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REMUNERAÇÃO ESTRATÉGICA AULA I CONCEITOS GERAIS DO SISTEMA DE REMUNERAÇÃO ESTRATÉGICA • Remuneração por Habilidades; • Remuneração Variável; • Remuneração por Competências; • Remuneração Funcional; • Salário Indireto; • Alternativas Criativas. Estes modelos de remuneração estratégica têm por objetivo atrair, manter e, quando necessário, fidelizar os talentos necessários à continuuidade do negócio. Temos consciência de que agradar a todos é impossível, temos porém a certeza da necessidade que todas as organizações tẽm de encontrar um modelo de recompensar os esforços de sua equipe de profissionais, de forma objetiva e realista e em equilíbrio com as diversas forças a que estão submetidas as organizações, evitando o quanto possível formas estatísticas complexas que muitas vezes mistificam a área de salários, dificultando um melhor entendimento da maioria dos colaboradores. Existe, portanto, uma evolução desta área, adequando-se à realidade do atual cenário, alinhando- se aos planos estratégicos da organização, sem perder de vista o mercado em geral. TENDÊNCIAS EM REMUNERAÇÃO São as tendências no mercado relacionadas às mudanças nas características do trabalho, estruturas organizacionais e características da gestão empresarial, tendências declinantes e ascendentes nas organizações, que mudam em função da própria saúde e sobrevivência das organizções. REMUNERAÇÃO FUNCIONAL Conhecido popularmente como PCS (planos de cargos e salários), é um dos sistemas de remuneração mais tradicional entre os existentes e também o ais usual nas empresas em greal. SALÁRIO INDIRETO Conhecido popularmente como benefícios oferecidos pelas empresas aos seus empregados, representando, muitas vezes, uma parcela considerável da remuneração total. REMUNERAÇÃO POR HABILIDADES A remuneração é paga em função do conhecimento ou habilidade certificadas. REMUNERAÇÃO POR COMPETÊNCIAS Esse sistema de remuneração passou a ser interessante em função de diversos fatores, tais como: o crescimento do setor de serviços na economia, aumento da demanda de profissionais qualificados, necessidade de conhecimento intensivo nas empresas em geral, implantação de sistemas mais flexíveis e redução de estruturas hierárquicas rígidas e popularidade do conceito de competẽncia. REMUNERAÇÃO VARIÁVEL É o conjunto de diferentes formas de recompensa oferecidas aos empregados, complementando a remuneração fixa e atrelando fatores como atitudes, desempenho e outros valor percebido. ALTERNATIVAS CRIATIVAS São maneiras de remuneração que promovem um vínculo imdiato entre o fator gerador e o reconhecimento. Para que a RE seja implantanda em uma empresa, é preciso que se cumpram as seguintes etapas: 1. Diagnóstico da empresa; 2. Direcionamento da empresa; 3. Definição do modelo conceitual; 4. Construção de um sistema de remuneração; 5. Implantação do sistema de RE; 6. Garantia da evolução contínua do sistema. DIAGNÓSTICO DA EMPRESA O objetivo desta primeira etapa é aprofundarmos nosso conhecimento no contexto da empresa para a qual se pretende construir o sistema de remuneração estratégica. Deve ainda também ser flexível o suficiente para tornar-se utilizável em diferentes empresas. A proposta é que este diagnóstico ou retrato da empresa seja composto de 3 imagens essenciais: • Relacionada à estratégia e ao contexto competitivo da empresa; • Relacionada ao estilo gerencial; • Relacionada à estrutura. DIRECIONAMENTO DA EMPRESA O diagnóstico não visa apenas construir um quadro estático da organização. O objetivo deve ser mais amplo, o de construir um retrato com profundidade. DEFINIÇÃO DO MODELO CONCEITUAL Nesta etapa, o diagnóstico empresarial é utilizado para definir o sistema de remuneração. CONSTRUÇÃO DE UM SISTEMA DE REMUNERAÇÃO A atividade básica é a realização do teste de consistência entre o modelo ideial de remuneração, definido na etapa anterior, e as características da organização. Isto se dá por intermédio da verificação de possíveis incoerências e da adaptação do sistema. IMPLANTAÇÃO DO SISTEMA DE RE A primeira consideração a ser feita neste passo é que a implantação do sistema de RE é, ao mesmo tempo, parte de um processo de mudança organizacional e , por si só, um proceso de mudança por completo. As etapas principais na implantação são as seguintes: • Planejamento; • Preparação dos líderes; • Treinamento de facilitadores; • Comunicação e sensibilização; • Construção de um sistema de medição para a implantação. GARANTIA DA EVOLUÇÃO CONTÍNUA DO SISTEMA A evolução de qualquer sistema organizacional envolve um período de melhoria contínua, quando são realizadas mudanças incrementais, com momentos de ruptura, e quando ocorrem saltos qualitativos, O importante é ressaltar que o sistema de RE deverá ser objeto de constante trabalho de evolução. Como o sistema está diretamente relacionado à estratégia da empresa, seus pressupostos deverão estar sempre sendo colocados à prova. Grandes mudanças de direcionamento estratégico são comumente causas de alteração ou adaptação de todos os sistemas organizacionais. Isto inclui o sistema de remuneração. Além de alterações estratégicas na empresa, outras fontes também poderão interferir e levar a mudanças no sistema: 1. Alteração de valores culturais ou estilo gerencial; 2. Mudanças na estrutura organizacional; 3. Reformulação de outros sistemas de apoio; 4. Aparecimento de novas alternativas de remuneração. AULA 1 REMUNERAÇÃO ESTRATÉGICA ENTEDENDO O FUNCIONAMENTO DE UM PLANO DE CARGOS & SALÁRIOS EM UMA ORGANIZAÇÃO Muitas empresas ainda aplicam exclusivamente sistemas tradicionais de remuneração, baseados nas descrições de atividades e responsabilidades de cada função, chamada de remuneração funcional. Ao utilizar os principais elementos deste modelo como descrições de cargos, organogramas e plano de cargos e salários permite a muitas dessas empresas atender a uma estruturação básica na gestão de seus recursos humanos, podendo ser vista como uma fase de evolução natural. 3 fatores que levam uma empresa a fazer uso da remuneração funcional: 1. O primeiro fator é porque a remuneração funcional é implantanda como consequência natural do plano de cargos e salário, Em empresas que atingem um crescimento rápido ou passam por profundas transformações, o plano de cargos e salários ajuda a dar equilíbrio interno à organização, proporcionando os alicerces que apoiam a estruturação dos trabalhos da área de Recursos Humanos e, por consequência, de toda a empresa; 2. Como segundo fator, poderíamos considerar que a remuneração funcional permite a equidade externa. Por meio de pesquisas salariais, a empresa pode comparar seus salários com os praticados no mercado e, assim, estabelecer critérios adequados para atrair e reter os talentos. 3. Terceiro, porque a remuneração funcional permite o equilíbrio interno. Ao estabelecermos os salários, tendo como ponto de partida uma mesma metodologia para toda a empresa, criamos um clima de confiabilidade que traz como consequência natural uma condição de justiça entre os colaboradores. Os componentes da Remuneração Funcional são: • Descrição de Cargos; • Avaliação de Cargos; • Pesquisa Salarial; • Estratégias de Remuneração; • Faixas Salariais; • Política. Os sete passos para a implantação de um programa de Remuneração Funcional são: 1. Levantamento das Atividades; 2. descrição dos Cargos; 3. análise de Cargos; 4. avaliação de Cargos; 5. pesquisa Salarial; 6. definição da Estrutura Salarial; 7. definição da Política Salarial. Fundamentos e Tendências da RemuneraçãoFuncional: FOCO NO CARGO, NÃO NA PESSOA; BUSCA DA EQUIDADE EXTERNA, ATRAVÉS DA ESTRATÉGIA DE REMUNERAÇÃO; PRINCÍPIOS DA REMUNERAÇÃO FUNCIONAL; BUSCA DO SISTEMA, É A AVALIAÇÃO DE CARGOS; BUSCA DA EQUIDADE INTERNA, ATRAVÉS DA AVALIAÇÃO DE CARGO. Aos poucos vamos percebendo nas organizações a chegada dos modelos de organização moderna com mais flexibilidade, geridas por processos enfatizando o trabalho em equipe, não tendo sentido manter um sistema que não apoia estas tendências naturais da evolução empresarial. Uma abordagem moderna da remuneração tradicional deve procurar: • Alinhamento do esforço individual com as políticas, estratégias e diretrizes organizacionais; • orientação para a gestão por processo e para resultados; • dar apoio ao trabalho em equipe e as práticas participativas; • permitir o desenvolvimento contínuo do indivíduo. A descrição de cargos pode remeter a uma reflexão sobre a identidade e a missão da função. Os aspectos-chave da descrição de cargo modificada são: • O foco nos processos; • as informações sobre clientes internos e externos; • a identificação dos serviços ou produtos fornecidos; • explicação das expectativas dos clientes. A redução do número de cargos nas organizações vem sendo uma tendência natural da evolução tecnológica, criando categorias mais abrangentes e genéricas. As descrições de cargo passam a servir de instrumento de apoio às novas estratégias, deixando as definições de especificidades para o dia a dia. Com essa alteração, o sistema ganha simplicidade, agilidade e flexibilidade. A ampliação das faixas salariais é outra prática