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Apostila 29

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Convenio FENIPE e FATEFINA Promoção dos 300.000 Cursos Grátis Pelo Sistema de Ensino a Distancia – SED
CNPJ º 21.221.528/0001-60
Registro Civil das Pessoas Jurídicas nº 333 do Livro A-l das Fls. 173/173 vº, Fundada em 01 de Janeiro de 1980, Registrada em 27 de Outubro de 1984
Presidente Nacional Reverendo Pr. Gilson Aristeu de Oliveira
Coordenador Geral Pr. Antony Steff Gilson de Oliveira 
APOSTILA Nº. 29/300.000 MIL CURSOS GRATIS EM 156 PAGINAS. 
Apostila (29)
Novo Testamento
Estudo Teológico Sobre o Novo Testamento Dividido em XXXI Parte apostila com 160 paginas "... O ANO ACEITÁVEL DO SENHOR"
"... O ANO ACEITÁVEL DO SENHOR”
Parte I
 Então, pelo poder do Espirito, voltou Jesus para a Galiléia, e sua fama correu por todas as regiões circunvizinhas. Ele ensinava nas suas sinagogas, e por todos era louvado. Chegando a Nazaré, onde fora criado, entrou, num dia de sábado, na sinagoga, segundo os eu costume, e levantou-se para ler. Foi-lhe dado o livro do profeta Isaías. Ao abrir o livro, achou o lugar onde estava escrito: O Espirito do Senhor está sobre mim, pelo que me ungiu para evangelizar aos pobres. Enviou-me para apregoar liberdade aos cativos, dar vistas aos cegos, por em liberdade os oprimidos, e anunciar o ano aceitável do Senhor. Fechando o livro, devolveu-o ao assistente, e assentou-se. Os olhos de todos na sinagoga estavam fitos nele. Então começou a dizer-lhes: Hoje se cumpriu esta Escritura em vossos ouvidos."
(Lc 4.14-21). 
Começa no versículo quatorze uma das extraordinárias narrativas de todo o evangelho. Jesus está no culto da sinagoga, onde lê Isaías 61.1,2 (acrescido de 58.6). Com essa narrativa, única nos Evangelhos, enquanto Mateus e Marcos dizem que Jesus anuncia o reino, Lucas mostra que o reino é a Sua realidade, é o Messias, o Cristo, o Ungido de Deus.
UMA ANÁLISE BREVE
Diferentes critérios podem ser utilizados passar estudar este trecho. Pode acontecer que alguém tenha uma veia literária, e através dela veja apenas o aspecto poético de Isaías 61. Observe-se o paralelismo entre os termos apresentados, entre os versos, por exemplo:
"Porquanto me ungiu para anunciar boas novas aos pobres", e "Restauração de vista aos cegos".
Porque, praticamente, é a mesma coisa que está sendo dita. Quando diz: 
"enviou-me para proclamar libertação aos cativos", isso é paralelo a "para por em liberdade os oprimidos". 
É a mesma idéia, portanto. E todo esse paralelismo, encontra o seu ponto culminante na expressão final: "para proclamar o ano aceitável do Senhor", que é o objeto da nossa reflexão.
Pode ser que alguém deixe de lado o aspecto literário, mas queira destacar o apelo político do que Jesus afirmou, o que, aliás, tem sido bastante explorado. Busca-se ver o lado político de expressões tão fortes como, "anunciar boas novas aos pobres", "libertação aos cativos", "restauração de vista aos cegos", "por em liberdade os oprimidos". O apelo político é muito do agrado dos radicais de plantão.
Desejamos, porém, ver a extraordinária lição de apostolado que se encontra no que Jesus Cristo disse, aplicando a Si mesmo. Enfocamos o embasamento de um ministério que é repassado à Igreja de Jesus Cristo. Queremos analisar a missão quer nos foi entregue pelo Senhor, porque vejo que tudo começa com a unção, visto que nenhum empreendimento em nome de Jesus Cristo subsiste sem a unção do Espírito Santo; nenhuma empresa em nome do evangelho, nenhuma campanha, nada, movimento algum pode subsistir em nome de Jesus Cristo se não tiver a unção do Espirito Santo sobre si. Por essa razão, Jesus leu: "O Espirito do Senhor está sobre mim", e daí em diante Ele explica para quê. 
Pedro num culto de proclamação do evangelho, na casa de um militar, um oficial do exército romano, refere-se ao ministério de Jesus Cristo, e afirma: "Como Deus ungiu a Jesus de Nazaré com o Espírito Santo e com poder, o qual andou fazendo o bem e curando a todos os oprimidos do diabo, porque Deus era com ele." (At 10:38), o que vai nos conduzir às expressões que definem a plataforma que vai ser seguida por Jesus Cristo, o Seu programa. 
"O Espirito do Senhor está sobre mim, pelo que me ungiu para evangelizar aos pobres. Enviou-me para apregoar liberdade aos cativos, dar vista aos cegos, por em liberdade os oprimidos." (Lc 4.18). 
PROFUNDA CARGA EMOCIONAL
"Pobres". falar de pobreza é uma carga emocional fortíssima. O jornal A Tarde (de Salvador) vem falando sobre a fome e a desnutrição no estado da Bahia. Falar de pobreza traz para nós sentimentos tremendamente emocionais; 
"Cativos". Falar de prisão é a mesma coisa. É pesado, é triste, traz mágoa.
"Opressão". Há opressão demoníaca neste mundo. O crente é oprimido, mas não possuído.
Jesus fala de cegueira, e lê essas palavras em Isaías 61, capítulo considerado como o cerne da mensagem desse profeta. Jesus se identifica com o fato profético descrito, e demonstra ser Ele mesmo as boas novas; o profeta escatológico, o proclamador do evangelho; demonstra ser Aquele que traz libertação para os oprimidos, função eminentemente messiânica. 
Para os pobres, para os cativos, para os cegos, e para os oprimidos que são, não apenas os desafortunados deste mundo, mas todos os que têm necessidade especial de dependência de Deus (Lc 1.53; 6.20). Ou na expressão do comentarista de Lucas da 
Bíblia do Intérprete,
"o cativeiro a que Jesus se refere (Lc 4.18, 19) é evidentemente moral e espiritual. O pensamento não se move no plano de abrir portas físicas, para que os presos saiam], mas livrar os homens da invisível, porém terrivelmente real prisão de suas almas". 
Na verdade essas palavras de tão forte carga emocional descrevem a falência espiritual à qual Jesus dá especial atenção.
E no verso 19: "e para proclamar o ano aceitável do Senhor". Esse ano a ser proclamado é a era messiânica iniciada nele mesmo, na pessoa e na obra de Cristo.
No verso 21, verificamos: "Então começou a dizer-lhes: Hoje se cumpriu esta Escritura em vossos ouvidos". Os contemporâneos de Jesus não duvidavam que o reino de Deus viria algum dia. Todos criam no reino de Deus. Mas Jesus está ensinando que Deus está agindo agora, naquele mesmo momento, no presente, na obra dEle mesmo. E, assim, Ele se torna o centro da História, e até a História, porque a partir dEle ela passou a ser antes de Cristo (a. C.) e depois de Cristo (d. C.). O propósito de Deus é tudo colocar sob a autoridade de Jesus Cristo. 
E aqui O temos Senhor da História, agora com a vinda do reino, exaltado, glorificado nos termos de Mateus 28, final do verso 18 que diz: "foi-me dado todo o poder no céu e na terra". E porque recebemos a graça da libertação, podemos encontrar esta expressão do apóstolo Paulo: "Seja Paulo, seja Apolo, seja Cefas, seja o mundo, seja a vida, seja a morte, seja o presente, seja o futuro, tudo é vosso" (1 Co 3.22), autoridade que nos é passada por Jesus Cristo.
AS LIÇÕES 
O ser humano vive preocupado com o seu salário, com a inflação que parece querer voltar; com os aumentos das passagens dos ônibus (verdade que agora mais espacejados), o avanço e engodo das seitas, com o desenvolvimento do país, com a paz mundial. Pois Jesus traz uma nova compreensão da vida humana, por isso que, plenamente de acordo com sua plataforma de ação, é o portador da obra redentora de Deus, e oferece Sua palavra e Suas ações como desafio à nossa própria fé. 
Muitos contemporâneos de Jesus criam que o reino de Deus era só comida e bebida (Rm 14.12), ou libertação política (Mt 27.39-44; Jo 6.14ss; At 1.6); ou, ainda, poder temporal (Lc 22.24-30; Mt 20.20). Até os discípulos caíram nesse erro?! Mas Jesus diz que o reino de Deus já veio em Sua pessoa e dá prova disso (Mt 4.17; 11.1-6; 12.28; Lc 17.20ss). Pois a fraqueza de algumas pregações está na idéia de que o reino de Cristo ainda virá (pregação do premilenismo e dos posmilenismo ). Não é isso o que Jesus Cristo nos ensina, e permitam-me voltar a Lucas 17.20,21 : "Interrogado pelos fariseus sobre quando haviade vir o reino de Deus, respondeu-lhes: O reino de Deus não vem com aparência visível. Nem dirão: Ei-lo aqui! Ou: Ei-lo ali! Porque o reino de Deus está dentro de vós." (Mt 12.28; 3.2). É o reino inaugurado, apesar de que será plenamente cumprido na Parousia, na Segunda Vinda (Lc 22.18). É aquilo que C. H. Dodd chamou de "escatologia realizada", as coisas dos últimos dias já estão acontecendo e aconteceram na Pessoa de Jesus Cristo.
Quais são as lições que tiramos desses fatos? A primeira é que Jesus Cristo é o cumprimento das antigas profecias. Apesar de Suas palavras fazerem nascer opiniões diferentes ou de admiração (Lc 4.22), ou de repulsa (v. 28), Jesus cumpre as profecias! Apesar se quererem os Seus contemporâneos os sinais do shalom que Ele traz (v. 23), Jesus Cristo traz a salvação integral, o verdadeiro shalom, a paz. O apóstolo Paulo diz que "Ele é a nossa paz" (Ef 2.14).
A segunda lição é que o reino de Deus é Jesus Cristo entre nós, é o Emanuel. Emanuel é toda uma expressão hebraica, que significa "Deus entre nós", "Deus no nosso meio", "Deus habitando no nosso meio", "Deus conosco". Não é libertação para o futuro, para os últimos dias, mas Jesus é hoje a boa notícia, a graça , a redenção dos homens. Jesus glorificado, Jesus Salvador, Jesus senhor, Jesus, o Cristo, é poder renovador sobre a terra, é salvação para a pessoa humana individual, razão porque o livro dos Atos dos Apóstolos repete até o fim que a verdade está em Cristo Jesus, e mostra o modelo da "Plataforma de Nazaré" na defesa/sermão de Paulo quando fala ao rei Agripa em Atos 26.17,18 : 
"Eu te livrarei deste povo, e dos gentios, a quem agora te envio, para lhes abrir os olhos, e das trevas os converter à luz, e do poder de Satanás a Deus, a fim de que recebam remissão dos pecados e herança entre aqueles que são santificados pela fé em mim". Tocado por isso, Agripa diz a Paulo, "Ora, Paulo quase que eu viro cristão" (v. 28 BLH), 
e esse foi o seu grande erro, perto do reino, mas sem salvação: "Quase aceito o evangelho". O erro de muita gente é um "quase".
