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Síndrome hellp

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111FEMINA | Fevereiro 2008 | vol 36 | nº 2
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1 Santa Casa da Misericórdia do Rio de Janeiro - 33ª Enfermaria
Palavras-chave
 Pré-eclâmpsia
 Síndrome HELLP 
Corticosteróides
Keywords
Pre-eclampsia
 HELLP syndrome
 Adrenal cortex hormones
Marcos Nakamura Pereira1 
Carlos Antonio Barbosa Montenegro1
Jorge Rezende Filho1
HELLP Syndrome: Diagnosis and Management
Síndrome HELLP: diagnóstico e conduta
A síndrome HELLP é definida pela presença de hemólise, elevação de enzimas hepáticas e trombocitopenia 
em gestante com toxemia. Sua incidência é estimada em aproximadamente 20% dos casos de pré-
eclampsia grave e está associada a grande morbidade materna e perinatal. O diagnóstico laboratorial 
da síndrome HELLP constitui temática controversa, não havendo consenso tanto quanto aos testes 
como aos valores a serem utilizados. A conduta das gestantes com síndrome HELLP deve levar em 
consideração a idade gestacional, a presença de complicações maternas, a vitalidade fetal e as condições 
do colo uterino. O tratamento ideal, assim como em qualquer caso de toxemia, é o parto. Recentemente, 
tem-se aventado que a utilização de altas doses de corticóides pode melhorar o desfecho materno, 
além do já comprovado benefício fetal. 
HELLP Syndrome is defined by the presence of hemolysis, ellevated liver enzimes and thrombocytopenia 
in a patient presenting with preeclampsia. The incidence of HELLP Syndrome occurs in around 20% of 
patients with severe preeclampsia and is usually associated with an increased maternal and perinatal 
morbidity. Laboratory diagnosis of HELLP Syndrome is controversial, and there is no consense either 
to the tests or parameters to be used in that purpose. Management of patients with HELLP Syndrome 
must take into consideration the gestational age, the presence of maternal complications, the fetal well 
being and the cervical conditions. Delivery is the ideal treatment, as it is in any case of preeclampsia. I 
has recently been suggested that he use of corticosteroids in a high-dose regimen may benefit not only 
the fetal, but also the maternal outcome. 
Femina_Fevereiro.indb 111Femina_Fevereiro.indb 111 8/5/08 9:40:47 AM8/5/08 9:40:47 AM
112 FEMINA | Fevereiro 2008 | vol 36 | nº 2
Síndrome HELLP: diagnóstico e conduta
Introdução
A presença de hemólise trombocitopenia e disfunção hepática em 
gestantes toxêmicas foi descrita inicialmente na metade do século 
passado, quando Pritchard et al.1, em 1954, descreveram três casos 
de eclampsia em que essas alterações se faziam presentes. Em 1982, 
Louis Weinstein2 relatou 29 casos de pré-eclampsia grave complica-
dos com trombocitopenia, hemólise intravascular evidenciada pelos 
achados no esfregaço de sangue periférico e alterações nos testes 
de função hepática, sugerindo que as mulheres com esse quadro 
laboratorial fossem distinguidas daquelas que tradicionalmente eram 
classificadas com pré-eclampsia grave. A essa entidade de grave 
repercussão materna e fetal ele denominou de síndrome HELLP, um 
acrônimo dos três critérios estabelecidos para sua presença (H = 
hemolysis; EL = elevated liver enzymes; LP = low platelets). Desde 
então, vários estudos têm sido publicados sobre seu diagnóstico e 
a melhor conduta a ser estabelecida frente a essa doença.
Fisiopatologia 
É a toxemia gravídica uma doença em dois estágios, caracteri-
zada pela placentação defeituosa e pela disfunção endotelial. Como 
forma de apresentação da pré-eclâmpsia grave, a síndrome HELLP 
tem origem no desenvolvimento placentário anormal, ao qual se 
segue a produção de fatores que sistemicamente promovem injúria 
endotelial via ativação de plaquetas e/ou vasoconstritores.3 A lesão 
endotelial dos vasos hepáticos seguida de ativação, agregação e 
consumo de plaquetas, resultando em isquemia e morte dos hepa-
tócitos, é a principal hipótese para explicar o quadro laboratorial que 
caracteriza a síndrome HELLP.4 Essa hipótese explicaria o achado 
histopatológico clássico associado à doença: a necrose focal ou 
periportal hepática com depósitos hialinos nos sinusóides. 