cada dia mais utilizada, principalmente por empresas que praticaram a redução do número de níveis hierárquicos. Em sistemas tradicionais, é comum utilizar amplitudes em torno de 40%. Nos modelos com faixas mais largas, as amplitudes variam de 80 a 150%. Com essa prática, o sistema ganha flexibilidade na administração de salários e carreiras, permitindo ações de introdução de novas políticas organizacionais. A remuneração funcional pode e deve ser continuada e usada por muito tempo. Várias empresas continuarão empregando esse sistema para atingir um patamar de estruturação mais adequado. Para as empresas que passaram por grandes processos de mudança e para as que possuem o conhecimento como principal insumo de suas operações, deverão gradativamente abandonar o modelo, mantendo apenas a utilização de alguns de seus componentes. AULA III REMUNERAÇÃO ESTRATÉGICA REMUNERAÇÃO POR HABILIDADES – UM CONTRATO DE DESENVOLVIMENTO CONTÍNUO O grande destaque da Remuneração por Habilidades é a mudança de foco do cargo para o ocupante, permitindo à organização maior flexibilidade em sua estrutura, ou seja, um reconhecimento independente da posição, gerando um ambiente que permita um desenvolvimento continuado de toda a equipe. As habilidades estão ligadas a procedimentos que não variam muito, como habilidades específicas para linhas de produção de uma indústria ou para atendimento aos clientes. Essas habilidades possibilitam a sua: • Identificação; • Observação; • Mensuração; • Treinamento ; • Capacitação; • Certificação ; • Remuneração. A Remuneração por Habilidades traz vantagens à organização, pois os colaboradores são habilitados em diversas atividades, tornando mais flexível a organização. Na ausência de um colaborador, outro poderá exercer as duas funções com qualidade. Isso faz com que os problemas do dia a dia possam ser solucionados pelos próprios colaboradores, implicando em maior comprometimento com o trabalho e com a organização, contribuindo para um ambiente participativo. Tendências naturais da Remuneração por Habilidades: • Estruturas organizacionais com menor número de níveis hierárquicos e, consequentemente, maior amplitude de responsabilidades para indivíduos e grupos; • Valorização do trabalho em equipe; • Aumento da exigência de multifuncionalidade e visão sistêmica; • Foco no aperfeiçoamento contínuo; • Pressões para redução de custos. Objetivos da Remuneração por Habilidades: 1. Remunerar os profissionais segundo as habilidades desenvolvidas e aplicadas ao trabalho; 2. Alinhar as capacidades dos colaboradores com o direcionamento estratégico e as necessidades da organização; 3. Favorecer o aprendizado organizacional contínuo; 4. Adequar o sistema de remuneração a um novo contexto organizacional; 5. Superar o paradigma de gestão tradicional que foca a hierarquia rígida, as funções bem-definidas e as descrições de cargo por uma gestão mais flexível e dinâmica, focada no indivíduo. Afinal, o que é habilidade? De forma sintética, uma habilidade pode ser definida como a capacidade de realizar uma tarefa ou um conjunto de tarefas, em conformidade com determinados padrões exigidos pela organização. Conhecimentos: constituem um conjunto de conceitos, técnicas, teorias e metodologias relacionados ao trabalho. É o saber adquirido, podendo ser transmitido e aprendido. Aptidões pessoais: relacionam-se às características do indivíduo, tais como capacidade de concentração e coordenação motora. Aplicação prática: relaciona-se à mobilização dos conhecimentos teóricos e das aptidões pessoais, aplicados no trabalho. Em primeiro lugar, temos que definir as habilidades e, para isto, temos que : • identificar a quantidade de habilidades; • o tipo; • o nível de profundidade necessária. Vejamos alguns exemplos, tendo por base uma fábrica: • Operar um torno; • Realizar auditorias de segurança; • Realizar manutenção preventiva de máquinas. Três formas de definição de Habilidades: 1. Primeira, com base na análise das habilidades de um grupo de especialistas ou profissionais em diferentes momentos da carreira de um determinado cargo, função ou processo de trabalho; 2. Segunda, a partir da análise de um grupo de profissionais com alto desempenho em um determinado cargo, função ou processo de trabalho; 3. Terceira, com base na análise dos processos atuais e dos processos a serem criados ou desenvolvidos futuramente, que proverão apoio aos objetivos estratégicos da organização. Nos sistemas de remunerações tradicionais, os salários são vinculados aos cargos, Esses são avaliados de acordo com um conjunto de fatores como: • escolaridade; • responsabilidade ; • autoridade; • experiência. Por sua vez, o sistema de remuneração por habilidades exige uma abordagem mais dinâmica, gerando: • Maior flexibilidade, pois os profissionais trabalham em equipes desempenhando várias funções de acordo com as necessidades gerenciais; • Maior flexibilidade para a estrutura organizacional e salarial devido à existência de cargos com maior amplitude. Na remuneração por habilidades, o cargo passa a ser secundário na análise. A célula básica de remuneração passa a ser a habilidade ou o bloco de habilidades. A utilização de blocos de habilidades tem a vantagem de simplificar a administração do sistema. Um bloco de habilidades consiste em um conjunto de habilidades agrupadas por afinidade por estarem relacionadas a um mesmo processo de trabalho ou por representarem uma evolução lógica e sequencial na carreira. O que é carreira? Carreira é a trajetória profissional percorrida por uma pessoa ao longo da sua vida. Pode ser realizada em uma empresa, em várias empresas ou mesmo alterando empresas e projetos pessoais. Em sistemas tradicionais, o conceito de carreira está relacionado a uma evolução vertical na hierarquia, e o esforço de desenvolvimento pessoal nem sempre temcontrapartida em termos de evolução de carreira ou de salário. No sistema de remuneração por habilidades, a progressão tende a ser horizontal, isto é, o colaborador evolui profissionalmente por meio de aquisição, do desenvolvimento e da aplicação de habilidades formalmente preestabelecidas e avaliadas pela organização. Empregados que adquirem habilidades relacionadas a diferentes funções tornam-se mais valiosos para a empresa e têm mais possibilidades de evolução. Avaliação e certificação de habilidades Os sistemas tradicionais pressupõem que o profissional possua determinado conjunto de habilidades. Promoções e evolução salarial não estão vinculadas à demonstração dessas habilidades. Na remuneração por habilidades, os aumentos de salário são diretamente vinculados a um processo de avaliação, no qual o empregado tem de demonstrar a aplicação da habilidade na prática com autonomia. Lógica da remuneração Nos sistemas tradicionais, os cargos ou funções são avaliados e pontuados de acordo com as atividades envolvidas, o nível de responsabilidade, a amplitude de comando e a formação exigida. Na remuneração por habilidades, o foco é transferido do cargo para o indivíduo. O salário do indivíduo é determinado a partir de um conjunto de habilidades ou blocos de habilidades, que podem ser adquiridos de acordo com as necessidades da organização e os interesses dos profissionais. Quais as vantagens do sistema de remuneração por habilidades? • O foco na função é substituído pelo foco na pessoa. Essa mudança traz ganhos em termos de desenvolvimento individual e da organização; • Mudança de enfoque da função do RH. A gestão de um sistema por habilidades leva a função de RH a ser mais estratégica, já que integra os programas de captação às necessidades da organização; • Ganha-se foco e sinergia. Evita-se o desperdício de recursos em programas sem impacto no desempenho individual e organizacional; • Uma vez implantado, representa um acréscimo de flexibilidade e de adaptabilidade da empresa; • Equipes multifuncionais bem-treinadas adaptam-se muito mais facilmente a alterações de processos, produtos e modelos de gestão do que grupos organizacionais na forma tradicional. crescimento horizontal e crescimento vertical ✔ Tanto no nível gerencial quanto em relação ao pessoal administrativo, a definição das habilidades é mais difícil, pela variedade e grau de abstração das atividades; ✔ Tanto no nível gerencial quanto em relação ao pessoal administrativo, a definição das habilidades é mais difícil, pela variedade e grau de abstração das atividades; AULA IV REMUNERAÇÃO ESTRATÉGICA REMUNERAÇÃO POR COMPETÊNCIAS- UMA ALAVANCA PARA O CAPITAL INTELECTUAL REMUNERAÇÃO POR COMPETÊNCIAS Esse sistema de remuneração passou a ser interessante em função de diversos fatores, tais como: • O crescimento do setor de serviços na economia; • aumento da demanda de profissionais qualificados; • necessidade de conhecimento intensivo nas empresas em geral; • implantação de sistemas mais flexíveis; • redução de estruturas hierárquicas rígidas;- popularidade do conceito de competência. Diante desse contexto, muitas empresas iniciaram estudos em torno de competências, procurando identificar os conhecimentos, comportamentos e atitudes que os profissionais deveriam possuir para enfrentar a nova realidade e desempenhar