Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
(01) Credenciais do autor, extraída do livro teoria do Fato Jurídico 3º edição, saraiva 1988. Nome: Alexandre Duarte Nunes Curso: Direito Data: 06/07/2016 Disciplina: Direito Civil I Professor: Geraldo Jobim RESENHA CRÍTICA Bernardes-de-Mello, Marcos. Teoria do Fato Jurídico 3º edição Saraiva 1988. 217 p. 1 CREDENCIAIS DO AUTOR ``Professor de Direito Civil e Teoria Geral do Direito (Graduação e Pós- graduação) do Curso de Direito da Universidade Federal de Alagoas. Professor de Direito Civil da Faculdade de direito do Recife. Membro da Academia Alagoana de letras Jurídicas. Membro dos Institutos dos Advogados de Alagoas e Brasileiro´´. (01) 2 RESUMO DA OBRA A obra é constituída de duas partes com XIV capítulos, todos sob a responsabilidade do autor, que utilizando sua experiência, método e fundamentação aprofunda-se nos conceitos da teoria geral dos fatos Jurídicos. O autor, na primeira parte da obra denominada ``conceitos fundamentais´´ discute, em cinco capítulos, os conceitos fundamentais do Fato Jurídico, começando temos uma visão integrada do homem e sua adaptação para vida em sociedade e a necessidade do direito para manter a ordem social, em seguida, diferencia o mundo dos fatos (sentido amplo) que engloba tudo na natureza e não precisa da ação do homem para ocorrer, e do mundo jurídico, isto é, quando um fato da natureza, ou então, um ato humano são relevantes para as relações sociais e precisam ser regulados mediante normas jurídicas, conferindo-lhes, (efeitos jurídicos), distinguindo-os dos demais fatos. Fala também da logicidade do mundo jurídico, esse de criação do homem, e situa-se no plano das ideias e nada muda no mundo dos fatos da natureza física, levando-nos a crer que exista uma barreira entre direito e realidade, mas isto não é verdade, pois a simples existência da norma jurídica e a previsão de seus efeitos jurídicos, já é suficiente para que os grupos afetados sigam a conduta desejada. O fenômeno jurídico nos mostra três dimensões: Política, onde os juristas decidem e nos apresentam as normas, uma dimensão valorativa onde é decidido quais fatos são relevantes ao ordenamento jurídico. Normativa, ditando as condutas baseando-se no suporte fáctico a ela atribuído, independendo do seu cumprimento pelas pessoas, elas existem, são validas e geram seus efeitos. Sociológica, relacionando a norma jurídica à sua objetiva ação na sociedade, e o conceito do dever-ser, nos casos de conduta contrária a norma. Uma visão integrada da complexidade e momentos distintos dessas três dimensões, faz-se necessária para a melhor compreensão do fenômeno jurídico. Bernardes de Mello, nos lembra que é possível tratar somente uma das dimensões do fenômeno jurídico, mas este corte não anula as outras dimensões. Propondo-se a estudar o plano da existência, devemos adotar a dimensão normativa, dando crédito especial à profunda análise feita por Pontes de Miranda. Os fatos jurídicos compõem o mundo jurídico, fatos jurídicos são consequência de normas incidindo sobre suporte fáctico assim que estes aconteçam no mundo concreto, sendo a norma jurídica uma proposta, que, acontecendo suporte fáctico terá efeitos jurídicos. Adiante, o ordenamento jurídico é um conjunto de normas que se completam integralmente com harmonia e coerência, precisando muitas vezes ser analisadas como um todo, para que uma norma não pareça sem sentido/suporte, dentro de sua instituição jurídica, temos também normas que (01) Credenciais do autor, extraída do livro teoria do Fato Jurídico 3º edição, saraiva 1988. integram outras normas, sem nesse ínterim definir efeitos próprios. Tendo a norma jurídica uma estrutura lógica e complexa, trazendo-nos discordâncias doutrinárias, entre sancionistas e não-sancionistas, a grosso modo, os sancionistas defendem uma estrutura dupla da norma dividindo-a em primária e secundária seguindo formulações como as de Hans Kelsen, Carlos Cossio e Lourival Vilanova, que mesmo divergindo em alguns pontos aceitam a dúplice estrutura da norma jurídica. Não-sancionistas, posição defendida por autores como o já mencionado Pontes de Miranda, Karl larenz, entre outros, que defendem que a norma jurídica é uma proposta completa, quando nela conter o suporte fáctico e a determinação que a ele corresponde. Elementos estruturais da norma jurídica: É necessária a previsão