. Profundidade até aonde o solo apresenta variações de volume apreciáveis.....................................................42 5.2.2. Presença de construções vizinhas : proximidade de divisas, de escavações para futuras construções...............43 5.2.3. Profundidade de apoio para fundações de pontes.............43 5.2.4. Presença de nível d’água.................................................44 5.2.5. Descontinuidades geológicas ..........................................44 5.3. Projeto de fundações rasas.......................................................44 5.3.1. Dimensionamento geométrico........................................45 5.3.2. Análise do dimensionamento.........................................51 6. BIBLIOGRAFIA..............................................................................54 3 FUNDAÇÕES SUPERFICIAIS 1. FUNDAÇÕES: DEFINIÇÕES E OBJETIVOS 1.1. Introdução As obras de engenharia, todas elas, incluindo aterros, barragens (de terra, enrocamento ou concreto), edificações, pontes, estradas, torres e etc., constituem-se de duas partes: a super- estrutura e a infra-estrutura, esta denominada fundação. No sentido comum, o termo fundação é entendido como um elemento da estrutura encarregado de transferir para o subsolo as cargas da superestrutura Em alguns tipos de obras, como é o caso dos aterros, pode não haver uma separação nítida entre a superestrutura e a fundação; na maioria das obras, existe esta diferença. A ciência, ou a parte do conhecimento científico que define os tipos, o posicionamento e as dimensões das fundações chama-se Engenharia de Fundações. Sob o domínio da Engenharia de Fundações estão tanto a avaliação da habilidade do subsolo suportar as cargas aplicadas como o projeto dos elementos estruturais utilizados. A Engenharia de Fundações representa, dentro do campo das construções, o setor de maior responsabilidade, pois o comportamento e o desempenho das fundações estão intimamente relacionados com o comportamento de toda a estrutura; assim, uma ruína das fundações provoca o colapso da superestrutura, e o inverso nem sempre é verdadeiro. As soluções dadas pela Engenharia de Fundações, sob o ponto de vista geotécnico, baseiam-se nos conceitos da Mecânica dos Solos e, desde que não contradigam estes conceitos, as formas e os processos de construção neste campo são inumeráveis. Neste texto serão referidos aqueles processos universalmente conhecidos e consagrados pela prática, ressaltando que novas soluções devem ser procuradas, principalmente quando os fatores economia e segurança puderem ser comprometidos pelas soluções convencionais 1.2. Classificação das fundações As fundações podem ser agrupadas em duas categorias: rasas ou superficiais e profundas As fundações serão rasas quando D<B e profundas caso contrário. D é a cota de apoio do elemento de fundação, medido em relação à superfície do terreno, e B é a menor dimensão deste elemento. É importante alertar o aluno de que neste campo não há regras explícitas; o que há sãorecomendações, em geral, surgidas de observações de campo e de modelos. Existe também discordância entre os vários técnicos que atuam na área. Assim, ao longo deste texto, algumas destas recomendações podem estar em desacordo com outras já citadas; o que se pretende é colocá-lo ao encontro de algumas opiniões consideradas dignas de nota. Qualquer fundação de estrutura cujo fim seja arrimar o solo está classificada como fundação de estrutura de arrimo; outra fundação genérica que não se inclua nas definições apresentadas será designada fundação especial.. Dentre os tipos mais comuns de fundações enumeram-se: • Fundações de edifícios: casas, prédios, fábricas, armazéns, etc.); • Fundações de torres: de rádio, televisão, energia elétrica, etc.; • Fundações de máquinas: martelos, fresadoras, recalcadoras, prensas, turbinas, etc. • Fundações para estruturas portuárias e estruturas marítimas; 4 • Fundações para estruturas de suporte: muros de arrimo, encontros de ponte, etc.; Para desempenhar adequadamente a sua função, um elemento de fundação deve respeitar certas condições específicas, visto que ele constitui um elo que deve propiciar uma integração harmoniosa entre a superestrutura e o subsolo: i. O elemento de fundação deve ser projetado em posição adequada, de tal forma que nenhum fator externo possa prejudicar o seu comportamento; ii. A fundação como um todo deve estar sempre segura quanto a uma possível ruptura (tanto do solo como do próprio elemento estrutural); iii. A fundação não pode sofrer deformações ou recalques superiores a certos limites toleráveis. O perfeito conhecimento de cada um destes itens e das inter- relações que possam haver entre eles constitui o próprio conhecimento da Engenharia de Fundações. Como pode ser notado, o primeiro item é de difícil avaliação, visto que ele envolve uma série de fatores que não podem ser tratados analiticamente, pois o meio é dinâmico. Não sendo equacionável, só será bem avaliado com experiência e bom senso. O segundo é específico e envolve grande parte dos conhecimentos adquiridos nos vários cursos das áreas de estruturas e geotecnia. O último é específico até certo ponto, mas também é filosófico, e só ao longo da vida profissional é que se adquire uma idéia consciente do que ele encerra. Antes de entrar especificamente no estudo destes fatores, aplicáveis aos dois tipos fundamentais de fundações, será interessante dar uma idéia global dos elementos convencionalmente utilizados. 1.3. Tipos de Fundações 1.3.1. Fundações rasas As fundações serão classificadas como rasas ou diretas quando D/B < 1. Os principais tipos são: i. Blocos de fundação Figura 1 Os blocos podem ser tronco-cônico, tronco-piramidal, escalonado ou pedestal. ii. Sapatas de fundação Figura 2 As sapatas podem ser circulares, quadradas, retangulares e corridas. Podem ser ainda rígidas ou flexíveis. iii. Radier Os radiers são placas de concreto armado sobre as quais toda a edificação se apóia. Podem ser rígidos ou flexíveis. 5 Figura 3 1.3.2. Fundações profundas a) Estacas As estacas são peças esbeltas (l >>d) que transferem as cargas das superestruturas às camadas profundas do terreno (uma parte, por atrito lateral que se desenvolve ao longo do fuste, outra, pela resistência de ponta). As estacas podem ser utilizadas isoladamente ou em grupo e podem ser classificadas como estacas de atrito, de ponta, de tração, de flexão, flutuantes e mistas. Figura 4 b) Tubulões Os Tubulões são elementos profundos, empregados, geralmente, para suportar cargas elevadas. A resistência de ponta é a única parcela, de um modo geral, considerada; o atrito lateral é tido apenas para suportar o peso próprio do elemento estrutural. Figura 5 1.4. Escolha dos Tipos de Fundação e do Local de Implantação Este assunto será discutido com maiores detalhes num capítulo à parte. Por agora, sugerem-se a idéia e o mecanismo dessa escolha. Existem obras cujos locais de implantação são definidos após um estudo do subsolo; ou seja, não há exigências funcionais para que ela seja implantada num determinado local. É o caso de pontes em área rural, onde o traçado da estrada pode ser alterado para que a travessia se torne mais barata e mais viável tecnicamente. Se não for possível escolher o melhor local para a implantação de uma determinada obra (isto é muito freqüente em edificações – tem-se um lote e projeta-se uma obra!) deve-se selecionar entre os vários tipos de fundação disponíveis, aquele que forneça segurança e maior economia, respeitando fatores como vida útil da obra, hábitos construtivos da região, disponibilidade de equipamentos e mão-de-obra especializados etc. 6 Pode-se afirmar, de uma maneira geral, que para um dado perfil existem vários tipos seguros de fundação, e a escolha de um em detrimento dos outros está, em geral, associada ao fator econômico. Em face disto, o ideal é perseguir, o que nem sempre ocorre na prática, uma solução adequada que às vezes enquadra-se na classe das fundações especiais. A inércia dos bons resultados e o desconhecimento dos princípios básicos da Engenharia de Fundações têm conduzido a obras mais caras e impedido o avanço científico de busca de novas soluções. Diante dos elevados custos da construção civil, as firmas de maior visão têm adotado a política de só adquirir uma nova área depois de se executarem sondagens de reconhecimento no local. Freqüentemente, as sondagens são efetuadas após ter-se concebido arquitetônica e estruturalmente a obra, quando o correto deveria ser o inverso. As nuanças geotécnicas do terreno podem influir nas soluções arquitetônicas e estruturais da obra. É claro que alguns tipos de obras são mais exigentes do que outros no