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Conteúdo 7 - PROTEÇÃO RADIOLÓGICA

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PROTEÇÃO RADIOLÓGICA
 
Fontes de Radiação Ionizante e Aplicações na Indústria e Saúde.
O objeto de estudo da nossa disciplina são as fontes de radiação ionizante. São consideradas fontes de radiação ionizantes aquelas que emitem energia na forma corpuscular ou eletromagnetica com capacite de ionizar os sistemas biológicos. A ionização é caracterizada pela emissão direta ou indireta de um ou mais elétrons devido a chegada da radiação. Essa radiação, devido a ionização, pode provocar efeitos biológicos relacionados a sua intereação. Devemos lembrar que as fontes de radiação ionizante são do tipo natural, existem naturalmente na natureza, ou artificial. O profissional que trabalha com com formação de imagem pode estar trabalhando com fonte artificial ou natural de radiação ionizante ou não. Sendo assim, o profissional da Radiologia deve abordar a disciplina Proteção Radiológica com o objetivo de estudar: os tipos de radiação ionizante e suas características, os possíveis efeitos biológicos relacionados a exposição a radiação ionizante, as legislação relacionada à proteção radiológica, os princípios de proteção radiológicas e os laudos radiométricos. Além disso, a própria legislação preve que os cursos que formam profissionais atuantes na área de formação de imagem com radiação ionizante devem ter ampla carga-horária de Proteção Radiológica.
A radiação ionizante usada na saúde pode ser do tipo corpuscular ou eletromagnética.
A radiação corpuscular, que pode ser artificial ou natural, possui massa e pode ou não possuir carga (exemplo: partículas alga, partículas beta, neutrons, etc.). Essa radiação possui pouco poder de penetração e pode ser blindada com facilidade.
A radiação eletromagnética é composta por fótons que são pacotes de energias que não possuem: massa, carga ou tamanho e propagam no espaço a velocidade da luz (exemplo: RX e raios gama). Essa radiação possui grande poder e penetração e exige blindagem efetiva mais de maior espessura.
Ambos os tipos de radiação possuem aplicação na Radiologia, porém, geralmente, a radiação eletromagnética é usada para formação de imagens (a Radiologia Convencional usa o RX e a Medicina Nuclear usa os raios gama) e a radiação cospuscular é usa em terapia (raios alfa e beta em Medicina Nuclear e Radioterapia). Na industria o tipode de radiação usada é a eletromagnética devido ao seu grande poder de penetração.
Fontes de Radiação Seladas e Não-Seladas
A radiação pode ser produzida por elementos químicos, radioisótopos, ou por processos de transformação de energia, os RX. Quando trabalhos com radioisótpos existe a necessidade de maiores cuidados para evitar que esses elementos químicos contaminem fisicamente: pessoas, equipamentos e ambiente. Lembrem-se do caso do Césio-137 em Goiânia quando houve a contaminação do ambiente devido à falta de controle no descarte de uma cápsula conteúdo Césio-137, durante a desativação de um Hospital. Sendo assim, essas fontes radioativas podem ser seladas ou não seladas.
Quando seladas apenas a sua radiação pode ser usada e não o material radioativo (elemento químico), pois não há há o contato físico desse material com o meio externo. Como exemplo podemos citar o próprio Césio-137 que ao ser utilizado em Radiologia é uma fonte selada.
As fontes não seladas permitem o contato do material radioativo com o meio externo em procidementos controlados. Podemos citar como exemplos os radioisótopos que são utilizados na Medicina Nuclear e administrados ao paciente por: inalação, ingestão ou no sistema circulatório, como: Tálio-201, o Gálio-67, o Iodo-131, o Tecnécio-99m, etc, que são fontes não seladas, pois têm contato com os equipamentos utilizados na administração ao paciente além do próprio paciente.
Nos locais onde ocorre a manipulação dessas fontes radioativas existem regras específicas para os profissionais como, por exemplo, a proibição de: comer, beber, trabalhar sem EPI's, etc. Dependendo do serviço e dos procedimentos realizados nesses serviços são feitas monitorações periódicas para verificar se existe a contaminação do ambiente. Além disso, os profissionais são monitorados mensalmente através do uso de dosímetros pessoais, para controle de eventuais exposições ocupacionais.
Efeitos Biológicos da Radiação
