Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
TRABALHO EM GRUPO – TG A QUESTÃO SOCIAL NO BRASIL E SUAS EXPRESSÕES Aluno: Jorge Miguel Bergamo Contini. R.A.: 1616302 UNIP INTERATIVA POLO Maringá 2016 1 A QUESTÃO SOCIAL NO BRASIL E SUAS EXPRESSÕES CONTINI, Jorge Miguel Bergamo1 Maria Carmelita Yazbek é professora da Pontífice Universidade Católica e representa o pensamento da área do serviço social, em seu livro Pobreza e exclusão social: expressões da questão social no Brasil a autora faz a seguinte reflexão: Sabemos que as sequelas da questão social permeiam a vida das classes subalternas destituída de poder, trabalho e informação. Sabemos também que em nossa prática cotidiana a relação com o real é uma relação com a singularidade expressa nas diferentes situações com que trabalhamos. E, aí se colocam nossos limites e nossas possibilidades. Limites de várias ordens, mas, sobretudo limites de ordem estrutural (YAZBEK, 2001, p. 391). Partindo dessa citação é possível fazer uma análise da questão social do no Brasil e como se dão suas expressões. Na ordem para compreendermos, precisamos primeiramente pensar o que significa a ideia de questão social. De acordo com os profissionais do serviço social Marilda Iamamoto Vilella e Raul Carvalho, a questão social pode ser definida como o conjunto das expressões do processo de formação e desenvolvimento da classe operária levando em conta principalmente sua entrada no contexto político, levando em vista sua exigência de ser vista enquanto classe perante as demais classes da sociedade. É a manifestação, no cotidiano da vida social, da contradição entre o proletariado e a burguesia, a qual passa a exigir outros tipos de intervenção, aos além da caridade e repressão (CARVALHO e IAMAMOTO, 2005). Yazbek simplifica dizendo que por questão social, podemos entender a disputa das classes pelas riquezas produzidas dentro da sociedade capitalista (YAZBEK, 2010). Sendo assim podemos pensar a questão social como o fio condutor que permeia todo o fazer do serviço social. 1 Aluno de graduação da Unip – Universidade Paulista Interativa RA: 1616302 2 Em vista disso, a buscar identificar a “questão social” como um elemento que servirá para o profissional do serviço social como chave para ter um entendimento de como as desigualdades sociais se formam e se perpetuam dentro de uma sociedade. Para pensarmos a questão social como um artifício que permite fazer uma análise das desigualdades sociais, precisamos pensar quais são as origens dessas desigualdades. Visando aqui a questão da pobreza. Pobreza não é entendida apenas com a ausência se renda, embora para Yazbek a ausência de renda seja um dos principais fatores que servem para a diagnosticar, outros fatores como o acesso a bens e serviços sociais precisa ser contemplado para entender esse fator. Para a assistente social, a pobreza é uma característica multidimensional e sendo assim, não se expressa em apenas uma forma, mas também pode ser expressada na carência de direitos, de possibilidades, de oportunidades e de informação. Seguindo essa ideia, vamos ver que o capitalismo no Brasil foi constituído de uma forma dependente, visando uma economia baseada em bens de consumo ao invés de bens de capital, De acordo com Cardoso e Faletto (2004), o capitalismo brasileiro tem como origem uma burguesia agrária, que colocou o capital exterior como sua principal fonte de desenvolvimento. Somando-se com isso, vemos que a economia brasileira tem uma origem nas atividades escravocratas, a ausência de um empreendedorismo forte, tudo isso criou uma ausência da consciência de classe, dessa forma o povo atuaria como mero espectador, figurante nas principais decisões do país Assim, podemos pensar na ótica de como a pobreza vai se configurar no dia- a-dia do assistente social. No Brasil a pobreza pode ser vista como produto das relações e estruturas sociais, quer nos âmbitos políticos ou culturais que visam a perpetuar os “pobres” em seu lugar na sociedade. Com isso podemos pensar nessa categoria como englobando também a ausência de protagonismo e expressão da dominação. Para Yazbek a pobreza também está relacionada com o descarte da mão de obra barata que faz parte da expansão do capitalismo. Tal processo causa o surgimento de uma camada social de cidadãos explorados, marginalizados e excluídos. 3 Por isso, podemos dizer que no Brasil a pobreza e a desigualdade social são questões estruturais, é necessário que os sistemas de proteção sociais se organizam para que exista uma força de enfrentamento da pobreza. De acordo com Godinho (2011) isso é algo complexo visto que a pobreza e vulnerabilidade social são historicamente construídas. Executar tais mudanças levaria um período longo de tempo usando um esforço coletivo, dependendo de forças políticas, econômicas e sociais que apenas a longo prazo poderiam ser capazes de mudar o quadro. Não só o enfrentamento da pobreza depende não apenas de políticas econômicas, mas também de uma construção de uma rede de segurança social que dê as condições mínimas para o desenvolvimento do sujeito. A proteção social segundo Godinho configura a porta de entrada para a promoção social, com a valorização do ser humano. Dessa forma, para Yazbek a pobreza tem seu agravamento por uma situação de insegurança e sucateamento das instituições de seguridade social. Com esse sucateamento e a falta de investimento público, as políticas públicas voltam-se para a preservação do mínimo necessário para conter o pauperismo. Nessa prerrogativa, a assistência social deve ser um serviço que visa não apenas proteção do indivíduo marginalizado, mas também sua sobrevivência, sua acolhida e convívio na sociedade. Organizando-se em torno da família que passa a ser o núcleo do protagonismo social, convívio e auto sustentabilidade. Em suma, podemos ver que a questão social pode ser entendida como a forma pela quais as classes sociais dentro de uma concepção marxista buscam se apropriar das riquezas produzidas, sendo assim, é um artificio para que se possa entender como a pobreza se desenvolve num país. No caso do Brasil a questão social está representada dentro de uma consciência de classe que tem dificuldade em se desenvolver, visto um atraso no desenvolvimento do capital, somando-se a precariedade dos aparatos de segurança social. Além disso, vemos que cabe ao profissional do serviço social não apenas fazer um serviço paliativo e imediato, mas, visto que o combate à pobreza é um processo complicado e que só mostra seu progresso a longo prazo, o assistente social deve trabalhar para que os indivíduos marginalizados sejam capazes de construir a sua independência e autonomia. 4 REFERÊNCIAS CARDOSO, Fernando Henrique; FALETTO, Enzo. Dependência e desenvolvimento na América Latina. São Paulo: Civilização Brasileira, 2004. GODINHO, Isabel Cavalcanti. Pobreza e desigualdade social no Brasil: um desafio para as Políticas Sociais. Disponível em: http://www.ipea.gov.br/code2011/chamada2011/pdf/area2/area2-artigo31.pdf acessado em 20 de setembro de 2016, as 15h25. IAMAMOTO, Marilda. CARVALHO, Raul. Relações Sociais e Serviço Social no Brasil. 18. ed. São Paulo: Cortez, 2005. YAZBEK, Maria Carmelita. Pobreza e exclusão social: expressões da questão social no Brasil. Revista Tempotalis, Brasília, ABEPSS, n. 3, 2001. YAZBEK, Maria Carmelita. Serviço social e pobreza. Revista Katál. Florianópolis, n. 2 p. 153-154 jul./dez. 2010.
Compartilhar