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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE CENTRO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS DO SERTÃO DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIAS AGRÁRIAS E DA TERRA. ÊXODO RURAL EM COMUNIDADES DO SERTÃO SERGIPANO NOSSA SENHORA DA GLÓRIA – SE 2016 UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE CENTRO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS DO SERTÃO DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIAS AGRÁRIAS E DA TERRA. ÊXODO RURAL EM COMUNIDADES DO SERTÃO SERGIPANO MARIA FRANCISCA DE JESUS NETA TAYSLAINE MELO SANTOS NOSSA SENHORA DA GLÓRIA – SE 2016 1. RESUMO O Êxodo Rural é um fenômeno que ocorre mundialmente , além de ser uma modalidade de migração caracterizada pelo deslocamento da zona rural para a urbana. O objetivo deste trabalho foi investigar as causas e consequências do êxodo rural. Para isso fizemos visitas nos meses de maio, junho e julho de 2016 à comunidade Retiro, constituída por nove famílias, situada no município de Monte Alegre de Sergipe. A pesquisa foi realizada mediante entrevista a moradores da comunidade rural, além disso, um aporte bibliográfico (IBGE, SOBER), para visualizamos os processos sociais até então decorrentes a nível regional e avaliar os possíveis fatores que foram determinantes para o êxodo dos agricultores familiares do meio rural. Os principais resultados revelaram que há indicadores (IBGE) que mostram que o êxodo rural vem perdendo força no país, porém segundo dados do IBGE, cerca de 17,3 % dos jovens estão migrando para a área urbana, sendo esse, um resultado similar ao encontrado na comunidade visitada. É notório que a elaboração de políticas públicas mais eficazes, sendo uma das principais políticas as educacionais que seriam uma das soluções para aumentar a qualidade de vida no campo, e consequentemente, aumentariam as perspectivas dos jovens a permanecerem na zona rural. 2. INTRODUÇÃO O desencadeamento do êxodo rural é uma modalidade de migração em consequência, das dificuldades de manutenção da agricultura de subsistência e a concentração fundiária, visto que o modelo econômico vigente privilegia os grandes latifundiários através, da implantação de um modelo econômico moderno na produção agropecuária, onde afetou profundamente a vida dos agricultores familiares ( VANDERLINDE, 2005). A região Nordeste, tem se caracterizado por consecutivos movimentos migratórios intensificados pela ocorrência do êxodo rural (SANTOS et al, 2009). Entretanto, a motivação para o êxodo rural é a busca pela formação profissional, falta de investimento na área agrícola, além das pessoas irem em busca de melhores condições de vida na cidade. Os pequenos produtores que não conseguem mecanizar sua produção têm baixo rendimento de produtividade, o que os coloca em desvantagem no mercado, porém, a adoção do novo modelo padrão tecnológico, baseado em insumos agrícolas e na mecanização, quebrou a lógica da agricultura familiar (VANDERLINDE, 2005). Entretanto, a agricultura familiar tem grande importância na redução do êxodo rural e no potencial de criar condições e oportunidades de trabalho e sobrevivência no campo. Por isso o apoio à agricultura familiar tem sido cada vez mais difundido, pois têm sido reconhecida a sua grande importância na busca de uma nação mais sustentável e pluriativa. Contudo, ainda ocorre uma grande marginalização, que também existente no meio urbano, que faz com que os agricultores, principalmente os jovens, não acreditem em perspectivas de desenvolvimento neste meio, já que deparam-se com um grande litígio de empregos e de elementos que fascinam as pessoas mais jovens ( VANTROBA & BRUMES). É notória a urgência na elaboração de políticas públicas mais eficazes. Especialmente nas áreas de formação profissional direcionada ao campo, assistência técnica e infraestrutura para lazer e cultura. Essas ações promoveram a melhoria da qualidade de vida no campo e, consequentemente, ampliariam as perspectivas dos jovens em darem continuidade a produção familiar. Em suma, objetivou-se com o estudo apresentado fornecer informações sobre o êxodo rural em comunidades do sertão Sergipano, visando a necessidade de elaboração de políticas públicas mais eficazes, promovendo uma maior qualidade de vida aos jovens, fazendo com que, não ocorra o fluxo migratório dos mesmos. 