Buscar

Interações Medicamentosas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 79 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 79 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 79 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

1 
INTERAÇÕES MEDICAMENTOSAS
2 
INTERAÇÕES MEDICAMENTOSAS 
Este  material  é  parte  integrante  da  disciplina  “Interações  Medicamentosas” 
oferecido  pela  UNINOVE.  O  acesso  às  atividades,  as  leituras  interativas,  os 
exercícios, chats, fóruns de discussão e a comunicação com o professor devem ser 
feitos diretamente no ambiente de aprendizagem on­line.
3 
INTERAÇÕES MEDICAMENTOSAS 
Sumário 
AULA 01 • CONSIDERAÇÕES GERAIS SOBRE INTERAÇÕES MEDICAMENTOSAS..................5 
Definição: ....................................................................................................................................6 
Quando dois fármacos interagem, a resposta farmacológica final poderá resultar em:............6 
Vantagens na ocorrência de interações medicamentosas: ..........................................................7 
Desvantagens na ocorrência de interações medicamentosas: ....................................................7 
AULA 02 • O PAPEL DO FARMACÊUTICO NA IDENTIFICAÇÃO DE INTERAÇÕES 
MEDICAMENTOSAS ......................................................................................................................8 
AULA 03 • CLASSIFICAÇÃO DE INTERAÇÕES MEDICAMENTOSAS ........................................11 
Interações Farmacêuticas .........................................................................................................11 
Interações Farmacocinéticas.....................................................................................................12 
Indução enzimática....................................................................................................................13 
Inibição enzimática ....................................................................................................................14 
Interações Farmacodinâmicas...................................................................................................14 
Previsibilidade de Interações.....................................................................................................14 
AULA 04 • AS PRINCIPAIS INTERAÇÕES NA FARMACOCINÉTICA ..........................................15 
Inibidores da MAO (IMAOs + Tirosina ou Tiramina)...................................................................15 
Varfarina + Fenilbutazona..........................................................................................................16 
Estrogênio + Ampicilina ou Rifampicina.....................................................................................16 
Dissulfiram + Metronidazol ........................................................................................................17 
Tetraciclinas + Cálcio ................................................................................................................17 
Probenecida + Penicilina ...........................................................................................................18 
AULA 05 • POLIMORFISMO E INTERAÇÕES MEDICAMENTOSAS ...........................................19 
Interações relacionadas com o sistema do citocromo P­ 450 (CYP450)....................................19 
O que é o CYP450? ..................................................................................................................19 
Isoformas do CYP .....................................................................................................................20 
AULA 06 • INTERAÇÕES FÁRMACOALIMENTO.........................................................................22 
Classificações ...........................................................................................................................22 
Interações na absorção .............................................................................................................23 
Interações na eliminação de fármacos ......................................................................................24 
AULA 07 • INTERAÇÕES COM ANTI­INFLAMATÓRIOS .............................................................26 
Interações com anti­inflamatórios não­esteróides......................................................................26 
Interações com fármacos anti­hipertensivos..............................................................................26 
AINEs + Lítio .............................................................................................................................27 
Interações com antimicrobianos ................................................................................................27 
Interações com anti­inflamatórios esteróides (AIEs) ..................................................................28 
AIEs e coagulação.................................................................................................................29 
AIEs + estrogênio ..................................................................................................................29 
AULA 08 • INTERAÇÕES COM ANTIMICROBIANOS ..................................................................31 
Prováveis mecanismos farmacocinéticos de interação medicamentosa ....................................31 
Exemplos de associações medicamentosas utilizadas na prática clínica...................................32 
Sulfametoxazol + Trimetropim ...............................................................................................32 
Rifampicina + Isoniazida + Pirazinamida ...................................................................................33 
Interação medicamentosa com contraceptivos orais .................................................................33 
Algumas interações relatadas com antibióticos e outras classes terapêuticas...........................34 
Antiácidos..............................................................................................................................34 
Anticoagulantes .....................................................................................................................34 
Bloqueadores de Canais de Cálcio........................................................................................34
4 
INTERAÇÕES MEDICAMENTOSAS 
Bloqueadores Beta­Adrenérgicos ..........................................................................................34 
Glicosídios Digitálicos............................................................................................................35 
AULA 09 • INTERAÇÕES COM ANTI­RETROVIRAIS ..................................................................36 
AULA 10 • INTERAÇÕES COM FÁRMACOSQUE ATUAM NO SISTEMA NERVOSO CENTRAL 
(SNC) ............................................................................................................................................38 
Fármacos que atuam no SNC ...................................................................................................38 
Interações medicamentosas......................................................................................................41 
Considerações Finais ................................................................................................................43 
AULA 11 • INTERAÇÕES COM ANTI­HIPERTENSIVOS..............................................................44 
AULA 12 • INTERAÇÕES COM ANTICOAGULANTES.................................................................47 
Considerações Gerais ...............................................................................................................47 
Prováveis mecanismos de interação medicamentosa e interações documentadas ...................47 
Interações de anticoagulantes com alimentos ...........................................................................48 
Fitoterápicos e efeitos na coagulação........................................................................................48 
Interaçãode vitamina K com anticoagulante oral.......................................................................49 
Analisando o risco de hemorragias........................................................................................49 
AULA 13 • INTERAÇÕES COM ANTIDIABÉTICOS......................................................................50 
Introdução .................................................................................................................................50 
Interações medicamentosas documentadas..............................................................................52 
Principais antidiabéticos na prática clínica.............................................................................52 
AULA 14 • INTERAÇÕES COM CONTRACEPTIVOS...................................................................55 
Hormônios esteróides................................................................................................................55 
Classes principais de contraceptivos.........................................................................................55 
Mecanismo de ação ..................................................................................................................56 
Interações medicamentosas......................................................................................................56 
Propriedades que promovem a interação com fármacos...........................................................58 
Interações documentadas e previsibilidade ...............................................................................58 
AULA 15 • INTERAÇÕES COM FÁRMACOS UTILIZADOS PARA DISTÚRBIOS DA TIREÓIDE .59 
Interações Medicamentosas......................................................................................................59 
Interações Medicamentosas......................................................................................................61 
AULA 16 • INTERAÇÕES MEDICAMENTOSAS EM IDOSOS ......................................................62 
Considerações gerais................................................................................................................62 
Analisando as interações medicamentosas em idosos..............................................................64 
AULA 17 • INTERAÇÕES MEDICAMENTOSAS EM CRIANÇAS..................................................65 
Introdução .................................................................................................................................65 
AULA 18 • INTERAÇÕES MEDICAMENTOSAS EM GESTANTES...............................................68 
Introdução .................................................................................................................................68 
Medicamentos mais utilizados por gestantes.............................................................................68 
Fármacos teratogênicos ............................................................................................................70 
AULA 19 • INTERAÇÕES MEDICAMENTOSAS EM UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA (UTI)..72 
Introdução .................................................................................................................................72 
Principais interações medicamentosas em UTI .........................................................................72 
AULA 20 • CONSIDERAÇÕES FINAIS SOBRE INTERAÇÕES MEDICAMENTOSAS..................73 
Perspectivas clínicas .................................................................................................................73 
Perspectivas toxicológicas.........................................................................................................74 
Perspectivas de mercado ..........................................................................................................75 
BIBLIOGRAFIA .............................................................................................................................77
5 
INTERAÇÕES MEDICAMENTOSAS 
Nesta aula será abordada a definição de interações medicamentosas e também serão 
apresentas situações que devem ser consideradas na administração de um fármaco, colaborando 
na ocorrência de interação, podendo ser caracterizada como vantajosa e/ou desvantajosa. Além 
disso, veremos uma relação de vantagens e desvantagens na ocorrência de tais interações 
AULA  01  •  CONSIDERAÇÕES  GERAIS  SOBRE  INTERAÇÕES 
MEDICAMENTOSAS 
Um bom acompanhamento do paciente não se baseia apenas no diagnóstico correto, mas 
também  na  terapêutica  adequada.  Todavia,  isso  não  é  suficiente,  quando  analisamos  o  corpo 
humano como um sistema complexo, formado por uma infinidade de substâncias que fatalmente 
sofrerão reações com os fármacos ingeridos. 
Dessa maneira, é natural supor que a utilização de fármacos com propósitos terapêuticos 
ou  não,  considerando  mais  de  uma  substância,  resultará  na  atuação  concomitante  entre  os 
compostos. 
Na prática clínica, muitas das interações medicamentosas têm importância relativa, com 
pequeno potencial  lesivo para os pacientes. Porém, há  interações com efeitos colaterais graves 
que podem levar o paciente a óbito, o que ressalta a importância do conhecimento das interações 
e da identificação precoce dos pacientes em risco (Oga e Basile, 1994). 
O  conceito  de  interação  medicamentosa  não  é  recente,  pois  termos  como  antídoto, 
potencialização, adição, somação e antagonismo eram empregados para  justificar  interações 
entre fármacos, mesmo quando utilizados de maneira empírica. 
Potencialização ­ É o termo reservado para casos em que, na associação de dois 
ou mais fármacos, o efeito final é maior do que a soma algébrica dos efeitos desses 
agentes; por exemplo: a ingestão de bebida alcoólica durante a vigência da ação 
de um barbitúrico ou de um ansiolítico pode causar depressão do sistema nervoso 
central maior do que a esperada (Storpirtis et al., 2008).
6 
INTERAÇÕES MEDICAMENTOSAS 
Definição: 
May  (1997)  e  Tatro  (1996)  definem  interações medicamentosas  como  a  modulação  da 
atividade  farmacológica  de  um  determinado  medicamento  pela  administração  prévia  ou 
concomitante de outro medicamento. 
Devido às  informações acerca das combinações proteicas que se processam no plasma, 
assim como o conhecimento da enzimologia metabólica, o estudo das interações medicamentosas 
passou a ter respaldo científico, cada vez com maior importância prática. 
Quando dois fármacos interagem, a resposta farmacológica final poderá 
resultar em: 
Aumento  de  efeitos  de  um  dos  fármacos,  aparecimento  de  efeitos  novos  (diferente  dos 
observados  com  quaisquer  dos  fármacos  utilizados  isoladamente),  inibição  dos  efeitos  de  um 
fármaco por outro, ou poderá não ocorrer nenhuma modificação no efeito final, apesar da cinética 
e do metabolismo de um ou ambos os fármacos terem sido substancialmente alterados (Kawano 
et al., 2006). 
