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Caderno de Direito Civil II Teoria Geral dos Contratos e Responsabilidade Extracontratual

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Teoria geral dos contratos
Contrato -> principal fonte de obrigações no ponto de vista prático. Celebra-se novos contratos diariamente.
Existe para ele uma teoria geral dos contratos.
A ideia de contrato passou por uma profunda transformação durante o tempo, porém ele é um instituto milenar, que surgiu nos primórdios da civilização.
Num primeiro momento o homem tomava as coisas à força, mas depois percebeu a conveniência de trocar suas mercadorias. Aqui nasceu a ideia do contrato. O primeiro contrato da história foi o de troca.
O homem produzia, e aquilo que sobrava ele trocava. Posteriormente foram surgindo outros contratos, como a compra e venda (há uma troca, que envolve uma quantia em dinheiro por uma mercadoria), a doação, etc. Mas o conceito técnico de contrato ainda não existia. O conceito foi sendo construído ao longo do tempo.
Na Roma Antiga, a ideia de contrato era muito diferente da atual. O contractus era entendido como elo de ligação entre devedor e credor. Sabe-se que esse elo era um de subordinação, e não de cooperação, como é visto hoje. O devedor era sujeito apenas de deveres, e o credor de direitos.
Um momento importante se deu a partir da idade media, começo da idade moderna. Foi nesse período que surgiu a ideia moderna de contrato, como uma espécie de acordo de vontades que visava a produção de efeitos jurídicos.
O Estado Liberal, com sua postura abstencionista, era um estado mínimo, não intervencionista.
Autonomia da vontade x autonomia privada
Auto -> próprio
Nomia -> norma
Norma própria decorrente da vontade
A autonomia da vontade era a esfera privada de atuação reconhecida pelo Estado. O Estado percebeu que não era onipresente, devendo dar espaço ao particular para criar normas próprias para reger suas relações.
Essas normas próprias tinham como fonte geradora a própria vontade.
Por isso, ganhou força a ideia de contrato como espécie de acordo de vontades.
Com o passar do tempo, porém, essa ideia de contrato cai por terra com a queda do modelo liberal e com o advento do paradigma do Estado Social. O Estado se viu forçado a intervir na economia, e isso interferiu na ideia de contrato, pois este é um instrumento que visa regular a circulação de riquezas. Isso fica claro a partir do surgimento de alguns contratos obrigatórios. O Estado impõe determinados contratos, claúsulas obrigatórias, outras vezes proíbe alguns contratos.
A partir dessa intervenção estatal, passou-se a entender que o contrato não poderia ser mais um acordo de vontades, nem o fundamento do contrato era mais a autonomia da vontade.
Nesse contexto, surgiu a ideia da autonomia privada.
Autonomia privada é exatamente o poder concedido às pessoas para que elas possam regular os seus interesses estabelecendo normas para tanto. A diferença entre a autonomia privada e a autonomia da vontade é a fonte geradora das normas. Na autonomia da vontade, o Estado reconhece uma área que as pessoas podem regular seus interesses, criando normas decorrentes da vontade dos particulares. Na autonomia privada, o Estado (ordenamento jurídico) atribui (delega) poderes para que o particular possa criar as normas. Em última análise, é o próprio ordenamento estatal que cria as normas, mas ele estabelece limites materiais e formais.
O contrato, modernamente, pode ser entendido como um negócio jurídico, fruto da autonomia privada, e que visa regular a circulação de riquezas.
Mas com o surgimento da nova principiologia contratual, surge um novo entendimento.
Princípios atinentes aos contratos:
- princípios clássicos -> aqueles ligados ao Estado Liberal, isto é, aqueles que veem na vontade a fonte geradora dos contratos.
* obrigatoriedade contratual -> uma vez celebrado o contrato, ele se torna obrigatório, ou seja, devendo ser seguido, custasse o que custasse. Pode ser expresso pela expressão latina pacta sunt servanda (os pactos devem ser observados).
O contrato faz a lei entre as partes.
Esse princípio tinha o pressuposto que as pessoas eram livres para contratar ou não, e que as pessoas estavam em igualdade de condições.
* relatividade dos contratos -> significa que os contratos somente produzem efeitos entre as partes contratantes, não podendo alcançar terceiros; esse princípio está ligado ao princípio da autonomia da vontade (norma própria decorrente da vontade). Se a vontade é a fonte geradora dos efeitos contratuais, os efeitos só podem incidir naqueles que manifestaram a vontade.
Com o advento do Estado Social, nasce o dirigismo contratual.
Dirigismo contratual -> decorre da intervenção estatal nas relações comerciais
O Estado interfere com a:
1) imposição de determinados contratos; obrigatoriedade da celebração de certos contratos; Seguro DPVAT é um exemplo, que é um seguro mínimo imposto pelo Estado.
2) imposição de determinadas cláusulas; eviccão (perda do bem por decisão judicial) é uma cláusula imposta pelo Código, por exemplo.
3) proibição de determinadas claúsulas; p/ex, a cláusula penal tem um limite, os juros têm limites.
4) revisão contratual: é uma revisão dos termos do contrato para melhor equilibrar as partes.
O Estado Democrático de Direito pode ser visto por 2 prismas:
-> político: espécie de amálgama entre o Estado Liberal e o Social; o Estado Social pecava demais pelo excesso (na economia, no social, etc), faltaram recursos. No EDD, o povo passa a ter um poder maior de participar da construção do direito.
-> econômico: menos radical; principalmente como agente regulador e menos como agente econômico.