Incidência e morbidade 
A síndrome HELLP ocorre em aproximadamente 20% dos casos 
de pré-eclâmpsia grave e está associada a grande morbidade materna 
e perinatal, incluindo descolamento prematuro de placenta, insu-
ficiência renal, hematoma hepático subcapsular, parto prematuro, 
podendo acarretar a morte da mãe e do concepto.5 Normalmente, 
esta doença se desenvolve repentinamente na gestação (27-37 
semanas), com rápida deterioração do quadro laboratorial; e em 
15-25% dos casos pode surgir apenas no puerpério.3 A morte ma-
terna ocorre em 1-24% dos casos6, dependendo fundamentalmente 
do suporte oferecido à gestante. Os principais eventos associados 
ao óbito materno, de acordo com trabalho de Isler et al.6, incluem 
hemorragia cerebral (45%), falência cardiopulmonar (40%), coagu-
lação intravascular disseminada (39%), síndrome de desconforto 
respiratório do adulto (28%), insuficiência renal (28%), sepse (23%) 
e hemorragia hepática (20%), encefalopatia hipóxico-isquêmica 
(16%). O desfecho perinatal não parece ser diferente daquele 
encontrado na pré-eclampsia grave7 e é fortemente influenciado 
pela idade gestacional e pelo peso do feto na ocasião do parto.8 
A mortalidade perinatal relatada varia de 7,4 a 20,4%, sendo a 
maior parte com menos de 28 semanas, relacionando-se com o 
crescimento intra-uterino restrito e o descolamento prematuro de 
placenta.9 A taxa de prematuridade é de aproximadamente 70%, 
o que acarreta grande número de complicações neonatais como 
síndrome de desconforto respiratório, displasia broncopulmonar, 
hemorragia craniana e enterocolite necrotizante.9
Diagnóstico e classificação
Os sinais e sintomas envolvidos na síndrome HELLP são extrema-
mente variáveis e confundem-se com aqueles da pré-eclampsia grave: 
cefaléia, distúrbios visuais, mal-estar generalizado, entre outros. A dor 
epigástrica ou no quadrante superior é o sintoma de mais relevância 
para sugerir a existência da síndrome, estando freqüentemente 
associado a náuseas e vômitos. No trabalho original de Weinstein2, 
este sintoma se fazia presente em 100% das pacientes avaliadas e 
todas também apresentavam náuseas. Trabalhos posteriores não 
mostraram a mesma prevalência, contudo, Martin et al.10 demons-
traram haver maior número de gestantes com dor epigástrica ou no 
quadrante superior quanto maior a gravidade do caso. Martin et al.3 
defendem que esse sintoma, particularmente se associado a náuseas 
e/ou vômitos, indica investigação laboratorial de síndrome HELLP. 
Outra manifestação peculiar, que ocorre na maioria das mulheres, 
é sensação de mal-estar nos dias que precedem à apresentação da 
doença. Algumas gestantes apresentarão sintomas inespecíficos 
similares a uma síndrome viral, quadro clínico que pode indicar 
investigação laboratorial quando há suspeição de pré-eclampsia.9 
Como muitas pacientes podem apresentar sintomas inespecíficos 
ou sinais sutis de toxemia, pode haver demora no diagnóstico9, 
especialmente nos casos em que a hipertensão e/ou a proteinúria 
estiverem ausentes, o que pode ocorrer em 18 e 10% das pacientes, 
respectivamente. Este fato representa grande problema relacionado 
à síndrome HELLP, já que, de acordo com estudo retrospectivo re-
alizado por Isler et al.6, a demora no diagnóstico esteve implicada 
em 51,1% dos óbitos de mulheres com a doença. 