hipotética do fato para condição de existência, (suporte fáctico), assim que ocorram no mundo concreto incidirá a norma, dando origem ao fato jurídico. Que podem ser abstratos ou concretos. A relevância dos fatos nas relações intersubjetivas: Um simples fato natural, animal ou ato humano, podem tornar-se suporte fáctico da norma, recebendo sentido jurídico, os fatos naturais que não possam ser facultados ao homem, não entrarão no estudo do direito. Os atos humanos que interessam, são aqueles que se manifestam no meio social, podendo ou não ser intencionais, e até mesmo, os ignorados ou acobertados pelo agente, todos serão qualificados de atos jurídicos (lato sensu), que independente da vontade geram resultados no plano físico, neste caso os atos avolitivos classificar-se-ão atos-fatos jurídicos. Estimações valorativas podem ser agregadas ao suporte fáctico, exemplos: imprudência, malícia, idoneidade, negligência, imoralidade, etc; também as probabilidades de efeitos futuros, até mesmo fatos jurídicos e efeitos jurídicos, acrescentam componentes ao suporte fáctico. A casualidade física e o tempo cronológico, têm muita importância no mundo do direito, por causa, respectivamente, da ilicitude relacional e seu transcurso natural, exemplos: a tentativa malsucedida de um ato ilícito pode criar efeitos jurídicos de outra espécie de crime, e a passagem de tempo é o elemento crucial em questões de usucapião, prescrição, na mora, entre outros. Elementos positivos do suporte fáctico podem ser simples, complexos, contínuos, estados fácticos e ou jurídico contendo existência no tempo e espaço, incapacidade por menoridade, é um exemplo, de efeitos do elemento positivo do fato jurídico. Exemplos de elementos negativos do suporte fáctico: abstenções, ausência, omissões, o não ter acontecido, etc. A complexidade do suporte fáctico, nos sugere que geralmente mais de um fato o compõe, mas, sempre há um núcleo fáctico ou dado fundamental que nos leva a seu formato final. Devemos lembrar de não cair no erro de confundir indistintamente, o fato real, o suporte factico, estes, pré-jurídicos e o fato jurídico, que ao incidir a norma já é parte do mundo jurídico. São características da incidência da norma jurídica: incondicionalidade, lembrando que em algumas variedades, porém, permite-se à vontade individual poder afastá-la, podendo dispor de modo diferente sem infringi-la, inesgotabilidade, pois toda vez que compuser suporte fáctico, a norma incidirá, a vigência, ou seja, a temporalidade da existência da norma. Fato e realidade, apenas os fatos que podem ser provados serão considerados para fins de incidência das normas, podem acontecer também de os sistemas jurídicos darem-se por satisfeitos com a simples comunicação de ciência dos fatos. O suporte fáctico deficiente pode refletir no plano da existência anulando ou invalidando o efeito jurídico, porque, quando o suporte fáctico não é suficiente, essa falta pode atuar nos planos da eficácia ou da validade. Existem normas jurídicas, cuja incidência geram a chamada desjuridicização, retirando o fato do plano jurídico e devolvendo-o para o plano dos fatos reais; e as que são pré-excludente de juridicidade, evitando que determinado fato (os) tornem-se jurídicos. Por fim, temos as normas de deseficacização, sua incidência retira a eficácia que o fato jurídico gerou sem, no entanto, mudá-lo em sua existência ou validade, tais normas atuam unicamente noplano da eficácia, dando como exemplo, a prescrição e a caducidade. Analisando as generalidades dos planos da existência, validade e eficácia, notamos a (01) Credenciais do autor, extraída do livro teoria do Fato Jurídico 3º edição, saraiva 1988. possibilidade de os fatos juridicos encontrarem problemas, em um ou mais planos ao mesmo tempo, como o exemplo dado pelo autor, do testamento feito antes da morte do testador, sendo que existe, é válido, e ineficaz, outras combinações existem mas o elemento da existência não varia, concluindo que esses três planos são unidades distintas e o da existência é basilar para os outros dois. O plano da existência é o portal de entrada do mundo jurídico, quando o suporte fáctico relevante sofre incidência da norma, gerando a juridicização, (fato jurídico). Plano da validade, se o fato judico existente tiver em seu suporte fáctico a vontade do homem,(ato jurídico stricto sensu e ou negocio jurídico) terá