- nova principiologia contratual (surgiu no Estado Social e afirmou-se com o EDD)
* função social -> socialidade; preocupação com o bem-estar social; rompendo com o individualismo, o titular do direito deve levar em conta também os interesses do grupo social. Tem eficácia intrínseca (diz respeito às partes contratantes; cada uma das partes deve levar em conta os interesses da outra parte) e eficácia extrínseca (as duas partes contratantes devem levar em conta também os interesses do grupo social).
O grupo também deve observar o interesse das partes. É uma via de mão dupla.
O contrato, hoje, é de interesse do grupo social, não apenas das partes.
A ideia de que o contrato só produz efeitos para os contratantes vai sendo relativizada.
A ideia de função social muda a noção de parte da relação contratual. Antes, partes eram todos os que participaram diretamente do acordo de vontades. Hoje, parte não é apenas aquele que participou do acordo que deu origem ao contrato, é também aquele que vai sofrer os efeitos decorrentes do contrato.
* boa-fé objetiva -> eticidade;
Não se confunde com a boa-fé subjetiva; esta é um estado de desconhecimento, falsa percepção da realidade acerca de uma situação fática.
A boa-fé objetiva, por sua vez, é uma norma de conduta, norma de caráter ético bastante acentuado. Ela obriga as partes a um justo proceder, a agir de forma leal uma com a outra. É uma fonte muito importante de deveres: eles são chamados de deveres anexos (ou instrumentais), valendo tanto para o credor quanto para o devedor. O dever principal é o de realizar a prestação obrigacional. Os deveres anexos estão ligados ao modo como essa prestação será realizada.
Dentre eles há o dever de informação, o dever de cooperação, o dever de lealdade.
A boa-fé objetiva orienta o comportamento das partes, tanto no momento da formação quanto na execução (ou até mesmo após a extinção) da prestação obrigacional. Ela, enfim, conforma o comportamento das partes antes, durante e muitas vezes depois da prestação obrigacional.
* dignidade da pessoa humana -> a Constituição de 88 deu muita atenção à tutela da pessoa humana. O direito civil estava muito voltado para as questões patrimoniais e o direito constitucional estava voltado à relação Estado-cidadão. A CF/88 pôs a pessoa como fundamento do ordenamento jurídico. Essa leitura fez com que ocorresse a dita repersonalizacao do direito civil.
Agora, ocontrato também deve ser visto à esteira do texto constitucional, e, portanto, como mecanismo de promoção da dignidade da pessoa humana. O contrato hoje deve promover a circulação de riquezas e a promoção da dignidade da pessoa humana. Então, com certeza, os contratos NÃO são apenas instrumentos de circulação de riquezas.
* princípio da justiça contratual -> a justiça aqui é a chamada justiça comutativa, que pressupõe um equilíbrio entre as partes contratantes, não apenas quando da celebração do contrato mas também ao longo da sua execução. Durante o Estado Liberal não havia essa preocupação porquanto a ideia predominante era a de liberdade e igualdade formal. Assim, não havia preocupação com o conteúdo da relação contratual.
No Estado Social, começou a se preocupar com o equilíbrio no tocante ao conteúdo das partes contratantes. Esse equilíbrio deve ocorrer antes e durante o cumprimento dos contratos.
* Revisão contratual -> está fundada principalmente na justiça contratual. O objetivo dela é revisar os termos do contrato em virtude de um fato superveniente que veio a alterar o equilíbrio entre as partes contratantes.
Teorias acerca do tema:
Teoria da base contratual objetiva -> parte do princípio de que as circunstâncias fáticas, existentes quando da celebração do contrato, devem persistir quando da sua execução. É mudança das circunstâncias fáticas objetivas, não pessoais, que ensejam revisão no contrato para equilibrar as partes. Não precisa entrar na discussão se houve ou não imprevisibilidade no fato superveniente.
Teoria da imprevisão -> defende também a revisão contratual mas agora num fundamento diverso. De acordo com essa teoria, a revisão contratual se justifica em função de um fato superveniente extraordinário e imprevisível.
A revisão contratual no CDC -> art.6, inciso 5°. "A modificação das cláusulas contratuais que estabeleçam prestações desproporcionais ou sua revisão em razão de fatos supervenientes que as tornem excessivamente onerosas";
Modificação: é quando desde a data da celebração do contrato já se percebe um desequilíbrio entre as partes contratantes.
No direito civil isso é chamado de lesão.
O CDC adotou a revisão contratual com base na teoria da base contratual objetiva, e, portanto, o consumidor, para pleitear a revisão, ele deve demonstrar as mudanças das circunstâncias fáticas (econômica, política, etc).
A revisão contratual no CC -> o CC sem dúvida alguma admitiu a revisão contratual com base na teoria da imprevisão. O CC trata isso nos arts. 317 e 478. O 317 fala da revisão contratual e o 478 da extinção do contrato por fato superveniente.
Para se ter a revisão contratual, à luz do Código Civil:
1)o contrato deve ser de execução futura (diferida ou continuada/trato sucessivo); a execução diferida é quando uma só prestação é cumprida num momento futuro; a continuada é cumprida por meio de várias prestações, realizadas sucessivamente ao longo do tempo. Não aplica, portanto, se a execução for instantânea.
2) é necessário que surja um fato extraordinário, que é aquele que foge à normalidade, atípico.
3) o fato deve ser imprevisível, ou seja, aquilo que não foi previsto. Há 2 tipos de imprevisibilidade: absoluta e relativa. A absoluta ocorre quando o fato é imprevisível não apenas para as partes, mas absolutamente para todos (ninguém previa o fato). A relativa é aquela que diz respeito apenas às partes, isto é, o fato poderia até ser previsível para as outras pessoas, mas não foi previsto pelas partes.