A terceira lição a destacar é que a missão da Igreja é dada por Deus. "A missão de Cristo [é] padrão e modelo para missão de sua igreja", diz Grellert em Os Compromissos da Missão. 
"Disse-lhes Jesus de novo: Paz seja convosco! Assim como o pai me enviou, eu vos envio." (Jo 20.21). Isso quer dizer que para igrejas que têm como modelo a missão de Jesus, há necessidade de vidas modeladas pelo mesmo Jesus. E assim disse João em sua Primeira Carta: "aquele que diz que está nele, também deve andar como ele andou" (1 Jo 2.6). 
"Pois quem conheceu a mente do Senhor, para que o possa instruir? Mas nós temos a mente de Cristo" (1 Co 2.16); 
"De sorte que haja em vós o mesmo sentimento que houve em Cristo Jesus, que, sendo em forma de Deus, não teve por usurpação ser igual a Deus, mas a si mesmo se esvaziou, tomando a forma de servo, fazendo-se semelhante aos homens. E, achando na forma de homem, humilhou-se a si mesmo, sendo obediente até a morte, e morte de cruz." (Fp 2.5-8); 
"Pois os que dantes conheceu, também os predestinou para serem conforme a imagem de seu filho, a fim de que ele seja o primogênito entre muitos irmãos" (Rm 8.29). 
Assim, temos que moldar a nossa vida pela de Jesus Cristo. Então, se como nós afirmamos, Missões é o nosso braço para alcançar este mundo para o Senhor. Temos o fato de que o Deus vivo é um Deus que envia. Os povos pagãos, vizinhos de Israel, não tinham deuses que enviavam a qualquer lugar pessoas com uma mensagem. Mas o nosso Deus é um Deus que envia: Ele enviou Seu Filho ao mundo, diz a Bíblia; enviou os apóstolos; Jesus Cristo enviou os setenta; e envia a Igreja; ele mesmo manda o Espírito Santo à Igreja para a unção, e a nossos corações, por isso Ele nos envia, também ao mundo perdido. "Disse-lhes Jesus de novo: Paz seja convosco! Assim como o pai me enviou, eu vos envio." (Jo 20.21) , "Assim como tu me enviaste ao mundo, também eu vos enviei ao mundo." (Jo 17.18).
E aí vem, a quarta lição: é preciso redescobrir a importância da escatologia, que é o ponto de contato entre a teologia (aquilo que nós cremos), e a missão (aquilo que nós fazemos). É preciso centralizar tudo na escatologia, porque do ponto de vista da teologia, se não tivermos uma dimensão de futuro, o evangelho deixa de ser evangelho e se torna ética: um clube ético, e só. Se não olharmos para a Segunda Vinda de Cristo, teremos um grupo de idealistas que toda manhã de domingo vem para cantar, orar, e pronto, idealismo apenas e nada mais. 
Agora do ponto de vista de Missões, a escatologia é a sua razão. O Povo de Deus não pode ter crise de identidade, pois sabe quem Deus é, e sabe que é o povo desse Deus maravilhoso, Vivo e Verdadeiro! É povo que sabe o que faz! E sabe para que vive, porque a identidade da igreja como povo de Deus é uma identidade missionária!
Além disso, o povo de Deus não pode perder a memória. Quanta gente desmemoriada lá fora! De vez em quando é dito que "O Brasil está perdendo a memória, destruindo os seus monumentos, e seu passado". A nossa memória é o Novo Testamento, é a Escritura Sagrada! A nossa memória são as ações apostólicas, o que eles fizeram no passado! A nossa memória são os atos da Igreja Primitiva; como agia, assim queremos agora! O Povo de Deus há de estar padrões acima do mundo. Que história é essa de querermos nos igualar ao mundo?! E damos um exemplo: se o mundo vem à Igreja e ouve sua própria música aqui sendo tocada, onde está o fermento levedando a massa? Se nos colocamos no mesmo pé de igualdade, ou até abaixo, como vamos elevar os padrões do mundo? Mas Jesus, o Cristo de Deus, é decisivo e normativo para os assuntos de fé e prática.
Afunilando o assunto um pouco mais, isso vai trazer mais uma lição: é a de que ninguém pode obedecer às ordens de "ir" ou de "servir" se não tiver amor. Porque a obra de expansão do reino de Deus não pode ser realizada com carência de amor. Aí Jesus perguntou a Pedro: "Simão, filho de João, [verdadeiramente] tu me amas?" (Jo 21.16). E Jesus perguntou tantas vezes porque Pedro nunca respondia "[verdadeiramente] eu te amo", mas tão somente "eu te amo, eu tenho significativa amizade por ti". Que significa isso hoje? Sem dúvida, temos três passos no compromisso nosso com Cristo. Quando Jesus nos pergunta, "Fulano, você verdadeiramente me ama?", temos um convite à autoconsciência. Você tem que tomar consciência de quem é diante de Deus, e deste mundo também. Você representa as mãos de Deus, os pés de Deus e os olhos de Deus; você é um instrumento de Deus, um agente do reino de Deus. A segunda coisa é que você tem um convite à consciência da Pessoa de Jesus Cristo que é o Senhor do nosso futuro, é o Messias de Deus, é o ungido do Pai, é o Filho de Deus, é o Senhor de nossas almas, é o Salvador de nossas vidas. Você tem, igualmente, um compromisso. Há um hino que diz, 
"Eis-me submisso pra teu serviço". 
Bonito, não é? Porém, há crentes que parecem que cantam assim: 
"Eis-me sumiço...", 
quer dizer, "caio fora, desapareço, não quero compromisso com a Igreja de Cristo". Mas temos um convite ao compromisso com a Igreja de Cristo. Um convite ao compromisso é o que precisa acontecer conosco, nos termos de Romanos 5.8: "Mas Deus prova o seu amor para conosco, em que Cristo morreu pôr nós, sendo nós ainda pecadores". Que o Senhor nos ajude nesses compromissos!
Parte II
PARA UMA ALMA RELIGIOSA, CURIOSA E CONFUSA 
 "Se alguém não tiver sabedoria suficiente, peça-a a Deus, que a dá a todos de graça sem humilhar ninguém" (Carta de São Tiago, 1.5, Tradução Interconfessional dos Franciscanos Capuchinhos)
Estas perguntas, nós as recebemos para que déssemos uma resposta pastoral dentro da Palavra de Deus. Foram devidamente encaminhadas tanto ao anônimo consulente quanto ao portal evangélico que no-las enviou. Um amigo leu as respostas dadas, e sugeriu-nos dar publicidade para ajudar outros espíritos religiosos, curiosos porém confusos, assim como, nossos irmãosem Jesus Cristo. O nível é apologético.
"Meus caros irmãos das Igreja Evangélicas, eu sou da Igreja Católica e gostaria muito que vocês me respondessem a estas perguntas":
PERGUNTA # 1
"Já que a Igreja Batista, Adventista, Pentecostal, Messiânica, Presbiteriana, Quadrangular, Deus é Amor, Universal do Reino de Deus, etc... não têm imagem de nenhum "demônio" como na Igreja Católica, e se vocês adoram a Jesus Cristo, por que vocês então não se unem e formam uma única Igreja de Cristo?"
NOSSA RESPOSTA:
Na realidade, caro consulente, só existe uma Igreja de Jesus Cristo. Ela é formada por todos os salvos, de todos os tempos, de todos os quadrantes da Terra, de todas as línguas, de todas as raças, de todas as condições sociais, e não é conhecida por qualquer nome de Igreja particular, Grupo ou Denominação. É um Corpo que reúne todos os que foram alcançados pela Graça(1) de Deus, unido este Corpo pela fé a Jesus Cristo, o Filho de Deus, e sem nenhuma cor sectária. A Igreja de Cristo não é qualquer organização terrena, visível seja do movimento Ortodoxo em suas diversas formas (Grego, Russo, Ucraniano, Igrejas Orientais, etc.), dos diversos agrupamentos Católico-Romanos ou de quaisquer grupos Protestantes e outros Evangélicos (2).
Outrossim, não nos parece que qualquer grupo evangélico, para-evangélico ou presumido-evangélico tenha acusado as imagens e outros ícones presentes nos templos, capelas e lares católico-romanos de "demônios". Reconhecemos, sim a absoluta falta de ensino bíblico com respeito à veneração ou culto (mesmo que o seja de dulia ou hiperdulia, visto que na teologia romana a latria só é devida ao Criador), razão porque o culto anicônico das igrejas evangélicos é realizado nos moldes do ensino neotestamentário: "em espírito e verdade" e "racional"(3).
A propósito, vamos desfazer um engano: a assim chamada Igreja Messiânica Mundial do Brasil não é uma igreja evangélica. É um movimento não-cristão de origem japonesa, que não tem a Bíblia Sagrada como seu livro de fé. Portanto, convém não mais relacioná-la com as Igrejas denominadas protestantes nem com as evangélicas.
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PERGUNTA # 2
"Já que vocês dizem que as imagens que estão na Igreja Católica são demônios ou ídolos, dêem-me a prova de que elas realmente o são". 
NOSSA RESPOSTA 
Pena que sua afirmação está certa somente em parte. Não conhecemos qualquer afirmação entre os evangélicos de serem as imagens dos templos católicos "demônios". No entanto, quem as coloca na categoria de "ídolos" é a própria edição católico-romana da Bíblia Sagrada num livro considerado deuterocanônico (nós o chamamos "apócrifo") e que não se encontra no Cânon Original, que é o Palestino (escritos os livros em hebraico e aramaico), e conseqüentemente, também não no Cânon Protestante/Evangélico. Trata-se do livro de Sabedoria, do qual transcrevemos uma parte e indicamos outras. Foi utilizada para essa transcrição a edição da Bíblia Sagrada, traduzida pelo Pe. Matos Soares (4). 
Diz o capítulo 13.11ss:
Eis que um artista hábil corta do bosque um tronco direito, e destramente lhe tira toda a casca,e, valendo-se da sua arte, faz com esmero uma peça útil para uso da vida(5), e os restos daquela obra emprega-os para cozinhar a comida(6). E, quanto ao resto de tudo isto, que para nenhum uso é útil, por ser um madeiro torto e cheio de nós, vai-o esculpindo cuidadosamente nas horas livres, e, pela perícia de sua arte dá-lhe uma figura, e configura-o à semelhança de um homem,...
