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A CENTRALIZAO DE PODER CAUSADA PELO FEDERALISMO AUTAL1

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Prévia do material em texto

UNIVERSIDADE PARANAENSE – UNIPAR 
Curso de Direito – Campus – Umuarama – Sede 
 
 
 
FILIPE AUGUSTO D’ AVIZ MORELI 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A CENTRALIZAÇÃO DO PODER CAUSADA PELO FEDERALISMO AUTAL 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Umuarama-Paraná 
2015 
 
 
UNIVERSIDADE PARANAENSE – UNIPAR 
Curso de Direito – Campus – Umuarama – Sede 
 
 
 
FILIPE AUGUSTO D’ AVIZ MORELI 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A CENTRALIZAÇÃO DO PODER CAUSADA PELO FEDERALISMO AUTAL 
 
 
 
 
 
 
Artigo apresentado ao curso de Direito, 
como requisito parcial para obtenção do 
título de Bacharel em Direito. 
 
 Orientadora: Dorita Ziemann Hasse 
 
 
 
 
 
 
Umuarama-Paraná 
2015 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
DEDICATÓRIA 
 
 
A todos pela ajuda, até daqueles que me 
instigaram para que eu chegasse até aqui. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Autor: 
 
 
Nome: FILIPE AUGUSTO D’ AVIS MORELI 
 
Curso: DIREITO RA: 01043693 
 
 
E-mail: filipe-avis-moreli@hotmail.com 
 
 
 
 
Professor Orientador: 
 
 
Nome: DORITA ZIEMANN HASSE 
 
Titulação: MESTRE 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A CENTRALIZAÇÃO DO PODER CAUSADA PELO FEDERALISMO ATUAL 
 
 
 
RESUMO: Com este artigo, resultado de uma pesquisa acadêmica, buscou-se 
analisar de forma clara, o funcionamento do federalismo brasileiro na atualidade. A 
federação é um sistema antigo de constituição de Estados, sendo que o primeiro país 
a se utilizar deste modelo foi os Estado Unidos em 1787. Já o Brasil institui a forma 
Federativa de Estado em 1889 através de uma ação discricionária do Poder Central, 
mesmo com o passar do tempo e com as diversas constituições, inclusive na 
Constituição de 1988, a qual adotou o modelo de federação, o Estado Brasileiro 
continuou centralizando o poder nas mãos da União. O modelo federativo do Brasil, é 
um misto do modelo vigente tanto na Alemanha, quanto nos Estados Unidos, ou seja, 
foi uma junção entre dois sistemas distintos. A intenção desse estudo é analisar de 
que forma esse modelo foi adotado, podendo este ser qualificado em Federalismo 
Cooperativo Assimétrico. Para a realização deste estudo, utilizou-se como 
metodologia a pesquisa bibliográfica com a utilização de material específico em livros. 
Esta analise buscou demonstrar a necessidade de uma mudança, no sistema vigente, 
para que assim se possa ter na sua essência o aspecto federativo como mecanismo 
que prova a igualdade entre os entes federados. 
 
 
PALAVRAS-CHAVE: Federação, Federalismo, Politica, Constituição. 
 
 
 
THE POWER'S CENTRALIZATION CAUSED BY THE NOWADAYS FEDERALISM 
 
ABSTRACT: With this article, the result of an academic research, in sought to analyze 
clearly, the Brazilian federalism. The federation is an old constitution system, and the 
first country to use this model was the United States in 1787. However Brazil instituted 
the federative form of State through a discretionary action of the centralized power in 
1889, even as time went on, and several constitutions, including the 1988 Constitution, 
which adopted the federation template, the Brazilian State continued centralizing 
power in the Union. The Brazilian federative template is a mixture of the Germany’s 
present template and the United States, in other words, a combination between these 
two different systems. The intention of this study is analyze how the adopted template, 
allowing it to be qualified as Asymmetrical Cooperative Federalism. To accomplish this 
study, the method utilized for the bibliographic research was the use of specific book 
material. This analysis sought to demonstrate the need for a change in the current 
system, so that one can have in essence the federal aspect as a mechanism to test 
the equality of the federated entities. 
 
KEY WORDS: Federation, Federalism, Politic, Constitution.
1 
 
1 INTRODUÇÃO 
 
A Forma Federativa de constituição de Estados veio como uma forma de 
descentralização de poderes, que se fez necessário para uma melhor integração e 
desenvolvimento tanto do Estado como um todo, quanto de cada parte isolada em sua 
regionalidade. Desta forma existem uma série de regras, para que essa 
descentralização realmente ocorra, essas regras podem ser denominadas de 
Federalismo. 
Tem-se como Federalismo todo o corpo de regras, princípios e normas que 
são adotados visando assim a descentralização do Poder, deixando de tal forma a 
maioria dos poderes de organização interna para os Estados-Membros, para que 
estes possam realmente fazer valer sua regionalidade, buscando minimizar ou até 
erradicar problemas intrínsecos. 
Não é isso que ocorrer no Brasil, desde a primeira vez que foi atribuída a 
forma federativa, esta não tem sido realmente observada, seja pela falta de 
descentralização de poder, seja pela forma de como está federação foi constituída ou 
até pelo federalismo, que no caso representa as normas que descentralizar-se-ia o 
poder, porém mostra-se ineficaz. Dado o fato de que sempre no Brasil buscou-se um 
Poder Central forte e controlador. 
De tal feita, este pretende demonstrar as razões que causam essa 
centralização de Poder e, também, para vislumbrar a necessidade e possibilidade de 
que seja revisto e refeito nosso federalismo, alterando assim as regras, normas, 
princípios, ou seja, quebrando todos os paradigmas que têm sido adotados sempre 
que se ensejou a possibilidade de uma nova constituinte. 
Deixando claro também que em momento algum Federalismo não pode ser 
confundido com Federação, pois aquele é inerente ao modo de como se dará a 
descentralização do Poder, já este diz respeito a forma de constituição do Estado. 
Ficando então de fácil percepção que ambos são distintos. 
 
