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UNIVERSIDADE PARANAENSE – UNIPAR Curso de Direito – Campus – Umuarama – Sede FILIPE AUGUSTO D’ AVIZ MORELI A CENTRALIZAÇÃO DO PODER CAUSADA PELO FEDERALISMO AUTAL Umuarama-Paraná 2015 UNIVERSIDADE PARANAENSE – UNIPAR Curso de Direito – Campus – Umuarama – Sede FILIPE AUGUSTO D’ AVIZ MORELI A CENTRALIZAÇÃO DO PODER CAUSADA PELO FEDERALISMO AUTAL Artigo apresentado ao curso de Direito, como requisito parcial para obtenção do título de Bacharel em Direito. Orientadora: Dorita Ziemann Hasse Umuarama-Paraná 2015 DEDICATÓRIA A todos pela ajuda, até daqueles que me instigaram para que eu chegasse até aqui. Autor: Nome: FILIPE AUGUSTO D’ AVIS MORELI Curso: DIREITO RA: 01043693 E-mail: filipe-avis-moreli@hotmail.com Professor Orientador: Nome: DORITA ZIEMANN HASSE Titulação: MESTRE A CENTRALIZAÇÃO DO PODER CAUSADA PELO FEDERALISMO ATUAL RESUMO: Com este artigo, resultado de uma pesquisa acadêmica, buscou-se analisar de forma clara, o funcionamento do federalismo brasileiro na atualidade. A federação é um sistema antigo de constituição de Estados, sendo que o primeiro país a se utilizar deste modelo foi os Estado Unidos em 1787. Já o Brasil institui a forma Federativa de Estado em 1889 através de uma ação discricionária do Poder Central, mesmo com o passar do tempo e com as diversas constituições, inclusive na Constituição de 1988, a qual adotou o modelo de federação, o Estado Brasileiro continuou centralizando o poder nas mãos da União. O modelo federativo do Brasil, é um misto do modelo vigente tanto na Alemanha, quanto nos Estados Unidos, ou seja, foi uma junção entre dois sistemas distintos. A intenção desse estudo é analisar de que forma esse modelo foi adotado, podendo este ser qualificado em Federalismo Cooperativo Assimétrico. Para a realização deste estudo, utilizou-se como metodologia a pesquisa bibliográfica com a utilização de material específico em livros. Esta analise buscou demonstrar a necessidade de uma mudança, no sistema vigente, para que assim se possa ter na sua essência o aspecto federativo como mecanismo que prova a igualdade entre os entes federados. PALAVRAS-CHAVE: Federação, Federalismo, Politica, Constituição. THE POWER'S CENTRALIZATION CAUSED BY THE NOWADAYS FEDERALISM ABSTRACT: With this article, the result of an academic research, in sought to analyze clearly, the Brazilian federalism. The federation is an old constitution system, and the first country to use this model was the United States in 1787. However Brazil instituted the federative form of State through a discretionary action of the centralized power in 1889, even as time went on, and several constitutions, including the 1988 Constitution, which adopted the federation template, the Brazilian State continued centralizing power in the Union. The Brazilian federative template is a mixture of the Germany’s present template and the United States, in other words, a combination between these two different systems. The intention of this study is analyze how the adopted template, allowing it to be qualified as Asymmetrical Cooperative Federalism. To accomplish this study, the method utilized for the bibliographic research was the use of specific book material. This analysis sought to demonstrate the need for a change in the current system, so that one can have in essence the federal aspect as a mechanism to test the equality of the federated entities. KEY WORDS: Federation, Federalism, Politic, Constitution. 1 1 INTRODUÇÃO A Forma Federativa de constituição de Estados veio como uma forma de descentralização de poderes, que se fez necessário para uma melhor integração e desenvolvimento tanto do Estado como um todo, quanto de cada parte isolada em sua regionalidade. Desta forma existem uma série de regras, para que essa descentralização realmente ocorra, essas regras podem ser denominadas de Federalismo. Tem-se como Federalismo todo o corpo de regras, princípios e normas que são adotados visando assim a descentralização do Poder, deixando de tal forma a maioria dos poderes de organização interna para os Estados-Membros, para que estes possam realmente fazer valer sua regionalidade, buscando minimizar ou até erradicar problemas intrínsecos. Não é isso que ocorrer no Brasil, desde a primeira vez que foi atribuída a forma federativa, esta não tem sido realmente observada, seja pela falta de descentralização de poder, seja pela forma de como está federação foi constituída ou até pelo federalismo, que no caso representa as normas que descentralizar-se-ia o poder, porém mostra-se ineficaz. Dado o fato de que sempre no Brasil buscou-se um Poder Central forte e controlador. De tal feita, este pretende demonstrar as razões que causam essa centralização de Poder e, também, para vislumbrar a necessidade e possibilidade de que seja revisto e refeito nosso federalismo, alterando assim as regras, normas, princípios, ou seja, quebrando todos os paradigmas que têm sido adotados sempre que se ensejou a possibilidade de uma nova constituinte. Deixando claro também que em momento algum Federalismo não pode ser confundido com Federação, pois aquele é inerente ao modo de como se dará a descentralização do Poder, já este diz respeito a forma de constituição do Estado. Ficando então de fácil percepção que ambos são distintos. 