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ARTIGO Sustentabilidade

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Centro Universitário Internacional – UNINTER
SUSTENTABILIDADE: O QUE É?
Uma Questão de Educação
José Roberto PINTO
UNINTER
SUSTENTABILIDADE: O QUE É?
Uma Questão de Educação
Novas palavras vão surgindo no decorrer da vida humana para justificar ou mesmo acrescentar significado a comportamentos novos diante de novos desafios humanos.
E essa palavra é “sustentabilidade”. Será que depois de tanto tempo ouvindo falar de sustentabilidade, realmente temos a noção do que seja, e a importância que a ela se atribui?
Quando falamos ou ouvimos falar de sustentabilidade parece-nos que há uma definição muito própria sobre o assunto, e tais definições se particularizam em discursos e interesses específicos de determinados setores da sociedade.
Podemos exemplificar o dito acima, quando falamos em sustentabilidade econômica; sustentabilidade empresarial; sustentabilidade social, e tantos outros itens relacionados à sustentabilidade.
Também podemos relacionar à sustentabilidade aos comportamentos e desafios humanos diante de nossas necessidades de viver e sobreviver no mundo em que nos encontramos.
É justamente por viver em um mundo que nos fornece as possibilidades de sobrevivência nos mais variados contextos da vida humana, que nos interessa identificar o porquê de se falar tanto em sustentabilidade na atualidade.
Para isso, vamos considerar sustentabilidade em seu aspecto geral, para então entendê-lo em seus aspectos específicos, relacionando-os à sustentabilidade econômica, sustentabilidade ambiental, e sustentabilidade social.
Quando pensamos a Terra como ambiente nosso de vida e sobrevivência, evidentemente, o pensamos como o local do qual tiramos os elementos necessários a nossa vida e ao bem estar social, nesse caso, procuramos preserva-lo adotando o conceito de sustentabilidade ambiental.
Vamos então pensar que para viver necessitamos consumir alimentos para o sustento do corpo; consumimos vestuários para nos cobrir e também proteger o corpo, e tudo mais que seja necessário a nossa sobrevivência no planeta.
Nesse caso, ao produzir o necessário para a manutenção de nossa vida na terra, nos valemos do conceito de sustentabilidade econômica.
Para que possamos sobreviver, e isso é um fato incontestável, necessitamos retirar, plantar, modificar, e interagir com o ambiente em que vivemos de forma a nos manter como seres no contexto de sociedade. Neste contexto de vida em sociedade, nos valemos do conceito de sustentabilidade social.
Em face do exposto, é necessário considerar que a relação entre a dimensão ambiental e social, deve assegurar as condições de vida atual e futura.
Também podemos dizer da relação entre a dimensão ambiental e econômica, quando devemos equilibrar a atividade econômica com os danos ambientais que causamos ao planeta.
E não menos importante, é considerar a dimensão social e econômica, quando o que está em jogo é o respeito às diversidades socioculturais, e a redução das desigualdades sociais. 
Assim, o planeta em que vivemos é alvo de nossas cobiças, pois é dele que advém a matéria prima responsável por tudo o que é produzido para atender a demanda de consumo. 
Nós pagamos para viver e sobreviver no mundo, conforme um acordo tácito e próprio das organizações sociais, e o planeta paga, ou melhor, sofre, assim como nós, as consequências de nossa ação sobre ele.
É justamente nossa ação depredadora sobre o planeta que se tornou motivo de reflexão para se descobrir de que forma podemos produzir mais, e atender a demanda mundial de consumo, e ao mesmo tempo manter o planeta em condições de uso para as próximas gerações. É aí que surgiu o conceito de sustentabilidade.
Este conceito dicionarizado, e situado no âmbito do contexto ecológico, social e econômico, define-se por constituir um “modelo de desenvolvimento que busca conciliar as necessidades econômicas, sociais e ambientais, de modo a garantir seu atendimento por tempo indeterminado e a promover a inclusão social, o bem-estar econômico e a preservação dos recursos naturais”.
De outro modo, podemos situar nosso entendimento do que seja sustentabilidade, a partir do que diz (LIMA, 2003), quando nos fala de sustentabilidade sob a perspectiva de uma proposta em que há grande disputa social entre vários seguimentos da sociedade; interesses e entendimentos vários, para, dentro desse conflito, legitimar o conceito de sustentabilidade.
Tal entendimento busca dentro do conceito de discurso, no sentido empregado por Michael Foucault�, delinear, a partir do surgimento do discurso de sustentabilidade, às implicações dele, em nossas vidas de leigos humanos.
Para o cidadão comum, o que reage às ações sociais do mundo, e não os que interagem; para aqueles, o mundo é o que é, e não há nada o que se possa fazer, quando não se está no topo do poder. Para estes que interpretam o mundo real, há sempre um meio de se educar o mundo nas questões sociais.