melhor as suas funções, agregando maior valor a elas. O sistema de remuneração por competências é mais aplicável aos níveis gerenciais e sua implementação exige mudanças no modelo de gestão e no estilo gerencial, ao mesmo tempo em que funciona como um catalisador dessas mudanças. O sistema de remuneração por competência surge como uma forma de as empresas administrarem o capital humano na era da gestão do conhecimento. Esse processo permite a gestão de todo processo produtivo e o desempenho dos colaboradores com base nas competências essenciais. Essas competências são conhecimentos, habilidades, tecnologias, sistemas físicos, gerenciais e valores, que podem ser inerentes à organização como um todo difícil de ser imitadas pela concorrência, conferindo vantagem competitiva para a empresa. Além disso, essas competências podem estar relacionadas aos recursos humanos da organização, indicando a capacidade do trabalhador de assumir responsabilidade diante de situações produtivas e inovadoras, associadas ao exercício sistemático de uma reflexividade no trabalho (ZARIFIAN, 1996). Durand (1998) sugere que o conceito de competência individual envolve uma tríade formada por conhecimentos, habilidades e atitudes, englobando não só questões técnicas, mas também aspectos sociais e afetivos relacionados ao trabalho. Segundo esse autor, essas três variáveis podem ser explicadas como: - conhecimento, que corresponde a uma série de informações assimiladas e estruturadas pelo indivíduo e que lhe permitem “entender o mundo”. Inclui a capacidade de receber informações e integrá-las dentro de um esquema pré-existente, o pensamento e a visão estratégicos, o saber o que e o porquê; habilidade, que se refere ao “saber fazer”, envolvendo técnica e aptidão e uma proficiência prática – física e mental, sendo adquirida por meio de processos de treinamento e experiência; atitude, que diz respeito a aspectos afetivos e sociais relacionados ao trabalho. Além disso, essa concepção inclui a identidade do indivíduo com os valores da organização e, por consequência, seu comprometimento e motivação para atender aos padrões de comportamento esperados para atingir resultados com alto desempenho no trabalho. Competência do cargo: visa servir de referência para diferenciar o salário básico, seleção, treinamento e movimentação de pessoal. Exemplo: saber identificar a não conformidade no produto. Competências gerenciais: existem pra dar mais objetividade aos planos de treinamento e desenvolvimento gerencial. Exemplo: competência como agente de mudança. Competências essenciais da empresa: existem para centralizar os esforços nos pontos que permitem melhorar rapidamente os padrões de desempenho e as condições de excelência. Exemplo: competência logística. Para que competência seja considerada essencial, ela deve passar por 3 testes: • VALOR PERCEBIDO PELOS CLIENTES; • DIFERENCIAÇÃO ENTRE CONCORRENTES; • CAPACIDADE DE EXPANSÃO. A remuneração por competência busca o alinhamento de complexidade e competência, permitindo aos gestores um novo elemento de análise do desempenho de seus colaboradores. Os gestores que administram adequadamente suas equipes, estimulando o desenvolvimento continuado, conseguem administrar seus recursos financeiros de forma a conseguir potencializar os recursos disponibilizados. Saber pensar Saber aprender Ser criativo Saber mobilizar Saber transferir Saber engajar-se Ter visão estratégica Assumir responsabilidade Competências Genéricas: São as competências que a empresa julga serem necessárias para todos os seus profissionais. Elas estabelecem as condições básicas, refletindo a própria missão e visão da empresa e conduzem ao atendimento dos objetivos estratégicos. Competências Específicas: Refletem a especificidade da função ou do processo em que o profissional atua, direcionando-o à aplicação das habilidades e dos conhecimentos necessários para atingir resultados. Tem alto grau de especificidade, devendo ser pensada e avaliada para cada contexto competitivo e para cada área ou processo da companhia. Características da Remuneração por Competência Apresenta algumas característicassemelhantes à remuneração por habilidades, porém, existem diferenças especiais. Poderíamos destacar o fato de que a remuneração por competências tem ligação direta com a estratégia da organização. Avaliação das Competências A avaliação mais recomendada é o modelo 360 graus, pois ele envolve inúmeros avaliadores, como clientes, fornecedores, superior imediato, pares e subordinados. O Plano de Remuneração por Competências possibilita que o profissional evolua na carreira através da movimentação horizontal, com base no aumento do grau de capacitação das competências, ou seja, de acordo com o resultado da avaliação das competências, recebendo um aumento salarial conforme a faixa salarial. Em cada step da faixa salarial há uma pontuação que está relacionada com a avaliação das competências, sendo também realizada uma consulta na avaliação de desempenho. Vantagens da Remuneração por competências • Conduz o melhor entendimento da organização; • Viabiliza a disseminação dos conhecimentos relacionados ao negócio e às estratégias da empresa, visando construir uma organização de alto desempenho; • Garante que a disseminação dos conhecimentos junto aos empregados promova a sua evolução profissional e, em contrapartida, traga benefícios organizacionais como flexibilidade, agilidade, inovação e velocidade; • É um instrumento de comunicação das mensagens-chave relativas aos conhecimentos, às habilidades e atitudes esperadas para cada colaborador. AULA V REMUNERAÇÃO ESTRATÉGICA REMUNERAÇÃO INDIRETA – DOS PACOTES DE BENEFÍCIOS AOS BENEFÍCIOS FLEXÍVEIS O que denominamos de salário indireto compreende essencialmente os benefícios oferecidos pela empresa a seus colaboradores. Benefícios respondem por parte considerável da remuneração total e costumam ser fator de decisão na aceitação de ofertas de emprego. A importância dos benefícios O seu custo é significativo para a empresa e deve ser objeto de constante atenção. Nos últimos anos, esse custo tem-se elevado em função tanto da pressão pela inclusão de novos itens, como pela ampliação de elegibilidade aos itens existentes, quanto pelo aumento do custo específico de alguns itens. Em algumas empresas, o custo dos benefícios supera 20% da folha de pagamento. Além disso, sua importância também advém do impacto sobre a imagem da empresa na comunidade. Embora a maioria das organizações busque manter uma forte coerência com seus pares, algumas se destacam por oferecer vantagens excepcionais. Esta postura é essencial na atração e retenção da mão de obra, especialmente quando os requisitos do negócio impõem alto nível de capacitação profissional. Existem alguns profissionais que, por sua condição especial, exigem um tratamento personalizado por parte das empresas em geral. Por outro lado, para o funcionário, ele é um importante fator de decisão para a permanência em uma empresa ou para a aceitação de um novo convite de trabalho. O benefício tem impacto direto sobre a qualidade de vida dos funcionários, influindo sobre a sua segurança atual e futura e sobre sua condição de vida. PRINCIPAIS BENEFÍCIOS PRATICADOS NO BRASIL Aluguel de casa A maior parte das empresas que concedem esse benefício arca integralmente com o seu custo. É usado normalmente quando o profissional é transferido de estado ou em casos de estrangeiros residindo temporariamente no país. Assistência médico-hospitalar e odontológica Inclui o pagamento integral ou parcial de assistência médica e ou odontológica para o profissional e seus dependentes. Variando o tipo de plano, abrangência e cobertura dos mesmos. Automóvel É a concessão de veículos sob a forma de leasing, aluguel, frota ou compra pela empresa. A maior parte das empresas que concedem este benefício responsabiliza-se pelas despesas com manutenção, seguro e impostos. Auxílio-ótica É o pagamento integral ou parcial de compra de lentes e/ou armação. Em muitas empresas, o desconto para o empregado é oferecido pela própria ótica e a empresa facilita o pagamento descontado diretamente em folha. Auxílio-alimentação Esse benefício relaciona-se à concessão de cesta de alimentos (cesta básica) ou tíquete-alimentação (supermercado) aos funcionários. Auxílio-doença Esse benefício relaciona-se à complementação, parcial ou integral, em caso de afastamento por doença, do salário do funcionário. Auxílio-educação Pagamento parcial ou integral de cursos de ensino fundamental, médio, técnico, superior ou pós-graduação para o funcionário. Auxílio-farmácia Refere-se a descontos ou reembolsos dos valores gastos com a aquisição de medicamentos em geral com receita médica. Auxílio-refeição Refere-se ao reembolso regular de despesas com refeição, quer seja através de convênios específicos, refeitório na empresa ou contra-comprovantes. Check-up Esse benefício relaciona-se ao pagamento integral ou parcial do exame médico periódico e completo. Usualmente, as empresas determinam o local onde os exames devem ser realizados. Compra facilitada de produtos ou serviços Este benefício inclui facilidades oferecidas aos