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RESPONSABILIDADE CIVIL Créditos RESPONSABILIDADE CIVIL NÚCLEO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA O assunto estudado por você nessa disciplina foi planejado pelo professor conteudista, que é o responsável pela produção de conteúdo didático, e foi desenvolvido e implementado por uma equipe composta por profissionais de diversas áreas, com o objetivo de apoiar e facilitar o processo ensino-aprendizagem. Coordenação do Núcleo de Educação a Distância: Lana Paula Crivelaro Monteiro de Almeida Supervisão Administrativa: Denise de Castro Gomes Produção de Conteúdo Didático: Roberta Teles Bezerra Design Instrucional: Andrea Chagas Alves de Almeida Projeto Instrucional: Bárbara Mota Barros, Jackson de Moura Oliveira Roteiro de Áudio e Vídeo: José Glauber Peixoto Rocha Produção de Áudio e Vídeo: José Moreira de Sousa Identidade Visual/Arte: Francisco Cristiano Lopes de Sousa, Viviane Cláudia Paiva Programação/Implementação: Jorge Augusto Fortes Moura Editoração: Camila Duarte do Nascimento Moreira, Sávio Félix Mota Revisão Gramatical: Luís Carlos de Oliveira Sousa 3 A disciplina de Responsabilidade Civil se destaca das demais disciplinas de Direito Civil pela importância e amplitude que assume em todas as áreas de estudos jurídicos. Esta amplitude é tão signifi cativa que se recorre a ela para solucionar problemas na área do Direito Empresarial, Direito Tributário, Direito do Consumidor etc. Foi a partir da Constituição Federal de 1988 que a matéria cresceu em importância no ordenamento jurídico brasileiro, com a previsão do direito à indenização no rol Dos Direitos e Garantias Fundamentais. Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileireos e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: X – são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação. A Responsabilidade Civil visa reestabelecer o status quo ante, ou seja, permitir que a pessoa lesada volte à situação em que estava antes de sofrer o dano. A temática estudada nesta disciplina está em plena ebulição, com seus paradigmas em momento de discussão. Este instante de revisão de conceitos visa otimizar a função principal da Responsabilidade Civil, que é garantir que uma determinada pessoa não tenha que suportar o prejuízo do qual não deu causa. Os novos paradigmas da Responsabilidade Civil indicam uma socialização dos riscos, exigência da solidariedade social e da proteção ao cidadão. Isto signifi ca dizer que para garantir esta indenização não se buscará somente um culpado. A coletividade será chamada a indenizar – mais ou menos como funciona no Contrato de Seguro. Entrar na trilha desses novos caminhos, no entanto, exige um abandono do caráter individualista ainda presente no Direito Civil. Deve-se passar a compreender o Direito Civil de forma mais compatível com a axiologia constitucional. É preciso estar pronto para estas mudanças conceituais e pra isto é preciso aprofundar o estudo da Responsabilidade Civil em sua evolução e na forma como vem hoje sendo trabalhada pela doutrina e nas Cortes Judiciais. Breve Introdução RESPONSABILIDADE CIVIL UNIDADE 1: INTRODUÇÃO AO ESTUDO DA RESPONSABILIDADE CIVIL Responsabilidade Civil 4 Para Maria Helena Diniz, Responsabilidade Civil é “a aplicação de medidas que obriguem alguém a reparar dano moral ou patrimonial causado a terceiros em razão de ato do próprio imputado, de pessoa por quem ele responde, ou de fato de coisa ou animal sob sua guarda ou, ainda, de simples imposição legal.” (DINIZ, 2009, p. 34). Sérgio Cavalieri Filho afirma que Responsabilidade Civil é um dever jurídico sucessivo que surge para recompor o dano decorrente da violação de um dever jurídico originário. Só se cogita, destarte, de Responsabilidade Civil onde houver violação de um dever jurídico e dano. Em outras palavras, responsável é a pessoa que deve ressarcir o prejuízo decorrente da violação de um precedente dever jurídico. (FILHO, 2014, p. 14). Para Pablo Stolze Gagliano e Rodolfo Pamplona Filho a noção jurídica de responsabilidade pressupõe a atividade danosa de alguém que, atuando a priori ilicitamente, viola uma norma jurídica preexistente (legal ou contratual), subordinando-se, dessa forma, às consequências do seu ato (obrigação de reparar). (GAGLIANO & FILHO, 2006, p. 9). O conceito de Responsabilidade Civil decorre da cláusula geral em que todos estão obrigados a não prejudicar ninguém. Vários conceitos podem ser arrolados, mas o mais importante é a compreensão do objetivo e da função do instituto. A compreensão deste conceito e da função da Responsabilidade Civil pode ser reforçada pelo texto da Lei, do Código Civil, sendo importante destacar que o estudo da Responsabilidade Civil exige conhecimento do texto legal, uma vez que