2 SOBRE FEDERAÇÃO É um sistema de constituição de Estados no qual vários Estados se unem por meio de desejos e objetivos comuns, onde cada um desses participes cede uma 2 parcela de sua soberania para um órgão central, responsável pela centralização e unificação. (LENZA, 2013). Este sistema tem como objetivo primordial a descentralização de poder, sendo assim, a União, ou seja, o Poder Central, fica apenas com as atribuições necessárias para que tais Entes, os Estados, não se separem, que o Poder Central seja tão somente um elo que faça a valer a união dos Estados que buscam a forma federativa em sua constituição, sem, contudo, perder sua regionalidade e autonomia. Sua origem remonta no ano de 1787, nos Estados Unidos, que previa que a federação seria uma forma de constituição de Estado em que o objetivo deveria prever a descentralização do Poder Político, repartição de competências, ou seja, pretende esta forma de constituição do Estado dar autonomia aos Entes federados, quais sejam, aqueles que unidos formam juntos a Federação. Tornou-se necessária tal descentralização pois as primeiras formas de organizacionais do Estado possuíam todo o poder na mão dos reis, despostas ou de determinada classe, o que sempre gerava conflitos internos e por consequência a destruição do Estado de dentro para fora. Pode-se caracterizar uma federação pelos seguintes pontos, conforme, anotou André Elali (2005) os ensinamentos de Raul Machado Horta: 1) dualidade de ordens governamentais; 2) repartição constitucional de competências; 3) autonomia constitucional do Estado Membro; 4) organização peculiar do Poder Legislativo Federal de forma a haver participação dosEstados-Membros; 5) a existência de técnica especifica para a manutenção da “integridade territorial, política e constitucional do Estado Federal”. (ELALI, 2005, p. 23). Apenas observando superficialmente esses requisitos, o Brasil é um Estado Federado, que foi o modelo adotado para a constituição do Estado pelo Constituinte de 1987/88 para constituir a República Federativa do Brasil, como está expresso no artigo 1° da carta Magna, tanto quanto no parágrafo § 4° do artigo 60 quando diz que a forma federativa do Estado jamais poderá ser abolida. 2.1 Sobre federalismo Federalismo é o conjunto de regras, normas e princípios que permitem a gerencia da Federação. Essas regas, normas e princípios dizem respeito de como se 3 dará a descentralização o poder, dando assim autonomia real aos Entes Federados de forma que estes possam se autogovernar. Como aduz, Carlos Eduardo Dieder Reverbel (2012), com grande cabimento no assunto: O federalismo primou pela descentralização política, fortaleceu a democracia, o pluralismo político e social. Estabeleceu um campo de relações mais amplo, respeitando a variedade regional e reforçando a política das minorias e das comunidades menores no exercício do poder [...]. (REVERBEL, 2012, p. 112). No caso do Brasil está definida na Constituição Federal como se dará a forma de descentralização, por auto-organização dos Estados membros, artigo 25 CF/88, capacidade tributária, artigo 151 CF/88, autogoverno, artigos 27, 28 e 125 CF/88, autoadministração e auto legislação, artigos 18 e 25 a 28 CF/88. “Internamente, os entes federativos são autônomos, nos limites de sua competência constitucionalmente definidas delimitadas e asseguradas”. (LENZA, 2013, p. 464). No Brasil foi instituído o Federalismo Cooperativo Assimétrico, como leciona Ricardo Victalino de Oliveira (2012): Fruto das necessidades erigidas com o advento da democracia social, o federalismo assimétrico busca reorientar a teoria do Estado Federal com vistas a reduzir as problemáticas do princípio da igualdade formal como diretriz na fixação de competências constitucionais e no desempenho da cooperação intergovernamental. [...] as assimetrias federativas se pautam, essencialmente, pelo abandono da noção de que as unidades político- administrativas devem ser isonomicamente tratadas. (OLIVEIRA, 2012, p. 2- 3). Este modelo é pautado na social democracia e no estado de bem-estar social, o qual teve a sua origem na Europa, mais precisamente na Alemanha em sua constituição de Weimar, que possuía em sua natureza a visão de uma sociedade “que pela cooperação das partes independentes chega à complementação das partes insuficientes”. (REVERBEL, 2012, p. 116). 3 CLASSIFICAÇÃO DO FEDERALISMO BRASILEIRO Kelsen em seu livro Teoria Geral do Direito e Do Estado, afirma que as classificações dos Estados variam do grau máximo de centralização ao máximo de 4 descentralização (KELSEN, 2000). Desta forma os Estados com o poder mais centralizado tendem a possuir caráter Unitário, ou seja, respondem apenas ao um comando. Já aqueles que tem caráter descentralizador, respondem a vários poderes ao mesmo tempo, quais sejam, União, Estado e Município, cada um desempenhando seu papel na federação. O mundo atual é repleto de sociedades diferentes, com pensamentos, necessidades, culturas, situação políticas e econômicas totalmente diferentes umas das outras, sendo assim é necessário que cada Estado Federado crie suas próprias normas, regras e princípios para assim conseguir atingir os objetivos almejados pela nação a qual pertence. Desta feita, “o federalismo criou tipificações próprias para acompanhar a evolução do processo formativo e organizacional dos Estado”. (REVERBEL, 2012, p. 17). O Constituinte de 1987/88 adotou para reger a República Federativa do Brasil, o federalismo cooperativo assimétrico (OLIVEIRA, 2012), que nada mais é do que uma tentativa de copiar o sistema cooperativo instituído na Alemanha, juntamente com a assimetria para o tratamento dos entes federados, contudo deixou uma pequena ressalva no tocante ao federalismo dual que é uma cópia do sistema Americano. Sendo aquelas “então as instituições clássicas e pragmáticas do federalismo que nos serviram de base tanto o federalismo alemão, quanto federalismo norte- americano”. (REVERBEL, 2012, p. 15). Dá-se o cooperativismo pela forma pela qual a União e os Estados-Membros deverão interagir, para atingir os objetivos consoantes do artigo 3° da Carta Política, quais sejam, constituir uma sociedade livre justa e solidária, garantir o desenvolvimento nacional, erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais e, promover o bem de todo, sem preconceito de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de descriminação, descritos nos incisos I a IV respectivamente. Como anota Ricardo Victalino de Oliveira (2012) acerca do cooperativismo: A cooperação, tal qual registra Enoch Alberti Rovira, pressupõe a compreensão de que o governo central e os governos periféricos não são estranhos entre si, devendo todos mover-se em campos de atuação separados e acordados, num constante trabalho conjunto para o alcance de interesses comuns, em especial para buscar soluções para problemas que demandam a soma de esforços. (OLIVEIRA, 2012, p. 51). 5 Já a assimetria fica no tocante a forma de tratamento dos Estados-Membros, ou seja, não importa se o Estado-Membro arrecada ou não o suficiente para sua manutenção, este terá os mesmo direitos e prerrogativas daqueles que assim possam fazer. A ordem imperante na assimetria consubstancia-se, como se percebe, na intenção de arquitetar-se um quadro jurídico de igualdade material entre os integrantes da Federação”. (OLIVEIRA, 2012, p. 34). O modelo adotado pelo Constituinte de 1987/88 pode ser considerado como cooperativo assimétrico. 3.1 Aspectos problemáticos quanto ao modelo adotado Fato é que o Federalismo Cooperativo Assimétrico pode der sido uma escolha equivocada do Constituinte de 1987/88, pois esse sistema é pautado em maior centralização de poder, já que será necessário que a União faça valer a cooperação, para que assim as atribuições sejam exercidas de modo comum, estabelecendo à força uma aproximação dos entes federados, que deverão atuar em conjunto, deixando de lado toda a regionalidade existente no país. Malgrado o modelo adotado ainda tenha uma ressalva de federalismo dual. “Este modelo que pretendia ser um misto de federalismo cooperativo e federalismo dual, acabou na prática por engessar todos os mecanismos tanto de dualismo, quanto de cooperação”. (REVERBEL, 2012, p. 133). Com esse pensamento Paulo Bonavides (1996), com brilhantismo esclarece o que realmente acontece no Brasil: A Federação construída no Brasil é falsa, e já se deve buscar outro modelo federativo, pois o que ai se concretizou configura uma contradição profunda com as velhas aspirações descentralizadoras, propagadas pelo sentimento nacional, e que estão na alma de nosso povo, na memória de nossas origens, na remissão ao nosso passado e, sobretudo na lembrança dos acontecimentos que marcaram o século da Monarquia, sem cessarem com a Primeira República, vítima das intervenções federais nos Estados-Membros da União. (BONAVIDES, 1996, p. 339). Observa-se ainda, possíveis enganos, quanto ao modelo adotado, por ter sido colocado em prática sem as devidas observações, quais sejam, o tamanho territorial, 6 a situação política, econômica, cultura, dentre várias outras particularidades de cada nação. Particularidades elencadascom grande lucidez por Montesquieu (2004): Várias coisas governam os seres humanos: o clima, a religião, as leis, as máximas do governo, os exemplos das coisas pretéritas, os costumes, as maneiras, sendo que o resultado de tudo isso é o espirito geral formado. (MONTESQUIEU, 2004, p. 325). Observa-se então um grande problema no modelo atual, pois este modelo foi copiado de países com todos os aspectos supracitados diferentes daqueles existentes no Brasil, não obstante que no Brasil sempre existiram movimentos de secessão, enquanto na Alemanha sempre existiu um alto sentimento de união entre a nação, que se intensificou ainda mais após a segunda guerra mundial. Já na outra parte tocante ao que foi adotado do modelo Norte Americano que prevê maior autonomia aos Estados-Membro, nota-se um grande problema, como demonstra Paulo Bonavides (1996): Desde o berço, o Federalismo brasileiro trouxe o germe de sua destruição o pecado no unitarismo onde se gerou, porquanto criado mediante uma intervenção do Poder Central. Intervenção aliás, súbita, que vinha quebrantar uma estrutura unitária solidificada, bem ou mal, por mais de meio século de convivência centralizadora. A centralização apoiava-se, juridicamente, nas bases da Carta outorgada por D. Pedro I, em 1824. (BONAVIDES, 1996, p. 362). Como apontado pelo mestre Bonavides, de nada adianta que existam essas ressalvas de autonomia porquanto a cultura do unitarismo prevalece na consciência política brasileira, tendo ainda como agravante, nas palavras de Carlos Eduardo Dieder Reverbel (2012): A federação no Brasil foi adotada por uma ordem do Poder Central (Decreto n° 1 de 15 de novembro de 1889) sem participação das províncias. Ora se a federação implica união, junção, como adotamos a federação por um ato discricionário do Poder Central? (REVERBEL, 2012, p. 20). Restando mais uma vez demonstrado que no Brasil a Federação não chegou realmente a alcançar a ideia federativa, sempre foi um Estado Unitário com forte característica perdulária. Pois para que os Estados-Membros ficassem unidos sempre 7 foram utilizados artifícios muitas vezes antidemocráticos e por várias vezes ditatoriais. Que podem ser demonstradas através de anos de história e até mesmo pela forma pela qual foi constituída a federação no Brasil em 1824, sendo esta adotada por simples medida discricionária pelo Príncipe. 