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UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE NITERÓI, 14 DE OUTUBRO DE 2013. DISCIPLINA: QUÍMICA INORGÂNICA EXPERIMENTAL III PROFESSOR: FRANCISCO BUSTAMANTE ALUNOS: FELIPE VINAGRE E ZANDER MENDES FIXAÇÃO DE NITROGÊNIO O nitrogênio é o elemento mais abundante na atmosfera terrestre. Sua concentração compreende quase quatro quintos do volume de ar atmosférico, e sua produção industrial ultrapassa anualmente a escala de megatoneladas. É essencial à vida no planeta, sendo um constituinte básico dos aminoácidos, precursores de proteínas e enzimas que participam de todos os esquemas biológicos e metabólicos, além de estar presente em outras formas, como nucleotídeos, ácidos ribonucléicos e outros constituintes. Mesmo sendo muito abundante na atmosfera, o nitrogênio é relativamente menos abundante na crosta terrestre, tendo como principais formas o salitre (KNO3) e o salitre do Chile (NaNO3). Ambos são geralmente encontrados em regiões áridas e de maior pressão, destacando-se a região do norte chileno, principal fonte de nitrato às diversas potências mundiais por longos tempos. Com a invenção do processo de Haber-Bosch, na década de 1910, os depósitos naturais perderam muito essa sua importância majoritária, não sendo mais as principais fontes de amônia e outros compostos nitrogenados. Há ainda a conversão de N2 em níveis troposféricos, onde a descarga elétrica e radiação solar convertem a molécula em outros compostos aliados ao oxigênio (NOx). A Fixação de Nitrogênio consiste em quaisquer processos em que se capte o gás nitrogênio (N2) da atmosfera e que o converta a outros compostos nitrogenados, como a amônio (NH3), nitratos (NO3 -), nitritos (NO2 -), dentre outros. A Fixação pode ser Biológica ou Industrial. Quando Biológica, é intermediada por bactérias – principalmente do gênero Rhizobium -; já a Industrial consiste na captação de N2 atmosférico sendo convertido em amônia ou ácido nítrico, sob alta pressão e temperatura[1][2][3]. FIXAÇÃO BIOLÓGICA DE NITROGÊNIO (FBN) A Fixação Biológica consiste na conversão do N2 em amônia, rompendo a tripla ligação entre os átomos de nitrogênio, sendo essa a ligação de maior energia de dissociação dentre todas as moléculas diatômicas homonucleares (945.41 KJ/mol)[1]. Para tanto, é utilizado um sistema intermediados por catalisadores, que nesse caso são as enzimas, como as nitrogenases. É estimado que anualmente, 150 milhões de toneladas de nitrogênio são fixadas pelo processo biológico, em contrapartida de aproximadamente 120 milhões de toneladas pelo processo industrial de Haber-Bosch. Ao contrário do processo industrial, que utiliza grandes pressões e temperaturas para a quebra de ligações de nitrogênio, o bioprocesso utiliza o intermédio de enzimas, catalisadores naturais, com metais de transição como principal elemento na conversão oxidativa do nitrogênio gasoso. A FBN pode ser ocasionada por uma variedade de bactérias, mas destaca-se o gênero Rhizobium, que é encontrado em nódulos de raízes de leguminosas, como feijão, soja e ervilhas. Os constituintes essenciais para a fixação são o ATP (adenosina trifosfato), a principal fonte de energia bioquímica na atividade celular, ferredoxinas (Fe4S4(SR)4), que são espécies protéicas que são eficientes transferidores de eletros, e uma metaloenzima, o catalisador de todo o processo. As metaloenzinmas são as nitrogenases, que são enzimas complexas constituídas por duas partes. Uma parte contém as ferredoxinas, que são extremamente sensíveis ao contato com o ar; a outra parte contém o contém como centro ativo de Molibdênio e Ferro (MoFe). Sabe-se que o Molibdênio (Mo) é o elemento central em relação à FBN. No metabolismo celular, enzimas com o Mo em seu centro ativo catalisam diversos processos de oxiredução. Essas enzimas contêm Mo VI coordenado aos terminais de O e S de suas seções protéicas. A redução do N2 geralmente se dá no seguinte processo: Etapa 1) Redução das