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Reconhecido APOCALIPSE / ESCATOLOGIA BIBLIA Edição 2012 Diretorias ClEADEP Pr. José Pimentel de Carvalho - Presidente de Honra Pr. Ival Teodoro da Silva - Presidente Pr. Moisés Lacour- I o Vice-Presidente Pr. Aparecido Estorbem - 2° Vice-Presidente Pr. Edilson dos Santos Siqueira - I o Secretário Pr. Samuel Azevedo dos Santos - 2o Secretário Pr. Hercílio Tenório de Barros - I o Tesoureiro Pr. Mirislan Douglas Scheffel - 2o Tesoureiro IBADEP Pr. M. Douglas Scheffel Jr. Coordenador 3 Lição 1 Apocalipse: 1a Parte Apocalipse Autor; João, Apóstolo. Data: Entre 90 e 96 d.C. Tema: A Consumação do Conflito dos Séculos. Palavras-Chave: Trono, Sete, Vencer, Cordeiro, Eu vi. Versículos-chave: Ap 1.1a,5b,6 e 19 O Senhor Jesus Cristo é e sempre será a Revelação por excelência do Deus invisível. Ele é Deus manifesto às suas criaturas. Deus se manifestou várias vezes, de diferentes maneiras e nestes últimos tempos por meio de Jesus Cristo Seu Filho. Estas manifestações foram feitas pela mesma Pessoa que mais tarde veio em carne. Portanto, o último livro do Novo Testamento nos diz que no futuro, o mesmo Senhor, a Segunda Pessoa da Santíssima Trindade, revelará Deus no clímax do plano divino, estabelecendo o reino eterno do bem. Estas manifestações serão de diferentes maneiras, reveladoras e significativas. O Legislador nas chamas e nuvens do Sinai é o Juiz Supremo no Grande Trono Branco. O Príncipe dos Exércitos de Israel, que apareceu a Josué e destruiu Jericó, é Aquele que dirigirá a 13 última batalha e os acontecimentos que causarão a destruição final das forças malignas. Ele providenciou o carneiro como sacrifício substitutivo em lugar de Isaque, é "O Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo", cordeiro que vencerá e abrirá os selos que colocará em ação os eventos finais da história humana. Aquele que em companhia de dois anjos visitou Abraão em Manre e ordenou a destruição das cidades de Sodoma e Gomorra, salvando Ló e suas filhas, é o mesmo, em meio a inumeráveis hostes de anjos, ordenará as pragas e castigos que destruirão os rebeldes ao acontecerem os castigos dos selos, das trombetas e das taças da ira. Deus estava no topo da escada que ia da terra ao céu e anjos subiam e desciam por ela, é o mesmo que disse a Natanael que no futuro ele veria o céu aberto e os anjos de Deus subindo e descendo sobre o Filho do Homem (Jo 1.51). Aos judeus do Concilio afirmou em ser o Filho do Deus Bendito e disse que haveriam de ver o Filho do Homem assentado à direita do Todo- Poderoso, vindo sobre as nuvens do céu (Mc 14.62). Ele que um dia veremos sobre o trono excelso1, com milhões e milhões de anjos e de remidos ao Seu redor, adorando-o, e Ele mesmo ordenará o desenvolvimento dos acontecimentos finais. O Apocalipse é o último livro do Novo Testamento, singular entre os demais. Ele é, ao mesmo tempo: s Uma revelação do futuro (Ap 1.1,19); S Uma profecia (1.3; 22.7,10,18,19); e S Um conjunto de sete cartas (1.4,11; 2.1-3.22). 1 Al to, elevado; subl ime. Excelente, admirável . 14 Apocalipse deriva da palavra grega 'apocalupsis', traduzida por revelação em Apocalipse 1. 1. É uma revelação divina quanto à natureza do seu conteúdo, uma profecia quanto à sua mensagem e uma epístola quanto aos seus destinatários. Cinco fatos importantes no tocante ao contexto deste livro são revelados no capítulo 1. 1. é a "revelação de Jesus Cristo" (Ap 1.1). 2 Essa revelação foi dada ao autor sobrenaturalmente, por Cristo glorificado através do seu anjo (Ap 1.1,10 18). 3- A Revelação, desvendamento, foi entregue a João, servo de Deus (Ap 1.1,4,9; cf. 22.8). 4 João teve as visões e recebeu a mensagem apocalíptica quando esteve exilado na Ilha de Patmos (80 km a sudoeste de Éfeso), por causa da Palavra de Deus e do testemunho do próprio João (Ap 1.9). 5 . Os destinatários iniciais foram às sete igrejas da Ásia (Ap 1.4,11). O Propósito O Apocalipse tem por finalidade dar ao mundo uma última declaração divina de que Jesus é o Filho de Deus e há de triunfar sobre todo inimigo e será o Governador do Universo durante a eternidade. O Apocalipse anunciao últimoconvite escrito por inspiração divina, chamando aos pecadores a reconciliarem-se com Deus pormeio da fé em Jesus Cristo. A admoestação é feita às nações e seus reis: "Beijai o Filho" (SI 2.10-12). Neste convite de graça (Ap 22.17), há também o aviso da mais triste 15 e irrevogável sentença: "Quanto,porém, aos covardes, incrédulos, abomináveis1, assassinos, impuros, feiticeiros, idólatras e todos os mentirosos, a parte que lhes cabe será no lago que arde com fogo e enxofre, a saber, a segunda morte" (Ap 21.8). A escolha será: "Venha... receba de graça" (Ap 22.17) ou "será lançado para dentro do lago de fogo" (Ap 20.15). Na presença de Cristo não entra nenhuma cousa imunda, ou seja, é preciso lavar nossas vestes no sangue do Cordeiro (Ap 22.14; 12.11; 7.9-17). Ficarão de fora os que têm prazer nos deleites carnais. Aos crentes, esta profecia tem um propósito duplo de admoestação e de alento. Repreende e anima, esquadrinha e exorta. Incentivando e estimulando a serem santos e ativos diante de Deus, gratos pela salvação e a bem-aventurada esperança. Não apóia a idéia errônea de que a salvação eternadas almas é determ pelas obras feitas pelo indivíduo. A sua relação com o Cordeiro de Deus é indispensável. A maneira de ensinar os cristãos é por meio dejuízos diretosrelacionados com as sete igrejas da Ásia; o Senhor Jesus Cristo elogiando ou censurando, os ensinamentos proféticos do futuro, findando com a descrição do Juízo Final e visão da Cidade Eterna, a Nova Jerusalém, com seu divino Rei. Todas as divisões do livro têm suas lições para o salvo hodierno2. Observando o que o Senhor Jesus Cristo elogia ou censura nas igrejas, notamos o que lhe agrada ou não. 1 Que deve ser abominado; detestável , execrável , execrando, abominando, abominoso. 2 Re l at ivo aos dias de hoje; atual . 16 Reconhecendo a parte que teremos nos eventos celestiais como remidos, veremos que convém aprender agora a louvar ao Senhor Jesus e dar-lhe glória. Aqui mesmo nos entregamos à tarefa de aprender como viver devidamente na presença de Deus, sabendo que os Seus olhos vêem a todos os nossos atos. Desta forma saberemos viver naquela cidade onde não há necessidade de sol, lua ou lâmpada, pois a glória de Deus a ilumina (Ap 21.23). O Cristo, Juiz do capítulo 1, é o Cordeiro iluminador do capítulo 21! Quando habitarmos a Nova Jerusalém, teremos deixado para trás tudo o que é mau e indigno. O Espírito Santo nos revela o futuro neste livro, ao mesmo tempo Ele opera em nossas mentes produzindo os resultados que deseja. O cristão deve pensar que nessa ocasião ele é um santo preparado para habitar as mansões celestiais. Esta é outra prova da graça divina e que o Espírito Santo mora no crente. Outra maneira que este último livro da Bíblia ajuda o cristão é revelando minúcias acerca do futuro. Apresenta um panorama ou perspectiva dos eventos do fim da História que, de outro modo, o estudante da Palavra não teria. Embora ele faça uso de uma linguagem figurada e de símbolos, em sua maioria são explicados aqui mesmo e nas Escrituras Sagradas. Uma verdade de importância sem igual se destaca entre as coisas simbólicas e figuradas, impressionando a pessoa cada vez que lê o Apocalipse, é esta: Jesus Cristo é o Vencedor! Vencerá todos os inimigos! Levará o plano divino à sua apoteose1 triunfante! 1 Conjunto de honras ou homenagens t r ibutadas a alguém. Glor i f i cação; esplendor. 17 A presença deste livro no cânon do Novo Testamento é justificada pela mensagem que anuncia. O Evangelho de João 14.1-3diz que o Salvador prometeu aos Seus voltar para levá-los, a estarem com Ele no lugar que Ele mesmo prepararia. Exortou-lhes ter nEle a mesma fé que tinham em Deus, evitando a perturbação que estava sujeita. Nos últimos capítulos do Apocalipse, lemos sobre o lugar que o Redentor está preparando para os Seus. Que gloriosa cidade! Ler sobre a Nova Jerusalém é desejar alcançá-la. O mesmo autor diz que ainda não se manifestou o que nós, filhos de Deus, havemos de ser, mas sabemos que quando Ele Se manifestar, seremos semelhantes a Ele, porque O veremos tal como Ele é (lJo 3.2). No Apocalipse, João descreve a maneira como Cristo há de manifestar em forma visível e gloriosa. Que satisfação deve ter sentido o apóstolo do Senhor ao receber esta revelação mais plena e ser comissionado a escrevê-la para torná-la conhecida das igrejas da Ásia Menor. Há outras declarações no Evangelho de João acerca do futuro e este livro propõe a ampliar. Exemplo: João 3.16 fala da maneira de receber a vida eterna, e não perecer. Que quer dizer essas frases? No Apocalipse há mais detalhes acerca desta vida perene ou perdição. João 11.25-26 ensina o mesmo acerca da ressurreição ou do arrebatamento, Paulo em I Tessalonicenses 4 e 5 confirma, e está de acordo com este último livro profético, isto é, que só os crentes terão parte na felicidade eterna. Também Cristo mencionou a Sua volta em João 14.28. Veja-se João 6.40,44,54. O aspecto mais amplo do futuro que é mencionado no Quarto Evangelho que ocupa a maior 18 parte deste livro final é o juízo em relação a Jesus Cristo. É verdade que o Senhor não veio para condenar (ou julgar, que é a palavra original), mas para salvar o mundo (Jo 3.17). Ele disse em João 8.15: "Eu a ninguém julgo". Mas, diz em João 5.21- 22 e 26-29 que o Pai entregou ao Filho toda autoridade divina para julgar. Virá o tempo em que Ele chamará a juízo todos os seres humanos e separará os salvos dos condenados. Em João 8.26 o Senhor diz: "Muitas coisas tenho para dizer a vosso respeito e vos julgar". A maior parte do Apocalipse mostra Jesus Cristo entronizado e julgando os habitantes deste mundo. No primeiro sermão que fez na sinagoga de Nazaré, Jesus disse que havia vindo para "apregoar o ano aceitável do Senhor" citando Isaías 61.2 (Lc 4.19). E no Apocalipse vemos que chegou o tempo a que se refere o resto de Isaías 61.2 "o dia da vingança do nosso Deus". Em Amós 5.18-20 diz "Ai de vós que desejais o dia do Senhor! Para que quereis vós este dia do Senhor? Trevas será e não luz". Veja Sofonias 1. 