funcionários para aquisição de serviços ou produtos da própria empresa ou de terceiros. Cooperativas As formas mais comuns deste benefício são as cooperativas de consumo, em que o funcionário tem facilidades para comprar roupas, alimentos, etc., e as cooperativas de crédito, nas quais o funcionário tem acesso a financiamentos e empréstimos a taxas de juros reduzidas. Creche Este benefício relaciona-se à existência de creche da própria empresa, conveniada ou reembolso, subsidiada total ou parcialmente pela empresa. Empréstimos Concessão de empréstimos pessoais, restrito a emergências ou sem restrição, nos quais os valores são estabelecidos em função do salário do funcionário. Normalmente, as parcelas são debitadas diretamente na folha de pagamento. Financiamentos Concessão de financiamentos para a aquisição de casas próprias, automóvel ou outros bens. Idiomas Pagamento parcial ou integral de cursos de línguas, podendo ser oferecido dentro da própria empresa ou por escolas especializadas. Lazer Estrutura oferecida para ser usufruída durante o tempo livre dos empregados e seus dependentes, geralmente sob a forma de clube de campo, grêmio recreativo, academia de ginástica e colônia de férias. Seguros diversos Este benefício inclui o pagamento parcial ou total de seguro de vida em grupo, seguro do automóvel, seguro residencial, etc. Transporte Este benefício relaciona-se ao subsídio, parcial ou total, por meios próprios ou de terceiros, do transporte de seus funcionários entre o local de trabalho e suas residências. Flexibilização dos Benefícios – Beneflex Em sua forma mais tradicional, os benefícios são oferecidos como pacotes, compreendendo itens cujo teor variam de acordo com o nível hierárquico do funcionário. Nesta forma, relacionam-se diretamente com os objetivos de longo prazo da empresa, reforçando estabilidade, comprometimento e lealdade. A possibilidade de escolha dentro dos planos de benefícios é quase nula. A única possibilidade de ter mais benefícios é mudar de cargo ou de empresa. A política de benefícios, neste sentido, é coerente com um modelo de estrutura hierárquica e com certos valores organizacionais. Premia-se o esforço pela ascensão na carreira. Um cargo mais alto significa salário maior e plano de benefícios mais amplo. AULA VI REMUNERAÇÃO ESTRATÉGICA REMUNERAÇÃO VARIÁVEL DE CURTO E LONGO PRAZO Uma das principais razões para a utilização da remuneração variável é vincular a recompensa ao esforço realizadopara conseguir determinado resultado. Por isso, quanto mais claro for esse vínculo, melhor para o sistema, melhor para a empresa e melhor para o funcionário. O pagamento por peça começou a ser utilizado no início do século XX com a implantação das linhas de montagem. O objetivo era extrair o máximo de uma força de trabalho de baixa qualificação que executava tarefas simples e repetitivas. Tal objetivo originou o que conhecemos como estudos de tempos e movimentos e as áreas de organização e métodos. Esse campo ganhou em sofisticação ao longo do tempo e, até hoje, muitas empresas ainda utilizam-se dessas metodologias. A mão de obra de hoje é mais preparada, organizada e exigente. A natureza do trabalho ganhou complexidade. Na maioria das atividades, tornou-se muito difícil definir claramente o resultado de um trabalho e vinculá-lo à contribuição individual. O pagamento por peça tornou-se anacrônico na maioria dos ambientes organizacionais. Mesmo em linhas de montagem, o sistema gera problemas que são: conflitos entre grupos que são beneficiados pelo sistema e grupos que não o são. • Pode gerar conflitos entre funcionários e inspetores ou líderes; • Direciona energias e foco exclusivamente para a tarefa; • Ignora potencial de inovação dos funcionários; • Reforça cultura individualista; • Reforça cultura da desconfiança e a prática do controle restrito. Ressurgimento da remuneração variável A política de remuneração de uma organização é um conjunto de diferentes formas de recompensa que se complementam e buscam alinhar atitudes e comportamentos com os objetivos organizacionais dentro das várias formas que podem compor esse mix, as alternativas de remuneração variável são justamente aquelas que mais adequadamente vinculam a busca de resultados com a recompensa. A recente popularidade da remuneração variável é consequência direta dos processos de mudança organizacional que as empresas vêm sofrendo. Os projetos de reestruturação, os programas de qualidade e produtividade e a implantação do trabalho em células têm esbarrado em sistemas de apoio incompatíveis com a nova filosofia implantada. Esses sistemas, em especial o sistema de remuneração, não fornecem o suporte adequado ao processo de mudança. Cria-se, ao longo desse processo, um abismo entre o novo modelo organizacional e a forma como a empresa remunera seus funcionários. A nova filosofia trata do trabalho em grupo, melhoria contínua e orientação para resultados. O sistema de remuneração valoriza descrições de cargos, focaliza o indivíduo e paga salários fixos. É nesse contexto e a partir dessas contradições que as diversas formas de remuneração variável ganharam força, buscando integrar os diversos níveis da empresa e catalisar esforços para a realização dos objetivos organizacionais. Objetivo da remuneração variável Existem centenas de alternativas de remuneração variável, mas o objetivo é sempre o mesmo: alinhar e convergir esforços para melhorar o desempenho da empresa. • transformar custo fixo em variável; • partilhar os bons e maus resultados da empresa; • vincular o desempenho e a recompensa de forma a motivar o indivíduo e o grupo a buscarem a melhoria contínua e extrapolar níveis clássicos de desempenho; • comprometer todas as áreas e processos da organização com resultados esperados. Remuneração variável de curto prazo A remuneração de curto prazo é um incentivo relacionado ao atingimento de resultados em determinado período, limitado a um ano fiscal. Pode assumir a forma de comissionamento para a área de vendas, bônus executivo, programas ou planos de participação nos lucros e/ou nos resultados, incentivos por aumento de habilidades ou conhecimentos, bônus para key people e incentivos por projetos. Essa forma de remuneração costuma combinar um sistema de bônus com a prática administrativa. O recebimento do bônus é vinculado ao atendimento de metas previamente negociadas. Estabelece-se também, de comum acordo, uma fórmula para traduzir os resultados alcançados em prêmios para os indivíduos ou grupos. Um plano de bônus é, geralmente, estruturado sob a forma de uma árvore de indicadores: a partir de um conjunto de indicadores corporativos que a empresa planeja atingir no próximo período, desmembram-se esses indicadores corporativos em indicadores de diretorias ou áreas. E a partir desses, em equipes ou células de trabalho, chegando, em muitos planos, até o indivíduo. Os principais indicadores utilizados nos programas de bônus são: • Lucro líquido; • Resultado operacional; • Orçamento de despesas; • Satisfação do cliente; • Faturamento; • Volume de vendas; O grande desafio das empresas está em desenvolver a qualificação e o potencial de seus colaboradores para obter, em contrapartida, alto desempenho, aceitação de maiores responsabilidades e comprometimento com resultados, criando condições mais favoráveis à inovação, ao aprimoramento da qualidade e ao intercâmbio de informações, tanto internamente quanto com o mercado e os clientes. Essa forma de remuneração tem sido utilizada há décadas. Alguns exemplos clássicos de uso são as comissões e as bonificações para as equipes de vendas. Seu uso recente ganhou grande impulso devido à sua capacidade de apoiar e reforçar algumas práticas emergentes como: participação, envolvimento, orientação para resultados e trabalho em grupo. Para se ter um resultado positivo no programa de bônus, a empresa precisa: • a) saber se seus objetivos estão sendo alcançados; • b) assegurar que os desempenhos individuais e da equipe produzam os resultados esperados; • c) reconhecer as contribuições dos colaboradores; • d) promover o desenvolvimento das habilidades e da capacitação dos colaboradores; • e) subsidiar os processos de promoção e encarreiramento profissional. FASES DO PROJETO Negociação para atingimento de resultados: Nesta fase inicial do processo, gestor e colaborador, juntos, vão negociar as metas. Defini-las significa especificar as atribuições, projetos, atividades e tarefas que compõem o campo de responsabilidade profissional. Mas é preciso especificar, para cada meta, os padrões de desempenho esperados, ou seja, o quanto é esperado (quantitativamente), qual é o nível de qualidade desejado e quais os prazos para apresentar resultados. Matriz de resultados: a matriz de resultados é a representação gráfica das bases de sustentação de um programa de remuneração variável. Por meio dela, pode-se visualizar o nível de responsabilidade dos profissionais envolvidos e seu impacto para o atingimento dos resultados das empresas, bem como o potencial de premiação para os profissionais que atingirem 100% de suas metas. Recomenda-se a construção de uma matriz de resultados para facilitar