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1 AULA 14 : O MERCADO COMPETITIVO I Equilíbrio Parcial 1. A Demanda do Mercado; 2. A Oferta do Mercado; 3. Equilíbrio Do Mercado no Curto Prazo; 4. Oferta e Equilíbrio no Longo Prazo; 5. Bibliografia e Exercícios sugeridos. 1. A Demanda do Mercado Em um mercado perfeitamente competitivo, existe um único preço para cada bem ip ni ,...1= . O vetor de preços dos bens será notado: . n ),...,( 1 nppp = Vamos supor que existam Jj ,...,1= consumidores do bem sendo a demanda Marshalliana do consumidor j, o qual tem renda i ),( jji Rpx jR . A demanda do mercado pelo bem i , notada , é definida como a soma horizontal das demandas individuais deste bem: iX ; ∑ =≡ Jj jjiJi RpxRRpX 11 );(),...,,( ni ,...,1= Assim, dados o vetor de preços e a renda dos consumidores, unidades do bem i são demandadas pelo mercado. iX 2 A Figura 1 abaixo ilustra a agregaçao das demandas individuais. Fig.1 : Demanda do Mercado: Agregação das Demandas Individuais xi1 xi2 xi 3 pi ……………………………………………….. …… xiJ xi1+xi2+xi3+…+xiJ = Xi pi pi Demanda do Mercado pi Exemplo 1: A demanda do consumidor j pelo bem é linear, do tipo: i jjjj i Rpx i γβα +−= ; Jjb jj ,...,1;0,, =>γα . Entao, a demanda do mercado será: )()()();( 1111 jJ ji J j jJ j jJ j j ii RpRpX ∑∑∑∑ ==== +−= γβα Ou : a iii RpRpX γβα +−=);( Como vemos, a demanda do mercado também será linear no preço do bem e na renda agregada, onde: 3 ∑ =≡ Jj j1 )( αα é o intercepto )( 1∑ =≡ Jj jββ é o coeficiente angular; )( 1 jJ j a RR ∑ =≡ é a renda agregada. No exemplo acima, a demanda pelo bem i não depende diretamente do preço dos outros bens, mas isto não significa que este bem não tenha substitutos (ou complementos) no mercado. Como vimos na Aula 3, é possível que o bem i seja um bem inferior, e que o efeito renda seja igual ao negativo do efeito substituiçao cruzado de Slutsky. Demanda Agregada e Preferências Homotéticas Na Aula 2 vimos que quando as preferências do consumidor são homotéticas, sua demanda Marshalliana por um dado bem i pode ser escrita como uma funçao linear na renda R da seguinte maneira: RpxRpx ii )1:();( = onde é a quantidade demanda do bem quando o consumidor tem renda igual à uma unidade monetária. )1:( pxi Assim, se os J consumidores tiverem preferências homotéticas idênticas, a demanda do mercado pelo bem i será funçao linear da renda agregada: ∑∑ == == Jj jijJj iJi RpxRpxRRpX 111 )1;()1;(),...,,( 4 Assim, podemos escrever a demanda agregada pelo bem i no mesmo formato multiplicativo das demandas individuais: Ai a i RpxRpX )1;(),( = onde: ∑≡ Jj jA RR )( Deslocamentos da Demanda do Mercado Os fatores que provocam deslocamentos na demanda do mercado são os mesmos que deslocam as demandas individuais, a saber: a) Mudanças significativas nas preferências dos consumidores (parâmetros γβα ,, no exemplo acima); b) Variações exógenas na renda dos consumidores; c) Variações no preço dos outros produtos. Demanda Inversa A demanda direta expressa as quantidades demandadas em funçao do preço do produto, como apresentado acima. A demanda inversa expressa o preço do produto em funçao das quantidades demandadas. A demanda inversa pode ser obtido à partir da demanda direta (e vice versa) mediante uma reparametrizaçao. 5 No exemplo 1 a demanda inversa será: cRbXaRXp iii +−=);( onde: βγββα /;/1;/ ≡≡≡ cba Elasticidades-preço e renda da demanda A elasticidade-preço da demanda do mercado é a média ponderada das elasticidades das demandas individuas, com pesos iguais à parcela da demanda individual sobre a demanda do mercado: Com efeito: j i J j j i j i i i j iJ j i J i i j i j i i i i i i i iD i s x p p x X x X x x p p X X p p X ε ε ∑ ∑ = = = ∂ ∂=∂ ∂=∂ ∂≡ 1 1 onde i j i j i Xxs /≡ é o peso do consumidor j ; j i i i j ij i x p p x ∂ ∂≡ε é a elasticidade-preço da demanda de j . Por exemplo, se o mercado possui dois consumidores, no qual a demanda do primeiro representa 60% da demanda do mercado e as elasticidades-preço individuais valem e 8.0− 2.1− , respectivamente, entao a elasticidade-preço da demanda do mercado será: 96.0)2.1)(4.0()8.0)(6.0( −=−+−=Dε A demanda do mercado por um determinado produto i é dita preço-elástica se 1−<Diε . 