Depois prepara-lhe um nicho conveniente, pondo-o numa parede, e segurando-o com algum ferro, usando com ele desta precaução, para que não caia, reconhecendo que não pode ajudar-se a si mesmo, porque é uma estátua e tem necessidade de auxílio. E, fazendo-lhe votos, consulta-o a respeito dos seus bens, e dos seus filhos, ou de um casamento.
Não se envergonha de falar com aquele madeiro, que está sem alma; e roga pela saúde a um inválido, e pede a vida a um morto, e invoca em seu socorro um inútil; e, para o bom sucesso de uma jornada, recorre àquele que não pode andar; e para as suas compras, suas empresas, e para o bom êxito de todas as suas coisas, implora a quem é incapaz de tudo.
Continue lendo o capítulo seguinte, o 14, sobretudo os versos 7 e 8. Veja também os versos 17 a 20. 
O livro do profeta Isaías (46.7,8) tem igualmente uma palavra de condenação quando exclama:
Levam-no às costas, colocam-no no seu nicho, e ele fica sem se mover do seu lugar; e ainda, quando clamarem para ele, não ouvirá, nem os salvará da tribulação Lembrai-vos disto, envergonhai-vos, entrai em vós mesmos.
É ou não, a mesmíssima forma de uma prática de religiosidade encontrada sobretudo nos países latinos europeus e do Novo Mundo? Veja, ainda, Isaías 44.9-20. 
A claríssima recomendação do Novo Testamento e que se encontra no último versículo da Primeira Carta de São João é: "Filhinhos, guardai-vos dos ídolos".
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PERGUNTA # 3
"Eu lhes pergunto quando Deus Todo Poderoso ordenou não fazer imagem, proibiu se fazer imagens dos homens santos, ou de se fazer imagens de deuses?" 
NOSSA RESPOSTA
Leia o que diz a Bíblia. Vamos reproduzir as palavras da tradução do Pe. Matos Soares em Êxodo 20.4,5:
Não farás para ti imagem de escultura, nem figura alguma do que há em cima no céu, e do que há em baixo na terra, nem do que há nas águas debaixo da terra. Não adorarás tais coisas, nem lhes prestarás culto.
Raciocine: há cabimento para qualquer tipo de culto, seja dulia ou hiperdulia? A proibição é TOTAL: de "homens santos" e de "deuses" também. 
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PERGUNTA # 4
"Para vocês existem ou não os santos Ler 2 Tessalo-nicenses 1,10; Efésios 3,8. 
NOSSA RESPOSTA
Do começo ao fim, a Bíblia Sagrada ensina uma Teologia da Santidade. Os textos mencionados são dois entre centenas tanto no Antigo quanto no Novo Testamento. 
A pergunta não deve ser se "existem ou não os santos". A pergunta é "QUE SIGNIFICA SER SANTO?" Há uma teologia popular e há uma Teologia Bíblica sobre este assunto. A primeira é incentivada e alimentada por uma compreensão equivocada do termo e do conceito; a segunda tem um caudal puríssimo na Escritura Sagrada.
A idéia popular é de que "santo" é alguém que, tendo obtido um altíssimo grau de bondade, perfeição e virtude, nem precisa passar pelo Purgatório, onde supostamente se "purificaria" dos pecados veniais(7). Outrossim, esta "teologia popular" da santificação avança no imaginário do povo com o conceito de beatificação até se chegar à canonização. São mais duas idéias não encontradas no Novo Testamento.
Graças a Deus, o ensino bíblico é suficientemente iluminado para não deixar dúvidas: "Santo é o que está reservado para Deus". O conceito de santidade (em hebraico kidshut) está ligado a objetos, eventos/datas, lugares e pessoas.
A "Arca da Aliança" era chamada Aron haKodesh, ou seja, a Arca Santa, porque era um objeto reservado, exclusivo do culto a Deus; 
o Templo de Jerusalém era nomeado Beith haMikdash porque era um edifício de uso exclusivo de Javé e Seu Culto; 
o povo de Israel era Santo por ser uma nação separada para Deus; 
o Shabath, um Dia Santo porque nele só uma realidade interessa: fazê-lo diferente de todos os outros. Recorde-se do mandamento que regula: "Lembra-te de santificar o dia de Repouso". Aproveite e leia o restante que está em Êxodo 20.7 a 11. 
Assim sendo, quem são os "santos"? A resposta da Bíblia Sagrada é que são aqueles que pertencem a Jesus Cristo, aqueles que foram lavados e purificados pelo sangue de Jesus (não pelo batismo, o que não é ensino neotestamentário), aqueles que O receberam pela fé salvadora, outro nome para a fé-adesão, fé-compromisso, fé-levada-a-sério. A Bíblia chama a estes de "fiéis", "santos" e "santificados", entre outros significativos epítetos.Leia: 1Coríntios 1.1,2; 2Coríntios 1.1; Efésios 1.1; Filipenses 1.1; Colossenses 1.1,2.
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PERGUNTA # 5
]
"Pois quando Deus disse em Levítico 19,1: ‘Dirás a toda a assembléia de Israel o seguinte: Sede santos, porque eu, o Senhor, vosso Deus sou santo’, Deus estava mandando seu povo ser santo ou demônio?" 
NOSSA RESPOSTA
Deus estava ordenando Seu povo, e, por extensão, aos salvos e fiéis da Igreja de Jesus Cristo a serem diferentes, que é, sem dúvida, a melhor interpretação para o conceito teológico veterotestamentário expresso pela palavra Kadosh. Ser uma reserva especial para Deus e Jesus Cristo. A Primeira Carta de São Pedro (2.5)esclarece: 
Vós, também, como pedras vivas sede edificados sobre ele como casa espiritual, sacerdócio santo para oferecer sacrifícios espirituais, agradáveis a Deus por Jesus Cristo.
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PERGUNTA # 6
"Os homens que seguem a Jesus Cristo, estão ou não estão no caminho da santidade? Ler: (I Coríntios 7,32-34)" 
NOSSA RESPOSTA
Os verdadeiros discípulos já encontraram esse caminho como bênção inicial de sua vida cristã. Caminhar por Ele é um ato de entrega e de adesão. Ninguém é salvo por procuração ou representado por outra pessoa como se pratica. A Bíblia registra as palavras de Jesus Cristo em João 14.6: "Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida. Ninguém vem ao Pai a não ser por mim" (Bíblia de Jerusalém). Os cristãos da Igreja do tempo dos apóstolos eram chamados de "os do Caminho". Quem segue a Jesus Cristo busca a vida de separação, vida de-fazer-diferença-neste-mundo, ou, para usar a palavra bíblica: de santidade.
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PERGUNTA # 7
"Já que os que seguem a Jesus Cristo estão no caminho da santidade (para serem santos), será que nenhum homem chegou a alcançar essa santidade, chegou ou não chegou?" 
NOSSA RESPOSTA
Santidade é separação deste mundo, já o vimos. Ao longo da História da Salvação(8), milhões têm experimentado a santidade como estilo e prática de vida. Nas ruas de qualquer cidade ou no campo, os santos estão andando e passando por nós. Eles nos encorajam a tudo suportar pelo amor de Cristo e de Seu reino.
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PERGUNTA # 8
"Quantas Igrejas de Jesus Cristo existem, pois no Evangelho Jesus diz: ‘E eu te declaro: "Tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela.’ Ler: (Mateus 16,18), Jesus Cristo não disse no plural: "as minhas igrejas", Ele disse: a minha Igreja. Por que será então que existem tantas Igrejas?" 
‘NOSSA RESPOSTA
A resposta da Pergunta # 1 cobre, de certo modo, o alcance desta questão. A Igreja de Jesus Cristo, repetimos, não se identifica com uma Igreja nacional, um grupo local ou organização religiosa. Não tem um nome específico (Igreja Católica Apostólica Romana, Igreja Reformada, Igreja Evangélica de Confissão Luterana, Igreja Presbiteriana do Brasil, Assembléia de Deus - Ministério de Belém, Igreja Batista Sião, Jovens com uma Missão, Missão Antioquia, etc, etc). A Igreja Cristo é supranacional, e atemporal; o Corpo Místico de Cristo se forma de todos os fiéis sem distinção de raça, cor, língua ou filiação cristã. 
Um alerta, entanto, se faz necessário: os chamados "fiéis", "santos", "salvos" são aquelas pessoas que, conduzidas pelo Espírito Santo ao Salvador (Espírito que, como ensina a Bíblia na tradução do Pe. Matos Soares, convence o mundo "quanto ao pecado, à justiça e ao juízo"(9), pela fé receberam o perdão para os seus pecados (o Novo Testamento usa para essa gloriosa realidade o termo justificação)(10). A Igreja Cristo, Seu Corpo Místico, não é qualquer Igreja nominal (que tem origem e organização humana, inclusive a Igreja Católica Apostólica Romana, cuja origem se prende à "conversão" de Constantino, apesar de a história oficial conta-la diferentemente.
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PERGUNTA # 9
"O que Jesus queria dizer quando disse a Pedro: "Eu te darei as chaves do reino dos céus: tudo o que ligares na terra, será ligado no céu e tudo o que desligares na terra, será desligado no céu" ?, e o que significa ligar e desligar?" 
NOSSA RESPOSTA
O versículo mencionado se encontra no contexto de Mateus 16.13-20 que registra uma pesquisa conduzida por Jesus para saber qual a opinião popular em torno de Sua Pessoa. Os discípulos respondem que algumas pessoas entendiam que Jesus era João Batista, outros que seria Elias, o tesbita, outros, ainda, acreditavam que seria o profeta Jeremias ou talvez um outro dos inflamados pregadores da Antiga Aliança. 
O mesmo versículo aparece em 18.15-22 num contexto de disciplina e perdão no âmbito da igreja. 
Em João 20.23 em instruções que foram dadas aos apóstolos após a ressurreição, o mesmo ensino aparece ligeiramente modificado. 
Paulo em 1Coríntios 5.4,5 expõe um comentário sobre o mesmo tema. 
Ligar e desligar são termos técnicos rabínicos que significam "permitir" e "proibir" uma ação acerca da qual uma questão tenha sido levantada. Em Mateus 18.18, a ação de "ligar e desligar" tem a ver com a disciplina exercida pela igreja local, paroquial. 1Coríntios 5.4,5 reflete a excomunhão, exclusão da igreja para mortificação da natureza carnal.