a compreensão e comunicação do programa. Premiação de vendas ou reconhecimento: É o pagamento mensal referente ao reconhecimento/atingimento de metas de vendas. Essas metas são previamente estabelecidas e acordadas com a alta direção da empresa e são acopladas ao plano estratégico da organização. Participação nos lucros e/ou resultados: A participação nos lucros não é um assunto novo no Brasil. A Constituição Federal, nas versões de 1946, 1967 e 1988, prevê a participação dos funcionários nos lucros da empresa. Mas foi só no final do mandato do presidente Itamar Franco que o assunto foi regulamentado pela Medida Provisória (MP) 794. Após sucessivas reedições, o programa de participaçãonos lucros e/ ou nos resultados (PLR) foi promulgada a Lei nº 10.101/2000 que regulamentou essa forma de remuneração variável. Toda empresa deverá estabelecer com seus funcionários uma forma de participação nos lucros ou resultados; os critérios podem ser índices de produtividade, qualidade ou lucratividade. O acordo deve contemplar regras claras de participação como: • Mecanismos de medição, periodicidade da distribuição e período de vigência; • o pagamento de valores, a título de participação nos lucros, deve obedecer a uma periodicidade mínima de um semestre; • o instrumento de negociação deverá ser arquivado no sindicato dos trabalhadores; • os pagamentos a título de participação ficam livres de encargos trabalhistas ou previdenciários; • As participações atribuídas aos funcionários podem ser deduzidas como despesa operacional pela pessoa jurídica; • o imposto devido aos funcionários deverá ser recolhido pela empresa; • a distribuição não deverá substituir a remuneração nem constituir base de incidência de qualquer encargo trabalhista ou previdenciário. O fato de um programa de PLR estar plenamente ajustado à lei, além de possibilitar à empresa aproveitar os benefícios da redução de encargos trabalhistas e sociais, é uma ferramenta gerencial poderosa para estimular o comprometimento com a busca de resultados para a empresa. REMUNERAÇÃO VARIÁVEL DE LONGO PRAZO A remuneração variável de longo prazo é um incentivo relacionado ao atingimento de objetivos que garantam a perenidade do negócio, a valorização da empresa e a retenção de profissionais. Pode assumir a forma de bônus com pagamentos de longo prazo e participação acionária. Bônus da remuneração variável de curto prazo diferencia-se do de longo prazo por seu conjunto de indicadores, os quais traduzem objetivos corporativos com prazos que vão além do ano fiscal (mais de um ano), bem como por formas de pagamento com prazos superiores a um ano ou sob a forma de depósito na conta de previdência complementar do profissional. Fatores críticos de sucesso Antes de implantar um sistema de remuneração variável, é importante conhecer os fatores críticos de sucesso (FCS) para garantir que os resultados esperados sejam realizados. Para conhecer quais são eles, continue vendo o esquema. Convergência com a orientação estratégica da empresa Na construção do sistema de remuneração variável, deverão ser definidos indicadores e metas de desempenho. É fundamental que esses indicadores e metas sejam convergentes com as diretrizes e os objetivos estratégicos da empresa. Simplicidade e flexibilidade O sistema de remuneração é um sistema de apoio. Sua construção e sua manutenção são atividades-meio, não atividades-fim. Portanto, é importante que o sistema seja simples de manter e simples de usar. Além disso, ele deve também ser facilmente adaptável. Diretrizes estratégicas e objetivos organizacionais são frequentemente revistos. Clareza e objetividade Os indicadores e metas de desempenho devem estar claramente definidos para todos os envolvidos. Além disso, cada um deve conhecer a sua contribuição individual e de seu grupo para o atendimento das metas. Construção de um modelo de remuneração variável. Os componentes essenciais do modelo são os seguintes: - Fatores determinantes: o que iremos medir, o que queremos melhorar; - quais são os indicadores de desempenho: como iremos medir, qual será a ferramenta de medição de desempenho; - quais serão as formas de remuneração utilizadas: como o desempenho será recompensado; - indicadores de desempenho; indicadores de desempenho são os sinais vitais da organização Mostram para os indivíduos e grupos como suas ações estão gerando impacto sobre a empresa e podem ser: Quantitativos: são os indicadores que traduzem diretamente resultados em números; Qualitativos: são os indicadores que retratam resultados mais subjetivos que precisam ser medidos por escalas comparativas para serem analisados; Comportamentais: são os indicadores utilizados para analisar as atitudes e posturas de indivíduos e grupos. AULA VII REMUNERAÇÃO ESTRATÉGICA PREVIDÊNCIA COMPLEMENTAR / PARTICIPAÇÃO ACIONÁRIA: PREPARANDO O FUTURO E REFORÇANDO O COMPROMISSO ENTRE EMPRESA E FUNCIONÁRIO Programa de participação acionária, também chamado de “stock options” A definição mais objetiva é permitir a participação dos colaboradores em compra de ações por um valor inferior ao mercado, caracterizando um programa de longo prazo, uma vez que ações sempre dão resultados positivos num prazo maior. Com o crescimento de nosso mercado e a abertura de capital de diversas empresas, tendo ainda um maior rigor pelos órgãos de controle e a aplicação da governança corporativa, tudo está a favor de um maior crescimento desse modelo de remuneração nos próximos anos. Apenas para darmos um exemplo, na década de 90, os colaboradores do Google receberam ações da empresa num valor nominal de U$ 85,00 (oitenta e cinco dólares) sendo que 4 meses após já estava valendo no mercado U$ 500,00 (quinhentos dólares); este programa fideliza o colaborador. Obs.: Definição de Stock Options dada pelo dicionário Barron’s Dictionary of Legal Terms: • “Outorga a um indivíduo o direito de comprar, em uma data futura, ações de uma sociedade por um preço especificado ao tempo em que a opção lhe é conferida, e não ao tempo em que as ações são adquiridas”. Objetivos para o PPA • Aumentar o direcionamento para atender às metas específicas; • Criar ou reforçar o senso de identidade e comprometimento. Vantagens - Aumento do comprometimento via coproprietário. - Incentivo a comportamentos proativos e ações de melhoria. - Estímulo à colaboração e esforços coletivos coordenados. - Estímulo às ações individuais voltadas para o aumento do valor dos negócios. Desvantagens - Mudança na legislação trabalhista e na regulamentação do mercado financeiro. - Distribuição mal dimensionada de ações pode reduzir seu valor unitário e prejudicar os acionistas. - Desvalorização das ações pode descaracterizar o sistema de recompensa como tal. - Programas focados em grupos específicos podem levar a conflitos entre grupos participantes e não participantes. Previdência complementar Em função da falência do Sistema de Previdência Social (INSS), concedido pelo governo, os planos de Previdência Privada surgiram como uma forma especial de complementar a aposentadoria do empregado, caracterizados assim como um dos sistemas de remuneração variável de longo prazo. Na Previdência complementar, existem dois segmentos distintos: • Fundos de pensão fechados: administrados por sociedades oriundas de empresas, principalmente estatais, em que podem participar apenas os funcionários dessa companhia. Uma característica importante desses fundos é que a empresa também faz contribuições para reduzir o ônus dos funcionários com os desembolsos mensais; • Previdência privada aberta: administrado por companhias seguradoras, sendo aberta a qualquer aplicador (pessoa física ou jurídica). Empresas de qualquer ramo, também, podem contratar seguradoras para administrar um fundo específico para seus empregados, arcando ou não com parte das contribuições. Vantagens dos planos de previdência • O plano de Previdência Complementar oferece às empresas grande flexibilidade em termos de gestão de custos. Permite, também, encontrar o ponto de equilíbrio entre incentivo a resultados de curto prazo, médio prazo e compromissos de longo prazo; • Os planos privados de aposentadoriaconstituem, portanto, mais um elemento que pode contribuir para o alinhamento entre esforços individuais e o direcionamento estratégico da empresa. Em qualquer dos casos, o potencial financeiro a ser alcançado poderá ser reconhecido em seu todo ou em parte dentro do plano privado de previdência; AULA VIII REMUNERAÇÃO ESTRATÉGICA ALTERNATIVAS CRIATIVAS E TENDÊNCIAS NOS SISTEMAS DE REMUNERAÇÃO As sete falácias da motivação Vamos examinar a seguir as principais falácias empregadas para caracterizar aspectos de motivação. O objetivo é alertar para os limites e riscos das várias abordagens em torno da questão da motivação. Falácia 1: dinheiro é um motivador efetivo De fato, abaixo de um certo nível, o dinheiro pode ser um fator de desmotivação, mas a crença de que o dinheiro por si só pode motivar é um grande mito. Falácia 2: motivação aumenta o desempenho A motivação é um fator para melhorar o desempenho do indivíduo e do grupo, mas é preciso também convergência entre competência, esforços e um sistema de gestão