4 A CAUSA DA CENTRALIZAÇÃO DO PODER Como já foi mencionado, todas as atribuições dos entes federados estão ressalvadas na constituição, contudo malgrado estejam assim, por consequência do federalismo adotado, muitas dessas autonomias ficam mitigadas. Tal fato é, que, um dos grandes problemas do federalismo adotado pelo Constituinte de 1987/88, é que na verdade a República Federativa do Brasil, não possui nada de federativa, pois a maior forma de descentralização do poder é feita quando se delega o maior número de atribuições possíveis para os Estados-Membros e não para a União. E sendo o Federalismo Norte Americano uma das maiores aspirações para o Federalismo Brasileiro, no caso brasileiro, percebe-se, nítida falácia, pois seguindo as definições dadas por Tocqueville (1973): Os deveres e direitos do governo federal eram simples e fáceis de definir, pois a União havia sido formada com o fim de responder a algumas grandes necessidades gerais. Os deveres e direitos dos Estados eram, ao contrário, múltiplos e complicados, já que esse governo penetrava em todos os detalhes da vida social. Definiram-se, portanto, com cuidado as atribuições do governo federal, e declarou-se que tudo que não estava contido na definição caía nas atribuições do governo dos Estados. Assim o governo dos Estados tornou-se o direito comum; o governo federal tornou-se a exceção. (TOCQUEVILLE, 1973, p. 209). A competência legislativa dos Estados-Membros, são classificadas em: 1) expressa decorrente do artigo 25 CF, diz respeito a capacidade de auto-organização, observando, é claro, os princípios Constitucionais; 2) residual (ou reservada), tudo aquilo que não for vedado está reservado aos Estados-Membros, ou seja, aquilo que não for competência expressa de outros entes, como define assim o § 1° do artigo 25 CF; 3) delegada pela União, está ressalvado no artigo 22 CF, que a União poderá por lei complementar delegar, ou seja, autorizar os Estados-Membros a legislar sobre questões específicas; 4) concorrente, está expressa no artigo 24 CF, deixando claro 8 que cabe a União legislar sobre as normas gerais e só então os Estados legislarão sobre as normas específicas; 5) suplementar, está contida no artigo 24 §§ 1° ao 4°, essa competência fica no âmbito da concorrência, podendo ser utilizada quando a União não tiver feito a norma geral, podendo ainda ser classificada quanto à doutrina em suplementar complementar, quando já existe lei federal a respeito e os Estados- Membros apenas as complementam e, competência suplementar supletiva, quando a União ainda não legislou de forma geral ficando assim temporariamente cada Estado- Membro competente para legislar sobre a matéria, contudo caso assim o façam e venha surgir lei federal posterior, tudo aquilo que for incompatível com esta lei ficará suspenso e; 6) competência tributária expressa, que possui respaldo no artigo 155 CF. No tocante as competências não legislativas tem-se: 1) comum, prevista no artigo 23 CF, que são competências relativas a todos os Entes federados e; residual (ou reservada), diz respeito a competências que não forem de nenhum outro membro da federação, ou seja, que não forem da União (artigo 21 CF), do Distrito Federal (artigo 23 CF), dos Municípios (artigo 30, III a IX CF) e as comuns (artigo 23 CF). Já as competências legislativas da União, podem ser: 1) privativa, que encontra respaldo no artigo 22 CF, esse tipo de competência permite à União por meio de lei complementar delegar autonomia aos Estados-Membros para legislar sobre matérias especificas que estão contidas neste artigo; 2) concorrente, contida no artigo 24 CF, fica aqui estabelecido que a União deve legislar de modo geral, ou seja, estabelecer as normas gerais deixando as especificas aos Entes membros, nesse caso se os Entes membros legislarem antes da União e essa vier a fazer lei posterior, tudo aquilo que for contrário a norma geral ficará suspenso; 3) competência tributária expressa, contida no artigo 153 CF; 4) competência tributária residual, com base no artigo 154, I, CF, esta competência diz respeito a tributos que não estejam previstos no artigo 153, contudo esses impostos não podem ser cumulativos e não podem possuir por base de cálculo os impostos já contidos na Constituição Federal e; 5) competência tributária extraordinária, ressalvada no artigo 154, II, CF, diz respeito a impostos extraordinários, que podem ou não estar compreendidos em sua competência tributária. Quanto a competência não legislativa temos: 1) exclusiva, decorrente do artigo 21 CF, as quais não podem ser delegadas e; comum, encontrada no artigo 23 CF, que são competências comuns a todos os Entes federados. Faz-se então necessária a observação feita por Paulo Bonavides (1996) sobre essas autonomias: 9 O amplo