Buscar

Responsabilidade Civil Unidade 2

Prévia do material em texto

7
RESPONSABILIDADE CIVIL
UNIDADE 2: TEORIA GERAL DA 
RESPONSABILIDADE CIVIL
De forma bem simples, os pressupostos da Responsabilidade Civil Clássica Subjetiva são:
•	 Ação ou Omissão do Agente – Conduta;
•	 Culpa;
•	 Relação de Causalidade ou Nexo de Causalidade entre a Conduta e o Dano;
•	 Dano.
Com a inclusão da Teoria do Risco e, consequentemente, com a possibilidade de Responsabilizar 
independentemente de culpa, surgiu a Responsabilidade Objetiva, cujos pressupostos são:
1. Ação ou Omissão do Agente – Conduta;
2. Risco;
3. Relação de Causalidade ou Nexo de Causalidade entre a conduta e o Dano;
4. Dano.
Importante
O objetivo da Unidade 2 é conhecer os pressupostos da Responsabilidade Civil 
discernidos a seguir.
1 Ação ou Omissão do Agente
A ação é, nas palavras de Maria Helena Diniz (2013), “o ato humano comissivo ou omissivo, lícito ou 
ilícito, voluntário e objetivamente imputável, do próprio agente, ou de terceiro, ou o fato de animal ou coisa 
inanimada, que causa dano a outrem, gerando o dever de satisfazer os direitos do lesado” (DINIZ, 2013, pag. 53).
A conduta é uma ação (comissão) ou uma omissão humana. Ação é ato positivo. É agir de 
maneira a modifi car o mundo externo por meio de movimentos concretos. Omissão é ato negativo. 
É uma abstenção. É um não-fazer juridicamente relevante. Tal relevância deve-se ao fato de haver um 
dever legal de agir que foi inobservado.
Tal ação ou omissão pode ainda ser lícita ou ilícita. Não é necessário que a conduta confi gure 
uma ilegalidade, basta que cause um dano a outrem e que este não tenha o dever de suportá-lo.
Além destas características, a conduta tem que ser voluntária:
Deverá ser voluntária no sentido de ser controlável pela vontade a qual se imputa ao fato, de 
sorte que excluídos estarão os atos praticados sob coação absoluta; em estado de inconsciência, 
sob o efeito de hipnose, delírio febril, ataque epilético, sonambulismo, ou por provocação de 
fatos invencíveis como tempestades, incêndios desencadeados por raios, naufrágios, terremotos, 
inundações etc. (DINIZ, 2013, p. 56).
Por fi m, a conduta lesiva deve ser imputável. Imputabilidade é “o conjunto de condições pessoais 
que dão ao agente capacidade para poder responder pelas consequências de uma conduta contrária ao 
Responsabilidade Civil
8
dever; imputável é aquele que podia e devia ter agido de outro modo” (CAVALIERI FILHO, 2014, p. 40).
A menoridade e a insanidade constituem exceções à imputabilidade justamente porque não 
reúnem os elementos de maturidade e sanidade mental. São os denominados inimputáveis. Mas não basta a 
imputabilidade do agente, é pressuposto da Responsabilidade Civil Subjetiva que ele tenha agido com culpa.
2 Culpa
Para fins de Responsabilidade Civil, o conceito de culpa que será levado em consideração é culpa 
em sentido amplo (lato sensu), o que inclui o dolo e a culpa em sentido estrito (stricto sensu), ou seja, 
abrange toda espécie de comportamento contrário ao Direito, intencional ou não. Culpa é “conduta 
voluntária contrária ao dever de cuidado imposto pelo Direito, com a produção de um evento danoso 
involuntário, porém previsto ou previsível” (CAVALIERI FILHO, 2014, p.59).
A culpa pode ser classificada de diversas formas. Uma boa classificação é estabelecida por Maria 
Helena Diniz (2013), sendo essencial para a compreensão desta unidade conhecer cada uma delas:
 Classificação relativa aos modos de sua apreciação:
•	 Apreciação em concreto
•	 Apreciação em abstrato
 Classificação quanto ao conteúdo da conduta culposa:
•	 in committendo ou in faciendo
•	 in omittendo
•	 in eligendo
•	 in vigilando
•	 in custodiendo
 Classificação quanto à natureza 
do dever violado:
•	 Culpa Contratual
•	 Culpa Extracontratual
 Classificação quanto à sua 
graduação:
•	 Culpa Grave
•	 Culpa Leve
•	 Culpa Levíssima
3 Relação de Causalidade
Parece simples afirmar que deve haver uma relação de causalidade entre o dano e a ação que 
o provocou. A relação ou nexo de causalidade é requisito da Responsabilidade Civil e tem também a 
função de estabelecer a medida para a obrigação de indenizar, sendo da maior relevância quando o 
resultado danoso decorre de várias causas e envolvendo vários agentes.
É importante conhecer as teorias do nexo de causalidade e principalmente saber que o Direito 
Civil brasileiro acolheu a Teoria da Causalidade Direta e Imediata, que aparentemente está positivada 
no Art. 403, do Código Civil: “Art. 403. Ainda que a inexecução resulte de dolo do devedor, as perdas 