14; 2.2. Nos capítulos 2 e 3 do Apocalipse o juízo começa com a casa de Deus (lPe 4.17-18). Mas, de Apocalipse 6.1 até 19.21 lemos sobre um juízo após outro, um castigo, uma praga, uma dor, uma pestilência, etc, cada vez mais severos, até que os homens busquem a morte, mas esta se distancia deles. Além disto, virá após o reino milenar, o tempo do juízo final, Cristo assentado sobre o Grande Trono Branco, todo o mundo diante dEle, para o juízo definitivo. Por esta razão o Apocalipse é chamado de livro de juízo, de vingança, de terror. Muitos não enxergam nele mais que castigos, pragas e têm idéia 19 que Deus dará um fim à história humana, fazendo que todo o mundo sofra grandes penas. O evento descrito no capítulo 19 mostra os santos e os seres celestiais alegres ao ver o julgamento da grande prostituta dizendo: Aleluia... Verdadeiros e justos são os seus juízos, pois julgou... O objetivo deste livro é dar ao mundo a mensagem divina de que o fim de todas as coisas se aproxima. As condições atuais não continuarão sempre assim. A paciência de Deus não durará eternamente. O dia do juízo é inevitável. O diabo e os seus perderão a batalha e sofrerão eterna perdição. Jesus Cristo gozará a vitória que obteve na cruz e com os Seus reinará eternamente. Está decidido, que é o Cordeiro e não a besta ou dragão que será coroado Vitorioso e Vencedor. A santidade dominará o Reino perene1, enquanto a maldade deixará de existir. Que propósito digno para este importante livro final! Autor O autor refere a si quatro vezes como "João" (Ap 1.1,4,9; 22.8). Era conhecido e sua autoridade espiritual era reconhecida que não precisou impor suas credenciais. A antiga tradição eclesiástica atribui unânime este livro ao apóstolo João. Evidências históricas e internas do livro indicam o apóstolo João como o autor. Irineu vê que Policarpo (Irineu conheceu a Policarpo e este ao Apóstolo João) referiu-se a João, 1 Que não acaba; perpétuo, imperec í vel , imperecedouro, eterno. 20 escrevendo o Apocalipse perto do fim do reinado de Domiciano, Imperador romano (81-96 d.C.). O livro retrata as circunstâncias históricas do reinado de Domiciano, que exigiu aos seus súditos1 que lhe chamassem de "Senhor e Deus". Sem dúvida, o decreto do Imperador estabeleceu um confronto entre os que dispunham a adorá-lo e os crentes fiéis que confessavam que somente Jesus era "Senhor e Deus". Destarte2, o livro foi escrito num período em que os crentes enfrentavam intensa perseguição por causa de seu testemunho. A tribulação é demonstrada no contexto do livro de Apocalipse 1.19; 2.10,13; 7.14- 17;11.7; 12.11,17; 17.6; 18.24; 19.2; 20.4. Como o estudante já deve ter percebido, cremos que o escritor do Apocalipse é o mesmo João que escreveu o Quarto Evangelho e as Epístolas que levam o seu nome. Não vemos razão para duvidar disto. Confessamos que não há aqui tantos indícios que é aobra deum pobre pescador sem muita preparação acadêmica. Embora João não tenha estudado em Jerusalém com Gamaliel, como Paulo, contudo não devemos deduzir que João era iletrado como os componentes do Sinédrio diziam. Não se vestia como os estudantes ou discípulos de um reconhecido mestre da capital, de modo que, julgaram que ele só tinha a cultura ministrada pela escola rural da Galiléia. Para os orgulhosos cônsules, isto era ser "iletrado". João era "o discípulo que Jesus amava". O Evangelho e as suas Epístolas falam do amor como 1 Que está submet ido à vontade de outrem; sujei to. 2 Por esta forma; deste modo; assim. Assim sendo; diante disto. 21 tema predileto. Um homem ideal para transmitir a revelação que o Senhor deu a ele em Patmos. A idéia que havia outro ancião chamado João que escreveu o Apocalipse parece-nos fantasiosa. Dizer que algum anônimo o fez e atribuiu ao apóstolo a fim de assegurar a sua aceitação é uma conjectura. Por que não crer na declaração do próprio livro? A lógica é aceitar que o autor é o mesmo apóstolo e, por conseguinte, crer também que ele foi inspirado, como afirmou. João não pretende que a obra seja produto da sua própria sabedoria. Afirma ter recebido a revelação de Jesus Cristo. Escreveu o que lhe foi ordenado. Temos aqui, portanto, a "Revelação de Jesus Cristo, que Deus lhe deu... notificou ao seu servo João" (Ap 1.1). "E eu, João" (Ap 22.8). A referência histórica mais recente ao Apocalipse encontra-se nas obras de Justino Mártir (135 d.C.), por volta da metade do século II. Ele citou que foi escrito por João, apóstolo de Jesus Cristo (Diálogo com Trifon, pág. 81 - Citado por Tenny Interpreting Revelation, pág. 16). Irineu cita cinco passagens e declara que João foi o autor. Também, Pápias, Clemente de Alexandria, Teófilo de Antioquia, Pastor de Hermas, O Cânon Muratório, provando que nos fins do século II, o Apocalipse de João era aceito como livro apostólico, como parte legítima do cânon do NT. Os outros livros apocalípticos foram rejeitados. As igrejas orientais não aceitaram o Apocalipse no cânon até o quarto século, isto é, não todas as igrejas desde o princípio. Mas, a decisão final foi favorável ao Apocalipse e contra os escritos em estilo similar. Um mesmo autor pode usarestilos diferentes quando escreve. E é certo que a 22 linguagem é a da época da Igreja Primitiva, pois não durou muito a influência do aramaico sobre ela. E há críticos que alegam que o grego do Apocalipse prova que ele foi escrito antes da queda de Jerusalém no ano 70. Questionário Assinale com alternativas corretas 1. Sobre o Apocalipse é incorreto afirmar que: a) Seu tema é: "A Consumação do Conflito dos Séculos" b) É ao mesmo tempo, uma revelação do futuro, uma profecia e um conjunto de sete cartas c) Transmite ao mundo uma última declaração divina de que Jesus é o Filho de Deus í d)^ Seu nome deriva-se da palavra hebraica 'apocalupsis', traduzida por revelação (Ap 1.1) 2. Evidências históricas e internas do livro de Apocalipse indicam como autor: a) O apóstolo João b) O apóstolo Pedro c) O apóstolo Paulo d) Um escritor anônimo 3 3. A referência histórica mais recente ao Apocalipse encontra-se nas obras de: a) Pápias b) Justino Mártir c) Teófilo de Antioquia d) Clemente de Alexandria 23 Marque "C" para Certo e "E" para Errado 4. O Apocalipse tem como objetivo: dar ao mundo a mensagem divina de que o fim de todas as coisas se a p ro xi ma 5. Apocalipse foi bem aceito nos primeiros quatro séculos, principalmente pelas igrejas orientais 24 Data 0 livro em si não oferece muita evidência acerca da data exata em que foi escrito. (A idéia que Apocalipse 13.18 se refere a Nero, porque o seu nome Neron Kesar em hebraico pode ser escrito de tal maneira que o valor numérico das letras seja 666, não é razoável). Tampouco é certo que as referências ao templo como se ainda estivesse de pé sejam prova de que o livro foi terminado antes da destruição de Jerusalém. Pode referir-se a outro templo futuro. A favor da data comumente aceita pelos evangélicos de teologia conservadora, ao redor do ano 90 ou um pouco mais tarde, há várias considerações. O próprio texto oferece um testemunho que merece séria atenção, ao procurarmos descobrir a data da sua origem. Os dois capítulos em que constam as cartas às igrejas, o segundo e o terceiro, descrevem uma condição de decadência que viria após um período de desenvolvimento e maturidade. Este estado de cousas não podia ter prevalecido durante o Império de Nero. Não havia transcorrido tempo suficiente depois do estabelecimento daquelas igrejas, pelo apóstolo Paulo. Além disto, a evidência externa é a favor de uma data posterior, na última década do primeiro século. Irineu diz especificamente que o Apocalipse foi escrito durante o reinado do Imperador Domiciano (81 a 96 depois de Cristo). Este último dos Césares podia muito bem ter sido o que desterrou1 o velho apóstolo João para a ilha de 1 Fazer sai r da terra, do país; exi lar, banir. 