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PERGUNTA # 10
"Baseado nesta observação: Pedro negou Jesus por três vezes antes de Jesus morrer. Porém quando Jesus ressuscitou; Jesus confirmou Pedro como primeiro pastor das suas ovelhas, também por três vezes. Ler: (João 21,15-17), agora me responda já que Pedro iria morrer um dia, e o seu lugar ficaria vago, o substituto de Pedro teria ou não teria o mesmo poder que Jesus outorgou a Pedro? Ler para comparar Atos 1,15-26, e responda". 
NOSSA RESPOSTA
Cremos que será conveniente fazer uma exegese de João 21.15ss para entender porque Jesus fez por três vezes a pergunta "Simão, filho de João, amas-me?" para não se cair no pecado de ler o que não foi dito.
O Mestre fez a indagação a Pedro utilizando um verbo e Pedro todo o tempo com outro. Jesus lhe perguntou: "Simão, filho de João, agaposme? ("Tu me amas de verdade?") Pedro responde: "Sim, Senhor, tu sabes que filote" (Tu sabes que eu tenho amizade por ti). Não é isso o que Jesus Cristo quer de Seus discípulos. 
Não tendo ficado satisfeito com a resposta de Simão Pedro, Jesus repete a pergunta. A palavra final do Mestre é "Apascenta as minhas ovelhas". Não há qualquer indicação (nem por inferência) a um primado de Pedro. Há, sim, uma dupla lição para os cristãos: 
É preciso que cada discípulo de Jesus Cristo tenha uma PAIXÃO pelo Senhor, pelo Seu reino, pela Sua Causa, pela Sua missão neste mundo ("agaposme?", "Amas-me verdadeiramente?"); 
É preciso que cada discípulo de Cristo tenha uma MISSÃO, que confiada à Igreja é repassada a cada um individualmente ("apascenta as minhas ovelhas"). 
Como louvamos a Deus por este e outros espíritos que, religiosos, porém confusos, são curiosos a respeito de sua fé! Como pedimos que a iluminação do Seu Santo Espírito revele a verdade eterna, salvadora, purificadora e santificadora. Que sejam como os bereanos que "de bom grado receberam a palavra, examinando cada dia nas escrituras se estas coisas eram assim"(At 17.11).
NOTAS
(1) Graça: termo da Teologia que expressa o "o amor que não merecemos da parte de Deus ". Em Efésios 2.8, o apóstolo S. Paulo repassa o ensino vindo do Espírito Santo de que "Com efeito, é pela graça que vós sois salvos por meio da fé; e isto não depende de vós, é Dom de Deus. Isto não vem das obras, para que ninguém se orgulhe" (TEB - Tradução Ecumênica da Bíblia, SP, Edições Loyola com Recomendação de D. Luciano Mendes de Almeida, Presidente da CNBB).
(2) Protestantes e Evangélicossão realidades distintas, como o prezado consulente deve ter conhecimento, embora a opinião popular e a mídia os confunda. 
(3) Assim o descreveu Jesus em João 4.23,24, e Paulo, apóstolo, em Romanos 12.1.
(4) 45a ed. SP, Edições Paulinas, 1988.
(5) Ou seja, faz algo de utilidade como um móvel ou prateleira, etc.
(6) A lenha tem utilidade no uso doméstico
(7) Ressalte-se que nem a idéia de um "purificatório" ou "purgatório" nem a de "pecados veniais" têm substância no ensino bíblico.
(8) "História da Salvação" (Heilsgeschichte) é termo técnico para designar desde o evento cósmico e existencial chamado A Queda até o ministério salvador de Jesus Cristo e as conseqüentes implicações, até a Sua Parusia, a ressurreição final e a bem-aventurança eterna.
(9) João 16.8.
(10) Leia Romanos 5.1ss.
Parte III
RELIGIÃO OU EVANGELHO? 
"Pois é pela graça que sois salvos, por meio da fé - e isto não vem de vós, é Dom de Deus - não das obras para que ninguém se glorie." Ef. 2:8,9 
Desejamos refletir a respeito de algumas práticas religiosas do passado e do presente, e compará-las com o evangelho de Jesus Cristo. Observamos que quando abrimos qualquer livro que aborde a religião dos antigos, ele ensina que estava essa religião muito mesclada com a superstição. 
No antigo Egito, consideravam no seu panteão muitos deuses. Havia deuses para todos os gostos; havia um centro de cultos na cidade de Heliópolis, a cidade do Sol. O próprio deus do Sol era Rá, razão porque alguns faraós se consideram "filho do sol", adotando o nome de Ramsés, palavra formada de Rá (sol) e Mses (filho). Animais eram cultuados, o crocodilo (alguns podem ser vistos mumificados em museus), que era considerado deus da água; o gato, deus da alegria e do amor; o chacal era o guarda dos túmulos e deus dos mortos; Seu nome entre os egípcios era Anúbis. E o touro também, o deus Ápis. Quando o povo de Israel estava no deserto, notando a ausência de Moisés que estava no alto do monte Sinai, o povo pediu a Arão que fizesse um bezerro de ouro, uma reprodução do deus Ápis. 
Em outras civilizações, encontraremos o mesmo fenômeno. Na Assíria e na Babilônia, cultuava-se a natureza. O Sol (Shamesh) era cultuado; e havia uma deusa para a noite, a Lua (Nanna). O céu era cultuado com o nome de Ass; o deus do ar era Enlil, da água, Enki. A Mãe-terra era chamada Ninhursg, e a rainha do céu, Innana. 
Aliás, Gênesis 1 é uma verdadeira canção marcial. Por isso, no relato da obra criada parece no verso 11, "E disse Deus: Produza a terra relva, ervas que dêem semente, e árvores frutíferas que dêem fruto segundo a sua espécie, cuja semente estava nele, sobre a terra. E assim foi" (1.11). Florestas, e campos eram cultuadas em Canaã como sendo a expressão da Mãe-natureza. O retorno à natureza era o grande desejo dos cananeus. No entanto, o Senhor está dizendo: "Vocês cultuam a natureza, mas Eu sou o Criador dessa natureza que vocês admitem como deuses". 
Mais adiante lemos: "Haja luminares". Eles eram cultuados, conforme vimos, no Egito, na Assíria, na Babilônia. Seres aquáticos foram cultuados: o peixe (na Filistia, Dagon), as aves (o íbis, no Egito). Em tudo Deus está dizendo, "Eu criei, enquanto vocês estão se dedicando a esses falsos deuses". 
Mas não é preciso ir ao passado. Hoje esse tipo de coisa acontece. Na Índia, o Hinduísmo ensina que a salvação se obtém através das boas obras. E uma pessoa vai realizando boas obras na sua presente vida e em outras do passado e do futuro de maneira a alcançar a purificar-se. Naquele país, ainda hoje existe o sistema de castas. A mais elevada é a dos brâmanes, os sacerdotes. Uma pessoa da casta dos sacerdotes não se casa com alguém de uma casta inferior. A seguinte é a dos militares, onde acontece o mesmo. Depois vem a dos comerciantes, e a dos agricultores, e por fim a dos "zé-ninguém", o pária, aquele cuja sombra tocando outra pessoa de casta acima, obriga-a a se purificar através de um banho porque ficou maculada pela sua sombra. 
No sistema hindu, se uma pessoa foi muito pecadora nesta vida, precisa cumprir a lei do Karma, tem que sofrer muito, e vai nascer numa casta inferior. Se era da casta militar, mas fez tanta coisa que não prestava nesta vida, tem que nascer numa casta inferior, como agricultor pôr exemplo. Mas fez tanto nessa outra condição que vai nascer como pária, e como pária foi tão ruim que pode nascer como um animal inferior. Por isso não matam animais. A TV Cultura mostrou o "Templo dos Ratos" alimentados com comida, com leite, e água levados pelas pessoas, que depois de bebida, e pisada pelos ratos é passada no corpo dos fiéis. Não é de admirar que na Índia haja uma explosão de epidemias por essa idéia que têm. Isso é hoje, e nem comem carne, porque a vaca, que é um animal sagrado, fica solta pelas ruas, atrapalhando, prejudicando o trânsito, mas ninguém tem a ousadia de matar uma vaca porque é considerada sagrada. 
Entre os nossos índios, ocorre o animismo, a idéia de que cada coisa tem o seu espírito. Existe o espirito das árvores, o espirito das águas, e o das nuvens, o espírito disso e daquilo. E cada pessoa que morre transforma-se num espírito vagante. Há uma cerimônia no Xingu chamada quarup, quando, todos os anos, derrubam uma grande árvore na da floresta de modo a ser cortada em vários pedaços que são pintados e enfeitados para a "dança do quarup" que, segundo eles, faz com que o espírito daquele que morreu se incorpore naquele pedaço de tronco. Dançam, choram e oferecem presentes pensando estar na alma do seu parente incorporado. Essa coisa está vindo para o nosso meio. O jornal está falando de uma psicóloga em Salvador que se intitula Xamã. E ela está trazendo o Xamanismo como meio de terapia. Xamanismo é feitiçaria, pois em algumas tribos o feiticeiro, o pajé é chamado xamã. Ë pajelança. Mulher preparada, ilustrada trazendo a feitiçaria?! 
UM INSTINTO RELIGIOSO 
Que quer dizer tudo isso? Esses fatos nos dizem que há um instinto religioso na pessoa humana. Da mesma maneira que você tem o instinto de segurança, e o de alimentação, tem, igualmente, o instinto religioso que se encontra não só em cada pessoas individualmente falando, mas também em cada página da história. Por isso, Jesus disse: "Errais não conhecendo as Escrituras". E iam não somente atrás do crocodilo, atrás do peixe, ou atrás do trio elétrico, mas também atrás do xamanismo, porque pensam, sentem e querem algo que lhes satisfaça o instinto. E a religião é a expressão organizada desse instinto, razão porque o ser humano tem feito de tudo um deus: rãs, bois, sol, lua, árvores, etc. Isso quer dizer então, que todas as religiões sentem a mesma coisa, ou sejam elas primitivas ou altamente elaboradas. Todas são motivadas porque o ser humano necessita de Deus. 
O EVANGELHO 
Mas há algo diferente e especial no evangelho de Jesus Cristo: enquanto as religiões são motivadas pelo instinto religioso do ser humano o evangelho é motivado pelo amor de Deus. Que extraordinária diferença! Voltando à Escritura, encontramos o texto que diz "pela graça sois salvos, por meio da fé; e isto não vem de vós, é dom [é presente que vem da parte] de Deus"( Ef. 2.8). 
O cristianismo tem suas raízes no conceito de salvação, o que significa que nada que você faça, nada, absolutamente nada lhe pode dar a salvação. Somente a graça de Deus pode salvar. É o que diz aqui: "Pois é pela graça que sois salvos, por meio da fé - e isto não vem de vós, é Dom de Deus" (Ef. 2.8). 