os artigos que orientam não se apresentam de forma sequenciada. O Art. 944 do Código Civil prevê: “A indenização mede-se pela extensão do dano”. Dele se extrai um dos principais princípios da Responsabilidade Civil: o Princípio da restitutio in integrum. Este princípio prevê que a pessoa deverá ser ressarcida na mesma medida do dano sofrido. Isto garantirá o retorno ao status quo ante. O parágrafo único do Art. 944 vai atenuar a força do seu caput, ponderando situações em que a efetiva reparação do dano possa prejudicar severa e desproporcionalmente aquele que causou o dano: “Se houver excessiva desproporção entre a gravidade da culpa e o dano, poderá o juiz reduzir, equitativamente, a indenização”. Relevante compreender que a Responsabilidade Civil tal qual está posta hoje nos livros e nas decisões judiciais passou por longo período de evolução, remontando épocas em que não se conseguiria distingui-la da Responsabilidade Penal. Os casos de danos mais remotos foram resolvidos com vingança e até banimento do causador do dano da comunidade em que vivia. A evolução da Responsabilidade Civil passa pela Lei de Talião (dente por dente, olho por olho) e pelo período de Composição, mas suas origens mais remotas são as que mais se assemelham com a noção contemporânea, é a da Lex Aquilia de damno, que consolida a ideia da culpa como pressuposto Responsabilidade Civil 5 para a responsabilização e a presença do Estado como mediador dessas relações. Com o passar do tempo, e por imposição das novas relações da sociedade, impulsionada principalmente pela Revolução Industrial, passou-se a perceber que nem sempre seria possível identificar o culpado e delimitar sua conduta, o que resultaria em diversas situações onde a vítima ficaria sem indenização. Isto caracterizaria um cenário de injustiça e, para reequilibrar tais situações, passou a ser prevista também a responsabilidade independente de culpa. A responsabilidade com base no seguinte fundamento: quem tem que suportar os riscos é quem se beneficia do negócio. Assim se tem a responsabilidade polarizada em dois tipos: • Responsabilidade Subjetiva – com fundamento na Culpa • Responsabilidade Objetiva – com fundamento no Risco Conhecer a diferença entre a Responsabilidade Objetiva e a Responsabilidade Subjetiva é condição para a continuidade nos estudos da Responsabilidade Civil. Também é imperativo estabelecer a diferença entre a Responsabilidade Contratual e Extracontratual, uma vez que as relações aqui estudadas são as que rompem ou transgridem um dever jurídico imposto pela lei, e não por um Contrato, nem vínculo obrigacional preexistente. A Unidade IX do conteúdo programático da disciplina estudará a Responsabilidade Contratual,mas, para fins didáticos (os quais nem sempre coincidem com as situações reais), parte-se da ideia de que as situações geradoras de dano são decorrentes de condutas entre pessoas sem vínculo formal anterior. Às situações onde existia vínculo anterior, aplica-se as regras previstas no próprio contrato, as regras do Direito Contratual, e, subsidiariamente, a Responsabilidade Civil para resolver o que não estava literalmente previsto. O quadro sinótico apresentado por Sergio Cavalieri (2014) esclarece bem as divisões deste estudo: Responsabilidade Civil Extracontratual Responsabilidade Subjetiva Culpa Provada Culpa Presumida Responsabilidade Objetiva Abuso de Direito Atividade de Risco Fato do Produto Fato de Outrem Fato da Coisa Do Estado e Dos prestadores de Serviços Públicos Nas Relações de Consumo Contratual Com Obrigação de Meio Com Obrigação de Resultado Responsabilidade Civil 6 Para concluir esta Unidade, deve-se compreender quais os efeitos da sentença penal condenatória e da sentença penal absolutória na Responsabilidade Civil, partindo a compreensão prévia de que: o que está definido e tipificado como crime pode gerar pedido de indenização, mas nem tudo o que é passível de indenização está tipificado, e nisto reside uma das principais diferenças entre a Responsabilidade Civil e a Responsabilidade Criminal. Importante Embora a Responsabilidade Criminal seja independente da Responsabilidade Civil, esta independência não é absoluta, pois há situações que envolvem as duas jurisdições, podendo uma decisão depender da outra, até mesmo para que estas decisões não sejam confl itantes. Art. 935. A responsabilidade civil é independente da criminal, não se podendo questionar mais sobre a existência do fato, ou sobre quem seja o seu autor, quando estas questões se acharem decididas no juízo criminal. Estude os temas aqui tratados, aprofundando-os nos livros indicados na Bibliogra� a Básica e Complementar do seu Plano de Aula. Tire suas dúvidas no ambiente virtual. Bons estudos!
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