O trabalho com Radiação Ionizante pode levar a exposição ocupacional ou não. Essa exposição pode gera efeitos que são conhecidos como "Efeitos Biológicos da Radiação" que são amplamente estudos em todo mundo devido a grande abrangência do uso das radiações ionizante em suas diferentes áreas de aplicação. Duas grandes fontes de estudo dos efeitos biológicos são as populações das cidades de Hiroshima e Nagasaki e as populações das cidades vizinhas ao acidente radioativo de Chernobyl na antiga URSS.
Apesar da importância dos estudos já realizados o surgimento dos efeitos biológicos das radiações não é bem determinado nos indivíduos a não ser em casos de grandes doses de radiação, pois depende muito da radiossembilidade do indivíduo exposto. A radiossembilidade significa a sensibilidade dos tecidos e órgãos a exposição a radiação. Alguns indivíduos, por motivos ainda não bem determinados, são mais radioresistêntes à exposição e outros são mais radiossensíveis.
Os principais efeitos biológicos que susgem nos indivíduos expostos a radiação ionizante são: 
Estocástico - está associado a uma única dose baixa de radiação e pode levar a transformação celular
Somático - está associado a sucessivas doses baixas e pode levar a transformação celular. Se o número de exposições for grande pode chegar ao limiar do Efeito Determinístico
Determinístico - está associado a dose ou doses de radiação acima do limiar conhecido e relacionados ao respectivo efeito, levando a morte celular
Genético ou Hereditário - podem surgir como consequência de exposições relacionadas principalmente aos efeitos Estocásticos ou Somáticos quando ocorrem em células germinativas.
É importante que o profissional da área de Radiologia entenda que as técnicas de formação de Imagem têm relacionadas a elas baixas dose de radiação para o paciente e, portanto, pouca probabilidade da ocorrência de algum desses efeitos no paciente, pois o surgimento desses efeitos está associado a quantidade de energia "depositada" no organismo pela radiação. Portanto, o paciente que realiza algum procedimento de diagnóstico realiza um procedimento seguro. Nos procedimentos relacionados à terapia as doses de radiação são maiores, pois é preciso fazer surgir o Efeito Determinístico para morte celular do tumor. Então, pode, mas não é possível determinar quando e se vai ocorrer, surgir algum efeito biológico no paciente. Em relação aos profissionais da área, eles não ficaram expostos a radiação ionizante em nenhum procedimento seja de diagnostico ou terapia, se realizados da forma correta.
Fatores de Proteção Radiológica
Devido ao risco potencial do desenvolvimento de efeitos biológicos devido à exposição a radiação ionizante surgiu a Proteção Radiológica. Ela visa criar: métodos, rotinas e procedimentos com o objetivo de evitar a exposição desnecessária: do trabalhador da área (ocupacional), do público em geral e  do paciente. Medidas de Proteção Radiológica são estabelecidas pela Secretaria de Vigilância Sanitária do Ministério da Saúde e pela CNEM (Comissão Nacional de Energia Nuclear), porém, na prática nem sempre é possível utilizar-se desses dispositivos legais. Sendo assim, é preciso que o profissional da área tenha conhecimento de outras formas de proteção radiológica baseadas no conhecimento das propriedades da radiação ionizante. Essas formas de proteção são chamadas de Fatores de Proteção Radiológica que são:
- Tempo
- Blindagem
- Distância
Apesar da Blindagem ser institucionalizada através dos dispositivos legais e ser bem difundida em todos os Projetos de Proteção Radiológica os demais fatores passam despercebidos para maioria dos profissionais da área.
O fator tempo influencia diretamente na dose de radiação recebida, pois quanto maior o tempode exposição à radiação ionizante maior será essa dose. Portanto, deve-se buscar o menor tempo possível de exposição, se assim for necessário.
A Blindagem está relacionada à interação da radiação com a matéria. Quanto maior for a espessura e densidade do material usado para blindagem
nos serviço de Radiologia mais efetiva é a atenuação da radiação.
A distância está relacionada ao decaimento da intensidade da radiação com o quadrado da distância. Quanto maior a distância menor será a radiação que chega ao indivíduo numa proporcionalidade inversa ao quadrado dessa distância. Por exemplo, se indivíduo está recebendo 1 mSv de dose a 1metro de distância e ele afasta-se da fonte mais 1 metro, ele estará a 2 metros da fonte. A dose recebida por ele, no mesmo tempo, será dividida por2 ao quadrado, ou seja, 4 e será de 0,25 mSv.
O profissional da área pode utilizar o conhecimento dos Fatores de Proteção Radiológica no seu dia a dia para sua própria proteção.
 