2 SOBRE FEDERAÇÃO 
 
É um sistema de constituição de Estados no qual vários Estados se unem por 
meio de desejos e objetivos comuns, onde cada um desses participes cede uma 
2 
 
parcela de sua soberania para um órgão central, responsável pela centralização e 
unificação. (LENZA, 2013). 
Este sistema tem como objetivo primordial a descentralização de poder, sendo 
assim, a União, ou seja, o Poder Central, fica apenas com as atribuições necessárias 
para que tais Entes, os Estados, não se separem, que o Poder Central seja tão 
somente um elo que faça a valer a união dos Estados que buscam a forma federativa 
em sua constituição, sem, contudo, perder sua regionalidade e autonomia. 
Sua origem remonta no ano de 1787, nos Estados Unidos, que previa que a 
federação seria uma forma de constituição de Estado em que o objetivo deveria prever 
a descentralização do Poder Político, repartição de competências, ou seja, pretende 
esta forma de constituição do Estado dar autonomia aos Entes federados, quais 
sejam, aqueles que unidos formam juntos a Federação. 
Tornou-se necessária tal descentralização pois as primeiras formas de 
organizacionais do Estado possuíam todo o poder na mão dos reis, despostas ou de 
determinada classe, o que sempre gerava conflitos internos e por consequência a 
destruição do Estado de dentro para fora. 
Pode-se caracterizar uma federação pelos seguintes pontos, conforme, 
anotou André Elali (2005) os ensinamentos de Raul Machado Horta: 
 
 
1) dualidade de ordens governamentais; 2) repartição constitucional de 
competências; 3) autonomia constitucional do Estado Membro; 4) 
organização peculiar do Poder Legislativo Federal de forma a haver 
participação dosEstados-Membros; 5) a existência de técnica especifica para 
a manutenção da “integridade territorial, política e constitucional do Estado 
Federal”. (ELALI, 2005, p. 23). 
 
 
Apenas observando superficialmente esses requisitos, o Brasil é um Estado 
Federado, que foi o modelo adotado para a constituição do Estado pelo Constituinte 
de 1987/88 para constituir a República Federativa do Brasil, como está expresso no 
artigo 1° da carta Magna, tanto quanto no parágrafo § 4° do artigo 60 quando diz que 
a forma federativa do Estado jamais poderá ser abolida. 
 
2.1 Sobre federalismo 
 
Federalismo é o conjunto de regras, normas e princípios que permitem a 
gerencia da Federação. Essas regas, normas e princípios dizem respeito de como se 
3 
 
dará a descentralização o poder, dando assim autonomia real aos Entes Federados 
de forma que estes possam se autogovernar. 
Como aduz, Carlos Eduardo Dieder Reverbel (2012), com grande cabimento 
no assunto: 
 
 
O federalismo primou pela descentralização política, fortaleceu a democracia, 
o pluralismo político e social. Estabeleceu um campo de relações mais amplo, 
respeitando a variedade regional e reforçando a política das minorias e das 
comunidades menores no exercício do poder [...]. (REVERBEL, 2012, p. 112). 
 
 
No caso do Brasil está definida na Constituição Federal como se dará a forma 
de descentralização, por auto-organização dos Estados membros, artigo 25 CF/88, 
capacidade tributária, artigo 151 CF/88, autogoverno, artigos 27, 28 e 125 CF/88, 
autoadministração e auto legislação, artigos 18 e 25 a 28 CF/88. “Internamente, os 
entes federativos são autônomos, nos limites de sua competência constitucionalmente 
definidas delimitadas e asseguradas”. (LENZA, 2013, p. 464). 
No Brasil foi instituído o Federalismo Cooperativo Assimétrico, como leciona 
Ricardo Victalino de Oliveira (2012): 
 
 
Fruto das necessidades erigidas com o advento da democracia social, o 
federalismo assimétrico busca reorientar a teoria do Estado Federal com 
vistas a reduzir as problemáticas do princípio da igualdade formal como 
diretriz na fixação de competências constitucionais e no desempenho da 
cooperação intergovernamental. [...] as assimetrias federativas se pautam, 
essencialmente, pelo abandono da noção de que as unidades político-
administrativas devem ser isonomicamente tratadas. (OLIVEIRA, 2012, p. 2-
3). 
 
 
Este modelo é pautado na social democracia e no estado de bem-estar social, 
o qual teve a sua origem na Europa, mais precisamente na Alemanha em sua 
constituição de Weimar, que possuía em sua natureza a visão de uma sociedade “que 
pela cooperação das partes independentes chega à complementação das partes 
insuficientes”. (REVERBEL, 2012, p. 116). 
 
3 CLASSIFICAÇÃO DO FEDERALISMO BRASILEIRO 
 
Kelsen em seu livro Teoria Geral do Direito e Do Estado, afirma que as 
classificações dos Estados variam do grau máximo de centralização ao máximo de 
4 
 