Os  fatores  ligados  à  administração  medicamentosa  também  devem  ser  considerados: 
seqüência  de  administração,  via  de  administração,  tempo  de  administração,  duração  do 
tratamento, dose dos medicamentos e forma farmacêutica. 
Adição ­ É o fenômeno decorrente da associação de dois fármacos que promovem 
efeitos semelhantes por mecanismos de ação também semelhantes; como exemplo 
a associação de analgésicos inibidores da ciclo­oxigenase (Storpirtis et al., 2008). 
Somação  ­  É  aquela  em  que  dois  fármacos  atuam  promovendo  mesmo  efeito, 
porém  por  mecanismos  diferentes;  por  exemplo:  codeína  e  ácido  acetilsalicílico 
(administrados simultaneamente) apresentam propriedade analgésica,  todavia por 
mecanismos de ação diferentes. 
O  antagonismo  é  observado  entre  fármacosde  ações  contrárias,  sendo  o 
fenômeno oposto ao de potencialização; como exemplo: ansiolíticos são fármacos 
que produzem efeitos opostos às anfetaminas no sistema nervoso central.
7 
INTERAÇÕES MEDICAMENTOSAS 
Vantagens na ocorrência de interações medicamentosas: 
• Aumento de eficácia terapêutica. 
• Redução de efeitos tóxicos. 
• Obtenção de maior duração de efeito (pelo impedimento de excreção do fármaco). 
•  Impedimento  ou  retardo  de  surgimento  de  resistência  bacteriana  (esquema  tríplice  de 
antituberculosos). 
• Impedimento ou retardo de emergência de células malignas. 
• Aumento de adesão ao tratamento por facilitação do esquema terapêutico. 
Desvantagens na ocorrência de interações medicamentosas: 
•  Soma  de  efeitos  indesejáveis  quando  os  fármacos  associados  têm  o  mesmo  perfil 
toxicológico. 
•  Interferência  na  fase  farmacêutica,  farmacocinética  e  farmacodinâmica,  reduzindo  ou 
aumentando a resposta farmacológica. 
• Alteração da terapêutica, levando a não aderência ao tratamento. 
• Aumento nas recidivas das patologias e piora do quadro clínico.
8 
INTERAÇÕES MEDICAMENTOSAS 
Esta aula trata sobre o papel do farmacêutico na identificação de interações 
medicamentosas, a partir da prática da Atenção Farmacêutica; conceitualmente definida neste 
tópico. Durante a identificação e a orientação das e sobre as interações medicamentosas, 
veremos algumas abordagens aplicadas ao paciente. 
AULA 02 • O PAPEL DO FARMACÊUTICO NA IDENTIFICAÇÃO 
DE INTERAÇÕES MEDICAMENTOSAS 
O  farmacêutico é  o profissional mais  adequado para assumir  nos  serviços  de  saúde as 
questões relacionadas aos medicamentos, por inúmeras razões: 
Para a prática e a possibilidade de identificação de interações medicamentosas, diante da 
análise  de  prescrições  medicamentosas,  torna­se  importante  o  desenvolvimento  da  Atenção 
Farmacêutica.  De  acordo  com  a  Organização  Panamericana  de  Saúde  (OPAS),  a  Atenção 
Farmacêutica é definida da seguinte forma: 
Ele  tem  formação  especializada  em  fármacos,  é  o  profissional  mais  acessível  à 
população,  relaciona­se  direta  e  continuamente  com  um  elevado  número  de 
pessoas, é muito procurado para dar aconselhamento, pode ser facilmente ouvido 
e compreendido nas instruções que transmite, além de ser o último profissional em 
contato  com  o  paciente  antes  que  ele  decida  por  iniciar  ou  não  um  tratamento 
(Witzel, 2002 citado por Storpirtis et al., 2008). 
Um  modelo  de  prática  farmacêutica,  desenvolvida  no  contexto  da  Assistência 
Farmacêutica. Compreende  atitudes,  valores  éticos,  comportamentos,  habilidades, 
compromissos  e  co­responsabilidades  na  prevenção  de  doenças,  promoção  e 
recuperação da saúde, de forma integrada à equipe de saúde. É a interação direta 
do farmacêutico com o usuário, visando uma farmacoterapia racional e a obtenção 
de  resultados  definidos  e mensuráveis,  voltados  para  a melhoria  da  qualidade  de 
vida.  Essa  interação  também  deve  envolver  as  concepções  dos  seus  sujeitos, 
respeitadas  as  suas  especificidades  biopsico­sociais,  sob  a  ótica  da  integralidade 
das ações de saúde.
9 
INTERAÇÕES MEDICAMENTOSAS 
Neste  contexto,  a  farmácia  torna­se  um  serviço  de  saúde,  no  qual  o  farmacêutico 
desempenha as seguintes atividades: 
• Prepara e dispensa medicamentos. 
• Estabelece o perfil medicamentoso dos pacientes. 
• Mantém fichas farmacoterapêuticas. 
•  Controla  possíveis  erros  de  dosagem  e  reações  adversas  a medicamentos,  riscos  de 
interações medicamentosas e contraindicações. 
• Controla o cumprimento dos tratamentos. 
• Distribui informação a médicos e pacientes. 
•  Controla  e  orienta  na  automedicação  (Adaptado  de  recomendações  da  Organização 
Mundial de Saúde). 
Dentro  dessas  funções  desempenhadas  pelo  farmacêutico,  há  execução  da  anamnese 
farmacológica,  em que o  farmacêutico estabelece uma  relação para orientação medicamentosa 
junto ao paciente, com algumas perguntas sugeridas e relacionadas a seguir: 
• Quais efeitos ruins o médico disse para cuidar? 
• O que você deve fazer se tiver um efeito colateral? 
• Que efeitos bons você pode esperar? 
• Como você pode saber se o medicamento está fazendo efeito? 
• O que você deve fazer se o medicamento não estiver fazendo efeito? 
• Que cuidados você deve ter quando estiver tomando o medicamento? 
No estabelecimento prático da relação farmacêutico­paciente, com o propósito de garantir 
a  adesão  ao  tratamento,  alguns  aspectos  operacionais  devem  ser  considerados  no 
aconselhamento ao paciente como: 
• Favorecer um relacionamento agradável e tranquilo. 
• Verificar o que o paciente já sabe a respeito. 
• Usar linguagem acessível ao paciente. 
• Evitar relacionamento impessoal. 
• Estabelecer o diálogo: ouvir o que o paciente quer dizer, o que não quer dizer, ou não 
consegue dizer.
10 
INTERAÇÕES MEDICAMENTOSAS 
• Não agir com superioridade. 
• Não demonstrar sentimento de piedade, nem envolver­se emocionalmente. 
•  Evitar  orientações  demasiadamente  simplistas  ou  demasiadamente  rebuscadas  ou 
científicas. 
• Controlar o tempo da entrevista, mas sem apressar o paciente. 
• Enfatizar os pontos principais. 
Desse modo,  pelo  contato no decorrer  de um acompanhamento  farmacoterapêutico,  por 
meio da Atenção Farmacêutica, baseada na relação farmacêutico­paciente, com a realização da 
anamnese  farmacológica,  o  profissional  pode  obter  informações  que  possibilitem  suspeitar  de 
interações medicamentosas e assim garantir a adesão ao tratamento.
11 
INTERAÇÕES MEDICAMENTOSAS 
Nesta aula serão apresentadas as classificações das interações medicamentosas, a saber: 
farmacêuticas, farmacocinéticas e farmacodinâmicas. Nosso foco será em farmacocinética, 
destacando todas as etapas desse processo, especialmente os conceitos de indução e inibição 
enzimática. Além disso, esta aula tratará sobre a classificação de previsibilidade das interações 
medicamentosas. 
AULA  03  •  CLASSIFICAÇÃO  DE  INTERAÇÕES 
MEDICAMENTOSAS 
As  interações medicamentosas  são classificadas em:  farmacêuticas  (ou  físico­químicas), 
farmacocinéticas  e  farmacodinâmicas.  No  quadro  a  seguir,  segue  cada  definição,  e  adiante 
veremos com mais detalhes sobre cada uma. 
• Farmacêuticas: Quando um fármaco é físico ou quimicamente incompatível com outro. 
•  Farmacocinéticas:  Quando  um  fármaco  interfere  na  absorção,  distribuição, 
biotransformação ou na excreção de outro fármaco. 
• Farmacodinâmicas: Quando um fármaco modifica a atividade de um segundo fármaco, 
atuando em diferente ou igual local de ação. 
Interações Farmacêuticas 
As  interações  farmacêuticas  são  interações  físico­químicas  de  um  fármaco  com  uma 
solução de infusão intravenosa ou de dois fármacos na mesma solução, resultando em perda da 
atividade do fármaco envolvido. 
As interações consideradas farmacêuticas podem ser evitadas se alguns princípios forem 
seguidos, como: 
• Administrar fármacos intravenosos na forma de injeção de bolo, ou por meio de bureta de 
infusão.
12 
INTERAÇÕES MEDICAMENTOSAS 
• Não acrescentar  fármacos a  soluções de  infusão, a não ser glicose ou  solução salina. 
Mesmo  nessas  soluções,  alguns  fármacos  são  instáveis,  enquanto  outros  são 
fotossensíveis e devem ser protegidos da luz para evitar a rápida perda de sua atividade. 
•  Evitar misturar  fármacos  na mesma  solução  de  infusão,  a  não  ser  que  a mistura  seja 
comprovadamente segura. 
• Ler as instruções do fabricante e as advertências específicas, verificando se o fármaco é 
apropriadopara administração intravenosa. 
•  Misturar  o  fármaco  por  completo  na  solução  de  infusão  e  verificar,  posteriormente, 
durante  a  infusão  se  ocorreu  alteração  visível  (turvação,  precipitação  ou  mudança  de 
cor). Todavia, a ausência dessas alterações não garante a ausência de uma interação. 
• Preparar soluções apenas quando elas forem necessárias. 
•  Escrever  claramente,  no  rótulo  de  todas  as  garrafas de  infusão,  o nome e  a  dose  do 
fármaco adicionado e as horas de início e término de infusão. 