Princípios de Proteção Radiológica
Os Princípios de Proteção Radiológica são medidas legais institucionalizadas pela Portaria 453 da Secretaria de Vigilância Sanitária em 1 de Junho de 1998, após o acidente radioativo ocorrido em Goiânia-GO. Esses princípios  tem base no princípio ALARA (As Low As Reasonably Achievable) e fundamentam a Proteção Radiológica no Brasil. Os 4 princípio de proteção radiológica podem ser encontrados no “Capítulo 2 – Sistema de Proteção Radiológica” da Portaria 453 cuja interpretação é dada abaixo:
 
PRINCíPIO DA JUSTIFICATIVA
(Justificação da prática e das exposições médicas individuais)
Segundo esse princípio nenhum ser humano pode ser exposto à radiação ionizante sem que exista a devida justificativa dessa exposição e já se tenha ponderado entre os benefícios e detrimentos relacionados a tal exposição.  Na prática, para os profissionais da Radiologia, a justificativa é caracterizada pela solicitação medida devidamente assinada com o número do CRM do médico.
Além disso, o princípio é claro ao proibir a exposição do ser humano para com o objetivo de: demonstração, treinamento ou outros fins que contrariem o próprio princípio.
Quando esse princípio entrou em vigou levou a desativação dos equipamentos de Abreugrafia, pois proíbe os de rotina de Tórax para fins de demissão e contratação.
 
 
PRINCíPIO DA OTMIZAÇÃO
(Otimização da Proteção Radiológica)
Segundo esse princípio todos os: procedimentos, equipamentos e acessórios radiológicos devem ser otimizados com o objetivo de reduzir a doze: no paciente, no trabalhador da área (ocupacional) e no publico em geral.
Quando esse princípio entrou em vigou levou a desativação de equipamentos que proporcionavam elevadas doses de radiação ao paciente durante o exame, como os Equip. de Fluoroscopia.
 
PRINCÍPIO DA LIMITAÇÃO DE DOSES INDIVIDUAIS
Esse princípio estabelece os limites de doses ocupacionais que podem ocorrer, trata da questão da profissional gestante e da idade para treinamento e efetivo exercício profissional. Para o profissional da Radiologia a dose efetiva média anual não pode ultrapassar o valor de 20 mSv  em qualquer período de 5 anos, não podendo exceder 50 mSv em nenhum ano.
Segunda a Portaria 453 a profissional gestante pode continuar a exercer suas atividades com radiação ionizante, desde que a dose efetiva na superfície do abdômen não ultrapasse 2 mSv no período restante da gravidez. Porém, a NR-32 (Norma Regulamentados Número 32 do Ministério do Trabalho) proíbe que tal trabalhadora continue exercendo atividades com radiação ionizante, devendo ser afastada para outra atividade, condizente com sua formação, que não utilize radiação ionizante.
 
PRINCÍPIO DA PREVENÇÃO DE ACIDENTES
Esse princípio diz que todas as rotinas e procedimentos dos Serviços com radiação ionizantes devem ser revisados de modo a reduzir ao máximo as exposições acidentais. 
 
Legislação Radiológica Pertinente – I
 A Portaria 453 regulamenta os profissionais que podem trabalhar com as técnicas de formação de imagem e, também, os profissionais necessários aos Serviços de Radiologia. É importante mencionar, novamente, que essa não é a única legislação relacionada a área, pois é preciso consultar também as Normas da CNEN e a NR-32 do Ministério do Trabalho.
Os serviços de Radiologia devem possuir, entre outros detalhes *:
 
- O responsável técnico pela instituição (RT) que deve ter formação em Medicina ou Odontologia (se o serviço for de odontologia).
- O supervisor de proteção radiológica (SPR) que deve possuir especialização em Física de Radiodiagnóstico ou possuir a mesma formação e qualificação exigida para o RT.
- O tecnólogo ou técnico com formação em radiologia na área específica do radiodiagnóstico.
 