Que ensinam os outros sistemas religiosos? Todos dizem que você precisa fazer alguma coisa para obter a salvação. Há os que dizem que você precisa realizar boas obras. "fora da caridade, não há salvação", dizem eles. Mas a Bíblia diz "não vem das obras, para que ninguém se glorie" (Ef. 2.9). 
Há os que dizem que vem através dos rituais, das rezas, das penitências. Está registrado no livro dos Atos dos Apóstolos o discurso que Paulo fez diante dos intelectuais em Atenas, afina flor dainteligentzia ateniense. No meio do discurso ele citou,"Homens atenienses, em tudo vejo que sois muito religiosos. Pois passando eu e vendo os vossos santuários, achei também um altar em que estava escrito: AO DEUS DESCONHECIDO... Portanto, sendo nós geração de Deus, não havemos de pensar que a divindade seja semelhante ao ouro, ou à prata, ou à pedra esculpida pela arte e imaginação do homem. Mas Deus não levando em conta os tempos da ignorância, manda agora que todos os homens em todos os lugares se arrependam" (17: 22,23 a 29, 30). 
Então vejam o interesse do evangelho não é que os deuses sejam aplacador, não é que se façam doações, ou rituais pelos quais espíritos sejam tranqüilizados, mas quer você seja salvo dos seus pecados, razão porque é perfeitamente correta a afirmação "O Cristianismo é uma religião de redenção."
Parte IV
OS OBJETOS DA PAIXÃO
Lucas 24. 13-35 
 "Em seguida, os soldados do governador, conduzindo Jesus ao pretório, reuniram em torno dele toda a corte. E despindo-o, cobriram-no com um manto escarlate, e, tecendo uma coroa de espinhos, puseram-lha na cabeça. Na mão direita puseram um caniço e, ajoelhando-se diante dele, o escarneciam, dizendo: Salve, rei dos judeus! E, cuspindo nele, tiraram-lhe o caniço, e batiam-lhe com ele na cabeça. Depois de o haverem escarnecido, tiraram-lhe o manto, vestiram-lhe as suas vestes. E o levaram para ser crucificado" (Mt 27.27-31).
A rotina da crucificação havia começado. O verso 26 declara que depois de todo o sofrimento moral de Jesus, Pilatos, o Governador romano, mandara açoitá-lo. Depois da prisão (Mt 26.47ss), depois da passagem pelo Superior Tribunal Judaico (vv. 57ss), depois da negação de um dos Seus discípulos (26.69ss), depois do questionamento pelo Governador (27.11ss), Jesus é entregue aos soldados romanos (vv. 26,27; Jo 19.1-3). 
Agora é a vez dos soldados. Diz a Bíblia que Jesus foi despido e chicoteado (v. 28). Na realidade, foi flagelado. O flagelo ou açoite consistia de uma tira de couro largo com pedacinhos de osso e chumbo. Era comum o seu uso antes da crucificação de um condenado, quando o corpo ficava reduzido a uma só chaga. Alguns morriam durante a sessão de tortura; outros ficavam loucos, e poucos permaneciam conscientes. Pois Jesus foi entregue aos soldados, enquanto os últimos detalhes da malfadada pena eram preparados.
Há no relato acima transcrito (Mt 27.27-31) alguns objetos que chamam a atenção: o manto real, a coroa real, o cetro real e a cruz.
O REI ESCARNECIDO (Mt 27.27-31) 
O Manto Escarlate. 
João, em seu Evangelho, dá-nos o detalhe da flagelação, o que não é encontrado nos Sinóticos (Mateus, Marcos e Lucas). Encontra-se em 19.1-3. Após a sessão de flagelação, foi Jesus entregue para ser cumprida a pena. 
Diz a narrativa que os soldados fizeram uma paródia de um rei ao vestirem-no com uma capa vermelha (tirada de um deles), ao colocarem na Sua cabeça uma coroa de espinhos, e ao lhe darem um pedaço de caniço como se fosse o cetro de um rei. Continua o texto por dizer que Pilatos chegou a ter um momento de consciência (v. 4), para logo depois sair trazendo Jesus com a coroa de espinhos e o manto escarlate a fim de apresentá-lo ao povo sedento de violência, de sangue, do castigo sobre alguém.
A Coroa de Espinhos (v.29) 
O próprio Jesus já havia anteriormente falado em espinhos (Mt 7.16; Mc 4.7). Os galhos com espinhos eram largamente usados como cercas (como as nossas de arame farpado), e como combustível (nos fogões de lenha).
Coroas, havia-as de todo tipo: de ramos de louro como símbolo de vitória entre os gregos e os romanos; havia coroas de ouro e de pedras preciosas. De espinhos, porém, só de brincadeira, brincadeira de mau gosto; de espinhos, só mesmo as de uma mascarada, como é o caso no episódio da prisão de Jesus.
A coroa, o manto e caniço feito cetro eram simbólicos do reinado de Cristo, do Rei dos reis feito Servo Sofredor. Apontavam para o futuro reino (Ap 17.4), embora o significado óbvio e original da coroa de espinhos tivessem sido a evidência da crueldade, brutalidade e zombaria da soldadesca. Por outro lado, o significado figurado e profético da coroa de espinhos é o símbolo do ministério terreno de Jesus Cristo, representando, ainda o caráter do evangelho: a humildade, a contrição, o arrependimento e a servidão, ao tempo que de paz, vitória e poder.
O SERVO SOFREDOR: A CRUZ (Lc 23.33-46) 
Relatam os historiadores que a crucificação teve sua origem entre os persas. Destes passou aos cartagineses (povo de Norte da África de origem fenícia) e deles para os gregos e romanos. Narra a história que Alexandre, o Grande, certa ocasião ordenou que cerca de dois mil habitantes de Tiro, na Fenícia, fossem crucificados. O governo romano a usava com os rebeldes, escravos fugidos e criminosos.
O método da crucificação é retratado com clareza nos Evangelhos: o criminoso, já uma massa sangrenta por causa dos açoites, se resistisse era colocado na cruz para morrer de fome, sede, calor, fadiga e choque. Os que resistiam ficavam na cruz, às vezes, por dias, sujeitos à tortura das moscas e mosquitos nas feridas abertas e dos elementos: chuva, poeira, vento e Sol, além da dor física e moral. Foi isso o que Jesus sofreu por nós: dor e zombaria. 
O criminoso era levado pelo caminho mais longo de modo a ser visto pelo maior número de pessoas. Foi isso o que Jesus sofreu pelo ser humano. No entanto, a cruz significa a obra salvadora de Jesus Cristo. Paulo afirma que o evangelho da salvação é a palavra da cruz de acordo com 1Coríntios 1.18.
NO GÓLGOTA, TRÊS CRUZES (Lc 23.33-46) 
A Cruz de Desprezo (v. 39). É a blasfêmia em pessoa o criminoso ao lado esquerdo de Jesus que se reúne às autoridades, aos soldados e ao povo que descrê de Jesus e dEle escarnece. A zombaria se centralizava nas afirmações feitas por Jesus e Sua aparente impotência na cruz.
Usavam a glória de Cristo para fazer mofa, como já haviam zombado de Sua realeza. O General Booth, fundador do Exército da Salvação, expressou com muita propriedade, "é precisamente porque Cristo não quis descer que nEle cremos".
A Cruz da Confiança (v. 42). O criminoso do Seu lado direito, o penitente, o arrependido, após recriminar o escárnio de seu companheiro, volta-se para Jesus numa atitude de fé, precisamente a atitude que torna possível a salvação. 
A Cruz do Perdão (v. 43). É a da redenção, da libertação. Observemos que Jesus não desceu da cruz, levando consigo o malfeitor arrependido. Não havia sentido em fugir à morte. Pelo contrário, a morte é apresentada sob uma nova luz, visto que é necessária para que se cumpra a promessa que fizera ao criminoso penitente. A morte não é uma derrota, mas experiência necessária para entrar na glória.
Oh, cruz do perdão!... O verso 34 expressa, "Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem". O perdão cristão é assombroso. Estevão também exclamou nos seus momentos finais, "Senhor, não lhes imputes este pecado"; Paulo instruiu os irmãos de Éfeso, "Antes sede uns para com os outros benignos, compassivos, perdoando-vos uns aos outros, como também Deus vos perdoou em Cristo" (Ef 4.32). O perdão de Jesus aos Seus juízes e carrascos é, sem dúvida, impressionante.
Ainda na cena da crucificação, a suprema lição de que nunca é demasiado tarde para vir a Cristo exemplificado pelo criminoso em seus momentos de agonia.
Parte V
A DÚVIDA DE JOÃO 
De acordo com o dicionário Caldas Aulete, dúvida significa: "Incerteza, vacilação, hesitação da inteligência entre a afirmativa e a negativa de um fato, ou de um asserto, como verdadeiro". Mateus relata que "Quando João ouviu, no cárcere, falar das obras de Cristo, mandou por seus discípulos perguntar-lhe: És tu aquele que estava para vir ou havemos de esperar outro?" (Mt 11.2,3). Alguns intérpretes acham que não foi João Batista quem duvidou se Jesus era ou não era "aquele que estava para vir", mas tão somente os discípulos dele (de João). Ele os enviou a Cristo a fim de que a dúvida deles fosse dissipada. Contudo, essa não parece ser uma interpretação segura.A afirmação de Jesus, "Ide e anunciai a João" (Mt 11.4), confirma que era João mesmo quem tinha a dúvida. 
Em que consistia a dúvida de João? Os judeus tinham a idéia de que o reino vindouro do Messias seria um reino militarista, nacionalista e materialista. Os judeus pensavam que quando o Messias chegasse haveria de firmar-se como um grande Monarca, o qual haveria de libertá-los de toda a sua escravidão, e que elevaria os judeus acima de todos os demais povos, através do que se tornariam eles a raça conquistadora e proeminente. O próprio João Batista parece ter-se apoiado nesse conceito quando enviou seus discípulos para fazerem a Jesus a referida pergunta. É como se ele tivesse mandado dizer: "Eu sei tudo sobre esses milagres que tu fazes, mas quando terá lugar aquele grande acontecimento?". 
Jesus respondeu a João citando as Escrituras (Mt 11.4-6), como costumeiramente fazia. Em que sentido era alentadora esta resposta? Não é verdade que João Batista já sabia tudo isto (cf. Mt 11.2), e que o fato de o saber havia contribuído substancialmente para criar a dúvida? É verdade, porém, a forma de Jesus se expressar era nova. Era nova no sentido de que os amigos que informaram João dos milagres de Cristo não havia usado este tipo de formulação. Por outro lado, a mensagem na forma em que Jesus a expressou tinha um som conhecido. João devia recordar-se de certas predições proféticas; a saber, Isaías 35.5,6; 61.1. É como se Jesus dissesse ternamente a João: "Você se lembra destas profecias? Isto também foi predito acerca do Messias. E tudo isso está se cumprindo hoje em mim". 