que diz respeito à segurança e ao comportamento. Aliás, a segurança deve ser perseguida sempre. Os custos de um reforço de fundação, às vezes, ficam mais elevados do que o custo da própria obra. As edificações, fundações de máquinas, torres, entre outras, exigem um critério mais rigoroso de segurança e comportamento do que um armazém, um aterro de pequena altura etc. No ato de escolha e em face das condições locais, dos princípios requeridos da segurança, da funcionalidade e das condições econômicas e sociais e de mão-de-obra disponível, para optar por alguma solução, devem-se levar em conta as seguintes considerações: a) o conhecimento do subsolo é satisfatório? O cliente é sensível à execução de um programa de exploração mais adequado? b) Quais as consequências funcionais e legais se a fundação não se comportar adequadamente? c) Qual o tipo de fundação mais adequado? Fundações rasas? Fundações profundas? Em radier? Seria mais seguro optar por uma fundação especial? d) Existem mão-de-obra e equipamentos disponíveis? e) O que constitui um recalque tolerável para esta estrutura? Quanto custa reduzir os recalques? E como fazê-lo? Vale a pena tentar reduzi-los? É importante reforçar a asserção seguinte: “não se deve fazer economia por etapa sem uma análise econômica do conjunto”. É comum uma construção sair sensivelmente mais cara quando se pensa em economizar, deixando de fazer um programa de exploração bem feito, um projeto bem concebido, utilizar materiais adequados etc. É importante lembrar que os inconvenientes advindos de uma fundação mal dimensionada nem sempre são evidenciados logo após a sua construção. Às vezes pode demorar vários anos para que se manifestem. 2. EXPLORAÇÃO DO SUBSOLO COM VISTAS AO PROJETO DE FUNDAÇÕES DE EDIFÍCIOS 2.1 Introdução Como se sabe , o conhecimento adequado do comportamento mecânico e hidráulico de uma camada de solo só é conseguidoatravés de ensaios de laboratório e/ou de campo. O número e a espessura de camadas diferentes de um subsolo, a sua organização espacial, as presenças do nível d’água, de falhas etc., são definidas, em geral, através de sondagens. Para fundações de edifícios, é imprescindível proceder a uma investigação do subsolo. Ela pode ser desde uma visita ao local da obra, com exame das formações superficiais existentes, até um elaborado programa de prospecção e ensaios de laboratório. Tudo 7 depende da importância das obras, das cargas aplicadas, das suas dimensões e das características do subsolo que podem, em primeira mão, ser obtidas de mapas geológicos, de informações de obras similares executadas na região etc. A ausência de obras de igual porte no local exige que se proceda a um programa mais detalhado de investigação do subsolo. Não é recomendável economizar em informações; a primeira preocupação deve ser a segurança que não pode ser conseguida sem elas. Há alguns ditos que devem ser respeitados: “Hás de pagar por todas as sondagens necessárias, quer tenham sido feitas, quer não”. “Sondagens caras são aquelas que não foram executadas”. É bom lembrar-se de que existem ensaios para medir as características dos solos, não convém, pois, tentar adivinhá-las! Pode ser muito bonito e reconfortante chegar a um local e olhar ou fazer uma análise táctil do solo e enumerar todas as suas características, mas isto não é prático, científico ou seguro. Este ato vaidoso e irresponsável pode custar muito dinheiro e perdas, no campo social, irrecuperáveis. 2.1. Investigações geológicas e geotécnicas A NBR-6122, “Projeto e execução de fundações”, é a norma que regulamenta as atitudes a serem tomadas, quando se lida com fundações de um modo geral. Esta norma preocupa-se com as investigações do subsolo e assim denomina as seguintes atividades: ¾ investigações locais: a) sondagem com ou sem retirada de amostras indeformadas; b) ensaios de penetração, estática ou dinâmica; c) ensaios “ïn situ” de resistência e deformação; d) ensaios “ïn situ” de permeabilidade ou de determinação de perda de água; e) medições de níveis d’água e de pressões neutras; f) realização de provas de carga. ¾ investigações em laboratório sobre amostras representativas das condições locais, compreendendo: g) caracterização (granulometria e limites de consistência); h) resistência (cisalhamento direto, compressão simples e compressão triaxial); i) deformação (adensamento e compressão triaxial); j) permeabilidade (permeabilidade de carga fixa ou variável e adensamento). A norma recomenda também que se analise a água do subsolo ou a água corrente, sempre que houver suspeita de sua agressividade aos materiais constituintes das fundações e que esta análise deva constar dos dados geotécnicos. A NBR-6122 não estabelece regras quanto à natureza e à quantidade das investigações, simplesmente estabelece que em qualquer obra é obrigatória a realização de sondagens de simples reconhecimento. Por reconhecimento geológico, a NBR-6122 entende o trabalho de campo executado por um técnico especialista e capaz de ser complementado com a consulta a mapas geológicos, bibliografia especializada, fotografias aéreas ou multiespectrais. O reconhecimento geotécnico, segundo a NBR-6122, envolve as sondagens de simples reconhecimento, métodos geofísicos e qualquer outro tipo de prospecção do solo para fins de fundação. A NBR-6484, "Programação de sondagens de simples reconhecimento dos solos para fundações de edifícios", faz recomendações quanto ao número de furos, à localização e à profundidade a se atingir nestas sondagens. O número de furos e sua localização em planta dependem das características de cada obra, entretanto: 8 a) as sondagens devem ser em número suficiente para dar as informações necessárias para que se proceda a um projeto seguro; b) as sondagens devem ser, no mínimo, uma para cada 200 m² de área da projeção em planta do edifício, para áreas de até 1.200m² . Acima deste valor e até 2.400m2 deve fazer-se um furo para cada 400 m2 que excederem os 1.200 m2. Acima de 2.400 m2 o número de sondagens deverá ser fixado de acordo com o plano particular de construção; c) em todos os casos, sem exceção, dever-se-á fazer dois furos para área da projeção em planta do edifício de até 200 m2 e três furos para área entre 200 e 400 m2; d) no caso de não se dispor da planta de locação dos edifícios no terreno, o número de sondagens deve ser tal que a máxima distância entre furos seja de 100 m com um mínimo de três sondagens. A profundidade a ser alcançada nas sondagens de simples reconhecimento, para efeito de projeto geotécnico, será função do tipo de obra, das características particulares de sua estrutura, das suas dimensões em planta, da forma da área carregada e das condições geotécnicas e topográficas do local de implantação. A norma recomenda que se atinja uma profundidade tal que os acréscimos de tensão induzidos pela obra sejam menores do que 10% da tensão geostática efetiva. Como orientação, a NBR-6484 apresenta o gráfico a seguir , em escala bilogarítmica, que correlaciona as razões D/B e q/ MB para várias curvas L/B. Neste gráfico (Figura 6): q = tensão média aplicada pelo edifício ao terreno de fundação (peso do edifício dividido pela sua área em planta); γ = peso específico médio estimado para os solos ao longo da profundidade em questão; M = 0,1, coeficiente definido no parágrafo anterior; B = menor dimensão do retângulo que circunscreve a planta do edifício; L = maior dimensão deste retângulo; D = profundidade a atingir-se nas sondagens. Figura 6 Recomenda, ainda, a NBR-6484, que, quando a sondagem atingir uma camada resistente, impenetrável à percussão, e as camadas superiores a esta forem de baixa resistência e a obra for de importância, deve-se proceder a um estudo de continuidade da camada impenetrável até pelo menos 5 metros. 