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quarta-feira, 23 de novembro de 2016 Nefrologia Infecções do trato urinário Def.: Multiplicação de microorganismos em qualquer local do trato urinário. O trato urinário é praticamente estéril. Só a uretra distal que é colonizada. Uretra proximal, bexiga, ureteres e rins são estéreis. Os custos de tratamento são altos e é uma infecção recorrente. Uretra proximal, bexiga, ureteres e rins são estéreis. Infecções vão se dar por colonização região periuretral e ascensão pelo trato urinário. Bactérias tem características próprias de adesinas, pillings, que propiciam essa ascensão pelo trato urinário. A maior parte das infecções do trato urinário vão se dar dessa forma. Mas, podemos ter infecções sistêmicas que também podem gerar infecções urinarias. Especialmente quando colher uma urocultura e encontrar um Staphylococcus aureus, ha sempre a necessidade de se suspeitar de uma infecção sistêmica e que esta colonizando o trato urinário secundariamente. # Itens que impactam na incidencia de ITU 1. Fatores de virulencia bacteriana No contexto patológico, a principal bactéria é a E. coli enteropatogênica, que por meio de pillings e fímbrias, adere as células, podem formar nichos e nichos quiescentes nas regiões de epitélio de transição, e esses pacientes voltam a recorrer na infecção. Bactérias também podem ter mecanismos para diminuir adesão de anticorpos. 2. Fatores de suscetibilidade do hospedeiro Colonização vaginal ou periuretral por uropatógenos, principalmente da flora intestinal, favorecem. Muitas vezes pacientes estão usando antibiótico para outra patologia e isso diminui lactobacilos e flora endógena. Assim, a multiplicação de patógeno é favorecida. Higiene perineal inapropriada: Limpar da trás para frente traz patógenos entéricos para a vagina das mulheres/meninas. Precisa ensinar as crianças a fazer corretamente. �1 quarta-feira, 23 de novembro de 2016 Atividade sexual é um fator importante para a gênese de infecção. Cistite pós coito é algo bem frequente. O uso de espermicida/alguns contraceptivos também podem alterar pH vaginal e favorecer a proliferação de patógenos. Gestação tem modificações hormonais que favorecem ITU 3. Alterações anatômicas do indivíduo Malformações do trato urinário, como refluxo vesicoureteral, epispádia, hipospádia, são causas importantes de infecção urinaria de repetição em crianças. Gestação tem modificações anatômicas que favorecem ITU. Idosos que tem hiperplasia prostática benigna e cursam com estase urinaria tem maior chance de desenvolver ITU. 4. Sondas vesicais Fica envolvida em fibrinogênio e essas bactérias tem aderências por fibrinogênio e podem chegar até ao trato urinário superior, e ai temos as diversas classificações das infecções como uretrite, cistite, pielonefrite, prostatite, dentro outras #Incidência Alta em mulheres sexualmente ativas e em crianças. <1 ano: mais frequente no sexo masculino: malformaciones urinarias congênitas/ fimose > 1 ano: mais frequente no sexo feminino Baixa frequência em homens Uretra mais longa. Atividade antimicrobiana no fluido prostatico. Idoso com infecção urinaria deve sempre avaliar região prostática para ver se não tem alguma hiperplasia prostática. �2 quarta-feira, 23 de novembro de 2016 #Infecção urinaria e suas divisões 1. Quadro clínico - Definição clinica 1.1 ITU assintomática 1.2 ITU sintomática - Infecção urinaria nao complicada Resumidamente, as que estão fora do grupo das ITU complicadas. - Infecção urinaria complicada Esses pacientes tem maior potencial de evoluir de forma desfavorável. É importante essa determinação pois será um dos fatores levados em consideração para definir a forma de tratamento, hospitalar ou ambulatorial, e as drogas utilizadas. 