Para se ter a revisão contratual, há um consenso na doutrina que basta a imprevisibilidade relativa (basta que o fato não tenha sido previsto pelas partes).
4) a prestação de uma das partes deve se tornar excessivamente onerosa.
Para que haja a revisão, é necessário, então, que passe a existir um desequilíbrio entre as partes, de modo que a prestação de uma delas tenha se tornado excessivamente onerosa.
O Art.478 fala em resolução (extinção) do contrato, com as mesmas condições das supracitadas. O art.317 fala em rever os termos do negócio (revisão contratual).
A regra é manter o contrato, revendo suas cláusulas. Apenas eventualmente se isso não for possível, o juiz extingue. Logo, a prioridade é a revisão contratual, em consequência da função social dos contratos.
Um grande produtor vendeu a sua safra cobrando um valor X por cada saca. Só que no ano em que foi firmado o contrato, houve um problema no mercado externo (fato extraordinário), o que fez a soja valer 2X. Em função disso, o produtor ajuizou uma ação em face do comprador, pedindo revisão contratual. É cabível a revisão neste caso?
Não. Trata-se de um contrato empresarial, isto é, um contrato firmado entre empresários (pessoas que visam ao lucro). Apesar da unificação do direito das obrigações, os contratos de consumo, civis e empresariais são diferentes na prática (o tratamento é diferenciado). Com base nisso, os requisitos para os contratos empresariais são muito mais rigorosos que os civis e de consumo. Por isso, o fato tem de ser muito imprevisível. No caso em tela, os empresários já estão acostumados às vicissitudes do comércio, portanto, não cabe revisão contratual. No contrato empresarial, ao contrário do contrato civil, respeita-se muito mais a autonomia privada das partes. O pacta sund servanda aqui tem mais força que no direito civil.
Contrato aleatório -> contrato de risco; é um contrato no qual o objeto é futuro, correndo risco de existir ou não. Pode ensejar risco no tocante à existência ou à quantidade.
Se o risco assumido dizer respeito à existência, ainda que o objeto não venha a existir a outra parte é obrigada a realizar a contra-prestação.
Também será aleatório o contrato quando o risco dizer respeito não à existência, mas à quantidade. Ou seja, se não for produzido nada, não é obrigado a pagar. Mas se for produzida uma quantidade menor que a estipulada, mesmo assim terá de haver a prestação.
Se o contrato for aleatório, não cabe a revisão contratual, com base na teoria da imprevisão. Porém, há algumas observações.
- Não cabe a revisão se o fato extraordinário tiver abrangido o risco assumido por uma das partes.
- Há situações em que o fato extraordinário não abrange o risco assumido, isto é, o risco assumido não tem a ver com o fato extraordinário.
A doutrina dominante define contrato como espécie de negócio jurídico, fruto da autonomia privada, que tem como objetivo estabelecer normas para regular os interesses das partes contratantes, em consonância com os princípios previstos em nosso ordenamento jurídico
Não há consenso doutrinário quanto ao termo negócio jurídico (termo criado na Alemanha pela escola pandectista).
Formação dos contratos
Há diversas fases na formação do contrato, mas nem todas são obrigatórias. As negociações preliminares e o contrato preliminar normalmente não estão presentes.
Contrato preliminar -> chamado também de promessa de contrato; ele se caracteriza sempre por gerar uma obrigação de fazer - esta é a obrigação de celebrar o contrato definitivo.
Existe uma modalidade de contrato que normalmente é precedida de uma promessa: a compra e venda de imóvel. Isto acontece para dar segurança às partes.
Requisitos do contrato preliminar: tem de observar todos os requisitos necessários para a validade do contrato definitivo, com exceção da forma. A promessa de compra e venda de imóvel pode, portanto, ser feita em instrumento particular.
Esse contrato preliminar deve ser registrado para ter efeitos? O legislador diz claramente que o contrato preliminar DEVE ser registrado no órgão competente. Todavia, tanto doutrina quanto jurisprudência vêm relativizando o entendimento acerca da obrigatoriedade do registro. Entende-se hoje que o registro hoje não é obrigatório, e sim facultativo. Então, o verbo correto é "poder". Não cabe falar na promessa de contrato a necessidade de recolhimento do ITBI, pois o contrato preliminar não é fato gerador de ITBI.
Há diferença prática entre registrar e não registrar. Quandose registra um contrato preliminar de uma promessa de compra e venda, nasce a partir daí um direito real de aquisição. Por sua vez, quando a promessa não é registrada, surge simplesmente um direito de crédito. O direito real é absoluto (oponível erga omnes), enquanto o direito de crédito é relativo (oponível apenas inter partes). O poder de sequela é inerente aos direitos reais. O registro é importante porque cria um direito real.
O contrato preliminar admite a chamada adjudicação compulsória.
Adjudicação compulsória decorre da possibilidade existente no contrato preliminar de o credor acionar o devedor para que este, dentro de um determinado prazo, celebre o contrato definitivo, sob pena de ser proferida uma sentença que fará as vezes do contrato definitivo.
Se uma das partes descumprir a promessa de contrato, a forma de execução é a adjudicação compulsória.
1a obs: essa adjudicação compulsória é cabível naqueles casos que não se opuser a natureza da obrigação principal, isto é, que nem sempre ela será cabível.
2a obs: para que haja adjudicação compulsória, é necessário que a promessa seja irretratável (que não tem como voltar atrás). Se não constar cláusula de arrependimento, a promessa é irretratável.
