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TRABALHO SOBRE SETTING, POSTURA DO ANALISTA E CONTRATO 
 
 
 
Giani Mercês 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Presidente Prudente – SP 
2016 
TRABALHO SOBRE SETTING, POSTURA DO ANALISTA E CONTRATO 
 Ao iniciar esta exposição sobre esses três princípios importantes da clínica 
psicanalítica, que regem a terapia é necessário antes fazer uma breve introdução ao 
“método psicanalítico de Freud”, este consiste essencialmente em; “falar livremente”, antes 
mesmo do paciente relatar seu histórico, é preciso então que conte tudo o que vem a sua 
cabeça, mesmo que lhe pareça irrelevante (Freud 1904 [1903]). 
 Com este princípio fundamental, se inicia o tratamento psicanalítico. Parece simples 
e de fato o é, porém no desenvolver da análise e no curso de cada caso, o analista se 
depara com várias barreiras literalmente, que se interpõe entre o paciente e o analista, 
barreiras essas que o próprio Freud enfrentou, e descreveu em sua teoria. 
Para transpor estas barreiras e também estruturar o trabalho do analista é que existe 
os princípios que serão descritos neste texto, isto com base nos textos estudados em sala 
de aula e artigos encontrados na base de dados PePSIC e Scielo. 
 Então o que vem a ser o setting analítico? É aquilo que é necessário para que ocorra 
o processo analítico; setting é uma palavra em inglês que significa cenário. Então o “ 
cenário” analítico seria o lugar onde acontece o atendimento terapêutico. Porém o setting 
não é somente um lugar físico ele e muito mais, é algo que está dentro do psicólogo. “[...]o 
setting analítico representa um espaço potencial, onde as mais variadas expressões de 
fantasias de nosso mundo interno emergem e se misturam aos discursos do real e do 
cotidiano das pessoas. ” (LEVISKY e SILVA, 2010 pg 65). 
 O setting é muito importante e é dentro dele que se encontra os outros dois 
princípios que serão tratados no texto, a postura do analista e o contrato, pois o setting “[...] 
é composto por um conjunto de elementos que podem ser compreendidos como variáveis 
independentes, que devem permanecer sob controle, para assegurar o êxito do tratamento. 
” (BARROS 2013, pg 72). 
 Fica estabelecido, mediante tais afirmações que, para o sucesso do tratamento 
psicanalítico e consequentemente do analista, é prior que este entenda e domine bem as 
técnicas que se aprende junto as teorias, pois “na clínica psicanalítica, encontramos uma 
união indissolúvel entre teoria e técnica” (MIGLIAVACCA 2008, pg 220). 
 Portanto o setting se dá na relação analista/paciente e é ele quem vai determinar o 
sucesso da terapia porque: 
“O campo analítico propicia a expressão de conteúdos do mundo interno do paciente 
que, em geral, nunca encontraram acolhimento anterior. Na relação com o analista, 
evidenciam-se não só conflitos que nunca foram elaborados, buscando então uma 
possibilidade de elaboração, mas também se vivem experiências novas. Ou seja, cria-
se um campo de reconstrução de aspectos danificados do self, e também um campo 
de construção de condições internas para lidar com a própria vida psíquica, que nunca 
haviam sido construídas antes. Essa dinâmica está incluída no campo conceitual da 
transferência (Migliavacca 2008, pg 221Apud Freud, 1912a /1978) ”. 
 Com essa breve exposição sobre o setting podemos agora tratar da postura do 
analista, como fora dito antes, está também faz parte do setting, mas parece ser algo 
bastante importante, pois mereceu que Freud despendesse seu tempo em escrever muito 
sobre o tema, em seus textos; “ Sobre a psicoterapia”, “ Recomendações ao médico que 
pratica a psicanálise (1912) ” e “ O início do tratamento (1913) ”. 
 Por isso vejamos alguns dos principais pressupostos da postura de um analista, 
Freud em seu texto “ Recomendações ao médico que pratica a psicanálise (1912) ” começa 
por descrever que o analista precisa ter um certo tipo de atenção, que seria a atenção 
fluente, que serve para, permitir ao terapeuta um relaxamento de sua atenção para que não 
queira notar algo em especial e deixe passar informações importantes ao caso. 
 Isso porque segundo Freud “ o preceito de notar igualmente tudo é a necessária 
contrapartida à exigência de que o analisando relate tudo o que lhe ocorre, sem crítica ou 
