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controle da constitucionalidade das normas jur dicas no direito brasileiro

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Controle da Constitucionalidade das Normas 
Jurídicas no Direito Brasileiro 
 
FINALIDADE 
A existência de um sistema de controle da constitucionalidade das normas jurídicas somente 
se justifica em ordenamentos marcados pela presença de uma Constituição rígida, que é 
aquela que somente admite a alteração de seu texto através de procedimento especial, mais 
solene e dificultoso do que aquele empregado na elaboração das leis ordinárias. Em 
consequência, a Constituição rígida ocupa o topo da hierarquia normativa do ordenamento, não 
se podendo admitir como válidas as normas que venham a contrariá-la. Sendo assim, por se 
tratar de normas inconstitucionais o sistema de controle funciona no sentido de subtrair-lhes a 
aplicabilidade, garantindo a supremacia formal da Constituição. 
 
ESPÉCIES DE INCONSTITUCIONALIDADE 
POR AÇÃO: É aquela decorrente de uma atuação positiva do poder público ou de um 
particular, contrária a uma regra ou a um principio constitucional, ainda que implícito. 
POR OMISSÃO: É aquela decorrente de uma inação, de uma não fazer do Poder Público, 
diante de um mandamento positivo. É de se notar que tal inconstitucionalidade somente se 
produzirá quando esgotado o prazo considerado razoável1 para que o poder público pudesse 
se desincumbir daquela obrigação positiva imposta pela Constituição. 
 
FORMAL: É aquela que provém da inobservância de regras de processo legislativo previstas 
na Constituição, seja quanto à iniciativa, que se denomina inconstitucionalidade formal 
orgânica, seja quanto ao procedimento, denominada inconstitucionalidade formal propriamente 
dita. 
 
MATERIAL: É aquela que decorre de contradição entre o conteúdo de um ato e uma regra ou 
um principio constitucional. Notemos que tal inconstitucionalidade não decorre da forma de 
elaboração, e sim da essência do ato. 
 
MOMENTOS DA REALIZAÇÃO DO CONTROLE 
 
PREVENTIVO: É aquele que incide sobre um ato ainda em processo de elaboração. No Brasil, 
em regra, tal controle realizado pelo Poder Legislativo, através das CCJ’s, e pelo Poder 
Executivo, através do veto jurídico. A jurisprudência do STF tem admitido, em caráter 
excepcional, a realização do controle preventivo pelo Poder Judiciário, como veremos adiante. 
 
REPRESSIVO: É aquele que incide sobre atos normativos ou legislativos aperfeiçoados, ou 
seja, que supriram todos os requisitos formais vinculados ao seu processo de elaboração. No 
Brasil, em regra, tal controle deve ser realizado pelo Poder Judiciário, entretanto, 
excepcionalmente poderá também ser realizado pelo Poder Legislativo e pelo Poder 
Executivo. 
 
CASOS DE CONTROLE REPRESSIVO REALIZADO PELO PODER LEGISLATIVO 
 
1. Aplicabilidade do art. 49, V, CRFB 
 
a) EXORBITÃNCIA DO PODER REGULAMENTAR 
O art 84, IV, CRFB, confere ao Presidente da Republica a competência para regulamentar leis 
federais, através da espécie normativa denominada decreto regulamentar. A finalidade de tal 
decreto é conferir fiel execução à lei, estando, portanto a ela subordinado. Em consequência, 
na hipótese do decreto regulamentar (ato normativo secundário), violar a lei (ato normativo 
primário), estará caracterizada a usurpação da competência legislativa do Congresso 
Nacional. Sendo assim, ao inovar a ordem jurídica através de ato normativo secundário o 
Presidente da República acabou por violar o princípio da legalidade e o principio da 
independência e harmonia entre os poderes. 
 
Em consequência, o art 49, V, CRFB, autoriza o Congresso Nacional a editar um decreto 
legislativo para sustar a eficácia daquele decreto regulamentar editado pelo chefe do Poder 
Executivo, caracterizando um controle de constitucionalidade de natureza repressiva, pois 
incide sobre um ato aperfeiçoado. 
b) EXORBITÂNCIA DOS LIMITES DA DELEGAÇÃO LEGISLATIVA 
 
O art. 68, CRFB prevê a possibilidade do Presidente da República elaborar lei delegada, 
mediante autorização do Congresso Nacional. Tal autorização deverá ser concebida através de 
uma RESOLUÇÃO do Congresso Nacional, que estabelecerá os limites materiais da delegação 
e a eventual necessidade de que o projeto de lei delegada venha a ser apreciada pelo Poder 
Legislativo. 
 
Caso o Presidente da República viole os limites da delegação, não tendo o Congresso 
Nacional observado a reserva de apreciação do projeto de lei delegada (art. 68 § 2º), ainda 
caberá ao Poder Legislativo a edição de um decreto legislativo para sustar os efeitos da lei 
delegada. Sob tal aspecto, ao violar a reserva de não delegação, o Presidente da República 
violou o princípio da independência e harmonia entre os poderes, ensejando a aplicação do art. 
49, V, CRFB, que autoriza o Congresso Nacional a editar um decreto legislativo para sustar a 
eficácia da lei delegada, novamente caracterizando a realização de um controle de 
constitucionalidade de natureza repressiva. 
 
 
 
2. Aplicabilidade do art. 62, CRFB 
 
Após a edição de uma Medida Provisória pelo Presidente da República, tem inicio no 
Congresso Nacional a tramitação de um projeto de conversão, que deve passar por votação 
sucessiva na Câmara dos Deputados e no Senado Federal. Ocorre que qualquer das Casas 
Legislativas pode rejeitar tal projeto sob o fundamento de inconstitucionalidade, sobretudo 
diante do permissivo contido no art. 62, § 5º, CRFB, ou seja, diante do desatendimento aos 
pressupostos de relevância e de urgência da disciplina jurídica acerca da matéria veiculada. 
 
Portanto, não resta dúvida quanto à existência de controle de constitucionalidade pelo 
Congresso Nacional, entretanto, não há unanimidade quanto à sua natureza preventiva ou 
repressiva. Nos filiamos à corrente liderada por Alexandre de Moraes, ao sustentar que rejeitar 
o projeto de conversão importa em rejeitar a própria medida provisória, que perde eficácia 
imediata e retroativamente, o que caracterizaria verdadeiro controle repressivo realizado pelo 
Poder Legislativo. 
CONTROLE REPRESSIVO REALIZADO PELO PODER EXECUTIVO 
 
Em razão do princípio da supremacia da Constituição, o STF tem chancelado a tese de que os 
chefes do poder executivo podem determinar à administração o descumprimento de uma lei 
reputada inconstitucional, ainda que não tenha se insurgido contra ela no âmbito do Poder 
Judiciário. Tal entendimento parece razoável, sobretudo quando se tem como pressuposto que 
a presunção da constitucionalidade das normas jurídicas é relativa. 
Portanto, caso o chefe de Poder Executivo determine o descumprimento de uma norma 
jurídica, sob o fundamento de sua inconstitucionalidade, ainda que possa vir a ter que cumpri-la 
retroativamente, caso venha a ser declarada inconstitucional, terá atuado em defesa da 
supremacia da Constituição, comportamento inerente ao poder constituído. 
 
 
CRITÉRIOS JURISDICIONAIS DO CONTROLE DA CONSTITUCIONALIDADE DAS NORMAS JURIDICAS 
 
1. QUANTO AOS ORGÃOS JUDICIAIS QUE REALIZAM O CONTROLE 
 
CONTROLE DIFUSO: É aquele realizado por todos os órgãos do Poder Judiciário, desde o 
primeiro grau de jurisdição até o tribunal de cúpula na estrutura judiciária de um Estado. 
Encontramos sua origem no direito norte americano, em decisão proferida pela Suprema Corte 
daquele país no caso MARBURY v. MADISON (1803). 
 
CONTROLE CONCENTRADO: É aquele que somente pode ser realizado por um órgão do 
Poder Judiciário, seu órgão de cúpula, como os Tribunais Constitucionais europeus. 
Encontramos sua origem na Constituição Austríaca de 1929, elaborada sob influência de Hans 
Kelsen. 
 
2. QUANTO À FORMA OU MODO DE CONTROLE JUDICIAL 
 
CONTROLE INCIDENTAL (CONCRETO, PELA VIA DE DEFESA ou PELA VIA DE EXCEÇÃO): 
É aquele realizado pelo PoderJudiciário no curso de um processo, tendo-se a questão do 
controle como prejudicial ao mérito, como causa de pedir, como incidente processual, e não 
como questão principal, como objeto do pedido. Sendo assim, se no curso de um processo 
judicial qualquer das partes suscitar a inconstitucionalidade como fundamento do pedido 
formulado, ou mesmo o juiz, de ofício, vier a fazê-lo, a norma em questão terá sua aplicação 
negada somente às partes do processo, daí, podermos dizer que o efeito de tal decisão é inter 
partes. 
 
ASPECTOS RELEVANTES SOBRE O CONTROLE INCIDENTAL 
 
No controle incidental é possível tomarmos como parâmetro uma norma constitucional já 
revogada ou de uma Constituição pretérita, mesmo após sua revogação. Em resumo, torna-se 
possível analisar hoje, por exemplo, se uma lei federal de 1987 é material e formalmente 
compatível com a Constituição vigente à época de sua promulgação, revelando a realização 
de controle de constitucionalidade em face de Constituição revogada; por outro lado, também 
podemos verificar se a referida norma jurídica de 1987 é materialmente compatível com a 
Constituição Federal de 1988, evidenciando um mero juízo de recepção. 
 
Ademais, também não é defeso aos órgãos do Poder Judiciário brasileiro realizar controle de 
constitucionalidade em face de uma norma da atual Constituição, mesmo que já revogada por 
Emenda Constitucional, a exemplo do que ocorreria caso uma lei federal de 1995 fosse 
questionada perante a redação originária de um dispositivo da Constituição Federal de 1988, 
que fora objeto de Emenda Constitucional superveniente. 
 