25 Patmos. Vitoriano, Eusébio e Jerônimo estão de acordo com Irineu. Não há dúvidas de que o autor do Apocalipse estava familiarizado com o Antigo Testamento, as Escrituras Sagradas do judaísmo. Considerando a existência de muitos escritos neste estilo, como o chamado Apocalipse de Pedro, outro de Paulo, de Esdras, de Elias, de Zacarias, etc, destaca-se que o livro do Apocalipse foi realmente escrito pelo apóstolo João, o discípulo amado. É lógico deduzir que o Apocalipse foi escrito quando começaram as perseguições em todo o Império Romano. Havendo em circulação várias obras de cunho apocalíptico, não é estranho que em tempos de perseguição, esta mensagem às igrejas tomasse este estilo de comunicação, embora seja uma literatura diferente e empregue um vocabulário distinto, especial. O apóstolo João conhecia bem as igrejas da Ásia Menor. Sabia da preocupação dos irmãos, especialmente dos pastores, ao ver o princípio da perseguição imperial. Onde está Cristo? Que prometeu: As portas do inferno não prevaleceriam contra a Sua Igreja? Ele havia vencido o mundo, e que o Pai lhes daria o Reino? E a vinda do Senhor em glória? Qual era a responsabilidade e maneira de proceder da igreja, naquelas circunstâncias? Estas perguntas reclamavam uma mensagem divina para aquela época, alguma resposta autorizada, antes de encerrar-se o cânon do Novo Testamento. Domiciano, o último dos doze Césares, que reinou até o ano 96, começou, no fim do seu reinado, a perseguir os cristãos. O governo percebia 26 que o cristianismo não era simplesmente uma seita do judaísmo, sem importância, mas um poder que rivalizava com o próprio Império na demanda da lealdade dos homens. Roma decretou a adoração do imperador como deus visível, que supria as necessidades e outorgava benefícios ao povo nas festas, corridas e lutas no estádio. Os cidadãos e escravos estavam acostumados a adorar deuses de madeira, gesso, pedra e metais. Não lhes era difícil acrescentar outro deus à lista de divindades, especialmente um que era visível, de reconhecido poder e autoridade, capaz de fazer bem ou mal. Mas, o Evangelho fazia discípulos e estes recusavam a dobrar os joelhos diante do Imperador e a adorar a sua imagem. Não sacrificariam animais nos altares pagãos. Reconheciam somente a Jesus Cristo nos céus como seu Senhor e Salvador de suas almas. Roma não podia permitir tal atitude de desobediência a suas leis e costumes. Percebeu a incompatibilidade entre o cristianismo e as outras religiões. Embora os cristãos não usassem armas carnais para propagar a sua fé, o Imperador temeu uma revolução civil como resultado de tais ideologias. Verifica-se, que no tempo de Domiciano, as igrejas no Império estavam em perigo, e urgia1 a necessidade de uma nova luz e uma visão renovada da sua gloriosa esperança e destino. Por esta razão também cremos que o Apocalipse foi escrito pelo apóstolo João na última década do primeiro século da nossa dispensação. 1 Ser necessár i o sem demora; ser urgente. 27 Interpretação O Apocalipse é o livro do NT que mais se encontra dificuldades em sua interpretação. Os leitores originais provavelmente entenderam a sua mensagem sem muita dificuldade, porém, nos séculos subseqüentes surgiram quatro escolas principais de interpretação deste livro, a saber: Preteristas Consideram que o livro e as suas profecias cumpriram-se no contexto histórico original do Império Romano, a não ser os capítulos 19-22, que aguardam cumprimento. Historicistas Entendem que o Apocalipse é uma previsão profética do quadro total da história da igreja, partindo de João até o fim da presente era. Idealistas Consideram o simbolismo do livro como a expressão de princípios espirituais, sem limitação de tempo, concernente ao bem e ao mal, através da história sem prender- se a eventos históricos. Futuristas Consideram os capítulos 4-22 como profecias de eventos da história, que ocorrerão somente no fim desta era. Que Devemos Esperar do Apocalipse? Quando Adão e Eva desobedeceram a Deus no Éden, o Senhor prometeu-lhes um Redentor que venceria Satanás, ao custo da Sua Própria vida. Na plenitude dos tempos o Filho de Deus nasceu de uma virgem conforme as Escrituras e disse: Veio para que os Seus tenham vida abundante (Jo 10.10). 28 s 0 apóstolo João escreve que " para isto Se manifestou o Filho de Deus: para destruir as obras do diabo" (lJo 3.8). s 0 apóstolo Pedro ensina que "Cristo morreu, uma única vez, pelos pecados, o justo pelos injustos, para conduzir-vos a Deus" (lPe 3.18). s Paulo diz: "Deus, que nos reconciliou consigo mesmo por meio de Cristo" (2Co 5.18). Cremos que a profecia em Gênesis 3.15, no plano soberano de Deus incluía em si, a promessa divina da anulação dos efeitos da queda do homem, juntamente com a completa reconciliação de Deus com os descendentes de Adão (toda raça humana) que aceitaria reconciliação oferecida (2Co 5.20). Portanto, no Apocalipse, devemos esperarencontrar o pleno cumprimento de tudo o que se subentende em Gênesis 3.15. A esperança que tem fortalecido os santos durante os milênios, tem sido a confiança que Deus cumprirá o que prometeu ao primeiro homem pecador. No último livro da Bíblia deve haver o desenvolvimento da história humana, ver o homem cumprindo, por fim, o propósito divino para o qual foi criado. Veremos a solução justa e eterna do problema do mal, veremos o bem triunfante para sempre sem possibilidade de mais luta. Os salvos deverão estar gozando de todos os benefícios da redenção, porquanto o Redentor venceu e foi glorificado como Rei do universo, devido à eficácia1 da Sua obra salvadora. Cristo ocupa essa posição suprema e sublime; não só agora, por ser o criador de tudo, 1 Qual i dade ou propr i edade de ef icaz; ef i c iência. 29 mas também por tê-lo merecido e pelo que fez; não unicamente como Filho de Deus, mas por ser o Filho do homem; não só como a Segunda Pessoa da Trindade, mas porque é o que veio em carne, foi morto, sepultado, corporalmente ressuscitado, e em corpo glorificado ascendeu ao Pai. Por toda eternidade Ele será o Deus revelado, o Deus visível, o Cordeiro de Deus que foi morto, mas não pode morrer mais, porém antes, venceu a morte. Vive Eternamente. É o Cristo porque é Jesus e é Deus. A exaltação de Jesus Cristo que esvaziou a Si mesmo é a mensagem principal deste precioso livro que encerra o cânon da Palavra de Deus. A Revelação (Ap 1.1-8) Escrita às "sete igrejas" que estão na Ásia (Ap 1.4a). A obra de João é uma "revelação" das "coisas que em breve devem acontecer". Notificada ao apóstolo João, por Jesus Cristo, é uma mensagem entregue por Deus ao Senhor para que a mostre aos seus "servos". João escreveu sua profecia em forma de epístola, começando com uma saudação de graça e paz de cada pessoa da Trindade (Ap 1.4-5). O tema do livro é claro: O Senhor Deus, Todo- poderoso, garante a vitória definitiva do Jesus crucificado perante toda a terra (Ap 1.7,8). Sua vitória será inquestionável. Seu povo se alegrará em sua libertação definitiva, mas os que o rejeitaram lamentarão sua vinda, porque significará condenação para eles. 30 João em Patmos - Mensagens às Igrejas (Ap 1.9-20) Exilado na ilha de Patmos João viu o Senhor ressurreto (Ap 1.9-20). Foi arrebatado em espírito, no dia do Senhor. Ouviu atrás de si uma grande voz, alta como de trombeta. A voz declarou que João deveria escrever o que iria ver e enviá-lo às sete igrejas: E interessante que, antes de mencionar Cristo, ele afirma ter visto "sete candeeiros1 de ouro" (Ap 1.12,20) que "são as sete igrejas". Por isso o significado das visões de João, a mensagem às sete igrejas, não deve ser menosprezada. Na verdade, não encontramos as sete cartas dirigidas às igrejas apenas nos capítulos 2-3, mas em todo Apocalipse (1.3; 22.10,16-19). Certamente não há evidências textuais de que as cartas, individualmente ou como coletânea, circularam separadas do restante da obra literária de João. Constitui um erro sério pensar que certos trechos de Apocalipse não eram importantes para seus primeiros leitores. Apocalipse como um todo é pertinente para as igrejas daqueles dias e ao longo da história. Eram participantes com João "na tribulação, no reino e na perseverança, em Jesus" (Ap 1.9). Cada igreja precisa prestar atenção não apenas em sua própria carta, na verdade, em todo 1 Vaso dest i nado a dar luz, al imentada por óleo. 31 Apocalipse (Ap 22.18-19), que adverte sobre o julgamento futuro e pronuncia uma bênção sobre todos os que perseveram nos momentos de tribulação e morrem fiéis ao Senhor (Ap 14.13). O Apocalipse cheio de autoridade não é um mistério literário para quem está lutando para sobreviver em uma época difícil de perseguição e sofrimento. É uma exortação às igrejas para permanecerem fiéis a Jesus Cristo, perseverarem firmes nos momentos de tribulação, sabendo que Cristo é o Senhor das igrejas, aquele que anda entre os sete candeeiros de ouro (Ap 1.13; 2.1). Entre os sete candeeiros de ouro, João viu no meio deles um "semelhante ao Filho do Homem" vestido até aos pés, usando um cinto de ouro em torno do peito (diferente do trabalhador que usava o cinto mais embaixo, em torno da cintura, para poder prender a ele as pontas da capa enquanto trabalhava). Como o ancião de dias em Daniel 7.9-10, esse personagem glorioso tinha cabelos "brancos como alva lã, como neve" (Ap 1.14). Seus olhos, com poder penetrante para julgar e discernir, eram como uma chama de fogo. Seus pés, provavelmente aludindo a Daniel 10.6, eram como bronze polido. Sua voz, que João já comparara ao som de uma trombeta, como o som de muitas águas, semelhante à descrição da voz de Deus em Ezequiel 43.2. Na mão direita ele tinha sete estrelas, que eram os anjos das sete igrejas (Ap 1.20). De sua boca viu saindo uma espada de dois gumes para ferir as nações (Ap 19.15), servindo de advertência às igrejas que ele é o Senhor do julgamento (Ap 2.12). João, vencido por essa visão do Filho do Homem cai u aos seus pés, como morto. O Glorioso, porém, pôs a mão direita sobre ele e disse: "Não 32 temas; eu sou o primeiro e o último e aquele que vive" (Ap 1.17-18). Essa definição é sinônima do título Alfa e Ômega dado ao Senhor Deus em Apocalipse 1.8. 