• Utilizar dois locais separados para infusão, se houver necessidade de infusão simultânea 
de  dois  fármacos;  a  não  ser  que  tenha  a  definição  e  a  certeza  de  que  não  haverá 
interação (Grahame­Smith e Aronson, 2002). 
Diante dessa  relação de princípios na  infusão  intravenosa, percebemos a  importância do 
profissional farmacêutico, que deve ser consultado se houver qualquer dúvida. 
Interações Farmacocinéticas 
Fatores que contribuem com interações medicamentosas na farmacocinética:
13 
INTERAÇÕES MEDICAMENTOSAS 
Absorção 
• Interações físico­químicas no trato digestório. 
• Motilidade gastrointestinal 
• Flora bacteriana. 
• Função da mucosa. 
Distribuição 
• Fluxo sanguíneo. 
• Ligação tecidual. 
• Ligação às proteínas plasmáticas. 
Metabolismo 
• Indução enzimática. 
• Inibição enzimática. 
Excreção 
• Filtração glomerular. 
• Reabsorção tubular. 
• Secreção tubular. 
(Adaptado de: Greghi, 2002.) 
Um  exemplo  clássico  de  interação  físico­química  na  absorção  é  a  quelação  do  cálcio, 
magnésio e sais de ferro ocasionada pelas tetraciclinas. 
Na  absorção,  a  redução  da  motilidade  gastrointestinal  diminui  a  taxa  de  absorção  de 
fármacos, porém não afeta a extensão de sua absorção. 
Na  distribuição,  o  deslocamento de um  fármaco  por  outro,  de  seus  sítios  de  ligação às 
proteínas plasmáticas, provoca um aumento na concentração circulante do  fármaco não­ligado, 
com  consequente  potencial  de  efeito  aumentado  do  fármaco  deslocado  (Grahame­Smith  e 
Aronson, 2002). 
Na  atualidade,  considerando  os  conceitos  de  interações  medicamentosas  na 
farmacocinética,  há  um  foco  na  biotransformação  (conforme  será  abordado  na  aula  5), 
especialmente  nas  definições  de:  indução  e  inibição  enzimática  (resumidamente  colocadas  a 
seguir). 
Indução enzimática 
• Aumenta a velocidade de biotransformação hepática do fármaco. 
• Aumenta a velocidade de produção dos metabólitos. 
• Aumenta a depuração hepática. 
• Diminui a meia­vida sérica do fármaco. 
• Diminui as concentrações séricas do fármaco. 
• Diminui os efeitos farmacológicos se os metabólitos forem inativos.
14 
INTERAÇÕES MEDICAMENTOSAS 
Inibição enzimática 
• Diminui a velocidade de biotransformação hepática do fármaco. 
• Diminui a velocidade de produção de metabólitos. 
• Diminui a depuração total. 
• Aumenta a meia­vida do fármaco. 
• Aumenta as concentrações séricas do fármaco. 
Por  fim,  na excreção, destaca­se a  competição pela  secreção  tubular  renal,  constituindo 
um  importante  mecanismo  nas  interações  que  alteram  a  excreção,  como  exemplo:  o  fármaco 
probenecida inibe a secreção tubular da penicilina, aumentando a sua concentração sanguínea e 
prolongando seus efeitos terapêuticos (considerada uma interação benéfica). 
Interações Farmacodinâmicas 
As  interações  farmacodinâmicas  são  as  que  ocorrem  entre  dois  ou mais  fármacos,  por 
meio de seus próprios mecanismos de ação, ou competindo junto aos receptores específicos ou 
independentemente de receptores (Oga, 2003 citado por Storpirtis et al., 2008). 
Previsibilidade de Interações 
Como forma de divulgar as interações existentes e conhecidas, pode­se adotar uma sigla 
para designar a previsibilidade, conforme segue no quadro a seguir: 
Interações medicamentosas com a classificação de previsibilidade 
AP:  Altamente  previsível.  Ocorre  interação  em  quase  todos  os  pacientes  aos 
quais se administra a combinação de fármacos que interagem. 
P:  Previsível.  Ocorre  interação  na  maioria  dos  pacientes  que  recebe  a 
combinação. 
NP: Não previsível. A interação só é observada em alguns pacientes aos quais se 
administra a combinação. 
NE:  Não  estabelecida.  Dispõe­se  de  dados  insuficientes  para  avaliar  a 
previsibilidade.
15 
INTERAÇÕES MEDICAMENTOSAS 
Nesta aula serão destacadas as interações medicamentosas ditas clássicas que ocorrem 
na farmacocinética, por serem tratadas como importantes e pouco conhecidas pelo profissional 
farmacêutico. Entre elas há algumas vantajosas e outras desvantajosas. Aquelas que também são 
chamadas de associações medicamentosas, e essas merecem um alerta na prática da orientação 
medicamentosa. 
AULA  04  •  AS  PRINCIPAIS  INTERAÇÕES  NA 
FARMACOCINÉTICA 
A  seguir  veremos  algumas  das  principais  interações  ou  associações  medicamentosas. 
Consideram­se associações medicamentosas, quando há um propósito benéfico, sob o ponto de 
vista  farmacoterapêutico.  Daí  a  associação  entre  fármacos.  Aqui  serão  abordados  alguns 
exemplos de interações vantajosas e desvantajosas. 
Associações ou interações medicamentosas clássicas: 
• IMAO + Tirosina / Tiramina. 
• Varfarina + Fenilbutazona. 
• Estrogênio + Ampicilina / Rifampicina. 
• Dissulfiram + Metronidazol. 
• Tetraciclinas + Cálcio. 
• Probenecida + Penicilina. 
Inibidores da MAO (IMAOs + Tirosina ou Tiramina) 
Os  fármacos  inibidores  da  enzima  monoaminoxidase  (IMAOs)  são  fármacos 
antidepressivos classificados em:  irreversíveis e não­seletivos na inibição da MAO, e seletivos e 
reversíveis, na inibição da MAO­A; uma vez que há duas enzimas, MAO­A e MAO­B, e a segunda 
mencionada está relacionada com processos neurodegenerativos (e não há relação com quadros 
depressivos).
16 
INTERAÇÕES MEDICAMENTOSAS 
Na  interação  de  IMAOs  (especialmente  os  inibidores  irreversíveis)  com  alimentos  que 
contêm tiramina, como queijos, vinho, arenque e patê de fígado, ocorre um aumento da pressão 
arterial, devido ao aumento de noradrenalina, pois, esse aminoácido (tiramina) apresenta estrutura 
análoga ao aminoácido tirosina (precursor de noradrenalina e dopamina). 
Por essa razão, será sintetizada mais noradrenalina; somando a isso, tem­se o efeito dos 
IMAOs  que  impedem  a  degradação  dessa  monoamina  (noradrenalina),  ocasionando  aumento 
desse neurotransmissor na fenda sináptica e, consequentemente, aumento de seus efeitos, como 
a vasoconstrição e aumento da frequência e força de contração da musculatura cardíaca. 
Desse modo, esse  tipo de  interação é considerada desvantajosa, valendo a participação 
do farmacêutico na orientação medicamentosa. 
Varfarina + Fenilbutazona 
Essa interação medicamentosa acontece na distribuição, na qual o fármaco fenilbutazona 
(anti­inflamatório não­esteróide) irá competir com o fármaco varfarina (anticoagulante) no mesmo 
sítio de ligação à proteína plasmática. Nessa competição, fenilbutazona apresenta maior afinidade 
com proteínas plasmáticas e deslocará uma porcentagem de moléculas do fármaco varfarina. 
Com o aumento de fração livre do fármaco varfarina, haverá o risco de hemorragia, devido 
ao aumento de seu efeito terapêutico. Por ser um anticoagulante, esse efeito aumentado expõe o 
paciente ao risco de hemorragias. 
Estrogênio + Ampicilina ou Rifampicina 
Essa interação pode resultar em risco de gravidez por dois mecanismos distintos: 
• Metabolismo passível de ser induzido. 
•  Circulação  êntero­hepática  de  estrogênio  pode  ser  interrompida  por  alteração  da  flora 
intestinal. 
Com  relação  ao  primeiro  mecanismo  de  interaçãojá  citado,  tem­se  a  participação  do 
antibiótico rifampicina, atuando como indutor enzimático e diminuindo assim a eficácia terapêutica 
do estrogênio.
17 
INTERAÇÕES MEDICAMENTOSAS 
Já o segundo mecanismo de interação ocorre pela participação do antibiótico ampicilina e 
também  de  outros  fármacos  do  grupo  das  penicilinas  (como  a  amoxicilina),  que  impedem  o 
processo de hidrólise realizado por bactérias no intestino. 
Esse processo é importante porque proporciona reabsorção intestinal do estrogênio. Com 
a  inibição desse processo, o estrogênio sofrerá uma diminuição na circulação êntero­hepática e 
mais rápida excreção. 
Dissulfiram + Metronidazol 
O fármaco dissulfiram inibe a enzima acetaldeído desidrogenase, responsável pela catálise 
de  acetaldeído  (metabólito  intermediário  do  etanol)  em  acetato.  Dessa  maneira,  promove  um 
acúmulo  de  acetaldeído  e  consequentes  reações  indesejáveis  aos  pacientes  dependentes  de 
etanol (álcool) como: irritabilidade, calor, rubor facial, sudorese, entre outros. 
Esse tratamento é utilizado para que o paciente associe a ingestão de bebidas alcoólicas 
com os efeitos provocados pelo medicamento. 
Somado a esse efeito,  tem­se o fármaco metronidazol que é um fármaco antimicrobiano 
com propriedade inibidora enzimática. Diante dessa propriedade, o efeito do fármaco dissulfiram 
será  aumentado,  podendo  ocasionar  as  denominadas  reações  acetaldeídicas,  que  causam 
delírios e alucinações, além dos efeitos citados anteriormente. 
Portanto,  essa  não  é  uma  interação  vantajosa,  especialmente  se  os  fármacos  forem 
administrados simultaneamente com bebidas alcoólicas. 
Tetraciclinas + Cálcio 
Trata­se  de  uma  interação  bem  conhecida,  que  ocorre  também  com  sais  de magnésio. 
Nessa interação será formado um complexo químico precipitável, também chamado de quelato, o 
qual  não  será  absorvido.  Assim,  haverá  uma  diminuição  da  eficácia  terapêutica  antimicrobiana 
(pois, as tetraciclinas são antibióticos). 