1) APLICABILIDADE DO ART. 52 X, CRFB 
 
O enunciado normativo em questão surgiu no contexto constitucional brasileiro por ocasião da 
promulgação da Constituição Federal de 1934, quando ainda não havia sido implantado um 
sistema de controle principal operado pelo Supremo Tribunal Federal. Portanto, em razão da 
inexistência de eficácia erga omnes, como ocorria à época, após uma decisão de controle 
incidental proferida pela Corte Suprema, no sentido de deixar de aplicar uma norma às partes 
de um processo, sob o fundamento de sua inconstitucionalidade, o Senado Federal deveria ser 
comunicado a fim de que, se assim quisesse, operasse a suspensão da execução da referida 
norma. 
 
Contudo, em diversos julgados, o Supremo Tribunal Federal tem demonstrado uma tendência à 
ocupação de espaços políticos, antes reservados aos órgãos executivos e legislativos, 
enunciando um fenômeno frequentemente denominado “ativismo judicial”. 
 
Nesse contexto, a questão acerca do papel do Senado Federal no sistema brasileiro de 
controle de constitucionalidade é paradigmática. No julgamento da Reclamação 4335-5/AC, por 
maioria de votos, os Ministros do Supremo Tribunal Federal acordaram no sentido de equiparar 
os efeitos das decisões proferidas em sede de controle difuso àquelas decorrentes do exercício 
do controle concentrado, enunciando o fenômeno da “abstrativização” do controle difuso de 
constitucionalidade. Os ministros apontaram ser legítimo entender que, atualmente, a fórmula 
relativa à suspensão de execução da lei pelo Senado haveria de ter simples efeito de 
publicidade, ou seja, se o STF, em sede de controle incidental, declarasse, definitivamente, que 
a lei é inconstitucional, essa decisão teria efeitos gerais, fazendo-se a comunicação àquela 
Casa legislativa para que publicasse a decisão no Diário do Congresso. 
 
Em consequência, o Tribunal consolidou entendimento no sentido de que a aplicação do artigo 
52, X, da Constituição Federal, caiu em desuso, por entender dispensável a atuação do 
Senado Federal para emprestar eficácia erga omnes às decisões proferidas em sede de 
controle incidental. 
 
2) APLICABILIDADE DO ART. 97. CRFB 
 
Tal dispositivo constitucional, denominado CLÁUSULA DE RESERVA DE PLENÁRIO, tem a 
finalidade de impedir que os órgãos fracionários dos Tribunais possam declarar a 
inconstitucionalidade de uma norma sem pronunciamento anterior do órgão majoritário do 
tribunal (plenário ou órgão especial). 
 
Como vimos anteriormente, tal exigência se justifica em razão do principio da presunção da 
constitucionalidade das normas jurídicas, logo, nada impede que um órgão fracionário declare 
a constitucionalidade de uma norma jurídica sem que tenha ocorrido pronunciamento diverso 
do órgão majoritário. 
 
Além disso, convém ressaltar que o STF vem manifestando entendimento no sentido de que os 
órgãos fracionários dos Tribunais também podem aplicar diretamente suas decisões proferidas 
em questões idênticas analisadas em sede de controle incidental, mesmo quando conflitante 
com a posição do Tribunal do qual faz parte o referido órgão fracionário, o que motivou a 
elaboração da lei federal no. 9.756/98, que introduziu parágrafo único ao art 481 do CPC, ou 
seja, o legislador optou por positivar a jurisprudência do STF. 
 
 
 
3) CONTROLE INCIDENTAL DURANTE O PROCESSO LEGISLATIVO 
 
O STF tem admitido a realização do controle de constitucionalidade pela via incidental, durante 
o processo legislativo, o que pode ocorrer de duas formas: 
 
1- quando for apresentada ao congresso nacional uma proposta de emenda à CRFB que 
viole cláusula pétrea. O STF entende que qualquer parlamentar da casa legislativa em 
que estiver tramitando a matéria tem legitimidade para impetrar Mandado de Segurança 
visando trancar o processo legislativo. Tal entendimento decorre do fato de que os 
parlamentares têm direito liquido e certo ao devido processo legislativo constitucional. 
Além disso, a própria CRFB reforça este entendimento, ao disciplinar em seu art. 60 §4º, 
que propostas de emenda à CRFB que violem cláusula pétrea sequer podem ser objeto 
de deliberação. Podemos concluir, portanto, que nesta hipótese, em caráter 
excepcional, o STF se admite realizar controle preventivo de constitucionalidade, pois 
o controle incide sobre um ato não aperfeiçoado, que é a proposta de emenda à 
Constituição (PEC). 
 
2- O STF também admite a impetração de Mandado de Segurança por parlamentares que 
tomam parte no processo legislativo quando qualquer das casas do Congresso Nacional 
violar regra de procedimento legislativo prevista na CRFB. Devemos salientar que o 
controle jurisdicional não incide sobre a proposta legislativa em tramitação, e sim sobre o 
ato da Casa que a ela conferiu andamento indevido, violando a Constituição. Portanto, 
temos um controle repressivo de constitucionalidade, pois incide sobre ato 
aperfeiçoado, que é o ato do Congresso Nacional que violou regra constitucional relativa 
ao processo legislativo. 
 
 
CONTROLE PRINCIPAL (ABSTRATO OU PELA VIA DE AÇÃO): É aquele realizado como 
questão principal do processo, como objeto do pedido. Sendo assim, como tal controle é 
realizado sobre a norma em abstrato e a decisão que a declara inconstitucional aflige a todos, 
a eficácia da decisão, como regra, será erga omnes (para todos). 
 
 
Ações de Controle Concentrado 
 
1. Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) 
 
a) Competência 
Supremo Tribunal Federal (CRFB, art. 102 I “a”) 
 
b) Objeto (CRFB, art. 102 I “a”) 
Em principio, podem ser objeto de ADI aquelas espécies normativas elencadas no art. 59, 
CRFB, entretanto, por se tratar de um processo objetivo, sem partes, cuja finalidade é declarar 
em abstrato a inconstitucionalidade de uma norma jurídica, somente poderão constituir objeto 
desta ação as normas que não sejam dotadas de efeito concreto, ou seja, não tenham 
destinatários certos e determinados. 
 
 
 
ATOS NORMATIVOS OU ATOS LEGISLATIVOS ESTADUAIS OU FEDERAIS EM 
DESACORDO COM CRFB:Alem daquelas espécies normativas citadas, podemos incluir outras dentre aquelas que podem 
ser objeto de ADI: 
 
1. Os decretos autônomos, que são atos normativos editadas pelos chefes de executivo, no 
exercício de competências que lhes foram conferidas diretamente pela CF. Entretanto devemos 
observar que os decretos regulamentares não podem ser objeto de ADI, pois são atos 
normativos secundários, subordinados diretamente às leis que visam regulamentar, logo, em 
âmbito judicial somente se submetem a controle de legalidade. 
 
2. É possível, ainda, destacar a possibilidade de que determinados atos, ainda que de natureza 
infralegal, venham a ser objeto de ADI. É o que ocorre, por exemplo, com as Portarias, quando 
estas assumem um caráter autônomo e abstrato, ou seja, disciplinam diretamente matéria 
reservada à lei, o que traduz sua inconstitucionalidade formal por ofensa ao principio da 
legalidade estrita. 
 
3. Também podem ser objeto de ADI atos legislativos estaduais, incluindo as constituições 
estaduais. 
 
4. Podem, ainda, ser objeto de ADI os atos do Distrito Federal praticados no exercício de 
competência estadual, na forma do art. 32 §1º, CRFB, ficando excluídas da tal possibilidade as 
normas distritais que caracterizam o exercício de competências municipais. 
 
Art. 32. O Distrito Federal, vedada sua divisão em Municípios, reger- se-á por lei 
orgânica, votada em dois turnos com interstício mínimo de dez dias, e aprovada 
por dois terços da Câmara Legislativa, que a promulgará, atendidos os princípios 
estabelecidos nesta Constituição. 
§ 1º - Ao Distrito Federal são atribuídas as competências legislativas reservadas 
aos Estados e Municípios. 
 
5. Podem ser objeto de ADI os tratados internacionais, quando internalizados na ordem 
jurídica brasileira. Quanto à questão do cabimento de ADI, não se reveste de importância a 
forma através da qual ocorrerá tal internalização, logo, seja internalizado como norma 
infraconstitucional, seja com status de emenda à CF (art 5º, §3º, CRFB) em ambas as 
hipóteses teremos normas federais, sujeitas, portanto, ao controle abstrato em face da CRFB. 
 
OBS: O STF tem entendido que não cabe a propositura de ADI para discutir a 
constitucionalidade de norma anterior à CF, pois, dentre os ministros prevalece o entendimento 
no sentido de que as normas anteriores e incompatíveis com a nova CF se submetem somente 
a um juízo de não recepção, tendo-se por revogada. 
 
ATOS NORMATIVOS OU LEGISLATIVOS ESTADUAIS OU MUNICIPAIS EM DESACORDO 
COM CONSTITUIÇÃO ESTADUAL: Art 125 §2º c/c art 265, CPC. 
 
Art. 125. Os Estados organizarão sua Justiça, observados os princípios estabelecidos nesta 
Constituição. 
§ 2º - Cabe aos Estados a instituição de representação de 
inconstitucionalidade de leis ou atos normativos estaduais ou municipais em 
face da Constituição Estadual, vedada a atribuição da legitimação para agir a um 
único órgão. 
 
 
O art 125 §2°, CRFB, previu a existência de um sistema de controle de constitucionalidade das 
normas municipais e estaduais em face das Constituições Estaduais. Trata-se de um controle 
abstrato de normas, sendo competente para realizá-lo o Tribunal de Justiça, através de seu 
plenário ou de seu órgão especial. 
 
A ação de controle abstrato prevista no referido dispositivo constitucional foi denominada 
Representação de Inconstitucionalidade (RI), alguns doutrinadores a denominem ADI 
Estadual. Os legitimados para a propositura de tal ação de controle abstrato são aqueles 
designados pelas respectivas constituições estaduais. Em principio a questão constitucional 
debatida deve ser resolvida pelo próprio TJ, que é o guardião da Constituição Estadual. 
 