eficaz para se transformar motivação em bom desempenho. Falácia 3: o líder pode motivar seus liderados Ninguém pode, a rigor, motivar ninguém. Um líder pode, entretanto, prover as condições necessárias para criar um ambiente motivador. Um líder pode trabalhar para eliminar as barreiras e as condições que levam à desmotivação. Falácia 4: funcionários felizes são produtivos Funcionários felizes são apenas funcionários felizes. É claro que trabalhar em um ambiente agradável e livre de tensões é sadio e ajuda no desempenho, mas acreditar que isso é suficiente é mais um mito. Falácia 5: fatores de satisfação são universais Os fatores motivacionais costumam variar de indivíduo para indivíduo. Isso ocorre em função do meio social no qual o indivíduo está inserido e da interação que se estabelece entre ele e esse meio. Além disso, os fatores motivacionais também variam de acordo com seu momento de vida. Falácia 6: punições podem ser utilizadas como motivadores A Psicologia Comportamental demonstra como o reforço negativo é de pouca eficácia na alteração de comportamentos. Em ambientes organizacionais, o que geralmente se consegue é a desmotivação, ou seja, o sentimento de permanente injustiça, que tem como consequência quase sempre uma atitude defensiva e resistente frente a tudo. Falácia 7: é possível notar facilmente quando uma pessoa está motivada Assim como não existem motivadores universais, não existem também comportamentos característicos que se reflitam em motivação. Cada pessoa pode demonstrar esse estado de uma forma diferente, própria de sua personalidade. Alguns princípios de reforços de comportamento 1. Critério da especificidade e prontidão O reconhecimento deve estar claramente relacionado a um fato gerador e deve ser feito tão logo quanto possível. Além de saber claramente o comportamento ou realização que motivou o prêmio, o funcionário deve também procurar manter a continuidade desse comportamento ou saber ainda como alcançar novas realizações. 2. Critério da Contingência e personalização O reconhecimento deve ser feito por algo que o funcionário reconheça como importante e por meio de algo que se valorize mediante as estratégias profissionais da organização empresarial. 3. Critério da sinceridade O reconhecimento deve ser feito de forma sincera e honesta. Cerimônias excessivamente formais ou percebidas como manipulativas podem ter efeitos contrários aos desejados. Deve haver identificação das razões para o reconhecimento. Quando alguém precisa de reconhecimento? A primeira resposta para essa pergunta é: sempre. Todos necessitamos de apreciação por parte dos outros. Reconhecer o esforço de um funcionário, ou seja, dar-lhe feedback e orientação é parte do trabalho de todo líder. motivos para usar recompensas: • A finalização de um projeto bem-sucedido que mobilizou esforços adicionais de um indivíduo ou de um grupo; • A conquista de um novo e importante cliente; • A renovação de um contrato de fornecimento de produtos ou serviços; • A melhoria substancial da qualidade ou da produtividade, claramente identificadas como resultado do esforço de um indivíduo ou grupo; • Uma realização excepcional como solução de um problema crônico; • O feedback positivo de um cliente, satisfeito com o atendimento recebido; • Os resultados positivos da implementação de um sistema, processo ou equipamento inovador; • A conquista de um prêmio da qualidade; • A melhoria das condições de qualidade de vida no trabalho como fruto do esforço dos próprios funcionários; • O atendimento ou superação de metas de vendas e de produção. Formas de Reconhecimento Existem centenas de formas de reconhecimento do desempenho. Elas vão do simples e efetivo muito obrigado até viagens ao exterior. Nos Estados Unidos, existe toda uma indústria, incluindo consultores, fabricantes de souvenires e agências de viagens, voltada para ajudar principalmente as empresas a reconhecer o trabalho de seus funcionários. Listamos apenas alguns grupos principais de formas de recompensas. Reconhecimento não financeiro (não pecuniário): é uma recompensa que não envolve dispêndio de dinheiro por parte da empresa: um muito obrigado ou parabéns, por mais singelos que sejam, muitas vezes têm um grande significado para quem os recebe: • Ter a fotografia no mural da fama da fábrica ou do escritório; • nota escrita de agradecimento; • agradecimento público, em uma cerimônia simples e informal; • visita do diretor ou presidente ao local de trabalho para conhecer detalhes de trabalho ou de um projeto específico; • convite para participar de um estudo importante ou para decidir algum assunto vital para a empresa; Reconhecimento financeiro equivalente (pecuniário) é uma recompensa que envolve algum tipo de investimento por parte da empresa. Diretamente ou indiretamente, há valores monetários envolvidos nessa forma de recompensa: • dias de folga; • jantar a dois; • jantar ou churrasco com a equipe de trabalho; • entrada para show; • presente para os filhos; • viagens; Segundo o benchmarking de Gestão do Capital Humano, 32% das empresas pesquisadas possuem um programa de reconhecimento formalmente instituído e realizam suas premiações geralmente em dinheiro (incentivo pecuniário), sendo que 42% das empresas concedem formas alternativas preferencialmente a somas em dinheiro, como incentivos não pecuniários. Em geral, as formas de reconhecimento pressupõem certa informalidade no uso, ou seja, é preciso que o hábito do reconhecimento e da premiação seja absolvido como um traço cultural. No Brasil, muitas empresas ainda valorizam ambientes austeros e a informalidade. Além disso, a relação capital-trabalho ainda está em processo de amadurecimento. Portanto, na utilização dessas práticas, é essencial que seja feito um diagnóstico do estilo gerencial e da cultura organizacional, para que se possam determinar as formas mais adequadas de reconhecimento. Outro aspecto importante é criar políticas de reconhecimento. Práticas de reconhecimento ou, como denominamos, alternativas criativas, não cabem em regras e procedimentos detalhados. É possível criar políticas gerais que prevejam condições e formas de aplicação. O que denominamos de alternativas criativas constitui-se de um componente importante da Remuneração Estratégica porque, ao contrário dos componentes vistos, podem vincular o fato gerador quase imediatamente a seu reconhecimento. No Brasil, algumas iniciativas voltadas ao reconhecimento do desempenho têm sido utilizadas já há muito tempo,com resultados variados. O movimento de modernização da gestão, impulsionado pela abertura econômica, parece ter favorecido novas iniciativas. Um aspecto que nos parece essencial é utilizar as alternativas criativas para ajudar a construir um ambiente de trabalho mais informal e sem tensões. As alternativas criativas podem ser utilizadas para reforçar comportamentos desejados, premiar o espírito empreendedor e a iniciativa, encorajar a busca de inovação e ajudar a desenvolver uma relação mais madura entre funcionários e empresas. REMUNERAÇÃO ESTRATÉGICA AULA IX MUDANÇA ORGANIZACIONAL E IMPLANTAÇÃO DO NOVO SISTEMA Mudança Organizacional Vivemos em um mundo de turbulência nos negócios. A competição vem aumentando todos os dias, as empresas buscam estar à frente de seus concorrentes e buscam um diferencial que possa mantê-las em uma posição confortável por um período maior. Vemos que a tecnologia muda a todo instante, e novos equipamentos são introduzidos nos processos produtivos, por seu lado, a gestão por processos busca a melhoria contínua de todos os processos, sejam os processos de negócio, os gerenciais ou mesmo os organizacionais. Neste turbilhão temos sempre a esperança de que o Gestor de RH esteja à frente das mudanças liderando com autoridade e sendo reconhecido por todos. Afinal, ele, mais do que qualquer outro, deve conhecer de forma especial o ser humano, que é na verdade o diferencial, pois a tecnologia podemos comprar, mas um talento temos que conquistar e manter com criatividade, como já vimos e com um ambiente especial de trabalho em que o respeito, a responsabilidade e a fidelidade andam de braços dados, buscando uma qualidade superior de vida para todos. Ao trabalhar com alegria e disposição, poderemos sim criar um mundo diferente onde não tenhamos tantas diferenças e preconceitos, e o próprio planeta sendo respeitado em suas condições essenciais. O que é mudança organizacional? Mudança organizacional é qualquer transformação de natureza estratégica, estrutural, cultural, tecnológica, humana ou de qualquer outro fator capaz de gerar impacto em partes ou no conjunto da organização. O processo de mudança pode se dar de várias maneiras. Ele pode ser uma ação voluntária da organização ou apenas uma reação a um novo contexto ambiental. Formas comuns em que as mudanças organizacionais podem eventualmente ocorrer: • Coercitiva; • De cima para baixo; • De modo reeducativo; • De modo mais participativo; • Por meio de Treinamento. Antes de qualquer coisa, o processo de mudança só acontece quando também se muda a forma de pensar e agir entre os membros da organização. A raiz de qualquer mudança está, portanto, na maneira como as pessoas veem a si próprias, o seu mundo ao redor e como elas avaliam a efetividade de suas decisões e ações. O fato gerador da mudança é sempre a percepção de que formas tradicionais tanto de pensar como de agir acabam por não produzirem mais os resultados esperados na organização. Independentemente da maneira como a mudança organizacional venha a ser, ela será sempre um processo complexo e prolongado. No atual ambiente de negócios, a cultura de mudança faz parte do dia a dia nas organizações. A questão da estabilidade tornou-se, hoje em dia, apenas uma possibilidade teórica. Por que mudar? Podemos dividir as razões que levam a mudanças organizacionais em três grandes grupos ou categorias explicativas. 