Negociações preliminares -> somente é comum nos contratos de grande vulto, envolvendo somas consideráveis de dinheiro. Fusão de duas grandes empresas, incorporação de uma empresa em outra, p/ex.
Essa fase é de aproximação entre as partes. As partes estão estudando a conveniência e viabilidade do negócio. Não há nada de concreto, mas já há uma aproximação entre as partes.
As negociações preliminares vinculam (obrigam) as partes? É perfeitamente possível desistir da celebração do contrato. Por isso, em regra, as negociações preliminares não vinculam as partes. Todavia, se alguma delas descumprir qualquer dever decorrente da boa-fé objetiva a coisa muda de figura. Se eventualmente uma das partes agir de má-fe, descumprindo qualquer dever decorrente da boa-fé objetiva, ela passa a responder pelos danos daí advindos, nascendo a responsabilidade pré-contratual.
Responsabilidade pré-contratual -> é pré-contratual porque o contrato ainda não existe.
Trabalho -> dia 19/09
Prova -> dia 23/09
Segundo trabalho -> 24/10
Segunda prova -> 28/10
Proposta -> muitas vezes já se parte da proposta. A proposta consiste sempre em uma manifestação de vontade por meio da qual o proponente (quem faz a proposta) revela a sua intenção de contratar e especifica as condições para tanto. Pode ser dirigida a uma pessoa determinada ou ao público em geral. Neste último caso ela é chamada de oferta. A pessoa a quem é direcionada a proposta é chamada de oblato (destinatário da proposta).
Essa proposta, em regra, vai vincular o proponente, isto é, obriga-o a cumprir a proposta, sob pena de responder sobre os danos daí advindos. Excepcionalmente a proposta não é vinculante.
Art. 427. A proposta de contrato obriga o proponente, se o contrário não resultar dos termos dela, da natureza do negócio, ou das circunstâncias do caso.
Hipóteses em que a proposta não vincula (art.428):
I) se feita entre presentes se ela não for imediatamente aceita. Entre presentes significa que proponente e oblato estão em contato direto (pessoalmente, pela internet, telefone, etc).
II) se feita entre ausentes e já tiver decorrido tempo suficiente para chegar a resposta do oblato. Entre ausentes significa entre pessoas que não estão em contato direto (carta, email, etc). Tempo suficiente depende do meio utilizado pela proposta.
III) se feita com prazo determinado e não tiver sido expedida a resposta dentro do prazo.
IV) se antes dela ou concomitantemente com ela chegar a retratação do proponente. Retratação é desistência.
Aceitação -> última fase do contrato; aceitação consiste na manifestação de vontade ou no comportamento do qual se deduz a aquiescência do oblato no que tange à proposta feita pelo proponente.
Ela pode se dar:
1) expressa -> a concordância do oblato é manifestada expressamente, seja por escrito ou verbalmente.
2) tácita -> quando decorrer de um comportamento adotado pelo oblato e não de uma manifestação expressa nesse sentido.
3) presumida -> quando a lei faz presumir do comportamento do agente a sua intenção de contratar. Art.432 é um exemplo. A lei faz presumir.
Seja expressa, tácita ou presumida, a aceitação, para ser assim considerada, tem de ser pura e simples e ocorrer dentro do prazo. Aceitação pura e simples é aceitação sem condições, sem adições, sem restrições. Aceitação com restrições ou adições é uma contraproposta. O mesmo raciocínio vale quando a aceitação se dá fora do prazo.
Seguidos esses requisitos, a aceitação vincula o aceitante, já existindo o contrato.
Hipóteses em que a aceitação não vincula:
I) Considera-se inexistente a aceitação, se antes dela ou com ela chegar ao proponente a retratação do aceitante.
Tempo de celebração do contrato -> diz respeito ao momento que o contrato foi celebrado.
-> Teoria da declaração -> parte do princípio que o contrato se forma no momento em que o oblato declara a sua vontade, no sentido de aceitá-la. Na prática, essa teoria não é aceita, pois é muito difícil precisar o momento exato que o oblato declarou a sua vontade.
-> Teoria da expedição -> parte do princípio que o contrato se forma no momento que o aceitante expede a sua resposta. O CC/02 dá a entender que foi adotada a teoria da expedição, mas o art.434 excepciona essa teoria.
-> Teoria da recepção -> parte do princípio que o contrato se forma no momento que o proponente recebe a resposta do aceitante. É, de fato, a teoria utilizada pelo CC. Embora o legislador pareça ter adotado a teoria da expedição, na prática a teoria que deve prevalecer é a da recepção.
-> Teoria da informação -> parte do princípio que o contrato se forma no momento em que o proponente toma ciência da aceitação do aceitante. Padece do mesmo problema da teoria da declaração.
Lugar de celebração do contrato -> é uma questão de relevante relevo, pois é a lei do lugar que é aplicada para reger as obrigações (Lei de Introdução às normas do direito brasileiro). Se proponente e oblato estiverem em lugares distintos, reputa-se celebrado o contrato no lugar em que ele foi proposto.
Natureza jurídica -> prevalece o entendimento de que o contrato é uma espécie de negócio jurídico. Não há um consenso nesse sentido. A categoria chamada negócio jurídico surgiu na escola pandectista (Alemanha). Na França e na Itália, por exemplo, não se admite a figura do negócio jurídico.