Porém, é possível a ocorrência de dúplice inconstitucionalidade, restando violada a 
Constituição Estadual, em norma de reprodução obrigatória da Constituição Federal. Em tal 
hipótese, desde que atendidos os pressupostos para sua admissibilidade, da decisão do 
Tribunal de Justiça na Representação de Inconstitucionalidade, caberá a interposição do 
recurso extraordinário. 
 
A decisão do STF no recurso extraordinário terá efeito erga omnes, pois apesar de tal recurso 
instrumentalizar, como regra, o controle incidental, aqui tratamos, em verdade, de um controle 
principal, de natureza abstrata. 
 
É possível, ainda, ocorrer uma situação inusitada: se uma norma estadual vier a ser 
impugnada através de Representação de Inconstitucionalidade no Tribunal de Justiça em razão 
de eventual violação à Constituição Estadual e, simultaneamente, for proposta uma ADI no 
Supremo Tribunal Federal visando impugná-la em face da Constituição Federal, caracterizando 
a hipótese prevista no art. 265, CPC, a ação proposta no Tribunal de Justiça terá seu 
julgamento suspenso até que sobrevenha a decisão do STF. 
 
CPC 
Art. 265. Suspende-se o processo: 
IV - quando a sentença de mérito: 
a) depender do julgamento de outra causa, ou da declaração da existência ou 
inexistência da relação jurídica, que constitua o objeto principal de outro 
processo pendente; 
 
 
c) Legitimidade ativa 
 
c1) Legitimados universais 
 
Os legitimados universais podem propor ADI com finalidade de impugnar normas jurídicas 
sobre qualquer tema ou matéria, não havendo necessidade de demonstrar qualquer relação de 
pertinência entre o objeto da ADI e os seus fins institucionais (CRFB, art. 103, I,II,III,VI,VII e 
VIII). 
 
1. Presidente da República (CRFB, art. 103, I) 
 
Nada impede que venha a impugnar uma norma jurídica mesmo quando seja ele participante 
direto de seu processo de elaboração, através de iniciativa ou de sanção. Como já não 
prevalece a Súmula 5, STF (“a sanção supre a falta de iniciativa do Poder Executivo”), a 
jurisprudência da Corte passou a inadmitir que a sanção tivesse o condão de sanar a 
inconstitucionalidade formal orgânica. 
 
Tal entendimento se justifica a partir do fato de que a mudança de opinião do Presidente da 
República ou a constatação superveniente de inconstitucionalidade não podem inibir a atuação 
presidencial na defesa da Constituição, obrigando-o a quedar-se diante de uma lei 
inconstitucional. Por isso, mesmo que do processo legislativo tenha tomado parte, sem se 
insurgir através do veto contra o projeto de lei, nada impede que o Presidente venha a 
impugnar a lei através de ADI. 
 
2. Mesas da Câmara dos Deputados e do Senado Federal (CRFB, art. 103, II e III) 
 
Ostentando a condição de legitimadas universais, podem questionar atos normativos que o 
Congresso Nacional pudesse vir a sustar, na forma do CRFB, art. 49, V, ou mesmo os atos das 
próprias Casas Legislativas. Não podemos enquadrar na mesma categoria a Mesa do 
Congresso Nacional, por ausência de referência constitucional. 
 
3. Procurador-Geral da República (CRFB, art. 103, VI) 
 
A CRFB reservou ao PGR duas funções na ADI: o de requerente (CRFB, art. 103, VI) e o de 
interveniente (CRFB, art, 103, §1º). Na condição de requerente, possui o PGR juízo 
discricionário acerca da propositura ou não da ADI, quando provocado mediante 
representação. Entretanto, como salienta Luís Roberto Barroso1, “afigura-se como boa prática 
institucional que o Chefe do Ministério Público Federal encaminhe para conhecimento da 
Suprema Corte todas as representações que receba e que sejam fundadas em argumentação 
revestida de seriedade e plausibilidade. Posteriormente, ao emitir parecer sobre a matéria, 
poderá opinar pelo acolhimento ou não do pedido”. Sendo assim, podemos afirmar que tal 
discricionariedade lhe faculta, inclusive, opinar no sentido da declaração da constitucionalidade 
de norma jurídica impugnadapor ADI por ele mesmo requerida. 
 
4. Conselho Federal da OAB (CRFB, art. 103, VII) 
 
O legislador constituinte, em reconhecimento à atuação histórica da OAB em defesa das 
instituições democráticas e dos direitos fundamentais, lhe reservou condição diferenciada em 
relação às demais entidades de classe, ordinariamente previstas no art. 103, IX. Tal tratamento 
diferenciado levou o STF a excluir a OAB de determinadas restrições aplicáveis às entidades 
de classe em geral, como, por exemplo, a demonstração de pertinência temática. 
 
5. Partidos Políticos com representação no Congresso Nacional (CRFB, art. 103, VIII) 
 
A previsão da atuação partidária como requerente no processo da ADI teve o mister de garantir 
 
1 Barroso. Luís Roberto. O Controle de Constitucionalidade no Direito Brasileiro (São Paulo: Saraiva, 2ª edição revista e atualizada, 2006), p. 142. 
às minorias parlamentares a possibilidade de suscitar a realização da jurisdição constitucional, 
cabendo fazê-lo ao diretório nacional do partido que contar, ao menos, com um representante 
em qualquer das Casas do Congresso Nacional. A jurisprudência da Suprema Corte era no 
sentido de que a perda superveniente da representação parlamentar desqualificava a 
legitimação ativa do partido, não podendo a ação prosseguir. Esta orientação foi revista, 
passando o STF a entender que a aferição da legitimidade do partido político deve ser feita no 
momento da propositura da ação, sendo irrelevante a perda de representação partidária (V. inf. 
n. 356 ADIn (AgR) 2.159-DF; antes, v. inf. n. 301, QO ADin 2054-DF). 
 
 
c2) Legitimados especiais 
 
Os legitimados especiais estão obrigados a demonstrar, na própria petição inicial, uma relação 
de pertinência temática entre o objeto da ADI e os seus fins institucionais (CRFB, art. 103, IV,V 
e IX). Sendo assim, o governador de um estado (CRFB, art. 103, V). 
 
 
1. Mesa de Assembléia Legislativa e Mesa da Câmara Legislativa do DF (CRFB, art. 103, 
IV) 
 
Somente pode propor ADI quando houver vínculo objetivo de pertinência entre a norma 
impugnada e a competência da Casa Legislativa ou do Estado do qual é ela o órgão 
representativo. Ressalte-se que a ADI pode ter por objeto lei ou ato normativo emanado do 
próprio Poder por ela integrado e dirigido. 
 
 
2. Governador de Estado ou Governador do DF (CRFB, art. 103, V) 
 
Somente pode o Governador impugnar uma norma jurídica através de ADI se esta afligir 
interesses do Estado por ele governado, ou seja, poderá impugnar leis e atos normativos 
originários de seu Estado, da União e mesmo de outros Estados da Federação, desde que 
violem interesses juridicamente protegidos de seu Estado. 
 
 
3. Confederações Sindicais e Entidades de Classe de âmbito nacional (CRFB, art. 103, IX) 
 
A despeito de aspectos tormentosos quanto à caracterização do que seja entidade de classe, 
as linhas gerais da jurisprudência do STF podem ser assim sistematizadas: 
 
a) Entidade de classe de âmbito nacional é aquela que possui filiados em pelo menos nove 
Estados da Federação, em analogia à Lei dos Partidos Políticos (Lei N. 9096/95), 
entretanto, no julgamento da ADI 2866, o Supremo Tribunal Federal relativizou tal 
exigência, conhecendo da ação proposta pela ABERSAL, já que a atividade de extração 
e refino do sal não é realizada na maioria dos Estados da federação, mas é de 
relevância nacional; 
b) Exige-se que seus filiados estejam ligados entre si pelo exercício da mesma atividade 
econômica ou profissional; 
c) A jurisprudência antes dominante no STF indicava a necessidade de que os membros 
das entidades fossem os próprios integrantes da classe, sem intermediação de qualquer 
outro ente que os representasse, não se admitindo, portanto, que se apresentassem 
como legitimadas as “associações de associações”. Tal orientação foi revista (v. Inf. n. 
351, ADIn 3153-DF), passando a se reconhecer o caráter de entidade de classe de 
âmbito nacional àquela constituída por associações estaduais, cujo objetivo seja a 
defesa de uma mesma categoria social; 
d) Deve demonstrar a entidade a relação de pertinência temática entre a norma jurídica 
impugnada e os interesses da classe profissional ou econômica representada pela 
entidade envolvida na demanda. 
 
 
A respeito da noção de confederação sindical, o STF faz uma leitura estrita do dispositivo, 
não reconhecendo legitimidade às federações e aos sindicatos nacionais. Sendo assim, o STF 
tem entendido que as confederações deverão se organizar através de federações em, pelo 
menos, três Estados, na forma da CLT, art. 535, além da necessidade de demonstrarem 
pertinência temática, nos mesmos moldes enunciados para as entidades de classe. 
 
 
 
d) O pedido cautelar em ADI (CRFB, art. 102, I, p, c/c Lei 9.868/99, art. 11) 
 
CF Art. 102. Compete ao Supremo Tribunal Federal, precipuamente, a guarda da Constituição, 
cabendo-lhe: 
I - processar e julgar, originariamente: 
p) o pedido de medida cautelar das ações diretas de inconstitucionalidade; 
 
Lei n° 9.868, de 10 de novembro de 1999 
Art. 11. Concedida a medida cautelar, o Supremo Tribunal Federal fará publicar em seção 
especial do Diário Oficial da União e do Diário da Justiça da União a parte dispositiva da 
decisão, no prazo de dez dias, devendo solicitar as informações à autoridade da qual tiver 
emanado o ato, observando-se, no que couber, o procedimento estabelecido na Seção I deste 
Capítulo. 
§ 1° A medida cautelar, dotada de eficácia contra todos, será concedida com efeito "ex 
nunc", salvo se o Tribunal entender que deva conceder-lhe eficácia retroativa. 
 