9 O nível de referência para se definir a profundidade das sondagens é a cota de apoio das fundações, sejam sapatas, estacas ou tubulões. Um critério mais geral para determinar a profundidade das sondagens seria o de se estabelecer um bulbo de tensão com profundidade igual a 1,5 vez a menor dimensão da área carregada (Earth Manual). Com relação a esta última recomendação, TOMLINSON (1976) afirma que, em fundação isolada, esta menor dimensão coincide com o valor real, mas quando as fundações são próximas, o suficiente para haver superposição dos bulbos, a dimensão a ser considerada será a de toda a extensão carregada. Em estacas, ele sugere que se atinja a profundidade equivalente à de um bulbo que tenha a dimensão de 1,5 vez o comprimento da estaca, mas que comece a ser considerado a partir de 2/3 deste comprimento. A Figura 7 esclarece estas recomendações: Figura 7 O resultado das sondagens deverá ser apresentado em relatório próprio onde sejam incluídas as seguintes referências: 1. planta de localização das perfurações no terreno; 2. perfil individual de cada sondagem, assinalando: . informação declarando a finalidade da sondagem; . data da execução dos serviços; . cota da boca da sondagem referida a um RN; . profundidade das várias camadas; . as diversas camadas atravessadas de acordo com a “Terminologia de Rochas e Solos” da ABNT; . níveis de água (NA). Não há uma regra específica para o posicionamento dos furos de sondagem em planta. Uma sugestão poderia ser a de se locarem os furos no terreno de forma a obter-se o maior número de perfis que incluam pelo menos dois furos. Isto implica que os furos, quando em número superior a dois, não devem, jamais, estar todos alinhados. O importante éque a malha de furos represente todas as facetas das camadas de solos envolvidos. É bom lembrar que, quando os furos estão desalinhados, existe a possibilidade de detectar com maior probabilidade o mergulho das camadas. Algumas destas sugestões podem ser vistas na Figura 8: Figura 8 Quando a planta arquitetônica e a distribuição das cargas da superestrutura são conhecidas, pode ser de interesse locar alguns furos nos pontos de maior concentração de carga. Os métodos de sondagem utilizados em fundações de edifícios ainda se restringem aos processos diretos que consistem em fazer um furo no solo com coleta de amostras. Estes processos de sondagem são trado, poços e percussão ou simples reconhecimento. Começam a tomar vulto entre nós os processos indiretos de sondagem que incluem as sondagens geofísicas sísmica ou elétrica. Aqui, em Viçosa, o Departamento de Engenharia Civil está 10 começando a empregar o método geofísico da resistividade elétrica. Outros processos que começam a ser divulgados entre nós são os métodos semi-indiretos, e aqui, em Viçosa, especificamente, os penetrômetros tanto dinâmicos como estáticos. As sondagens a trado permitem a coleta de amostras deformadas, de pouco interesse para o campo das fundações. O trado tem seu valor como ferramenta para abrir furos, até alcançar- se o NA, onde se possa executar os ensaios de penetração. Em obras de pequeno porte, quando a experiência local é que irá ditar o tipo de fundação utilizado, este processo pode ser empregado como elemento indicativo do tipo de solo encontrado. Os poços permitem a coleta de amostras indeformadas de interesse para a realização de ensaios de laboratório, cujas características medidas são utilizadas no dimensionamento das fundações. Permitem ainda a análise visual dos estratos atravessados. A profundidade máxima atingida é o NA, ou algo mais, em solos de baixa permeabilidade. A sondagem à percussão tem sido a preferida em fundações de edifícios, tendo em vista permitir realizar, em toda a extensão do furo, o ensaio de penetração dinâmica, o SPT. A técnica de execução deste ensaio foi amplamente discutida em texto anterior, BUENO e VILLAR (1980), e vale lembrar que, até alcançar o NA, recomenda-se que se abra o furo a trado. Ao longo do furo, crava-se, com uma energia padronizada (um peso de 65 kg caindo de uma altura de 75 cm), um tubo amostrador padronizado de 45 cm de comprimento e diâmetro externo de 2” e anota-se o número de golpes, N, para cravar os últimos 30 cm deste tubo amostrador. Após esta cravação retira-se o amostrador do furo (ele é um conjunto de duas meias canas solidarizadas nas extremidades) e coleta-se a amostra aí contida para a identificação. Têm-se, assim, a identificação da camada e sua resistência medida através do número N. Após a execução do ensaio em determinada cota, em geral ele é executado de metro em metro, as operações de abertura do furo continuam. Abaixo do NA a abertura do furo é feita com circulação de água. Esta técnica consiste em fazer circular água através de uma haste oca dotada de uma ponta bizelada. Os movimentos da haste desagregam o solo e as partículas sólidas em suspensão aquosa retornam à superfície pelo espaço anelar existente entre as paredes internas do furo e as paredes externas da haste. Ao atingir-se uma cota de execução do SPT, limpa-se o furo. Para isto basta paralisar os movimentos da haste e permitir simplesmente o refluxo de água; retira-se a ponta bizelada da haste, substituindo-a pelo tubo amostrador padronizado. Terminada a operação de cravação do amostrador, recoloca-se a ponta bizelada, e a escavação prossegue. Recomenda-se que este processo de escavação por circulação de água (que é rápido e de fácil execução) seja empregado apenas abaixo do NA, pois a água injetada sob pressão causa perturbação das características geotécnicas do solo situado acima do NA. Então, utilizar-se-iam trado acima do NA e circulação de água abaixo. Em cada metro as operações de escavação seriam paralisadas e proceder-se-ia ao ensaio SPT. O parâmetro N tem sido utilizado para dimensionar fundações e para classificar os solos, principalmente os arenosos. Assim, TERZAGHI (1967) cita para areias: Número de golpes N Compacidade 1 - 4 Muito fofa 4- 10 Fofa 10 - 30 Média 30- 50 Compacta 50 Muito compacta 11 Em argilas, embora seja de menor significação, o valor de N tem também sido utilizado com os mesmos propósitos. TERZAGHI (1967) cita para as argilas: Número de golpes N Consistência 0 - 2 Muito mole 2- 4 Mole 4 - 8 Média 8- 15 Rija 15- 30 Muito rija 30 Dura A profundidade recomendada às vezes pode não ser alcançada em virtude da alta resistência do solo à penetração. Outras vezes, e isto foi aos poucos sendo observado, os valores de N alcançados nas sondagens são de tal ordem de grandeza que seria perda de tempo e de dinheiro continuar a perfuração. Essas condições, descritas por LIMA (1979), são as seguintes: 1) as sondagens à percussão podem ser interrompidas se: i) em três metros consecutivos for obtido um número de golpes igual a 45/15, ou seja, 45 golpes de martelo para uma penetração de 15 cm de amostrador; ii) em quatro metros consecutivos for obtido um número de golpes entre 45/15 cm e 45/30 cm; iii) em cinco metros consecutivos for obtido um número de golpes entre 45/30 e 45/45; iv) for obtida penetração nula para cinco golpes e D > 8 m. 2) se em qualquer um dos casos anteriores D < 8 m deve deslocar-se o equipamento de sondagens a dois metros da posição inicial e fazer um novo furo. Caso neste furo se obtenha também D < 8 m, desloca-se o equipamento a dois metros da posição original no sentido que faça um ângulo de 90o com a linha estabelecida pelos dois furos já feitos e procede-se nova sondagem. Repete-se o processo até se ter certeza de que se trata efetivamente do topo da rocha e não de um matacão. 3. CAPACIDADE DE CARGA DE FUNDAÇÕES RASAS 3.1. Introdução A superestrutura, através das colunas, pilares, paredes, cabos etc., aplica carga sobre a infraestrutura e, desta, as cargas são transferidas para o solo de fundação. É importante notar o processo de afunilamento que ocorre nas obras em geral – as cargas das lajes são descarregadas nas vigas, destas para os pilares, destes aos elementos de fundação. As cargas provenientes da superestrutura resultam, por este efeito de afunilamento, bastante elevadas (várias toneladas), enquanto que o solo suporta baixas tensões, as quais raramente superam a casa dos 5 kgf/cm2 (em via de regra de 1,5 a 3,0 kgf/cm2). Deste modo, o elemento de fundação é uma peça estrutural que se comporta como um transformador, recebendo cargas altas e transmitindo baixas tensões. Como foi visto, há várias formas de levar a efeito esta transferência de cargas. Neste capítulo trata-se da transferência de cargas feita através das fundações rasas. Normalmente a fundação será classificada como rasa quando a relação entre a distância que vai da superfície do solo à cota de apoio da fundação, D, e a menor dimensão do elemento, B, for menor do que 1 ou 2. Os vários tipos de fundação rasa são os blocos, as sapatas, os radiers, as placas etc. Elas podem ter várias formas e são projetadas obedecendo a três requisitos principais: 12 i) ausência de recalques excessivos; ii) inocorrência de ruptura do solo de fundação; iii) inocorrência de ruptura do elemento de fundação. Caso algum desses fatores não seja observado, poderão sobreviver desde simples danos arquitetônicos (trincas nos painéis de alvenaria ou mau funcionamento dos caixilhos etc.) até a ruína total do elemento de fundação com o consequente colapsoda própria estrutura. A Figura 9 representa um maciço de extensão infinita, homogêneo, isotrópico, não saturado, carregado por uma sapata de extensão infinita, de largura B, sob efeito de um carregamento que cresce desde um valor nulo até P. Figura 9 Ao cumprir-se este carregamento, pode-se