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* * * UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA FACULDADE DE MEDICINA PROFESSORA SILVIA SOARES SANT’ANA DISCIPLINA: ÉTICA FUNDAMENTAL Texto – A Ética e o Justo Meio em Aristóteles 1º-04-2008 Objetivos da aula: Analisar os aspectos éticos na pensamento aristotélico. Refletir sobre a ação enquanto objeto da Ética Pensar a Ética enquanto caminho para a Eudaimonia Verificar a importância da Ética na atualidade Entender como a Razão é o meio para a realização do Bem supremo. * * * Nascimento da Ética no contexto do pensamento Ocidental. Sócrates Por que Sócrates é considerado o pai da filosofia e o pai da Ética? * * * Objetos de estudo da Ética Éthos Êthos (e breve fechado) (e longo aberto) Costume Uso Hábito Éthos se refere ao costumeiro. (mos, mores = costumes e hábitos) Os medievais usavam a palavra moral tanto para costumes quanto para caráter. Caráter Maneira de ser de uma pessoa Índole Temperamento Os costumes de alguém (animal, homem, uma cidade) conforme a sua natureza. * * * Criador da Filosofia Prática Aristóteles de Estagira (367 ou 366 a 322 a.C) Discípulo de Platão Preceptor de Alexandre * * * Platão Aristóteles O conhecimento verdadeiro está no mundo das idéias, inteligível. ____________________ A Ética é parte integrante da vida contemplativa - é um saber teorético do mesmo tipo da matemática. (O saber teorético contempla os objetos e assim chega-se aos conceitos: A Beleza, A Justiça, O Amor) O conhecimento verdadeiro é originário no mundo empírico. ____________________ A Ética refere-se às ações humanas. É a ciência da práxis humana. (A Ética cria, transforma seu objeto, a ação, buscando ser belo, ser justo e amar) * * * Práxis: Ação, ato (por oposição a fabricação, poíesis = fabricação de objeto artesanal) Atividade (por oposição a paixão, passividade, páthos = paixão, sentimento forte, emoção, aquilo que se sente) Realização, maneira de agir e maneira de ser Verbo prátto = percorrer um caminho até o fim, alcançar o objetivo, executar, cumprir, agir, etc. Em Aristóteles na práxis ação e resultado são inseparáveis. Clique para editar o estilo do título mestre Clique para editar o estilo do subtítulo mestre * * * Toda ação e toda produção tende a um fim, objetivando um resultado. Como tudo na natureza: O homem age tendo em vista um fim ou uma finalidade. “Toda arte (tékhne) e todo procedimento (méthodos), assim como toda ação (práxis) e toda escolha (proaíresis), tendem para algum bem” * * * Tékhene: arte manual, técnica, ofício, habilidade. Méthodos: busca, investigação, estudo feito segundo um plano. Metá = vir depois de, em seguida, após + odós = via, caminho, modo de fazer). Proaíresis = Escolha dos preferíveis, escolha moral do agente ético e político. Segundo Aristóteles proaíresis é a escolha racional de uma ação pela avaliação de seu valor moral que tende a um Bem. * * * Distinção entre ciências práticas e produtivas e o aspecto comum entre todas as atividades humanas. Todas têm como finalidade um bem. O bem é do indivíduo que se prepara para viver na polis O bem humano é a finalidade da política O bem das ciências práticas (ética e política) é a atividade humana O bem das ciências produtivas (arte e técnica) é a obra, objeto produzido, diferente da atividade realizada. * * * A ética na polis Ética refere-se ao indivíduo. Para Aristóteles só é possível ser ético na polis (vivendo em sociedade) Senão como posso exercer a justiça? Ser justo em relação a quem? Somente na Cidade os homens podem alcançar o bem propriamente humano. Política é a ciência prática arquitetônica. * * * Se toda a ação tende a um bem... Qual o bem ético do indivíduo, fim ao qual todo indivíduo aspira? * * * Um bem é sempre uma virtude.. Areté – Mérito ou qualidade nos quais alguém é o mais excelente; excelência do corpo e da inteligência. A Felicidade não é um estado de espírito subjetivo: ...consiste numa atividade da alma de acordo com a virtude (...) e isto numa vida realizada plenamente[...], e assim, a felicidade não é obra de um só dia, nem de pouco tempo, mas de uma vida inteira. Clique para editar o estilo do título mestre Clique para editar o estilo do subtítulo mestre * * * Eudaimonia Felicidade, prosperidade, abundância de bens. V. Eudaimonéo = ter êxito, conseguir, ser feliz. Eu = de origem nobre, algo bom ou justo, dá sentido positivo as palavras que o acompanham. Daímonia = refere-se as coisas divinas como inspirações, presságios, benfeitorias divinas para os homens. Eudaimonia – ação boa. Como viver bem? Como agir bem? _______ Como alcançar a felicidade? Eis a primeira questão da ética... * * * A felicidade é a essência do fim ético. Ela é um Bem. Um bem é mais perfeito quando procurado por si mesmo e não em vista de outra coisa. Agir sem objetivar um resultado, embora o resultado ou o efeito seja inevitável. O bem (perfeito) possui um grau de auto-suficiência (autárkeia) A riqueza, o prazer e a inteligência são bens (imperfeitos) porque são buscados como meios para outros fins. * * * Qual nossa concepção de felicidade? O que torna o homem de hoje feliz? * * * A Cultura Ocidental Global Capitalista É orientada pela práxis: Poíesis e páthos A felicidade hoje é orientada pelas ações de: Trabalho, produção e fortes emoções. * * * Felicidade refere-se a ação virtuosa O que produz a boa ação ou ação virtuosa? Equilíbrio Harmonia Ordem Felicidade Saúde * * * Peculiaridades da ação humana As ações humanas não são como operações que são necessárias e produzem o mesmo efeito. A ação humana não é necessária mas contingente. As ações são possibilidades. É possível ser justo, como é possível ser injusto. As ações humanas decorrem de: Uma vontade (deliberada) para escolher a ação. Uma escolha que se refere ao futuro que é possível, mas não necessário. Apetites, desejos e tendências irracionais. * * * Paixão: Intervem na contingência, na incerteza das ações humanas. O homem é lógos mas é também páthos, é desejo, é carência, é um ser de falta e de afetividade. Desejo é a inclinação natural para buscar prazer e fugir da dor. * * * Paixão é movimento: Natural ou Violento Porque somos feitos de matéria e esta é sempre carente, desejante, passiva. A alma humana é também sensitiva e apetitiva. Porque os movimentos na busca desenfreada pelo prazer e a fuga da dor, oscilamos entre o excesso e a falta. * * * Excessos – Falta – Justo meio Vício Vício Virtude Libertinagem Covardia Irascibiliadade Insensibilidade Ousadia Indiferença Temperança Coragem Gentileza Vícios e virtudes formam-se sempre por deliberação e escolha. Qual a tarefa da ética diante da paixão? * * * O agente ético e a virtude As paixões afetam nosso caráter e nossa índole ou nosso temperamento Nosso caráter é nosso temperamento, ou seja, o modo como se temperam os quatro elementos e os quatro humores. 4 elementos: terra, água, fogo e ar 4 humores: sangue, fleuma, bílis amarela e bílis negra. (Sucos ou humores = Cada um de quatro tipos de matéria líquida ou semilíquida que existiriam no organismo humano e que, no indivíduo sadio, se encontrariam em equilíbrio e lhe caracterizariam o temperamento; a ruptura de tal equilíbrio determinaria o aparecimento de doença) * * * ...agente ético: Cada caráter ou temperamento possui desejos diferentes, pois para cada um os objetos de prazer e dor são diferentes. Cada caráter está mais propenso a determinadas doenças, vícios ou virtudes Mas o vício é sempre o excesso ou a falta. Enquanto a Virtude é o justo meio é a moderação. “Nosso caráter é resultado de nossa conduta” * * * Virtude: (phrónesis = prudência ética, sabedoria moral, inteligência razoável, sensatez) É a medida entre os extremos contrários, a moderação entre dois extremos. É o justo meio nem excesso nem falta A virtude não é uma inclinação (como o desejo é uma inclinação natural) A virtude é uma héxis (disposição) A virtude é um hábito adquirido ou uma disposição constante e permanente para agir racionalmente em conformidade com uma medida humana, determinada pelo agente ético ou homem prudente. * * * Hábito: O exercício da vontade sob orientação da razão para deliberar sobre os meios e escolher os fins nas ações que permitam satisfazer o desejo sem cair nos extremos. * * * Virtude: É ação, atividade da vontade que delibera e escolhe segundo a orientação da razão, com vista ao bem do agente, isto é, sua felicidade. O homem não nasce bom, mas nos tornamos bons com os atos bons, pois atualizam nossa potencialidade para a razão e para a felicidade. “não é apenas conhecer o que é bom, mas saber como nos tornamos bons”
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