descentralização (KELSEN, 2000). Desta forma os Estados com o poder mais 
centralizado tendem a possuir caráter Unitário, ou seja, respondem apenas ao um 
comando. Já aqueles que tem caráter descentralizador, respondem a vários poderes 
ao mesmo tempo, quais sejam, União, Estado e Município, cada um desempenhando 
seu papel na federação. 
O mundo atual é repleto de sociedades diferentes, com pensamentos, 
necessidades, culturas, situação políticas e econômicas totalmente diferentes umas 
das outras, sendo assim é necessário que cada Estado Federado crie suas próprias 
normas, regras e princípios para assim conseguir atingir os objetivos almejados pela 
nação a qual pertence. Desta feita, “o federalismo criou tipificações próprias para 
acompanhar a evolução do processo formativo e organizacional dos Estado”. 
(REVERBEL, 2012, p. 17). 
O Constituinte de 1987/88 adotou para reger a República Federativa do Brasil, 
o federalismo cooperativo assimétrico (OLIVEIRA, 2012), que nada mais é do que 
uma tentativa de copiar o sistema cooperativo instituído na Alemanha, juntamente com 
a assimetria para o tratamento dos entes federados, contudo deixou uma pequena 
ressalva no tocante ao federalismo dual que é uma cópia do sistema Americano. 
Sendo aquelas “então as instituições clássicas e pragmáticas do federalismo 
que nos serviram de base tanto o federalismo alemão, quanto federalismo norte-
americano”. (REVERBEL, 2012, p. 15). 
Dá-se o cooperativismo pela forma pela qual a União e os Estados-Membros 
deverão interagir, para atingir os objetivos consoantes do artigo 3° da Carta Política, 
quais sejam, constituir uma sociedade livre justa e solidária, garantir o 
desenvolvimento nacional, erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as 
desigualdades sociais e regionais e, promover o bem de todo, sem preconceito de 
origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de descriminação, descritos 
nos incisos I a IV respectivamente. Como anota Ricardo Victalino de Oliveira (2012) 
acerca do cooperativismo: 
 
 
A cooperação, tal qual registra Enoch Alberti Rovira, pressupõe a 
compreensão de que o governo central e os governos periféricos não são 
estranhos entre si, devendo todos mover-se em campos de atuação 
separados e acordados, num constante trabalho conjunto para o alcance de 
interesses comuns, em especial para buscar soluções para problemas que 
demandam a soma de esforços. (OLIVEIRA, 2012, p. 51). 
 
5 
 
 
Já a assimetria fica no tocante a forma de tratamento dos Estados-Membros, 
ou seja, não importa se o Estado-Membro arrecada ou não o suficiente para sua 
manutenção, este terá os mesmo direitos e prerrogativas daqueles que assim possam 
fazer. A ordem imperante na assimetria consubstancia-se, como se percebe, na 
intenção de arquitetar-se um quadro jurídico de igualdade material entre os 
integrantes da Federação”. (OLIVEIRA, 2012, p. 34). 
O modelo adotado pelo Constituinte de 1987/88 pode ser considerado como 
cooperativo assimétrico. 
 
3.1 Aspectos problemáticos quanto ao modelo adotado 
 
Fato é que o Federalismo Cooperativo Assimétrico pode der sido uma escolha 
equivocada do Constituinte de 1987/88, pois esse sistema é pautado em maior 
centralização de poder, já que será necessário que a União faça valer a cooperação, 
para que assim as atribuições sejam exercidas de modo comum, estabelecendo à 
força uma aproximação dos entes federados, que deverão atuar em conjunto, 
deixando de lado toda a regionalidade existente no país. Malgrado o modelo adotado 
ainda tenha uma ressalva de federalismo dual. “Este modelo que pretendia ser um 
misto de federalismo cooperativo e federalismo dual, acabou na prática por engessar 
todos os mecanismos tanto de dualismo, quanto de cooperação”. (REVERBEL, 2012, 
p. 133). 
Com esse pensamento Paulo Bonavides (1996), com brilhantismo esclarece 
o que realmente acontece no Brasil: 
 
 
A Federação construída no Brasil é falsa, e já se deve buscar outro modelo 
federativo, pois o que ai se concretizou configura uma contradição profunda 
com as velhas aspirações descentralizadoras, propagadas pelo sentimento 
nacional, e que estão na alma de nosso povo, na memória de nossas origens, 
na remissão ao nosso passado e, sobretudo na lembrança dos 
acontecimentos que marcaram o século da Monarquia, sem cessarem com a 
Primeira República, vítima das intervenções federais nos Estados-Membros 
da União. (BONAVIDES, 1996, p. 339). 
 
 
Observa-se ainda, possíveis enganos, quanto ao modelo adotado, por ter sido 
colocado em prática sem as devidas observações, quais sejam, o tamanho territorial, 
6 
 
a situação política, econômica, cultura, dentre várias outras particularidades de cada 
nação. Particularidades elencadascom grande lucidez por Montesquieu (2004): 
 
 
Várias coisas governam os seres humanos: o clima, a religião, as leis, as 
máximas do governo, os exemplos das coisas pretéritas, os costumes, as 
maneiras, sendo que o resultado de tudo isso é o espirito geral formado. 
(MONTESQUIEU, 2004, p. 325). 
 
 
Observa-se então um grande problema no modelo atual, pois este modelo foi 
copiado de países com todos os aspectos supracitados diferentes daqueles existentes 
no Brasil, não obstante que no Brasil sempre existiram movimentos de secessão, 
enquanto na Alemanha sempre existiu um alto sentimento de união entre a nação, 
que se intensificou ainda mais após a segunda guerra mundial. Já na outra parte 
tocante ao que foi adotado do modelo Norte Americano que prevê maior autonomia 
aos Estados-Membro, nota-se um grande problema, como demonstra Paulo 
Bonavides (1996): 
 
 
Desde o berço, o Federalismo brasileiro trouxe o germe de sua destruição o 
pecado no unitarismo onde se gerou, porquanto criado mediante uma 
intervenção do Poder Central. Intervenção aliás, súbita, que vinha quebrantar 
uma estrutura unitária solidificada, bem ou mal, por mais de meio século de 
convivência centralizadora. A centralização apoiava-se, juridicamente, nas 
bases da Carta outorgada por D. Pedro I, em 1824. (BONAVIDES, 1996, p. 
362). 
 