construir um gráfico de carga x recalque que tem o aspecto daquele apresentado na Figura 10: Figura 10 Durante o carregamento, as deformações do solo de fundação, situado sob a placa, vão ocorrendo até que se caracteriza a sua ruptura – tensão σr. Esta ruptura pode também ser caracterizada por um recalque excessivo, ou seja, igual ao máximo que a estrutura pode suportar - σ’r. A grandeza σr ou σ’r é denominada capacidade de carga do solo. Mesmo que o valor de σr não correspondesse a um recalque excessivo, seria imprudente aplicar-se esta tensão ao solo, visto que ele ocasiona a sua ruptura. Surge então o conceito de fator de segurança, que em fundações é um valor numérico pelo qual se divide a carga que produz a ruptura do solo. Ao valor de σr reduzido chama-se taxa de trabalhoσ . Assim, taxa de trabalho relaciona-se com a carga que com segurança pode aplicar-se ao solo sem risco de ruptura, seja por carga excessiva ou por recalque. A segurança contra a ruptura varia com o fator de segurança. Tem-se: Fs rσσ = 13 O máximo valor de recalque que a estrutura pode suportar, sem que lhe cause danos de qualquer espécie, é denominado recalque admissível, δ . Uma região do semi-espaço, situada imediatamente abaixo do elemento de fundação, sofre as influências das cargas aplicadas e é denominada bulbo de tensões. Sob este efeito compressivo ocorrem as deformações ou os recalques. Assim, ao estudar a capacidade de carga ou os recalques de uma fundação genérica, a região do semi- espaço de interesse é apenas aquela situada internamente no bulbo de tensões. Para efeito prático, é usual tomar-se para fundações isoladas um bulbo com profundidade de 1,5.B e para fundações corridas, 2,0.B. Nestas profundidades o quantitativo de tensões transmitidas é da ordem de 20%. 3.2. Tipos de Ruptura Através de observações do comportamento de fundações em serviços e de modelos de laboratório sujeitos a um carregamento vertical, sabe-se que a ruptura do solo de fundação ocorre por cisalhamento. Há três tipos principais de ruptura descritos na literatura de Mecânica dos Solos, quais sejam: i) - ruptura geral: é caracterizada pela existência bem definida de uma superfície de ruptura que vai desde uma cunha triangular situada abaixo da fundação até a superfície do terreno. Este tipo de ruptura é repentino e catastrófico. Em geral, há o tombamento da estrutura. O solo superficial em torno da fundação empola e o colapso ocorre em um dos lados; ii) - ruptura por puncionamento: a punção é o fenômeno de ruptura no qual um elemento de fundação vaza a camada subjacente. Nela não há uma superfície de ruptura bem caracterizada não sendo por isto facilmente observável. À medida que a carga cresce, há o cisalhamento do solo no contorno do elemento e o movimento vertical de afundamento da estrutura. Não ocorre perda de verticalidade nem tampouco o empolamento do solo superficial. Com novos acréscimos de carga, haverá novos recalques e seguramente o que comanda a capacidade de carga do solo são os recalques; iv) ruptura local: a ruptura local é uma condição intermediária entre os dois tipos extremos já citados. Somente numa região imediatamente abaixo da fundação, há evidência de ruptura. Não há tombamento da estrutura. A Figura 11 esquematiza os três tipos de ruptura descritos. Vale lembrar, mais uma vez, que a capacidade de carga do solo está associada ou à ruptura do solo (caso da ruptura geral, onde os recalques são pequenos mas o solo rompeu) ou a um recalque excessivo (ruptura local e puncionamento). Figura 11 DE BEER (1970) apresenta em gráfico a dependência do tipo de ruptura com a compacidade relativa e a relação D/B, válida para 14 solos arenosos. Note que a ruptura geral é característica de solos compactos – de pouca deformabilidade, para elementos de fundação apoiados a pouca profundidade. A ruptura por puncionamento é característica de solos fofos – grande deformabilidade, para elementos de fundação com cota de apoio a qualquer profundidade e de solos compactos, quando os elementos de fundação são apoiados à grande profundidade. A Figura 12 mostra este gráfico. Figura 12 B* = B para sapata circular ou quadrada B* = )(2 . LB LB + para sapata retangular Dr = compacidade relativa 3..3. Determinação da Capacidade de Carga dos Solos O cálculo da capacidade de carga dos solos, segundo as recomendações da NBR-6122, pode ser feito através de um dos seguintes critérios: i) - por meio de métodos para a determinação da capacidade de carga desenvolvida na Mecânica dos Solos; ii) - por meio de provas de carga sobre placa; iii) - por meio de tabelas baseadas na tradição local e de observações do comportamento de estruturas; iv) - por meio de correlações diversas. 3..3.1. Determinação da capacidade de carga através de métodos desenvolvidos na mecânica dos solos. O problema, à primeira vista, parece ser bastante simples, mas na verdade ele é dos mais complexos. A ferramenta utilizada nestes processos de cálculo é a teoria da plasticidade, e as suas formulações envolvem tratamentos matemáticos avançados, além de um profundo conhecimento de Mecânica dos Meios Contínuos. Neste trabalho, este lado teórico, de profundo interesse para o perfeito conhecimento do formulário que se irá utilizar em seguida, não será discutido. As referências bibliográficas fazem menção a várias obras de extraordinário valor, dentre elas citam-se: CHEN (1977), SALEÇON (1974), DRUCKER e PRAGER (1952) e TERZAGHI (1943). As primeiras contribuições para solucionar o problema foram dadas por Prandtl, que admitiu um meio semi-infinito, homogêneo, isotrópico e rígido-plástico perfeito, carregado por um elemento de fundação constituído de uma placa rígida de largura B e comprimento infinito. O contato entre o elemento e o meio é perfeitamente liso e o mecanismo de ruptura é o esquematizado na Figura 13. O problema consiste em determinar a máxima tensão, BPq = , que pode ser aplicada ao elemento sem que haja sua penetração no meio semi-infinito. 15 O problema de Prandtl é simétrico em relação ao centro do elemento, eixo GH. A cunha de solo ABH movimenta-se verticalmente junto com o elemento de fundação como se a ele pertencesse e desloca radialmente a cunha AEH e lateralmente a cunha ACE. As linhas de deslizamento são circunferências de centro em A. Figura 13 A máxima carga aplicada, que corresponde à capacidade de carga do meio, é σr = (π + 2)c. Este valor advém das formulações da teoria da plasticidade e da análise das hipóteses formuladas. A superfície AB é um plano principal, tendo em vista que o contato entre o elemento e o meio semi-infinito é liso e portanto isento de esforços cisalhantes. As superfícies AC e BD também são planos principais. σr = (π + 2) c = 5,14 c Outro mecanismo de ruptura analisado pela teoria da plasticidade é o apresentado por Hill (Figura 14): O problema de Hill é também simétrico e as características do meio semi-infinito e de elemento rígido são as mesmas adotadas por Prandtl. O valor numérico da capacidade de carga coincide com o de Prandtl. Figura 14 3.3.1.1. Método de Terzaghi para a determinação da capacidade de carga Baseado nas formulações da teoria de plasticidade e nas idéias de seus antecessores, TERZAGHI (1943) adaptou à Mecânicados Solos as soluções da Mecânica dos Meios Contínuos. A idealização de Terzaghi é válida para sapata corrida (L>>B) e ruptura geral. A Figura 15 resume as considerações de Terzaghi sobre o mecanismo de ruptura, as características do meio e do elemento de fundação. Terzaghi propôs as seguintes hipóteses: a) o solo é rígido-plástico perfeito; b) o comprimento do elemento é muito maior do que a sua largura (L>>B), ou seja, sapata corrida; c) o contato solo-estrutura é rugoso, o que implica: ψ = φ ; α = 45 - φ /2; d) a zona I desloca-se solidária ao elemento de fundação e empurra lateralmente a zona II e esta a Zona III. Surge, devido a este movimento, um efeito resistente de atrito e coesão que se desenvolve ao longo da superfície de ruptura; e) os trechos AC e DE da linha de ruptura são retos e o trecho CD é uma espiral logarítmica de equação 16 r = r0 . e θ.tgφ , de centro B e r0 = BC f) o atrito ao longo de bc e ad é negligenciado; considera-se, no entanto, a tensão γD, devido ao peso do solo situado acima da cota de apoio do elemento de fundação. Figura 15 Sobre a cunha ABC (Figura 16) atuam os seguintes esforços σr, B, W, C e Eq , além do peso próprio W. Desprezando-se o peso da cunha e procedendo-se ao equilíbrio das forças verticais, tem-se: σr . B = 2 . Ep + 2 . C senφ Como C = c φcos.2 B , a expressão acima torna-se: σr = B 1 ( 2.Ep + c.B.tgφ ) Figura 16 O problema consiste em determinar Ep, que é a única incógnita do problema. Esta força pode ser decomposta em três outras Epc , Epq e Epγ . Em que: Epc = componente de Ep devido à coesão que se desenvolve ao longo da superfície de ruptura; Epq = componente de Ep devido à sobrecarga q = γ D que atua na superfície BE; Epγ = componente de Ep devido aos efeitos de atrito e dos esforços normais ao longo da superfície de ruptura causados pelo peso das cunhas II e III. Desta forma, a equação anterior pode ser escrita como: σr = B 2 (Epc + Epq + Epγ + 2 1 c.B.tgφ ) Esta equação pode ser colocada de outra forma: σr = ( B 2 Epc + c.tgφ ) + ( B 2 Epq ) + ( B 2 Epγ ) Ou ainda: 17 σr = c.Nc + 2 1 γ. Nγ . B . + q . Nq em que: c . Nc = ( B 2 Epc + c.tgφ ) Nc = cB Epc . 