Esse é um exemplo que ilustra orientações inadequadas que ocorrem no cotidiano sobre 
como  administrar  antibióticos.  Já  que  muitos  profissionais  advertem  um  paciente  falando  que 
todos  os  antibióticos  devem  ser  administrados  com  leite;  e  a  interação  do  leite  (pois,  o  leite
18 
INTERAÇÕES MEDICAMENTOSAS 
contém  cálcio)  com  as  tetraciclinas  está  aqui  relatada  para  confirmar  que  este  fato  não  é 
verdadeiro. 
Probenecida + Penicilina 
É  uma  interação  medicamentosa  vantajosa,  pois  o  fármaco  probenecida  impede  a 
excreção  renal  do  antibiótico  penicilina,  devido  à  inibição  da  secreção  tubular  desse  fármaco, 
resultando em aumento do tempo de meia­vida do antibiótico.
19 
INTERAÇÕES MEDICAMENTOSAS 
Na atualidade, os fatores genéticos são vistos como forma de justificar diferenças na 
metabolização de fármacos, especialmente no sistema do citocromo P­450. Nesta aula serão 
apresentadas as isoenzimas mais relacionadas com a biotransformação de fármacos, bem como 
as possibilidades de interações medicamentosas. 
AULA  05  •  POLIMORFISMO  E  INTERAÇÕES 
MEDICAMENTOSAS 
Interações relacionadas com o sistema do citocromo P­ 450 (CYP450) 
A  constatação  de  que  a  variabilidade  na  biotransformação  de  fármacos  é,  em  partes, 
geneticamente determinada permite um melhor entendimento sobre as  isoenzimas do citocromo 
P450. 
Pode­se  considerar  a  existência  de  diferentes  grupos  de  indivíduos  quanto  ao  perfil 
metabólico para uma determinada enzima do sistema CYP450: 
Vamos relembrar, sob o ponto de vista bioquímico, o que é o CYP450. 
O que é o CYP450? 
O  CYP  é  o  principal  responsável  pela  biotransformação  de  fármacos  no  organismo 
humano. Ele está presente principalmente no  retículo plasmático  liso  (fração microssômica) dos 
hepatócitos, mas também é encontrado em outros órgãos, como pulmões e rins. 
O CYP é uma proteína com um grupo prostético heme (ou grupo ferro­porfirina) e pertence 
ao grupo das mono­oxigenases, que são enzimas que catalisam reações na qual um átomo de 
Os metabolizadores lentos, que possuem características autossômicas recessivas; 
os metabolizadores  rápidos, que  têm atividade enzimática normal ou aumentada, 
possuindo  características  autossômicas  dominantes  (Coutts,1994;  Hara  e 
Rocha,1998  citados  por  Audi  e  Pussi,  2000),  e  ainda,  um  subgrupo  de 
metabolizadores ultrarrápidos para CYP2D6.
20 
INTERAÇÕES MEDICAMENTOSAS 
oxigênio da molécula de O2  é  incorporado na molécula do  substrato orgânico, o outro átomo é 
reduzido a H2O. 
As mono­oxigenases  requerem  dois  substratos  que  funcionam  como  redutores  dos  dois 
átomos de oxigênio do O2. O substrato principal (no caso o fármaco) recebe um dos dois átomos 
de oxigênio e o  co­substrato  (no  caso do CYP é a nicotinamida adenina dinucleotídeo  fosfato  ­ 
NADPH)  fornece  átomos  de  hidrogênio  para  reduzir  o  segundo  átomo  de  oxigênio  a  água 
(Lehninger, 1986). 
Isoformas do CYP 
O  CYP  apresenta  várias  isoformas,  que  são  formas  múltiplas  de  uma  mesma  enzima, 
catalisando  o  mesmo  tipo  de  reação  (neste  caso  de  oxidação)  apresentando  afinidade  por 
substratos diferentes, biotransformando, portanto, fármacos distintos. 
Além disso,  as  isoformas diferem na sua distribuição pelo organismo e na  regulação de 
sua  atividade,  apresentando  diferentes  inibidores,  indutores  e  fármacos  marcadores.  Esses 
últimos são utilizados para a determinação da atividade de cada isoforma e, por isso, são também 
substratos das mesmas. 
As  enzimas  envolvidas  na  biotransformação  de  fármacos  em  humanos  pertencem  às 
famílias 1, 2, 3 e 4 (Nelson et al., 1996 citado por  Greghi, 2002). 
Aproximadamente  70%  do  CYP  hepático  são  constituídos  pelas  isoformas  CYP1A2, 
CYP2A6,  CYP2B6,  CYP2C,  CYP2D6,  CYP2E1  e  CYP3A.  Entre  esses  o  CYP3A  (CYP3A4  e 
CYP3A5) e o CYP2C  (principalmente o CYP2C9 e 2C19)  são as  subfamílias mais abundantes, 
responsáveis por 30% e 20% respectivamente do CYP  total. As outras  isoformas apresentam a 
seguinte  contribuição para o CYP  total: CYP1A2 em 13%, CYP2E1 em 7%, CYP2A6 em 4% e 
CYP2D6 em 2% (Lin & Lu, 1998 citados por Greghi, 2002). 
Há mais de trinta isoformas do CYP, as quais são classificadas de acordo com as 
convenções da biologia molecular e identificadas por um número arábico indicando 
a família (membros de uma mesma família são os que apresentam mais de 40% de 
aminoácidos idênticos); seguido de uma letra em caixa alta que indica a subfamília 
(55%  de  aminoácidos  idênticos)  e  um  outro  número  representando  o  gene  na 
subfamília, por exemplo: CYP1A2.
21 
INTERAÇÕES MEDICAMENTOSAS 
Uma avaliação do mecanismo de clearance metabólico de 315 fármacos diferentes (Bertz 
& Granneman, 1999 citados por Greghi, 2002) revelou que 56% são eliminadas primariamente por 
meio da ação das várias isoformas do CYP. 
O conceito que a maioria das oxidações de fármacos é catalisada por um pequeno número 
de enzimas é importante na prevenção e identificação das possíveis interações medicamentosas 
envolvendo a biotransformação dos fármacos (Greghi, 2002). 
A CYP3A4 foi a mais  importante (50%), seguida pela CYP2D6 (20%), CYP2C9 e 
CYP2C19  (15%)  e  o  restante  era  biotransformado  pelas  CYP2E1,  CYP1A2, 
CYP2A6  entre  outras,  de modo  que  podemos  estimar  que  90%  das  reações  de 
oxidação dos  fármacos em humanos podem ser atribuídas a essas  sete enzimas 
principais.
22 
INTERAÇÕES MEDICAMENTOSAS 
Inúmeros alimentos interferem na ação farmacológica dos fármacos, todavia, fármacos 
também podeminterferir no efeito dos alimentos. Nesta aula, serão apresentadas as 
classificações das interações fármacoalimento, bem como os alimentos que interferem na 
absorção e na eliminação de fármacos, com a menção de alguns exemplos e manifestações 
clínicas decorrentes. 
AULA 06 • INTERAÇÕES FÁRMACOALIMENTO 
Classificações 
As  interações  entre nutrientes  e  fármacos  podem  alterar  a  disponibilidade,  a ação  ou  a 
toxicidade de uma dessas substâncias ou de ambas. Elas podem ser físico­químicas, fisiológicas 
e patofisiológicas (Roe, 1985; Roe, 1993 citados por Moura, 2002). 
A  natureza  das  diferentes  interações  pode  apresentar  as  seguintes  situações  (Truswell, 
1975 citado por Moura, 2002): 
• Alguns nutrientes podem influenciar no processo de absorção de fármacos. 
•  Alguns  nutrientes  podem  alterar  o  processo  de  biotransformação  de  algumas 
substâncias. 
• Alterações na excreção de fármacos podem ocorrer por influência de nutrientes. 
• O estado nutricional pode interferir sobre o metabolismo de certos fármacos, diminuindo 
ou anulando seu potencial terapêutico ou aumentando seu efeito tóxico. 
Interações  físico­químicas  são  caracterizadas  por  complexações  entre 
componentes alimentares e os fármacos. 
As  fisiológicas  incluem as modificações  induzidas por medicamentos no apetite, 
digestão, esvaziamento gástrico, biotransformação e clearance renal. 
As  patofisiológicas  ocorrem  quando  os  fármacos  prejudicam  a  absorção  e/ou 
inibição do processo metabólico de nutrientes. 
(Toothaker & Welling, 1980; Thomas, 1995 citados por Moura, 2002.)
23 
INTERAÇÕES MEDICAMENTOSAS 
• Fármacos podem afetar o estado nutricional. 
Assim, é possível notar que, geralmente, os nutrientes  interferem na ação dos fármacos, 
porém, eles também podem interferir na ação dos nutrientes, mais especificamente na absorção, 
da seguinte forma: 
• Adsorção de nutrientes por resinas. 
• Alterações na motilidade gástrica. 
• Má digestão induzida por fármacos. 
Interações na absorção 
A administração de medicamentos com as refeições é feita por três razões fundamentais: 
Pela possibilidade de aumento da sua absorção; pela redução do efeito irritante de alguns 
fármacos  sobre  a  mucosa  gastrintestinal;  e  pelo  uso  auxiliar  no  cumprimento  da  terapia, 
associando sua ingestão com uma atividade relativamente fixa, como as principais refeições (Gai, 
1992; Kirk, 1995 citados por Moura, 2002). 
Esses  motivos,  entretanto,  são  insuficientes  para  justificar  esse  procedimento  de  forma 
generalizada, pois a ingestão de alimentos poderá afetar a biodisponibilidade do fármaco por meio 
de  interações  físico­químicas  ou  químicas  (Gai,  1992;  Roe,  1994;  Thomas,  1995  citados  por 
Moura, 2002). 
Sendo  afetada  a  biodisponibilidade,  por  modificação  dos  processos  farmacocinéticos, 
ocorrerá alteração da farmacodinâmica e da terapêutica (Thomas, 1995 citado por Moura, 2002). 
Assim,  é de  fundamental  importância  conhecer as  substâncias ativas  cuja  velocidade de 
absorção e/ou quantidade são alteradas, bem como aquelas que não são afetadas pela presença 
de nutrientes (Toothaker & Welling, 1980 citados por Moura, 2002). 