0 "Eu Sou" de Êxodo 3.14 com a descrição do Senhor, o rei de Israel, Deus. Igual a Ele não existe outro (Is 44.6). Que foi morto, mas agora está vivo para sempre (Ap 1.18). Ele é o Senhor Jesus Cristo ressurreto. Apesar de "nascido de mulher, nascido sob a lei" (Gl 4.4) por isso, suscetível1 e vulnerável2 à morte, Jesus, depois de passar pelo sofrimento da morte, ressuscitou para a vida absoluta e nunca mais pode morrer (Rm 6.9; Hb 7.16 25). Cada característica na descrição que João faz do Cristo ressuscitado indica a presença de poder e majestade. Aquele que vive instruiu João escrever e relatar as coisas que vira e haveria de ver, "das que hão de acontecer depois destas" (Ap 1.19). As Cartas às Sete Igrejas (Ap 2.1-3.22) As cartas às igrejas de Éfeso, Esmirna, Pérgamo, Tiatira, Sardes, Filadélfia e Laodicéia têm uma estrutura padronizada. Após definir os destinatários, o Senhor ressurreto, apresenta e descreve a si mesmo usando parte da descrição do Filho do Homem conforme Apocalipse 1.9-20. Inicia com a palavra "conheço", de elogio ou de crítica. Em seguida há um tipo de exortação. Aos repreendidos (criticados), a exortação é arrepender- 1 Passível de receber impressões, modi f i cações ou adqui r i r qual idades; capaz. 2 Diz-se do lado fraco de um assunto ou de uma questão, ou do ponto pelo qual alguém pode ser atacado ou fer ido. 33 se. As igrejas de Esmirna e de Filadélfia, porém, para as quais o Senhor elogiou, a exortação era que permanecessem firmes (Ap 2.10; 3.10-11). Cada carta conclui, nem sempre na mesma ordem, com uma exortação para ouvir o que o Espírito diz às igrejas e com uma promessa de recompensa para o "vencedor", isto é, aquele que prevalece por perseverar na causa de Cristo. À igreja de Éfeso (Ap 2.1-7) é dito que retorne ao primeiro amor, ou o seu candeeiro seria retirado do seu lugar, punição que implica a morte da igreja, mesmo que não indique perda individual da salvação eterna. A igreja de Esmirna (Ap 2.8-11) foi amavelmente incentivada a ser fiel até a morte. As igrejas de Pérgamo (Ap 2.12-17) e Tiatira (Ap 2.18-29) foram advertidas com ternura a tomar cuidado com os falsos ensinos e as ações imorais. A igreja de Sardes (Ap 3.1-6) é chamada a despertar e a completar seus atos de obediência. A igreja de Filadélfia, perseguida pela sinagoga local (Ap 3.7-13) recebe a promessa, que a fé em Jesus lhe daria acesso ao reinoeterno. Somente Cristo tem a chave de Davi e a porta que Ele abre ninguém pode fechar. E a igreja de Laodicéia (Ap 3.14-22) recebe a ordem de não se enganar e de arrepender-se da sua mornidão. Essas advertências e exortações foram enviadas a sete igrejas da Ásia. Não há duvida de que o número "sete" tem significado simbólico e pode muito bem significar que as sete igrejas representavam muitas outras comunidades da Ásia 34 Menor. Todavia, por m ais representativas que possam ter sido, as sete igrejas eram igrejas que conheciam João, e este, instruído pelo Senhor ressurreto escreveu essas palavras de advertêhcia e de esperança. Alguns comentaristas referem-se às sete igrejas como sete épocas da história do mundo, mas não há o mínimo indício no texto que as sete igrejas devem ser entendidas dessa forma. Trata-se, na verdade, uma maneira errada de ver a história da Igreja; o propósito é fazer as cartas às sete igrejas parecerem profecias de sete épocas da história do mundo. Não há nenhum indício no texto de que João queria que entendêssemos as sete cartas dessa maneira. É notório que as cartas foram escritas e enviadas às igrejas locais, estabelecidas e envolvidas em lutas, tribulações, demonstrando a fé e perseverança em meio à perseguição. Questionário Assinale com "X" as alternativas corretas 6. Não faz parte das escolas principais de interpretação do Apocalipse a) Os futuristas b) Os idealistas c Os arianistas c) Os preteristas 7. Na ilha de Patmos, João escreve mensagens às igrejas de: a) Éfeso, Esmirna, Pérgamo, Tiatira, Sardes, - Filadélfia e Laodicéia b) Colossos, Esmirna, Filipos, Tiatira, Corinto, Filadélfia e Telssalônica c) Laodicéia, Éfeso, Colossos, Corinto, Esmirna, Filadélfia e Filipos d) Pérgamo, Corinto, Éfeso, Filipos, Laodicéia, Tessalônica e Sardes 8 9 10 8. Foram advertidas com ternura a tomar cuidado com os falsos ensinos e as ações imorais a) As igrejas de Filadélfia e Laodicéia b) As igrejas de Pérgamo e Tiatira c) As igrejas de Filipos e Corinto d) As igrejas de Sardes e Éfeso 4? Marque "C" para Certo e "E" para Errado 9. Os futuristas entendem que o Apocalipse é uma previsão profética do quadro total da história da igreja, partindo de João até o fim da presente era 10. A igreja de Esmirna foi amavelmente incentivada a ser fiel até a morte Apocalipse: 2a Parte A Soberania do Deus Criador (Ap 4.1-5.14) O elo central do livro se encontra entre os capítulos 4 e 5. Pois, unem as exortações iniciais do Senhor ressurreto às igrejas (capítulos 2-3) com o triunfo e as punições finais aplicadas pelo Cordeiro (capítulos 6 22). Vistas desta forma as exortações às igrejas, são advertências da vinda de aflições e do triunfo final de Deus, que serviriam e serve de estímulo de esperança para ajudar os destinatários da profecia a suportar as aflições. Estes capítulos também são a bases histórica e teológica da autoridade do Senhor ressurreto sobre a Igreja e para o mundo, mostrando sua entronização e capacitação para executar os propósitos de condenação e de salvação de Deus. O capítulo 4 assevera a autoridade soberana do Deus Criador. Sendo exaltado por quatro criaturas poderosas e os vinte e quatro anciãos que o adoram, o Senhor Deus Todo-poderoso é Santo, Soberano e Digno de todo louvor. Ele criou todas as coisas, e elas existem por causa da sua vontade graciosa e soberana (Ap 4.11). A visão que João tem de Deus em seu trono (Ap 4.2) lembra Daniel 7 (note os vv. 9-10) e Ezequiel 1, ambos impressionam o leitor com seu poder e glória. O capítulo 5 retrata a transferência da autoridade divina para o Senhor ressurreto, apresentando uma seqüência de acontecimentos que igualmente lembram Daniel 7. O povo de Deus estava sendo oprimido por quatro animais terríveis, que simbolizavam impérios e reis malignos. Similarmente, o Apocalipse foi escrito para pessoas que estavam passando ou logo passariam por perseguições e lutas infligidas pelos poderes do mal. Em Daniel 7 são erguidos os tronos celestes de julgamento, livros do julgamento são abertos e a autoridade para exercer o julgamento de Deus e resgatar o seu povo das nações ímpias é entregue a uma figura humana. Essa figura humana, um "Filho do Homem" glorioso, aparece misteriosamente perante o trono de Deus nas nuvens. De modo semelhante, em Apocalipse 5, vemos um livro de julgamento (neste caso com sete selos, na mão direita de Deus) e um agente glorioso e redentor de Deus. Entretanto, o notável agente de Deus não é uma figura humana sem identificação, é Jesus crucificado, o Cordeiro e Leão de Deus. Esse Jesus, por causa da sua obediência vitoriosa à vontade de Deus, está agora entronizado, razão pela qual é digno de abrir o livro e os seus selos. Os acontecimentos descritos aqui são simbólicos, mas nem por isso devem ser considerados um simples mito. O evento sugere um momento histórico e teológico do ensino bíblico bem conhecido em outras passagens: a ascensão e entronização de Jesus. Além de explicar a ausência visível de Jesus e o fim das aparições da ressurreição, a 38 ascensão de Jesus é sua entronização como Senhor celeste (At 2.33-36; Ef 1.20-2.31; Cl 1.18). Ele agora recebeu poder para executar as decisões judiciais de Deus. Ele é digno de tomar o livro, porque foi morto (Ap 5.9,12). Sua morte redentora, isto é, sua obediência à vontade de Deus, revelou-o como qualificado para o papel de Senhor celeste. Ele "venceu" (Ap 5.5), palavra usada por João para descrever o sofrimento triunfal de Jesus e sua subseqüente1 entronização (veja Ap 3.21), que lhe permite agora como Senhor celeste, assumir o papel de agente e executor divino. Todo o poder no céu e na terra lhe foi dado (Mt 28.18). Ele pode abrir o livro e os sete selos de juízo, executando assim os propósitos do Soberano Deus Criador. Com sua entronização, os céus se alegram (Ap 5.8-14; 12.5-12), porque Ele é digno, e o povo de Deus agora tem seu Salvador reinando. Os Sete Selos ( Ap 6 . 1 - 8 . 5 ) A abertura dos primeiros quatro selos mostra quatro cavaleiros de diferentes cores (Ap 6.1- 8). Esses cavaleiros, no mesmo espírito do caos predito em Marcos 13, representam os juízos de Deus por meio de guerras (Ap 6.2) e conseqüências sociais devastadoras, a saber: violência (Ap 6.3-4), fome (Ap 6.5-6), epidemias e morte (Ap 6.7-8). O quinto selo (Ap 6.9-11) fala do clamor por justiça dos santos martirizados em relação aos opressores. Recebem a resposta de que, por enquanto, precisam esperar, pois o número de mártires do povo de Deus ainda não está completo. 