1- Crises e problemas: - Dificuldades com a estrutura organizacional; - Incapacidade de atender às necessidades dos clientes; - Restrições de recursos. 2- Novas oportunidades: - Introdução de novas tecnologias; - Introdução de novos produtos e serviços; - Disponibilidade de novos recursos. 3- Novas diretrizes internas ou externas: - Adequação a novas leis; - Adequação a novas estratégias corporativas; - Implementação de novos sistemas de controle. Processos planejados de mudança organizacional Processos estruturados de intervenção existem pelo menos desde a década de 50, mas sua versão mais atualizada, os processos planejados de mudança organizacional, é típica dos anos 80. O amadurecimento da tecnologia gerencial permitiu mudar, de forma estruturada, uma organização, e é fruto de uma série de condições específicas, que vão desde maiores pressões ambientais por mudanças até o desenvolvimento de metodologias de intervenção, que passaram a integrar aspectos até então tratados em separado, como: estratégia, estrutura e sistemas de apoio. O influente trabalho de Ralph Kilmann (Gerenciando sem recorrer a soluções paliativas. Rio de Janeiro: Qualitymark, 1991.), segue bem esta linha. Seu modelo fundamenta-se na noção de gap, ou seja, de que existe um vazio entre a situação presente da organização e uma situação desejada. A organização deve, portanto, conhecer sua realidade e a natureza atuais e, assim, determinar onde se quer chegar. A metodologia de Kilmann tem por objetivo construir este caminho levando do atual ao desejável. Método de Intervenção de Kilmann 1. Início do programa – trata-se da escolha da unidade na qual a pilotagem será realizada com a definição do grupo de trabalho; 2. Diagnóstico da situação presente – neste caso, o consultor realiza uma série de entrevistas com membros da organização para definir os fatores de sucesso e os obstáculos existentes; 3. Programação das trilhas de mudança – este item se divide em quatro aspectos fundamentais: 3.1. Estrutura; 3.2. Estratégia; 3.3. Estilo gerencial; 3.4. Sistemas de apoio – inclui também os sistemas de recompensa; 4. Implantação das trilhas – é quando cada um dos quatro elementos é executado, de forma flexível, e com permanente adaptação durante o processo. 5. Avaliação dos resultados – corresponde à realização de uma série de medidas em relação às variáveis as quais se pretende mudar, ou em relação aos indicadores que possam refletir na mudança organizacional. Trilha do sistema de recompensas Dentro do sistema de mudança planejada, o sistema de recompensas tem o papel de apoiar e sustentar a transformação no processo organizacional. Logo que a empresa esteja caminhando na direção certa, com sua estratégia redefinida, tendo em vista a revisão da estrutura e a reavaliação do estilo gerencial, de forma apropriada, o sistema de recompensas é então empregado para completar um ciclo do programa, articulando a remuneração ao desempenho organizacional. As etapas principais na implantação são as seguintes: 1. Planejamento: Nesta etapa, deve-se realizar o plano de implantação, com um cronograma de ações e a explicitação dos objetivos de cada subetapa. É usual, para sistemas ou organizações complexas, iniciar-se a implantação e os planos- pilotos, nos quais possam se observar dificuldades a fim de se realizar ajustes necessários; 2. Preparação dos líderes: Nesta etapa, todos os líderes da organização devem ser treinados e preparados para a implantação e a operacionalização do sistema. O papel dos líderes é fundamental para que o processo logre êxito; 3. Treinamento de facilitadores: Durante o processo, haverá uma grande exigência quanto ao envolvimento com a gestão do sistema de Remuneração Estratégica. Ao contrário dos sistemas tradicionais, normalmente vistos como assunto do departamento de recursos humanos, o sistema de Remuneração Estratégica relaciona-se mais diretamente com a própria tarefa de gerenciamento. No entanto, a complexidade desse sistema é ampla, exigindo-se um nível alto de especialização. Portanto, é aconselhável que sejam formadosespecialistas dentro das diversas áreas da empresa. Eles servirão para sanar dúvidas dos usuários, durante a implantação do sistema de mudanças organizacionais, atuando como interlocutores junto aos responsáveis pelo projeto, com vistas à solução de problemas e à melhoria do sistema como um todo. 4. Comunicação e sensibilização: Nesta etapa, todos os envolvidos, tanto responsáveis como usuários do sistema, devem tomar conhecimento dos princípios gerais que norteiam a sua implantação, ou seja, do modo como ele foi desenvolvido, da maneira como será implementado e dos seus mecanismos operacionais relacionados. Portanto, transparência e clareza são elementos essenciais. Desta forma, é imprescindível que todos os usuários compreendam corretamente o funcionamento do sistema. 5. Construção de um sistema de medição: Para acompanhar a implantação do sistema a fim de garantir que os resultados esperados sejam atingidos, é fundamental que a equipe responsável crie o sistema de medição, a partir das expectativas explicitadas pelos principais grupos e áreas dentro da organização. O sistema de medição será um importante instrumento para orientar ações corretivas e mudanças de rumo. É também importante que o grupo de projeto e os facilitadores reúnam-se sistematicamente durante a implantação para avaliarem a evolução do cronograma e os resultados atingidos. Fórmula para uma implantação bem-sucedida O sucesso da implantação de um novo sistema dependerá do grau de compreensão do que está ocorrendo, ou seja, do nível de assimilação do que se pretende e do comportamento de todos os envolvidos. Uma implantação bem-sucedida ocorrerá sempre quando: • a necessidade de mudar o sistema de remuneração for compartilhada entre todos os envolvidos; • a visão do sistema a ser implantado for comum a todos, considerando seus pressupostos e características a serem compartilhados; • a organização tiver os meios para mudar: conhecimento, apoio externo, planejamento etc.; • todos os envolvidos estiverem comprometidos com o processo de mudança, ou seja, quando houver identidade de interesses entre indivíduos e organização; • houver flexibilidade necessária na condução do processo para se fazer adaptações e melhorias durante sua implantação. Analisando a mudança Temos que ter em mente que a mudança sempre tira algumas pessoas de sua zona de conforto, gerando com isto uma resistência natural. Temos que ter a habilidade de utilizar nossas competências em relacionamento interpessoal e todo o conhecimento que for necessário para mostrarmos as vantagens da mudança para a organização e para cada um de seus integrantes, a importância de nos mantermos atualizados e com vantagem em relação ao mercado e aos nossos principais concorrentes. Esta frase é muito importante para refletirmos sobre como devemos lidar com as mudanças. REMUNERAÇÃO ESTRATÉGICA AULA X PRATICANDO PARA UM MELHOR ENTENDIMENTO CASO 1 - REMUNERAÇÃO POR HABILIDADE NA COPESUL A Copesul – Companhia Petroquímica do Sul – é a central de matérias- primas do polo petroquímico de Triunfo no Rio grande do Sul. Privatizada em 1992, tem seu controle acionário dividido entre os grupos Odebrecht e Ipiranga, e acionistas como a Petroquisa, Itaú (Unibanco) e colaboradores. Com 780 colaboradores e um faturamento que ultrapassa 1 bilhão, é elaborado pela Coopers & Lybrand e publicado na revista Amanhã. Como única alternativa para crescer e tornar-se uma petroquímica de classe mundial, a Copesul passa, desde 1993, por um dos mais importantes processos de mudança já ocorridos em uma empresa no Brasil. A empresa realizou um amplo trabalho de reengenharia, orientando seus sete processos-chaves, segundo padrões de desempenho em nível de empresa classe mundial: • Gestão de negócios; • Desenvolvimento de recursos humanos; • Comercialização; • Gestão de ativos; • Produzir produtos; • Planejamento de negócios. No processo de desenvolvimento de recursos humanos, foi incluída a substituição do sistema de remuneração funcional por um sistema de remuneração por habilidades, o Gestão de Evolução Profissional (GEP). O GEP representa uma nova forma de gerir os recursos humanos da Copesul, imprimindo maior flexibilidade ao processo e atribuindo maior poder de decisão aos times, que são grupos de colaboradores com atividades afins e formam as nove unidades operacionais da empresa. Desde