Femina_Fevereiro.indb 112Femina_Fevereiro.indb 112 8/5/08 9:40:47 AM8/5/08 9:40:47 AM
113FEMINA | Fevereiro 2008 | vol 36 | nº 2
Síndrome HELLP: diagnóstico e conduta
Os critérios laboratoriais utilizados para diagnóstico da síndrome 
HELLP constituem temática controversa. Sibai11 estabelece critérios 
para o diagnóstico de cada elemento da síndrome, levandoem 
consideração três desvios-padrão acima da média: hemólise por 
aumento do LDH > 600 U/L, aumento da bilirrubina ≥ 1,2 mg/dL 
e evidência em amostra de sangue periférico; disfunção hepática 
pela elevação da AST > 70 IU/L e LDH > 600 U/L; trombocitopenia 
pela contagem de plaquetas < 100.000/mm3. Entretanto, Martin 
et al.10 consideram valores diferentes de contagem de plaque-
tas e de AST para o diagnóstico: nadir plaquetário ≤ 150.000/
μL; AST ou ALT ≥ 40 IU/L com LDH ≥ 600 UI/L para definir a 
disfunção hepática; e alguma evidência de hemólise (aumento 
do LDH, anemia progressiva). A utilização do LDH total para 
atestar a hemólise (o grande marco da síndrome) é, no entanto, 
questionada, já que apenas duas das cinco isoformas existentes 
relacionam-se com a rotura das hemácias. Como o LDH pode 
estar elevado pela isquemia hepática, muitos defendem que os 
critérios para hemólise devem incluir as alterações na amostra 
de sangue periférico, a elevação da bilirrubina ou a redução da 
haptoglobina sérica.9 
A divergência entre os autores não se restringe apenas ao 
diagnóstico, levando também a duas propostas de classificação da 
síndrome HELLP, conhecidas pelos nomes dos estados americanos 
de Mississipi e Tennessee (Quadro 1), sedes das Universidades 
onde atuavam seus autores à época. Aquela de Mississipi divide os 
casos de síndrome HELLP em três grupos, principalmente levando 
em conta o grau de trombocitopenia, enquanto a do Tennessee 
define um único critério laboratorial para o diagnóstico, conside-
rando a presença de síndromes HELLP parciais, quando ao menos 
um dos critérios está presente na pré-eclâmpsia grave.3 
O conhecimento dos diagnósticos diferenciais da síndrome 
HELLP se impõe, já que os sinais, sintomas e achados laboratoriais 
se sobrepõem àqueles encontrados em diversas síndromes clínicas 
e cirúrgicas. Infecção respiratória, hepatite, colecistite, pancreatite, 
esteatose hepática aguda e púrpura trombocitopênica imune, eis 
algumas condições que podem ser confundidas com a síndrome 
HELLP. Da mesma forma, a gravidez pode levar ao diagnóstico 
errôneo da doença descrita por Weinstein e mascarar doenças 
graves como a púrpura trombocitopênica trombótica, síndrome 
hemolítico-urêmica, lúpus eritematoso sistêmico e síndrome 
antifosfolipídio. O Quadro 2 apresenta os principais diagnósticos 
diferenciais da síndrome HELLP.9
Conduta
O manejo da gestante com síndrome HELLP não é tarefa fácil 
e ainda representa grande desafio para os obstetras em todo o 
mundo. Como, invariavelmente, há rápida e progressiva deterio-
ração do quadro materno e fetal, todas as pacientes com suspeita 
de síndrome HELLP devem ser hospitalizadas. O tratamento ideal, 
assim como em qualquer caso de toxemia, é o parto. De fato, essa 
é a escolha quando a gestação ultrapassa 34 semanas ou quando 
há coagulação intravascular disseminada, infarto ou hemorragia 
hepática, insuficiência renal, suspeita de descolamento prematuro 
de placenta ou sofrimento fetal.9 A interrupção também é a me-
lhor opção nas gestações que não atingiram 24 semanas. Acerca 
das gravidezes entre 24-34 semanas não há consenso quanto 
à conduta ideal quando as condições maternas são estáveis e 
a vitalidade fetal não está afetada. Alguns autores recomendam 
que sejam administrados corticóides para acelerar a maturidade 
pulmonar fetal e que o parto ocorra em 24-48 horas, enquanto 
outros defendem que seja estabelecida conduta expectante 
Quadro 1 - Critérios diagnósticos e classificação da síndrome HELLP segundo as 
propostas das Universidades de Mississippi (Martin) e Tennessee (Sibai)
Mississippi 
Classe 1 – Plaquetas ≤ 50.000/μL + AST ou ALT ≥ 70 IU/L + LDH ≥ 600 IU/L
Classe 2 – Plaquetas entre 50.000 e 100.000/μL + AST ou ALT ≥ 70 IU/L + LDH 
≥ 600 IU/L
Classe 3 – Plaquetas entre 100.000 e 150.000/μL + AST ou ALT ≥ 40 IU/L + LDH 
≥ 600 IU/L
Tennessee 
HELLP completa: 
 Plaquetas ≤ 100.000/μL 
 AST ≥ 70 IU/L 
 Esfregaço de sangue periférico anormal
 LDH ≥ 600 IU/L ou Bilirrubina ≥ 1,2 mg/dL 
HELLP parcial:
 Pré-eclâmpsia grave + ELLP ou HEL ou EL ou LP 
Quadro 2 - Principais diagnósticos diferenciados da Síndrome HELLP *
Diagnósticos Diferenciais da Síndrome HELLP
Esteatose Hepática Aguda
Púrpura Trombocitopênica Trombótica 
Síndrome Hemolítico Urêmica 
Lupus Eritematoso Sistêmico 
Síndrome Antifosfolipídio
Púrpura Trombocitopênica Imune
Colecistite
Hepatite viral fulminante
Pancreatite Aguda
Herpes simplex disseminado
Choque séptico ou hemorrágico
* Adaptado de Sibai B. Obstet, Gynecol 2004; 103: 981-991.