1 Que subsegue no tempo ou no lugar; imediato, seguinte: 39 Uma análise atenta do sexto selo (Ap 6.12) é importante para compreender a estrutura literária e a seqüência de episódios do Apocalipse. Ao ser aberto, o sexto selo faz surgir os sinais do fim: um grande terremoto, escurecimento do sol, lua que se torna avermelhada ("como sangue") e a queda das estrelas do céu (Mt 24.29- 31; Mc 13.24-27). Ao ler poucos capítulos do Apocalipse e já somos levados aos acontecimentos finais. O Céu é enrolado como um pergaminho; montanhas e ilhas são abaladas. Os poderosos e os insignificantes da terra percebem que chegou o grande dia da ira de Deus (e do Cordeiro) e que nada pode salvá-los (Ap 6.14-17). O terremoto neste livro é um sinal que sempre indica a destruição que precede imediatamente o fim (veja Ap 8.5; 11.13,19; 16.18- 19) da história e a manifestação do Senhor. Referências a terremotos em lugares estratégicos de Apocalipse não significam que a história em si chega várias vezes ao fim, mas que João empregou a conhecida técnica literária da "recapitulação" (veja Gn 1-2), isto é, contar de novo a mesma história por "ângulos" diferentes,focalizando outras dimensões e personagens da mesma história. Desta forma somos levados, repetidas vezes em Apocalipse ao fim da história e à época da volta de Cristo. João, porém, guardou sua última descrição (e mais completa) do fim do mundo até a última parte do seu livro (Ap 19.1-22.5). Usou a técnica literária da repetição (entre outras) a fim de preparar seus leitores para os traumas e esperanças da história humana, para o julgamento que viria pelas mãos do Cordeiro de Deus entronizado (Ap 6.1 -17, pensando na proteção do se povo I Ap 7.1-17;11.1) 40 e na responsabilidade que tinha de dar testemunho sobre ele na terra (Ap 10.1-11.13), no propósito redentor do julgamento (Ap 8.6-9.21), na perseguição futura (Ap 11.7; 12.1-13.18)e no caráter definitivo do juízo de Deus (Ap 15.1-18.24). João tinha muito a explicar a respeito do sofrimento dos santos e do triunfo aparente do mal, que parecem negar a confissão do cristão de que Cristo foi ressuscitado e entronizado como Senhor. Será que ele protege mesmo o seu povo? Será que voltará realmente? Por que temos de sofrer, e "até quando, ó Soberano Senhor" (Ap6.10), temos de esperar? Os caminhos misericordiosos e misteriosos de Deus para a raça humana exigem que se conte a história humana sob vários pontos de vista. Para certeza que a condenação ou salvação vem e é por meio de Jesus Cristo. A descrição dos juízos iniciados com a abertura dos primeiros seis selos certamente deixou atônitos1 os leitores de João, mas a ira final não é o destino do povo de Deus (veja Rm 8.35,39; lTs 5.9). João interrompendo a seqüência de juízos que levavam ao sétimo selo nos lembra de que o povo de Deus não precisa entrar em desespero, pois "os servos do nosso Deus" (Ap 7.3) têm por promessa: o Céu. Cento e Quarenta e Quatro Mil (Ap.7.4-8) João observa 12.000 de cada tribo, e nosso Deus" (Ap 7.3). 144.000 judeus que fazem parte em sua visão, dos "servos do Muito espantado e quase sem ação; pasmado, estupefato. No Apocalipse, o grupo de 144.000 pessoas é formado pela etnia judaica. O apóstolo João enfatiza essa etnia identificando-os como membros das doze tribos de Israel (Ap 7.5-8). Sua presença testemunha a fidelidade de Deus e a certeza do cumprimento de suas promessas. No Antigo Testamento, Deus prometeu preservar da destruição um "remanescente" (uma pequena fração) de Israel (Is 28.5; 37.31; Jr 23.3; 50.20; cf. Rm 11.1-5), a despeito dos pecados que a nação praticou. Ele só não os salvará da destruição como também prometeu uma nova aliança (Jr 31.31-33) e um novo relacionamento com Ele (Os 2.14-23; cf. Ap 21.3). Sua promessa incluía as dez tribos do Norte que é Israel (Is 11.16; Jr 3.11,12, 18; 23.8) e também as duas tribos do Sul - Judá (O mito popular das dez tribos perdidas de Israel é apenas isso - um mito; Deus nunca as perdeu). Esses judeus não estão aqui por causa de sua qualificação étnica, mas pelo seu caráter. O livro diz que foram assinalados com "o nome dele e o de seu Pa i" (Ap 14.1; cf. 7.3), para que pudessem ser reconhecidos por Deus, o Pai e Jesus, o Messias; foram "comprados" ou "remidos" (Ap 14.3). Também haviam evitado os pecados de muitos de seus companheiros judeus, pois não mentiram a respeito dos cristãos (Ap 14.5; cf. 3.9) e nem se deixaram envolver pela imoralidade sexual (Ap 14.4; cf. 2.14,20; 9.21; 17.2; 21.8; 22.15). Sua recompensa será tornarem-se a companhia constante do Cordeiro (Ap 14.4) e conhecerem uma canção de adoração que somente eles poderão cantar (Ap 14.3). 42 Salvar-se-á Alguém no Período da Grande Tribulação? O número de gentios entre o povo dé Deus claramente eclipsa1 o número de judeus. Usando sua descrição favorita do céu (ver Ap 21.3-4,23; 22.1 5) , João disse que eles são "os que vêm da grande tribulação", para agora experimentar as alegrias do céu e o alívio das tribulações que suportaram. As interrogações sobre Salvação durante o período da Grande Tribulação são constantemente feitas por varias classes de pessoas, e por estranho que pareça, há sempre os que negam a resposta positiva; entretanto, examinando cuidadosamente as Escrituras, acharemos a resposta satisfatória. Não há dúvida de que um restante foi visto por João, que vinha da "Grande Tribulação" e como já dissemos, serão os que crerão através da pregação das testemunhas aludidas, os quais estavam previstos no espírito dos profetas do AT (SI 64; 79; 80; Is 63.15-19; 64). Compreendemos que aquele restante suportou providencialmente, todo o tempo daquela aflição horrível, durante os sete anos do governo do anticristo, os quais constituirão os "cento e quarenta e quatro mil assinalados", que sofrerão, mas vencerão e serão fiéis até o fim. Certamente eles tomarão parte ativa naquele duro ministério, como evangelistas voluntários, convidando seus contemporâneos a aceitarem ao Messias, apelando para a sua grande misericórdia. Será o cumprimento total de Mateus 24.31-40. 1 Esconde, encobre; obscurece, ofusca; vence; excede; sobrepõe. 43 Não há dúvida que haverá salvação no período da Grande Tribulação, porque ouvirão a Palavra de Deus, e é por meio dela que o homem recebe o conhecimento de Cristo e é salvo (Rm 10.17). João vê e descreve a abertura do sétimo selo e novamente vemos a repetição dos sinais do fim, como "trovões, vozes, relâmpagos e terremoto" (Ap 8.5). Esses sinais indicam o próprio fim da história humana e a vinda do Senhor, mas o profeta ainda não estava pronto para descrever a volta de Cristo. Ele ainda tinha muito a dizer (baseado no que vira) sobre a natureza do julgamento e sobre a perseguição pela besta, para encerrar sua profecia. Antes de descrever o fim, João teve de começar de novo. Usando o instrumento simbólico das sete trombetas, ele declarou que os juízos de Deus também têm um propósito redentor porque são sinais, expressões parciais, do julgamento final do futuro. As Sete Trombetas (Ap 8.6-11.19) Os sete selos foram divididos entre os quatro cavaleiros e os três selos restantes, com uma interrupção narrativa entre o sexto e sétimo selos, para lembrar ao povo de Deus da promessa do Senhor sobre proteção final e sobre sua esperança de glória eterna. Um padrão semelhante se vê com as sete trombetas (Ap 8.7-11.19). As quatro trombetas iniciais relatam juízos parciais, "a terça parte", (Ap 8.7) que caem sobre a vegetação da terra, os oceanos, a água fresca e as luzes celestes. 44 As últimas três trombetas são tratadas em conjunto como três "desgraças" que atingem a terra, destacando o juízo de Deus para a raça humana. A quinta trombeta (primeira desgraça) libera gafanhotos infernais que ferroam os que não têm o selo de Deus (Ap 9.1-12). A sexta trombeta (segunda desgraça) traz um poderoso exército de cavaleiros do inferno, que matam um terço da raça humana (Ap 9.13-19). Todos os juízos não têm efeito redentor, pois orestante da raça humana que não foi morto pelas epidemias recusa-se a se arrepender das suas Imoralidades (Ap 9.20-21). As advertências caíam em ouvidos surdos. Assim como o interlúdio1 entre o sexto e o sétimo selo garantiu aos destinatários de Apocalipse que os que são de Deus estão protegidos dos efeitos eternamente destrutivos da ira divina, também entre a sexta e sétima trombetas somos lembrados da mão protetora de Deus sobre o seu povo (Ap 10.1-11.14). No interlúdio das trombetas, porém, também ficamos sabendo que a proteção de Deus durante os dias de tribulação não significa Isolamento, pois o povo de Deus (os judeus) precisa dar testemunho profético ao mundo. Em Apocalipse 10.1-11 o chamado de João (pelo padrão de Ez 2.1-3.11) é reafirmado. Ele recebe a ordem de comer um livro agridoce2 e "profetizar a respeito de muitospovos, nações, línguas e reis" (Ap 10.11). A nota de proteção e testemunho é tocada novamente em Apocalipse 11.1-13, onde a medição do templo de Deus alude à mão protetora de Deus sobre seu povo na hora do caos. 1 Intermédio. 2 Agro (azedo) e doce ao mesmo tempo; agro-doce, acre-doce. 45 As perseguições durarão quarenta e dois meses, mas seu povo, a ""cidade santa" (Ap 11.2), não será nem destruído nem silenciado. As ""duas testemunhas" (Ap 11.3) darão testemunho nesse período, também chamado de 1260 dias, da misericórdia e do julgamento de Deus. Veja bem: os 42 meses e os 1260 dias referem-se ao mesmo período de tempo de perspectivas diferentes, porque os dias de testemunho também são dias de oposição (Ap 11.2- 7; 12.6, 13-17). Referências negativas à perseguição e à atividade de Satanás e das bestas são sempre feitas em termos de " 42 meses" (Ap 11.2; 13.5), enquanto asreferênciaspositivas à mão sustentadora de Deus ou ao testemunho profético das suas duas testemunhas são feitascomo "um tempo, tempose metade de um tempo" (Ap12.14) ou "1260 dias" (Ap 11.3; 12.6). A sétima trombeta (terceira desgraça) novamente traz terremoto, relâmpagos e trovões (Ap11.15-19. O fim da história chegou, é a hora dos mortos serem julgados e dos santos serem recompensados (Ap 11.18). Sem dúvida o fim chegou de fato, porque o coro celeste agora fala da vinda do Reino de Deus (e de Cristo), assim como do dia do julgamento, como fatos do passado (Ap 11.17-18). O coro canta: "O reino do mundo se tornou do nosso Senhor e do seu Cristo, e ele reinará pelos séculos dos séculos" (Ap 11.15). As Duas Testemunhas As duas testemunhas evidentemente são homens. Alguns crêem que sejam Enoque (Gn 5.24) e Elias (2Reis 2.11), porque estes nunca morreram, 46 1 Outros têm sugerido Moisés e Elias, representando a lei e os profetas. Porém, não o sabemos o certo. O objetivo deles é chamar a atenção