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DESPACHO
PETIÇÃO. QUEIXA-CRIME. AÇÃO PENAL PRIVADA SUBSIDIÁRIA DA PÚBLICA. CRIME CONTRA A PAZ PÚBLICA. VISTA AO PROCURADOR-GERAL DA REPÚBLICA.
1. Queixa-Crime ajuizada por Marcelo José Rodrigues de Barros Holanda alegando-se ter o Deputado Federal Jair Messias Bolsonaro praticado, em 17.4.2016, conduta tipificada pelo art. 287 do Código Penal (apologia a crime), ressaltando não ter o Ministério Público Federal promovido a ação penal pública no prazo legal, o que autorizaria a presente ação penal privada subsidiária da pública.
Sustenta que “[n]o último dia 17/4/2016, a sociedade brasileira se consternou, no evento fatídico de votação pela aprovação de abertura do processo de inpeachment da senhora Presidenta da República Dilma Vana Rousseff, ocorrido no Pleno da Câmara dos Deputados, com as declarações absurdas e com total nitidez de abuso de poder, proferidas pelo querelado, quando, ao utilizar seu momento de fala no púlpito daquela Casa, homenageou Carlos Alberto Brilhante Ustra, condenado pela Justiça Brasileira como autor de torturas no período de chumbo da História Nacional” (fl. 3). 
Assevera que a conduta do querelado se enquadra no art. 287 do Código Penal e o “artigo 100, § 3° [do Código Penal], impele a promoção de ação penal privada caso o Ministério Público se silencie, permanecendo omisso quanto a fatos criminosos, levando-se em consideração o prazo legal para oferecimento de denúncia” (fls. 4-5). 
Destaca que “[n]o mesmo texto da Carta Federal, em seu artigo 55, § 1º sobressai-se regra atinente ao controle das prerrogativas parlamentares, também chamadas de imunidade parlamentar, já que o espírito da Lei Maior é não ser livro para proteger aquilo que afronta o desejo de uma sociedade "livre, justa e solidária" (artigo 3º, I da CRFB/1988), elevando-se, sempre, a dignidade da pessoa humana, princípio escorraçado quando cometida a tortura - e sua apologia a ela ou a quem a cometeu” (fl. 6). 
Conclui o querelante que
“Ao que cabe, até aqui trazido, Ustra é torturador, o querelado o enalteceu, agradecendo-o e tachando-o como o ‘pavor de Dilma Rousseff’. O querelado cometeu crime de apologia de tortura e de torturador. E crime. E não há imunidade parlamentar que abarque essa atrocidade televisionada a partir da Câmara dos Deputados (TV Câmara) para todo o país, no dia 17/4/2016” (fl. 13). 
2. Este o teor dos pedidos:
“Diante do exposto, requer-se a Vossa Excelência:
a) O deferimento da isenção judiciária ao querelante; 
b) O recebimento da presente queixa-crime e a instauração de Ação Penal contra o querelado; 
c) A notificação do querelado para, querendo, se manifestar, nos termos do artigo 4o da Lei 8.038/1990; 
d) A condenação do querelado pelo tipo penal inserto no artigo 287-CP c/c artigo 19, § 2o da Lei 5.250/1967; 
e) A determinação para que o querelado se retrate, pelo mesmo meio de comunicação em que apologizou Carlos Ustra, nos termos do artigo 26 da Lei 5.250/1967, sendo-lhe arbitrada multa por dia de descumprimento da ordem; 
f) A total procedência pela condenação ora requerida” (fls. 14-15). 
Analisados os elementos havidos nos autos, DECIDO.
3. As ações penais de competência originária do Supremo Tribunal Federal são regidas pela Lei n. 8.038/90, em cujo art. 4º se dispõe:
“Apresentada a denúncia ou queixa ao Tribunal, far-se-á a notificação do acusado para oferecer resposta no prazo de quinze dias.
§1º Com a notificação, serão entregues ao acusado cópia da denúncia ou da queixa, do despacho do relator e dos documentos por este indicados”.
 4. No caso, a ação penal para apurar eventual ocorrência do delito do art. 287 do Código Penal é de natureza pública, tendo o querelante oferecido a presente queixa-crime por entender escoado o prazo de 15 dias previsto pelo art. 100, §3º, do Código Penal, o que autorizaria a ação penal privada subsidiária da pública.
5. Assim, antes de determinar a notificação do querelado de que trata o art. 4º da Lei n. 8.038/90, manifeste-se o Procurador-Geral da República. 
Publique-se.
Brasília, 23 de junho de 2016.
Ministra CÁRMEN LÚCIA
Relatora

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