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RESUMO DIREITO DE VIZINHANÇA Jonathan Lima

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O direito à propriedade é, em regra, absoluto, exclusivo, facultando ao proprietário usar, dispor, gozar e reaver a coisa de quem quer que injustamente a possua, detenha ou retenha. Contudo, essas regras não são absolutas, e têm algumas exceções positivadas no Código Civil, as quais visam estabelecer regras e limitações no exercício do direito de propriedade, tendo como o objetivo maior a função social e o bem da coletividade. Para tanto, pode-se dizer que o direito de vizinhança (Arts. 1.277 a 1.313, CC) é uma dessas limitações impostas pelo legislados para dirimir possíveis celeumas existentes entre proprietários vizinhos que, direta ou indiretamente, pretendam fazer uso de suas atribuições de forma indiscriminada e/ou em detrimento do direito alheio, não vislumbrando a função social para qual se destina.
Este capítulo do Código Civil brasileiro visa proteger o Direito de terceiro na relação real existente entre a coisa e seu possuidor, comtemplando em sua natureza jurídica a limitação do direito de propriedade e as obrigações que daí resultam, visando evitar injustiças que causem prejuízos morais ou materiais a um terceiro, seja proveniente de boa ou má fé, assegurando ao prejudicado a indenização que lhe for cabível.
Na primeira parte do direito de vizinhança (Cap. V, seção I – arts. 1.277 a 1.281, CC) é nítida a limitação do uso da propriedade de forma indevida, onde prevê que o “proprietário ou o possuidor de um prédio tem o direito de fazer cessar as interferências prejudiciais à segurança, ao sossego e à saúde dos que o habitam, provocadas pela utilização de propriedade vizinha”, proibindo as interferências considerando a natureza da utilização, a localização do prédio, se atendidas as normas que distribuem as edificações em zonas e os limites ordinários de tolerância dos moradores da vizinhança.
No art. 1.278, o legislador consignou ressalva para o pleito daquele dispositivo, elencando a prevalência das interferências justificadas pelo relevante interesse público, não sendo eximindo o proprietário causador do pagamento de indenização ao prejudicado, este por sua vez tem o direito de, mesmo sendo judicialmente decido que deva tolerar, poderá exigir que sejam reduzidas ou eliminadas quando for possível.
Está assegurado ainda o direito de exigibilidade de demolição ou reparação de prédio que ameace ruína, ou ainda, de forma preventiva, a garantia de ações assecuratórias contra eventuais prejuízos em virtude de dano iminente (arts. 1.280 e 1.281, CC).
Na segunda seção do Direito de vizinhança, o legislador trouce, em seu art. 1.282, a previsão da existência de árvores limítrofes, cujo tronco estiver na linha divisória, presume-se pertencer em comum aos donos dos prédios confinantes (que fazem fronteira), sendo claro que o vizinho não pode ser prejudicado pela invasão dos galhos das árvores limítrofes, pois em seu art. 1.283, existe a previsão legal que viabiliza o corte até o plano vertical do limite fronteiriço (raízes e ramos que ocasionarem moléstia ao vizinho), e os frutos existentes são pertencentes ao proprietário do terreno que eles caírem, ressaltando que isto deverá ocorrer de forma natural, não provocada por ação humana (art. 1.284, CC).
O art. 1.285 do CC, prevê a “passagem forçada”, cuja nomenclatura é meramente ilustrativa, onde o dono de um prédio que não tiver acesso às vias públicas poderá constranger o vizinho a lhe ceder passagem, obviamente que mediante o pagamento da indenização pertinente, e se necessário, o rumo será definido judicialmente.
	É válido ressaltar que, essa passagem será definida observando o imóvel que possibilite a viabilidade de forma mais fácil e natural.
	No art. 1.286 do CC, temos que o proprietário de um imóvel deverá tolerar a passagem subterrânea de cabos, tubulações e outros condutos de utilidade pública, mediante indenização que atenda a desvalorização da área afeta, quando for impossível ou onerosamente inviável outros meios. Outrossim, poderá o proprietário do imóvel exigir que as obras sejam realizadas de forma menos danosa e ainda, caso as mesmas ofereçam grave risco, será facultado ao proprietário onerado exigir a realização de obras de segurança.
	Com relação ao curso das águas entre terrenos vizinhos, segundo o artigo 1.288, “o dono ou possuidor do prédio inferior é obrigado a receber águas que correm naturalmente do superior”, isso referente a chuva ou que brotam do solo, não podendo ser feito obras que mudem o curso das águas ou que prejudiquem a condição anterior e natural da propriedade inferior. É evidentemente claro que a obrigatoriedade do recebimento das águas só se dá daquelas naturais, e não as nocivas ou servidas.
O dono ou titular do prédio inferior não está obrigado a receber o fluxo de água de prédio superior que ali não tenha ido por força da natureza, consoante art. 1.289 do Código Civil.
O art. 1.290 faz referência às águas provenientes de nascentes ou às águas pluviais, onde o dono do prédio inferior tem o direito de receber as águas supérfluas, o que se apurará em cada caso, devendo sempre ser coibido o abuso e buscando o maior aproveitamento possível das águas pelo maior número possível de pessoas.
O possuidor do imóvel superior não pode poluir as águas indispensáveis a vida dos possuidores do imóvel inferior (art. 1.291), se caso o fizer, estará sujeito a ressarcir danos ou prejuízos.
O proprietário tem direito a cercar, murar, valar ou tapar de qualquer modo o seu prédio, urbano ou rural (art. 1.297) e poderá constranger seu vizinho a proceder com ele à demarcação entre os dois prédios, sendo presumido, até que se prove o contrário, que o material utilizado para este fim pertence a ambos, sendo estes obrigados a concorrer para a manutenção de forma igualitária, em conformidade com os costumes da região.
Visando a garantia da privacidade entre os confinantes, os direitos de construir, de que trata os arts. 1.299 a 1.313 do Código Civil, também limitam o exercício do direito de propriedade, pois são direitos dependentes, contidos no direito de propriedade.
O proprietário pode levantar em seu terreno as construções que lhe interessarem, desde que estas não ultrapassem o limite do interesse e privacidade dos vizinhos e os regulamentos administrativos. Na teoria, cada um constrói no seu terreno o que bem entender da forma que for mais viável, contudo o interesse dos demais proprietários (vizinhos), também precisam ser atendidos.
Deve ser entendido que existe a liberdade de construir, como regra, no entanto, as limitações como exceções, vêm expostas pelo ordenamento.
Podemos elencar como exemplos os arts. 1.300, 1.301, 1.303 e 1.308, todos do CC, onde define regras e limite métricos para construção de prédios, de forma a não despejar águas em cima do prédio vizinho, ou ainda, a limitação para a abertura de janelas, impossibilitando a invasão de privacidade, a declaração de ilicitude em encostar nas paredes divisórias chaminés, fogões, fornos ou quaisquer aparelhos ou depósitos suscetíveis de produzir infiltrações ou interferências prejudiciais ao vizinho.
Desta forma, percebemos que o direito de vizinhança visa garantir o bem-estar social dos indivíduos que vivem em um mesmo ambiente, dividindo as obrigações para um convívio mais harmonioso e limitando o direito às prerrogativas da posse real e da propriedade.

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