6 Ela é dita preço-inelástica se 01 <≤− Diε 2. Oferta do Mercado Da mesma forma que a demanda do mercado, a oferta do mercado também é dada pela soma horizontal das ofertas das firmas Kk ,...,1= firmas individuais. Sendo o mercado competitivo, cada uma delas considera o preço tanto do produto como dos fatores como sendo dados, de modo que a oferta da firma k pelo produto i será notada: . );( wpy i k i Deste modo, a oferta do mercado será: ∑ =≡ Kk ikiii wpywpY 1 );();( O formato da curva de oferta do mercado varia de acordo com o tempo econômico da produçao. 1. No curtíssimo prazo, quando as firmas não podem alterar seu nível de produçao, de modo que a oferta do produto i, de cada firma firma individual é constante, Kkywpy kii k i ,...,1;);( == , a curva de oferta do mercado é vertical: K iiii yywpY ++= ...);( 1 2. No curto prazo, quando as firmas podem alterar o nível de emprego de alguns fatores de produçao, mas não de todos, vimos que a curva de oferta de uma 7 firma individual se confunde com a parte crescente da sua curva de custo marginal, nos pontos acima do limiar de fechamento da firma . ),( kfi kf i py A Figura 2 abaixo ilustra a oferta do mercado do produto i no curto prazo, a qual é obtida com a agregação das curvas de oferta das firmas individuais. Fig.2 : Curva de Oferta do Mercado no Curto Prazo yi1 yi2 yi 3 pi ……………………………………………….. …… yiK yi1+yi2+yi3+…+yK = Yi pi pi Oferta do Mercadopi Como se depreende da Figura 2, a curva de oferta no curto prazo pode apresentar descontinuidades quando o número de produtores é pequeno. Estas descontinuidades se apresentam quando os produtores são heterogêneos do ponto de vista dos custos fixos e variáveis que são incorridos na produçao. Em outras palavras, a descontinuidade eventual da curva de oferta do mercado, no curto prazo, ocorre quando as firmas são heterogêneas do ponto de vista da eficiência produtiva. 8 Um ponto importante a ser observado, o qual aparecerá mais claramente na próxima seção, é que no curto prazo, o número de firmas ativas no mercado é dado. Não há livre entrada ou saída de firmas, de modo que, contrariamente à situação de longo prazo, no curto prazo as firmas estabelecidas podem estar operando com lucro positivo. Enquanto perdurarem estes lucros positivos na indústria, haverá incentivo para a entrada de novas firmas desejosas de também auferir lucros neste mercado. A entrada das novas firmas aumentaráassim a concorrência entre as firmas já estabelecidas, resultando na compressão das margens de lucratividade de todas elas. Naturalmente, o aumento no número de ofertantes ocorrerá até que as margens de lucratividade econômica das firmas sejam exauridas. Na teoria, a condiçao na qual o lucro econômico das firmas é nulo é descrita como uma condiçao de longo prazo. 3. No longo prazo, quando as firmas podem alterar o nível de emprego de todos os fatores de produçao, a curva de oferta de uma firma individual se confunde com a parte crescente da sua curva de custo marginal de longo prazo. Neste caso, como todos os custos das firmas são variáveis, o custo médio e marginal das firmas passam pela origem, de modo que a curva de oferta agregada, diferentemente daquela de curto prazo, será necessáriamente contínua. Todavia, conforme aludido anteriormente, a análise da curva de oferta do mercado no longo prazo requer o uso de uma hipótese central para