Negócio jurídico pode ser unilateral (aquele que se perfaz apenas com uma manifestação de vontade ou um só comportamento; p/ex, testamento), bilateral (aquele que se perfaz a partir da vontade de duas partes distintas que estão sempre em sentido contraposto; p/ex, contrato de compra e venda) ou plurilateral (aquele que se perfaz a partir da declaração de vontade de duas ou mais partes, porém sempre no mesmo sentido; p/ex, contrato de constituição de uma sociedade).
O contrato assume a natureza de negócio jurídico bilateral ou plurilateral. Não tem como falar do contrato como um negócio jurídico unilateral.
Requisitos de validade -> os mesmos da obrigação. As partes devem ser capazes (em alguns casos não apenas capacidade de fato, mas também de disposição), o objeto deve ser factível (realizável), lícito, determinado ou pelo menos determinável, e a forma deve ser a prescrita (ou não ser proibida em lei). A forma é livre, senão quando a lei exigir.
Classificação dos contratos:
Critério da formação dos contratos
* consensual -> aquele que é considerado perfeito (apto a produzir seus efeitos) tão logo haja um consenso, um acordo de vontades entre as partes. Contrato de compra e venda é consensual.
* real -> aquele que pressupõe a tradição da coisa para que possa produzir os seus efeitos. Os contratos de mútuo (empréstimo de bem fungível) e depósito são exemplos de contrato real.
Critério que diz respeito à forma:
* solene -> a validadedo contrato depende da observância de uma forma específica.
* não solene -> a validade do contrato não depende da observância de uma forma específica.
A regra é o contrato não solene. O legislador excepciona, todavia, com alguns contratos que necessitam de se observar uma forma específica.
Quanto às obrigações das partes:
* unilateral -> gera obrigações para apenas uma das partes (ex: mútuo)
* bilateral -> gera obrigações para as duas partes, sempre contrapostas (ex: compra e venda)
* plurilateral -> gera obrigações para duas ou mais partes, porém sempre no mesmo sentido (ex: contrato de constituição de sociedade)
Quanto à reciprocidade das prestações:
* gratuito -> existe apenas uma prestação sem que se possa falar, portanto, em qualquer prestação contraposta (ex: doação). A regra é que o contrato gratuito é unilateral, porém pode-se ter um contrato gratuito bilateral (ex: doação com encargo; o encargo restringe a liberalidade; só existe nos negócios jurídicos gratuitos). Nos contratos gratuitos, ainda que com encargo, não posso alegar a exceção de contrato não cumprido.
* oneroso -> tem-se a prestação de um lado que corresponde a uma contraprestação do outro (ex: compra e venda). Uma prestação está atrelada a outra. No contrato oneroso, a parte que se sentir prejudicada pelo não cumprimento da outra pode alegar em sua defesa exceção de contrato não cumprido.
Quanto ao caráter intuitu personae (em razão de uma pessoa):
* impessoal -> independe da pessoa
* intuitu personae -> a pessoa foi determinante para a assinatura do contrato; gera uma obrigação de fazer infungível, isto é, a prestação só pode ser cumprida pelo devedor. O contrato intuitu personae se extingue em virtude da morte de qualquer das partes.
Para saber se o contrato é impessoal ou intuitu personae, às vezes o próprio contrato diz. Se ele for omisso, pelas circunstâncias ou pela natureza dá para se saber se é impessoal ou intuitu personae.
Quanto aos efeitos:
* contrato individual -> aquele que, em tese, vai produzir efeitos apenas para as partes contratantes (ex: locação).
* contrato coletivo -> aquele que, por sua própria natureza, vai estender os seus efeitos para outras pessoas além dos que participaram diretamente de sua celebração (ex: acordo coletivo de trabalho/convenção coletiva de trabalho; acordo é celebrado entre uma determinada empresa e o sindicato correspondente de determinada classe; a convenção é uma espécie de contrato coletivo também, só que é o contrato celebrado entre sindicatos)
Quanto ao momento de execução:
* instantânea -> nasce e imediatamente se extingue em virtude de seu cumprimento.
* diferida -> nasce em um momento e se extingue em outro, em virtude de uma só prestação.
* trato sucessivo -> nasce em um momento e se extingue em outro por meio de várias prestações realizadas sucessivamente no tempo.
A revisão contratual só cabe nos contratos de execução diferida ou trato sucessivo.
Quanto à previsibilidade das prestações:
* aleatório -> aquele contrato no qual a prestação de pelo menos uma das partes não é de antemão conhecida pela outra (compra e venda de uma safra de um produtor rural). É um contrato de risco, este podendo dizer respeito à existência ou à quantidade. Nem todo contrato que tem como objeto algo no futuro é aleatório.
* pré-estimado (comutativo) -> aquele contrato no qual as prestações das partes são de antemão conhecidas uma pela outra (o conteúdo das prestações é sabido de antemão).
Quanto à negociabilidade das cláusulas
* contrato de adesão -> aquele contrato no qual as cláusulas são de antemão pré-estabelecidas por uma das partes, cabendo à outra tão somente aderir ou não a elas, não podendo, portanto, modificá-las substancialmente (isto é, uma coisa ou outra pode ser mudada, mas não pode ser substancial). Há 2 partes distintas: proponente e aderente. O proponente, além de propor o contrato, estabelece as cláusulas que o regerão. Por sua vez, o aderente que aceita a proposta e também se submete às cláusulas estabelecidas pela outra parte. Hoje predomina o contrato de adesão. A palavra de ordem na economia é competitividade e, para isso, as empresas se unem para se fortalecer. O contrato de adesão proporciona segurança e rapidez, por isso é a regra.
Primeira característica: as cláusulas são pré-fixadas por uma das partes (é uma característica marcante).