2 + tgφ 2 1 γ. Nγ . B = B Epy2 Nγ = γ γ . 4 2B Ep q . Nq = B 2 Epq Nq = qB. 2 Epq Substituindo os valores de Epc , Epq e Epγ nas expressões de Nc , Nγ e Nq chega-se a: a = e (π .3/4 - φ/2) tgφ Nc = cotg φ [ ]1)2/45(cos.2 2 2 −+φ a Nq = )2/45(cos.2 2 2 φ+ a Nγ = . ⎟⎟⎠ ⎞ ⎜⎜⎝ ⎛ −1 cos2φ Kp Os valores de Nc , Nγ e Nq são denominados fatores de capacidade de carga. A tabela 1 fornece os fatores de capacidade de carga de Terzaghi em função do ângulo de atrito. A solução desenvolvida por Terzaghi pressupõe solo incompressível que apresenta o tipo de ruptura geral. Para satisfazer a necessidade prática de análise de solos compressíveis, Terzaghi propôs o uso da mesma equação geral com os parâmetros c e φ reduzidos da seguinte forma: c’ = 2 c/3 ; tgφ’ = 2 tgφ /3 Os fatores de capacidade de carga e a coesão, que são os valores participantes da equação geral, ficam reduzidos e o valor de σr também. Este valor reduzido é denominado σ’r . σ’r = .N’c . c’ + 2 1 γ. N’γ . B . + q . N’q Os valores N’c , N’γ e N’q são obtidos da tabela seguinte em função de φ. φ Nc Nγ Nq N'c N'γ N'q 0 5,7 0,0 1,0 5,7 0,0 1,0 5 7,3 0,5 1,6 6,7 0,2 1,4 10 9,6 1,2 2,7 8,0 0,5 1,9 15 12,9 2,5 4,4 9,7 0,9 2,7 20 17,7 5,0 7,4 11,8 1,7 3,9 25 25,1 9,7 12,7 14,8 3,2 5,6 30 37,2 19,7 22,5 19,0 5,7 8,3 34 52,6 35,0 36,5 23,7 9,0 11,7 35 57,8 42,4 41,4 25,2 10,1 12,6 40 95,7 100,4 81,3 34,9 18,8 20,5 45 172,3 297,5 173,3 51,2 37,7 35,1 48 258,3 780,1 287,9 66,8 60,4 50,5 50 347,5 1153,2 415,1 81,3 87,1 65,6 Tabela 1 – Fatores de capacidade de carga de Terzaghi VESIC (1970) sugere que em vez do coeficiente 0,67 adote- se 0,67 + Dr - 0,75 D²r para 0 < Dr < 0,67, tendo em vista que o procedimento de Terzaghi nem sempre fornece valores do lado de segurança; sendo Dr a compacidade relativa. 3.3.1.2. Fatores de correção adicionados à equação geral de capacidade de carga O procedimento utilizado para contornar a ausência de certas características da fundação que de fato interferem no valor da 18 capacidade de carga e que não foram incluídas nas hipóteses fundamentais de Terzaghi, por provocar dificuldades matemáticas insuperáveis, está incluído na equação geral através de certos fatores (por equação geral são designadas as equações que fornecem σr e σ’r ). i) Influência da forma da sapata O desenvolvimento original de Terzaghi considerou a fundação de comprimento muito maior do que a largura. Como efetuar uma análise para sapatas quadradas, corridas, retangulares? Para superar os tratamentos matemáticos relativamente complexos destas novas formulações, Terzaghi estabeleceu os fatores de forma. Estes fatores Sc , Sγ e Sq devem multiplicar cada termo de equação geral: σr = c.Nc . Sc + 2 1 γ. Nγ . B . + q . Nq . Sq Terzaghi propôs os seguintes fatores de forma: Tipo de sapata Sc Sγ Sq Corrida 1,0 1,0 1,0 Quadrada 1,3 0,8 1,0 Circular 1,3 0,6 1,0 DE BEER (l967) propôs novos fatores de forma que dependem do ângulo de atrito do solo e de outras características (por vezes desprezadas ou admitidas constantes). A tabela seguinte mostra estes fatores. Tipo de sapata Sc Sγ Sq Corrida 1,0 1,0 1,0 Retangular Circular e Quadrada 0,6 c q N N L B .1 + φtgL B+1 L B4,01 − c q N N+1 φtg+1 ii) influência da inclinação e da excentricidade da carga A formulação original supôs carga vertical centrada. Se a sapata estiver submetida a uma carga excêntrica ou inclinada, o problema será bastante mais complexo, tendo em vista o aparecimento de momento fletor ou de uma componente horizontal de carga ou de ambos. A ruptura poderá ocorrer por cisalhamento do solo, por deslizamento ou tombamento do elemento fundação. A Figura 17 completa estas afirmações. Figura 17 Se a carga for inclinada, a relação entre P (carga vertical) e Q (componente horizontal) deverá obedecer a: Qmáx = P. tgδ + A'. Ca δ = ângulo de atrito entre o solo e a sapata A' = área efetiva = L' x B' Ca = força de adesão entre o solo e a sapata. Para carga excêntrica, faz-se uma análise similar àquela de carga vertical centrada. Esta análise, baseada na figura anterior, divide o solo de fundação em três zonas, sendo que a primeira, 19 ABC, é uma cunha elástica, triangular, tanto mais alongada quanto mais central for a carga. Em carregamentos excêntricos, o lado AC assume a forma circular com centro coincidente com o centro de rotação da sapata. Enquanto a excentricidade for menor do que B/4, o centro de rotação permanecerá do lado oposto ao ponto de aplicação da carga, externo à vertical que passa pela extremidade do elemento de fundação. Para e = B/4 o centro de rotação coincide com esta vertical. Para e > B/4 o centro de rotação move-se para o interior da sapata, em direção ao centro, e pode causar tensões de tração do lado menos carregado. Para proporcionar a devida segurança contra o tombamento sugere-se e < B/6. Na prática, usa-se reduzir as dimensões da sapata (Figura 18) para: L’ = L - 2 ey e B’ = B - 2 ex O dimensionamento é feito com estes valores reduzidos. Figura 18 Ao mesmo tempo é conveniente, se a carga for inclinada, introduzir na equação geral os fatores de inclinação. iq = m gcLBPQ ⎟⎟⎠ ⎞ ⎜⎜⎝ ⎛ +− φcot.'.'.1 ic = 1- cNcLB Qm .'.'. . , para φ = 0 ic = iq - φtgN i c q . 1− , para φ ≠ 0 iγ = 1 cot.'.'. 1 + ⎟⎟⎠ ⎞ ⎜⎜⎝ ⎛ +− m gcLBP Q φ Se a carga for inclinada ao longo de B, m = mb = L B L B + + 1 2 se for inclinada ao longo de L, m = mL = L B L B + + 1 2 . Caso seja inclinada numa direção genérica n, fazendo um ângulo com a direção L, m = mn = mL . cos²φn + mb . sen²φn . Caso a sapata tenha uma outra forma que não a retangular deve-se tomar um retângulo envolvente cujo centro de gravidade coincida com o centro de gravidade da sapata. iii) influência do N. A. na capacidade de carga O valor de q = γ D é dado em termos de tensão efetiva. A presença do N.A. acima da cota de apoio (sempre indesejável) reduz o valor q da parcela correspondente à pressão neutra. Quando N.A. situa-se abaixo da cota de apoio, o valor de γ a ser considerado poderá ser uma média ponderada entre os valores de γ ao longo das espessuras que a cada uma delas corresponde dentro do bulbo de tensões. 3.3.1.3. Capacidade de carga de solos estratificados Uma condição freqüentemente encontrada na prática é a de sapatas apoiadas em solos sedimentares constituídos de camadas com diferentes resistências ao cisalhamento. 20 Caso a camada de apoio da sapata não seja suficientemente capaz de suportar sozinha a carga aplicada, a capacidade de carga do solo ficará reduzida se a camada inferior for de baixa capacidade de suporte e será aumentada, em caso contrário. Quando o perfil é composto por uma camada de argila mole sobre uma camada de argila rija, a ruptura dar-se-á por expulsão lateral do solo mole situado sob a sapata. Neste caso a solução fornecida por VESIC (1970) obedece a: i) Calcula-se σr = c1. N’c + q , em que: c1 = coesão da camada de argila mole N’c = fator de capacidade de carga ii) N’c = f(c2 /c1 , H/B e da forma da fundação), em que: c2 = coesão da camada de argila rija H = distância que vai desde a cota de apoio até a base da camada mole B = menor dimensão do elemento de fundação. iii) O valor de N’c pode ser obtido das tabelas seguintes: Sapata retangular longa (L/B ≥ 5) – valores de N’c B/H c2/c1 5,14 5,14 5,14 5,14 5,14 5,14 5,14 5,14 5,31 5,45 5,59 5,70 6,14 7,71 5,14 5,43 5,69 5,92 6,13 6,95 10,28 5,14 5,59 6,00 6,38 6,74 8,16 15,42 5,14 5,69 6,21 6,69 7,14 9,02 20,56 5,14 5,76 6,35 6,90 7,42 9,66 25,70 5,14 5,93 6,69 7,43 8,14 11,40 51,40 5,14 6,14 7,14 8,14 9,14 14,14 10 202 4 6 8 4 5 10 1,0 1,5 2 3 ∞ ∞ ∞ Sapata circular e quadrada (L/B = 1) – valores de N’c B/H c2/c1 6,17 6,17 6,17 6,17 6,17 6,17 6,17 6,17 6,34 6,49 6,63 6,76 6,25 9,25 6,17 6,46 6,73 6,98 7,20 8,10 12,34 6,17 6,63 7,05 7,45 7,82 9,36 18,51 6,17 6,73 7,26 7,75 8,23 10,24 24,68 6,17 6,80 7,40 7,97 8,51 10,88 30,85 6,17 6,96 7,74 8,49 9,22 12,58 61,70 6,17 7,17 8,17 9,17 10,17 15,17 1,0 1,5 2 3 4 5 10 20 404 8 12 16 ∞ ∞ ∞ Para um perfil composto de uma camada de argila rija sobre uma camada de argila mole, admite-se