Estudos aprofundados com humanos sobre esses mecanismos têm sido realizados com a 
finalidade de demonstrar mais precisamente os efeitos dos nutrientes sobre a biodisponibilidade 
dos fármacos (Radulovic et al., 1995; Lavelle et al., 1996 citados por Moura, 2002). 
De acordo com a maioria das pesquisas realizadas, os nutrientes diminuem a velocidade 
de absorção dos fármacos, provavelmente por retardarem o esvaziamento gástrico (Souich et al., 
1992 citado por Moura, 2002).
24 
INTERAÇÕES MEDICAMENTOSAS 
O retardo na absorção de certos fármacos, quando ingeridos com alimentos, nem sempre 
indica redução da quantidade absorvida. Mas, provavelmente, poderá ser necessário um período 
maior  para  alcançar  sua  concentração  sanguínea  máxima,  interferindo  na  latência  do  efeito. 
Entretanto,  substâncias  que  se  complexam  com  nutrientes  estão  frequentemente  indisponíveis 
para absorção (Gai, 1992 citado por Moura, 2002). 
Interações na eliminação de fármacos 
A tabela a seguir demonstra algumas das principais  interações que ocorrem no processo 
de biotransformação. Na sequência, o primeiro quadro e o segundo (de modo vertical) sinalizam a 
soma de fármaco e nutriente, respectivamente. No último quadro, seguindo a ordem vertical, está 
o relato da consequência (da interação fármacoalimento). 
Há inúmeras interações fármacoalimento, porém, seguem alguns exemplos clássicos. 
Além  da  biotransformação,  o  sistema  renal  que  constitui  um  dos  principais  sistemas  de 
excreção de  fármacos é  considerado  importante no processo de  interação. O pH urinário  sofre 
variações  conforme a natureza ácida ou alcalina dos alimentos ou de  seus metabólitos. Assim, 
dietas  ricas  em  vegetais,  leite  e  derivados  elevam  o  pH  urinário,  acarretando  um  aumento  na 
reabsorção de fármacos básicos, como, por exemplo, as anfetaminas. No entanto, com fármacos 
de caráter ácido, como barbitúricos, verifica­se elevação da excreção. Por outro lado, ovos, carnes
25 
INTERAÇÕES MEDICAMENTOSAS 
e pães acidificam a urina, tendo como consequência o aumento da excreção renal de anfetaminas 
e outros fármacos básicos (Trovato et al., 1991; Basile, 1994 citados por Moura, 2002). 
Outros exemplos de manifestações clínicas decorrentes das interações: 
• colestiramina + folato, vitamina B12 = anemia. 
• colchicina,etanol + lipídios = esteatorreia. 
• fenobarbital,difenilidantoína + vitamina D = osteomalacia. 
• isoniazida + vitamina B6 = neuropatia periférica. 
• diuréticos (tiazídicos) + potássio, sódio = fraqueza muscular,confusão mental, hipotensão. 
• hidróxido de alumínio + fosfato = hipofosfatemia. 
• oxalatos, fitatos + cálcio = tetania. 
• tetraciclinas + cálcio = pigmentação castanha nos dentes.
26 
INTERAÇÕES MEDICAMENTOSAS 
Os fármacos anti­inflamatórios são amplamente utilizados e o agravante refere­se à 
automedicação, contribuindo com a exacerbação de efeitos colaterais e interações 
medicamentosas desvantajosas. Nesta aula serão abordadas algumas interações 
medicamentosas descritas na literatura com fármacos anti­inflamatórios não­esteróides e 
esteróides. 
AULA 07 • INTERAÇÕES COM ANTI­INFLAMATÓRIOS 
Interações com anti­inflamatórios não­esteróides 
Os  anti­inflamatórios  não­esteróides  (AINEs)  inibem  a  síntese  de  prostaglandinas  e 
tromboxanos  e,  dessa  forma,  possíveis  interações  podem  ocorrer  com  medicamentos  que 
dependem de níveis séricos desses mediadores químicos. 
Outro  fator  relevante é o alto grau de  ligação protéica desse grupo de  fármacos,  a qual 
pode  predispô­los  a  interações  com  outras  drogas  que  também  apresentam  essa  mesma 
característica (Haas, 1999 citado por Bergamaschi, 2007). 
Os AINES estão associados à nefrotoxicidade, particularmente quando o uso é crônico ou 
quando é utilizado em combinação com outro AINE. 
Interações com fármacos anti­hipertensivos 
As  classes  mais  comuns  de  anti­hipertensivos  são  os  IECA  (inibidores  da  enzima 
conversora de angiotensina), tais como captopril, enalapril, fosinopril e lisinopril; os diuréticos, tais 
como  furosemida,  ácido  etacrínico  e  hidroclorotiazida;  e  os  beta­bloqueadores,  tais  como 
propranolol, nadolol, metoprolol e atenolol. Esses medicamentos necessitam das prostaglandinas 
(PGs) renais para exercerem o seu mecanismo de ação (Houston, 1991 citado por Bergamaschi, 
2007). 
As  PGs  renais  modulam  a  vasodilatação,  a  filtração  glomerular,  a  secreção  tubular  de 
sódio/águae  o  sistema  renina­angiotensina­aldosterona,  os  quais  são  fatores  essenciais  no
27 
INTERAÇÕES MEDICAMENTOSAS 
controle  da  pressão arterial.  As PGs  são ainda mais  importantes  em pacientes  hipertensos,  os 
quais possuem baixa produção de renina (Dowd et al., 2001 citado por Bergamaschi, 2007). 
Assim, os AINEs são considerados uma classe terapêutica  importante, uma vez que são 
muito prescritos,  e,  além disso,  são  utilizados  como automedicação;  o  que  destaca  o papel  do 
farmacêutico, especialmente na identificação de interações medicamentosas. 
Nas  interações  com  anti­hipertensivos,  AINEs  podem  diminuir  a  ação  desses  fármacos, 
pois inibem a síntese de prostaglandinas renais. 
Os beta­bloquedores  reduzem a pressão por diversos mecanismos,  incluindo o aumento 
de prostaglandinas circulantes. Seu efeito pode também ser inibido pelos AINEs, devido à inibição 
da  síntese dessas prostaglandinas  circulantes. Os  AINEs podem  também  interferir  com a  ação 
dos diuréticos, pois reduzem a eficácia na secreção de sódio, podendo provocar um aumento na 
pressão  arterial  e  afetar  a  atividade  da  renina  plasmática,  a  qual  controla  o  sistema  renina­ 
angiotensina­aldosterona (Haas, 1999 citado por Bergamaschi, 2007). 
AINEs + Lítio 
Foi sugerido que os AINEs poderiam aumentar a concentração plasmática do lítio através 
da  redução  da  taxa  de  filtração  glomerular,  devido  à  inibição  da  síntese  de  prostaglandinas 
(Wilting et al., 2005 citado por Bergamaschi, 2007). Com esse relato de interação medicamentosa, 
constatamos  a  necessidade  de monitoramento,  pois  o  lítio  exibe  toxicidade,  comprometendo  o 
funcionamento hepático e renal. 
Em  indivíduos  com a  função  renal  comprometida e/ou  volume  intravascular diminuído, a 
administração concomitante de rofecoxibe e lítio pode ocasionar uma intoxicação. 
Interações com antimicrobianos 
Conforme  será  destacado  na  próxima  aula,  os  principais mecanismos  de  interação  que 
ocorrem com esse grupo de fármacos estão relacionados com a competitividade desses fármacos 
pela ligação às proteínas plasmáticas (sendo os fármacos que apresentam alto grau de ligação os 
mais  afetados)  e  a  capacidade  de  alguns  fármacos  de  inibir  as  enzimas  do  citocromo  P450. 
Ambos  os  mecanismos  apresentam  como  consequência  o  aumento  dos  níveis  plasmáticos 
desses fármacos (Moore et al., 1999 citado por Bergamaschi, 2007).
28 
INTERAÇÕES MEDICAMENTOSAS 
Todavia,  um  estudo  realizado  com  voluntários  sadios  verificou  que  a  administração  de 
100mg de diclofenaco sódico por via oral reduziu a biodisponibilidade oral de 2g de amoxicilina, 
devido à redução na absorção e aumentou em 18% a excreção renal da amoxicilina (Bergamaschi 
et al., 2007). Outro estudo demonstrou que a administração de piroxicam 20mg por dia, associada 
à azitromicina 500mg por dia, durante sete dias, ocasionou redução na distribuição de piroxicam 
na gengiva e no osso alveolar (Malizia et al., 2001 citado por Bergamaschi et al., 2007). 
A  documentação  de  interações  medicamentosas  de  AINEs  com  antimicrobianos  se  faz 
necessária,  podendo ocorrer por meio da  farmacovigilância e atenção  farmacêutica,  até porque 
são duas classes terapêuticas amplamente utilizadas e o agravante relaciona­se com a resistência 
bacteriana e/ou ineficácia terapêutica. 
A  tabela  a  seguir,  resume  as  interações  medicamentosas  com  anti­inflamatórios  não­ 
esteróides (AINEs) destacadas nesta aula. 
Anti­hipertensivos: IECAs, beta­bloqueadores 
AINEs diminuem a ação dos anti­hipertensivos, pois inibem a síntese de prostaglandinas renais. 
Diuréticos 
AINEs reduzem a eficácia na secreção de sódio, podendo provocar um aumento na pressão arterial 
e afetar a atividade da renina plasmática. 
Lítio 
AINEs poderiam aumentar a concentração plasmática do lítio por meio da redução da taxa de 
filtração glomerular. 
Antimicrobianos 
Ocorre competição por ligação às proteínas plasmáticas e/ou inibição enzimática, aumentando os 
níveis plasmáticos dos antimicrobianos. 
Redução da absorção e aumento de excreção (com as penicilinas). 
Interações com anti­inflamatórios esteróides (AIEs) 
De  acordo  com  o  potencial  de  significância  clínica,  foram  selecionadas,  com  base  na 
literatura,  as  seguintes  interações  medicamentosas  com  fármacos  anti­inflamatórios  esteróides 
(AIEs): antiácidos, agentes antidiabéticos (oral ou insulina), glicosídeos digitálicos e diuréticos. 