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Síndrome HELLP: diagnóstico e conduta
até que estejam completadas 34 semanas de gestação ou haja 
indicação de interrupção pela deterioração do quadro da mãe e/
ou do concepto (Figura 1). Contudo, ainda há poucas evidências 
que recomendem a conduta expectante na síndrome HELLP, não 
devendo essa prática ser realizada rotineiramente. 
A utilização dos corticóides 
Não há dúvida de que a terapia com corticóides antes de 34 
semanas de gestação reduz a morbidade e mortalidade neonatal. 
A administração de betametasona 12 mg (a cada 24 horas, duas 
doses) via intramuscular tem sido o esquema preconizado para 
atingir a maturidade pulmonar. Recentemente, tem-se aventado 
que a utilização de altas doses de corticóides na síndrome HELLP 
melhora o desfecho materno. Essa hipótese fundamenta-se na 
possibilidade da síndrome HELLP ser uma forma SIRS-like da pré-
eclampsia.3 Diversos estudos têm demonstrado que há melhora 
substancial da plaquetopenia e queda das enzimas hepáticas e do 
LDH com o uso de dexametasona, porém há limitada evidência de 
que essa prática reduza a morbidade da mãe.4 Na Universidade do 
Mississipi, foi verificada importante redução da morbidade (menos 
necessidade de anti-hipertensivos e transfusões, recuperação mais 
rápida no pós-parto, etc.) em mulheres com síndrome HELLP na 
última década, quando a administração de altas doses de corticóide 
tornou-se rotineira.3 Nesta instituição, utiliza-se a classificação em 
três grupos, de acordo com o nadir plaquetário, para traçar a conduta 
(Figura 2). As pacientes das classes 1 e 2 recebem dexametasona 10 
mg intravenosa a cada 12 horas antes do parto, que se dará em 24-48 
horas. Mesmo as gestantes com mais de 34 semanas de gestação 
aguardarão 6-12 horas, para que haja benefício materno na utilização 
dos corticóides. No puerpério, são administradas duas doses de 
dexametasona 10 mg (12 horas de intervalo), as quais se seguem 
mais duas doses de dexametasona 5 mg nas 24 horas seguintes. Já 
as gestantes incluídas na classe 3 ou com HELLP parcial são avaliadas 
quanto à presença de sinais e sintomas (coagulopatia, hipertensão 
grave, dor epigástrica, eclampsia, etc.) que denotem a necessidade 
SÍNDROME HELLP CONDUTA
- Sulfato de magnésio
- Anti-hipertensivos se PA ≥ 160 x 105mmHg
- Considerar transferência para unidade terciária
- Idade gestacional < 24 semanas
- Idade gestacional ≥ 34 semanas
- Sofrimento fetal agudo
- Complicações maternas
 Eclâmpsia
 CIVD
 Insuficiência renal
 DPP
 Hematoma hepático
 Distúrbios respiratórios
NÃOSIM
PARTO REALIZAR 
CORTICOTERAPIA
Figura 1 - Algoritmo para conduta na Síndrome HELLP*
*Adaptado de Sibai B. Obstet & Gynecol 2004; 103: 981-991
SÍNDROME HELLP
CLASSES 1 e 2 CLASSES 3 PARCIAL
ANTEPARTO PÓS-PARTO COMPLICADA NÃO-COMPLICADA Acompanhar parâmetros 
clínicos e laboratoriais
Dexametasona
10mg IV 12/12h
PARTO
Dexametasona
10mg IV 12 x 12h
Dexametasona
5mg IV 12/12h
+
Figura 2 - Algoritmo para utilização dos corticóides na síndrome HELLP*
*Adaptado deMartin et al.. Am J Obstet Gynecol 2006; 195: 914-934.