do mundo, e especialmente dos líderes do mundo,, para as reivindicações do Deus do céu, em meio a um período em que o mundo está seguindo loucamente as maquinações diabolicamente falsas do homem do pecado. Nenhuma arma prosperará contra elas até que a sua obra esteja realizada. A nota trágica é a louca alegria do mundo por causa da morte violenta das testemunhas (Ap 11.9,10) . Aqui se manifesta a impiedade do coração humano, no que ele tem de pior. Mas a sua alegria frenética1 tem curta duração. Depois de três dias, os corpos ultrajados recebem nova vida, e são arrebatados visivelmente para o céu. Questionário 4? Assinale com "X" as alternativas corretas A abertura dos primeiros quatro selos mostram quatro cavaleiros de diferentes cores que a) Falam do clamor por justiça dos santos martirizados em relação aos opressores b) Representam os juízos de Deus por meio de guerras e conseqüências sociais devastadoras c) Chamam a atenção do mundo e de seus líderes, para as reivindicações do Deus do céu d) Fazem surgir sinais do fim:grande terremoto, escure 1 Que tem frenesi; del i rante, desvai rado, fur ioso. 47 2. No Apocalipse, o grupo de 144.000 pessoas a) É formado pela etnia cristã b) É formado pela etnia judaica É formado pela etnia gentílica c) É formado pela etnia gentílica e judaica 3. Quanto às Sete Trombetas, é errado dizer que a) As quatro primeiras relatam juízos parciais que caem sobre a terra, a água e a iluminação b) A sexta trombeta libera gafanhotos infernais que ferroam os que não têm o selo de Deus c) A sétima trombeta traz terremoto, relâmpagos e trovões d) As últimas três são tratadas como "desgraças", que atingem a terra e a raça humana Marque "C" para Certo e "E" para Errado 4. O elo central do livro de Apocalipse encontra- se entre os capítulos 4 e 5 5. Salvação não haverá no período da Grande Tribulação 48 A Perseguição dos Justos pelo Dragão (Ap 12.1-13,18) O capítulo 12 é crucial1 para compreender a perspectiva de João da seqüência histórica. O número três e meio era visto por cristãos e judeus como tempos de dor e de juízo (veja Lc 4.25). João referiu-se aos três anos e meio às vezes como "42 meses" (Ap 11.2; 13.5), outras como "1260 dias" (Ap 11.3; 12.6) e ainda outras como "um tempo, tempos e metade de um tempo" (Ap 12.14) . Para João, este é o período de tempo em que os poderes do mal farão suas obras de opressão. Durante o mesmo tempo, porém, Deus protegerá seu povo (Ap 12.6.14) enquanto ambos testemunham da sua fé (Ap 11.3) ao mesmo tempo em que sofrem nas mãos destes poderes maus (Ap 11.2,7; 12.13- 17; 13.5-7). Todos os comentaristas concordam que este terrível período de tribulação terá fim com a vinda do Senhor. A questão crítica, porém, é saber quando o período de três anos e meio de perseguição e de testemunho começa. Apesar de alguns estudiosos terem relegado2 os três anos e meio a algum momento ainda futuro, o capítulo 12 inquestionavelmente liga seu início à ascensão e entronização de Cristo (Ap 12.5). Quando o descendente da mulher (de Israel) é "arrebatado para Deus até ao seu trono" (Ap 12.5), há guerra no céu e o dragão é lançado na terra. O céu se alegra porque o adversário (Satanás) foi vencido (Ap 12.10-12), mas para a terra é hora de lamentar (Ap 12.12) porque o mal foi lançado a 1 Terminante, categór i co, decisivo. Muito importante; capi tal . 2 Pôr em segundo plano; desprezar. terra, e sua ira é muito grande. Satanás sabe que foi derrotado pela entronização de Cristo e que lhe resta pouco tempo (Ap 12.12). A mulher (Israel) que gerou Cristo (Ap 12.1- 2) e também outros descendentes (aqueles que mantêm o testemunho de Jesus) agora recebem todo o ímpeto da ira frustrada do dragão. Mas quando o furioso dragão for para descarregar seu furor contra a mulher, ela será alimentada e protegida por "1260 dias" (Ap 12.6), ou seja, por "um tempo, tempos e metade de um tempo" (Ap 12.14). A descrição muito breve que João faz da vida de Cristo (apenas seu nascimento e entronização são especificamente mencionados) não deve induzir ao leitor a pensar que o menino é "arrebatado para Deus até ao seu trono" (Ap 12.5). Essa passagem não tem como propósito principal narrar a vida de Cristo, pois João sabia que seus leitores estavam familiarizados com os fatos decisivos da história de Cristo. Antes, a passagem quer mostrar a continuidade da perseguição iniciada por Satanás contra a mulher (Israel) e seu filho (Cristo) e continuada contra a mulher e o restante dos seus descendentes (os cristãos). Naturalmente, é o Senhor crucificado e ressurreto que é entronizado e cuja ascensão ao trono traz consigo a derrota das trevas (Ef 1.19-23; lPe 3.22; compare Rm 1.4; lTm 3.16). O relato da derrota do dragão no céu e sua expulsão dali começam claramente com a entronização do descendente da mulher e é causada por ela. Do mesmo modo, veja bem que a história de Apocalipse 12.6, em que a mulher foge para o deserto e é protegida por Deus por "1260 dias" tem dois "ganchos" inconfundíveis que a inserem na história do capítulo 12. 50 Em primeiro lugar, a fuga da mulher e os "1260 dias" de proteção em Apocalipse 12.6 começam claramente com a entronização de Apocalipse 12.5. Mas em Apocalipse 12.14-17 é a perseguição do dragão, que agora foi lançado do céu para a terra, que motiva a mulher a fugir para o deserto. Por isso, o que temos em Apocalipse 12.14- 17 é a retomada e ampliação da história da mulher começada em Apocalipse 12.6. Observe as referências paralelas em Apocalipse 12.6 e 12.14 a "deserto", alimentação e "um tempo, tempos e metade de um tempo" (Ap 12.14) ou a seu equivalente "1260 dias" (Ap 12.6). Esse elo na história em que dois acontecimentos são vistos com a fuga da mulher entre a entronização do descendente da mulher (Cristo)e a perseguição da mulher pelo dragão não é, nem estranha nem surpreendente. É a entronização que (praticamente ao mesmo tempo) causa a guerra no céu, que resulta na expulsão do dragão e depois imediatamente leva o dragão agora furioso a perseguir a mulher e "os restantes da sua descendência" (Ap 12.17). Não apenas fica claro que os "1260 dias" de Apocalipse 12.6 eqüivalem a "um tempo, tempos e metade de um tempo" de Apocalipse 12.14. Depois o dragão levanta dois carrascos1 (Ap 13) para ajudá-lo a perseguir aqueles que crêem em Jesus. Um deles é apersonificação de Satanás em um líder político, a besta do mar (Ap 13.1), chamado "o homem do pecado" ou "anticristo" (2Ts 2.3,4; lJo 2.18), que falará blasfêmias durante "quarenta e dois meses" (Ap 13.5) e "pelejará contra os santos" (Ap 13.7), enquanto a segunda besta (ou "falso profeta", Ap 19.20), que procede da terra (Ap 1 Indi víduo cruel, desumano. 51 13.11) , procura enganar a terra de modo que seus habitantes adorem a primeira besta, o anticristo. Portanto, os capítulos 12-13, é mais uma forma de se referir aos três anos e meio, indicando o mesmo período de tempo. Triunfo, Advertência e Condenação (Ap 14.1-20) Após entregar mensagens de constantes perseguições ao povo de Deus pela trindade do mal, os leitores de João carecem de outra palavra de ânimo e advertência. Por isso o capítulo 14 usa sete "vozes" para relacionar mais uma vez as advertências e promessas do céu. Há mais uma visão dos 144 mil, que "foram redimidos dentre os homens, primícias para Deus e para o Cordeiro" (Ap 14.4). Isentos da imoralidade sexual como figura da idolatria, João disse que esses seguidores do Cordeiro eram "sem mácula" (Ap 14.5). Em outras palavras, não tinham se "prostituído" com a besta. São os homens e mulheres que foram fiéis na adoração ao único Deus verdadeiro por meio de Jesus Cristo, e não foram seduzidos pelos enganos satânicos da primeira besta e do seu aliado, o falso profeta. Eles serão resgatados e levados ao trono no céu, onde em uma só voz cantarão um novo cântico de salvação (Ap 14.1-5). Ouve-se outra voz (Ap 14.6-7), de um anjo anunciando o evangelho eterno e avisando a terra do juízo iminente1. As "vozes" (ou declarações) restantes seguem em rápida sucessão. 1 Que ameaça acontecer breve; que está sobrancei ro; que está em via de efet ivação imediata; impendente. 52 A queda da "grande Babilônia" (Ap 14.8), símbolo veterotestamentário de uma nação inimiga do povo de Deus é anunciado. Depois o povo de Deus é advertido para não seguir a besta, e aqueles que a seguem são advertidos dos futuros tormentos da separação de Deus (Ap 14.9-12). Em seguida uma bênção é pronunciada aos que permanecem fiéis (Ap 14.13). Por fim, duas vozes convocam para a colheita. Uma chama o Filho do Homem para colher a terra como se fosse uma gigantesca plantação de trigo (Ap 14.14-16), enquanto a última voz compara a colheita da terra a uma vindima, pois a vinda do Senhor equivalerá a pisar o lagar1 da terrível ira do Deus Todo-poderoso (Ap 14.17-20). As Sete Taças (Ap 15.1-16.21) Assim como os sete selos e as sete trombetas mostram aspectos diferentes do julgamento de Deus efetuado por Cristo, agora mais uma dimensão do seu juízo é revelada. As sete taças da ira são semelhantes às sete trombetas e aos sete selos, mas também são diferentes; pois vem o tempo em que à ira de Deus não será mais parcial ou temporária, mas completa e permanente. Essas taças derramadas significam que a condenação divina também é definitiva e irrevogável2. O juízo parcial ("a terça parte") das trombetas mostra que Deus usa os sofrimentos e males da vida como advertências para levar a raça humana ao arrependimento e à fé. 1 Espécie de tanque onde se espremem e se reduzem a l íqu idos certos frutos, especi a lmente as uvas. 2 Que não se pode revogar; não revogável ; i ncontrastável . 