o puncionamento da camada superior. A solução é dada por BROWN e MEYERHOF (1969): σr = c1.N’c + q ; em que: N’c = β 1 + K . Sc . Nc ≤ Sc . Nc β = )(2 . LB LB + = índice de puncionamento da sapata 21 Sc = fator de forma Nc = fator de capacidade de carga K = c2 /c1 Outra situação de interesse é formada por um perfil que tenha uma camada resistente jazendo sobre uma camada mole, quando ambas as camadas possuem ângulo de atrito e coesão. Um caso de particular interesse é o de uma camada de areia sobre uma camada de argila; a ruptura ocorre ainda por punção (TCHENG, 1957). Neste caso, σr = ( ) ⎭⎬ ⎫ ⎩⎨ ⎧ ⎥⎦ ⎤⎢⎣ ⎡ ⎟⎠ ⎞⎜⎝ ⎛ −−+⎟⎠ ⎞⎜⎝ ⎛− φφπφφ σ tgtg B H r 2/ 4 exp.sen121 '' em que: σ’’r = capacidade de carga da camada inferior para uma sapata de mesma forma e dimensões apoiada à superfície desta camada. Segundo Tcheng, esta expressão fornece bons resultados para uma relação H/B ≤ 1,5. Quando ambas as camadas possuem ângulo de atrito e coesão, σr= ( )[ ] ( )[ ] ( ){ } ( ) 11 11 '' cot.1 12exp.cot.1 φ φφσ gcK B HtgKL BgcKr − ++ c1 e φ1 = parâmetros de resistência da primeira camada. Se a camada superior for composta por uma areia (c = 0 ; 25o∠ φ ∠ 50o) a expressão anterior tornar-se-á: σr = σ’’r . exp 0,67 + ( 1+ B/L ) . (H/B) Esta expressão pode ser usada para determinar a profundidade crítica da camada resistente, além da qual a capacidade de carga é pouco afetada pela camada mais inferior: (H/B)crít = '' ' . )/1(2 .3 r rn LB l σ σ + 3.3.1.4. Método de Skempton para a determinação da capacidade de carga Em solos argilosos (s = c; φ = 0) a equação fundamental de Terzaghi reduz-se a: σr = c.Nc + q (Nγ = 0 e Νq = 1 quando φ = 0) Como a contribuição de q no valor de q é bastante pequena, não haverá praticamente variação de σr se o elemento situar-se em profundidades diferentes. SKEMPTON (l951), analisando esta conclusão, estabeleceu a seguinte equação para a capacidade de carga: σr = c.Nc + q O fator N de Skempton não é constante; ele varia com a profundidade do estrato resistente onde está embutido o elemento de fundação (ver Figura 19), com a largura da fundação e com a forma geométrica do elemento. Figura 19 Assim, o efeito de profundidade é considerado, pois, como se sabe, fundações mais largas e mais profundas geram superfícies de ruptura maiores. Ao longo desta superfície atua a coesão do solo. Portanto, a contribuição de coesão não pode ser sempre constante, mas deve variar conforme estas características da fundação. A figura 20 fornece o valor de Nc de acordo com o tipo de sapata e da reação D/B. 22 Figura 20 Para solos heterogêneos estratificados, o valor de D deve ser tomado como a espessura das camadas situadas acima da cota de apoio de fundação e possuidoras de resistência ao cisalhamento igual ou superior àquela que serve de apoio à sapata. A figura 21 esclarece este ponto. Figura 21 Um outro modo de considerar a profundidade de embutimento numa camada resistente e a forma da sapata é estabelecer expressões para dois fatores que traduzem a influência de forma da sapata, Sc, e da profundidade, dc. A equação geral torna-se: σr = C.N0c . Sc . dc + q Sc = 1 + 0,2 L B dc = 1 + 0,2 B B para D/B ≤ 2,5 dc = 1,5 para D/B > 2,5 O fator N0c = 5,14 corresponde ao de sapata corrida apoiada à superfície do terreno. 3.3.1.5. Método de Brinch-Hansen Uma outra forma de calcular a capacidade de carga de fundações rasas é aquela apresentada por BRINCH-HANSEN (1961), baseada no estado plano de deformações: σr = C.Nc.Sc.dc.ic + 2 1 γ.Nγ.Sγ.dγ.iγ.B+ q . Nq.Sq.dq.iq Esta expressão é validada para qualquer tipo de solo e possui fatores próprios, definidos pelas seguintes equações: i) fatores de capacidade de carga ( apresentados nas fórmulas seguintes: Nq = tg2 (45 + φ/2) . exp (π.tgφ) Nc = (Nq – 1) cotg φ Nγ = 1,8 (Nq – 1) tg φ ii) fatores de forma Sq = Sc =1+ 0,2 B/L 23 Sγ = 1- 0,4 B/L iii) fatores de profundidade dc = 1+ 0,35 D/B, para D < B dc = 1 + φ4.71 6,0 35,0 tgD B ++ , para D > B dq = dc - q c N d 1− ( para φ >25, dq = dc ) dγ = 1,0 Os fatores de inclinação serão normalmente desprezados. O parâmetro D tem a mesma significaçãodaquele definido por Skempton FATORES DE CAPACIDADE DE CARGA ( Brinch-Hansen) φ Nc Nγ Nq 0 5,14 0,00 1,00 5 6,48 0,09 1,57 10 8,34 0,47 2,47 15 10,97 1,42 3,94 20 14,83 3,54 6,40 25 20,72 8,11 10,66 30 30,14 18,08 18,40 35 46,13 40,69 33,29 40 75,32 95,41 64,18 45 133,89 240,85 134,85 50 266,89 681,84 318,96 3.3.1.6. Método de Balla para a determinação da capacidade de carga A equação proposta por BALLA (1962), como todas as outras equações já apresentadas, pode ser escrita de forma similar à de Terzaghi: σr = c . Nc + B . γ. Nγ + q . Nq Os fatores de capacidade de carga Nc, Nγ, Nq não são, neste caso, função apenas do ângulo φ , conforme as proposições anteriores, mas dependerão também da coesão, da massa específica e da dimensão característica da fundação, ou seja, sua largura. Este processo é indicado para solos granulares ou solos que tenham baixa coesão. A determinação de σr obedece à seguinte seqüência: i) determinam-se as relações D/b e c/b.γ , sendo b = B/2; ii) conhecendo-se estas relações e o ângulo φ , determina-se δ , utilizando-se o gráfico da figura 22; iii) de posse de δ e φ e com o auxílio dos gráficos da figura 22, determinam-se Nc, Nγ, Nq ; iv) conhecendo-se os fatores de capacidade de carga , a tensão de ruptura será calculada pela expressão anteriormente apresentada. 24 Figura 22 3.3.2 Determinação da taxa de trabalho de fundações rasas a partir de processos teóricos Uma vez definida a capacidade de carga do solo, restaria dividi-la pelo fator de segurança pra obter-se a taxa de trabalho ou tensão admissível do solo. Tem-se: Fs rσσ = A NBR-6122 recomenda que se utilize um fator de segurança que deve ser igual ao recomendado pela teoria empregada na definição de σr. Caso não haja esta recomendação, deve-se utilizar um fator compatível com a precisão da teoria e com o grau de conhecimento das características do solo, nunca menor que três. A seguir, procede-se a uma análise dos recalques e, sendo estes inferiores aos admissíveis, aceita-se como valor da tensão admissível aquele definido pela expressão acima. Caso isto não ocorra, adota-se um valor de tensão admissível, agora definido pelo recalque admissível. Uma recomendação usual é considerar FS em função das seguintes grandezas: i) forma de obtenção dos parâmetros c , φ e γ : - a partir de ensaios, FS = 2,0 - a partir de correlações, FS = 3,0 ii) natureza das cargas: - se predominam as permanentes, FS = 3,0 - se predominam as acidentais, FS = 2,0 iii) vida útil da obra: - permanente, FS = 3,0 - provisória, FS ≤ 2,0 A tabela seguinte ( BOWLES, 1977 ) fornece os valores de c , φ e γ em função dos valores de SPT. CORRELAÇÕES ENTRE SPT e c , φ e γ (BOWLES – 1977) 25 AREIAS Compacidade Característica Densidade relativa 0 0,15 0,35 0,65 0,85 1,0 SPT 0 4 10 30 50 φ (graus) 25-30º 27-32º 30-35º 35-40º 38-43º γ (tfm³) 1,12-1,60 1,44-1,76 1,76-2,08 1,76-2,24 2,24-2,4 Muito compactaMuito fofa Fofa Média Compacta ARGILAS Compacidade Característica qu 0 0,25 0,5 1,0 2,0 4,0 SPT 0 2 4 8 16 30 γsat (tfm³) 1,60-1,92 1,76-2,08 1,92-2,24 DuraMuito mole Mole Média Rija Muito rija 3.3.3. Determinação da taxa de trabalho de fundações rasas a partir de ensaios de placa O ensaio de placa, conforme croqui (Figura 23), constitui um modelo clássico de análise da capacidade de carga dos solos. Figura 23 Os valores de σr e σ’r refletem medidas das tensões de ruptura dos solos para as condições de rupturas geral e local. No primeiro caso, há uma clara definição do ponto de ruptura; no segundo, o máximo recalque tolerável (δmáx ) é que irá determinar a carga que o solo deve suportar em face da obra projetada. Como pode ser visto de uma análise perfunctória da situação, alguns aspectos de comportamento e geometria da obra não são representados pelo ensaio. Por isto, deve-se ter o critério e reserva ao tratar da definição da capacidade de suporte do solo por este método. Estes fatores de interferência desconsiderados merecem aqui uma breve análise: i) fatores geométricos; dimensão e forma As análises de propagação de tensões no solo mostram que o bulbo de tensões é função das dimensões da área carregada. Assim, mantendo-se a forma de uma placa carregada, o seu bulbo de tensões será tão mais profundo quanto maior for a sua largura. Na Figura 24, FOLQUE (1955), consideram-se duas sapatas quadradas de lados 1 e n.1 submetidas à mesma tensão q. Figura 24 Sejam, nesta figura, dois pontos P1 e P2 situados dentro do bulbo de tensões em situações homólogas. Os acréscimos de tensão em P1 e P2 são iguais, apesar de P2 situar-se a uma profundidade n vezes superior à de P1. Marquem-se na figura as isóbaras de 5% do valor de q, delimitando-se o bulbo de tensões. O bulbo da sapata 1 é n vezes menor do que o da sapata 2. Os recalques das sapatas são os somatórios das deformações verticais do terreno, no interior do bulbo. Se as tensões em pontos homólogos são iguais, conclui-se que a sapata 2 recalcará n vezes o que a sapata 1 recalca. Note que isso só é uma verdade absoluta quando o solo de fundação é homogêneo e quando a compressibilidade é constante com a profundidade. 