a construção do 9 mercado competitivo: a livre entrada e saída das firmas. A compressão das margens de lucro das firmas estabelecidas, resultante das entrada de novas firmas concorrentes forçará a que as empresas atuem na escala eficiente , onde o custo médio é mínimo, isto é, onde ele é intersectado pelo custo marginal. ry Mas a entrada de novos concorrentes no mercado pode não ser neutra relativamente aos custos incorridos pelas firmas estabelecidas, de modo que 3 casos devem ser considerados: a) Custos Constantes Os insumos e fatores de produçao podem ser abundantes no mercado, de modo que a demanda adicional de insumos e fatores manifestada pelas novas firmas entrantes não alterará o seu preço. Por outro lado, é possível que as firmas entrantes repliquem a mesma tecnologia de produçao das firmas estabelecidas, e que não imponham nenhum custo “externo” adicional para elas. Nestas condiçoes, como veremos na Seção 4, a curva de oferta de longo prazo da indústria será constante, isto é, infinitamente elástica ao preço. b) Custos Crescentes A entrada de novas firmas pode pressionar o aumento no preço dos insumos e fatores empregados na produçao, ocasionando o aumento nos custos de produçao em toda a indústria. Além disso, as novas firmas também podem impor custos externos às firmas existentes, na forma de congestionamento do transporte, poluição do ar ou da água, etc. 10 Neste caso, a curva de oferta de longo prazo da indústria será crescente com relaçao ao preço do produto. c) Custos Decrescentes A entrada de novas firmas pode reduzir os custos de produçao na indústria, se as novas firmas são inovadores e introduzem novas técnicas de produçao mais eficientes que reduzem consideravelmente o custo unitário do produto. Também, a entrada de novas firmas pode reduzir o custo da contratação e treinamento da mao de obra, ou proporcionar sinergias produtivas e logísticas positivas para as firmas estabelecidas. Neste caso a curva de oferta de longo prazo da indústria será decrescente com relaçao ao preço do produto. O mecanismo de mercado que gera a curva de oferta do mercado no longo prazo será descrito na Seção 4 adiante. Um exemplo numérico será entao também oferecido. Deslocamentos da Oferta do Mercado Os fatores que provocam deslocamentos da oferta do mercado são os que deslocam a oferta das firmas individuais, a saber: a) Mudanças significativas nas técnicas de produçao, representadas pelos parâmetros das funções de produçao das firmas; b) Variações exógenas no preço dos fatores de produçao ; w 11 Elasticidade-preço da Oferta do mercado Supomos aqui que a curva de oferta de mercado seja contínua e diferenciável em todo o nível do preço. Assim como para a demanda, a elasticidade-preço da oferta do mercado é a média ponderada das elasticidades das ofertas das firmas individuas, com pesos iguais à parcela da oferta de cada uma na oferta agregada. Com efeito: k i K k k i k i i i k iK k i k i i j i j i i i i i i i iS l s y p p y Y y X y y p p Y Y p p Y ε ε ∑ ∑ = = = ∂ ∂=∂ ∂=∂ ∂≡ 1 1 onde i k i k i Yys /≡ é o peso da firma k na oferta total; j i i i j ij i x p p x ∂ ∂≡ε é a elasticidade-preço da oferta de k . Por exemplo, se o mercado possui duas firmas, no qual a oferta da primeira firma representa 60% da oferta do mercado e as elasticidades-preço individuais valem e , respectivamente, entao a elasticidade-preço da oferta do mercado será: 5.0 5.1 9.0)5.1)(4.0()5.0)(6.0( =+=Sε 3. Equilíbrio do Mercado no Curto Prazo O mercado encontra o seu equilíbrio quando a oferta iguala a demanda isto é, usando as notações das seções anteriores: 12 );();( RpXwpY iii ≡ Se destacarmos o preço do bem i no vetor de preços onde é o vetor do preço dos outros );( ii ppp −= ip− 1−n bens, diremos que o preço equilibra o mercado do