A Constituição Federal (art. 102, I, p) previu, expressamente, a possibilidade de pedido cautelar 
na ADI, tratando-se de providência de caráter excepcional, sobretudo em razão do princípio da 
presunção da constitucionalidade das normas jurídicas. A jurisprudência do STF, desde 
sempre, se estabeleceu no sentido de que a admissibilidade do provimento cautelar nas ações 
diretas de inconstitucionalidade se condiciona à satisfação dos requisitos do fumus boni iuris 
(plausibilidade jurídica da tese exposta) e do periculum in mora (demonstração da possibilidade 
de prejuízo decorrente do retardamento da decisão). Além disso, devem restar demonstradas a 
irreparabilidade ou insuportabilidade dos danos emergentes dos atos impugnados e a 
necessidade de garantir a ulterior eficácia da decisão. 
 
A Jurisprudência do STF se encaminhou no sentido de tender a não reconhecer o periculum in 
mora quando já tiver decorrido um prazo razoável entre a edição da norma impugnada e o 
momento em que esta veio a sofrer a argüição de inconstitucionalidade, não obstante a 
existência de fato superveniente possa desautorizar tal entendimento. 
 
Ainda segundo a jurisprudência do STF, o indeferimento do pedido cautelar não tem efeito 
vinculante, mas a concessão da medida, no sentido de suspender liminarmente a execução da 
norma jurídica em questão, deve importar na imediata suspensão do julgamento de qualquer 
processo em andamento perante o STF. Há precedentes no sentido de que o efeito vinculante 
também se aplica em relação aos demais órgãos do Poder Judiciário. 
 
Sob este aspecto, na hipótese de norma suspensa pelo STF vir a ser aplicada por qualquer 
órgão do Poder Judiciário, aquele que for prejudicado poderá propor uma reclamação no STF 
para que aquele Tribunal determine o cumprimento de sua decisão, na forma do art. 102, I, l: 
 
CF Art. 102. Compete ao Supremo Tribunal Federal, precipuamente, a guarda da Constituição, 
cabendo-lhe: 
I - processar e julgar, originariamente:l) a reclamação para a preservação de sua competência e garantia da autoridade de 
suas decisões; 
 
A medida cautelar será dotada de eficácia contra todos e concedida com efeito ex-nunc 
(prospectivo), salvo se o Tribunal entender que deva lhe conceder eficácia ex-tunc (retroativa), 
na forma do art. 11, §1º , Lei n. 9868/99. Como ressaltado anteriormente, há precedente do 
tribunal no sentido de também reconhecer efeito vinculante à decisão cautelar, como ocorreu, 
por exemplo, no julgamento da Rcl 2256-1, relatada pelo Ministro Gilmar Mendes, quando a 
Corte firmou entendimento de que a concessão da liminar acarreta a necessidade de 
suspensão dos julgamentos que envolvem a aplicação ou a desaplicação da lei cuja eficácia 
restou suspensa. 
 
Ainda em relação aos efeitos decorrentes do acolhimento do pedido cautelar, o art. 11, §2º , Lei 
n. 9868/99, dispõe que a concessão da cautelar torna aplicável, acaso existente, a legislação 
anterior, salvo expressa manifestação em sentido contrário. 
 
 
e) A atuação do Advogado Geral da União (AGU) na ADI (CRFB, art. 103, §3º) 
 
CF Art. 103  
§ 3° - Quando o Supremo Tribunal Federal apreciar a inconstitucionalidade, em tese, de 
norma legal ou ato normativo, citará, previamente, o Advogado-Geral da União, que 
defenderá o ato ou texto impugnado. 
 
 
Segundo tal dispositivo, o Advogado-Geral da União atua como curador da presunção da 
constitucionalidade da norma jurídica, não podendo ostentar posição processual contrária ao 
ato estatal impugnado, independentemente de sua natureza federal ou estadual. Entretanto, a 
Corte assentou entendimento de que o munus a que se refere o imperativo constitucional deve 
ser entendido com temperamentos. Sendo assim, o STF vem entendendo que o AGU fica 
dispensado de defender a tese jurídica da constitucionalidade na norma impugnada em duas 
hipóteses: 
 
a) Quando o requerente da ADI for o Presidente da República; 
b) Quando o plenário do STF, em controle incidental, já tiver se pronunciado no sentido da 
inconstitucionalidade da norma, ora impugnada por ADI. 
 
Entretanto, como salienta Luís Roberto Barroso, “(...)há notícia de manifestação do AGU pela 
inconstitucionalidade do ato normativo atacado. Foi o que ocorreu na ADIn 3.082-DF, rel. Min. 
Sepúlveda Pertence, na qual se questionava instrução normativa do Tribunal Superior do 
Trabalho que obstava a inscrição de pessoas portadoras de deficiência física em concurso 
público quando necessitassem, para a realização da prova, de intermediários permanentes(...)”. 
 
Ainda aguardando julgamento de mérito, nada indica que a Corte autorize o AGU a proceder de 
tal forma, apesar de se afigurar odiosa a discriminação referida. Caso contrário, estaríamos a 
admitir perspectiva que o legislador constituinte sequer aventou, equiparando a atuação do 
AGU àquela reservada ao PGR. Aguardemos, contudo, o pronunciamento do Tribunal. 
 
 
 
f) A ADI e a inexistência de prazo decadencial 
 
Uma vez que um ato inconstitucional jamais poderá ser convalidado por decurso de prazo, a 
jurisprudência do STF firmouse no sentido de não há prazo para o ajuizamento de uma ADI, 
razão pela qual podemos dizer que inexiste prazo decadencial na ADI. 
 
 
 
 
 
 
g) Processo e julgamento da ADI 
 
O processo e o julgamento da Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) se encontra regido 
pela Lei n. 9868/99, que também o faz em relação à Ação Declaratória de Constitucionalidade 
(ADC). 
A petição inicial deverá indicar o dispositivo impugnado, os fundamentos jurídicos do pedido em 
relação a cada uma das impugnações e o pedido, com suas especificações, devendo conter 
cópia do ato impugnado e procuração, quando a ação seja proposta por advogado (Lei n. 
9868/99, art. 3º e parágrafo único) Se a petição inicial for inepta, não fundamentada ou 
manifestamente improcedente, será liminarmente indeferida pelo relator, cabendo agravo dessa 
decisão (Lei n. 9868/99, art. 4º e parágrafo único). 
 
O relator pedirá informações aos órgãos ou autoridades das quais emanou o ato impugnado, 
que deverão prestá-las em trinta dias (Lei n. 9868/99, art. 6º e parágrafo único). Após o prazo 
das informações, serão ouvidos, sucessivamente, o AGU e o PGR, cada qual devendo se 
manifestar no prazo de quinze dias (Lei n. 9868/99, art. 8º). Após, o relator deverá lançar o 
relatório, com cópia para todos os Ministros, e pedirá dia para o julgamento (Lei n. 9868/99, art. 
9º, caput). 
 
Não se admite desistência na ADI (Lei n. 9868/99, art. 5º), nem tampouco intervenção de 
terceiros (Lei n. 9868/99, art. 7º), o que se explica pelo seu caráter marcadamente objetivo. 
Entretanto, a Lei facultou ao relator, considerando a relevância da matéria, admitir a 
participação de outros órgãos ou entidades (Lei n. 9868/99, art. 7º,§2º), introduzindo a figura do 
amicus curiae, no processo objetivo brasileiro. 
 
E, por fim, a Lei n. 9868/99, art. 9º, § 1º, contém inovação importante, ao prever a possibilidade 
da designação de perito ou comissão de peritos para que emita parecer sobre a questão ou a 
determinação da realização de audiência pública, para ouvir pessoas com experiência e 
autoridade na matéria, com o que podemos dizer que se encontra superado o entendimento 
historicamente dominante, de que a ADI não comportaria fase comprobatória, devido ao seu 
caráter estritamente objetivo. 
 
 
h) Os efeitos do julgamento do mérito da ADI 
 
h.1) Limites objetivos da coisa julgada 
 
Ao julgar procedente pedido formulado em ADI, o Supremo Tribunal Federal estará a 
declarar a inconstitucionalidade da norma impugnada. Nesse caso, quanto aos limites 
objetivos da coisa julgada, a decisão proferida se reveste da autoridade da coisa julgada 
material. Logo, não será possível o ajuizamento de nova ADI para que obtenha nova 
manifestação do Tribunal acerca da inconstitucionalidade (ou constitucionalidade) do mesmo 
dispositivo. 
 
No entanto, ao julgar improcedente pedido formulado em ADI, o Supremo Tribunal Federal 
estará a declarar a constitucionalidade da norma impugnada. Nesse caso, quanto aos limites 
objetivos da coisa julgada, a decisão proferida não se reveste da autoridade da coisa 
julgada material, sob o fundamento de impedir que o Supremo Tribunal Federal reaprecie a 
constitucionalidade de uma lei anteriormente considerada válida, à vista de novos argumentos 
ou de novos fatos, não seria razoável. 
 
 
h.2) Efeitos objetivos da coisa julgada 
 
Tratar dos efeitos objetivos da coisa julgada significa enfrentar a questão relativa às 
consequências que a decisão trará à norma impugnada através do julgamento da Ação Direta 
de Inconstitucionalidade. 
 
Ao julgar procedente pedido formulado em Ação Direta de Inconstitucionalidade com 
eficácia ex-tunc (retroativa, o Supremo Tribunal Federal estará declararando a 
inconstitucionalidade da norma impugnada. Nesse caso, quanto aos efeitos objetivos da 
coisa julgada, podemos aventar os seguintes efeitos: 
 
1º efeito: Se a decisão for proferida com eficácia ex-tunc ou retroativa, o ato impugnado estará 
a ser declarado nulo de pleno direito. A declaração de nulidade se situa no plano da validade 
do ato jurídico, pois não se admite ao ato nulo sequer a existência válida no ordenamento, 
como conseqüência, a sua eficácia deverá ser também paralisada. Embora não nos pareça 
possível que, por decisão judicial, se atacar a vigência de uma norma jurídica, sustenta Luís 
Roberto Barroso que, “considerando que a vigência de uma ato normativo é a soma de sua 
existência e de sua eficácia, é possível afirmar que a lei declarada inconstitucional já nãoestá 
mais vigente”2. 
 