53 As taças da ira representam os juízos do Cordeiro que atingem a terra, e especialmente às pessoas que receberam a marca da besta. Entre o sexto e o sétimo selo e a sexta e a sétima trombeta somos avisados da proteção do povo de Deus e da missão de Deus para ele. Nas sete taças não há interrupção entre o sexto e o sétimo derramamento de punição. Só resta a ira; a grande Babilônia, símbolo de todos os que se levantaram contra o Deus Altíssimo, cairá. Ao ser derramada a sétima taça da ira há novamente o grande terremoto acompanhado de " relâmpagos, vozes e trovões" (Ap 16.18), pois o fim chegou. A noção da ira de Deus nem sempre é um tema bem vindo pelo leitor da Bíblia, mas é um ensino evidente do Antigo e do Novo Testamento. A realidade do mal, da liberdade humana, a justiça e o anseio de Deus de ter criaturas que, apesar de distintas dEle como criaturas, mesmo assim se relacionam com Ele em confiança e em amor, tornam inevitáveis as noções da ira de Deus. Um Deus justo reage aos que persistem em sua recusa maligna de reconhecê-lo como Senhor. Deus deseja ver o homem rebelde depor as armas e voltar-se para Ele. Deus agiu em misericórdia, por todos os meios possíveis a ponto de assumir pessoalmente, por meio do seu Filho unigênito, a pena que Ele mesmo prescrevera1 para o pecado. A ira causa tristeza até mesmo no coração de Deus, mas Ele não nos obriga a amá-lo. Ele deu liberdade aos seus filhos e não destruirá a humanidade deles tirando-lhes essa liberdade, mesmo se seus filhos insistem com teimosia em usar 1 Indi car com precisão; determinar, f ixar, precei tuar. 54 da liberdade para rebelar-se contra Ele. É incrível que, apesar da imensa misericórdia de Deus revelada [em Jesus Cristo, existem pessoas que rejeitam sua misericórdia. Nesses casos, o Deus fiel da criação e da redenção responderá fielmente de acordo com sua própria natureza e palavra, dando aos seus filhos e: filhas rebeldes aquilo em que insistiram com teimosia, isto é, a separação eterna dEle. Certamente, enquanto a ira de Deus, este é o ponto alto do tormento e da desgraça: estar separado daquele que é a verdadeira fonte de vida, ser separado do seu Criador compassivo e, assim, experimentar para sempre a morte eterna que resulta da rejeição daquele que é a fonte da vida eterna. Todavia, não devemos negar nem lamentar a sabedoria de Deus em suas manifestações passadas ou futuras de ira. Nosso Deus evidentemente ama a retidão, a justiça e a misericórdia a tal ponto que não tolera nossa tolerância covarde do mal. Não podemos descartar como insignificante o fato que o céu não está em silêncio nem embaraçado quando o mal é punido. O céu festeja com a justiça e com o juízo de Deus (Ap 19.1-6). Queda e Ruína da Cidade Imoral e da Besta (Ap 17.1-18.24) O cap. 17 menciona a sexta taça anunciando a queda da grande Babilônia, e o cap. 18 traz um lamento comovente sobre a grande cidade, que não cumpriu os propósitos de Deus para ela. Todas as suas produções e obras grandiosas são reduzidas a nada, porque ela se fez prostituta e adorou a besta em vez de dedicar sua capacidade e energia a Deus e ao Cordeiro. 55 Júbilo no Céu e a Revelação do Cordeiro (Ap 19.1-22.5) O céu festeja porque a grande Babilônia caiu e está na hora de aparecer a noiva do Cordeiro. O grande banquete da salvação está pronto para começar. Depois de ter evitado a descrição da vinda do Senhor em pelo menos três ocasiões anteriores, João agora está preparado para descrever as glórias da manifestação do Senhor. Todo o céu festeja com a gloriosa punição do mal por Deus (Ap 19.1-6). A noiva do Cordeiro, o povo de Deus, preparou-se com sua fidelidade para seu Senhor por meio do sofrimento. Por isso "lhe foi dado" (a salvação é sempre uma dádiva de Deus) vestir-se de linho fino, "porque são chegadasas bodas do Cordeiro" (Ap 19.7-8). O céu está aberto, e aquele cuja vinda foi fielmente pedida desde os tempos antigos, o Verbo de Deus, Rei dos reis e Senhor dos senhores, surge para combater os inimigos de Deus em um conflito sobre cujos resultados não restam dúvidas (Ap 19.11-16). Quando o Cordeiro vir com seus exércitos celestes, as duas bestas serão lançadas no lago de fogo (Ap 19.20). O dragão, a antiga serpente, Diabo e Satanás são lançados em um abismo, que é fechado e lacrado por mil anos (Ap 20.1-3). Os poderes do mal reinarão por "três anos e meio", mas, Cristo reinará por "mil anos". Os que morreram em Cristo serão ressuscitados para governar com Ele (Ap 20.4-6), e o governo do direito de Deus sobre a terra é vindicado. O reino de mil anos é chamado milênio. O termo vem do latim (mille, mil, e annum, ano) e significa período de mil anos. 56 A palavra "mil" na Bíblia é eleph em hebraico e chilioi em grego. Em muitas passagens do AT o termo é usado em contagens, assim como no NT (veja Gn 24.60; Lc 14.31). Às vezes é usado para referir-se a um grande número, sem a pretensão de ser exato (veja Mq 5.2; 6.7; Ap 5.11). A referência específica usada para criar a doutrina do reinado de mil anos ligado à última vinda de Cristo que se encontra em Apocalipse 20.2-7. O material bíblico não apresenta uma escatologia sistemática em que todas essas diferentes referências ao tempo do fim são organizadas em um só ensino. Por isso, na história cristã, surgiram diferentes tipos de interpretação. Os estudiosos cristãos que querem elaborar uma doutrina sistemática coerente dos últimos acontecimentos relacionam: s Os trechos apocalípticos das profecias do AT (Vide o livro de Daniel); s Os trechos apocalípticos do NT (Ver Mt 24-25; Mc 13; 2Pe; Jd; Ap); s Os escritos de Paulo sobre a última vinda (lTs 4.13 18; 2Ts 2.1-11 - o homem da iniquidade); s As opiniões de Paulo sobre o relacionamento entre judeus e gentios (Rm 9-11); e s As referências ao anticristo (ou anticristos) em 1 João. Nosso interesse nas questões do milênio, ou seja, se a volta de Cristo ocorrerá antes do milênio (pré-milenismo) ou depois do milênio (como no pós-milenismo e no amilenismo) é uma preocupação cujo valor é muito exagerado quanto à interpretação de Apocalipse. O que realmente importava para João é que os seguidores de Cristo, aqueles que sofreram 57 as aflições e perseguições desta época má, um dia serão resgatados pela vinda de Cristo, quando Ele destruirá os poderes do mal. Está claro no NT que a forma e a promessa da esperança futura devem exercer influência sobre nossa conduta presente e sobre nossa dedicação moral a Cristo (compare com Rm 8.18-25). Na verdade, o objetivo do Apocalipse é incentivar os cristãos a perseverar no presente à luz do triunfo de Deus no futuro por meio de Jesus Cristo. A interpretação sobre o reino de mil anos com a volta de Cristo dada no comentário acima poderá ser mais bem entendida na lição 3. Logo após o término dos "mil anos" (Ap 20.7, o dragão deverá ser solto. Permite-se a ele mais um tempo para enganar as pessoas, mas de curta duração. Depois desse episódio de engano, no fim dos mil anos, o dragão é recapturado e dessa vez lançado no lago de fogo e enxofre, "onde já se encontram não só a besta como também o falso profeta" (Ap 20.10). O destino reservado para a besta e para o falso profeta na volta de Cristo é estendido também ao dragão, no fim do reinado de Cristo. Então ocorre o julgamento final, e os que não estiverem incluídos no livro da vida serão lançados no lago de fogo (Ap 20.11 15). Com frequência pensa-se que o capítulo 21 refere-se ao período que segue o reinado de mil anos, mas ele está mais provavelmente recontando a volta de Cristo do ponto de vista da noiva. Aqui temos indicações claras de uma "repetição" literária. Assim como o capítulo 17 é uma recapitulação da sétima taça e da queda da meretriz, a grande Babilônia (compare a linguagem de 58 Apocalipse 17.1-3, que apresenta claramente uma "narrativa repetida", com a linguagem de Apocalipse 21.9-10), o capítulo 21 recapitula a glorificação da noiva do Cordeiro (Ap 22.1-22.5). Aqui a revelação é contada da perspectiva da noiva. Ser a noiva significa ser a cidade santa, a nova Jerusalém, viver na presença de Deus e do Cordeiro, e ter proteção, alegria, luz eterna e vivificadora de Deus (Ap 21.9-27). A árvore da vida cresce ali, onde também flui o rio da água da vida. Ali não haverá mais noite; não haverá mais nenhuma maldição, pois o trono de Deus e do Cordeiro está presente. Ali seus servos o servirão e reinarão com ele para todo o sempre (Ap 21.1-5). Conclusão (Ap 22.6-21) João conclui sua narrativa declarando a fidelidade de suas palavras. Os que ouvirem a sua profecia se beneficiarão das bênçãos de Deus. Os que desprezarem suas advertências serão deixados do lado de fora das portas que dão acesso à presença de Deus (Ap 22.6-15). João encerra seu livro orando pela volta do Senhor (Ap 22.17,20). As igrejas devem dar ouvidos ao que o Espírito diz (Ap 22.16-17). Sob a ameaça de maldição eterna, os leitores são advertidos a proteger o texto sagrado de João: não devem acrescentar nem tirar nada das palavras de sua profecia (Ap 22.18-19). O povo de Deus precisa, pela graça divina, perseverar na hora da tribulação, sabendo que seu Senhor entronizado logo voltará em triunfo. 