Nessas  interações  relatadas,  não  há  um  destaque  quanto  à  explicação  dos  prováveis 
efeitos e mecanismos envolvidos, porque na literatura não há relatos detalhados. 
Há  também,  interações  com  fármacos que  induzem as enzimas microssomais hepáticas 
(também destacado no quadro que segue), tais como: barbitúricos, fenitoína e rifampicina que são 
considerados  clássicos  indutores  enzimáticos.  Além  desses,  há  também  interações  relatadas
29 
INTERAÇÕES MEDICAMENTOSAS 
(com  esse  mesmo  mecanismo,  na  metabolização)  como:  suplementos  de  potássio,  ritodrina, 
fármacos  ou  alimentos  contendo  sódio,  somatropina,  vacinas  de  vírus  vivos  ou  outras 
imunizações. 
A  tabela  a  seguir,  destaca  interações  com  AIEs  que  ocorrem  na metabolização,  com  a 
aplicação de dois conceitos já apresentados na aula 3. 
Indução enzimática  Inibição enzimática 
Os  fármacos que  induzem  as enzimas hepáticas, 
tais  como:  fenobarbital,  fenitoína  e  rifampicina, 
podem aumentar o clearance  dos corticosteróides 
e  podem  requerer  aumento  da  dose  de 
corticosteróide para atingir a resposta desejada. 
Fármacos  como:  troleandomicina  e  cetoconazol 
podem  inibir o metabolismo dos corticosteróides e 
consequentemente  diminuir  o  seu  clearance 
Portanto,  a  dose  de  corticosteróide  deve  ser 
adequada  para  evitar  toxicidade  esteróide. 
Convulsões  foram  relatadas  durante  o  uso 
concomitante  de metilprednisolona e  ciclosporina. 
Visto  que  o  uso  concomitante  desses  agentes 
resulta  em  inibição  mútua  do  metabolismo.  É 
possível  que  os  efeitos  adversos  associados  ao 
uso  isolado  de  cada  medicamento  sejam  mais 
propensos a ocorrerem. 
AIEs e coagulação 
Pode  ocorrer  aumento  do  risco  de  toxicidade  com  salicilatos  na  interrupção  da 
corticoterapia. Pacientes portadores de hipoprotrombinemia devem ter cautela quando utilizarem 
concomitante: aspirina e corticosteróides. 
Já  com  os  corticosteróides  e  os  anticoagulantes  orais,  o  efeito  é  variável.  Foram 
observados  tanto  aumento,  como  diminuição  dos  efeitos  dos  anticoagulantes,  quando 
administrados  concomitantemente  com  os  corticosteróides.  Portanto,  os  índices  de  coagulação 
devem ser monitorados para manter o efeito anticoagulante desejado. 
AIEs + estrogênio 
O  uso  concomitante  de  estrogênios  pode  diminuir  o  metabolismo  dos  corticosteróides, 
incluindo a hidrocortisona. A necessidade de corticosteróide pode ser reduzida em pacientes que 
utilizam estrogênios (por exemplo: medicamentos contraceptivos) (Bulário Eletrônico da ANVISA).
30 
INTERAÇÕES MEDICAMENTOSAS 
De modo complementar, os cuidados na utilização dos contraceptivos deve sempre existir, 
pois o comprometimento da eficácia destes fármacos pode levar à gravidez não planejada.
31 
INTERAÇÕES MEDICAMENTOSAS 
Esta aula tem o propósito de destacar as interações medicamentosas com 
antimicrobianos, mais especificamente com os antibióticos, considerando as mais relatadas pela 
literatura disponível sobre o assunto. Além disso, serão apresentados prováveis mecanismos 
farmacocinéticos, bem como exemplos de associações medicamentosasentre antimicrobianos, 
utilizadas na prática clínica. 
AULA 08 • INTERAÇÕES COM ANTIMICROBIANOS 
Prováveis mecanismos farmacocinéticos de interação medicamentosa 
Ambos os mecanismos apresentam como consequência o aumento dos níveis plasmáticos 
desses  fármacos.  Para  essas  interações,  especial  atenção  deve  ser  dada  aos  fármacos  que 
apresentam  baixo  índice  terapêutico,  uma  vez  que  pequenos  aumentos  na  sua  concentração 
plasmática  podem  causar  sérios  prejuízos  ao  indivíduo  (Moore  et  al.,  1999  citado  por 
Bergamaschi, 2007). 
Temos como exemplo:  lítio, digoxina, digitoxina, varfarina e dicumarol, podem apresentar 
toxicidade  relevante,  quando  associados  aos  inúmeros  antimicrobianos,  devido  à  elevação  das 
suas concentrações plasmáticas. 
Quando falamos de interações medicamentosas na farmacocinética, mais especificamente 
na distribuição e biotransformação, devemos  relembrar os fatores que  interferem nessas etapas 
(assunto abordado nas aulas  iniciais), pois além das  interações documentadas e considerações 
sobre  fármacos  que  exibem  toxicidade,  há  suscetibilidades  ditas  individuais,  como  exemplo: 
polimorfismo, idade e comorbidades. 
Somando a esses  fatos, o profissional  deve conhecer bem os mecanismos de ação dos 
antimicrobianos,  bem  como  os  princípios  da  antibioticoterapia,  para  direcionar  a  análise  das 
interações medicamentosas e garantir adesão ao tratamento. 
Os  principais  mecanismos  de  interação  que  ocorrem  com  esse  grupo  de  fármacos 
estão relacionados com a competitividade desses pela ligação às proteínas plasmáticas 
(sendo  os  fármacos  que  apresentam  alto  grau  de  ligação  os  mais  afetados)  e  a 
capacidade de alguns fármacos de inibir as enzimas do citocromo P450.
32 
INTERAÇÕES MEDICAMENTOSAS 
Exemplos de associações medicamentosas utilizadas na prática clínica 
Sulfametoxazol + Trimetropim 
Essa é considerada uma associação medicamentosa bastante utilizada na prática clínica, 
com relação à antibioticoterapia, pois o fármaco sulfametoxazol (SMT) é um antibiótico do grupo 
das  sulfonamidas  (conhecido  como  sulfas),  que  atua  no  metabolismo  da  bactéria  inibindo  a 
enzima diidropteroato sintase,  responsável pela catálise do ácido paraminobenzóico  (PABA) em 
ácido diidrofólico, a fim de garantir um efeito bacteriostático. 
Tal efeito, todavia, terá a adição do fármaco trimetropim (TMP) devido à inibição da enzima 
diidrofolato redutase, responsável pela catálise de ácido diidrofólico em ácido tetraidrofólico. 
Ambos os fármacos, isoladamente garantem um efeito bacteriostático; porém, associados 
ocasionam  um  efeito  bactericida  (efeito  capaz  de  matar  a  bactéria).  Essas  terminologias: 
bacteriostático e bactericida serão tratadas mais adiante. 
O  esquema  a  seguir,  ilustra  os  mecanismos  de  ação  associados,  explicados  no  texto 
acima.
33 
INTERAÇÕES MEDICAMENTOSAS 
Rifampicina + Isoniazida + Pirazinamida 
Esses  três  são  fármacos  tuberculostáticos,  ou  seja,  antibióticos  empregados  com 
farmacoterapia de primeira escolha para combater o agente etiológico da tuberculose. 
A  associação  dos  três  fármacos  é  considerada  vantajosa  uma  vez  que  há  maior 
probabilidade  do  desenvolvimento  de  resistência  bacteriana  quando  o  paciente  é  tratado  com 
apenas um antibiótico. 
E essa probabilidade diminui quando há associação entre tuberculostáticos, claro, sempre 
avaliando  se  o  paciente  já  utilizou  ou  não  os  referidos  fármacos  e  se  apresenta  quadro  de 
tuberculose como recidiva (piora da doença) por ineficácia terapêutica, podendo ser atribuída ao 
mecanismo de resistência bacteriana. 
Interação medicamentosa com contraceptivos orais 
Estudos  clínicos  demonstraram  que  a  rifampicina  diminui  os  níveis  sanguíneos  de 
etinilestradiol e progesterona. A rifampicina é um potente indutor das enzimas do citocromo P450 
presentes no fígado, o que ocasiona em aumento do metabolismo de alguns fármacos, como os 
anticoncepcionais (Shenfield, 1993 citado por Bergamaschi, 2007). 
Dados  da  literatura  demonstraram  que  os  níveis  plasmáticos  de  contraceptivos  orais 
esteróides  não  são  modificados  com  a  administração  concomitante  dos  antibióticos,  como: 
ampicilina,  ciprofloxacina,  claritromicina,  doxiciclina,  metronidazol,  ofloxacina,  roxitromicina  e 
tetraciclina (Archer e Archer, 2002 citados por Bergamaschi, 2007). 
Alguns autores, no entanto, alertam que tetraciclina, metronidazol, ampicilina e eritromicina 
podem reduzir a eficácia do contraceptivo oral, aumentando o risco de gravidez (Meechan, 2002; 
Hersh, 1999 citados por Bergamaschi, 2007). 
Conforme já destacado em aulas anteriores, esse é um assunto de relevância clínica, pois 
a ineficácia contraceptiva leva à concepção não planejada.
34 
INTERAÇÕES MEDICAMENTOSAS 
Algumas interações relatadas com antibióticos e outras classes 
terapêuticas 
Antiácidos 
Quinolonas:  (AP)  Diminuição  absorção  gastrointestinal  de  ciprofloxacina,  norfloxacina, 
ofloxacina, enoxacina. 
Tetraciclinas: (AP) Diminuição absorção gastrointestinal. 
Anticoagulantes 
Aumento do efeito anticoagulante: 
• Ciprofloxacina (NE). 
• Cloranfenicol (NE). 
• Eritromicina (NE). 
• Metronidazol (P). 
• Miconazol (NE). 
• Sulfonamidas (NE). 
• Trimetropim­Sulfametoxazol (P). 
Diminuição do efeito anticoagulante: 
Rifampicina (P): indução enzimática. 
Bloqueadores de Canais de Cálcio 
Rifampicina (P): Aumento do metabolismo dos bloqueadores de canais de cálcio. 
Bloqueadores Beta­Adrenérgicos 
Diminuição do efeito beta­bloqueador: 
• Indutor enzimático (P): Rifampicina 
Aumenta metabolismo dos beta­bloqueadores.