2º efeito: Há, ainda, uma repercussão sobre a legislação que havia sido afetada pela lei 
reconhecida como inválida. Se a lei ou ato normativo ora declarado inconstitucional, quando 
entrou em vigor, revogou norma que disciplinava o mesmo assunto, ocorrerá um fenômeno 
interessante. Como ressaltamos, a declaração de inconstitucionalidade da lei revogadora, 
desde que se opere com eficácia retroativa ou ex-tunc, se impõe como verdadeira nulificação. 
Sendo assim, estaremos diante de uma declaração de inconstitucionalidade com efeito 
repristinatório, entendendo-se que não se operou a revogação válida da primeira lei. 
 
O efeito repristinatório na decisão de mérito da ADI não foi previsto expressamente pela Lei 
9.868/99. Entretanto, em seu art. 11, § 2o, determina que a concessão de liminar em ADI torna 
aplicável à legislação anterior, salvo disposição em contrário produzido no acórdão do STF. O 
mesmo podemos afirmar em relação ao mérito, inclusive quanto à possibilidade da 
manifestação expressa em sentido contrário por parte do Tribunal, ou seja, de que a 
declaração da nulidade de uma lei não haverá de gerar efeito repristinatório em relação à 
primeira. 
 
 
Ao julgar procedente pedido formulado em Ação Direta de Inconstitucionalidade com 
eficácia ex-nunc (prospectiva), o Supremo Tribunal Federal estará a declarar a 
inconstitucionalidade da norma impugnada. Nesse caso, quanto aos efeitos objetivos da 
coisa julgada, podemos aventar o seguinte efeito: 
 
1º efeito: Se a decisão for proferida com eficácia ex-nunc ou prospectiva, o ato impugnado 
deverá ter paralisada a sua eficácia a partir de então, ou em outro momento no futuro. 
 
2 
Barroso. Luís Roberto. op. cit., p. 178. 
 
2º efeito: Poderá haver ou não repercussão sobre a legislação anterior, pois, ao ponderar a 
repercussão da invalidação da lei e da restauração da eficácia daquela que houvera sido 
revogada, poderá admitir o efeito repristinatório. 
 
 
Ao julgar improcedente pedido formulado em Ação Direta de Inconstitucionalidade, o 
Supremo Tribunal Federal estará a declarar a constitucionalidade da norma impugnada. Nesse 
caso, quanto aos efeitos objetivos da coisa julgada, podemos aventar o seguinte efeito: 
 
Efeito: Nada se passará com o ato impugnado, que continuará existente, válido e eficaz. 
 
 
h.3) Limites subjetivos da coisa julgada 
 
1º efeito: ERGA OMNES 
Os limites subjetivos da coisa julgada não são controvertidos: a sua eficácia é contra todos. A 
extensão erga omnes da autoridade da coisa julgada se encontra fundamentada no fenômeno 
da substituição processual, sendo assim, o próprio STF providencia a suspensão da execução 
da norma declarada inconstitucional. 
 
2º efeito: VINCULANTE 
A decisão do STF em ADI, além de ter eficácia erga omnes, tem efeito vinculante em relação a 
todos os órgãos do Poder Judiciário e da administração pública (Lei 9.868, art. 28, § único, c/c 
CF art. 102, § 2o). 
 
Lei 9.868/99 Art. 28  
Parágrafo único. A declaração de constitucionalidade ou de inconstitucionalidade, inclusive a 
interpretação conforme a Constituição e a declaração parcial de inconstitucionalidade sem 
redução de texto, têm eficácia contra todos e efeito vinculante em relação aos órgãos do 
Poder Judiciário e à Administração Pública federal, estadual e municipal. 
 
CF Art. 102 
§ 2° - As decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal, nas ações 
diretas de inconstitucionalidade e nas ações declaratórias de constitucionalidade produzirão 
eficácia contra todos e efeito vinculante, relativamente aos demais órgãos do Poder 
Judiciário e à administração pública direta e indireta, nas esferas federal, estadual e 
municipal. 
 
Sendo assim, se qualquer órgão do Poder Judiciário negar aplicação à decisão do STF, caberá 
reclamação (CRFB, art. 102, I, l) no próprio STF , e cujo julgamento importará no cumprimento 
imediato da decisão do STF pelo órgão que negou a sua aplicação. Obviamente, de acordo 
com as premissas firmadas, a decisão que declara a inconstitucionalidade de uma norma em 
ADI se reveste de autoridade de coisa julgada, com sua eficácia vinculativa para todos os 
órgãos do Poder Judiciário, inclusive o próprio STF. No entanto, a decisão que julga 
improcedente o pedido não produz efeito vinculante em relação ao STF, somente subordinando 
os demais tribunais (v. item h.1). 
 
No julgamento do AgRgRcl 1880-6-SP, o STF reconheceu a necessidade de estender a 
legitimidade ativa da reclamação a terceiros, ou seja, a quem não foi parte no processo 
objetivo, além disso, no que tange à possibilidade do Poder Executivo adotar medidas 
contrárias à exegese da Corte, conforme dispõem o art. 14, II e o art. 17 da Lei n. 8038/90, 
julgando a reclamação, o STF poderá suspender automaticamente a decisão exorbitante ou 
determinará a decisão adequada à preservação de sua competência. 
 
Com relação ao Poder Legislativo, prevalece o entendimento de que não há como impedir que 
este volte a prover acerca da matéria anteriormente tratada pelo STF, conseqüentemente, pode 
ocorrer nova inconstitucionalidade, da mesma natureza. Por tal razão, não caberá reclamação 
perante o STF na hipótese de edição de nova norma de idêntico ou similar conteúdo, o haverá 
de motiva o ajuizamento de nova ADI (V. ADI 1850-8-RS, Rel. Min. Sepúlveda Pertence). 
 
h.4) Efeitos temporais da decisão 
 
Historicamente, o STF adotou, como regra, a doutrina norte-americana do ato inconstitucional 
como ato nulo, aplicando efeito retroativo ou ex-tunc às suas decisões. Sem embargo, a 
doutrina da nulidade do ato inconstitucional já houvera sido relativizada através de alguns 
julgados, admitindo a aplicação de efeito prospectivo ou ex-nunc à declaração de 
inconstitucionalidade. 
 
Entretanto, o legislador decidiu prover a respeito, incluindo no art. 27 da lei 9.868/99, que trata 
do processo e julgamento da ADI e da ADC, a possibilidade da Corte temperar os efeitos 
temporais da decisão. 
 
Lei 9.868/99 
Art. 27. Ao declarar a inconstitucionalidade de lei ou ato normativo, e tendo em vista razões de 
segurança jurídica ou de excepcional interesse social, poderá o Supremo Tribunal Federal, por 
maioria de dois terços de seus membros, restringir os efeitos daquela declaração ou decidir 
que ela só tenha eficácia a partir de seu trânsito em julgado ou de outro momento que venha a 
ser fixado. 
 
Em decorrência, a referida lei ordinária passou a admitir expressamente, que o STF faça o 
seguinte: 
 
1. restrinja os efeitos da decisão, excluindo de seu alcance, por exemplo, categoria de 
pessoas que sofreriam ônus ponderado como excessivo ou insuportável; 
2. não atribua efeito retroativo à sua decisão, fazendo-a incidir apenas a partir de seu 
trânsito em julgado; 
3. até mesmo que fixe para algum momento no futuro o início da de produção dos efeitos 
da decisão, conferindo sobrevida à norma; 
4. atribua efeito retroativo à sua decisão. 
 
Logo, para que a Corte possa aplicar efeito ex-nunc ou fixar outro momento no futuro para que 
a sua decisão tenha efeitos, deverá fazê-lo expressamente, mesmo assim, se atingido o 
quorum de 2/3 de seus membros. 
 
EM SUMA, A DECISÃO QUE DECLARA A INCONSTITUCIONALIDADE DE UMA NORMA 
JURÍDICA PODE TER OS SEGUINTES EFEITOS: 
 
1o efeito  erga omnes (regra) 
2o efeito  ex-tunc (regra), ex-nunc ou outro momento no futuro 
3o efeito  vinculante 
4o efeito: repristinatório (regra) ou não repristinatório. 
 
 
i) Decisão em controle abstrato e coisa julgada 
 
Devido ao princípioda segurança jurídica, a proteção constitucional da coisa julgada foi 
prevista na CRFB, art. 5º, XXXVI. Sendo assim, a proteção constitucional da coisa julgada foi 
tratada como limite à retroatividade do julgado, a menos que haja a possibilidade legítima de 
desconstituí-la por via de ação rescisória. 
 
Como conseqüência, vem-se admitindo ação rescisória tendo por objeto decisão que, mesmo 
transitada em julgado, haja aplicado lei que veio posteriormente a ser declarada 
inconstitucional em sede de controle abstrato. Pela mesma lógica, tem-se defendido a 
possibilidade inversa: a rescisão do julgado que tenha deixado de aplicar, por inconstitucional, 
lei que veio a ser proclamada constitucional em ação direta de inconstitucionalidade. 
 
O entendimento que prevalece na doutrina é o de que, transcorrido o prazo decadencial de 
dois anos para a propositura da ação rescisória, já não será mais possível desfazer a decisão, 
ainda que se constate posteriormente a sua inconstitucionalidade, salvo em se tratando de 
matéria penal, uma vez que a revisão criminal poderá ser requerida em qualquer tempo, na 
forma do CPP, art. 522. 
 