59 Questionário Assinale com "X" as alternativas corretas 6. A expressão: "um tempo, tempos e metade de um tempo" de Apocalipse 12.14 não se refere a a) Do is a n o s e me i o b) Três anos e meio c) Quarenta e dois meses d) Mil duzentos e sessenta dias 7. Quanto a primeira besta, é incerto dizer que: a) É a besta que sai do mar b) É o"anticristo" ou "o homem do pecado" c) É considerada como "o falso profeta" d) É a personificação satânica em um líder político 8. Logo após o término do "milênio" a) Deus extirpará o dragão e seus seguidores para todo o sempre b) Deus lançará o dragão juntamente com as bestas na lago de fogo e enxofre c) Deus prenderá o dragão por um período longo de tempo d) Deus permitirá que o dragão seja solto por um período curto de tempo Marque "C" para Certo e "E" para Errado 9. As sete taças da ira representam os juízos do Cordeiro que atingem a terra, e especialmente às pessoas que receberam a marca da besta 10. Quando o Cordeiro vir com seus exércitos, a duas bestas serão lançadas no lago de fogo 60 Lição 3 Escatologia: 1a Parte Escatologia bíblica (Is 5.1-4; Mt 24.3-24; 27,44) é o estudo dos eventos que estão para acontecer, segundo as Escrituras. O termo escatologia deriva do grego "eschatos" (último), e "logia" (trato ou estudo), logo, escatologia é o tratado das últimas coisas. Nas primeiras palavras do texto de Apocalipse 1.1 podemos entender o sentido da escatologia para a Igreja. Significa para os cristãos "o estudo ou a doutrina das últimas coisas". A escatologia é o ponto alto do estudo teológico. A teologia só pode ser completa quando apresenta uma escatologia fidedigna, harmônica e com interpretação fiel. Pela palavra profética, Deus informa aos homens algo sobre os tempos e estações que estabeleceu pelo seu próprio poder (At 1.7). Para os salvos, maravilhosas e surpreendentes coisas estão reservadas dentro de um futuro breve, de riquezas ímpares e regozijantes. Para os ímpios, que não se arrependerem, o quadro futurístico é dramático e lamentável; o sofrimento eterno os colocam num inferno real de dor e desespero (Mt 25.46; Lc 16.19-31). 61 Os acontecimentos do futurotêm sido assunto do interesse da humanidade, principalmente neste século. A Igreja de Cristo aguarda um futuro glorioso como consequênciade sua comunhão com Deus, Apesar de estarmos tratando de um tema que, se nãohouver cuidado entra no terreno da especulação. Deus tem um plano eterno de ação em andamento (Ef 3.11): > Em relação ao homem; > Em relação à criação; > Ao universo material. Este plano eterno e divino aproxima-se do seu fim, quanto ao ciclo da históriahumana, inclusive a história de redenção (lPe 4.7). Abrange: 1. Is rae l. Seu renascimento nacional e seu atual desenvolvimento; 2. Os gentios. Sua expansão, seus movimentos, suas convulsões1 2 sociais; seu humanismo e sua salvação; 3. A Igreja. O derramamento do Espírito Santo na Igreja em geral; a renovação da Igreja; 4. Satanás e suas hos te s2. Proliferação do satanismo sob os mais diversos nomes e formas. A Importância da Escatologia Bíblica A escatologia bíblica não é apenas é amorosamente conclusiva. Percorre a descortina a eternidade. Revela-se, e é mistério. Deus a engendrou3 nos abrangente; História e sempre um 1 Grande agi tação ou t ransformação. 2 Tropa; exérc i to. Bandos, chusma; mult idão. 3 Dar or igem a; gerar, produzir. Inventar, imaginar , engenhar. 62 profetas, fecundou-a nos Evangelhos e Epístolas, e deu- a a pleníssima luz no Apocalipse. Ela desvenda-nos o Estado Intermediário e o que há de suceder-se no Arrebatamento da Igreja, na Grande Tribulação, no Milênio, na instauração do Juízo Final e no estabelecimento do Eterno Estado. Se alguma coisa esconde, isto fica por conta da economia divina (Dt 29.29). É revelação; não admite hipóteses. Onde ela se cala, não precisamos ter voz. No essencial e básico: unidade; nos adiáforos1 e pontos secundários: liberdade; mas nunca sem o amor. A Igreja sempre se preocupou com a Doutrina das Últimas Coisas. A História mostra que o cristianismo, desde a sua fundação, vem sendo caracterizado por um decisivo enfoque escatológico. E, hoje, segundo o Dr. Orr, a Escatologia Bíblica vive o seu ápice2. Nunca os cristãos estudaram tanto as Últimas Coisas quanto nestes dias que se abreviam. O Campo da Escatologia Bíblica A esca to log ia é baseada na reve lação divina. A Bíblia é a revelação da vontade de Deus à humanidade. Inicialmente, Deus escolheu a semente de Abraão, ou seja, o povo de Israel, para revelar a sua vontade. Mais tarde, Deus ampliou o campo da sua revelação e formou um novo povo, a Igreja, constituído de judeus e gentios (Ef 2.11-19). A partir de então, a Igreja é o alvo da revelação divina. Toda a revelação aponta para o futuro e a Igreja caminha com esta esperança, pois é identificada como "peregrina e forasteira" (lPe 1 Não essencial ; acessór io, secundár io, dispensável . 2 O mais alto grau; apogeu. 63 2.11) . Ela existe por causa da esperança (Rm 5.2; 8.24; Ef 4.4 e lTs 4.13). A esperança indica uma meta; traça planos para um futuro. O mundo pagão se fecha dentro de um fatalismo1 histórico, sem expectativas, sem futuro, mas a Bíblia revela o futuro. A esca to log ia pertence ao campo da profecia. Interpretar os textos proféticos das Escrituras é a preocupação principal e a atenção da escatologia. As verdades proféticas se tornam claras e definidas quando se tem o cuidado de interpretá-las seguindo os princípios da hermenêutica, observando o seu contexto histórico e doutrinário (2Pe 1.19-21). Métodos de Interpretação da Escatologia Na História da Igreja têm sido adotados vários métodos de interpretação no que concerne às escrituras proféticas. Eles têm produzido explicações e posições que obrigam os cristãos a serem cautelosos. Para isso, dois métodos de interpretação devem merecer a nossa atenção. 1) Método a legór ico ou f igurado. Alguns teólogos definem a alegoria "como qualquer declaração de fatos supostos que admite a interpretação literal, mas que requer, também, uma interpretação moral ou figurada". Se interpretarmos uma profecia bíblica, não observando o sentido real, figurado ou literal, negando o valor histórico, dando uma interpretação 1 At i tude ou doutr ina que admite que o curso dos acontec imentos esteja prev i amente f ixado, nada podendo al terá- lo. 64 de somenos1 importância; corremos o sério risco de anular a revelação de Deus. 2) Método l i te ra l e textua l É o método gramático-histórico, isto é, preocupa-se em dar um sentido literal às palavras da profecia, interpretando-as conforme o significado ordinário, de uso normal. Contudo, os dois métodos abordados aqui são válidos, mas devem ser utilizados com cuidado e precisão. Há uma perfeita relação entre as verdades literais e a linguagem figurada. O Plano de Deus para Israel Descendentes de Abraão (Gn 12.1,3). Os filhos de Israel foram privilegiados como nenhuma outra nação o foi, Deus escolheu a nação israelita para o estabelecimento de seu plano salvífico, beneficiando toda a humanidade. Abaixo vemos as bênçãos de Deus para com Israel: A. Israel é a nação eleita por Deus (Dt 7.6; Lv 20.24; Êx 19.6); B. Deus prometeu abençoar o mundo através de Israel (Gn 22.18); C. Deus outorgou a Israel sete privilégios (Rm 9.4,5): 1. Adoção de filhos; 2. A glória (manifesta no Monte, Tabernáculo e no Te m p lo ) ; 3. Os concertos (com Abraão, Moisés e Davi); 4. A Lei; 5. O Culto (consistia no serviço espiritual, sacrifícios, ofertas e festas); 1 De menor val or que outro; infer ior. 65 6. As promessas; e por fim 7. Israel rejeitou o próprio Cristo que nós consideramos o "privilégio dos privilégios" (Rm 9.5). A h is tó r ia de Israe l abrange 10 períodos: 1. Patriarcal...... Abraão a José; 2. Opressão...... no Egito por 430 anos; 3. Peregrinação. Moisés no deserto; 4. Conquista..... com Josué; 5. Indecisão...... época dos Juizes; 6. Consolidação. época do reino unido; 7. Divisão.......... época do reino dividido; 8. Maldição........ no cativeiro; 9. Dispersão ..... interbíblico até a vinda de Jesus; 10. Purificação__ Daniel 9.24. Desobediência e Rejeição de Israel Deus demonstrou sua presença, seu poder e seu nome (Rm 9.17), Israel falhou e a tudo rejeitou. As conseqüências destas rejeições foram: = >Perderam o reino (Mt 21.43; Lc 20.16); = >A casa ficou deserta (Mt 23.38); = >Foram dispersos (Os 9.17); = >Seus ramos foram quebrados (Rm 11.17). Israel no Plano Divino para a Salvação Em Romanos 9-11, Paulo trata da eleição de Israel no passado, da sua rejeição do evangelho no presente, e da sua salvação futura. Três capítulos foram escritos para responder à pergunta que os crentes judaicos faziam: Como as promessas de 66 Deus a Abraão e à nação de Israel poderiam permanecer válidas, quando a ação de Israel, como um todo, não parece ter parte no Evangelho? O presente estudo resume o argumento de Paulo. Há três elementos distintos no exame que Paulo faz de Israel no plano divino da salvação. O p r im e iro e lem ento (Rm 9.6-29). É um exame da eleição de Israel no passado. Em Romanos 9.6-13, Paulo fala que a promessa de Deus a Israel não falhou, pois a promessa era só para os fiéis da nação. Visava somente o verdadeiro Israel, que eram fiéis à promessa (Gn 12.1-3; 17.19). Sempre há um Israel dentro de Israel, que tem recebido a promessa. Em Romanos 9.14-29, Paulo chama a nossa atenção para o fato que Deus tem o direito de fazer o que Ele quer com os indivíduos e as nações. Tem o direito de rejeitar a Israel, se desobedecerem a Ele e o direito de usar de misericórdia para com os gentios, oferecendo-lhes a salvação. O segundo e lem ento (Rm 9.30-10.21). Analisa a rejeição presente do Evangelho por Israel. Seu erro de não se voltar para Cristo, não se deve a um decreto incondicional de Deus, mas à sua própria incredulidade e desobediência (Rm 10.3). O te rce iro e lem ento (Rm 11.1-36).
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