35 
INTERAÇÕES MEDICAMENTOSAS 
Glicosídios Digitálicos 
Aumentam o efeito digitálico: 
• Eritromicina (NP). 
• Penicilina (NE). 
• Rifampicina (NE). 
Conforme apresentado na aula 3, as siglas NP, P e NE significam, respectivamente: não 
previsível, previsível e não estabelecida.
36 
INTERAÇÕES MEDICAMENTOSAS 
Nesta aula serão apresentadas interações medicamentosas com os fármacos anti­ 
retrovirais, destacando o provável mecanismo, efeito e conduta clínica necessária para minimizar 
as consequências das interações. 
AULA 09 • INTERAÇÕES COM ANTI­RETROVIRAIS 
A  adesão  ao  tratamento  é  tão  ou  mais  importante  na  síndrome  da  imunodeficiência 
adquirida  (Aids).  O  uso  incorreto  dos  anti­retrovirais  está  relacionado  diretamente  à  falência 
terapêutica e a reações adversas, facilitando a emergência de cepas do vírus da imunodeficiência 
humana (HIV) resistentes aos medicamentos existentes. 
A  combinação  de  fármacos  aumenta  as  possibilidades  de  interação  medicamentosa, 
comum entre os próprios fármacos anti­retrovirais. 
Entre  os  fármacos  anti­retrovirais,  os  inibidores  de  protease  (IPs)  são  os  que  mais 
apresentam  interações,  quer  com  outros  anti­retrovirais,  quer  com  fármacos  antidepressivos, 
antimicrobianos, anticonvulsivantes e anti­ulcerosos (McCabe, 2007 citado por Sisca, 2008). 
Veja tabelas que apresentam algumas interações medicamentosas disponível no ambiente 
de estudo. 
Como  o  número  e  as  combinações  disponíveis  são  limitados,  o  uso  inadequado  e 
irregular  desses  anti­retrovirais  pode  criar  situações  nas  quais  serão  necessárias 
combinações com mais de quatro fármacos, o que acaba por comprometer ainda mais 
a adesão, e garantir crescentes interações medicamentosas (Lignani et al., 2001 citado 
por Sisca et al., 2008). 
Essas interações podem aumentar o número de reações adversas e com isso dificultar 
a  adesão  à  terapiaanti­retroviral  ou  até mesmo  o  abandono  desta,  sendo  também 
fatais  ao  paciente,  uma  vez  que  os  próprios  anti­retrovirais  exibem  citotoxicidade 
(Sisca, 2008).
37 
INTERAÇÕES MEDICAMENTOSAS 
A partir  do exposto,  podemos constatar  que há  inúmeras  interações  com  fármacos anti­ 
retrovirais.  Com um monitoramento  e  acompanhamento  contínuo do paciente,  analisando  cada 
caso clínico e confrontando com exames  laboratoriais, é possível verificar a eficácia  terapêutica 
e/ou quadros de toxicidade.
38 
INTERAÇÕES MEDICAMENTOSAS 
Os fármacos que atuam no sistema nervoso central (SNC) encontram uma ampla 
utilização na clínica. Tendo isso em mente, esta aula apresentará uma visão geral dos principais 
grupos de fármacos, destacando seus mecanismos de ação e, principalmente, possíveis 
interações medicamentosas envolvendo esses fármacos. 
AULA  10  •  INTERAÇÕES  COM  FÁRMACOSQUE  ATUAM  NO 
SISTEMA NERVOSO CENTRAL (SNC) 
Fármacos que atuam no SNC 
Antiparkinsonianos:  O  parkinsonismo  (doença  ou  mal  de  Parkinson)  é  um  distúrbio 
neurológico  progressivo  do  movimento  muscular  caracterizado  por  tremores,  rigidez  muscular, 
bradicinesia (lentidão em iniciar e continuar os movimentos voluntários) e anomalias de postura e 
marcha,  resultante  de  um  desequilíbrio  entre  as  neurotransmissões  dopaminérgica  (pela 
dopamina) e colinérgica (pela acetilcolina). 
A  tabela  a  seguir  mostra  os  principais  antiparkinsonianos,  seus mecanismos  de  ação  e 
prováveis interações medicamentosas. 
Fármaco  Mecanismo de ação 
Antimuscarínicos  Bloqueio da neurotransmissão colinérgica. 
Amantadina 
Provável  aumento  na  síntese,  liberação  ou 
recaptação de dopamina. 
Bromocriptina  Agonista de receptores dopaminérgicos. 
Carbidopa 
Diminuição  no  metabolismo  da  levodopa  no 
trato  gastrintestinal  e  tecidos  periféricos  e 
aumento de sua disponibilidade no SNC. 
Deprenil (selegilina) 
Diminuição  no  metabolismo  da  dopamina  e 
aumento de seus níveis no cérebro. 
Levodopa 
Precursor da dopamina no SNC, aumentando 
seus níveis. 
Interações medicamentosas: A vitamina B6  (piridoxina) aumenta o metabolismo periférico 
da levodopa e diminui sua eficácia. A administração concomitante de levodopa e de inibidores da
39 
INTERAÇÕES MEDICAMENTOSAS 
monoaminoxidase  (fenelzina, por exemplo) pode provocar crise hipertensiva devido ao aumento 
de  catecolaminas.  São  contra­indicados  os  fármacos antipsicóticos  para  pacientes  com mal  de 
Parkinson porque inibem receptores dopaminérgicos e exarcebam os sintomas da doença. 
Ansiolíticos e hipnóticos: A ansiedade é um desagradável estado de tensão, apreensão 
ou inquietude que parece originar­se de uma fonte desconhecida. Embora episódios de ansiedade 
moderada sejam comuns ao cotidiano e não careçam de  tratamento, os sintomas de ansiedade 
debilitante crônica grave podem ser tratados com fármacos ansiolíticos (tranquilizantes menores). 
Como todos esses fármacos provocam certa sedação, os mesmos são clinicamente úteis 
como agentes duplos, ansiolíticos e hipnóticos (indutores do sono). Os principais representantes 
são: 
Benzodiazepínicos  –  Podem  ser  ansiolíticos  (alprazolam,  clordiazepóxido,  clonazepam, 
clorazepato,  diazepam,  bromazepam  e  lorazepam)  ou  hipnóticos  (quazepam,  midazolam, 
estazolam,  flurazepam,  temazepam  e  triazolam);  atuam  se  ligando  a  sítios  específicos  nos 
receptores  gabaérgicos  e  aumentando  a  afinidade  dos  mesmos  pelo  GABA  (ácido  gama­ 
aminobutírico). O efeito é um aumento na neutransmissão gabaérgica e depressão do SNC. 
Antagonistas  benzodiazepínicos  (flumazenil)  –  São  antagonistas  de  receptores 
gabaérgicos utilizados para reverter os efeitos dos benzodiazepínicos de longa duração de ação. 
O principal representante é o flumazenil e está disponível apenas para administração intravenosa. 
Barbituratos (aminobarbital, fenobarbital, pentobarbital, secobarbital e tiopental) – Acredita­ 
se  que  tais  substâncias  interferem  no  transporte  de  sódio  e  potássio  através  dos  neurônios, 
inibindo a atividade do SNC; também potencializam a ação do GABA. 
Sedativos  não­barbitúricos  –  Hidrato  de  cloral,  anti­histamínicos  (defenidramina  e 
doxilamina, por exemplo) e etanol. 
Outros – Zolpidem (atua em receptores para benzodiazepínicos), buspirona (atua tanto em 
receptores para serotonina quanto para dopamina) e hidroxizina (anti­histamínico). 
Interações medicamentosas: Os benzodiazepínicos potencializam os efeitos do álcool e 
de  outros  depressores  do  SNC.  Entretanto,  são  consideravelmente  menos  perigosos  do  que 
outros  fármacos ansiolíticos e hipnóticos  (uma sobredose  raramente  chega a  ser  fatal  a menos 
que outros depressores sejam usados concomitantemente). 
Os  barbituratos  induzem  as  enzimas microssômicas  do  sistema  do  citocromo  P­450  no 
fígado e, dessa forma, aumentam o metabolismo hepático de muitos medicamentos, diminuindo 
seus efeitos.
40 
INTERAÇÕES MEDICAMENTOSAS 
Estimulantes do SNC: Nesse grupo, há dois tipos de fármacos que atuam primariamente 
estimulando  o  SNC  –  os  estimulantes  psicomotores  e  os  psicotomiméticos  ou  alucinógenos 
(tabela  abaixo). Enquanto os primeiros provocam excitação e euforia, diminuem a  sensação de 
fadiga e aumentam a atividade motora, os últimos promovem profundas alterações nos padrões 
de  pensamento  e  comportamento.  Embora  os  estimulantes  do  SNC  apresentem  poucos  usos 
clínicos, são discutidos aqui por causa de sua importância em toxicologia. 
Estimulantes psicomotores  Estimulantes psicotomiméticos 
Anfetaminas, xantinas (cafeína, 
teobromina e teofilina), cocaína, 
metilfenidato e nicotina). 
Dietilamida do ácido lisérgico (LSD), 
fenciclidina (PCP) e tetra­hidrocanabinol 
(THC). 
As  anfetaminas  inibem  a monoaminoxidase  e  aumentam  a  liberação  de  catecolaminas, 
resultando em elevação dos níveis desses neurotransmissores na fenda sináptica. 
As  xantinas  atuam  por  meio  de  aumentos  nos  níveis  intracelulares  de  adenosina 
monofosfato  cíclico  (AMPc)  e  guanosina  monofosfato  cíclico  (GMPc)  devido  à  inibição  de 
fosfodiesterases. Também inibem receptores de adenosina do SNC. 
A  cocaína  bloqueia  a  recaptação  de  noradrenalina,  serotonina  e  dopamina  nas 
terminações  pré­sinápticas.  Esse  bloqueio  potencializa  os  efeitos  periféricos  e  no SNC  desses 
neurotransmissores. 
O metilfenidato é um derivado anfetamínico e atua basicamente da mesma forma que as 
anfetaminas. É utilizado no tratamento da síndrome de déficit de atenção. 
A  nicotina  promove  estímulo  ganglionar  em  doses  baixas  e  bloqueio,  em  doses  altas. 