Segunda característica: essas cláusulas têm como característica a generalidade e a abstração.
Terceira característica: decorre do fato do aderente não poder modificar substancialmente essas cláusulas contratuais.
Contrato de adesão =/= contrato por adesão
O contrato por adesão é aquele contrato no qual, embora as cláusulas não tenham a característica da generalidade e sejam, ao contrário, objeto de negociação, as partes por uma questão de praticidade se valem de um modelo prévio.
Sendo um contrato de adesão, havendo uma cláusula ambígua ou contraditória, a interpretação será favorável ao aderente.
Já o CDC é ainda mais duro. Ele prescreve:
1) as cláusulas devem ser redigidas de forma clara, não podendo a fonte ser inferior a 12.
2) a interpretação tem sempre de ser favorável ao consumidor (aderente).
* contrato paritário -> aquele contrato no qual as cláusulas são fruto de uma negociação entre as partes, não sendo, portanto, pré-fixadas por uma delas. Paritário vem no sentido de uma igualdade. Alguns doutrinadores criticam essa expressão.
Contratos reciprocamente considerados (um contrato em relação ao outro):
* contrato principal -> é o contrato que existe por si só. O contrato de locação é um exemplo.
* contrato acessório -> é o contrato cuja existência pressupõe a de um outro, que é principal em relação a ele. O contrato de fiança é um exemplo.
Essa distinção é importante porque, salvo disposição em contrário, o acessório segue a sorte do principal. Isso significa que se o contrato de locação se extinguir, o contrato de fiança se extingue. Mas o contrário não se aplica.
Efeitos dos contratos
1) vícios redibitórios
À luz do código civil, é necessário que se tenha um vício ou defeito oculto (que num primeiro momento é imperceptível). Além disso, contrato que deu origem à aquisição do bem deve ser oneroso, o que significa que se o contrato for gratuito, nem consequência ensejará. "Cavalo dado não se olha os dentes".
Alguns doutrinadores consignam que há a possibilidade de vícios redibitórios em doações onerosas (doação com encargo).
Havendo vício redibitório, e demonstrando-o, o adquirente tem 2 opções:
1) desistir do negócio (Ação redibitória - para pôr fim ao negócio)
2) exigir um abatimento no preço (ação quanti minoris)
Nos dois casos, se o adquirente conseguir provar má-fé, ele poderá propor uma indenização pelas perdas e danos (além de uma das 2 opções, obviamente)
Qual é o prazo para propor essas ações? Prazo decadencial de 30 dias para bem móvel e 1 ano para bem imóvel. O termo inicial do prazo (quando ele começa a correr) é, via de regra, a data de tradição do bem. Se o vício, por sua própria natureza, manifestar-se posteriormente, o prazo começa a correr somente a partir da data da ciência do vício, desde que este se manifeste em até 180 dias (da data da tradição) se for bem móvel ou 1 ano (da data da tradição) se for bem imóvel.
Os vícios redibitorios estão previstos no CC.
Cláusula de garantia: estabelecida pelo alienante; havendo uma cláusula de garantia, enquanto ela perdurar, o prazo decadencial não corre. Se eventualmente o vício ou defeito aparecer dentro dessa cláusula de garantia, o adquirente terá 30 dias para denunciar o vício ou defeito ao alienante.
Se o adquirente já vinha exercendo a posse, o prazo será reduzido pela metade.
Os vícios do produto ou serviço estão previstos no CDC.
2) vícios do produto ou serviço
À luz do CDC, o vício pode ser tanto aparente quanto oculto. Não se exige que o contrato seja oneroso, não se entra nessa questão.
Para incidir o CDC:
1) deve haver uma relação de consumo
2) para que haja relação de consumo,é necessário que se tenha um consumidor e um fornecedor. O consumidor é toda pessoa física ou jurídica que adquire bem ou serviço como seu destinatário final. O fornecedor é toda pessoa física ou jurídica que se dedica a uma atividade consistente em produzir, comercializar, importar, exportar bens ou serviços. Atividade é algo que é realizado de forma habitual, com profissionalismo.
O CDC prevê 3 alternativas à escolha do consumidor:
1) o consumidor pode pedir abatimento do preço.
2) extinção do contrato e o dinheiro de volta, sem prejuízo das perdas e danos.
3) substituição do bem por outro da mesma espécie nas mesmas condições de uso.
O CDC atribui ao fornecedor a prerrogativa de sanar o vício, algo inexistente no CC, dentro de um prazo, que a princípio é de 30 dias. Pode ser reduzido para 7 dias ou ampliado para 180 dias, se houver convenção entre as partes nesse sentido.
Excepcionalmente o consumidor poderá de cara exercer uma das 3 opções acima listadas. Isso vai acontecer quando o vício for de tal gravidade que não pode ser sanado sem comprometer a qualidade do bem.
O consumidor tem o prazo de 30 ou 90 dias. 30 dias se o bem for não durável e 90 dias se o bem for durável. Esse prazo é tanto para ele procurar o fornecedor alegando a existência do vício, como é o prazo para ele exercer judicialmente uma das 3 opções, após o prazo de 30 dias dado ao fornecedor para sanar o vício. É uma causa interruptiva, isto é, o prazo volta ao início.
O prazo de 30 ou 90 dias começa a correr de acordo com a natureza do vício. Se o vício for aparente, de fácil constatação, o prazo começa a correr da data da tradição. Se o vício for oculto, imperceptível num primeiro momento, o prazo começará a correr a partir da data da ciência do vício.
Não existe prazo máximo para o vício ocorrer, diferentemente do que ocorre no CC.