 
Como apontado pelo mestre Bonavides, de nada adianta que existam essas 
ressalvas de autonomia porquanto a cultura do unitarismo prevalece na consciência 
política brasileira, tendo ainda como agravante, nas palavras de Carlos Eduardo 
Dieder Reverbel (2012): 
 
 
A federação no Brasil foi adotada por uma ordem do Poder Central (Decreto 
n° 1 de 15 de novembro de 1889) sem participação das províncias. Ora se a 
federação implica união, junção, como adotamos a federação por um ato 
discricionário do Poder Central? (REVERBEL, 2012, p. 20). 
 
 
Restando mais uma vez demonstrado que no Brasil a Federação não chegou 
realmente a alcançar a ideia federativa, sempre foi um Estado Unitário com forte 
característica perdulária. Pois para que os Estados-Membros ficassem unidos sempre 
7 
 
foram utilizados artifícios muitas vezes antidemocráticos e por várias vezes ditatoriais. 
Que podem ser demonstradas através de anos de história e até mesmo pela forma 
pela qual foi constituída a federação no Brasil em 1824, sendo esta adotada por 
simples medida discricionária pelo Príncipe. 
 
4 A CAUSA DA CENTRALIZAÇÃO DO PODER 
 
Como já foi mencionado, todas as atribuições dos entes federados estão 
ressalvadas na constituição, contudo malgrado estejam assim, por consequência do 
federalismo adotado, muitas dessas autonomias ficam mitigadas. 
 Tal fato é, que, um dos grandes problemas do federalismo adotado pelo 
Constituinte de 1987/88, é que na verdade a República Federativa do Brasil, não 
possui nada de federativa, pois a maior forma de descentralização do poder é feita 
quando se delega o maior número de atribuições possíveis para os Estados-Membros 
e não para a União. E sendo o Federalismo Norte Americano uma das maiores 
aspirações para o Federalismo Brasileiro, no caso brasileiro, percebe-se, nítida 
falácia, pois seguindo as definições dadas por Tocqueville (1973): 
 
 
Os deveres e direitos do governo federal eram simples e fáceis de definir, 
pois a União havia sido formada com o fim de responder a algumas grandes 
necessidades gerais. Os deveres e direitos dos Estados eram, ao contrário, 
múltiplos e complicados, já que esse governo penetrava em todos os detalhes 
da vida social. 
Definiram-se, portanto, com cuidado as atribuições do governo federal, e 
declarou-se que tudo que não estava contido na definição caía nas 
atribuições do governo dos Estados. Assim o governo dos Estados tornou-se 
o direito comum; o governo federal tornou-se a exceção. (TOCQUEVILLE, 
1973, p. 209). 
 
 
A competência legislativa dos Estados-Membros, são classificadas em: 1) 
expressa decorrente do artigo 25 CF, diz respeito a capacidade de auto-organização, 
observando, é claro, os princípios Constitucionais; 2) residual (ou reservada), tudo 
aquilo que não for vedado está reservado aos Estados-Membros, ou seja, aquilo que 
não for competência expressa de outros entes, como define assim o § 1° do artigo 25 
CF; 3) delegada pela União, está ressalvado no artigo 22 CF, que a União poderá por 
lei complementar delegar, ou seja, autorizar os Estados-Membros a legislar sobre 
questões específicas; 4) concorrente, está expressa no artigo 24 CF, deixando claro 
8 
 
que cabe a União legislar sobre as normas gerais e só então os Estados legislarão 
sobre as normas específicas; 5) suplementar, está contida no artigo 24 §§ 1° ao 4°, 
essa competência fica no âmbito da concorrência, podendo ser utilizada quando a 
União não tiver feito a norma geral, podendo ainda ser classificada quanto à doutrina 
em suplementar complementar, quando já existe lei federal a respeito e os Estados-
Membros apenas as complementam e, competência suplementar supletiva, quando a 
União ainda não legislou de forma geral ficando assim temporariamente cada Estado-
Membro competente para legislar sobre a matéria, contudo caso assim o façam e 
venha surgir lei federal posterior, tudo aquilo que for incompatível com esta lei ficará 
suspenso e; 6) competência tributária expressa, que possui respaldo no artigo 155 
CF. No tocante as competências não legislativas tem-se: 1) comum, prevista no artigo 
23 CF, que são competências relativas a todos os Entes federados e; residual (ou 
reservada), diz respeito a competências que não forem de nenhum outro membro da 
federação, ou seja, que não forem da União (artigo 21 CF), do Distrito Federal (artigo 
23 CF), dos Municípios (artigo 30, III a IX CF) e as comuns (artigo 23 CF). 
Já as competências legislativas da União, podem ser: 1) privativa, que 
encontra respaldo no artigo 22 CF, esse tipo de competência permite à União por meio 
de lei complementar delegar autonomia aos Estados-Membros para legislar sobre 
matérias especificas que estão contidas neste artigo; 2) concorrente, contida no artigo 
24 CF, fica aqui estabelecido que a União deve legislar de modo geral, ou seja, 
estabelecer as normas gerais deixando as especificas aos Entes membros, nesse 
caso se os Entes membros legislarem antes da União e essa vier a fazer lei posterior, 
tudo aquilo que for contrário a norma geral ficará suspenso; 3) competência tributária 
expressa, contida no artigo 153 CF; 4) competência tributária residual, com base no 
artigo 154, I, CF, esta competência diz respeito a tributos que não estejam previstos 
no artigo 153, contudo esses impostos não podem ser cumulativos e não podem 
possuir por base de cálculo os impostos já contidos na Constituição Federal e; 5) 
competência tributária extraordinária, ressalvada no artigo 154, II, CF, diz respeito a 
impostos extraordinários, que podem ou não estar compreendidos em sua 
competência tributária. Quanto a competência não legislativa temos: 1) exclusiva, 
decorrente do artigo 21 CF, as quais não podem ser delegadas e; comum, encontrada 
no artigo 23 CF, que são competências comuns a todos os Entes federados. 
Faz-se então necessária a observação feita por Paulo Bonavides (1996) sobre 
essas autonomias: 
9 
 
 
 
O amplo quadro que esboçamos patenteia que o federalismo brasileiro pôs o 
máximo de centralização vertical na competência da União e de centralização 
na horizontal nos poderes do presidente da República. Ali, verticalmente com 
sacrifício ostensivo dos Estados-Membros; aqui, horizontalmente, com 
holocausto do Legislativo, cujas prerrogativas e funções ficaram bastante 
abaladas e abatidas. 
Os Estados e seus governadores são, agora, meros fantasmasem questão 
de autonomia federativa. (BONAVIDES, 1996, p. 388). 
 