bem , dados os preços dos outros bens, o preço dos fatores w e as rendas dos consumidores, se: * ip i ip− ),;();( ** RppXwpY iiiii −≡ Observe que o preço dos outros bens pode afetar a demanda do bem i , mas não a oferta deste bem, pois esta não depende de . ip− A Figura 3a abaixo ilustra o equilíbrio do mercado no curtíssimo prazo: Fig.3a: Equilíbrio do mercado no Curtíssimo Prazo quantidades preço Ye Oferta pe Demanda 13 Se a oferta é fixa em eY no curto prazo, entao um aumento na renda dos consumidores provocando um deslocamento da curva de demanda para cima sòmente poderá ser resolvido no mercado com o aumento no preço do produto. A Figura 3b abaixo ilustra o equilíbrio do mercado no curto prazo. Fig.3: Equilíbrio do mercado no Curto Prazo pi* YiXi Demanda Oferta qi* quantidades preço A demanda pontilhada representa a possibilidade de inexistência de um preço que equilibra o mercado do bem, no curto prazo. Exemplo 2: (Numérico) A curva de demanda (inversa) do mercado é do tipo linear: 14 Xp 2 14 −= onde X é a quantidade total demandada do produto. Do lado da oferta, existem duas firmas, com as seguintes funções de custo total e variável médio: Firma 1: 32 11 22)( yyyCFyC +−+= 21 22)( yyyMCV +−= Firma 2: 32 22 23)( yyyCFyC +−+= 32 23)( yyyMCV +−= Os custos variáveis médios tem seu ponto mínimo quando ambas as firmas produzem 1 unidade do bem, com custo variável médio igual a 1 para a firma 1 e 2 para a firma 2. Vimos que a curva de oferta da firma é dada pelos pontos da sua curva de custo marginal que estão acima do limiar de fechamento, que é o ponto mínimo da curva de custo variável médio. 2 1 342)( yyyCmg +−= 2 2 343)( yyyCmg +−= Os limiares de fechamento são )1,1(),( 11 =ff py para a firma 1 e para a firma 2. )2,1(),( 22 =ff py Resolvendo a inversa da equação pyCmg =)( para cada uma das firmas obtemos as seguintes curvas de oferta: ⎪⎩ ⎪⎨ ⎧ >−+ ≤ = 1; 2 1 4 3 3 2 3 2 1;0 )(1 pp p py para a firma 1 15 ⎪⎩ ⎪⎨ ⎧ >−+ ≤ = 2; 4 5 4 3 3 2 3 2 2;0 )(2 pp p py para a firma 2. A curva de oferta do mercado será ,isto é: )()()( 21 pypypY += ⎪⎪ ⎪⎪ ⎩ ⎪⎪ ⎪⎪ ⎨ ⎧ >⎥⎦ ⎤⎢⎣ ⎡ −+−+ ≤<−+ ≤ = 2; 4 5 4 3 2 1 4 3 3 2 3 4 21; 2 1 4 3 3 2 1;0 )( ppp pp p pY Para representarmos a curva de oferta no plano (Y,p) usual, precisamos inverter agora a curva de oferta do mercado acima, o que dá: ⎪⎪ ⎪⎪ ⎩ ⎪⎪ ⎪⎪ ⎨ ⎧ >⎟⎠ ⎞⎜⎝ ⎛ −+⎟⎠ ⎞⎜⎝ ⎛ −+ ≤<⎟⎠ ⎞⎜⎝ ⎛ −+ ≤ = − 3 7; 3 4 108 81 3 4 108 9 108 126 3 41; 3 23 3 2 1;0 )( 22 2 YYY YY Y Yp Esta é a curva de oferta que está representada na Figura 4 abaixo, junto com a demanda do mercado. 16 Fig.4: Equilíbrio do Mercado: Exemplo Numérico 1.0 1.2 1.4 1.6 1.8 2.0 2.2 2.4 2.6 2.8 3.0 3.2 3.4 1 2 3 4 quantidade preço O equilíbrio do mercado se dá no ponto , na interseção da curva de oferta (em vermelho) com a curva de demanda (reta em azul). )64.2,72.2(),( =ee pY Deslocamentos do Equilíbrio e Elasticidades Podemos avaliar o impacto potencial sobre o preço de equilíbrio do mercado de variaçoes nos fatores que deslocam as curvas de oferta e da demanda. Estes fatores já foram explicitados anteriormente: mudanças nas preferências, na renda dos consumidores ou no preço dos outros bens substitutos ou complementares, para a demanda; mudanças na tecnologia ou no preço dos fatores para a oferta. 