seleção” (Freud 1912, pg 150). Também recomenda que este não tome muitas notas 
durante a sessão, pois prejudica o emprego da atenção fluente, levando o psicólogo a uma 
“seleção prejudicial do que ouvimos” (Freud 1912,151). 
 Para Freud o tomar notas durante a sessão só se justifica quando é por fins de 
pesquisa, mas mesmo assim não é recomendado, pois segundo ele enquanto um caso não 
for concluído, o sucesso da pesquisa pode ser prejudicado, porque o analista precisa 
trabalhar de forma despreconcebida e sem pressupostos (Freud 1912). 
 Ainda sobre essa postura do analista, Freud diz que este deve ter uma conduta 
semelhante a um cirurgião, que abre mão de seus sentimentos, e justifica sua alternativa 
dizendo que tal conduta é “ mais vantajosa para as duas partes” (Freud 1912, pg 155), pois 
garante ao analista a saúde de sua própria vida afetiva e ao analisando a maior ajuda que 
ele pode receber (Freud 1912). 
 O analista deve ser capaz de usar seu inconsciente “como um instrumento de 
análise” (Freud 1912, pg 156) e para que se consiga tamanha façanha, o analista deve 
afastar de si resistências, que não lhe permita julgar conscientemente o que foi percebido 
em análise e neste quesito Freud é bem radical ao disser; “não basta que ele próprio seja 
um indivíduo aproximadamente normal; pode-se exigir que ele tenha se submetido a uma 
purificação psicanalítica” (Freud 1912, pg 156 e 157). Isso para que o analista tome 
conhecimento de seus próprios complexos (Freud 1912). 
 Outro ponto bastante importante é quando Freud discorre sobre o ímpeto do analista 
de confidenciar algo de sua vida ao paciente, ele diz que isso até parece justo já que 
solicitamos a confiança do paciente, porém no método psicanalítico isso é prejudicial, pois 
com esta prática é fácil abandonar a associação livre e partirmos para o campo da sugestão 
(Freud 1912). 
 Enfim para concluir este tópico sobre a postura do analista, cabe usar uma fala do 
Freud, em que, ele explicita bem como este deve ser ao analisar um paciente; “ O médico 
deve ser opaco para o analisando, e, tal como um espelho, não mostrar senão o que lhe é 
mostrado” (Freud 1912, pg 159). 
 Passemos agora ao contrato que é, pois, o que sela toda esta relação, faz parte do 
setting, pois sem ele não seria possível se estabelecer uma relação segura e saudável entre 
as partes e também está intimamente ligado a postura do analista porquê este, determina 
de certo modo, como o analista procederá no decorrer da análise. 
 O contrato é feito no início do tratamento onde é exposto questões como; regra 
fundamental, duração da análise, honorários, compromissos, etc, serve basicamente para 
sustentar as regras da análise. É importante frisar que este contrato tem de ser discutido 
com o paciente, ele não é um contrato jurídico onde as partes assinam papeis para garantir 
que as regras serão cumpridas, o contrato analítico tem mais a ver com o 
comprometimento, principalmente do cliente, com o seu tratamento, o implicando no 
processo terapêutico. 
 Para o Freud um dos principais pontos no início da terapia a ser esclarecido no 
contrato é a respeito do tempo e dinheiro, quanto ao tempo, deixando claro ao paciente que 
ele deve “contratar uma hora definida” do seu dia e que esta hora será sua mesmo quando 
ele não comparecer a terapia, ou seja, ele terá que pagar por esta sessão mesmo que não 
utilize seu horário (Freud 1913). 
 Quanto aotempo de duração do tratamento deve ser exposto ao paciente depois do 
período que Freud chama de “ período experimental”, que é uma sondagem que o analista 
deve fazer, para saber se terá condições de atender um dado caso, que a duração de uma 
análise é incerta. 
“ Para dizê-lo de modo mais direto, a Psicanálise requer longos períodos de tempo, 
semestres ou anos inteiros, mais longos do que espera o paciente. Por isso temos a 
obrigação de revelar esse fato ao doente, antes que ele se decida finalmente pelo 
tratamento. Considero mais digno, e também mais adequado, seja de antemão o 
prevenimos, sem pretender assustá-lo, acerca dos sacrifícios e das dificuldades da 
terapia analítica, privando-o assim de qualquer direito de afirmar depois que foi 
atraído para um tratamento cuja extensão e significado ele não conhecia. ” (FREUD 
1913, 173). 
 