quadro que esboçamos patenteia que o federalismo brasileiro pôs o máximo de centralização vertical na competência da União e de centralização na horizontal nos poderes do presidente da República. Ali, verticalmente com sacrifício ostensivo dos Estados-Membros; aqui, horizontalmente, com holocausto do Legislativo, cujas prerrogativas e funções ficaram bastante abaladas e abatidas. Os Estados e seus governadores são, agora, meros fantasmasem questão de autonomia federativa. (BONAVIDES, 1996, p. 388). Fica assim de fácil compreensão que em momento algum o Constituinte de 1987/88 quis realmente uma descentralização real de Poder, pois se o quisesse jamais teria outorgado tamanho Poder para a União, deixando os Estados apenas com competências residuais, e que por muitas vezes dependem de regulamentação prévia da União, esse é o caso da boa parte da legislação, onde os Estados têm que esperar a União legislar de forma geral para que só então, assim, os Estados, apliquem de forma especifica correndo o risco se o fizeram antes da União, ter esta lei efeito de nulidade e ficar suspensa. Não só ainda no tocante às competências legislativas, tem-se ainda as não legislativas, que demonstram que os Estados-Membros não possuem nenhuma competência exclusiva ou privada, o que retira praticamente toda sua autonomia. Neste mesmo sentido André Elali (2005), afirma com sabedoria sobre as autonomias dos entes federados: Em verdade as entidades que formam a federação não detêm uma autonomia plena; têm concretamente autonomias limitadas à vontade da constituição, que sobrepesou a constituição em relação aos entes, em evidente restrição dos poderes das entidades em comento. (ELALI, 2005, p. 60). De forma mais clara nota-se que quando observado o § 1° do artigo 25 da Constituição Federal, o que diz que os Estados-Membros possuem competência reservada, o que é classificado pela doutrina como competência residual, ou seja, o que não for de competência expressa dos outros entes e não houver vedação, caberá aos Estados-Membros materializar. (LENZA, 2013, p. 471). Outra causa muito importante de centralização de poder, é o poder econômico da União em face dos Estados, pois como expõe com clareza André Elali (2005): 10 Verifica-se de qualquer sorte que o Poder Central foi favorecido notavelmente pelo constituinte, a ele sendo inclusive outorgado o direito de tributar outros fatos de acordo com o que se denomina “competência residual”, em casos extremos/extraordinários, inclusive quanto ao próprio ICMS, tributo estadual e distrital. [...], no entanto, a União por possuir a competência relativa às contribuições vem instituindo diferentes tributos que, em verdade, não se caracterizam como contribuições, tudo para evitar a transferência de recursos aos Estados e Municípios. (ELALI, 2005, p. 47). Dessa forma coloca-se a União em um patamar como o único poder econômico no Brasil, transformando os Estados-Membros em meros pedintes de recursos, o que no final das contas acaba por gerar uma guerra fiscal e, ainda tendo como consequência, “um federalismo fiscal caótico, com uma busca irrestrita por receitas, mesmo pondo-se em risco os interesses nacionais”. (ELALI, 2005, p. 63). Conforme demonstrado, quase todo o poder, se não todo ele, fica restrito nas mãos da União. Em nossa constituição, as poucas competências que são atribuídas aos Estados-Membros, assim elucida Carlos Dieder Reverbel (2012): O texto constitucional de hoje parece corroborar com nossa tese. As competências do Estados podem ser contadas nos dedos de uma mão, como se diz em linguagem comum. O Título III, que trata da organização da forma do Estado (artis. 18 a 43) atribui praticamente todas as competências à União e aos Municípios, reservando, remanescendo, restando ao Estado apenas competências que não lhes sejam vedadas por esta Constituição. Retirando a competência expressa para instituir seus impostos (art. 155), e a exploração de gás canalizado (art. 24 § 2°) nada mais é de competência dos Estados. (REVERBEL, 2012, p. 132). O que por si só descaracteriza todo o sentimento Federalista e regional que tanto foi buscado no Brasil desde os primórdios de seu descobrimento. Pois em nossa Constituição os entes federados possuem apenas uma autonomia formal que a cada dia fica menor, dado ao crescimento do poder da União, de tal feita, que, quanto mais Poder Central existir numa forma de Estado qualquer, mais unitária ela será. (REVERBEL, 2012). Restado, então, novamente comprovado que a finalidade do Constituinte de 1987/88 não teve por objetivo primordial a descentralização do poder. 