e danos só incluem os prejuízos efetivos e os lucros cessantes por efeito dela direto e imediato, sem 
prejuízo do disposto na lei processual”.
Ainda assim, mesmo havendo uma relação de causalidade, existem situações estabelecidas 
Responsabilidade Civil
9
como excludentes do nexo de causalidade, ou seja, casos de impossibilidade superveniente do 
cumprimento da obrigação não imputáveis ao Agente. São os casos de caso fortuito, força maior, 
fato exclusivo da vítima ou de terceiro.
4 Dano
Não pode haver reparação sem a existência do prejuízo. Por isso, o conceito clássico de dano é 
que ele constitui uma diminuição do patrimônio (GONÇALVES, 2003).
Para que o dano seja indenizável, é necessário que haja uma diminuição ou destruição de um bem 
jurídico, patrimonial ou moral, a certeza do dano, a causalidade, a subsistência do dano no momento da 
reclamação pelo lesado, a legitimidade, a ausência de causas excludentes de responsabilidade (DINIZ, 2013).
Embora alguns autores prefiram distinguir o dano em patrimonial e não patrimonial, o Direito 
brasileiro segue o texto da Constituição Federal e aponta dois tipos de dano: o material e o moral.
O dano material é a efetiva perda do patrimônio suscetível de avaliação pecuniária. Podem ser 
traduzidos em uma expressão econômica. Previsto no Art. 402, do Código Civil: “Salvo as exceções 
expressamente previstas em lei, as perdas e os danos devidos ao credor abrangem, além do que ele 
efetivamente perdeu, o que razoavelmente deixou de lucrar”.
É deste artigo que se extrai a conhecida expressão “dano emergente e lucro cessante” que se 
traduz em o que a pessoa perdeu e/ou o que ela deixou de ganhar. No enfrentamento das questões 
envolvendo danos, os danos patrimoniais se apresentam de mais simples resolução, com a possibilidade 
de se comprovar a diminuição patrimonial por diversos meios de provas documentais.
O Dano Moral tem uma acepção bem ampla e na definição de Sergio Cavalieri (2014) é uma 
agressão a um bem ou atributo da personalidade. Para o autor
o dano moral hoje não se restringe à dor, tristeza e sofrimento, estendendo a sua tutela a todos os bens 
personalíssimo. [...] Em razão da sua natureza imaterial, o dano moral é insusceptível de avaliação 
pecuniária, podendo apenas ser compensado como a obrigação pecuniária imposta ao causador do 
dano, sendo esta mais uma satisfação do que uma indenização (CAVALIERI, 2014, p. 109).
Desta explicação de Cavalieri, impõe-se uma outra explicação relevante para este estudo: 
alguns autores estabelecem distinções entre as expressões ‘ressarcimento’, ‘reparação’ e ‘indenização’. 
Ressarcimento é o pagamento de todo o prejuízo material sofrido, abrangendo o dano emergente e 
os lucros cessantes, o principal e os acréscimos que lhe adviriam com o tempo e com o emprego da 
coisa. Reparação é a compensação pelo dano moral, a fim de minorar a dor sofrida pela vítima. E a 
indenização é reservada para a compensação do dano decorrente do ato lícito do Estado, lesivo do 
particular, como ocorre nas desapropriações. A Constituição Federal, contudo, usou-a como gênero, 
do qual o ressarcimento e a reparação são espécies, ao assegurar, no art. 5º, V e X, indenização por 
dano material moral (GONÇALVES, 2003, p. 532).
De comprovação mais complexa ecom alto grau de subjetividade, o arbitramento do dano moral 
constitui um dos maiores desafios propostos ao julgador. Superada a fase que o dano moral era considerado 
Responsabilidade Civil
10
fonte de enriquecimento sem causa e suplantada a questão da cumulatividade com o dano material, pela 
Súmula nº 37 do STJ (são cumuláveis as indenizações por dano material e dano moral oriundos do mesmo 
fato), restou também suplantada, em 2009, a impossibilidade de cumulação do dano moral com dano 
estético, pela Súmula nº 387 do STJ (é lícita a cumulação das indenizações de dano estético e dano moral).
O Enunciado n. 455 do Conselho da Justiça Federal, aprovado na V Jornada de Direito Civil, 
diz que “A expressão ‘dano’ no Art. 944 do Código Civil abrange não só os danos individuais, materiais 
ou imateriais, mas também os danos sociais, difusos, coletivos e individuais homogêneos a serem 
reclamados pelos legitimados para propor ações coletivas”.
Assim, tem-se que vários temas ensejam estudo quando o assunto é dano moral: dano moral 
punitivo, dano moral contra pessoa jurídica, dano moral difuso e coletivo, Teoria da Perda de uma 
Chance, dano estético, dano à imagem.
5 Risco
O risco, apresentado no rol dos pressupostos da responsabilidade objetiva, está embasado em uma 
teoria. A teoria do Risco foi desenvolvida por doutrinadores franceses para embasar a Responsabilidade 