2. Definição anatomica - Cistite - Uretrite - Pielonefrite - Prostatite 3. Outra classificação - Infecção urinaria alta: Pielonefrites - Infecção urinaria baixa: Cistite, uretrite, prostatite Sexo feminino não gestantes Sem alterações do trato urinário Sem uso de cateter Sem litíase Não imunossuprimidas Diabetes Obstrução da via urinária (Estenose, Cálculo associado) Gestantes Imunossuprimidos Em uso de sonda vesical Alterações anatômicas de trato urinário �3 quarta-feira, 23 de novembro de 2016 O diagnostico pode ser clinico, e em alguns casos nao necessita pedir exames laboratoriais. # Quadro clinico classico Ardência ao urinar / disúria, polaciúria, sem febre*, com histórico de atividade sexual ha mais ou menos 3 dias. *Nas infecções altas pode ter febre, inclusive servindo para diferencial entre ITU altas e baixas. #Exames indicativos de ITU - métodos químicos - Nitrito: Nitrato na urina + Bactérias gram negativas produtoras de nitrato redutase. Redução do nitrato a nitrito. Não necessariamente indica ITU, pode ter uma colonização sem caráter infeccioso. - Estearase para evidenciar presença de leucócitos Leucocitúria - infecção ou inflamação. Nem sempre indica infecção urinaria. Existem varias causas de leucocitúria. Leucocitúria estéril, por exemplo. Ou pode ter leucócito com bactéria e ter bacteriuria assintomática. . - Bacteriúria: nem sempre indica infecção urinaria Coleta inadequada, sem higiene adequada, coleta do jato inicial… Copo estranho, cálculo urinário, tumor das vias urinarias, balanopostite, vulvovaginite, dermatite amoniacal, podem ser mostradas com coleta inadequada. Multiplicação das bactérias na urina após a coleta. - EAS - Urina tipo I - Cultura tradicional (maioria) >= 100.000UFC/mL As vezes tem ITU mas o crescimento não chega a esse numero. Se coletado por cateterização: >= 100UFC/mL �4 quarta-feira, 23 de novembro de 2016 Mulheres com disúria e poliúria podem ter <100.000 UFC/mL Método de coleta de urina em criança sem controle esfincteriano (em geral <2anos) Punção suprapúbica* ou cateter vesical. Controle de esfíncter pode fazer jato médio. Saco coletor serve apenas para excluir infecção. Se vier positivo tem baixo valor preditivo positivo. Se vier negativo, pode afirmar não ter infecção. *Prof. Zaganeli surta com isso. Falou que mesmo sem controle, a mae deve esperar para tentar coletar o jato médio da criança sem controle de esfíncter. #Principais agentes causadores Não complicadas: Em geral E. coli Complicadas: Maior percentual de klebsiella, enterococcus que na não complicada. Staphylococcus saprofiticos, Staphylococcus aureus (pensar em infecção sistêmica) Diagnostico clinico Infecção urinaria baixa - cistite aguda Disuria, poliuria Quando solicita urocultura: não tem certeza quando ao diagnostico, trata mas nao tem resposta por uma bactéria resistente, casos recorrentes. #Drogas de escolha 1. Cistite aguda Cistite aguda primaria não complicada não deve usar quinolona como primeira linha. Isso faz aumentar o risco de resistência a essas drogas. Se tem uma cistite complicada, ai começa-se a pensar em usar. Tem que se pensar também que em algumas regiões tem maior resistência a algumas drogas usada no tratamento dessa doença. �5 quarta-feira, 23 de novembro de 2016 Para aqueles pacientes que tiverem cistite complicada, aí sim deve-se usar quinolonas como droga de primeira escolha, aumentando um pouco a duração do tratamento. 2. Infecção urinaria alta - Pielonefrites Quadro um pouco diferente da cistite aguda simples. O quadro clinico envolve: Dor lombar, febre, estado geral prejudicado, calafrios, punho percussão lombar positiva (Sinal de Giodano), náuseas e vômitos, desconforto. É um quadro que tem potencial de gravidade, principalmente se o paciente estiver com uma obstrução por um calculo. Pode fazer pionefrose. Esses quadros de pielonefrite, a priori, deve-se sempre pensar em fazer uma tratamento endovenoso. Alguns pacientes podem ser tratados por viaoral, mas pensar inicialmente em tratar com medicamentos endovenosos. Se no hemograma for demonstrado uma leucocitose com desvio a esquerda, raramente será uma cistite, a chance é alta de pielonefrite. Quando internar? - Quadro complicado: Pielonefrite com calculo extruindo. - Paciente com náuseas e vômitos: Não consegue tomar medicação via oral, tem que receber endovenoso ou intramuscular. - Quadro com repercussões hemodinâmicas como hipotensão, taquicardia ou bradicardia. Inclusive nesse caso