Recentemente, todavia, a doutrina tem debatido a primazia dogmática da proteção da coisa 
julgada, notadamente diante de injustiças flagrantes. Sendo assim, pode haver hipótese em 
que se deva considerar a relativização da coisa julgada, quando ocorre superveniente 
pronúncia de inconstitucionalidade da lei, isto em decorrência do fato de que o princípio da 
segurança jurídica não tem caráter absoluto, sendo possível cogitar, portanto, a necessidade 
de fazer sua ponderação com outros princípios de igual estatura, como o da justiça e o da 
moralidade. Devemos alertar que essa será, no entanto, uma situação excepcional, somente, 
admissível, em tese, em situações-limite, de quase-ruptura do sistema. Mesmo assim, tal 
entendimento ainda é minoritário. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
2. Ação Declaratória de Constitucionalidade (ADC) 
 
a) Finalidade 
 
A ADC foi criada pela Emenda Constitucional no 3, de 1993, e sua criação se deveu ao fato de 
que, sem embargo da presunção de constitucionalidade que acompanha os atos normativos do 
Poder Público, essa situação se torna controvertida em uma variedade de situações. Previu-se, 
assim, um mecanismo pelo qual se postula ao STF o reconhecimento expresso da 
compatibilidade entre determinada norma infraconstitucional e a Constituição, em hipóteses em 
que este ponto tenha se tornado objeto de conflitantes decisões judiciais. Trata-se de uma 
ratificação da presunção, afastando a incerteza jurídica e se estabelecendo uma orientação 
homogênea na matéria, encerrando o debate sobre o assunto. 
 
b) Objeto 
 
O objeto da ADC é dado pelo art. 102, I, a, da Constituição Federal: 
 
CF Art. 102. Compete ao Supremo Tribunal Federal, precipuamente, a guarda da Constituição, 
cabendo-lhe: 
I - processar e julgar, originariamente: 
a) a ação direta de inconstitucionalidade de lei ou ato normativo federal ou estadual e a 
ação declaratória de constitucionalidade de lei ou ato normativo federal; 
 
Observe que o dispositivo limita o objeto da ADC aos atos legislativos e normativos federais, 
excluindo da competência do STF o processo e julgamento de ADC sobre atos normativos 
estaduais. Predomina o entendimento de que o princípio da simetria autoriza a instituição de 
ação análoga em âmbito estadual e distrital, cabendo a cada Estado providenciar emenda à 
sua Constituição, o mesmo fazendo o Distrito Federal em relação à sua lei orgânica. 
 
 
c) Legitimidade ativa 
 
Os legitimados para a proposição de ADC são os mesmos elencados no art. 103, incisos I a IX, 
como legitimados na ADI. Diante da equiparação de legitimados e da natureza dúplice da ADC 
em relação a ADI, ou seja, seria a aquela uma ação equivalente a esta, com “sinal trocado”, 
nos parece razoável crer que deva o STF lhes conferir o mesmo tratamento da ADI, 
classificando-os em universais e especiais, exigindo destes a demonstração de pertinência 
temática. 
 
 
d) O pedido cautelar em ADC 
 
Assim como a ADI, a ADC suporta pedido cautelar, desde que presentes os pressupostos de 
concessão de liminar: fumus bonus iuris (fumaça de bom direito, isto é, plausibilidade de 
direito), e periculum in mora (perigo na demora), ou, seja, plausibilidade e urgência do pedido. 
 
O pedido cautelar em ADC está previsto no art. 21 da Lei 9.868/99: 
 
Lei n° 9.868, de 10 de novembro de 1999 
Art. 21. O Supremo Tribunal Federal, por decisão da maioria absoluta de seus membros, 
poderá deferir pedido de medida cautelar na ação declaratória de constitucionalidade, 
consistente na determinação de que os juízes e os Tribunais suspendam o julgamento dos 
processos que envolvam a aplicação da lei ou do ato normativo objeto da ação até seu 
julgamento definitivo. 
Parágrafo único. Concedida a medida cautelar, o Supremo Tribunal Federal fará publicar em 
seção especial do Diário Oficial da União a parte dispositiva da decisão, no prazo de dez 
dias, devendo o Tribunal proceder ao julgamento da ação no prazo de cento e oitenta dias, 
sob pena de perda de sua eficácia. 
 
Observe que a liminar do STF tem efeito vinculante, no sentido de que os tribunais inferiores 
devem suspender o julgamento dos processos que envolvam a aplicação do ato normativo 
objeto da ação, que ficarão aguardando a decisão final daquele Tribunal. Ainda de acordo com 
o parágrafo único do referido artigo, tem o STF 180 dias para proferir a decisão de mérito, sob 
pena de perda de eficácia da liminar concedida. 
 
 
e) A atuação do Procurador-Geral da República (PGR) e do Advogado Geral da União 
(AGU) na ADI (CRFB, art. 103, §§ 1º e 3º) 
 
O PGR, a exemplo do que ocorre na ADI, pode atuar como requerente ou como interveniente, 
sendo que, na segunda hipótese, poderá oferecer parecer tanto no sentido da procedência 
quanto da improcedência do pedido. Entretanto, na ADC não cabe a participação do Advogado 
Geral da União, pois a defesa da constitucionalidade da norma jurídica é feita pelo próprio 
requerente. 
 
 
f) Processo e julgamento da ADC 
 
O processo e o julgamento da Ação Declaratória de Constitucionalidade (ADC) se encontra 
regido pela Lei n. 9868/99, que também o faz em ralação à Ação Direta de 
inconstitucionalidade (ADI). 
A petição inicial deverá indicar o dispositivo questionado, expondo o pedido com suas 
especificações e demonstrando e existencia de controvérsia judicial relevante sobre a norma 
objeto da ação (Lei n. 9868/99, art. 14). Deverá ser apresentada em duas vias, contendo cópia 
do ato normativo questionado e dos documentos necessários à comprovação da procedência 
do pedido. Quando a ação seja proposta por advogado, deverá acompanhada de instrumento 
de procuração (Lei n. 9868/99, art. 14, parágrafo único). Se a petição inicial for inepta, não 
fundamentada ou manifestamente improcedente, será liminarmente indeferida pelo relator, 
cabendo agravo dessa decisão (Lei n. 9868/99, art. 15, parágrafo único). 
 
Não se admite desistência na ADC (Lei n. 9868/99, art. 16), nem tampouco intervenção de 
terceiros (Lei n. 9868/99, art. 18), o que se explica pelo seu caráter marcadamente objetivo. O 
PGR deverá se manifestar no prazo de quinze dias (Lei n. 9868/99, art. 19) e, após, o relator 
deverá lançar o relatório, com cópia para todos os Ministros, e pedirá dia para o julgamento (Lei 
n. 9868/99, art. 20). 
 
A exemplo do que ocorre na ADI, a Lei n. 9868/99, art. 20, § 1º, contém inovação importante, 
ao prever a possibilidade da designaçãode perito ou comissão de peritos para que emita 
parecer sobre a questão ou a determinação da realização de audiência pública, para ouvir 
pessoas com experiência e autoridade na matéria. O relator poderá solicitar, ainda, 
informações aos Tribunais Superiores, aos Tribunais Federais e aos Tribunais Estaduais acerca 
da aplicação da norma questionada no âmbito de sua jurisdição (Lei n. 9868/99, art. 20, §2º ). 
 
 
g) Os efeitos do julgamento do mérito da ADI 
 
 
g.1) Limites objetivos da coisa julgada 
 
Ao julgar improcedente pedido formulado em ADC - O STF estará a declarar a 
inconstitucionalidade da norma impugnada. Nesse caso, quanto aos limites objetivos da 
coisa julgada, podemos aventar o seguinte efeito: 
 
Efeito: A decisão proferida se reveste da autoridade da coisa julgada material. 
Por força da eficácia preclusiva da coisa julgada, já não será possível o ajuizamento de nova 
ADC ou de ADI para que obtenha nova manifestação do Tribunal acerca da constitucionalidade 
(ou inconstitucionalidade) do mesmo dispositivo. No primeiro caso (do novo pedido de 
declaração de constitucionalidade) porque não seria possível ressuscitar uma norma 
anteriormente fulminada, e, no segundo caso (do pedido de declaração de 
inconstitucionalidade), porque não haveria sentido em se declarar duas vezes a 
inconstitucionalidade de um ato. 
 
 
Ao julgar procedente pedido formulado em ADC - O STF estará a declarar a 
constitucionalidade da norma impugnada. Nesse caso, quanto aos limites objetivos da coisa 
julgada, podemos aventar o seguinte efeito: 
 
Efeito: A decisão proferida não se reveste da autoridade da coisa julgada material 
Se, por força da eficácia preclusiva da coisa julgada, já não será possível o ajuizamento de 
uma ADI ou de uma ADC para que obtenha nova manifestação do Tribunal acerca da 
inconstitucionalidade ou da constitucionalidade do mesmo dispositivo declarado 
inconstitucional, não podemos afirmar o mesmo em relação ao pedido julgado procedente na 
ADC, ou seja, à declaração da constitucionalidade de uma norma jurídica. O fundamento de tal 
entendimento é o seguinte: parece totalmente inapropriado que se impeça o STF de reapreciar 
a constitucionalidade ou não de uma lei anteriormente considerada válida, à vista de novos 
argumentos, de novos fatos, de mudanças formais ou informais no sentido da Constituição ou 
de transformações da realidade que modifiquem o impacto ou a percepção da lei. Portanto, o 
melhor entendimento na matéria é o de que podem os legitimados do art. 103 propor ação 
tendo por objeto o mesmo ato anteriormente declarado constitucional, o que equivale a dizer 
que a decisão proferida, no caso de improcedência, não se reveste da autoridade da coisa 
julgada material. Naturalmente, nada impede que, entendendo não existir situação apta a 
justificar uma reapreciação do tema, o STF possa rejeitar o pedido de forma sumária, 
invocando a decisão precedente. 
 
 
g.2) Efeitos objetivos da coisa julgada 
 
Tratar dos efeitos objetivos da coisa julgada significa enfrentar a questão relativa às 
consequências que a decisão trará à norma impugnada através do julgamento da Ação Direta 
de Inconstitucionalidade. 
 
Ao julgar procedente pedido formulado em Ação Declaratória de Constitucionalidade, o 
Supremo Tribunal Federal estará a declarar a constitucionalidade da norma impugnada. Nesse 
caso, quanto aos efeitos objetivos da coisa julgada, podemos aventar o seguinte: 
 
Efeito: Nada se passará com o ato impugnado, que continuará existente, válido e eficaz. 
 