3. MATERIAIS E MÉTODOS A pesquisa foi realizada mediante entrevista a moradores da comunidade. Além disso, foram utilizados aporte bibliográfico, para acessar os registros desse processo no município e no Brasil, utilizando os possíveis fatores determinantes do êxodo dos agricultores familiares. A pesquisa de campo foi realizada mediante a entrevista estruturada feita com a família do meio rural, composto pôr o senhor Gilvan, a senhora Cristina, o filho mais velho Gismark, Thais e o caçula Hugo de dois anos. Foi realizado uma análise onde foi possível entender os condicionantes que levam os jovens da comunidade retiro, a procurarem novas fontes de emprego, renda e formação profissional. Além disso, foi ouvido o próprio depoimento dos pais destes jovens, relatores do cotidiano de suas atividades no campo. No estudo abordado foram utilizado vários meios de pesquisa tais como, questionários, que abordavam assuntos pessoais sobre o êxodo rural, econômicos, familiares, perspectiva futura, trabalho atual, que trazia questões relacionadas às principais culturas na comunidade, renda, estrutura familiar, acesso a recursos (assistência técnica, crédito rural, etc.). Além disso, um aporte bibliográfico e banco de informações (SOBER e IBGE) como base, publicações de vários pesquisadores para visualizamos os processos sociais até então decorrentes a nível regional e avaliar os possíveis fatores que foram determinantes para o êxodo dos agricultores familiares do meio rural. Buscou-se responder aos seguintes questionamentos: O que prejudicaria no cotidiano da propriedade com a saída do jovem para outro local? O que ocasiona a saída dos jovens do meio rural para a zona urbana? Com quais estruturas ficaria no meio rural?. 4. RESULTADOS E DISCUSSÃO É importante ressaltar, que a saída de alguns jovens do meio rural em busca de formação profissional ocorre principalmente em um determinado período do ano (no ano letivo), já os que vão à busca de empregos, ocorrem de maneira contínua. Percebe-se que as políticas públicas não foram capazes e eficientes o suficiente para dar as condições necessárias para que estes atores pudessem permanecer no seu meio de origem. Vale ressaltar ainda, que outros fatores auxiliaram neste êxodo, tais como: as tecnologias cada vez mais automatizadasque cada vez menos abrigavam mão-de-obra; as monoculturas que uniformizaram as produções e subordinaram os agricultores as indústrias de insumos e genética; o endividamento frente aos bancos, sendo que se teve que entregar seus bens para quitar tais obrigações; a globalização que o tornou vulnerável a flutuações internacionais e incrementou a dependência tecnológica consorciado com o aumento dos custos de produção que acarretam, principalmente para os pequenos, a diminuição da renda ou, até mesmo, o endividamento destes ( SOBER, 2009). Segundo o Censo 2010 a população residente no campo apresenta uma taxa inferior a 20%, demonstrando que o êxodo rural vem perdendo força no país. Percebemos que os jovens das comunidades rurais do sertão Sergipano estão migrando para a área urbana, sendo estes um resultado similar aos do IBGE (17,3%). É notório que a elaboração de políticas públicas mais eficazes, especialmente as educacionais favorece o aumento da qualidade de vida no campo, e consequentemente, as perspectivas dos jovens A partir dos dados observados no gráfico é possível constatar os índices de urbanização no Brasil. O censo 2010 apresenta uma população mais urbanizada que há uma década. . FIG 1. Índices de urbanização no Brasil. Fonte: IBGE. Censo 2010 ( Folha de São Paulo, 30/04/2011) Segundo dados do IBGE de 2010, a população do Município de Monte Alegre de Sergipe possui um total de 13627 habitantes, sendo que, a zona urbana na sede municipal é de 59,02% já na zona rural apresenta apenas 40,98% . O que pode ser observado no gráfico a seguir. FIG 2. Índices de população na zona urbana e zona rural no Município de Monte Alegre. As Políticas públicas visam assegurar determinado direito de cidadania, de forma difusa ou para determinado seguimento social, cultural, étnico ou econômico. A eficácia das políticas públicas depende do grau de eficiência da gestão o que, por sua vez, implica um ambiente de atuação que favoreçam a governança democrática e a responsabilização política. Alguns exemplos de políticas públicas são o PRONAF (Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar); ATER (Assistência Técnica e Extensão Rural); PNAE (Programa Nacional De Alimentação Escolar); GARANTIA-SAFRA; PRONERA (Programa Nacional De Educação Na Reforma Agrária); PRONATEC (Programa Nacional De Acesso Ao Ensino Técnico E Emprego). (TABELA 1) ● PRONAF: É um programa de crédito que permite acesso a recursos financeiros para o desenvolvimento da agricultura familiar. Beneficia agricultores familiares, assentados da reforma agrária e povos e comunidades tradicionais, que podem fazer financiamentos de forma individual ou coletiva, com taxas de juros abaixo da inflação. Facilita a execução das atividades agropecuárias, ajuda na compra de equipamentos modernos e contribui no aumento da renda e melhoria da qualidade de vida no campo. ● ATER: É uma política pública que leva assistência técnica às propriedades rurais. Melhora os processos no trabalho e, consequentemente, a qualidade de vida dos agricultores. ● PNAE: o Pnae prevê a compra de ao menos 30% dos alimentos provenientes da agricultura familiar para serem servidos nas escolas da rede pública de ensino. É alimento fresco e de qualidade na alimentação escolar. É garantia de geração de renda para os agricultores e o município, dinamizando a economia local. ● GARANTIA-SAFRA: Seguro que serve de garantia aos agricultores familiares em caso de perda de produção causada por problemas climáticos, como a seca, por exemplo. Ele é voltado aos produtores com renda familiar de até 1,5 salário mínimo por mês, desde que possuem Declaração de Aptidão ao Pronaf (DAP) e tenham feito a adesão ao Garantia-Safra. ● PRONERA: A missão do Pronera é garantir a alfabetização e educação fundamental, média, superior e profissional de jovens e adultos nas áreas dos assentamentos. Em 15 anos, mais de 480 mil agricultores familiares foram beneficiados com o Programa. ● PRONATEC: Qualifica trabalhadores por meio de cursos de educação profissional e tecnológica para jovens e adultos da área rural. É uma parceria entre os ministérios do Desenvolvimento Agrário (MDA) e da Educação (MEC). A ação faz parte do Programa Nacional de Educação do Campo (Pronacampo). (MDA,2013) POLÍTICAS PÚBLICAS NACIONAL ESTADUAL MUNICIPAL PRONAF presente presente presente ATER presente presente presente PNAE presente presente presente GARANTIA-SAFRA presente presente presente PRONERA presente ausente ausente PRONATEC presente presente presente Tabela 1. Políticas públicas nacional, estadual e municipal presentes ou não no cotidiano do brasileiro. 5. CONSIDERAÇÕES FINAIS É provável que no campo, tanto jovens como pessoas de outras faixas etárias, não venham encontrando um ambiente propício para a construção compensatória de sua cidadania, bem como de condições de vida capazes de promover a sua suficiência econômica. Dessa forma, é notória a necessidade de elaboração de políticas públicas mais eficazes que garantam aos jovens acessos à saúde e educação de boa qualidade, melhores condições de trabalho no campo (acesso a terra, crédito, tecnologia e assistência técnica), instituições de formação profissional direcionada ao campo e infraestrutura para lazer e cultura, essas ações poderão melhorar a qualidade de vida no campo, e consequentemente, aumenta as perspectivas de permanência dos jovens no campo. 6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS IBGE. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Censo da população, 2000 . Disponível em: http:// www.ibge.gov.br. Acesso em: Julho de 2016. MDA. Ministério do Desenvolvimento Agrário. Disponível em: http://www.mda.gov.br/. Acesso em 2016. SANTOS, M. J. D.; SILVA, B. B. D.; OLIVEIRA, E. M. D. Analogia entre desmatamento e êxodo rural no nordeste do Brasil. Revista Eletrônica. v.8, n. 1, 2009. SOBER. Perspectivas dos jovens rurais: campo versus cidade, 2009. Disponível em: http://www.sober.org.br. Acesso em: Julho de 2016. SPOSITO & CARRANO. Juventude e políticas públicas no Brasil. Revista Brasileira de Educação, novembro de 2003. VANDERLINDE, t. Capa: o jeito luterano de atuar com os pequenos agricultores no sul do brasil. R. ra´e ga, Curitiba, n. 10, p. 49-60, 2005. VANTROBA. Necessidades e perspectivas para a permanência do jovem do campo no seu ambiente. Artigo apresentado ao Programa de Desenvolvimento Educacional - PDE, ano de 2009.
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