17 Vamos aqui usar a relaçao do equilíbrio do mercado para expressar uma relaçao direta entre a elasticidade do preço de equilíbrio relativa aos deslocadores da oferta e da demanda, em funçao das elasticidades-preço da oferta e da demanda. ),;();( ** RppXwpY iiiii −≡ Notando genericamente por Zd para um deslocador da demanda e por Zo para o deslocador da oferta .e diferenciando totalmente a relaçao de equilíbrio temos: );();( ** diioii ZpXZpY ≡ d d d e ii i i d e ii o o o e ii i i o e ii dZ Z ZpXdp p ZpXdZ Z ZpYdp p ZpY ∂ ∂+∂ ∂=∂ ∂+∂ ∂ );();();();( Ou: o i d e ii i o e ii d o e ii d i d e ii i o e ii d d e ii i dZ p ZpX p ZpY Z ZpY dZ p ZpX p ZpY Z ZpX dp ∂ ∂−∂ ∂ ∂ ∂ − ∂ ∂−∂ ∂ ∂ ∂ = );();( );( );();( );( (*) Assim, colocando 0=odZ em (*) e multiplicando a esquerda e a direita da equação por d e i d dZp Z e, usando a condiçao de equilíbrio iXiY = obtemos: pXpY di d e i ZXeZpE ,, ),(),( εε −= De modo que a elasticidade do preço de equilíbrio com relaçao ao deslocador da demanda , se expressa como a razão entre a elasticidade da demanda com relaçao ao deslocador da demanda ),( d e i ZpE 18 ),( di ZXe e a diferença entre as elasticidades-preço da oferta e da demanda pXpY ,, εε − . Análogamente, colocando 0=ddZ em (*) e multiplicando a esquerda e a direita da equação acima por o e i o dZp Z e, usando a condiçao de equilíbrio obtemos: ii XY = pXpY o eZ , (), ε−= oie i ZYpE , ),( ε− De modo que a elasticidade do preço de equilíbrio com relaçao ao deslocador da oferta , se expressa como a razão entre a elasticidade da oferta com relaçao ao deslocador da oferta e a diferença entre as elasticidades-preço da oferta e da demanda ),( o e i ZpE ),( 0ZXe i pXpY ,, εε − . De acordo com a última fórmula acima, se , 0.1−),( =oi ZYe 4.0, =pYε e 1.1 , teremos Xε −=p, 3 2 )1.1(4.0 0.1 −−);( = − . −=oei ZpE Deste modo, face à uma desoneração fiscal que reduz o custo de insumos e fatores em 15%, será necessária uma redução de 15(2/3)=10% no preço do produto para que o equilibrio do mercado seja restaurado. 19 4. Oferta e Equilíbrio do Mercado no Longo Prazo Como mencionamos anteriormente, um dos pilares da da determinação da oferta do mercado no longo prazo é a livre entrada e saída de firmas. Equilíbrio do mercado competitivo no Longo Prazo Com a livre entrada e saída de firmas, o mercado perfeitamente competitivo, no longo prazo está em equilíbrio quando não há mais incentivo para que firmas, entrem ou saiam do mercado. Isto ocorre quando: (i) Cada uma das *,...,1 Jj = opera no nível de produçao onde o preço de equilíbrio do percado iguala o custo marginal de longo prazo: j pcy pcp )( jpc j pc yCmgp = (ii) Cada firma opera na escala eficiente, isto é, no nível de produçao onde o custo marginal de longo prazo intersecta o (mínimo do) custo médio de longo prazo. j pcy )()( jpc jj pc j yCMyCmg = *,...,1 Jj = Assim, no equilíbrio de longo prazo, nenhuma firma realiza lucro econômico positivo. 20 Caracterização da Oferta e do Equilíbrio no Longo Prazo Vamos ilustrar, graficamente e numericamente, o mecanismo de determinação da oferta e do equilíbrio no longo prazo, de acordo com o caráter constante, crescente ou decrescente dos custos de produçao no mercado. a) Custos Constantes Suponha que o mercado se encontre no equilíbrio de longo prazo e que um aumento exógeno da demanda ocorra, em decorrencia, por exemplo, de um aumento na renda dos consumidores. O deslocamento para a direita da curva de demanda eleva, no curto prazo, o preço de venda do produto. Pelo seu lado, o aumento do preço do produto proporciona às firmas estabelecidas lucros positivos. O lucro positivo atrai inicialmente novas firmas no mercado, pressionando a demanda por insumos e fatores de produçao. No entanto, supomos aqui que a oferta de insumos e fatores é infinitamente elástica ao preço, de modo que a maior demanda por estes insumos e fatores não afetará seus preços. Em outras palavras, supõe-se que os custos das firmas, no curto e no longo prazo, permanecerão inalterados. Neste caso, como mostra a Figura 4a abaixo, a curva de oferta de longo prazo será infinitamente elástica ao preço. 21 Fig.4a: Curva de Oferta LP: Custos Constantes Firma Típica Mercado quant. preço Demanda (X) Oferta CP (YCP) Oferta LP y0 Y0 Y1 p0 p* y* E0 E1 CmgCP CmgLP CM E* O mercado se encontra no equilíbrio inicial onde do bem são ofertadas e demandadas, ao preço unitário . 