precisa de monitorização dos sinais vitais. - Contexto social que impeça de tratar. Primeira linha Nitrofurantoina 100mg 2x/dia 5 dias Trimetroprim-Sulfametoxazol (Bactrim) 160-800mg 1x/dia 3 dias Fosfomicina 3g 1dia Segunda linha Ciprofloxacina 500mg 2x/dia 5 dias Levofloxacina 250mg 1x/dia 3 dias Terceira linha Amoxacilina- clavulanato 875-125mg 2x/dia 3-7 dias Cefdinir 300mg 2x/dia 3-7 dias Tratamento da cistite complicada Ciprofloxacina 500mg 2x/dia 7 dias Levofloxacina 750mg 2x/dia 7 dias �6 quarta-feira, 23 de novembro de 2016 Pielonefrite aguda não complicada. Doença leve a moderada em que o paciente não tem tanto potencial maior de evoluir de forma desfavorável. Pode até tratar de forma oral desde que se tenha o controle desse paciente, fazendo avaliação a cada 24-48 horas. Nesse caso a classe de drogas de escolha são as quinolonas. Pielonefrite aguda complicada/intrahospitalar. Quadros complicados utilizam medicação endovenosa mesmo. Solicitar EAS, urocultura, hemocultura, exames de imagem (Ver se tem alguma obstrução do trato urinário, alguma complicação como um abcesso). Nesses casos, pode-se optar por fazer um tratamento endovenoso no hospital e, em caso de resposta ao antibiótico em 48-72horas, pode seguir com tratamento via oral. É claro, respeitando a gravidade do caso. Ex: Pielonefrite com calculo: trata com antibiótico por 48-72horas, faz exame de imagem para ver se esse calculo não esta impactando no ureter, que precisa ser abordado. Se não tiver fenômeno de obstrução e estiver apenas na região pélvica, melhorou os parâmetros laboratoriais, melhorou a sintomatologia, urocultura (sai em 48horas) mostra um microorganismo sensível às medicações via oral, pode liberar e tratar por via oral. Paciente que não tem uma resposta clinica, tem um calculo obstruindo, um abcesso, não dá. As vezes é necessário inclusive estender o tempo de antibioticoterapia. Nesses casos, os medicamentos de escolha são: A medida que sai o antibiograma, pode-se triar o medicamento a ser utilizado. Começa com medicação de amplo espectro (Não sabe o agente causal) e recebe o resultado com um organismo sensível a um medicamento mais especifico, pode descalonar e trocar a medicação para essa mais especifica. Tratamento oral Ciprofloxacino 500mg 2x/dia 7-14 dias Levofloxacina 750mg 1x/dia 7-14 dias Pode-se nesse caso começar o tratamento com uma dose de Ceftriaxona (Cefalosporina de 3ª geração) ou Aminoglicosídeo* e depois continuar com a quinolona via oral. *Cuidado com aminoglicosídeo: O paciente não pode ja estar com disfunção renal pois esse medicamento é nefrotóxico. Tratamento de Pielonefrite complicada Ceftriaxona 1g 1x/dia IM Ciprofloxacina 400mg 2x/dia IV �7 quarta-feira, 23 de novembro de 2016 Como esse quadro pode progredir? - Resposta clinica completa e cura - Abcesso cortico-medular - Pielonefrite enfisematosa - Necrose de papila - Abcesso peri-nefrético Essas evoluções desfavoráveis costumam ser quadros mais arrastados, com respostas lentas aos tratamentos, mesmo quando adequados. Nesses casos, muitas vezes precisa drenar abcessos, algumas vezes a nefrectomia é necessária senão o paciente morre. A maior parte dos casos evolui com resposta clinica completa. Prostatite. Esses quadros de prostatite costumam ser tratados por um tempo maior, de 4 a 6 semanas porque costumam recorrer. As quinolonas são utilizadas nesse caso. #Conceitos de tratamento Recaída: Sintomas reaparecem em período menor do que 2 semanas. Sinaliza um quadro que não teve uma resposta satisfatória / não foi obtida a cura definitiva do quadro. Reinfecção: Sintomas reaparecem em período maior do que 2 semanas do fim do tratamento. Quadros de reinfecção é obrigatório avaliar trato urinário por imagem. US; TC; UROGRAFIA EXCRETORIA; URETEROCISTOGRAFIA; ect #Infecção urinaria de repetição Def: 2 ou mais episódios de ITU em 6 meses ou 3 ou mais episódios de ITU em 1 ano. Tratamento da prostatite Ciprofloxacina 500mg 2x/dia 7 dias �8 quarta-feira, 23 de novembro de 2016 1. Fatores de risco Comportamentais - Ato sexual - Uso de contraceptivos com espermicida no ultimo ano - Novo