 Ainda outros pontos importantes a serem esclarecidos no início da sessão se 
referem a regra fundamental da psicanálise e quanto ao uso do divã. Este segundo não 
deve ser imposto ao paciente e deve ser evitado no “ período experimental”, já a regra 
fundamental, é preciso explicitar ao doente que ao contrário “de uma conversa normal” onde 
se busca manter “um fio condutor naquilo que se expõe” na análise você deve dar vasão 
aos pensamentos secundários (Freud 1913). 
Enfim tratar detestes pontos assegura o sucesso da terapia, esclarece qual a relação 
se deverá manter no decorrer do tratamento, e estabelece um contato terapêutico mais 
estável e segura, para que emerja os conteúdos da análise. Por fim conclui-se que estes 
temas tão trabalhados por Freud em sua teoria, está intrinsicamente ligado a prática do 
psicanalista e que ainda hoje é questão de estudo e aperfeiçoamento para aqueles que 
exercem tal abordagem. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
REFERÊNCIAS 
 
BARROS, Glória. O Setting analítico na clínica cotidiana. Estud. psicanal., Belo Horizonte , n. 40, p. 71-78, dez. 2013 
. Disponível em <http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0100-
34372013000200008&lng=pt&nrm=iso>. acessos em 03 maio 2016. 
FREUD, S. O Método Psicanalítico de Freud (1904). In: Edição standard brasileira das obras psicológicas completas de 
Sigmund Freud. Vol. VII. Rio de Janeiro: Imago, 1a. edição 
FREUD, S. Recomendações aos médicos que exercem a psicanálise (1912). In: Edição standard brasileira das obras 
psicológicas completas de Sigmund Freud. Direção-geral da tradução de Jayme Salomão. Rio de Janeiro: Imago, 1969, 
v. XII. 
FREUD, S. Sobre o início do tratamento (1913). In: Edição standard brasileira das obras psicológicas completas de 
Sigmund Freud. Direção-geral da tradução de Jayme Salomão. Rio de Janeiro: Imago, 1969, v. XII 
LEVISKY, Ruth Blay; SILVA, Maria Cecília Rocha da. A invasão das novas formas de comunicação no setting 
terapêutico. Vínculo, São Paulo , v. 7, n. 1, p. 63-70, jun. 2010 . Disponível em 
<http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1806-24902010000100008&lng=pt&nrm=iso>. acessos 
em 03 maio 2016. 
 
MIGLIAVACCA, Eva Maria. Breve reflexão sobre o setting. Bol. psicol, São Paulo , v. 58, n. 129, p. 219-226, dez. 2008 
. Disponível em <http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0006-
59432008000200009&lng=pt&nrm=iso>. acessos em 03 maio 2016.

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