0E 00 XY = 0p Do lado da oferta, temos firmas idënticas que produzem na escala eficiente unidades do bem , e tem lucro econömico nulo. 0J 0y )( 000 yJY = De repente há um aumento exógeno na renda dos consumidores deslocando a curva de demanda para a direita: 001 XXX Δ+= Como a oferta no curto prazo permanece inalterada, de imediato o preço do bem se eleva e o novo equilíbrio do mercado se efetua no ponto *E . 22 A elevação do preço do bem para *p produz dois efeitos: Primeiro, esta elevaçao aumenta a produçao das firmas estabelecidas para , uma vez que agora o custo marginal está acima do custo médio, e as firmas fazem lucro positivo; *y O segundo efeito é de estimular a entrada de novas firmas, atraídas pelo lucro positivo auferido pelas firmas incumbentes. A entrada de novas firmas prosseguirá até que o lucro das firmas estabelecidas seja novamente reduzido à zero. Como por hipótese, a entrada de novasfirmas não altera o custo de produçao das firmas, as novas entrantes caniblizarao o mercado das firmas estabelecidas, de modo que a produçao de cada uma retornará ao nível da escala eficiente inicial . 0y No mercado, a oferta se desloca para a direita passando pelo ponto tal que ),( 01 pY )()( 0101 pXpY = . No total ⎥⎦ ⎤⎢⎣ ⎡ −=Δ 0 01 0 y YYJ novas firmas idënticas terao entrado no mercado. Exemplo 3a: (Numérico) A demanda inicial do mercado é dada por: ppX 32500)(0 −= a qual se desloca para . ppX 33500)(1 −= A firma típica tem custo total: 800010020)( 23 ++−= yyyyC 23 O Custo médio y yy 8000100202 ++− tem ponto de mínimo em , que é a escala eficiente das firmas. 200 =y O preço de equilíbrio inicial é 500 20 8000100)20(20)20( 20 =++−=p . Com este preço, a demanda do mercado é . 1000)500(32500)500(0 =−=X Como a oferta do mercado iguala a demanda inicial, por hipótese, temos )20(1000 00 JY == , de modo que o número de firmas ativas no mercado é: 500 =J . No curto prazo a oferta de cada firma é dada pela parte crescente da curva de custo marginal: . 100403)( 2 +−= yyyCmg Com o deslocamento da demanda, as firmas definem seu nível de produçao no ponto em que o custo marginal iguala o novo preço fixado pelo mercado. *y Vamos entao calcular e depois determinar *y *)(* yCmgp = . Pelo inverso da nova demanda temos: *50 3 1 3 3500)3500( 3 1* 1 yXp −=−= . Igualando esta última expressão com 100*40*3 2 +− yy dá: , cuja soluçao positiva é 03200*70*9 2 =−− yy 14.23* =y Deste modo, o preço de equilíbrio do mercado, antes da entrada de novas firmas, é : 24 0.781)14.23(50 3 1500.3 3 1* =−=p Este preço é maior que o custo médio, 38.518 14.23 8000100)14.23(20)14.23( 2 =++− , de forma que as firmas estabelecidas fazem lucro positivo nesta escala de produçao: 95.6077)38.51804.781)(14.23(*)*(** =−=−= CMpyπ Enquanto o lucro for positivo, haverá entrada de novas firmas no mercado, até o ponto que, no longo prazo, todas elas estarão novamente operando na escala eficiente inicial 200 =y , o preço de mercado será , e todas as firmas ativas terão lucro 0, uma vez que os custos de produçao, por hipótese, não se alteram. 5000 =p Para determinar o número de firmas que terão entrado, calculemos as quantidades de equilíbrio que serao transacionadas após a expansão da demanda: 2000)500(3350011 =−== XY Assim, o novo número de firmas será 100 20 2000 1 ==J , de modo que terão entrado 505010001 =−=− JJ novas firmas. b) Custos Crescentes Como no caso anterior, o deslocamento da demanda e o conseqüente aumento do preço e da lucratividade das firmas atrairá novas firmas. 