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115FEMINA | Fevereiro 2008 | vol 36 | nº 2
Síndrome HELLP: diagnóstico e conduta
de tratamento imediato. Caso haja evidência de quadro clínico grave, 
as pacientes são abordadas da mesma forma que aquelas das classes 
1 e 2, caso contrário, o seguimento é expectante.3
Conduta preconizada
O´Brien e Barton4 propõem seis passos fundamentais na 
condução dos casos de síndrome HELLP:
1 – Identificação: realizar os exames laboratoriais necessários e consi-
derar os diagnósticos diferenciais.
2 – Estabilização: obter um acesso venoso; administrar sulfato de mag-
nésio e anti-hipertensivos; considerar uso de corticóides em altas 
doses; manter controle de diurese, freqüência respiratória e reflexos 
profundos; transfundir em caso de anemia, trombocitopenia grave 
(< 20.000/mm3) ou coagulopatia; discutir caso com anestesista; 
solicitar exame de imagem hepática, se necessário.
3 - Avaliação fetal: realizar ultra-sonografia, doppler de artéria umbilical 
e cardiotocografia.
4 – Transporte/latência: transferir a paciente para centro terciário em 
caso de estabilidade do quadro materno e fetal; aguardar 24-48 
horas, dependendo da condição da mãe e do concepto.
5 – Parto: cesariana em caso de CIR com alteração do doppler de artéria 
umbilical; considerar parto vaginal, se houver condição de indução do 
parto e feto com boa vitabilidade, especialmente após 32 semanas.
6 – Manutenção/resolução: avaliação laboratorial a cada 6-24 horas, 
dependendo da gravidade do quadro, para avaliar manutenção ou 
resolução do quadro; suspender sulfato de magnésio 24 horas após o 
parto se estiver havendo melhora; manter uso de anti-hipertensivos 
e corticóide, caso necessário. 
Não há na síndrome HELLP indicação de interrupção imediata. 
Deve-se, antes, estabilizar o quadro toxêmico e realizar hemotransfu-
são caso haja indicação. Como em qualquer caso de toxemia grave, 
as gestantes com síndrome HELLP deverão receber a profilaxia com 
sulfato de magnésio. Entre nós, é popular o esquema de Zuspan 
em que a dose de ataque é de 4 g e a manutenção se faz com 1-2 g 
/h, por via intravenosa, que deve ser mantida por 24 horas no pós-
parto. Não menos importante é a utilização de anti-hipertensivos 
para manter a pressão arterial abaixo de 160 X 105mmHg, o que 
pode ser conseguido com 5 mg de hidralazina a cada 15-20 minutos 
até a dose máxima de 20 mg por hora.9 As drogas de segunda linha 
incluem o labetalol e a nifedipina. Todas as pacientes com trom-
bocitopenia ≤ 20.000/mm3 ou que apresentarem sangramento nos 
sítios de punção venosa deverão receber concentrados de plaquetas 
(seis a 10 unidades) antes do parto. Quando houver anemia grave 
ou coagulopatia, a transfusão de concentrados de hemácias e/ou 
plasma fresco também está indicada.4
O parto em mulheres com síndrome HELLP é sujeito a inúmeras 
complicações: hemorragia pós-parto, infecção, hematoma vaginal e 
de parede abdominal.4 A decisão acerca da via de parto dependerá 
das condições do colo uterino, da idade gestacional e da vitalidade 
fetal. Sibai (2004) recomenda a cesariana para todas as gestantes 
que não estejam em trabalho de parto, com índice de Bishop < 5 e 
idade gestacional < 30 semanas. Também se recomenda a via alta 
para os fetos com CIR em que a idade gestacional < 32 semanas e 
o colo seja desfavorável. De forma geral, as gestantes com mais de 
30 semanas são candidatas ao parto vaginal, independentemente 
das condições do colo uterino.3 Em caso de parto transpélvico, o 
bloqueio do nervo pudendo está contra-indicado, pelo risco de 
sangramento e hematoma, podendo-se fazer uso de infiltrações 
com anestésicos locais.9 A anestesia epidural também deve ser 
evitada, principalmente quando há plaquetopenia < 75.000/mm3. 