Também atua em receptores específicos no SNC. 
O LSD é um agonista de receptores de serotonina. 
O  PCP,  assim  como  a  cocaína,  inibe  a  recaptação  de  dopamina,  serotonina  e 
noradrenalina e é um anticolinérgico. 
O THC é o principal alcalóide encontrado na maconha. Embora existam receptores para o 
THC no SNC, seu mecanismo de ação é desconhecido.
41 
INTERAÇÕES MEDICAMENTOSAS 
Interações  medicamentosas:  Em  razão  de  seus  efeitos  cardiovasculares  (palpitações, 
arritmias,  hipertensão,  dor  anginosa  e  colapso  circulatório),  as  anfetaminas  não  devem  ser 
utilizadas  em  pacientes  com  problemas  cardíacos  ou  que  fazem  uso  de  inibidores  da 
monoaminoxidase (exarcebação dos sintomas). 
O haloperidol e outros neurolépticos podem bloquear a ação alucinatória do LSD. 
Antidepressivos:  são  fármacos  utilizados  no  tratamento  das  diferentes  formas  de 
depressão. São classificados, especialmente, em quatro grupos: antidepressivostricíclicos (ADTs) 
(inibem  a  recaptação  de  noradrenalina  e  serotonina),  inibidores  seletivos  da  recaptação  de 
serotonina (ISRSs), inibidores da monoaminooxidase (iMAO) e fármacos utilizados no tratamento 
da mania. 
ADTs  ISRSs  iMAO  Tratamento da mania 
Amitriptilina 
Amoxapina 
Desipramina Doxepina 
Fluoxetina 
Fluvoxamina 
Nefazodona 
Paroxetina 
Isocarboxazida 
Fenelzina 
Tranilcipromina 
Imipramina  Sertralina 
Maprotilina Nortriptilina 
Protriptilina 
Trazodona 
Venlafaxina 
Trimipramina 
Antidepressivos 
Sais de lítio 
Interações medicamentosas 
ADTs:  Aspirina  e  fenilbutazona  aumentam  os  efeitos  dos  ADTs  porque  diminuem  sua 
ligação  à albumina  plasmática,  aumentando  sua  disponibilidade no SNC;  neuroléticos  e alguns 
esteróides  diminuem  o  metabolismo  hepático  dos  ADTs  e  aumentam  seus  efeitos;  os  ADTs 
potencializam  os  efeitos  do  álcool,  podendo  provocar  sedação  tóxica  e  depressão  respiratória 
fatal; o uso concomitante de ADTs e  iMAO pode provocar potencialização mútua, caracterizada 
por hipertensão, hiperpirexia, convulsões e coma. 
ISRSs:  Não  devem  ser  utilizados  com  os  iMAO  devido  ao  risco  letal  de  “síndrome  da 
serotonina”,  caracterizada  por  tremores,  hipertensão  e  colapso  cardiovascular.  Requerem­se 
períodos de seis semanas para que o outro fármaco possa ser administrado. 
iMAO:  Seu  uso  concomitante  com  tiramina  (presente  em  queijos  maturados,  fígado  de 
galinha,  cerveja  e  vinho  tinto)  provoca  liberação  de  grande  quantidade  de  catecolaminas,
42 
INTERAÇÕES MEDICAMENTOSAS 
causando  cefaleia,  taquicardia,  náuseas,  hipertensão,  arritmia  cardíaca  e  acidente  vascular 
cerebral. 
Neurolépticos  (antipsicóticos  ou  tranquilizantes  maiores):  São  empregados 
primariamente  no  tratamento  da  esquizofrenia,  mas  também  são  eficazes  em  outros  estados 
psicóticos, como os de mania e delírio. São divididos em: 
• Fenotiazínicos: clorpromazina, flufenazina, prometazina, tioridazina. 
• Benzisoxazóis: risperidona. 
• Dibenzodiazepínicos: clozapina. 
• Butirofenonas: haloperidol. 
• Tioxantenos: tiotixeno. 
Interações  medicamentosas:  A  clorpromazina,  flufenazina  e  o  haloperidol,  quando 
associados  com  drogas  agonistas  adrenérgicas  (adrenalina,  noradrenalina,  dobutamina,  por 
exemplo), podem apresentar severa hipotensão e taquicardia. 
A clorpromazina, quando associada à cisaprida, pode ocasionar arritmias graves e colocar 
em risco a vida do paciente. 
O haloperidol  interage com sais de  lítio, podendo provocar, encefalopatias,  leucocitose e 
alterações de consciência. 
A clorpromazina e a flufenazina, quando associadas a drogas anti­hipertensivas, causam 
hipotensão aditiva. Esse efeito é maior quando haloperidol e metildopa são administrados juntos 
(maior toxicidade). 
A clorpromazina, quando associada à dipirona, pode provocar hipotermia grave. 
Anticonvulsivantes:  São  fármacos  empregados  principalmente  no  tratamento  da 
epilepsia.  Os  principais  exemplos  são  fenitoína,  carbamazepina,  primidona,  ácido  valpróico, 
fenobarbital, etosuximida, alprazolam, clonazepam e diazepam. 
Interações medicamentosas: Os anticonvulsivantes, quando associados a antipsicóticos, 
podem  ter  seu efeito diminuído,  com  risco de aparecimento  de  crises epilética.  Um  outro  risco 
associado a essa interação é a depressão aditiva do SNC. 
A  associação  entre  fenitoína  e  sulfas,  cloranfenicol,  dicumarol  ou  isoniazida  pode 
apresentar  um  aumento  do  efeito  da  primeira  com  risco  de  toxicidade,  tornando­se  necessário 
ajustar a dose de fenitoína.
43 
INTERAÇÕES MEDICAMENTOSAS 
Isso ocorre também com a cimetidina, mas não com a ranitidina. A carbamazepina, por sua 
vez, aumenta o metabolismo hepático da fenitoína, diminuindo suas concentrações plasmáticas. 
A  fenitoína  induz  o  sistema  do  citocromo  P­450  e  aumenta  o  metabolismo  de  outros 
agentes  anticonvulsivantes,  anticoagulantes,  contraceptivos  orais,  quinidina,  doxiciclina, 
ciclosporina, metadona e levodopa. 
O  metabolismo  da  carbamazepina  é  inibido  por  muitos  fármacos  (cimetidina,  diltiazem, 
eritromicina, isoniazida, propoxifeno) e, se a dose não for ajustada, podem surgir efeitos tóxicos. 
O  ácido  valpróico  inibe  o  metabolismo  do  fenobarbital,  aumentando  assim  os  níveis 
circulantes do barbiturato. 
Considerações Finais 
Quando falamos do sistema nervoso central (SNC), já pensamos com cautela na utilização 
de  fármacos,  até  porque  fármacos  podem  causar  dependência,  tolerância  e  outras  alterações 
comportamentais. 
Por  isso,  na  atenção  farmacêutica  e  farmacovigilância,  devemos  orientar  sobre  a  não 
utilização  com  álcool  e  outras  substâncias  e/ou  fármacos  que  atuam  no  SNC  (capazes  de 
ocasionar reações adversas graves, até mesmo fatais). 
Somado a esse fato, há utilização recreacional de substâncias, de modo abusivo e ilícito. 
Isso  representa um problema social grave,  levando a complicações no neurodesenvolvimento e 
reflexo  na  vida  adulta,  como: maior probabilidade em  causar  dependência,  devido ao  consumo 
precoce. 
Além  disso,  há  alterações  neurológicas  e  psiquiátricas  que merecem  atenção,  pois  nos 
idosos a metabolização, a distribuição e a excreção de fármacos são distintas, com aumento de 
potenciais interações medicamentosas indesejáveis, bem como acentuação de reações adversas 
graves.
44 
INTERAÇÕES MEDICAMENTOSAS 
A hipertensão caracteriza­se por uma condição em que há aumento da pressão sanguínea 
associada a riscos de outras patologias cardiovasculares (insuficiência cardíaca, infarto do 
miocárdio, lesões renais, acidente vascular cerebral). Uma vez que a hipertensão e as doenças 
associadas constituem umas das principais causas de morte no Brasil, esta aula discutirá as 
principais classes de agentes anti­hipertensivos e suas interações medicamentosas. 
AULA 11 • INTERAÇÕES COM ANTI­HIPERTENSIVOS 
Fármacos anti­hipertensivos são aqueles utilizados no tratamento dos diferentes graus de 
hipertensão. Eles são divididos nas seguintes classes: 
•  Diuréticos:  Diuréticos  tiazídicos  e  congêneres  (hidroclorotiazida,  indapamida, 
clortalidona),  diuréticos de alça  (furosemida, ácido etacrínico,  bumetamida) e diuréticos 
poupadores de potássio (amilorida, espironolactona, triamtereno). 
• β­bloqueadores: Atenolol, labetalol, metoprolol, nadolol, propanolol, timolol. 
•  Inibidores  da  enzima  conversora  de  angiotensina  (ECA):  Benazepril,  captopril, 
enalapril, fosinopril, lisinopril, moexipril, quinapril, ramipril. 
• Antagonistas da angiotensina II: Irbesartan, losartan, valsartan, telmisartan. 
•  Bloqueadores  de  canais  de  cálcio:  Amlodipina,  diltiazem,  felodipina,  isradipina, 
nicardipina, nifedipina, nisoldipina, verapamil. 
• α­bloqueadores: Doxazosin, prazosin, terazosin. 
• Outros: Clonidina, diazóxido, hidralazina, α­metildopa, minoxidil, nitroprussiato de sódio. 
O tratamento é iniciado com qualquer um dos quatro fármacos: um diurético, um inibidor da 
ECA, um β­bloqueador ou um bloqueador de canais de cálcio. Se a pressão sanguínea não for 
adequadamente controlada, acrescenta­se um segundo fármaco. 
Cabe ressaltar que certos seguimentos da população respondem melhor a uma classe de 
fármacos que outra. Por exemplo, os negros respondem melhor aos diuréticos e bloqueadores de 
canais de cálcio, sendo os inibidores da ECA e β­bloqueadores efetivos para tratar a hipertensão 
no homem branco e em pacientes mais jovens.
45 
INTERAÇÕES MEDICAMENTOSAS 
Já os diuréticos e inibidores da ECA são mais favoráveis em

Outros materiais