25 Mas neste caso, a entrada de novas firmas colocará uma demanda maior por insumos e fatores, o que gerará pressões inflacionárias nestes mercados. Supomos que a oferta de insumos e fatores é menos elástica ao preço, de modo que o aumento da demanda elevará seus preços de forma a estimular a oferta até o ponto em que toda demanda excedente seja absorvida. Com relaçao ao nível inicial, o custo das firmas, no longo prazo, se situará à um nível mais elevado. Como mostra a Figura 4b abaixo, a curva de oferta de longo prazo será crescente com relaçao ao preço de venda do produto. Fig.4b: Curva de Oferta LP: Custos Crescentes Firma Típica Longo Prazo Mercado Longo Prazo quant. preço Demanda (X) Oferta CP (YCP) Oferta LP y0 Y0 Y1 p0 p* y* E0 E1 CmgCP CMCP E* p1 y1 CMCPCmg CP preço Equilibrio Inicial Equlibrio Final quant. quant. Diferentemente do caso anterior, a entrada de novas firmas aumenta o custo de produçao neste caso. 26 No longo prazo, quando a entrada de firmas houver anulado o lucro das firmas ativas, o custo médio terá se deslocado para cima, o que é representado no diagrama central da figura 4b. O novo preço de equilíbrio do longo prazo será , superior ao preço de equilíbrio inicial , e a produçao de cada firma individual se situará no nível , distinto do nível inicial , onde o custo marginal e médio de longo prazo se igualam. 1p )( 01 pp > 1y 0y No mercado, a oferta se desloca para a direita passando pelo ponto tal que ),( 11 pY )()( 1111 pXpY = . No total ⎥⎦ ⎤⎢⎣ ⎡ −=Δ 1 01 0 y YYJ novas firmas idënticas terao entrado no mercado. Um ponto a observar é que, com custos crescentes na indústria, a curva de oferta do mercado no longo prazo é mais preço-elástica do que a curva de oferta agregada no curto prazo. Exemplo 3b: (Continuaçao) Do exemplo anterior, vimos que no equilíbrio de longo prazo inicial, 50 firmas operam no mercado, cada uma produzindo 20 unidades do bem, sendo 500 o preço unitário de equilíbrio do mercado. Vimos também que o efeito imediato do deslocamento da demanda, é o aumento no mercado do preço unitário do produto para 781, com o aumento momentaneo da oferta das firmas já estabelecidas de 20 para 23.14 unidades cada. Supomos agora que a entrada de novas firmas atraídas pelo lucro positivo das incumbentes 27 pressione os custos na indústria de modo que haja um aumento do custo fixo da produçao. Assim, suponha que, no novo equilíbrio, a funçao custo das firmas seja: 1161610020)( 231 ++−= yyyyC Vamos obter as quantidades de cada firma no novo equilíbrio: 1y Igualando custo médio com custo marginal obtemos: 0116162021004031161610020 2322 =−−⇒+−=++− yyyy y yy A solução desta última equação do terceiro grau, usando o método de Newton, dá: 221 =y Logo, no novo equilíbrio de longo prazo, antigas e novas firmas produzirão 22 unidades do produto, contra 20 anteriormente, isto é, produzirão em uma escala eficiente mais elevada. O novo preço de equilíbrio do mercado será dado por: , ou seja: )( 111 yCmgp = 6721 =p Há, portanto, um aumento no preço de equilíbrio de 500 para 672. Com este preço, a demanda e oferta no novo equilíbrio serao: 28 1484)672(33500)()( 1111 =−== pXpY Vemos que o deslocamento inicial da demanda terá propiciado, no novo equilíbrio de longo prazo uma oferta adicional de 484 unidades do produto. O novo número de firmas ativas no mercado será dado por: )22(1484 11 JY == , de modo que: 681 =J (arredondando para cima). Deste modo, a expansao da demanda inicial abriu espaço para a entrada de 18 firmas adicionais no mercado. c) Custos Decrescentes Como no caso anterior, o deslocamento da demanda e o conseqüente aumento do preço e da lucratividade das firmas atrairá novas firmas. Mas neste caso, a entrada de novas firmas, a despeito de gerar uma demanda maior por insumos e fatores, não gerará pressões inflacionárias nestes mercados. Situações em que a maior demanda por insumos e fatores reduz seus preços podem ocorrer se há sinergias positivas na contratação e treinamento da mao-de-obra, por exemplo. Ou entao quando a entrada de uma nova firma proporciona alguma inovação técnica no emprego de fatores ou insumos que beneficia a toda a indústria, como a descoberta de novos recursos minerais ou vegetais, por exemplo. Com relaçao ao nível inicial, o custo das firmas, no longo prazo, se situará à um nível mais elevado. 