Mesmo havendo uma cláusula de garantia, o prazo corre naturalmente.
A responsabilidade no CDC é objetiva (não é necessário provar má-fé) e solidária (posso acionar qualquer um da cadeia que levou o produto até mim). Com produtos in natura o responsável é o fornecedor direto.
Evicção
Perda de um bem (I) em virtude de uma decisão judicial ou administrativa, fundada (II) em uma causa jurídica anterior a sua aquisição. É necessário (III) que esse bem tenha sido adquirido em virtude de um contrato oneroso ou que pelo menos tenha sido uma doação onerosa. É necessário (IV) que o adquirente não saiba, na data da sua aquisição, da litigiosidade envolvendo o bem ou que este na verdade pertença a um terceiro.
Os números romanos elencados acima são os requisitos para que haja a evicção.
Espécies:
* total -> a perda total do bem
* parcial -> a perda apenas de uma parte do bem
Consequências
Quando a eviccão for total:
- o evicto tem direito à indenização correspondente: ao valor do bem por ele adquirido. Se tiver havido valorização do bem, o valor será o da data que se deu a evicção. Se tiver havido desvalorização do bem, o valor será o da data que se adquiriu o bem.
A indenização vai compreender não só o valor do bem, mas também o valor dos frutos que ele foi obrigado a restituir, além das benfeitorias realizadas. Ademais, vai compreender também as despesas oriundas da realização do contrato e pelas custas judiciais e honorários.
Quando a evicção for parcial:
- a evicção foi sobre uma parte considerável do bem? Não sendo considerável, o evicto só vai ter uma indenização correspondente à parte do bem perdida. Se a evicção for considerável, todavia, o evicto tem 2 opções:
1) indenização correspondente à parcela do bem que se evenceu
2) desfazimento do contrato e indenização pelo valor total do bem, mais frutos, despesas, como se fosse total a evicção.
Como se sabe se é considerável ou não? Tem de ver no caso concreto.
Cláusula suprimindo ou majorando os efeitos da evicção (art.450) -> as partes podem dispor diversamente do CC; a cláusula pode majorar os efeitos da evicção, ou minorar ou até mesmo suprimir os efeitos da evicção.
Havendo uma cláusula suprimindo os efeitos da evicção, mesmo assim o alienante vai responder pelo valor do bem na data que ocorreu a evicção. A cláusula de supressão não suprime totalmente.
A única hipótese que não vai caber a evicção, portanto, é a compra do bem quando se sabe do litígio com relação ao bem (ou se o bem é de terceiro).
Estipulação em favor de terceiro -> vai haver estipulação em favor de terceiro sempre que as partes de uma relação contratual estabelecerem um determinado benefício em favor de um terceiro estranho à relação obrigacional. Hoje é amplamente aceita em nosso ordenamento. Havendo estipulação em favor de terceiro, tem-se 3 partes distintas: estipulante, promitente e beneficiário. O estipulante é aquele que estipula, estabelece qual benefício será prestado. O promitente é aquele que se compromete a prestar o benefício. O beneficiário é aquele que vai usufruir do benefício. O estipulante vai poder, em tese, exonerar o promitente, como também alterar o beneficiário. A hipótese mais comum é de alterar o beneficiário. A mudança do beneficiário pode se dar por ato inter vivos ou causa mortis(pressupõe a morte para produzir efeitos).
A possibilidade do estipulante de exonerar o promitente sofre uma exceção: diz o legislador claramente que se constar do contrato expressamente o direito do beneficiário de exigir o benefício, não poderá o estipulante exonerar o promitente.
Mesmo o contrato sendo omisso no que tange ao direito de exigir a execução do contrato, é evidente que o beneficiário poderá exigir seu cumprimento. O estipulante pode, também, exigir o cumprimento do contrato. Ao exigir o cumprimento do contrato, o beneficiário terá de se adequar às normas estabelecidas no contrato.
Promessa de fato de terceiro -> vai ocorrer sempre que uma das partes se comprometer em relação à outra a obter uma prestação a ser realizada por um terceiro. Esse terceiro, via de regra, não assume nenhuma obrigação. A obrigação é exclusiva do promitente. Todavia, uma vez realizada a promessa pelo promitente, e o terceiro tenha consentido e não tenha prestado seu fato, neste caso o terceiro responde.
Via de regra, quem responde é o promitente. A regra da responsabilidade do promitente tem uma exceção: diz o art.439 que o promitente não terá responsabilidade se o terceiro de quem for prometido o fato for seu cônjuge e, mesmo assim, ele só se isentará de responsabilidade se, dependendo do regime de bens, essa responsabilidade puder trazer prejuízo também para o seu cônjuge.
Contrato com pessoa a declarar -> é um instituto que possibilita a uma das partes contratantes reservar-se o direito de nomear um terceiro para ocupar o seu lugar na relação contratual, assumindo os seus direitos e deveres. É uma espécie de cessão de posição contratual, mas com uma particularidade: com o contrato firmado, uma cláusula já admite a nomeação.
Nomeação -> existe um prazo para que ocorra essa nomeação. Ela deve se dar no prazo de 5 dias da celebração do contrato, se outro não tiver sido ajustado. Se não houver a nomeação dentro desse prazo, o contrato continuará produzindo efeitos entre as partes originárias.
Produção de efeitos entre as partes originárias -> outras situações:
* quando terceiro nomeado for insolvente, no momento da nomeação, sendo o fato ignorado pelo outro contratante.
* se o terceiro nomeado for incapaz de praticar por si só os atos da vida civil
* se o terceiro nomeado por um dos contratantes não aceitar a nomeação
Esse instituto é pouco utilizado na prática, demanda muita confiança.