Ao julgar improcedente pedido formulado em Ação Declaratória de Constitucionalidade 
com eficácia ex-tunc (retroativa, o Supremo Tribunal Federal estará declararando a 
inconstitucionalidade da norma impugnada. Nesse caso, quanto aos efeitos objetivos da 
coisa julgada, podemos aventar o seguinte: 
 
1º efeito: A decisão será proferida com eficácia ex-tunc ou retroativa, o ato impugnado estará 
a ser declarado nulo de pleno direito. A declaração de nulidade se situa no plano da validade 
do ato jurídico, pois não se admite ao ato nulo sequer a existência válida no ordenamento, 
como conseqüência, a sua eficácia deverá ser também paralisada. Embora não nos pareça 
possível que, por decisão judicial, se atacar a vigência de uma norma jurídica, sustenta Luís 
Roberto Barroso que, “considerando que a vigência de uma ato normativo é a soma de sua 
existência e de sua eficácia, é possível afirmar que a lei declarada inconstitucional já não está 
mais vigente”3. 
 
2º efeito: Há, ainda, uma repercussão sobre a legislação que havia sido afetada pela lei 
reconhecida como inválida. Se a lei ou ato normativo ora declarado inconstitucional, quando 
entrou em vigor, revogou norma que disciplinava o mesmo assunto, ocorrerá um fenômeno 
interessante. Como ressaltamos, a declaração de inconstitucionalidade da lei revogadora, 
desde que se opere com eficácia retroativa ou ex-tunc, se impõe como verdadeira nulificação. 
Sendo assim, estaremos diante de uma declaração de inconstitucionalidade com efeito 
 
3 
Barroso. Luís Roberto. op. cit., p. 178. 
repristinatório, entendendo-se que não se operou a revogação válida da primeira lei. 
 
O efeito repristinatório na decisão de mérito da ADI não foi previsto expressamente pela Lei 
9.868/99. Entretanto, em seu art. 11, § 2o, determina que a concessão de liminar em ADI torna 
aplicável à legislação anterior, salvo disposição em contrário produzido no acórdão do STF. O 
mesmo podemos afirmar em relação ao mérito, inclusive quanto à possibilidade da 
manifestação expressa em sentido contrário por parte do Tribunal, ou seja, de que a 
declaração da nulidade de uma lei não haverá de gerar efeito repristinatório em relação à 
primeira. 
 
 
Ao julgar improcedente pedido formulado em Ação Declaratória de Constitucionalidade 
com eficácia ex-nunc (prospectiva), o Supremo Tribunal Federal estará a declarar a 
inconstitucionalidade da norma impugnada. Nesse caso, quanto aos efeitos objetivos da 
coisa julgada, podemos aventar o seguinte: 
 
1º efeito: Se a decisão for proferida com eficácia ex-nunc ou prospectiva, o ato impugnado 
deverá ter paralisada a sua eficácia a partir de então, ou em outro momento no futuro. 
 
2º efeito: Poderá haver ou não repercussão sobre a legislação anterior, pois, ao ponderar a 
repercussão da invalidação da lei e da restauração da eficácia daquela que houvera sido 
revogada, poderá admitir o efeito repristinatório. 
 
 
 
 
 
g.3) Limites subjetivos da coisa julgada 
 
1º efeito: ERGA OMNES 
Os limites subjetivos da coisa julgada não são controvertidos: a sua eficácia é contra todos. A 
extensão erga omnes da autoridade da coisa julgada se encontra fundamentada no fenômeno 
da substituição processual, sendo assim, o próprio STF providencia a suspensão da execução 
da norma declarada inconstitucional ou determina que a norma declarada constitucional seja 
aplicável a todos os casos. 
 
 
2º efeito: VINCULANTE 
A decisão do STF em ADC, alem de ter eficácia erga omnes, tem efeito vinculante em relação a 
todos os órgãos do Poder Judiciário e da administração pública (Lei 9.868, art. 28, § único, c/c 
CF art. 102, § 2o). 
 
Lei 9.868/99 Art. 28  
Parágrafo único. A declaração de constitucionalidade ou de inconstitucionalidade, inclusive a 
interpretação conforme a Constituição e a declaração parcial de inconstitucionalidade sem 
redução de texto, têm eficácia contra todos e efeito vinculante em relação aos órgãos do 
Poder Judiciário e à Administração Pública federal, estadual e municipal. 
 
CF Art. 102§ 2° - As decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal, nas ações 
diretas de inconstitucionalidade e nas ações declaratórias de constitucionalidade produzirão 
eficácia contra todos e efeito vinculante, relativamente aos demais órgãos do Poder 
Judiciário e à administração pública direta e indireta, nas esferas federal, estadual e 
municipal. 
 
Sendo assim, se qualquer órgão do Poder Judiciário negar aplicação à decisão do STF, caberá 
reclamação (CRFB, art. 102, I, l) no próprio STF, e cujo julgamento importará no cumprimento 
imediato da decisão do STF pelo órgão que negou a sua aplicação. Obviamente, de acordo 
com as premissas firmadas, a decisão que declara a inconstitucionalidade de uma norma em 
ADC se reveste de autoridade de coisa julgada, com sua eficácia vinculativa para todos os 
órgãos do Poder Judiciário, inclusive o próprio STF. No entanto, a decisão que julga procedente 
o pedido em ADC não produz efeito vinculante em relação ao STF, somente subordinando os 
demais tribunais (v. item g.1). 
 
 
No julgamento do AgRgRcl 1880-6-SP, o STF reconheceu a necessidade de estender a 
legitimidade ativa da reclamação a terceiros, ou seja, a quem não foi parte no processo 
objetivo, além disso, no que tange à possibilidade do Poder Executivo adotar medidas 
contrárias à exegese da Corte, conforme dispõem o art. 14, II e o art. 17 da Lei n. 8038/90, 
julgando a reclamação, o STF poderá suspender automaticamente a decisão exorbitante ou 
determinará a decisão adequada à preservação de sua competência. 
 
 
g.4) Efeitos temporais da decisão 
 
Historicamente, o STF adotou, como regra, a doutrina norte-americana do ato inconstitucional 
como ato nulo, aplicando efeito retroativo ou ex-tunc às suas decisões. Sem embargo, a 
doutrina da nulidade do ato inconstitucional já houvera sido relativizada através de alguns 
julgados, admitindo a aplicação de efeito prospectivo ou ex-nunc à declaração de 
inconstitucionalidade. 
 
Entretanto, o legislador decidiu prover a respeito, incluindo no art. 27 da lei 9.868/99, que trata 
do processo e julgamento da ADI e da ADC, a possibilidade da Corte modular os efeitos 
temporais da decisão. 
 
Lei 9.868/99 
Art. 27. Ao declarar a inconstitucionalidade de lei ou ato normativo, e tendo em vista razões de 
segurança jurídica ou de excepcional interesse social, poderá o Supremo Tribunal Federal, por 
maioria de dois terços de seus membros, restringir os efeitos daquela declaração ou decidir 
que ela só tenha eficácia a partir de seu trânsito em julgado ou de outro momento que 
venha a ser fixado. 
 
Em decorrência, a referida lei ordinária passou a admitir expressamente, que o STF faça o 
seguinte: 
 
5. restrinja os efeitos da decisão, excluindo de seu alcance, por exemplo, categoria de 
pessoas que sofreriam ônus ponderado como excessivo ou insuportável; 
6. não atribua efeito retroativo à sua decisão, fazendo-a incidir apenas a partir de seu 
trânsito em julgado; 
7. até mesmo que fixe para algum momento no futuro o início da de produção dos efeitos 
da decisão, conferindo sobrevida à norma; 
8. atribua efeito retroativo à sua decisão. 
 
Logo, para que a Corte possa aplicar efeito ex-nunc ou fixar outro momento no futuro para que 
a sua decisão tenha efeitos, deverá fazê-lo expressamente, mesmo assim, se atingido o 
quorum de 2/3 de seus membros. 
 
EM SUMA, A DECISÃO QUE DECLARA A INCONSTITUCIONALIDADE DE UMA NORMA 
JURÍDICA PODE TER OS SEGUINTES EFEITOS: 
 
1o efeito  erga omnes (regra) 
2o efeito  ex-tunc (regra), ex-nunc ou outro momento no futuro 
3o efeito  vinculante 
4o efeito: repristinatório (regra) ou não repristinatório. 
 
MAS, A DECISÃO QUE DECLARA A CONSTITUCIONALIDADE DE UMA NORMA JURÍDICA 
DEVE TER OS SEGUINTES EFEITOS: 
 
1o efeito  erga omnes (regra) 
2o efeito  ex-tunc (regra) 
3o efeito  vinculante 
 
 
 
 
h) Decisão em controle abstrato e coisa julgada 
 
Devido ao princípio da segurança jurídica, a proteção constitucional da coisa julgada foi 
prevista na CRFB, art. 5º, XXXVI. Sendo assim, a proteção constitucional da coisa julgada foi 
tratada como limite à retroatividade do julgado, a menos que haja a possibilidade legítima de 
desconstituí-la por via de ação rescisória. 
 
Como conseqüência, vem-se admitindo ação rescisória tendo por objeto decisão que, mesmo 
transitada em julgado, haja aplicado lei que veio posteriormente a ser declarada 
inconstitucional em sede de controle abstrato. Pela mesma lógica, tem-se defendido a 
possibilidade inversa: a rescisão do julgado que tenha deixado de aplicar, por inconstitucional, 
lei que veio a ser proclamada constitucional em ação direta de inconstitucionalidade. 
 
O entendimento que prevalece na doutrina é o de que, transcorrido o prazo decadencial de 
dois anos para a propositura da ação rescisória, já não será mais possível desfazer a decisão, 
ainda que se constate posteriormente a sua inconstitucionalidade, salvo em se tratando de 
matéria penal, uma vez que a revisão criminal poderá ser requerida em qualquer tempo, na 
forma do CPP, art. 522. 
 