É no processo de educar o mundo que o discurso de sustentabilidade se inseriu como um instrumento a regular as ações sociais, dentro de um contexto de sustentabilidade, de forma a atender às relações de poder.
Até aqui, fomentamos uma tese, que é por em dúvida a questão do conceito de sustentabilidade como sendo algo a regular as ações sociais para um determinado proposito dentro de um contexto das relações de poder.
O poder a que me refiro, é o exercido por entidades que fomentam o discurso de sustentabilidade como sendo uma verdade a assegurar a todos uma melhor condição de vida no planeta, e melhor condição de vida relaciona-se ao desenvolvimento econômico.
Como o discurso de sustentabilidade promove o entendimento contextualizado do que antes era compreendido como desenvolvimento econômico, parece-nos claro a ideia de sustentabilidade ser promovida inicialmente por países centrais do capitalismo.
Tal concepção de sustentabilidade configura-se como um discurso, e a ideia de discurso não nos parecem algo ingênuo, está carregado de significados, e isso nos permite perguntar a quem interessa esse discurso, e a quem se destina o propósito dele?
Se concebermos o início do discurso de sustentabilidade, vamos nos deparar com o início do fomento à preservação de um ambiente já degradado pela ação do homem no contexto dos processos produtivos.
Essa promoção advinha de uma estratégia gestora em escala mundial, cujo propósito era fomentar a preservação ambiental de forma auspiciosa de um projeto desenvolvimentista. 
O que de fato se desejava, “era um modelo de acumulação de riquezas onde o patrimônio natural passava a ser um bem. O apelo à humanidade e ao bem-estar dos povos era usado como álibi, sempre citado ao lado dos objetivos de crescimento econômico, emprestando uma preocupação humanista a intenções não tão nobres” (RIBEIRO, 1991).
É claro que essas intenções emergiam do discurso de sustentabilidade, e escondiam-se nas entrelinhas da preservação ambiental, ao propor ações mundiais de combate à destruição do planeta, quando os verdadeiros agentes dessa depredação, escondiam-se no manto de promotores das boas ações de preservação ambiental.
Mas, o que me pesa na realidade, é tão somente o desejo de questionar, ou melhor, de participar com uma questão: se a educação não muda o mundo, mas o homem que muda o mundo, então, educar o homem é fazê-lo entender o que seja sustentabilidade, e a partir daí, o mundo muda.
Essa aparente utopia, e simplista em sua formula, considera que a “sustentabilidade não acontece mecanicamente. Resulta de um processo de educação pelo qual o ser humano redefine o feixe de relações que mantém com o Universo, com a Terra, com a natureza, com a sociedade e consigo mesmo dentro dos critérios de equilíbrio ecológico, de respeito e amor à Terra e à comunidade de vida, de solidariedade para com as gerações futuras e da construção de uma democracia sócio ecológica sem fim. (LEONARDO BOFF, 2012).
Nesse pensamento, educar o mundoé contribuir de alguma forma com uma aprendizagem que proporcione ao aprendente mudar conscientemente de atitudes e de comportamentos; primeiramente, mudar a si próprio.
Por fim, proponho que o próximo debate mundial sobre sustentabilidade defenda a mudança de seu significado, e passem a disseminar a ideia de que sustentabilidade é o homem fazer bom uso dos recursos naturais que lhes é próprio a favor dos recursos naturais que lhes é ofertado pelo planeta em que vive.
E aí, a partir dessa proposta, pensando o homem como promotor de suas ações e colhedor dos resultados dela, finalizo meu pensamento com a seguinte questão: Sustentabilidade: o que será?
Será o que todos desejam que seja; não mais, e não menos, mas, na medida da necessidade de cada um, e não da ganância e cobiça. Seja no interesse particular ou coletivo, na universalidade de suas propostas. Será! Ou será?
Referências:
Revistas:
LIMA, G. C. “O debate da sustentabilidade na sociedade insustentável”. Revista Política &Trabalho, nº 13: 201-222, João Pessoa: PPGS/UFPB, setembro/1997.
__________ . “Questão ambiental e educação: contribuições para o debate”. Ambiente & Sociedade, ano II, nº 5, 135-153, 1999.
__________ . “Crise ambiental, educação e cidadania”. In: LAYRARGUES, P. P.;
Textos da internet
http://leonardoboff.wordpress.com/2012/05/06/sustentabilidade-e-educacao/ 
em 08/07/2016
https://www.google.com.br/#q=Michael+Foucault - em 08/07/2016
� Michel Foucault; Poitiers, 15 de outubro de 1926 — Paris, 25 de junho de 1984 foi um filósofo, historiador das ideias, teórico social, filólogo e crítico literário.

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