Os serviços de saúde devem instituir treinamento anual que abordem aspectos de proteção radiológica. Durante os procedimentos em que o profissional estiver usando o avental de Pb o dosímetro individual deve ser colocado sobre o avental e utilizados o fator de redução de 1/10 para estimar a dose recebida.
Os assentamentos do serviço de Radiologia devem ficar arquivados pelo período de 5 anos a exceção dos Relatórios de Monitoração Individual que devem ficar arquivados durante 30 anos após da atividade do indivíduo com radiação ionizante.
A exposição de acompanhantes deve ser monitorada de forma a não ultrapassar 5 mSv durante o procedimento, devendo o acompanhante usar proteção individual de 0,25 mm Pb.
Os serviços de saúde devem possuir paredes blindadas com no mínimo 210 cm de altura, partir da qual essa blindagem pode ser reduzida. 
É proibida a realização de radiografia de pulmão com DFF menor do que 120 cm.
Durante a realização de exames radiográficos com equipamentos móveis em leitos hospitalares ou ambientes coletivos (UTI, berçários, etc) somente podem ser realizados a se é possível colocar os demais pacientes presentes a 2 metros do cabeçote ou filme.
Os avisos e sinalizações do serviço devem estar visível sendo:
1 - "raios x, entrada proibida a pessoas não atorizadas"
2 - "Quando aluz vermelha estiver acesa, a entrada e proibida"
3 - "Não é permitida a permanência de acompanhantes na sala durante o exame radiológico, salvo quando extritamente necessário e autorizado."
4 - "Acompanhantes, quando houver necessidade de conteção de paciente, exija e use corretamente vestimenta plumbífera para sua proteção."
5 - "Nessa sala somente pode permanecer um paciente de cada vez."
7 - "Mulheres grávidas ou com suspeita de gravidez: favor informarem ao médico ou ao profissional responsável antes do exame."
Legislação Radiológica Pertinente – II
  A legislação mais abordada nessa disciplina é a Portaria 453 porque ela trata das Diretrizes de Proteção Radiológica em Radiodiagnóstico Médico e Odontológico.
Além da Portaria 453 (Secretaria de Vigilância Sanitária do Ministério da Saúde) há ainda legislações importantes relacionadas aos serviços de Radiologia principalmente os serviços que trabalham com isótopo radioativo (elemento químico) devido ao risco de contaminação física. Relacionamos abaixo algumas das principais normas, mas o aluno deve entender que se necessário ele deve consultar o site das instituições oficiais para obter as revogações mais recentes. As principais são: 
 
- A NR-32 (Norma Regulamentadora Número 32 do Ministério do Trabalho)
Trata das regulamentações trabalhistas para os Serviços de Saúde inclusive para os serviços que trabalham com radiação ionizante.
 
 - A CNEN 3.01 (Comissão Nacional de Energia Nuclear)
São as Diretrizes Básicas de Proteção Radiológica, trata dos Princípios de Proteção Radiológica, assim como a Portaria 453, define as principais medidas de dose, fatores de ponderação de órgãos/tecidos, plano de proteção radiológica, obrigações básicas e inspeções/auditorias.
 
 - A CNEN 3.02 (Comissão Nacional de Energia Nuclear)
Trata dos serviços de Radioproteção, qualificação profissional desses serviços, legislação complementar.
 
 - A CNEN 3.03 (Comissão Nacional de Energia Nuclear)
Trata da Qualificaçãonecessária aos Supervisores de Radioproteção.
 
 - A CNEN 3.05 (Comissão Nacional de Energia Nuclear)
Regulamenta a segurança nos serviços de Medicina Nuclear.
 
- A CNEN 3.06 (Comissão Nacional de Energia Nuclear)
Regulamenta a segurança nos serviços de Radioterapia
 
- A CNEN 5.01 (Comissão Nacional de Energia Nuclear)
Trata dos detalhes relacionados ao transporte de materiais radioativos.
 
 - A CNEN 6.04 (Comissão Nacional de Energia Nuclear)
Regulamenta a segurança nos serviços de Radiografia Industrial
 
Levantamento Radiométrico
 	O Levantamento Radiométrico é uma exigência para o início dos Serviços de Radiologia e sua renovação periódica é obrigatória a cada 4 anos segundo a lei.
O Levantamento Radiométrico trata do levantamento da exposição em toda vizinhança do serviço de radiologia e nas barreiras de proteção do operador do equipamento como: visores, biombos, etc. É através do Levantamento Radiométrico que são definidas as Áreas Livres e Controladas do Serviço. Conforme a Portaria 453, para fins de planejamento de barreiras físicas e Levantamento Radiométrico, os níveis de equivalência de dose ambiente adotados devem ser:
- 0,5 mSv/ano em áreas livres e
- 5 mSv/ano em áreas controladas.
Segundo a Legislação vigente e o Projeto de Proteção Radiológica a área onde fica o operador do equipamento deve ser classificada como Área Controlada e toda circunvizinhança dessa área e da Unidade Radiológica deve ser classificada como Área Livre. Essas informações devem ser verificadas durante o Levantamento Radiométrica de modo a garantir que a Legislação vigente foi cumprida.
Se durante o funcionamento do serviço qualquer profissional tiver registro em seu dosímetro de exposição ocupacional igual ou superior a 1,5 mSv os titulares do serviço devem providenciar investigação da origem da exposição produzindo um relatório que deve ser arquivado para fins de consulta quando por ocasião de fiscalizações.
O Levantamento Radiométrico é realizado por instituições especializadas e credenciadas junto a CNEN.

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