Recentemente, todavia, a doutrina tem debatido a primazia dogmática da proteção da coisa 
julgada, notadamente diante de injustiças flagrantes. Sendo assim, pode haver hipótese em 
que se deva considerar a relativização da coisa julgada, quando ocorre superveniente 
pronúncia de inconstitucionalidade da lei, isto em decorrência do fato de que o princípio da 
segurança jurídica não tem caráter absoluto, sendo possível cogitar, portanto, a necessidade 
de fazer sua ponderação com outros princípios de igual estatura, como o da justiça e o da 
moralidade. Devemos alertar que essa será, no entanto, uma situação excepcional, somente, 
admissível, em tese, em situações-limite, de quase-ruptura do sistema. Mesmo assim, tal 
entendimento ainda é minoritário. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
2.5.3) Ação Direta de Inconstitucionalidade por Omissão 
 
a) Finalidade (Art 103, parágrafo 2º, CRFB) 
 
 A Ação Direta de Inconstitucionalidade por omissão configura modalidade de controle 
abstrato, tendo natureza de processo objetivo de guarda do ordenamento constitucional 
afetado por lacuna normativa. É de se notar que a Constituição Federal de 1988 tem natureza 
compromissória, pois, trata de temas que se estendem para muito além da organização e da 
limitação do poder, designando a necessidade do Estado brasileiro efetivar prestações 
materiais no sentido da promoção da igualdade e da justiça sociais. Portanto, diante da inércia 
do poder constituído em elaborar lei ou ato normativo requerido pela Constituição para a 
regulamentação de seu texto, esta ação surge com a finalidade de compelir o órgão em mora 
com a sociedade a sanar a omissão inconstitucional, entendida como tal, a sua inatividade 
diante de um fazer constitucionalmente exigido, desde que decorrido o prazo razoável para que 
o ato em questão fosse praticado. 
 
b) A inconstitucionalidade por omissão 
 
 A omissão inconstitucional pode se dar no âmbito dos três Poderes, pela inércia ilegítima 
em adotar-se uma providência normativa, político-administrativa ou judicial. Como salienta Luis 
Roberto Barroso, “relativamente às omissões de natureza político-administrativa, existem 
remédios jurídicos variados, com destaque para o mandado de segurança e a ação civil 
pública. As omissões judiciais, por sua vez, deverão encontrar reparação no sistema de 
recursos instituído pelo direito processual, sendo sanadasno âmbito interno do Judiciário”. 
 
 Sendo assim, as omissões inconstitucionais que se sujeitam ao controle abstrato da 
ação direta de inconstitucionalidade por omissão são aquelas de cunho normativo, podendo ser 
imputadas, em regra, ao Poder Legislativo, diante de sua inércia em editar as normas 
primárias. Entretanto, não se afasta a hipótese de que tal omissão seja imputada ao Poder 
Executivo, pela ausência de edição de ato normativo secundário, ou mesmo ao Poder 
Judiciário, quando se quedar inerte em prover o ordenamento quando a Constituição da 
República lhe conferir competência normativa, a exemplo do que ocorre com a elaboração dos 
regimentos internos dos tribunais (CRFB, art. 96,I, a). 
 
 Quanto aos tipos de inconstitucionalidade por omissão, podemos afirmar a possibilidade 
de que a inércia do poder constituído se manifeste em dois planos: o primeiro é o da 
inconstitucionalidade por omissão total e o segundo é o da inconstitucionalidade por omissão 
parcial. 
 
 A inconstitucionalidade por omissão total ocorre quando o legislador, ainda que 
convocado pelo constituinte a prover o ordenamento, se mantém absolutamente inerte, em 
muitos casos, sem sequer endereçar a proposta legislativa ao órgão competente para a 
deliberação. É o caso típico do direito de greve dos servidores públicos. Quando o STF decidiu 
tratar-se o art. 37, VII, CRFB, de norma constitucional de eficácia limitada, conformou a 
exigência de que somente através da aprovação de lei sobre a matéria os servidores públicos 
brasileiros podem legitimamente exercer tal direito constitucional. Ocorre que até o momento, 
após dezenove anos de vigência da atual Constituição, o projeto de lei sequer foi endereçado 
ao Congresso Nacional, o que caracteriza uma omissão total. 
 
 A omissão parcial poderá ser identificada de duas formas: como omissão parcial 
propriamente dita ou como omissão parcial relativa. No caso da omissão parcial propriamente 
dita, a norma foi existe e foi editada com o intuito de sanar a lacuna normativa, entretanto, não 
o faz plenamente, deixando de atender adequadamente as exigências dispostas na 
Constituição. É o caso da lei que anualmente disciplina o reajuste do salário mínimo, a qual, 
deixa de atender plenamente as necessidades básicas do trabalhador, assim dispostas pelo 
legislador constituinte aquelas relacionadas no art. 7º, IV, CRFB. 
 
 No caso da omissão relativa, esta ocorrerá quando uma norma for editada e outorgar a 
uma categoria determinado direito, excluindo ilegitimamente outra ou outras categorias de tal 
protetivo, violando o principio da isonomia. Na jurisprudência do STF encontramos um caso 
que denota tal fenômeno: em 1993, quando a CRFB ainda previa a paridade de tratamento 
entre servidores civis e militares, o governo Itamar Franco concedeu aumento somente aos 
militares, excluindo indevidamente os servidores civis da União. O STF, reconhecendo a 
inconstitucionalidade por omissão parcial relativa, em controle incidental, reconheceu o mesmo 
direito aos civis. 
 
c) Competência 
 
 Trata-se de uma ação de controle abstrato, proposta com a finalidade de sanar omissões 
em face da regulamentação da Carta Constitucional federal, cuja guarda compete, tanto no 
plano da inconstitucionalidade por ação, quanto no da inconstitucionalidade por omissão, ao 
Supremo Tribunal Federal. Logo, a par da marcada economia do legislador constituinte, ao 
somente fazer menção à ADI por omissão no art. 103, § 2º, CRFB, não resta dúvida quanto ao 
fato de que a sua regência, na medida do possível, dadas as finalidades diversas, se faz 
através dos mesmos dispositivos constitucionais relacionados à ADI genérica, prevista no art. 
102, I, a, CRFB, logo, também compete ao STF processá-la e julgá-la. 
 
 
d) Legitimação Ativa (Art 103, I – IX, CRFB) 
 
A Constituição Federal de 1988 não fez qualquer distinção entre as chamadas ações diretas 
de inconstitucionalidade, de forma que a previsão de legitimidade do art. 103, I-IX, se aplica 
tanto à ação direta de inconstitucionalidade genérica quanto à ação direta de 
inconstitucionalidade por omissão. É interessante salientar que, a exemplo da distinção 
produzida pela jurisprudência do STF entre os legitimados, aqui também encontraremos os 
legitimados universais e os legitimados especiais, sendo-lhes exigida a demonstração de 
pertinência temática, ou seja, deve haver uma relação de congruência entre a omissão 
inconstitucional atacada e a respectiva área de atuação do requerente, aproximando-se tal 
exigência ao que designamos como interesse de agir nos processos subjetivos. 
 
e) Objeto (Art 103, parágrafo 2º, CRFB) 
 
 O objeto da ADI por omissão estará sempre condicionado ao tipo de providencia 
requerida. O STF vem conferindo interpretação literal ao art. 103, § 2º, CRFB, entendendo que 
se o requerido for um dos Poderes, o pedido fica limitado a que lhe seja dada ciência da 
omissão, caracterizando uma providencia de caráter notadamente político. Por outro lado, 
sendo a omissão imputável a um órgão administrativo, a decisão terá natureza mandamental, 
sendo possível a fixação do prazo de trinta dias para que a providência seja tomada, sob pena 
de responsabilização da autoridade reiteradamente omissa. 
 
 Como ficou visto, as omissões impugnáveis pela via de ação direta são aquelas 
relacionadas à inércia quanto à prática de atos normativos primários, entendendo-se como tal 
todos os atos normativos dotados de generalidade, impessoalidade e abstração e que se 
destinem a regulamentar o texto constitucional. Além disso, em tese, também caberia enfrentar 
pela mesma via a inércia quanto à prática de atos normativos secundários, como regulamentos 
e instruções, pois tal omissão também contribui decisivamente para o déficit da legitimidade 
constitucional, como principal conseqüência da falta de aplicabilidade das normas 
constitucionais. 
 
 
f) Processo e julgamento 
 
 O processo e o julgamento da Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) se encontra 
regido pela Lei n. 9868/99, que também o faz em relação à Ação Declaratória de 
Constitucionalidade (ADC), não havendo lei que regulamente o especificamente o 
procedimento da ADI por omissão. Entretanto, em geral, o procedimento para o controle 
abstrato será substancialmente o mesmo da ADI, de forma que são aplicáveis ao processo de 
inconstitucionalidade por omissão muitos dos procedimentos endereçados formalmente à ação 
genérica. 
 
 Em conseqüência, a petição inicial deverá indicar o dispositivo impugnado, os 
fundamentos jurídicos do pedido em relação a cada uma das impugnações e o pedido, com 
suas especificações, devendo conter cópia do ato impugnado e procuração, quando a ação 
seja proposta por advogado (Lei n. 9868/99, art. 3º e parágrafo único) Se a petição inicial for 
inepta, não fundamentada ou manifestamente improcedente, será liminarmente indeferida pelo 
relator, cabendo agravo dessa decisão (Lei n. 9868/99, art. 4º e parágrafo único). 
 
 O relator pedirá informações aos órgãos ou autoridades das quais emanou o ato 
impugnado, que deverão prestá-las em trinta dias (Lei n. 9868/99, art. 6º e parágrafo único). 
Após o prazo das informações, serão ouvidos, sucessivamente, o AGU e o PGR, cada qual 
devendo se manifestar no prazo de quinze dias (Lei n. 9868/99, art. 8º). Após, o relator deverá 
lançar o relatório, com cópia para todos os Ministros, e pedirá dia para o julgamento (Lei n. 
9868/99, art. 9º, caput). 
 
 Não se admite desistência na ADI (Lei n. 9868/99, art. 5º), nem tampouco intervenção de 
terceiros (Lei n. 9868/99, art. 7º), o que se explica pelo seu caráter marcadamente

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