Objetiva e diz que “todo prejuízo deve ser atribuído ao seu autor e reparado por quem o causou, 
independentemente de ter ou não agido com culpa” (CAVALIERI, 2014, p. 181).
É necessário compreender que “a culpa é vinculada ao homem, o risco é ligado ao serviço, à 
empresa, à coisa, ao aparelhamento. A culpa é pessoal, subjetiva; (...) O risco ultrapassa o círculo das 
possibilidades humanas para filiar-se ao engenho, à máquina, à coisa, pelo caráter impessoal e o objetivo 
que o caracteriza” (CRETELA JUNIOR, 1991, p. 1019).
O Risco pode ser classificado em:
•	 Risco proveito
•	 Risco profissional
•	 Risco excepcional
•	 Risco criado
•	 Risco integral
Para concluir, cita-se algumas situações de risco previstas pelo legislador, para lembrar que 
somente pode ser considerada situação de risco o que estiver previsto na legislação:
Art. 931, do Código Civil: Ressalvados outros casos previstos em lei especial, os empresários 
individuais e as empresas respondem independentemente de culpa pelos danos causados pelos 
produtos postos em circulação.
Responsabilidade Civil
11
Art. 932, do Código Civil: São também responsáveis pela reparação civil:
I - os pais, pelos filhos menores que estiverem sob sua autoridade e em sua companhia;
II - o tutor e o curador, pelos pupilos e curatelados, que se acharem nas mesmas condições;
III - o empregador ou comitente, por seus empregados, serviçais e prepostos, no exercício do
trabalho que lhes competir, ou em razão dele;
IV - os donos de hotéis, hospedarias, casas ou estabelecimentos onde se albergue por dinheiro,
mesmo para fins de educação, pelos seus hóspedes, moradores e educandos;
V - os que gratuitamente houverem participado nos produtos do crime, até a concorrente quantia.
Art. 933, do Código Civil: As pessoas indicadas nos incisos I a V do artigo antecedente, ainda 
que não haja culpa de sua parte, responderão pelos atos praticados pelos terceiros ali referidos.
Art. 936, do Código Civil: O dono, ou detentor, do animal ressarcirá o dano por este causado, se
não provar culpa da vítima ou força maior.
Art. 938, do Código Civil: Aquele que habitar prédio, ou parte dele, responde pelo dano 
proveniente das coisas que dele caírem ou forem lançadas em lugar indevido. 
Art. 12, do Código de Defesa do Consumidor: O fabricante, o produtor, o construtor, nacional 
ou estrangeiro, e o importador respondem, independentemente da existência de culpa, pela 
reparação dos danos causados aos consumidores por defeitos decorrentes de projeto, fabricação, 
construção, montagem, fórmulas, manipulação, apresentação ou acondicionamento de seus 
produtos, bem como por informações insuficientes ou inadequadas sobre sua utilização e riscos.
Art. 37, da Constituição Federal: A administração pública direta e indireta de qualquer dos 
Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios 
de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, também, ao seguinte:
§ 6º - As pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado prestadoras de serviços 
públicos responderão pelos danos que seus agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros, 
assegurado o direito de regresso contra o responsável nos casos de dolo ou culpa.
Estude os temas aqui tratados, aprofundando-os nos livros indicados 
na Bibliografia Básica e Complementar do seu Plano de aula, tire 
suas dúvidas nos fóruns e nas aulas presenciais. Bom estudo!
Créditos
RESPONSABILIDADE CIVIL
NÚCLEO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
O assunto estudado por você nessa disciplina foi planejado pelo 
professor conteudista, que é o responsável pela produção de conteúdo 
didático, e foi desenvolvido e implementado por uma equipe composta 
por profissionais de diversas áreas, com o objetivo de apoiar e facilitar 
o processo ensino-aprendizagem.
Coordenação do Núcleo de Educação a Distância: Lana Paula 
Crivelaro Monteiro de Almeida Supervisão Administrativa: 
Denise de Castro Gomes Produção de Conteúdo Didático: 
Roberta Teles Bezerra Design Instrucional: Andrea Chagas 
Alves de Almeida Projeto Instrucional: Bárbara Mota Barros, 
Jackson de Moura Oliveira Roteiro de Áudio e Vídeo: José 
Glauber Peixoto Rocha Produção de Áudio e Vídeo: José 
Moreira de Sousa Identidade Visual/Arte: Francisco 
Cristiano Lopes de Sousa, Viviane Cláudia Paiva Programação/
Implementação: Jorge Augusto Fortes Moura Editoração: 
Camila Duarte do Nascimento Moreira, Sávio Félix Mota 
Revisão Gramatical: Luís Carlos de Oliveira Sousa

Outros materiais

Materiais relacionados

Perguntas relacionadas

Perguntas Recentes