 
Fica assim de fácil compreensão que em momento algum o Constituinte de 
1987/88 quis realmente uma descentralização real de Poder, pois se o quisesse 
jamais teria outorgado tamanho Poder para a União, deixando os Estados apenas 
com competências residuais, e que por muitas vezes dependem de regulamentação 
prévia da União, esse é o caso da boa parte da legislação, onde os Estados têm que 
esperar a União legislar de forma geral para que só então, assim, os Estados, 
apliquem de forma especifica correndo o risco se o fizeram antes da União, ter esta 
lei efeito de nulidade e ficar suspensa. 
Não só ainda no tocante às competências legislativas, tem-se ainda as não 
legislativas, que demonstram que os Estados-Membros não possuem nenhuma 
competência exclusiva ou privada, o que retira praticamente toda sua autonomia. 
Neste mesmo sentido André Elali (2005), afirma com sabedoria sobre as autonomias 
dos entes federados: 
 
 
Em verdade as entidades que formam a federação não detêm uma autonomia 
plena; têm concretamente autonomias limitadas à vontade da constituição, 
que sobrepesou a constituição em relação aos entes, em evidente restrição 
dos poderes das entidades em comento. (ELALI, 2005, p. 60). 
 
 
De forma mais clara nota-se que quando observado o § 1° do artigo 25 da 
Constituição Federal, o que diz que os Estados-Membros possuem competência 
reservada, o que é classificado pela doutrina como competência residual, ou seja, o 
que não for de competência expressa dos outros entes e não houver vedação, caberá 
aos Estados-Membros materializar. (LENZA, 2013, p. 471). 
Outra causa muito importante de centralização de poder, é o poder econômico 
da União em face dos Estados, pois como expõe com clareza André Elali (2005): 
 
 
10 
 
Verifica-se de qualquer sorte que o Poder Central foi favorecido notavelmente 
pelo constituinte, a ele sendo inclusive outorgado o direito de tributar outros 
fatos de acordo com o que se denomina “competência residual”, em casos 
extremos/extraordinários, inclusive quanto ao próprio ICMS, tributo estadual 
e distrital. 
[...], no entanto, a União por possuir a competência relativa às contribuições 
vem instituindo diferentes tributos que, em verdade, não se caracterizam 
como contribuições, tudo para evitar a transferência de recursos aos Estados 
e Municípios. (ELALI, 2005, p. 47). 
 
 
Dessa forma coloca-se a União em um patamar como o único poder 
econômico no Brasil, transformando os Estados-Membros em meros pedintes de 
recursos, o que no final das contas acaba por gerar uma guerra fiscal e, ainda tendo 
como consequência, “um federalismo fiscal caótico, com uma busca irrestrita por 
receitas, mesmo pondo-se em risco os interesses nacionais”. (ELALI, 2005, p. 63). 
Conforme demonstrado, quase todo o poder, se não todo ele, fica restrito nas mãos 
da União. Em nossa constituição, as poucas competências que são atribuídas aos 
Estados-Membros, assim elucida Carlos Dieder Reverbel (2012): 
 
 
O texto constitucional de hoje parece corroborar com nossa tese. As 
competências do Estados podem ser contadas nos dedos de uma mão, como 
se diz em linguagem comum. O Título III, que trata da organização da forma 
do Estado (artis. 18 a 43) atribui praticamente todas as competências à União 
e aos Municípios, reservando, remanescendo, restando ao Estado apenas 
competências que não lhes sejam vedadas por esta Constituição. Retirando 
a competência expressa para instituir seus impostos (art. 155), e a exploração 
de gás canalizado (art. 24 § 2°) nada mais é de competência dos Estados. 
(REVERBEL, 2012, p. 132). 
 
 
 O que por si só descaracteriza todo o sentimento Federalista e regional que 
tanto foi buscado no Brasil desde os primórdios de seu descobrimento. Pois em nossa 
Constituição os entes federados possuem apenas uma autonomia formal que a cada 
dia fica menor, dado ao crescimento do poder da União, de tal feita, que, quanto mais 
Poder Central existir numa forma de Estado qualquer, mais unitária ela será. 
(REVERBEL, 2012). 
Restado, então, novamente comprovado que a finalidade do Constituinte de 
1987/88 não teve por objetivo primordial a descentralização do poder. 
 
4.1 Não Observância do Princípio da Subsidiariedade 
 
11 
 
Esse princípio, o da Subsidiariedade, possui importância sem precedentes em 
um federalismo, para que assim seja realmente constituída uma federação. Diz 
respeito a forma de como será descentralizado o poder, saindo de uma microesfera 
para uma macroesfera, ou seja, do indivíduo até chegar a União. 
Para melhor entendimento, Carlos Eduardo Dieder Reverbel (2012) conceitua: 
 
 
Pelo princípio da Subsidiariedade, tudo o que possa ser feito, e bem pela 
organização inferior não pode ser subtraído pela organização superior. 
Haveria uma hierarquia que poderíamos denominar de baixo para cima, e não 
de cima para baixo. Neste sentido, o primeiro e principal dever de respeitar e 
desenvolver o bem comum dever ser da pessoa, depois da família, depois da 
comunidade, depois do Município, depois do Estado, depois da União e por 
último, quem sabe, dos Estados estrangeiros ou das organizações 
internacionais. (REVERBEL, 2012, p. 39). 
 