A mensagem dirigida a João Batista termina com as palavras: "E bem-aventurado é aquele que não achar em mim motivo de tropeço" (Mt 11.6). Ou seja, quem não permite que nada do que faço ou diga lhe sirva de laço, o induza a pecar. Ainda que seja correto o ponto de vista segundo o qual nesta admoestação Jesus estivesse repreendendo João, a repreensão (se é que houve) era tão terna que não eclipsava em nenhuma forma o amor do Senhor por seu discípulo momentaneamente confuso. Na verdade, considerada corretamente, a admoestação contém uma bem-aventurança. "Bem-aventurado é aquele que...". O Senhor trata tão ternamente a João como o fez com o cego de nascença, a mulher pega em adultério, Pedro, Tomé, etc. Em vista do modo em que Jesus imediatamente procede a elogiar João publicamente, e a repreender aqueles que vêem falta neste arauto e nAquele de quem ele deu testemunho (Mt 11.7-19), temos como certo que a mensagem de Jesus teve o efeito desejado em João. Porém, o que se destaca é a sabedoria e a ternura de Jesus, e isto tanto na mensagem de alento dirigida a João como no testemunho dado acerca de João.
Parte VI
A FÉ QUE FALA (E NÃO FALA)
Tiago 3:1-12
Certa vez William Shakespeare comentou, "Quando palavras são raras, não são gastas em vão." Outro erudito disse, "Homens sábios falam porque têm algo para dizer; tolos, porque gostariam de dizer algo." Um ditado filipino aconselha, "Na boca fechada, não entra mosca." Os árabes oferecem esta jóia de sabedoria: "Tome cuidado que sua língua não corte seu pescoço."
Salomão em Provérbios nos adverte, No muito falar não falta transgressão, mas o que modera os seus lábios é prudente (Pv. 10:19)
Capítulo 3 de Tiago nos coloca na parede e nos desafia a viver uma fé genuína, verdadeiramente cristã. No final do cp. 2, Tiago nos mostrou como a fé verdadeira manifesta-se inevitavelmente em obras. Agora, no cp 3, ele mostra que "obras" não são somente o que fazemos, mas também o que falamos. E não somente o que falamos, mas o que NÃO falamos! 
A língua é um músculo com sua origem no coração. Por isso a língua talvez revele o verdadeiro estado do nosso coração mais rápido que qualquer outra prova de fé genuína listada por Tiago. A língua sou eu. Eu sou o que a língua fala! Às vezes, soltamos uma palavra tão pesada, que cheira mal, e depois exclamamos, "De onde veio aquilo?" Mas o fato é que somos assim mesmo. Abaixamos a guarda e revelamos o verdadeiro eu, mesmo que só por um instante. Assim como Jesus disse, a boca só fala do que o coração está cheio (Mt 12:34). A língua é o dreno do coração! A língua serve como escape daquilo que está borbulhando no coração. Por isso, dizemos que É impossível domar a língua
Se Jesus não domar o coração!
Essa é uma mensagem tão simples, mas que precisamos ouvir todos os dias de nossas vidas. O propósito de Tiago é que sejamos mais sensíveis ao poder incrível da língua, e deixemos que Jesus peneire nossas palavras, filtre nossa fala e lacre os nossos lábios. Veja o poder da língua em Tiago 3.1-12:
I. A Língua tem Poder para Dirigir (3:1-4)
A língua é poderosa. Esse poder pode ser para o bem ou para o mal. Talvez, por ser tão potente, Deus prendeu a língua atrás de duas fileiras de dentes e dentro de uma caverna fechada. Tiago nos lembra que a língua tem um enorme potencial para direcionar vidas.
A. Por quem muito é falado, muito será julgado (3:1,2)
No contexto destas palavras a Igreja primitiva lidava com a valorização e poder dados a quem ensinava e direcionava os novos grupos de crentes que se formavam. Mas isso representava um perigo. A nova liberdade em Cristo, que incluía liberdade para falar em culto público, precisava ser bem manejada (1 Co 14:26-34). Assim como Tiago nos lembrou no cp 1, "Todo homem, pois, seja pronto para ouvir, tardio para falar... "(vs 19).
Os leitores precisavam ficar cientes da seriedade de presumir falar em nome do Senhor.
Conforme o ditado, Quem presume dizer, "Assim diz o Senhor, Deve fazê-lo com temor e tremor."
Tiago não quis minimizar ou desencorajar os dons de falar na igreja (Hb 5:12, Ef 4:11,12; 1 Pe 4:10,11). Sua advertência é totalmente coerente com o princípio ecoado em Mateus 12:26,27 "De toda palavra frívola que proferirem os homens, dela darão conta no dia do juízo; porque pelas tuas palavras serás justificado, e pelas tuas palavras serás condenado."
Há duas razões porque devemos pensar bem antes de assumir a posição de mestre: 1) (Vs 1) O mestre, pela natureza do serviço, tem que falar muito. Por isso, haverá mais palavras para serem pesadas, mais potencial para derramar palavras frívolas, inúteis, pecaminosas, enganadoras.
2) (Vs 2) O mestre tem maior responsabilidade, pois influencia a muitas outras pessoas pelo que fala, e facilmente tropeça no falar. Tem poder para dirigir, ministrar graça, ou enganar para toda a eternidade.
O mestre que não controla sua língua acaba tropeçando sobre a mesma. No mundo da política vemos isso. Um representante do FMI tropeça sobre sua língua e um país inteiro é colocado em descrédito. Um político num momento de descuido fala um anti-semitismo e perde uma eleição. 
A mesma coisa pode acontecer com os mestres (professores) na igreja. Temos que medir toda palavra quando ensinamos ou pregamos. Por isso ensinar e pregar são tarefas tão exaustivas. As vidas de homens e mulheres estão na balança. Mas o que ele quis dizer com "maior juízo"? (1 Co 3:10-15, 2 Co 5:10, Rm 14:10-12)-Todos nós compareceremos diante do tribunal de Cristo. Não para sermos condenados (Rm 8:1 diz que isso não existe mais) mas para recebermos os prêmios de Jesus por um ministério fielmente cumprido. Haverá perda de galardão assim como houve perda de oportunidade para ministrar graça em nome de Jesus. Não desista! Seu trabalho não é vão. Mas leve a sério esse trabalho de conduzir os rebanhos do Senhor para pastos verdejantes! b. A língua freada implica em vida controlada (2b-4) Tanto no caso do "freio na boca do cavalo" quanto a do "leme no navio", vemos que uma parte pequena mas estratégica é capaz de direcionar algo poderoso e até grande. O freio se coloca num ponto estratégico, na boca do cavalo. Mesmo pequeno e fraco, consegue direcionar o cavalo com pouco esforço, até de uma criança. Também, o leme é infinitamente menor em proporção ao navio, mas assim mesmo , por ficar num ponto estratégico, é capaz de direcionar um transatlântico como Titanic ou um porta-aviõesconforme a vontade de um timoneiro. Assim é nossa língua, pequena porém estratégica. Conforme vs 2b, se conseguirmos refrear a língua, somos capazes de controlar o corpo inteiro. Mas como isso é difícil! Quantas vezes eu já quis frear minha língua quando já era tarde demais! Tantos "foras" que já dei! A nuvem de palavras mortíferas tende a pairar sobre nós até hoje, como uma nuvem preta. Mas uma vez que as palavras escapam de nossa boca, é impossível chamá-las de volta. É realmente desesperador soltar palavras e depois ficar impotente enquanto assiste o estrago que elas fazem. Por isso temos que freá-las o quanto antes.
Palavras como...
*Fofoca *Um "corte" no meu irmão *Ódio *Obscenidade 
*Piadas sujas *Ira *Palavrão *Blasfêmia *Vingança *Inveja
Nosso desespero, é semelhante ao daquele motorista no volante de um carro que de repente começa a derrapar, perde o controle. Ele tenta frear, mas já é tarde demais.
II. A Língua Tem Poder para Destruir (5-8) A. Quem a língua solta causa grande revolta. (5,6) 
A Palavra de Deus nos adverte contra a destruição causada pela língua. Ao mesmo tempo nos encoraja pelo potencial que esta mesma língua tem para transmitir vida e graça para pessoas desanimadas. 
A morte e a vida estão no poder da língua;
o que bem a utiliza come do seu fruto.
A língua serena é árvore de vida,
mas a perversa quebranta o espírito (Pv. 18:21, 15:4). 
Em algumas épocas do ano encontramos ao longo das nossas rodovias incêndios quase todos os dias. Isso devido ao descuido de alguns, que sem querer ou não jogam seu cigarro pela janela. Uma pequena faísca acaba destruindo hectares de floresta e terras gramadas. 
Em Chicago, nos Estados Unidos, no ano de 1871, um lampião num celeiro deixou 125.000 pessoas sem-teto, destruiu 17.500 prédios e matou 300 pessoas. Já na Coréia, em 1903, 2,6 km2 foram queimados quando algumas brasas na cozinha causaram um incêndio que destruiu 3000 edifícios. 
O poder destrutivo das palavras é visto no livro em que Hitler declarou sua filosofia nazista, Mein Kampf. Na II Guerra Mundial, as filosofias expressas naquele livro levaram à morte de 125 pessoas para cada palavra do livro. 
Uma vez que a faísca da língua ascende o fogo, é extremamente difícil pará-la, até que tenha destruido tudo em seu caminho. É assim com as nossas palavras. Uma pequena palavra mal-colocada, na hora errada, pode destruir uma vida. Uma palavra de crítica destrutiva; uma fofoca; uma colocação verídica mas cruel, sem tato, pode desmontar uma pessoa, uma família, uma igreja. Pior, a língua alimenta a si mesma. E assim como a língua, o fogo só precisa de oxigênio e combustível para queimar incessantemente . Com um pouquinho de fôlego, nossa fofoca, nossa reclamação, nossa murmuração, encontra bastante respaldo para queimar palavras para sempre. Precisamos evitar este fogo antes que comece! 
Pois este fogo, provocado pela nossa língua, começa rapidamente e quando percebemos já se alastrou. Ela é descrita como fogo, consumindo. É um mundo de iniqüidade, que causa a maioria dos problemas que enfrentamos na igreja hoje, pois contamina todo o corpo, incendiando, destruindo a vida das pessoas. É influenciada e incendiada pelo próprio inferno, porque o diabo é fofoqueiro, mentiroso e acusador. Nenhum membro do corpo humano tem tanto potencial para o mal! 
Será que minha língua tem sido instrumento de desencorajar, desestimular, ridicularizar, gozar, e destruir? Meu cônjuge? Meus filhos? Meus pais? Meu pastor? Meus vizinhos? Meu patrão? Será que já incendiei vidas pelo poder destrutivo da minha língua? 