o início da reengenharia, a companhia teve a preocupação de manter seus talentos e qualificar os colaboradores, chegando à formação dos times onde não existe a função do chefe ou gerente. Na Copesul, há apenas a diretoria, os executivos e os colaboradores que contam com facilitadores eleitos em cada time. No cálculo da remuneração, o que vale hoje é a contribuição do colaborador aos produtos gerados por seu time. Os salários tornam-se um reconhecimento ao esforço e à capacidade de trabalho de cada um. Além de valorizar o esforço individual, o GEP estimula o crescimento e o desenvolvimento profissional, buscando um colaborador mais completo com visão sistêmica do negócio de seu time e da empresa. O processo de certificação, mais objetivo que os métodos tradicionais de avaliação, envolve colaboradores e executivos e, em alguns casos, até clientes e fornecedores internos. Os objetivos do sistema de implantação da Copesul foram os seguintes: • Estabelecer um plano de carreira e desenvolvimento de habilidades, vinculando as habilidades individuais com os objetivos dos times e da organização; • Definir estruturas salariais para o novo sistema em sintonia com os padrões de mercado; • Garantir a atração e a retenção de talentos e preservar os recursos humanos estratégicos da organização; • Estabelecer um plano de carreira e desenvolvimento de habilidades, vinculando as habilidades individuais com os objetivos dos times e da organização; • Definir estruturas salariais para o novo sistema em sintonia com os padrões de mercado; • Garantir a atração e a retenção de talentos e preservar os recursos humanos estratégicos da organização. Os pressupostos adotados para o sistema foram os seguintes: • O conjunto de habilidades requeridas e descritas deve ser suficiente para garantir a execução de todas as tarefas e funções da organização e atender a seus objetivos estratégicos; • A ligação entre habilidades e responsabilidades individuais e os resultados grupais e organizacionais deve estar claramente definida; • As estruturas salariais construídas a partir do novo conceito devem ser coerentes com o mercado e com a política salarial da empresa; • O sistema a ser implantado deve colaborar para a harmonização entre os interesses econômico-financeiro da empresa e os interesses de crescimento profissional e de qualidade de vida dos colaboradores; • O sistema a ser implantado deve constituir-se em fator motivacional para os colaboradores; • O sistema a ser implantado deve ter impacto na qualidade e produtividade do trabalho. O desenvolvimento do projeto O SRH foi desenvolvido em parceria com a Coopers & Lybrand e constou de sete etapas: • Mobilização, envolvendo a definição dos objetivos do projeto, a formação do grupo de trabalho e o desenvolvimento da estratégia de comunicação; • Identificação de habilidades, envolvendo a definição das habilidades requeridas para cada um dos times de trabalho ou unidades; • Descrição de habilidades, envolvendo a definição de pré-requisitos de conhecimento e experiência etc; • Definição da política salarial,contendo o princípio da valorização das habilidades em função de sua contribuição para os resultados organizacionais; • Determinação do valor de cada habilidade com base na política salarial aprovada e em resultados de pesquisa de mercado; • Realização de uma pesquisa salarial junto à comunidade de interesse da empresa, visando conhecer e comparar práticas de remuneração para estabelecer parâmetros de avaliação com as habilidades identificadas internamente; • Planejamento do processo de implantação do sistema desenvolvido passo a passo. A expectativa da Copesul é, com o sistema implantado, poder garantir a continuidade de seu processo de modernização da gestão, garantindo a sustentação necessária para o atendimento de seus objetivos estratégicos. O caso Copesul chama a atenção para o foco no fator humano. Ficam transparentes nas premissas a preocupação com a atração e retenção de talentos, a visão desses talentos como recursos estratégicos da empresa e a atenção para com o crescimento profissional e a qualidade de vida dos colaboradores. CASO 2 - REMUNERAÇÃO POR HABILIDADE NA DUPONT A unidade de negócios Lycra A preocupação com a Lycra, da DuPont, é realizada na unidade de Paulina. Essa unidade é capaz de abastecer toda a demanda pelo produto no Brasil e gera excedentes para exportação para outros países da América Latina. A Lycra, marca exclusiva da DuPont, é largamente utilizada em tecidos para peças de vestuário, como meias, agasalhos esportivos e jeans. Com a abertura do mercado nacional, muitos clientes da DuPont passaram a importar produtos substitutos, colocando em risco a rentabilidade do negócio. Diante desse quadro, a empresa decidiu implementar profundas mudanças na estrutura organizacional de sua fábrica, incluindo nesse processo a adoção de um sistema de remuneração por habilidade. A produção de Lycra é realizada em processo contínuo. A reestruturação da unidade envolveu: • Implantação de times semiautônomos; • Redução do número de níveis hierárquicos; • Implantação de um programa de qualidade total. O avanço desses três itens levou a empresa a investir na multifuncionalidade dos colaboradores para dar sustentação à mudança. Alguns ganhos com a multifuncionalidade são os seguintes: • Maior segurança na operação da unidade; • Menores riscos de parada; • Partidas de unidades mais rápidas. O sistema implantado O processo de fabricação de Lycra pode ser dividido em quatro etapas. Cada etapa de processo foi dividida em três níveis de complexidade, chamados de blocos de habilidades. Os blocos de habilidades receberam pontos de acordo com a sua complexidade. A remuneração é baseada nessa pontuação. Foram desenvolvidos três planos de carreira diferentes: • Horistas; • Técnicos mecânicos e eletroinstrumentistas; • Técnicos químicos. Os colaboradores deverão conquistar habilidades eletivas ligadas à participação em grupos de qualidade, brigada de incêndio e atividades de apoio administrativo aos times. Com a implantação desse sistema, a DuPont espera ganhar em efetividade organizacional e reforçar o vínculo de longo prazo entre empresa e colaboradores. CASO 3 - PARTICIPAÇÃO NOS LUCROS E REMUNERAÇÃO POR RESULTADOS NA SELENIUM A empresa A eletrônica Selenium é uma empresa nacional de propriedade de quatro sócios. Foi fundada há quase 40 anos e tem sede no Rio Grande do Sul. Tem forte presença no mercado de alto-falantes, presença sustentada por uma sólida marca que os consumidores associam a uma imagem de qualidade. O faturamento anual da empresa é cerca de 40 milhões de dólares e sua participação no mercado é de 20%. Seus principais clientes estão no mercado varejista, embora também forneça alto-falantes pra montadoras. O processo de mudança Há alguns anos, a empresa iniciou um processo de profissionalização dos quadros dirigentes e modernização da gestão, contratando diretores executivos para as principais áreas da empresa: administrativo-financeira, comercial e industrial. O desenvolvimento do novo sistema de remuneração O objetivo do novo sistema de remuneração foi alinhar a remuneração dos diretores com o atendimento de metas estabelecidas segundo as diretrizes estratégicas da Selenium. A primeira etapa do projeto compreendeu a análise dos fatores críticos de sucesso e seus respectivos desdobramentos para cada uma das diretorias. O passo seguinte foi estabelecer indicadores de desempenho, cuidando para que esses indicadores focalizassem tanto os resultados de curto prazo como os resultados de médio e longo prazos. O sistema deveria ainda garantir a cooperação entre diretorias, evitando que cada diretor apenas cuidasse de maximizar seus resultados em detrimento dos resultados globais da empresa. O sistema Para atender aos objetivos da Selenium, foi projetado um sistema misto, envolvendo participação nos lucros e remuneração por resultados. Os pontos essenciais do sistema são os seguintes: • Haverá distribuição de lucros sempre que for atingido um patamar mínimo, definido como um percentual do lucro líquido sobre o patrimônio líquido; • O montante a ser distribuído será definido segundo uma tabela progressiva, representando um percentual do lucro líquido; • Cada diretor terá direito a uma terça parte desse montante a ser distribuído; • A quantia que cada um receberá será vinculada a resultados organizacionais, grupais e individuais da seguinte forma: um percentual pela empresa ter superado o patamar mínimo de lucratividade, um percentual se a diretoria em questão tiver atingindo as metas estratégicas previamente negociadas, e um percentual em função de uma avaliação de desempenho, enfocando aspectos comportamentais e de gestão. Essa avaliação será realizada pelos sócios com cada um dos diretores. A expectativa da Selenium é que o sistema criado gere convergência de propósitos e atitudes entre as três diretorias e ajude a empresa a atender às suas metas de crescimento. Uma avaliação positiva dos resultados da implantação do sistema poderá levar a Selenium a ampliar sua abrangência para outros níveis hierárquicos.
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