4.1 Não Observância do Princípio da Subsidiariedade 11 Esse princípio, o da Subsidiariedade, possui importância sem precedentes em um federalismo, para que assim seja realmente constituída uma federação. Diz respeito a forma de como será descentralizado o poder, saindo de uma microesfera para uma macroesfera, ou seja, do indivíduo até chegar a União. Para melhor entendimento, Carlos Eduardo Dieder Reverbel (2012) conceitua: Pelo princípio da Subsidiariedade, tudo o que possa ser feito, e bem pela organização inferior não pode ser subtraído pela organização superior. Haveria uma hierarquia que poderíamos denominar de baixo para cima, e não de cima para baixo. Neste sentido, o primeiro e principal dever de respeitar e desenvolver o bem comum dever ser da pessoa, depois da família, depois da comunidade, depois do Município, depois do Estado, depois da União e por último, quem sabe, dos Estados estrangeiros ou das organizações internacionais. (REVERBEL, 2012, p. 39). Tem-se então notório que o Estado não pode jamais ser um fim para si mesmo, mas que seja um meio de atingir a necessidade de cada pessoa que nele resida. No Brasil, o Estado está acima de toda e qualquer necessidade dos indivíduos, muitas vezes ele mesmo é o causador do problema que tenta resolver. Deixando assim uma total inobservância a esse princípio, o que demonstra mais uma vez é que além de uma grande problemática ao federalismo adotado, o Brasil não conseguiu e não consegue vivenciar o modelo pleno e puro de federação. Um exemplo prático disso é a legislação vigente, que com perfeição assevera Tocqueville (1973): Nas grandes nações, o legislador é obrigado a dar às leis caráter uniforme, que não comporta a diversidade de lugares e dos costumes; não estando a par dos casos particulares, não pode proceder se não através de regras gerais; os homens são então obrigados a inclinar-se diante das exigências da legislação, pois esta não pode acomodar-se as necessidades e costumes dos homens, o que se torna causa importante de distúrbios e misérias. (TOCQUEVILLE, 1973, p. 215-216). Esta e uma relevante demonstração de como o princípio da subsidiariedade é deixado de lado em grandes nações. Contudo esse problema pode ser minimizado, e até, se possível, erradicado, quando se é respeitado a descentralização de poder, deixando assim maior autonomia legislativa para cada Ente membro da federação, pois apenas cada Ente sabe e entende suas peculiaridades locais, podendo assim, com muito mais eficácia remediar problemas intrarregionais. 12 5 O POSSÍVEL DESPOTISMO ESTATAL Nota-se que os maiores geradores desse despotismo, quais sejam, o poder de legislar, a capacidade extraordinária de tributar, o poder político e, a centralização economia. Notória é a questão de que todo esse poder cria um Estado Despótico, que a seu bel prazer faz, controla a tudo e a todos, tornando-se obrigatoriamente uma necessidade e um fim em si mesmo. O que por consequência, como já mencionado, acaba por criar um Estado Despótico, como bem colocado por Carlos Eduardo Dieder Reverbel (2012): De difícil administração, os grandes Estados caem facilmente no despotismo. Por consequências das distâncias dos reinos, as leis padecem de descrédito ineficiência, tanto pelo sentimento equivocado dos problemas distantes, quanto pela arbitrariedade de tratamento semelhante a problemas diferentes. (REVERBEL,2012, p. 74). Essa é a grande problemática de um Estado tão grande quanto o Brasil, com Poder tão centralizado, o que por si só acaba trazendo muitas consequências, principalmente no tocante a generalização de problemas, deixando de lado quaisquer problemas que tem sua a origem em uma questão regional, ou seja, que seja inerente apenas aquele Ente federado. Outra boa demonstração do que ocorre em um Estado despótico nos traz Montesquieu (2004) com o seguinte ensinamento: Nos Estados despóticos, a natureza do governo exige uma obediência extrema, e a vontade do príncipe, uma vez conhecida, deve exercer tão infalivelmente seu efeito quanto uma bola lançada contra outra deve exercer o seu. (MONTESQUIEU, 2004, p. 68). Ora, se isso não for exatamente a situação dos entes federados em relação com a União, no mínimo, está bem próximo. Primeiramente porque a União detém o maior poder político, legislativo e econômico, podendo assim tornar ineficazes leis que foram promulgadas anteriormente à lei geral, não importando se é benéfica ou não para aquele Estado-Membro. Em segundo lugar, possui praticamente controle sobre 13 todo poder econômico, criando tributos que não incidem em forma de contribuição para que os Estados-Membros não tenham participação na receita arrecada, deixando-os assim à mingua de recursos econômicos, e quando ainda, em casos excepcionais a União poderá legislar sobre o imposto de circulação de mercadorias e serviços (ICMS), piorando ainda mais a situação desses Entes. E em terceiro e último lugar, não menos importante é o poder político que a União possui sobre os Entes federados, que na verdade com o passar do tempo, estes Estados-Membros nada mais tornaram-se do que meros cabos eleitorais em campanhas presidenciais. Podendo ainda ser elencado na questão da centralização do Poder econômico, como bem conceitua André Elali (2005): [...], vê se a crescente possibilidade de haver uma constante substituição de imposto da União pode contribuições, que não estão sujeitas a qualquer repartição, criando-se ainda tributos que venham a incidir sobre as materialidades dos impostos dos Estados e dos Municípios. Dessa forma, pode se afirmar que há certo desequilíbrio do poder tributante da União em relação ao Estados e Municípios, passando a ter aquela, a cada dia, maiores poderes para determinar os rumos da Federação. Tal realidade repercute nos problemas de ordem financeira dos outros entes federativos, que ficam cada vez mais dependentes da União, dos recursos federais e das transferências intergovernamentais. (ELALI, 2005, p. 48). Ficando assim muito claro que a União cria o próprio problema para depois se tentar uma solução, o que acaba gerando uma necessidade demasiadamente grande por parte dos Estados-Membros, esses ficando à mercê de verbas federais para que possam gerir seus próprios encargos. Percebe-se ainda, na questão abuso de poder na competência legislativa no âmbito da concorrência que está elencada no artigo 24, da carta Magna, como bem demonstra Carlos Dieder Reverbel (2012): Ademais no âmbito da legislação concorrente (artigo 24 e seus parágrafos) a União não fica restrita apenas ao estabelecimento de normas gerias. Bem pelo contrário, tal mecanismo federativo vem sendo utilizado mais no sentido de ampliar a competência da União do que estabelecer normas gerais para posterior aplicação de normas especiais dos Estados. Estes mecanismos que deveriam ser cooperativos não passam por um controle por parte da União das políticas sociais, duplicando a máquina administrativa do Estado. (REVERBEL, 2012, p. 132). 