 
Tem-se então notório que o Estado não pode jamais ser um fim para si 
mesmo, mas que seja um meio de atingir a necessidade de cada pessoa que nele 
resida. No Brasil, o Estado está acima de toda e qualquer necessidade dos indivíduos, 
muitas vezes ele mesmo é o causador do problema que tenta resolver. 
Deixando assim uma total inobservância a esse princípio, o que demonstra 
mais uma vez é que além de uma grande problemática ao federalismo adotado, o 
Brasil não conseguiu e não consegue vivenciar o modelo pleno e puro de federação. 
Um exemplo prático disso é a legislação vigente, que com perfeição assevera 
Tocqueville (1973): 
 
 
Nas grandes nações, o legislador é obrigado a dar às leis caráter uniforme, 
que não comporta a diversidade de lugares e dos costumes; não estando a 
par dos casos particulares, não pode proceder se não através de regras 
gerais; os homens são então obrigados a inclinar-se diante das exigências da 
legislação, pois esta não pode acomodar-se as necessidades e costumes dos 
homens, o que se torna causa importante de distúrbios e misérias. 
(TOCQUEVILLE, 1973, p. 215-216). 
 
 
Esta e uma relevante demonstração de como o princípio da subsidiariedade 
é deixado de lado em grandes nações. Contudo esse problema pode ser minimizado, 
e até, se possível, erradicado, quando se é respeitado a descentralização de poder, 
deixando assim maior autonomia legislativa para cada Ente membro da federação, 
pois apenas cada Ente sabe e entende suas peculiaridades locais, podendo assim, 
com muito mais eficácia remediar problemas intrarregionais. 
12 
 
 
5 O POSSÍVEL DESPOTISMO ESTATAL 
 
Nota-se que os maiores geradores desse despotismo, quais sejam, o poder 
de legislar, a capacidade extraordinária de tributar, o poder político e, a centralização 
economia. 
Notória é a questão de que todo esse poder cria um Estado Despótico, que a 
seu bel prazer faz, controla a tudo e a todos, tornando-se obrigatoriamente uma 
necessidade e um fim em si mesmo. O que por consequência, como já mencionado, 
acaba por criar um Estado Despótico, como bem colocado por Carlos Eduardo Dieder 
Reverbel (2012): 
 
 
De difícil administração, os grandes Estados caem facilmente no despotismo. 
Por consequências das distâncias dos reinos, as leis padecem de descrédito 
ineficiência, tanto pelo sentimento equivocado dos problemas distantes, 
quanto pela arbitrariedade de tratamento semelhante a problemas diferentes. 
(REVERBEL,2012, p. 74). 
 
 
Essa é a grande problemática de um Estado tão grande quanto o Brasil, com 
Poder tão centralizado, o que por si só acaba trazendo muitas consequências, 
principalmente no tocante a generalização de problemas, deixando de lado quaisquer 
problemas que tem sua a origem em uma questão regional, ou seja, que seja inerente 
apenas aquele Ente federado. 
Outra boa demonstração do que ocorre em um Estado despótico nos traz 
Montesquieu (2004) com o seguinte ensinamento: 
 
 
Nos Estados despóticos, a natureza do governo exige uma obediência 
extrema, e a vontade do príncipe, uma vez conhecida, deve exercer tão 
infalivelmente seu efeito quanto uma bola lançada contra outra deve exercer 
o seu. (MONTESQUIEU, 2004, p. 68). 
 
 
Ora, se isso não for exatamente a situação dos entes federados em relação 
com a União, no mínimo, está bem próximo. Primeiramente porque a União detém o 
maior poder político, legislativo e econômico, podendo assim tornar ineficazes leis que 
foram promulgadas anteriormente à lei geral, não importando se é benéfica ou não 
para aquele Estado-Membro. Em segundo lugar, possui praticamente controle sobre 
13 
 
todo poder econômico, criando tributos que não incidem em forma de contribuição 
para que os Estados-Membros não tenham participação na receita arrecada, 
deixando-os assim à mingua de recursos econômicos, e quando ainda, em casos 
excepcionais a União poderá legislar sobre o imposto de circulação de mercadorias e 
serviços (ICMS), piorando ainda mais a situação desses Entes. E em terceiro e último 
lugar, não menos importante é o poder político que a União possui sobre os Entes 
federados, que na verdade com o passar do tempo, estes Estados-Membros nada 
mais tornaram-se do que meros cabos eleitorais em campanhas presidenciais. 
Podendo ainda ser elencado na questão da centralização do Poder 
econômico, como bem conceitua André Elali (2005): 
 
 
[...], vê se a crescente possibilidade de haver uma constante substituição de 
imposto da União pode contribuições, que não estão sujeitas a qualquer 
repartição, criando-se ainda tributos que venham a incidir sobre as 
materialidades dos impostos dos Estados e dos Municípios. 
Dessa forma, pode se afirmar que há certo desequilíbrio do poder tributante 
da União em relação ao Estados e Municípios, passando a ter aquela, a cada 
dia, maiores poderes para determinar os rumos da Federação. Tal realidade 
repercute nos problemas de ordem financeira dos outros entes federativos, 
que ficam cada vez mais dependentes da União, dos recursos federais e das 
transferências intergovernamentais. (ELALI, 2005, p. 48). 
 