ferredoxinas, que geralmente se encontram na superfície da enzima; Etapa 2) Transferência de um elétron da ferredoxina à sessão protéica de MoFe, utilizando para tanto, a energia liberada pela quebra do ATP; Etapa 3) Transferência de um par de elétrons da sessão protéica ao centro ativo metálico MoFe; Etapa 4) Transferências de prótons e elétrons à molécula de N2, atrelada ao centro ativo MoFe. N2 + 8H + + 8e- + 16 Mg-ATP → 2NH3 + 1H2 + 16 Mg-ADP + 16 Pi(fosfato inorgânico) (1) A partir da amônia gerada, diversos organismos, desde bactérias até decompositores, podem gerar nitritos e nitratos. A amônia combina-se a água do solo, gerando íon amônio (NH4+). Esse amônio, pela Nitrificação, é oxidado a nitrito, e em seguida em nitrato. A nitrificação é dividida em dois processos de oxirredução: a nitrosação e a nitratação[2]. Pela nitrosação, bactérias nitrificantes (Nitrosomas, Nitrosococus, Nitrobacter) convertem o amônio ao nitrito, pela reação: 2NH4 + + 3O2 → 2NO2 - + 2H2O + 4H + (2) Já pela nitratação, há a conversão de nitrito a nitrato 2NO2 - + 1O2 → 2NO3 - (3) O nitrato gerado é utilizado como fonte de nitrogênio pelas plantas, gerando aminoácidos, proteínas e diversos outros compostos essenciais ao crescimento e desenvolvimento[3]. FIXAÇÃO INDUSTRIAL DE NITROGÊNIO O Processo de Haber-Bosch é um processo industrial capaz de converter o N2 gasoso, abundante no ar atmosférico, em amônia. O processo utiliza, principalmente, o ferro metálico (Fe) como catalisador, e depende de altas temperaturas (>500°C) e pressões (>250atm) para combinar o N2 ao H2, gerando NH3 em grande escala. N2 + 3H2 → 2NH3 (3) As condições tão drásticas e o uso de catalisadores são necessários devido à alta estabilidade da ligação tripla da molécula de N2. Apesar de a reação ser exotérmica e termodinamicamente favorecida, a quebra dessa tripla ligação demanda muita energia. Em temperaturas mais baixas, a constante da reação (3) é bem mais baixa do que em temperaturas mais baixas, como em temperatura ambiente, mas devido ao mecanismo de retirada de produto, além das condições de alta pressão e energia, em longo prazo, há a compensação do processo[1][4]. Em pressões mais elevadas, há a compressão do volume total, há o deslocamento do equilíbrio em direção à formação de amônia. Pelas altas temperaturas, há também um aumento na energia cinética das moléculas, aumentando o seu choque, gerando mais amônia também. Em temperaturas mais baixas, seria muito mais complicada a quebra da tripla ligação. Há a constante reinserção de reagente não consumido no reator, e também a captação constante de amônia, gerando assim um esquema de rápida obtenção de produto, o que compensa todas as intempéries do caráter termodinâmico da reação[4]. Figura 1 – Esquema de um Reator do Processo de Haber-Bosch Durante a 1ª Guerra Mundial, a Alemanha estava vetada da comercialização de nitratos, principal meio de produção de fertilizantes e explosivos. Com a invenção do método, fora capaz de ter autonomia na produção de amônia, e assim de armamentos durante toda a guerra. Nos dias atuais, o processo Haber-Bosch é muito significante à economia mundial, pois a partir dele são produzidas a maior parte dos fertilizantes NPK (nitrofosfopotássio) e coadjuvantes de agricultura do mundo[4]. ANÁLISE DOS CICLOS DE BORN-HABER DO ÓXIDO DE MAGNÉSIO (MGO) Mg+1/ O-1 1 – Energia de Sublimação do Magnésio = +127,4 kJ/mol Mg(s) → Mg(g) 2 - Energia de Dissociação do O2 = +249,2 kJ/mol ½ O2(g)→ 1 O(g) 3 – Energia de Ionização do Mg = +738,0 kJ/mol Mg(g) → Mg +1 (g) + 1e 4 – Afinidade Eletrônica do O = -141,7 kJ/mol O(g) + 1e → O- (g) ΔHformação = -601,8 ΔHformação = 1+2+3+4 +ΔHrede ΔHrede = ΔHformação –(1+2+3+4) ΔHrede = -601,8 – (127,4+249,2+738,0-141,7) ΔHrede = -1574,4 kJ/mol Mg+2/O-2 1 – Energia de Sublimação do Magnésio = +127,4 kJ/mol Mg(s) → Mg(g) 2 - Energia de Dissociação do O2 = +249,2 kJ/mol ½ O2(g)→ 1 O(g) 3 – Primeira Energia de Ionização do Mg = +738,0 kJ/mol Mg(g) → Mg +1 (g) + 1e 4 – Segunda