B. A língua venenosa é muito perigosa (7,8); 
Viver com a língua é como dormir com uma cascavel. Pode até parecer que está tudo sob controle, mas na hora em que você menos espera, ela dá o bote. 
A natureza da língua é venenosa, mortífera, indomável. Mesmo que o homem consiga domar animal, ave, réptil e peixe, ninguém de nós é capaz de conter nossa língua. 
Mas aqui entram as boas notícias. Jesus pode domar a língua porque Ele transforma o coração. O mesmo Jesus, que habita em nós pelo Seu Espírito, quer converter nossa boca! Já ouvi histórias de homens profanos, que cada palavra que saía de seus corações eram palavrões ou piadas sujas, mas que Jesus transformou completamente. Famílias desmontadas, foram reconstruídas por Jesus. 
Cristo vive em nós. Ele deseja usar nossa boca como um instrumento para a glória dEle e edificação de vidas. Não para destruir, mas para edificar. Pense: "O que Jesus falaria?" 
Em seu livro, "War of Words" (Guerra de Palavras), Paul Tripp aplica essas idéias ao contexto da família: Enquanto escrevo esse livro, fico triste pensando sobre quanta conversa em minha família não reconhece a seriedade que [a Bíblia] dá [à língua]. Não, não temos brigas feias, mas há muitas palavras impensadas, cruéis, irritantes e de reclamações faladas todos os dias. 
Creio que somos como muitas famílias cristãs-minimizamos esses "pequenos" pecados da fala porque nosso lar está livre de abuso físico e verbal, e realmente nós nos amamos. Mas... palavras que " mordem e devoram" são palavras que destroem. Não são "tudo bem". Então precisamos fazer tudo possível para dar às nossas palavras a importância que a Bíblia as dá, lembrando que Deus diz que prestaremos contas de cada palavra frívola. (202) 
Peça a Deus que peneire as palavras da sua família, especialmente ao redor da mesa, no carro, naqueles momentos de confraternização. Desafio aos pais que vigiem o que é falado em sua casa essa semana, clamando a Deus que transforme toda fala em casa. 
III. A Língua tem Poder para Dividir (9-12) 
A língua dividida significa fonte corrompida, e que algo está errado com o coração! 
A língua é a fonte que jorra hipocrisia e falsidade; é o auge da esquizofrenia verbal. É incoerente, dividida, como língua de cobra. Da mesma boca podemos cantar louvores na igreja e destruir nosso cônjuge no caminho para casa. Podemos dar uma aula de EBD e logo em seguida detonar a vida de um filho. Isso é errado! Mas esse tipo de incoerência é típica da língua. Não significa, necessariamente, que não somos convertidos. Significa que a conversão do nosso coração ainda não alcançou os lábios. 
Seria impossível para uma fonte natural produzir água doce e amargosa ao mesmo tempo (11). 
Seria impensável colher azeitonas de uma figueira (12), ou fonte de água salgada dar água doce. 
Mas a língua pode. A mesma língua, como no caso de Pedro, pode declarar uma revelação celestial para Jesus, "Tu és o Cristo, o filho do Deus vivo" e na próxima sentença ser reprovado pelo próprio Jesus por ter falado palavras do inferno, "Arreda! Satanás" (Mt 16:17, 23). 
Fico imaginando se Tiago, meio-irmão do próprio Senhor Jesus, lembrava da sua juventude, e a maneira pela qual ele e seus outros irmãos tratavam o irmão mais velho, Jesus. Imagine como seria ser irmão mais novo de Jesus! Quantas palavras desgraçadas teriam escapado de sua boca, quando ainda não acreditava que Jesus era o Cristo. Palavras venenosas, diabólicas, talvez um "dedo-duro", com acusações falsas, ciúmes, vingança, ódio. Afinal de contas, não teria sido fácil ser um irmão de Jesus. Imagine seus pais falando, "Tiago, por que você não pode ser como Jesus?" Mais tarde, tudo mudou. A fonte poluída foi transformada. Água salgada virou doce. O meio-irmão incrédulo, zombador, se tornou líder da igreja em Jerusalém e autor dessa epístola maravilhosa. Tiago destaca que uma fé genuína implica em mudanças radicais (literalmente) na língua! A mudança "radical" significa uma mudança de raiz, ou seja, do coração. O coração controla a língua. Quando Jesus transforma o coração, mudanças têm de acontecer na língua. Às vezes, essas mudanças demoram. Significa que ainda existem sujeiras no encanamento. Mas geralmente uma fonte cristalina tem que produzir palavras cristalinas. 
Você já reparou no poder das palavras para fazer bem ou mal? Consegue se lembrar de uma vez em que você foi desmontado por uma palavra desgraçada?Por outro lado, lembra-se de alguma vez em que alguém falou uma palavra de encorajamento que mudou toda a sua perspectiva de vida? 
Somos pecadores por natureza, e a tendência natural é de fofocar, resmungar, criticar, xingar, blasfemar. Mas foi por isso que Jesus veio para este mundo-- para resgatar a língua do homem. Para isso, precisava fazer um transplante--não da nossa língua, mas do nosso coração, pois a língua só fala do que o coração está cheio. A morte e a ressurreição de Jesus tiveram como alvo transformar o coração daqueles que depositam sua confiança (fé) nele (e só nele) para a vida eterna. O resultado deve ser uma transformação de vida, a começar com a raiz (o coração) até o fruto (a língua)! 
Como, então, desativar esta bomba entre nossos lábios? A resposta bíblica é de pesar, pensar e peneirar nossas palavras. Em outras palavras, falar pouco e falar bem o que falamos. 
É impossível domar a língua, se Jesus não domar o coração.
Parte VIII
A FÉ É QUE ENFRENTA PROVAÇÕES
Tiago 1:2-12
Certa vez um grupo de mulheres queria saber como eram confeccionadas as jóias que elas tanto apreciavam. Foram, então, visitar um ourives. Chegando ao local onde o ourives trabalhava, puderam observar como ele queimava a prata no fogo cuidadosamente a fim de torná-la pura.
Depois de um tempo observando seu trabalho, ficaram admiradas com a precisão com que ele lidava com o metal precioso, tirando-o no momento exato de sua boa têmpera. Elas lhe perguntaram como ele podia saber quando chegava a hora certa de retirar a prata do fogo, visto que ele já lhes tinha dito que se deixasse a prata tempo demais no fogo ela seria destruída. Ele disse que era bem simples, que havia um "macete" para descobrir a hora certa. Era quando ele podia ver a sua própria imagem refletida na prata, isto, então, indicava que já era hora de tirá-la. A imagem do ourives refletida na prata indica que ela já está purificada. Da mesma maneira a Palavra de Deus nos sugere que o Senhor quer ver sua imagem refletida em nós (Rm 8.29). E por coincidência ele também nos purifica com o "fogo das provações" para atingir seu propósito. O "fogo das provações" vem das mais diversas áreas de nossa vida: finanças, saúde, problemas familiares, vizinhos, trabalho e escola.
Porém, se sabemos que o fogo das provações nos purifica, como devemos reagir a ele? Será que há alguma porção das Escrituras que nos ajude a reagir positivamente diante das provações a fim de que Deus complete sua obra em nós? Sim, existe. Na verdade existe um livro que pode nos ajudar muito.
O livro chama-se Tiago, e mesmo pequeno, é um gigante em termos da sua mensagem para a vida e ética cristã hoje. Tiago apresenta para nós provas de uma fé genuína, testes que vão tirar a escória da nossa fé e fazer com que a imagem de Cristo Jesus seja cada vez mais nítida em nós. Tiago dispensa das saudações preliminares e vai direto ao assunto: 
Meus irmãos, tende por motivo de toda a alegria o passardes por várias provações (1.2)
Como, porém, Tiago pode nos dizer imperativamente que devemos ter alegria em meio à provação, se ela é tão ruim para nós? É porque ele sabe que o verdadeiro crente crê que Deus torna isto possível. Fé é um verbo ativo que está no tempo presente! Mas Tiago não pára por aí. Ele também nos ajuda de forma prática para enfrentarmos as provações. Ele nos dá cinco passos pelos quais enfrentaremos a refinação da nossa fé pelo fogo da provação.
1. Primeiro Passo: A Fé Verdadeira Enfrenta Provações com Alegria (1:2,3)
A primeira prova talvez seja a mais difícil. Uma fé pura consegue enxergar a mão invisível de Deus tirando o máximo proveito do fogo das provações. A fé se alegra porque sabe que a provação tira as imperfeições da nossa fé. Confia única e exclusivamente em Deus e pede sabedoria dEle para poder tirar o mesmo proveito das tribulações da vida. Fica resoluta, sem vacilar, em meio às dificuldades. Ter alegria quando chega os momentos difíceis não significa que provações são divertidas ou engraçadas. Não significa que temos algum complexo de martírio ou somos sado-masoquistas. A idéia é de uma avaliação cuidadosa, racional, pensada, madura, que vê a longo prazo e reconhece o benefício que as provações trazem consigo. Por exemplo, a mulher que está para dar a luz sabe muito bem que deve suportar a dor do parto para ter a alegria de ver seu filho nascer; o atleta sabe que tem de treinar muitas horas por dia para ter a alegria de vencer a maratona. Na verdade, precisamos aprender a suportar as dores da provação hoje para termos a alegria de colhermos seus doces frutos amanhã. Esta deve ser a razão principal por que provações são motivo de alegria. Reconhecemos que a mão de Deus está sobre nós, que Ele é maior que a provação, que não escapa nada de seu controle, que Ele é capaz de produzir um bem muito maior (cp. José Gn 50:20).
2. Segundo Passo: A Fé Verdadeira Enfrenta Provação com Perseverança (1:4)
Podemos definir alguém perseverante como uma pessoa disposta a ficar "debaixo" até o fim.
Provações somente são motivos de alegria se continuarmos firmes até ao fim. Temos que permitir que Deus faça a obra completa pelo fogo da provação.
Não significa que não vamos tentar sair do sofrimento, pois não somos mártires. Assim como a mulher pode fazer tudo para aliviar a dor do seu parto, nós também podemos fazer tudo para aliviar a dor, mas sem pecado.
Precisamos entender que as provações que vêm da parte de Deus têm o objetivo de desenvolver a nossa fé. Por exemplo, quando passamos por problemas financeiros, Deus quer nos ensinar a ser bons mordomos daquilo que Ele mesmo tem confiado a nós. Mas é verdade também que o diabo se aproveita de situações como esta e vem nos tentar, para sacrificarmos alguns princípios éticos e dessa maneira desagradarmos ao Senhor.