 
Ficando assim muito claro que a União cria o próprio problema para depois se 
tentar uma solução, o que acaba gerando uma necessidade demasiadamente grande 
por parte dos Estados-Membros, esses ficando à mercê de verbas federais para que 
possam gerir seus próprios encargos. 
Percebe-se ainda, na questão abuso de poder na competência legislativa no 
âmbito da concorrência que está elencada no artigo 24, da carta Magna, como bem 
demonstra Carlos Dieder Reverbel (2012): 
 
 
Ademais no âmbito da legislação concorrente (artigo 24 e seus parágrafos) a 
União não fica restrita apenas ao estabelecimento de normas gerias. Bem 
pelo contrário, tal mecanismo federativo vem sendo utilizado mais no sentido 
de ampliar a competência da União do que estabelecer normas gerais para 
posterior aplicação de normas especiais dos Estados. Estes mecanismos que 
deveriam ser cooperativos não passam por um controle por parte da União 
das políticas sociais, duplicando a máquina administrativa do Estado. 
(REVERBEL, 2012, p. 132). 
 
 
14 
 
Já na questão do poder político, tem-se usado os Entes-Federados apenas e 
tão somente com a finalidade de obter êxito nas eleições presidências, explicitando 
ainda mais a concentração de Poder. Utiliza-se então a União de seus poderes 
econômicos e legislativos para obter vantagens políticas afim de conseguir aumentar 
sua popularidade em determinadas regiões. Em consonância assevera Carlos Dieder 
Reverbel (2012): 
 
 
A federação vem sendo utilizada como uma espécie de poder político 
eleitoral. As campanhas presidenciais derivam, em maior parte, do sucesso 
dos governos Estaduais dos Estados mais expressivos da federação. Uma 
verdadeira sustentação política eleitoral clientelista no plano estadual, 
definindo os nomes e as prévias das eleições à Presidência da República. 
(REVERBEL, 2012, p. 132-133). 
 
 
Dessa forma, fica mais do que evidente que o Brasil hoje, nada mais é do que 
um Estado Unitário Despótico, já que a União concentra praticamente todas as 
prerrogativas legislativas, tributárias e políticas, e as molda, utiliza como bem entende, 
deixando de lado interesses nacionais e regionais, tudo para não perder o controle do 
Poder. 
 
6 NECESSIDADE DE MUDANÇA DO FEDERALISMO 
 
Como já demonstrado, malgrado na constituição estejam ressalvados 
algumas prerrogativas, direitos e autonomias para os Entes federados, nada disso 
ocorre na verdade, sendo assim, é mais do que necessário que haja uma mudança 
no federalismo brasileiro, para que assim todos aqueles objetivos elencados no artigo 
3° da carta Magna consigam ser atingidos. Com esse pensamento no ensina Paulo 
Bonavides (1996): 
 
 
O Recurso a um eventual federalismo das Regiões afigurasse-nos dos meios 
mais indiciados com que ultrapassar a presente crise da Federação 
Brasileira, constituindo uma ideia a um tempo realista e inovadora. Realista 
porquanto não deriva de uma teorização puramente abstrata, sem vínculo 
com os fatos e a realidade, ou seja, um mero devaneio de juristas e 
legisladores ociosos, senão que é resultante de uma agregação espontânea 
de interesses, correspondentes a necessidade já identificadas com toda a 
clareza. Inovadora também, pois, furtando-se ao dualismo União-Estado, cria 
para a Federação um novo pluralismo de bases que consagram a Região, 
com o reconhecimento de seu importantíssimo papel na ordem federativa. 
(BONAVIDES, 1996, p. 423-424). 
15 
 
 
 
A maior necessidade dessa mudança, à de atender aos anseios de toda uma 
nação, que sempre buscou sua regionalidade, muitas vezes, por movimentos 
separatistas que levaram até a guerras internas. 
Rousseau (2013) em seu livro O Contrato Social ensina que quando um o 
pacto não mais funciona este é declarado nulo, retornando assim os sujeitos ao estado 
inicial, como se pode observar: 
 
 
As cláusulas desse contrato são de tal forma determinadas pela natureza do 
ato que a menor modificação as tornaria vãs e de nenhum efeito, de sorte 
que, mesmo sendo enunciadas de maneira formal, são em todas as partes 
as mesmas, de modo que sendo o pacto social violado, cada um retornaria 
aos seus primeiros direitos e retomaria sua liberdade natural, perdendo a 
liberdade convencional pela qual renunciaria a favor daquela. (ROUSSEAU, 
2013, p. 21-22). 
 
 
Essa é o grande problema, que se apresenta em todas as Constituições 
Brasileiras, quais sejam, nos períodos de, 1824, 1891, 1934, 1937, 1946, 1967 e 1988, 
todas possuíam grande centralização de poder, demonstrando assim, o porquê de em 
tão curto espaço de tempo o Brasil possuir tantos constituintes. Pois simples é o 
motivo, o contrato já nasce eivado de vícios, não observando a verdadeira vontade da 
nação constituinte, que desde os primórdios de sua criação busca desesperadamente 
por uma forma descentralizada de poder. 
É de conhecimento, ainda, que as sociedades sofrem constantes mudanças, 
apesar de cada uma possuir estandartes particulares e praticamente imutáveis, 
existem vários outros preceitos e princípios sociais que se alteram com o passar do 
tempo, tornando assimmais do que necessária uma mudança no federalismo, ainda 
mais em uma sociedade tão mista, grande, com várias culturas, religiões, 
pensamentos diferentes, e tudo isso em um mesmo território. Fica evidente, que esse 
sistema deve ser constantemente atualizado. “Assim, deve se manter o sistema 
federalista vinculado às mudanças sociais alterando-se sempre que necessário para 
não deixar o modelo adotado à margem das necessidades da sociedade”. (ELALI, 
2005, p. 23). 
Na atual realidade do país não é o que ocorre, o que se percebe é um 
federalismo anacrônico, que não pode mais ser utilizado, e como já mencionado pelo 
grande Mestre Bonavides, a federação atual é falsa. 
16 
 
Percebe-se ainda que a organização política não pode ficar petrificada em sua 
forma tradicional, aquela moldada nos textos legais responsáveis pelo seu 
surgimento. (OLIVEIRA, 2012, p. 19). 
Dessa forma, tem-se vários motivos primordiais para a alteração do 
federalismo atual, para que assim possamos realmente atingir a realidade de ser uma 
Federação. 
 