Energia de Ionização do Mg =+1451,0 kJ/mol Mg+(g) →Mg +2 (g) +1e 5 –Primeira Afinidade Eletrônica do O = -141,7 kJ/mol O(g) + 1e → O - (g) 6 – Segunda Afinidade Eletrônica do O = +798,0 kJ/mol O-(g) + 1e → O -2 (g) ΔHformação = -601,8 kJ/mol ΔHformação = 1+2+3+4 +5+6+ΔHrede ΔHrede = ΔHformação –(1+2+3+4+5+6) ΔHrede = -601,8 – (127,4+249,2+738,0+1451,0-141,7+798,0) ΔHrede = -3823,7kJ/mol Levando-se em conta que Energia de Rede define a energia liberada quando o cristal é formado a partir dos íons gasosos separados a uma distância infinita[5], analisa-se a situação pelo sentido inverso: a partir de elementos no estado fundamental (gasoso), gera-se um novo composto. Desse modo, quão menor a energia obtida, mais estável o composto gerado será. Logo o fato do esquema Mg+2/O-2 apresentar um valor mais baixo que o dobro do esquema Mg+1/O-1 define uma formação bem mais estável, compensando assim o fato de que é necessário o dobro de energia para que haja a ionização do magnésio ou sendo um processo endotérmico (doação de energia à espécie) a formação do O-2, sendo assim o meio preferencial para a formulação do óxido de magnésio[6]. O EFEITO DO PAR INERTE É chamada de efeito do par inerte a tendência de alguns espécies químicas que, geralmente possuem configuração eletrônica do tipo ns² np³, formarem íons com nox duas unidades mais baixas do que a esperada para o número do grupo. Basta observar o alumínio e o índio, que embora estejam no grupo 13, o alumínio forma íons Al 3+ , enquanto que o índio forma íons In + e In 3+. Esse fenômeno ocorre devido à diferença de energia entre os elétrons de valência s e p e é mais evidenciado entre os membros de maior massa do bloco p[6]. A tendência para o par de elétrons s permanecerem inertes aumenta com o peso atômico crescente. Assim apenas os elétrons p são usados nas ligações e resulta em ligações trivalentes. As valências três e cinco são encontradas com halogêneos e enxofre. O grupo 15 mostra a habitual tendência, do aumento do caráter metálico quando se desce ao longo do grupo. Assim N e P são ametais, As e Sb (antimônio) são semi-metais e Bi é metálico. Enquanto que os óxidos metálicos são básicos, os ametais são ácidos, os óxidos de N e P são ácidos, enquanto que As e Sb são anfotéricos e Bi é básico. O efeito do par inerte explica por que os íons comuns de Pb são Pb 4+ e Pb 2+, e não somente Pb 4+ como se poderia esperar da regra de octeto. Elétrons de valência numa orbital s interagem melhor com o núcleo do que os elétrons das orbitais p, e como resultado eles são ligados mais firmemente ao núcleo e menos capazes de participar na formação de ligações [7]. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS [1] GREENWOOD, N.N; EARNSHAW, A. Chemistry of the Elements. 2ª Edição, Reino Unido. Editora Butterworth-Heinemann, páginas 406-412, 1036-1039, 1102-1104. [2] MARTINS, C; PEREIRA, P; LOPES, W; ANDRADE, J. Ciclos Globais de Carbono, Nitrogênio e Enxofre: a Importância da Química da Atmosfera. Cadernos Temáticos de Química Nova na Escola, nº 5, páginas 34-36, 2003. [3] MEDEIROS, C. Os Ciclos Biogeoquímicos. Disponível em <http://www.hidro.ufcg.edu.br/twiki/pub/CADayse/MaterialDaDisciplina/Aula6_Ciclos .pdf>. Acessado em 11 de Outubro de 2013. [4] CHAGAS, A. A síntese da amônia: alguns aspectos históricos. Disponivel em <http://www.scielo.br/scielo.php?pid=s0100- 40422007000100039&script=sci_arttext>. Acessado em 12 de Outubro de 2013. [5] SILVA, L; MARTINS, C; ANDRADE, J. Porque todos os nitratos são solúveis?. Quim. Nova, Vol. 27, Nº. 6, pgs. 1016-1020, 2004. [6] DUARTE, H. Ligações Químicas: Ligação Iônica, Covalente e Metálica. Disponível em < http://qnint.sbq.org.br/qni/visualizarConceito.php?idConceito=24 >. Acessado em 13 de Outubro de 2013. [6] JOHN C. KOTZ E PAUL TRICHEL, Jr. Química & Reactividade Química, 3ª edição. [7] . J. D. LEE, Química Inorgânica Não Tão Concisa, 4ª edição. Chapman & Corredor, Nova Iorque.
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