14 Já na questão do poder político, tem-se usado os Entes-Federados apenas e tão somente com a finalidade de obter êxito nas eleições presidências, explicitando ainda mais a concentração de Poder. Utiliza-se então a União de seus poderes econômicos e legislativos para obter vantagens políticas afim de conseguir aumentar sua popularidade em determinadas regiões. Em consonância assevera Carlos Dieder Reverbel (2012): A federação vem sendo utilizada como uma espécie de poder político eleitoral. As campanhas presidenciais derivam, em maior parte, do sucesso dos governos Estaduais dos Estados mais expressivos da federação. Uma verdadeira sustentação política eleitoral clientelista no plano estadual, definindo os nomes e as prévias das eleições à Presidência da República. (REVERBEL, 2012, p. 132-133). Dessa forma, fica mais do que evidente que o Brasil hoje, nada mais é do que um Estado Unitário Despótico, já que a União concentra praticamente todas as prerrogativas legislativas, tributárias e políticas, e as molda, utiliza como bem entende, deixando de lado interesses nacionais e regionais, tudo para não perder o controle do Poder. 6 NECESSIDADE DE MUDANÇA DO FEDERALISMO Como já demonstrado, malgrado na constituição estejam ressalvados algumas prerrogativas, direitos e autonomias para os Entes federados, nada disso ocorre na verdade, sendo assim, é mais do que necessário que haja uma mudança no federalismo brasileiro, para que assim todos aqueles objetivos elencados no artigo 3° da carta Magna consigam ser atingidos. Com esse pensamento no ensina Paulo Bonavides (1996): O Recurso a um eventual federalismo das Regiões afigurasse-nos dos meios mais indiciados com que ultrapassar a presente crise da Federação Brasileira, constituindo uma ideia a um tempo realista e inovadora. Realista porquanto não deriva de uma teorização puramente abstrata, sem vínculo com os fatos e a realidade, ou seja, um mero devaneio de juristas e legisladores ociosos, senão que é resultante de uma agregação espontânea de interesses, correspondentes a necessidade já identificadas com toda a clareza. Inovadora também, pois, furtando-se ao dualismo União-Estado, cria para a Federação um novo pluralismo de bases que consagram a Região, com o reconhecimento de seu importantíssimo papel na ordem federativa. (BONAVIDES, 1996, p. 423-424). 15 A maior necessidade dessa mudança, à de atender aos anseios de toda uma nação, que sempre buscou sua regionalidade, muitas vezes, por movimentos separatistas que levaram até a guerras internas. Rousseau (2013) em seu livro O Contrato Social ensina que quando um o pacto não mais funciona este é declarado nulo, retornando assim os sujeitos ao estado inicial, como se pode observar: As cláusulas desse contrato são de tal forma determinadas pela natureza do ato que a menor modificação as tornaria vãs e de nenhum efeito, de sorte que, mesmo sendo enunciadas de maneira formal, são em todas as partes as mesmas, de modo que sendo o pacto social violado, cada um retornaria aos seus primeiros direitos e retomaria sua liberdade natural, perdendo a liberdade convencional pela qual renunciaria a favor daquela. (ROUSSEAU, 2013, p. 21-22). Essa é o grande problema, que se apresenta em todas as Constituições Brasileiras, quais sejam, nos períodos de, 1824, 1891, 1934, 1937, 1946, 1967 e 1988, todas possuíam grande centralização de poder, demonstrando assim, o porquê de em tão curto espaço de tempo o Brasil possuir tantos constituintes. Pois simples é o motivo, o contrato já nasce eivado de vícios, não observando a verdadeira vontade da nação constituinte, que desde os primórdios de sua criação busca desesperadamente por uma forma descentralizada de poder. É de conhecimento, ainda, que as sociedades sofrem constantes mudanças, apesar de cada uma possuir estandartes particulares e praticamente imutáveis, existem vários outros preceitos e princípios sociais que se alteram com o passar do tempo, tornando assimmais do que necessária uma mudança no federalismo, ainda mais em uma sociedade tão mista, grande, com várias culturas, religiões, pensamentos diferentes, e tudo isso em um mesmo território. Fica evidente, que esse sistema deve ser constantemente atualizado. “Assim, deve se manter o sistema federalista vinculado às mudanças sociais alterando-se sempre que necessário para não deixar o modelo adotado à margem das necessidades da sociedade”. (ELALI, 2005, p. 23). Na atual realidade do país não é o que ocorre, o que se percebe é um federalismo anacrônico, que não pode mais ser utilizado, e como já mencionado pelo grande Mestre Bonavides, a federação atual é falsa. 