7 POSSIBILIDADE DE MUDANÇA DO FEDERALISMO 
 
Como já foi demonstrado anteriormente Federação e Federalismo, apesar de 
ambos serem entrelaçados entre si, são contextos totalmente diferentes, não podendo 
um ser confundido com o outro. Federação, é o modo de constituição do Estado, que 
visa uma descentralização de Poder, fazendo assim com que todos os Entes 
federados possuam autonomia para poder se autogovernar. 
Federalismo, é todo o corpo de regras, normas e princípios que irão fazer valer 
essa descentralização, ou seja, é o federalismo que irá garantir que a Federação 
realmente seja uma Federação. 
Deixando claro, assim, que não existirá uma Federação sem que haja um 
Federalismo bem estruturado e que consiga fazer valer a descentralização desse 
Poder. Contudo a maior preocupação que se tem acerca da mudança do Federalismo 
é no tocante a quebra de normas constitucionais, quais sejam a contida no artigo 1° 
da constituição que versa sobre a forma Federativa de constituição do Estado, tanto 
quanto no § 4º do artigo 60, onde está expresso que a forma federativa não poderá 
ser abolida. 
Quanto ao artigo 1° da Constituição Federal, não será alterada a forma de 
constituição do Estado, está poderia permanecer como Federação, aliás, o presente 
estudo busca que essa Federação não seja apenas um nome em um papel, mas sim 
uma verdadeira Federação, onde os Entes-Federativos pudessem ter uma real 
autonomia de forma aplicada e consolidada. 
Já no tocante ao § 4° do artigo 60, que diz que a forma Federativa não poderá 
ser abolida, com toda certeza, essa não é a intenção, pelo contrário, como já 
demonstrado, procura-se fazer valer realmente a República Federativa do Brasil como 
um Fato. Pois nada será alterado na forma Federativa, o que poderá e deverá mudar 
17 
 
são as normas, princípios e regras vigentes. “A mudança da divisão de competências 
não afeta o pacto federativo, eis que não se trata de clausula pétrea. Clausula pétrea 
é manter a estrutura federalista, que seria apenas adaptada as circunstancias atuais”. 
(ELALI, 2005, p. 94). 
Não deixando nenhuma dúvida então acerca da possibilidade de mudança, já 
que em nada altera a fora de constituição do Estado ou então que possa de alguma 
forma aboli-la. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
18 
 
8 CONCLUSÃO 
 
Ao final desse estudo conclui-se que a República Federativa do Brasil, sempre 
possuiu desde a sua primeira constituição, qual seja, a de 1824, viés unitário, ou seja, 
centralização de Poder, demonstração disso foi o modo discricionário pelo qual foi 
instituída a Federação, deixando de lado todo um movimento regionalista que gerou 
guerras de secessão pelo país em vários momentos da história. 
Podendo, então, muito melhor qualificá-lo em um Estado Unitário, dada a 
pouca descentralização de Poder demonstrada e descrita na Constituição Federal. 
Esta que ressalva praticamente todo o Poder em mãos da União, deixando os 
Estados-Membros carentes de recursos e com dependência legislativa e, claro, sem 
praticamente nenhum poder político, servindo apenas como uma ponte para os 
movimentos eleitorais. 
Observando então os preceitos de que Federalismo e Federação não se 
confundem e, que uma alteração no Federalismo jamais irá alterar ou abolir a forma 
federativa do Estado. Sendo desta forma, perfeitamente possível e necessária que 
seja feita essa reforma, para que assim sejam atingidos todos os objetivos constantes 
do artigo 3° da Carta Magna. 
Percebe-se aqui, que existe uma grande necessidade de alteração do 
Federalismo atual para que se possa realmente haver uma descentralização de 
Poder, ressalvando assim maior autonomia aos Entes federados. 
Assim após essa reforma, com grande certeza que de fato o Brasil se tornará 
Federação, resguardando autonomias aos Estados-Membros, possibilitando assim 
que a própria regionalidade de fim as desigualdades regionais e também, aquelas 
intrínsecas de cada região, que malgrado a União apesar de tentar remediar, vez por 
outra adota medidas errôneas que tão somente atrapalham, o que deixa transparecer 
ainda mais o tamanho do Poder que está possui. Não deixando dúvidas quanto ao 
Despotismo. 
 
 
 
 
 
 
19 
 
9 REFERÊNCIAS 
 
 
ARISTÓTELES. Ética a Nicômaco. Coleção “Os Pensadores”. v. vi. São Paulo: Abril 
Cultural, 1973. 
 
 
BONAVIDES, P. A constituição aberta. 2. ed. São Paulo: Malheiros Editores, 1996. 
 
 
BRASIL. Constituição (1998). Constituição da República Federativa do Brasil. 
Brasília, DF: Senado, 1988. 
 
 
ELALI, A. O federalismo fiscal brasileiro e o sistema tributário nacional. 1. ed. 
São Paulo: MP Editora, 2005. 
 
 
KELSEN, H. Teoria geral do direito e do estado. 3. ed. São Paulo: Martins Fontes, 
2000. 
 
 
LENZA, P. Direito constitucional esquematizado. 17. ed. São Paulo: Saraiva, 2013. 
 
 
MONTESQUIEU, C. L. S. Do espirito das leis. 1. ed. São Paulo: Edipro, 2004. 
 
 
OLIVEIRA, R. Federalismo assimétrico brasileiro. 1. ed. Belo Horizonte: Arrares 
Editores, 2012. 
 
 
REVERBEL, C. E. D. O federalismo atual numa visão tridimensional de direito. 1. 
ed. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2012. 
 
 
ROUSSEAU, J. O contrato social. 1. ed. São Paulo: Edipro, 2013.

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