Na cesariana, a anestesia geral é a regra. No entanto, a utilização 
de altas de corticóides tem permitido, por vezes, a realização da 
anestesia (e analgesia) regional, uma vez que promove incremento 
significativo da contagem de plaquetas (> 100.000/mm3).
Prognóstico futuro
A imensa maioria das pacientes acometidas pela síndrome 
HELLP recupera-se sem seqüelas. Até a presente data não foi 
relatado caso de dano hepático permanente. E mesmo entre 
aquelas que apresentaram insuficiência renal, praticamente 
todas recuperam a função do órgão. A taxa de recorrência da 
síndrome HELLP varia de 2-19%, dependendo da população 
estudada, da idade gestacional de aparecimento e da presença 
de vasculopatia concomitante. Contudo, ao menos 20% dessas 
mulheres apresentarão alguma forma de hipertensão gestacional 
em gravidez futura.3 É indispensável informar às pacientes que 
elas estão sujeitas a mais alto risco de desfechos desfavoráveis 
(parto pretermo, crescimento intra-uterino restrito, descolamento 
de placenta e óbito fetal) em gestações subseqüentes.4 
Considerações finais
A síndrome HELLP está associada a grande morbidade materna 
e perinatal e representa um grande desafio aos obstetras em todo 
o mundo. É de fundamental importância o seu reconhecimento 
precoce, em face da rápida deterioração do quadro laboratorial. 
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116 FEMINA | Fevereiro 2008 | vol 36 | nº 2
Síndrome HELLP: diagnóstico e conduta
Gestantes apresentando dor epigástrica ou no quadrante superior 
associada a náuseas e/ou vômitos merecem investigação laboratorial 
para detecção da síndrome HELLP, assim como mulheres com 
sintomas similares a uma síndrome viral e suspeição de toxemia. 
Os critérios laboratoriais utilizados para o diagnóstico ainda são 
alvo de intensa polêmica, ainda que haja uniformidade nos testes 
adotados. Os critérios adotados na classificação do Tennessee 
certamente são mais difundidos e aceitos no mundo. Uma vez 
realizado o diagnóstico, deve-se traçar a melhor conduta frente a 
cada caso. A profilaxia da eclampsia com sulfato de magnésio e 
o controle da pressão arterial são obrigatórios. Em gestações que 
não alcançaram 24 semanas e que ultrapassaram 34 semanas, o 
parto, após estabilização do quadro materno, é o tratamento de 
eleição. Nas gravidezes entre 24-34 semanas, poderá ser adotada 
conduta expectante para realização de corticoterapia, desde que 
não haja comprometimento da vitalidade fetal e presença de com-
plicações maternas. O parto transpélvico deve ser considerado 
para todas as mulheres com mais de 30 semanas de gestação, 
independentemente das condições do colo uterino. Recentemente, 
têm-se utilizado altas doses de corticóides na síndrome HELLP 
para melhora do quadro laboratorial materno, porém há limitada 
evidência de que essa prática reduza a morbidade da mãe.
Leituras suplementares
Pritchard JA, Weisman R Jr, Ratnoff OD, Vosburgh GJ. Intravascular 1. 
hemolysis, thrombocytopenia and other hematologic abnormalities 
associated with severe toxemia of pregnancy. N Engl J Med. 1954; 
250: 89-98.
Weinstein L. Syndrome of hemolysis, elevated liver enzymes, and low 2. 
platelet count: a severe consequence of hypertension in pregnancy. 
Am J Obstet Gynecol. 1982; 142: 159-67.
Martin JN Jr, Rose CH, Briery CM. Understanding and managing 3. 
HELLP syndrome: The integral role of aggressive glucocorticoids for 
mother and child. Am J Obstet Gynecol. 2006; 195: 914-34.
O´Brien JM, Barton JR. Controversies with the Diagnosis and 4. 
Management of HELLP Syndrome. Clin Obst Gynecol. 2005; 48: 
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and low platelets): much ado about nothing? Am J Obstet Gynecol. 
1990; 162: 311-6.
Local: Porto Velho - RO
Realização: ASSOGIRO
Tel.: 55(69)3224-1974
Fax: 55(69)3224-1974
E-mail: assogiro@ibest.com.br
I Congresso Rondoniense de Ginecologia e Obstetrícia
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