26 Na maioria dos solos os parâmetros elásticos variam com a profundidade e não se pode , por regra de simples proporcionalidade, inferir, a partir do ensaio de placa, os recalques de uma fundação qualquer. Apesar disto, não se deve desmerecer os resultados obtidos e, em certas ocasiões, pode mesmo não ser possível executar outros ensaios.Há, por exemplo, casos de solos sensíveis, em que a amostragem é capaz de alterar fortemente as suas características de compressibilidade; outros são de difícil amostragem. Então um ensaio de prova de carga bem conduzido e interpretado pode ser mais aconselhado que o ensaio de adensamento. Em outras ocasiões, quando estes solos exibem características de compressibilidade variável com a profundidade, é de interesse executar ensaios de carga em vários níveis, cada vez mais profundos, dentro da zona de interesse. A forma da sapata em reflexo marcante na profundidade do bulbo de tensões. A placa normalizada pela NBR-6489 é circular, e em sua maioria, as sapatas, até por razões construtivas, são retangulares ou quadradas. Assim, os acréscimos de carga em pontos homólogos não são iguais. Por exemplo, sobre uma vertical que passa pelo centro da sapata a uma profundidade de aproximadamente 1,8d , onde d é o diâmetro de uma sapata circular, encontra-se a isóbara de 10% da carga aplicada. A mesma isóbara é encontrada para as sapatas quadradas e corridas, respectivamente, a profundidades aproximadas de 3,2B e 5,6B, em que B é a largura das sapatas. Assim, as sapatas corridas recalcam mais do que as quadradas, e estas mais do que as circulares, para as mesmas tensões aplicadas e mesmas larguras. ii) fator rigidez Duas sapatas de áreas e formas iguais, mas de rigidezes diferentes, induzem no solo tensões diferentes. A distribuição das tensões sob as sapatas, para solos granulares e coesivos, está apresentada na Figura 25: Figura 25 a) sapata rígida apoiada em areia; b) sapata rígida apoiada em argila; c) sapata flexível apoiada em areia; d) sapata flexível apoiada em argila. A placa da NBR-6489 tem pequena dimensão ( φ = 0,80 m ) e grande rigidez. Não devem ser ignorados esses fatos quando da análise dos resultados para utilização em sapatas flexíveis. iii) fator tempo O recalque total de uma sapata é a soma de três parcelas: - recalque imediatoou elástico; - recalque de adensamento; - recalque de compressão secundária ou “creep”. Desprezando-se este último, em face do grande intervalo de tempo para sua ocorrência total e o primeiro, já que ele ocorre de imediato, atém-se à análise do recalque de adensamento. Como se sabe, o recalque de adensamento primário resulta da expulsão da água dos poros com a simultânea compressão do 27 esqueleto sólido. Esta redução de volume dá-se à medida que a água escoa para fora do bulbo de tensões. As quantidades de água existentes nos dois bulbos, sapatas 1 e 2 são as seguintes: i) o volume do bulbo da sapata 1 é V; o da sapata 2 é V.n³; ii) como em pontos homólogos atuam os mesmos acréscimos de tensão e como a expulsão da água para fora do bulbo é função dos gradientes hidráulicos instalados, tem-se que: i1 = l P ; i2 = ln P .. ; 2 1 i i = n ou i1 = n . i2 iii) pela lei de Darcy, os volumes de água expulsos no tempo t, são: V1 =k . i1 . s . t ; V2 =k . i2 . s . n² . t em que: S = superfície do bulbo 1 S . n² = superfície do bulbo 2 O adensamento da sapata 1 terminará quando todo o volume de água sob pressão percolar para fora do bulbo de volume V; de forma análoga o recalque da sapata 2 terá ocorrido integralmente quando toda água sob pressão tenha fluído do volume V.n³ . Sendo t e T, respectivamente, os tempos necessários para o total escoamento da água sob pressão situada nos bulbos das sapatas 1 e 2, tem-se que: V1 =k . i1 . S . t (I) n³. V =k . i2 . S . n². T ; mas, como i1 = n. i2 n³. V =k . i1 . S . n. T (II) ou, ainda, dividindo-se (II) por (I): T = n². t Assim, o tempo para ocorrência do recalque de adensamento num ensaio de placa pode não representar o recalque real de uma sapata. Como ilustração, cita-se que para duas placas de diâmetros 0,30 m e 1,80 m, os tempos para o recalque de adensamento serão 48 horas e 72 dias, respectivamente. 3.3.3.1. Execução do ensaio de placa A NBR-6489 fixa a metodologia a ser obedecida para a realização da prova de carga sobre placa. A placa deve ser rígida e não ter área inferior a 0,5 m²; será colocada no fundo de um poço de base nivelada ocupando toda a área. A relação entre a largura e a profundidade do poço para a prova deverá ser a mesma que a relação existente entre a largura e a profundidade da futura fundação. A carga será aplicada em estádios sucessivos de, no mínimo , 20% da taxa de trabalho admissível provável do terreno. Em cada estádio de carga , os recalques, com precisão de 0,01 mm, serão lidos imediatamente após a aplicação da carga e após intervalos de tempo sucessivamente dobrados (1,2,4,8,16,...,n minutos). Só será aplicado nova acréscimo de carga depois de verificada a estabilização dos recalques ( com tolerância máxima de 5% do recalque total neste estádio, calculado entre duas leituras sucessivas). O dispositivo de leitura dos recalques deve estar acoplado em barras apoiadas a uma distância de 1,5 vez o diâmetro da placa, distância esta medida a partir do centro da placa. O ensaio deverá ser levado até, pelo menos, observar-se um recalque total de 25 mm ou até atingir-se o dobro da taxa admitida para o solo. A carga máxima alcançada no ensaio, caso não se vá até a ruptura, deverá ser mantida, pelo menos, durante 12 horas. 28 A descarga deverá ser feita em estádios sucessivos, não superiores a 25% da carga total, lendo-se os recalques de maneira idêntica à do carregamento e mantendo-se cada estádio até a estabilização dos recalques, dentro da precisão requerida. A Figura 26 mostra os resultados obtidos de uma prova de carga. Figura 26 3.3.3.2. Interpretação dos resultados do ensaio de prova de carga O critério convencional não considera a diferença de comportamento ( resultante dos fatores já citados no item 3.3.1) da placa e da sapata, e pode ser visualizado na Figura 27: i) se ocorre a ruptura do solo (ruptura geral) FS r a σσ = ; FS = 2,0 Figura 27 ii) se ocorre uma deformação excessiva (ruptura local ou puncionamento) δmáx = ? FS mm25=δσ ≤σ ; FS = 2,0 δ = 25 mm mm10=δσ A taxa de trabalho será o menor valor dentre a tensão que provoca um recalque de 25 mm reduzida por um fator de segurança e a tensão que provoca um recalque de 10 mm. iii) quando a reação é insuficiente A taxa de trabalho será obtida dividindo-se pelo coeficiente de segurança a tensão máxima atingida no ensaio, σn , que deverá atuar por um tempo mínimo de 12 horas. A taxa assim obtida 29 deverá ser menor do que a tensão que provoca um recalque de 10 mm. FS n a σσ = ; FS = 2,0 mma 10=≤ δσσ Há critérios que levam em consideração a diferença de comportamento entre a placa e a sapata, conforme Figura 28: Em solos cujos parâmetros elásticos não variam com a profundidade, os recalques da placa (Pp ) e da sapata ( Ps ) são: δp = ε . Bp e δs = ε . n . Bp , em que: ε representa a deformação específica média, ε = E PΔ ; ΔP = é o acréscimo de tensão médio ao longo do bulbo e , E = é o módulo de deformidade do solo, neste caso admitido constante ao longo do bulbo. Logo, δp = E PΔ . Bp e δs = E PΔ . n . Bp ou ns p 1=δ δ ou ainda δs = n . δp Figura 28 Em solos onde os parâmetros elásticos crescem com a profundidade e admitindo-se uma variação linear, conforme Figura 29, tem-se: Figura 29 δp = ε . Bp e δs = ε . n . Bp Para a placa : ε = E PΔ = )2/(1 pBDK P + Δ Para a sapata : ε = E PΔ = )2/.(2 pBnDK P + Δ 30 Os recalques da placa e da sapata são: δp = )(1 pBDK P + Δ . Bp e δs = )2/.(2 pBnDK P + Δ Portanto: nBDK BnDK p p s p 1. )2/( )2/.