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Texto (Um Argumento Cínico) - Gabarito

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Um argumento cínico (Gabarito)
(1) Certamente nunca terá faltado aos sonegadores de todos os tempos e lugares o confortável pretexto de que o seu dinheiro não deve ir parar nas mãos de administradores incompetentes e desonestos. (2) Como pretexto, a invocação é insuperável e tem mesmo a cor e os traços do mais acendrado civismo. (3) Como argumento, no entanto, é cínica e improcedente. (4) Cínica porque a sonegação, que nesse caso se pratica, não é compensada por qualquer sacrifício ou contribuição que atenda à necessidade de recursos imanente a todos os erários, sejam eles bem ou mal administrados. (5) Ora, sem recursos obtidos da comunidade não há policiamento, não há escolas ou hospitais. (6) E sem serviços públicos essenciais, não há Estado e não pode haver sociedade política. (7) Improcedentes porque a sonegação, longe de fazer melhores os maus governos, estimula-os à prepotência e ao arbítrio, além de agravar a carga tributária dos que não querem e dos que, mesmo querendo, não têm como dela fugir – os que vivem de salário, por exemplo. (8) Antes, é preciso pagar, até mesmo para que não faltem legitimidade e força moral às denúncias de malversação. (9) É muito cômodo, mas não deixa de ser, no fundo, uma hipocrisia, reclamar contra o mau dos dinheiros públicos para cuja formação não tenhamos colaborado. (10) Ou não tenhamos colaborado na proporção da nossa renda. 
VILLELA, João Batista. Veja, 25 set. 1985 (in. Platão & Fiorin, 2003)
O autor do texto procura derrubar um argumento. 
Qual ideia se está querendo derrubar no texto acima? Quem possui tal ideia a ser derrubada?
A ideia de que o dinheiro dos impostos não deve ir parar nas mãos de administradores incompetentes e desonestos. Os sonegadores possuem tal ideia.
Separando o texto por períodos, observaremos que:
1º período: Expõe o argumento usado pelos sonegadores. Por seleção lexical, o autor do texto mostra-se contrário a tal argumento ao usar a expressão “confortável pretexto”, isto é, uma falsa justificativa utilizada em proveito próprio;
2º período: o enunciador admite a força do argumento e a sua aparência de elevado espírito cívico.
3º período: Coesão por conexão → o conectivo “no entanto” (adversativo) inicia uma argumentação contrária ao exposto no período anterior. Os adjetivos em seguida confirmam o teor negativo da informação;
4º período: Coesão por conexão → o conectivo “porque” indica a causa pela qual considera o argumento cínico;
5º período: o conectivo “Ora” confirma a ideia contrária anterior, introduzindo ideia conclusiva a respeito;
6º período: o conectivo “e” adiciona, reforça o argumento introduzido pela palavra “Ora” anteriormente;
7º período: Após mostrar que o argumento é cínico (pesquisar no dicionário o que significa “cínico”), agora o autor vai demonstrar porque ele é improcedente (sendo coerente com a sequência de ideias expostas acima). A conjunção causal “porque” inicia a afirmação ao mostrar o motivo: a sonegação, ao invés de contribuir para melhorar os maus governos, estimula-os à prepotência e ao arbítrio. O conectivo “além de” introduz mais um argumento a favor da improcedência: o agravamento da carga tributária sobre os assalariados que não têm como fugir dela;
8º período: O conectivo “Antes” (sinônimo de “ao contrário”) introduz um argumento a favor do pagamento de impostos. “Até mesmo” inicia argumento que reforça essa ideia;
9º período: o conectivo “mas” relaciona duas ideias, mostrando contrariedade: é muito cômodo reclamar contra o mau uso do dinheiro público x isso é hipocrisia quando não se colaborou com a arrecadação desse dinheiro;
10º o conectivo “ou” introduz alternativa ao raciocínio hipócrita, indicando contribuição abaixo daquilo que deveria ser.
EXERCÍCIOS
A – Questões de 1 a 4: Retire o ponto final dos períodos e introduza o elemento de coesão adequado:
O solo do Nordeste é muito seco e aparentemente árido, MAS/PORÉM quando caem as chuvas. Imediatamente brota a vegetação.
Uma seca desoladora assolou a região sul, principal celeiro do país, LOGO/PORTANTO vai faltar alimento e os preços vão disparar.
Inverta a posição dos segmentos contidos na questão 2 e use o conectivo apropriado: Vai faltar alimento e os preços vão disparar, POIS/ JÁ QUE / PORQUE uma seca desoladora assolou a região sul, principal celeiro do país.
O trânsito em São Paulo ficou completamente paralisado dia 15, das 14 às 18 horas, POIS/PORQUE fortíssimas chuvas inundaram a cidade.
B – As frases a seguir têm problemas de coesão por causa do mau uso do conectivo. A palavra ou expressão conectiva inadequada está em destaque. Procure descobrir a razão dessa impropriedade de uso e substituir a forma errada pela correta.
Em São Paulo já não chove há mais de dois meses, apesar de que já se pense em racionamento de água e energia elétrica. Razão: não há relação de contrariedade entre as orações e sim, idéia de conclusão (PORTANTO).
As pessoas caminham pelas ruas, despreocupadas, como se não existisse perigo algum, mas o policial continua folgadamente tomando o seu café no bar. Razão: há uma percepção de continuidade, a cena está sendo descrita, como um retrato, com idéia de simultaneidade (E, ENQUANTO)
Talvez seja adiado o jogo entre Botafogo e Flamengo, pois o estado do gramado do Maracanã não é dos piores. Razão: não há relação de explicação ou causa entre adiar jogo e gramado em bom estado. Há relação de contrariedade (ENTRETANTO/PORÉM/MAS/CONTUDO).
Uma boa parte das crianças mora muito longe, vai à escola com fome, onde ocorre o grande número de desistências. Razão: “onde” usa-se apenas para referência a locais. A ideia não é de localização e sim de conclusão (POR ISSO / LOGO / PORTANTO).
C – Avalie o período a seguir: “Chegaram instruções repletas de recomendações para que os participantes do congresso, que, por sinal, acabou não se realizando por causa de fortes chuvas, que inundaram a cidade e paralisaram todos os meios de comunicação.”.
Seu conteúdo é plenamente compreensível? Aponte suas falhas.
O conteúdo não é plenamente compreensível, pois falta informação sobre o período inicial (tópico frasal). A oração final (“para que...”) foi “cortada” por outras orações subordinadas e o escritor perdeu a linha de raciocínio.
(PLATÃO & FIORIN, 2006:276: 277)

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