16 Percebe-se ainda que a organização política não pode ficar petrificada em sua forma tradicional, aquela moldada nos textos legais responsáveis pelo seu surgimento. (OLIVEIRA, 2012, p. 19). Dessa forma, tem-se vários motivos primordiais para a alteração do federalismo atual, para que assim possamos realmente atingir a realidade de ser uma Federação. 7 POSSIBILIDADE DE MUDANÇA DO FEDERALISMO Como já foi demonstrado anteriormente Federação e Federalismo, apesar de ambos serem entrelaçados entre si, são contextos totalmente diferentes, não podendo um ser confundido com o outro. Federação, é o modo de constituição do Estado, que visa uma descentralização de Poder, fazendo assim com que todos os Entes federados possuam autonomia para poder se autogovernar. Federalismo, é todo o corpo de regras, normas e princípios que irão fazer valer essa descentralização, ou seja, é o federalismo que irá garantir que a Federação realmente seja uma Federação. Deixando claro, assim, que não existirá uma Federação sem que haja um Federalismo bem estruturado e que consiga fazer valer a descentralização desse Poder. Contudo a maior preocupação que se tem acerca da mudança do Federalismo é no tocante a quebra de normas constitucionais, quais sejam a contida no artigo 1° da constituição que versa sobre a forma Federativa de constituição do Estado, tanto quanto no § 4º do artigo 60, onde está expresso que a forma federativa não poderá ser abolida. Quanto ao artigo 1° da Constituição Federal, não será alterada a forma de constituição do Estado, está poderia permanecer como Federação, aliás, o presente estudo busca que essa Federação não seja apenas um nome em um papel, mas sim uma verdadeira Federação, onde os Entes-Federativos pudessem ter uma real autonomia de forma aplicada e consolidada. Já no tocante ao § 4° do artigo 60, que diz que a forma Federativa não poderá ser abolida, com toda certeza, essa não é a intenção, pelo contrário, como já demonstrado, procura-se fazer valer realmente a República Federativa do Brasil como um Fato. Pois nada será alterado na forma Federativa, o que poderá e deverá mudar 17 são as normas, princípios e regras vigentes. “A mudança da divisão de competências não afeta o pacto federativo, eis que não se trata de clausula pétrea. Clausula pétrea é manter a estrutura federalista, que seria apenas adaptada as circunstancias atuais”. (ELALI, 2005, p. 94). Não deixando nenhuma dúvida então acerca da possibilidade de mudança, já que em nada altera a fora de constituição do Estado ou então que possa de alguma forma aboli-la. 18 8 CONCLUSÃO Ao final desse estudo conclui-se que a República Federativa do Brasil, sempre possuiu desde a sua primeira constituição, qual seja, a de 1824, viés unitário, ou seja, centralização de Poder, demonstração disso foi o modo discricionário pelo qual foi instituída a Federação, deixando de lado todo um movimento regionalista que gerou guerras de secessão pelo país em vários momentos da história. Podendo, então, muito melhor qualificá-lo em um Estado Unitário, dada a pouca descentralização de Poder demonstrada e descrita na Constituição Federal. Esta que ressalva praticamente todo o Poder em mãos da União, deixando os Estados-Membros carentes de recursos e com dependência legislativa e, claro, sem praticamente nenhum poder político, servindo apenas como uma ponte para os movimentos eleitorais. Observando então os preceitos de que Federalismo e Federação não se confundem e, que uma alteração no Federalismo jamais irá alterar ou abolir a forma federativa do Estado. Sendo desta forma, perfeitamente possível e necessária que seja feita essa reforma, para que assim sejam atingidos todos os objetivos constantes do artigo 3° da Carta Magna. Percebe-se aqui, que existe uma grande necessidade de alteração do Federalismo atual para que se possa realmente haver uma descentralização de Poder, ressalvando assim maior autonomia aos Entes federados. Assim após essa reforma, com grande certeza que de fato o Brasil se tornará Federação, resguardando autonomias aos Estados-Membros, possibilitando assim que a própria regionalidade de fim as desigualdades regionais e também, aquelas intrínsecas de cada região, que malgrado a União apesar de tentar remediar, vez por outra adota medidas errôneas que tão somente atrapalham, o que deixa transparecer ainda mais o tamanho do Poder que está possui. Não deixando dúvidas quanto ao Despotismo. 19 9 REFERÊNCIAS ARISTÓTELES. Ética a Nicômaco. Coleção “Os Pensadores”. v. vi. São Paulo: Abril Cultural, 1973. BONAVIDES, P. A constituição aberta. 2. ed. São Paulo: Malheiros Editores, 1996. BRASIL. Constituição (1998). Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, DF: Senado, 1988. ELALI, A. O federalismo fiscal brasileiro e o sistema tributário nacional. 1. ed. São Paulo: MP Editora, 2005. KELSEN, H. Teoria geral do direito e do estado. 3. ed. São Paulo: Martins Fontes, 2000. LENZA, P. Direito constitucional esquematizado. 17. ed. São Paulo: Saraiva, 2013. MONTESQUIEU, C. L. S. Do espirito das leis. 1. ed. São Paulo: Edipro, 2004. OLIVEIRA, R. Federalismo assimétrico brasileiro. 1. ed. Belo Horizonte: Arrares Editores, 2012. REVERBEL, C. E. D. O federalismo atual numa visão tridimensional de direito. 1. ed. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2012. ROUSSEAU, J. O contrato social. 1. ed. São Paulo: Edipro, 2013.
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