( 1 2 + +=δ δ TERZAGHI & PECK (1967) apresentam uma expressão válida para placas quadradas de lado igual a 0,30 m: 2 30,0 .2 ⎟⎟⎠ ⎞ ⎜⎜⎝ ⎛ += s s p s B B δ ρ ; Bs em metros 3.3.4. Determinação da taxa de trabalho de fundações rasas por meio de tabelas baseadas na tradição local e observações do comportamento de estruturas Nos países tecnologicamente adiantados, as cidades de maior porte possuem códigos de fundações que regulamentam a sua execução. Estes códigos trazem tabelas com valores aproximados da taxa de trabalho dos principais tipos de solo da região. Dentre eles, podem destacar-se os códigos das cidades de Boston e New York. Entre nós existe referência neste sentido que é dada pela recomendação da NBR-6122 da ABNT. Esta norma traz também uma tabela (apresentada a seguir ) com as taxas de trabalho recomendadas para os diversos tipos de solo. Esta recomendação deve ser utilizada apenas como referência. Valores básicos N/m² 1 Rocha sã, maciça,sem laminações ou sinal de decomposição .................................................. 5,0 2 Rochas laminadas, com pequenas fissuras, estratificadas ................................................... 3,5 3 Solos concrecionados ...................................... 1,5 4 Pedregulhos e solos pedregulhosos , mal graduados , compactos .................................. 0,8 5 Pedregulhos e solos pedregulhosos , mal graduados , fofos ........................................... 0,5 6 Areias grossas e areias pedregulhosas , bem graduadas, compactas...........................0,8 7 Areias grossas e areias pedregulhosas , mal graduadas, fofas..................................... 0,4 8 Areias finas e médias : muito compactas ............................................. 0,6 compactas ....................................................... 0,4 medianamente compactas ............................. 0,2 9 Argilas e solos argilosos : consistência dura ............................................ 0,4 consistência rija .............................................. 0,2 consistência média ......................................... 0,1 10 Siltes e solos siltosos : muito compactos ............................................. 0,4 compactos ....................................................... 0,2 medianamente compactos ............................. 0,1 Classe Solo Notas: a) para os materiais intermediários entre as classes 4 e 5, interpolar linearmente entre 0,8 e 0,5 MN/m²; b) para os materiais intermediários entre as classes 6 e 7, interpolar linearmente entre 0,8 e 0,4 MN/m²; c) no caso de calcário ou qualquer outra rocha cáustica devem ser feitos estudos especiais; d) para definição dos diferentes tipos de solo deve-se consultar a terminologia aprovada pela ABNT, TB-3. 31 A NBR-6122 faz as seguintes recomendações para a determinação da tensão admissível: i) fundação em rocha A determinação da tensão admissível para fundação sobre rocha deve considerar a continuidade da rocha, sua inclinação e atitude em face da sua estabilidade; ii) tensão admissível nas areias médias e finas, fofas; argilas moles; siltes fofos ; aterros e outros materiais Para estes solos, a análise da capacidade de carga deve-se basear em dados de ensaio de laboratório e campo. É necessário também computar os recalques e verificar a influência deles no comportamento da estrutura; iii) solos expansíveis Nestes solos deve-se proceder à análise de capacidade de carga, considerando-se a pressão de expansão; iv) prescrições para solos granulares ( areias e pedregulhos) Quando o elemento de fundação apóia-se em solos das classes 4, 5, 6, 7 e 8, com espessuras de camada de duas vezes a largura da construção, pode-se aumentar o valor da tensão admissível em função da largura do elemento de fundação, de acordo com a seguinte expressão: [ ])2(2,010 −+= Bσσ < 2,5 . σ0 , e σ0 = tensão admissível dada pela tabela anterior. Para larguras menores do que 2 metros vale a mesma expressão e σ < σ0 . v) prescrições para solos coesivos As tensões admissíveis da tabela anterior, para solos coesivos – classe 9 – são aplicáveis a um corpo de fundação não maior do que 50 m². Para áreas maiores, deve-se reduzir esta tensão através da fórmula seguinte: S 50 0σσ = > 0,5 . σ0 vi) aumento da tensão admissível em decorrência de profundidade da fundação Para os solos das classes 4 a 8 as tensões admissíveis da tabela citada devem ser aplicadas a elementos de fundação com profundidade de embutimento menor ou no máximo igual a um metro. Quando a fundação estiver apoiada a uma profundidade maior e estiver confinada lateralmente pelo terreno, pode-se acrescer ao valor obtido na tabela 40% do seu valor para cada metro de embutimento que exceder ao primeiro metro. Limita-se este valor por um máximo de duas vezes a tensão da tabela. vii) aumento da tensão devido à sobrecarga γD Em qualquer dos casos citados, pode-se elevar a tensão admissível, somando-se a ela o valor da tensão efetiva provocada pelo peso do solo situado acima da cota de apoio da fundação. 3.3.5. Determinação da taxa de trabalho do solo por meio de correlações diversas Para solos com 6 ≤ SPT ≤ 20 a tensão admissível pode ser calculada como: qSPTmédio += 5 σ , ( kgf/cm²) Recomenda-se que seja utilizado um valor máximo de =σ 4,0 kgf/cm² e que o valor de q seja considerado quando forem respeitadas as prescrições da NBR- 6122. O valor SPT médio deve ser considerado como a média aritmética dos vários valores de SPT obtidos dentro do bulbo de 32 pressão, cuja profundidade seja de 1,5B ou 2B para sapatas isoladas e contínuas, respectivamente. O intervalo apresentado não deve constituir uma regra rígida absoluta. Os solos com SPT < 6 possuem baixa capacidade de suporte e devem merecer estudos especiais, caso seja necessário utilizá-los como camada de sustentação de fundações rasas. Possivelmente haverá necessidade de análises mais detalhadas de recalques, portanto o bom senso recomenda estudos adicionais. A mesma sugestão é válida para solos resistentes que possuem SPT > 20. Neste caso, será interessante tirar o máximo proveito das boas características da camada, tendo alta resistência, pode ser economicamente vantajoso verificar de fato sua resistência ao cisalhamento. Uma outra correlação baseada em SPT foi sugerida por TERZAGHI & PECK (1967) e aplica-se a solos granulares. Esta correlação é apresentada na forma de gráfico ( Figura 30 ) e , em função do SPT e da largura da fundação, fornece a pressão admissível do solo. Consideram esses autores, que para areia muito fina ou siltosa, saturada, deve-se considerar o efeito de sua baixa permeabilidade no valor do SPT a utilizar. Sugerem a seguinte expressão para a correção do valor de N: N’ = 15 + )15( 2 1 −N , onde N’ deverá ser o valor adotado para fins de projeto. Figura 30 3.4. Recomendações finais e exercícios 3.4.1. Recomendações finais À primeira vista, o cálculo da capacidade de carga ou da tensão admissível de fundações rasas pode parecer uma grande mistura de fórmulas e coeficientes. Isto assusta o iniciante. Recomenda-se, pois, que à medida do possível, devem ser lidos os trabalhos originais dos vários autores, que estabeleceram cada uma dessas fórmulas, tentando montar-se uma evolução cronológica do problema e, sobretudo, procurando distinguir as condições de aplicabilidade de cada uma delas. É preciso ter em mente que não se propõe novas teorias quando se as tem boas e comprovadas. O trabalho sério e dedicado dos técnicos que militam nessa área, compreendendo as análises teóricas, os modelos de laboratório e de campo e as análises de desempenho de obras instrumentadas, está direcionado para superar os desafios encontrados nas obras. 33 A primeira preocupação que advém, ao analisar-se a capacidade de carga dos solos, é referente à escolha da teoria ou do processo de determinação que por sua vez se acham ligados às informações geotécnicas do perfil. Assim, essas informações, o porte da obra, a experiência local, etc, são índices que auxiliam na escolha da fórmula a ser empregada. Segundo BOWLES ( 1977), todas as fórmulas apresentadas, além de outras não discutidas neste capítulo, fornecem valores seguros. Esta afirmação apóia-se na comparação entre resultados medidos de sapatas em serviço e os resultados obtidos com os processos teóricos, conforme é visualizado no quadro seguinte. O método de Brinch Hansen analisa a capacidade de carga para um estado plano de deformação. Como o valor de φ é obtido pelo ensaio triaxial e é algo menor do que o correspondente do estado plano de deformação, o autor sugere: φpd = 1,1φ em que φpd é o ângulo de atrito correspondente ao estado de deformação que deverá ser utilizado na expressão de Brinch Hansen. Note que este quadro comparativo apresentado fornece valor de σr e que as sapatas são dimensionadas com σ . Portanto, sempre haverá segurança contra a ruptura e o coeficiente de segurança real é que, de fato, não representa o valor utilizado. BOWLES ( 1977) sugere que se utilize a expressão de Brinch Hansen para qualquer situação e ressalva que para solos não coesivos, os valores de Balla
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