parceiro sexual no ultimo ano - Primeira infecção urinaria antes dos 15 anos Genéticos e biológico - Mãe com historia de ITU - Receptor de IL-8 - Alterações anatômicas - Pós menopausa - Uropatógenos de maior virulencia 2. Estrategias de profilaxia É muito comum receber mulheres novas com quadro de ITU, tratar, e dois meses depois a paciente retorna ao consultório com novo quadro. A maior parte das vezes está relacionada a questões de higiene, atividade sexual, baixa ingesta de agua. - Mudança comportamental / orientação sobre atividade sexual - Maior ingesta hídrica e micção pós-coital - Higienização do períneo correta, de frente para trás. - Alteração do método contraceptivo - Estrogênios tópicos na vagina (pós menopausa). Retorno da flora habitual. - Quimioprofilaxia No caso de pacientes sem alteração estrutural e com alta taxa de recorrência. Pode ser feita de maneira contínua com Nitrofurantoína, ou pós coito - auto tratamento após a atividade sexual. �9 quarta-feira, 23 de novembro de 2016 - Atualmente esta popularizado o uso de suco de cranberry ou capsulas de Cranberry e imunoterapia (Com vacinas - capsulas de antígenos de E. coli). No entanto, ainda não tem estudos consistentes para recomendar isso a todo mundo. #Bacteriúria assintomática - Mulheres assintomáticas com 2 ou mais uroculturas com >105UFC/mL - Homens, gestantes ou pre-procedimento urológico com 1 urocultura com > 105UFC/ mL - Mulheres ou homens sondados >10²UFC/mL Maior incidência em pacientes gestantes, idosos, diabéticos, transplantados, com uso de sonda, crianças com refluxo vesicoureteral. Possivelmente tem maior colonização do trato urinário. Screening em quem para verificar bacteriúria assintomático? Só deve fazer nas duas populações de maior risco: - Pacientes que serão submetidos a RTU (Ressecção transuretral) de próstata e procedimentos urológicos que envolvam sangramento de mucosa. ATB em regime curto deve ser iniciado antes do procedimento. - Gestantes porque aumenta chance de pielonefrite nessa gestante, que pode cursar com prematuridade. Piúria acompanhada de bacteriúria assintomática não é indicação de tratamento antimicrobiano, exceto nesses grupos citados. Grupos que devem ser tratados (consenso): - CAIRÁ NA PROVA Pré-procedimentos urológicos - Podem ser utilizados os mesmos da Cistite não complicada. Gestantes Drogas para uso na gestação seguras Ampicilina Amoxicilina Ceftriaxona Cuidado Sulfas - Kernicterus principalmente no terceiro trimestre Nitrofurantoína - hemólise Aminoglicosídeos - Nefrotóxica e Ototóxica �10 quarta-feira, 23 de novembro de 2016 Terapia 3-7 dias. Alguns grupos não são consenso o tratamento: - Transplantados - Imunossuprimidos/neutropênicos #Infecção urinária em pacientes sondados Como fazer diagnostico pacientes sondados com quadros frutros: O paciente chega muitas vezes com delírio. Está com uma sonda e pode ser infecção urinaria. Diagnostico é feito com cultura, colhida após trocar a sonda, encontra-se piuria e bacteriúria. Muitas vezes vem polimicrobiana, com fungos. Tratamento: trocarsonda e medicamentos. #Causas de piúria estéril Infecções ginecológicas, prostatites, infecções fúngicas (não cresce na urocultura padrão), litíase, tuberculose, uretrites por Chlamydia. #Caso especial Pielonefrite enfisematosa Pielonefrite xantogranulomatosa Malacoplaquia: infecção crônica com formação de granulomas. Evolução de uma infecção urinaria em pacientes imunossuprimidos, etilistas e diabéticos. Cistite eosinofílica. Associado a quadros alérgicos (asma, rinite), medicações (Warfarin, ciclofosfamida, sulfonamidas), infecções parasitarias, doenças autoimunes, carcinoma de bexiga. Tratamento: remover estimulo antigênico, corticoides, antihistamínicos, AINES e ressecção de lesões presentes. �11 quarta-feira, 23 de novembro de 2016 O que é importante: Saber diferenciar os pacientes: complicado x não complicado Como proceder com o tratamento para cada grupo. Bacteriuria assintomática: quem tratar? Atenção aos erros de coleta e coleta inadequada. Leucocitúria e piúria esteril. �12
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