29 Como mostra a Figura 4c abaixo, a curva de ofertade longo prazo será decrescente com relaçao ao preço de venda do produto. Fig.4c: Curva de Oferta LP: Custos Decrescentes Firma Típica Longo Prazo Mercado Longo Prazo quant. preço Demanda (X) Oferta CP (YCP) Oferta LP y0 Y0 Y1 p0 p* y* E0 E1 CmgCP CMCP E* p1 y1 CMCPCmg CP preço Equilibrio Inicial Equilibrio Final quant. quant. A entrada de novas firmas diminui o custo de produçao neste caso. No longo prazo, quando a entrada de firmas houver anulado o lucro das firmas ativas, o custo médio terá se deslocado para baixo, o que é representado no diagrama central da figura 4c. O novo preço de equilíbrio do longo prazo será , inferior ao preço de equilíbrio inicial , e a produçao de cada firma individual se situará no nível , distinto do nível inicial , onde o custo marginal e médio se igualam. 1p )( 01 pp < 1y 0y 30 No mercado, a oferta se desloca para a direita passando pelo ponto tal que ),( 11 pY )()( 1111 pXpY = . Como anteriormente, ⎥⎦ ⎤⎢⎣ ⎡ −=Δ 1 01 0 y YYJ novas firmas idënticas terao entrado no mercado. Exemplo 3c: (Continuaçao) No equilíbrio de longo prazo inicial, temos 50 firmas operam no mercado, cada uma produzindo 20 unidades do bem, sendo 500 o preço unitário de equilíbrio do mercado. O efeito imediato do deslocamento da demanda, é o aumento no mercado do preço unitário do produto para 781, com o aumento momentaneo da oferta das firmas já estabelecidas de 20 para 23.14 unidades cada. A entrada de novas firmas atraídas pelo lucro positivo das incumbentes é acompanhada de sinergias produtivas positivas para a indústria como um todo, de modo que haverá diminuiçao do custo fixo das firmas. Assim, suponha que, no novo equilíbrio, a funçao custo das firmas seja: 650010020)( 231 ++−= yyyyC Vamos obter as quantidades de cada firma no novo equilíbrio. 1y Igualando custo médio com custo marginal obtemos: 06500202100403650010020 2322 =−−⇒+−=++− yyyy y yy 31 A solução desta última equação do terceiro grau, usando o método de Newton, dá: 191 =y Logo, no novo equilíbrio de longo prazo, antigas e novas firmas produzirão 19 unidades do produto, contra 20 anteriormente, isto é, produzirão em uma escala eficiente menos elevada. O novo preço de equilíbrio do mercado será dado por: , ou seja: )( 111 yCmgp = 4231 =p Há, portanto, uma redução no preço de equilíbrio de 500 para 423. Com este preço, a demanda e oferta no novo equilíbrio serao: 2231)423(33500)()( 1111 =−== pXpY Vemos que o deslocamento inicial da demanda terá propiciado, no novo equilíbrio de longo prazo uma oferta adicional de 1231 unidades. O novo número de firmas ativas no mercado será dado por: )19(2231 11 JY == , de modo que: 1181 =J (arredondando para cima). Deste modo, a expansao da demanda inicial abriu espaço para a entrada de 68 firmas adicionais no mercado. Observe que a redução no custo fixo das firmas reduz a escala ótima das firmas de 20 para 19 unidades, abrindo espaço para a entrada de um grande número de firmas, ao passo que o aumento do custo fixo aumenta a escala ótima, de 20 para 22 unidades por firma. 32 5. Bibliografia e Exercícios sugeridos Bibliografia: [SN] Cap. 12 ; [N] Cap. 10 ; [VO] Cap. 13 ; [PR] Cap. 9 ; [JR] Sec. 4.1 . Exercícios Sugeridos (Específicos). Anpec: 2012/ Q07,Q15;2011/Q10; 2010/Q07; 2007/Q06,Q12; 2006/Q05;2005/Q06; 2004/Q12;2003/Q05,Q15;2002/Q04,Q14; . [SN]: 12.1 - 12.4 .
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