que ser analisado em sua validade, diferente de outros atos, independentes de desejo humano, como os fatos ilícitos lato sensu e também o ato ilícito já que não poderão ser anuláveis ou nulos, não passam pelo plano da validade. Os efeitos juridicos acontecem no plano da eficacia, e algumas vezes, independente de passar no da validade, nesses casos a simples existência cria a sua eficacia. Na segunda parte do livro: ``do fato jurídico ao plano da existência´´, começa fazendo uma classificação dos fatos juridicos, utilizando duas formas doutrinarias, que podem ser, segundo seus efeitos, constitutivos, extintivos ou modificativos, temos também a classificação da natureza dos fatos, tendo dois grupos e suas subdivisões: naturais (ordinários e extraordinários ), ações do homem (atos juridicos lato sensu e atos ilícitos), ambas consideradas incompletas, por apresentar falta de metodologia cientifica e imprecisão na abrangência das categorias. Preferindo adotar então, o modelo de classificação desenvolvido e proposto por Pontes de Miranda, baseado no elemento nuclear do suporte fáctico, ficando assim: Fato jurídico lato sensu grupos a e b, grupo a (lícitos), grupo b (ilícitos), os lícitos divididos em: a) fato jurídico stricto sensu, b) fático-jurídico, c) ato jurídico lato sensu; E os ilícitos em: a) fato ilícito stricto sensu, b) ato-fato ilícito, c) ato ilícito; Do ato jurídico lato sensu extraem-se duas categorias, a) ato jurídico stricto sensu, b) negocio jurídico; E dos atos ilícitos extraímos, a) absoluto, b) volitivo, c) nulificante, d) caducificante. Das espécies lícitas: 1- singelo conceito de ato-fato-jurídico, houve uma ação humana, mas, não vontade de praticar o ato. 2- sc. de ato jurídico lato sensu, existe a vontade consciente do agente em praticar o ato lícito. 3- sc. de negócio jurídico, o cerne do suporte fáctico neste caso é a vontade dos agentes, expressa na forma de um acordo valido e eficaz. Das espécies ilícitas: 1- sc. de fatos ilícitos stricto sensu, são fatos de ação da natureza, quando vinculados ao homem, geram ilicitude. 2- sc. de ato-fato ilícito, não há vontade em produzir o fato, embora tenha responsabilidade de seus efeitos. 3- sc. ato ilícito lato sensu, abrange toas as ações e omissões, volitivas ou não, de pessoa imputável, gerando efeitos juridicos negativos. Das características das espécies de ato ilícito, classificamos em, 1- ato ilícito stricto sensu, 2- ato ilícito relativo, 3- ato ilícito caducificante, 4- ato ilícito nulificante. 3 Conclusão do resenhista Mello nos faz entender que o direito é fundamental, para o viver em sociedade, e a diferença do mundo concreto e o mundo jurídico, fala também das dimensões do fenômeno jurídico: valorativo, normativo, sociológico, aprofundando-se na dimensão normativa e nos três planos: existência, validade, eficacia, evidenciando que o suporte fáctico é o cerne, para os efeitos e todo o mundo jurídico. Não podemos esquecer que primeiro a norma incide sobre o suporte para depois gerar seus efeitos. O suporte fáctico tem vários elementos, tanto positivos quanto negativos, e sua complexidade influência nos planos da eficacia e validade, o autor também classificou o fato jurídico, adotando a linha de Pontes de Miranda, demonstrou o sistema esquemático do fato jurídico, lato sensu, strictu sensu, ato jurídico, fato jurídico, negócio jurídico, ato lícito e ilícito e ato (01) Credenciais do autor, extraída do livro teoria do Fato Jurídico 3º edição, saraiva 1988. -fato. Demonstrou por último as espécies lícitas e ilícitas e as enumerou. 4 Crítica do resenhista O livro dar-nos subsídios, para o complexo estudo da Teoria do Fato Jurídico, o autor apoia- se em grandes e renomados juristas, para embasar suas teses, com destaque especial ao reconhecido intelectual Francisco Cavalcante Pontes de Miranda. Traz conceitos fundamentais, exemplificados e esmiuçados repetidas vezes, e contrapontos de diversas doutrinas, para colocar suas posições, o que me leva deduzir que a obra, apesar de se autossustentar, buscar pelas referências do autor faz-se necessário para o completo entendimento da matéria, e nós iniciantes no estudo do direito encontramos dificuldade com a linguagem técnica utilizada, isto em nada deprecia o trabalho do autor, pois ainda não foi inventada uma forma simples de explicar matérias com grau complexo como esta.
Compartilhar