Os atletas são o melhor exemplo de perseverança para nós. Eles treinam muitas horas para alcançarem seu prêmio. São perseverantes em repetir todos os dias aqueles exercícios físicos que os condicionam para a vitória. O treinamento em si com certeza não é muito agradável, pois consome muito tempo de sua semana e também traz consigo dores para o corpo. Porém, no dia da vitória eles nem se lembram mais destas dores de que foram "obrigados" a suportar. A perseverança produz uma fé vibrante, forte, completa e íntegra.
3. Terceiro Passo: A Fé Verdadeira Enfrenta Provação com Súplica (1:5)
Quando enfrentamos provação, normalmente vamos descobrir que nos falta algo . Ela revela impaciência, incredulidade, fraqueza, ira e desânimo. Porém o que mais nos falta é sabedoria-não necessariamente para saber a razão pelo sofrimento (quase nunca descobrimos isso) mas para saber como responder quando percebemos as falhas do nosso coração. E o que fazer nesta situação? Orar! Suplicar a Deus por sabedoria para poder lidar com a provação da forma correta.
É comum ouvirmos este versículo fora de seu contexto sendo usado como um pedido generalizado por sabedoria. Acredito que isto seja válido, pois Deus sempre se agrada de pedidos por sabedoria, porém, a ênfase do texto está no pedido por sabedoria em meio a tribulação. A nossa primeira opção em tempos difíceis é voltarmos nossa face para Deus, confiante de que Ele há de responder com liberalidade.
Aprendemos algo importante sobre nosso Deus-Sua natureza é generosa! O texto grego literalmente diz "o dando-Deus". Ele não fica incomodado, irritado ou bravo quando clamamos, suplicamos e o importunamos dia após dia por sabedoria para enfrentar uma situação insuportável. Ele se agrada de filhos que O procuram dessa maneira.
4. Quarto Passo: A Fé Verdadeira Enfrenta Provação com Fé (1:6-8)
Mas existe um "porém" no texto. Podemos pedir, mas o pré-requisito é a FÉ. Não é uma fé cega, mas que tem olhos espirituais abertos para compreender e confiar na natureza de Deus. O ponto da provação é para desenvolver nossa fé. Então o que adianta suplicar a Deus mas sem fé de que Ele se importa e de fato responde às orações que lhe fazemos?O ponto da provação é estabilidade, firmeza, convicção e maturidade. Mas a dúvida leva para instabilidade, agitação, inconstância-assim como as ondas dirigidas pelo vento. Essa pessoa já começa derrotada.
5. Quinto Passo: A Fé Verdadeira Enfrenta Provação com Esperança (1:9-12)
Os últimos versos deste parágrafo parecem fora do lugar, mas de fato fazem parte do argumento. Por que Tiago começa falando sobre o pobre e o rico? O que tem a ver?
Os leitores, na grande maioria, eram pessoas pobres. Precisavam reconhecer que a provação era algo temporário, transitório e superficial. Mesmo em condições humildes, tinham uma posição em Cristo de dignidade. Em outras palavras, havia esperança para os pobres. Essa vida não é o fim!
O rico, por outro lado, precisava compreender que suas riquezas eram insignificantes à luz do grande esquema do universo. Não garantiam nada em termos da eternidade. De fato, suas riquezas eram superficiais, instáveis e superficiais. Quem depende de posses e bens para seu "estatus" diante de Deus está em sérios apuros.
O último versículo conclui essa parte sobre a prova da provação, mostrando que havia, sim, possibilidade para o futuro. Quem persevera em Cristo em meio as provações revela uma fé vibrante, viva e eficaz. No final do processo, terá o galardão chamado "a coroa da vida".
Entendo que o galardão é a vida, ou seja, que essa pessoa terá o alívio final de todos os seus sofrimentos numa vida sem fim.
Conclusão:
Sei que muitos estão sentindo o fogo do ourives em suas vidas. Mas todo esse processo significa que Deus encontra em nós uma fé como brilhante, que vale a pena trabalhar. Será que você e eu estamos permitindo que Deus trabalhe, mas trabalhe mesmo, a nossa fé? Estamos dispostos, ao encontrarmos o ensino do livro de Tiago, a deixarmos que o Ourives termine seu trabalho em nós?
"Aumenta minha fé!
Revele Seu Filho em mim."
As provas de uma fé genuína são oportunidades para aqueles que realmente são filhos de Deus desenvolverem sua vida cristã. São oportunidades para dizer "SIM" ao Espírito Santo, movidos pela Palavra de Deus.
Lembre-se:
Fé é um verbo ativo... no tempo presente.
Parte VIII
A GUERRA POR DENTRO
Tiago 4:1-6
Conforme o relato bíblico, o mundo começou em paz, e terminará do mesmo jeito. Mas, se existe uma característica que define a raça humana entre o começo e fim, é a palavra “CONFLITO”. Desde o momento da primeira briga conjugal, quando Adão gritou “Foi a mulher que Tu me deste”; desde a rivalidade entre os irmãos gêmeos, Caim e Abel, que culminou no primeiro assassinato; incluindo guerras praticamente ininterruptas durante milhares de anos. São conflitos causados pela natureza humana. Essa natureza faria qualquer coisa para conseguir o que quer, inclusive eliminar qualquer um que bloqueie seus sonhos e ideais.
É isso que Tiago 4.1-6 nos ensina:
1 De onde procedem guerras e contendas que há entre vós? De onde, senão dos prazeres que militam na vossa carne?
2 Cobiçais e nada tendes; matais, e invejais, e nada podeis obter; viveis a lutar e a fazer guerras. Nada tendes, porque não pedis;
3 pedis e não recebeis, porque pedis mal, para esbanjardes em vossos prazeres. 4 Infiéis, não compreendeis que a amizade do mundo é inimiga de Deus? Aquele, pois, que quiser ser amigo do mundo constitui-se inimigo de Deus.
5 Ou supondes que em vão afirma a Escritura: É com ciúme que por nós anseia o Espírito, que ele fez habitar em nós?
6 Antes, ele dá maior graça; pelo que diz: Deus resiste aos soberbos, mas dá graça aos humildes.
Infelizmente, algumas pessoas são infiéis a Deus quando flertam com o mundo, quando paqueram valores terrenos, quando dão a mão para a ambição, quando abraçam a cobiça. Mas nosso Deus não aceita concorrentes. Sua aliança com Seu povo exige EXCLUSIVIDADE! 
Versículo 4 começa chamando os leitores de “infiéis”. A palavra é “adúlteros”, uma palavra forte e inesperada, mas que tem raízes fortes no Velho Testamento. O povo de Israel foi acusado de adultério espiritual pelo fato de ter abandonado o Deus da aliança. Era uma “esposa” que dividia sua atenção entre dois amores. 
Deus não aceita uma esposa de tempo parcial. Seu senhorio é total. Deus não quer um pedaço, mas tudo. O amigo do mundo não pode ser amigo de Deus. 
No parágrafo que começa no v. 1, Tiago traça para nós o fruto ruim de guerras, brigas e conflitos até a raiz podre de egoísmo desenfreado, cobiça, inveja, mundanismo. Ele nos mostra que nossa atitude para com o mundo revela nosso coração.
A fé verdadeira manifesta-se numa vida transformada, de forma presente e ativa. Esse texto nos desafia a rejeitar a cultura desse mundo e abraçar os valores de Deus. Vamos traçar a patologia de conflitos entre nós: A causa, as conseqüências, e a cura para conflitos humanos . . . 
I. A Causa de Conflito Humano: Cobiça (1-2)
O texto começa com uma pergunta retórica que expõe nosso coração, e provoca uma reflexão mais filosófica. De onde vem as guerras, os conflitos, as conflagrações entre homens? 
Seja uma briga de duas crianças que querem o mesmo brinquedo, seja no serviço, entre funcionário e patrão, ou entre motoristas no meio do trânsito; sejam batalhas travadas entre pais e filhos, marido e esposa, ou, entre nações as guerras e invasões—qual a raiz desses conflitos? 
O mundo oferece muitas respostas. Alguns diriam que o problema está no ambiente. Que temos que modificar o comportamento do ser humano proporcionando-lhe um ambiente mais ameno. 
Outros como Marx diriam que todos os conflitos vêm por causa de opressão econômica. Talvez Freud diria que conflito é o resultado de inibições sexuais e repressão religiosa. Mas Deus deixa muito claro que o problema vem de outra fonte. Vem do coração humano. Vem da cobiça. 
Vss 1 e 2 dizem que o conflito humano vem dos prazeres carnais dentro de nós (1), da inveja que temos. Há três termos nesses versículos que descrevem essa idéia de cobiça:
1. A palavra “prazeres” é a mesma que nos deu palavras como “hedonismo” ou “hedonista”. 
Identifica pessoas que vivem pelo prazer. Os prazeres em nossos corações tornam-se ídolos que dominam nosso pensamento, nossos sonhos. Conflitos surgem quando um interfere com o belo prazer do outro.
2. A palavra “cobiça” representa desejo forte. Normalmente tem uma conotação negativa, um desejo tão forte que domina toda nossa vida, todo nosso pensamento. Ficamos com uma obsessão ou fixação por aquilo que desejamos.
Cobiça é um pecado tão malvado quanto o diabo, cuja cobiça custou-lhe o céu. É um pecado tão velho quanto a raça humana, pois foi no Jardim do Éden que o primeiro casal, num ambiente perfeito-- em perfeita comunhão com Deus, sem inflação, sem poluição, sem impostos, sem pedágios, sem IPTU--mesmo assim queria mais. 
“Quanto você precisa para realmente ficar contente?” alguém perguntou certa vez para o homem mais rico no mundo. “Somente mais um dólar” foi sua resposta.
Uma interpretação meramente superficial dos primeiros 9 dos 10 mandamentos talvez levaria alguém a pensar que fosse capaz de cumpri-los. “Não furtarás, não mentirás, não matarás . . .” Mas quando chegamos ao décimo mandamento, Deus deixa claro que Sua vontade vai foi muito além do superficial. Deus quer nosso coração. O décimo mandamento diz, “Não cobiçarás.” Esse mandamento expõe nosso coração como realmente é: sujo, enganoso, cobiçoso, invejoso. Essa é a função da Lei. A Lei mostra minha incapacidade de obedecer a Deus. Expõe a natureza humana, e me impulsiona até a Cruz.
Por isso, para viver em paz, preciso deixar que Deus arranque meu velho coração, que me faz pecar, e que troque-o por outro. 
3. A palavra “invejais” (“invejais, e nada podeis obter”) é a mesma usada em 3:14 (inveja amargurada), e vem de uma palavra que fez surgir nossa palavra “zelo”. A idéia é que temos zelo (ambição), por nós mesmos, e faremos o que julgamos necessário para conseguir o que queremos, quando queremos e como queremos. 
Cobiça e inveja sempre são pecados

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