Interpretação dos contratos
São as mesmas regras de interpretação que valem para os negócios jurídicos.
Teoria da vontade -> ao interpretar um negócio jurídico, e nesse caso, um contrato, o intérprete deve buscar a vontade real das partes, ainda que essa vontade real se distinga da vontade que foi de fato declarada.
Teoria da declaração -> para essa teoria, o que importa é a vontade efetivamente declarada, pouco importandoqual era a real intenção das partes.
O legislador buscou um meio termo entre essas duas teorias, dizendo que na interpretação dos negócios jurídicos o intérprete deve buscar a intenção a partir da vontade efetivamente declarada (art.112). É uma combinação da teoria da vontade com a teoria da declaração. Busca-se a vontade real a partir da declaração.
Sempre deve-se interpretar o negócio em consonância com a boa-fé objetiva (norma de conduta que obriga a um justo proceder) e com os usos do lugar em que foi celebrado (interpretar de acordo com o que normalmente ocorre). A boa-fé objetiva tem função limitativa (limitação de algumas condutas e imposição de deveres), mas também interpretativa (auxilia o intérprete na interpretação; ele deve interpretar em conformidade com a boa-fé) e integrativa (integração em caso de lacuna; havendo uma lacuna, a boa-fé vai preencher essa lacuna).
Há regras que são específicas. Os negócios jurídicos benéficos assim como a renúncia se interpretam restritivamente (estritamente). Os negócios jurídicos benéficos são aqueles contratos gratuitos. Doação é um bom exemplo (só uma das partes realiza uma prestação, não há uma contraprestação). Não se admite analogia e interpretação extensiva (se não estiver ali não faz parte da liberalidade). Também não tem como fazer isso na renúncia.
Há também uma regra específica para o contrato de adesão. Nos contratos de adesão se houver uma cláusula ambígua ou contraditória a interpretação far-se-á favoravelmente ao aderente. Cláusula ambígua é aquela que dá interpretação em mais de um sentido. Cláusula contraditória é aquela que tem como objeto algo já dito em outra cláusula, e que as faz entrar em contradição.
Nos contratos de adesão, são nulas também as cláusulas que estipulem a renúncia antecipada do aderente a direito resultante da natureza do negócio (ex: "não nos responsabilizamos por objetos deixados dentro do carro").
O silêncio como manifestação de vontade. O silêncio só importa em anuência se as circunstâncias ou os usos autorizarem, e mesmo assim se não for necessária uma declaração expressa de vontade.
Extinção dos contratos
- Cumprimento da prestação -> a realização do pagamento; forma ordinária, mais comum de extinção do contrato. Pagamento não se dá apenas em dinheiro, é sempre a realização da prestação devida.
- Decurso do prazo -> pelo advento do termo final. Se não houver um termo final pré-estabelecido, é necessário que haja uma interpelação por parte do credor, que constituirá o devedor em mora. O prazo, portanto, pode dar início à mora ou à extinção do contrato.
- Morte de uma das partes -> nem sempre vai ensejar a extinção. Só vai acontecer quando o contrato for personalíssimo (intuitu personae). "Em razão de uma determinada pessoa". Ele se contrapõe ao contrato impessoal. Se uma parte morre num contrato impessoal, a obrigação passa para seus herdeiros. Agora, se ele for personalíssimo, a morte de qualquer das partes pode ensejar a extinção da relação contratual.
- Extinção por fato anterior -> pode-se citar a invalidade em virtude de um vício grave ou leve. Quando o vício é grave (simulação, incapacidade absoluta, etc) ele gera nulidade, quando é leve (dolo, coação, estado de perigo, erro, incapacidade relativa etc) gera anulabilidade. Sendo o contrato nulo, o vício da nulidade pode ser arguido por qualquer interessado, pelo MP (se lhe couber intervir no feito) ou até mesmo de ofício pelo juiz. Se o vício for leve apenas os interessados é que poderão argui-lo, ou seja, não poderá o juiz de ofício reconhecê-lo. O vício leve pode ser convalidado (sanado), inclusive pelo decurso do prazo, enquanto o vício grave não pode ser convalidado. Sendo o vício grave, não existiria prazo para arguir a nulidade. Em contrapartida, se o vício for leve, existe um prazo de decadência para arguir a anulabilidade. O prazo decadencial é de 4 anos para se arguir a anulabilidade (a maioria é em 4 anos).
Com a invalidade do contrato (seja grave ou leve) ele se extingue após provado judicialmente. É um direito potestativo, que deve ser exercido dentro de um prazo.
A sentença que reconhece invalidade produz efeitos ex tunc ou ex nunc? A doutrina tradicional costumava distinguir os contratos nulos dos anuláveis. Se o contrato fosse anulável, a sentença seria ex nunc. Se o contrato fosse nulo, a sentença seria ex tunc. Esse entendimento foi sendo superado pela corrente da teoria crítica das nulidades. O entendimento dominante hoje é no sentido de que, seja o contrato nulo ou anulável, via de regra, a sentença que reconhecer invalidade vai produzir efeitos ex tunc, a não ser que não seja possível.
Existe uma discussão acerca da existência dos contratos inexistentes (por faltar um pressuposto fundamental para sua existência). Há uma corrente que entende que ao lado dos contratos nulos e anuláveis existem também os contratos inexistentes. Para a outra não existe essa categoria de contratos inexistentes. Mas de um modo geral ela é aceita.
Há também a extinção em virtude de uma condição resolutiva. A condição pode ser suspensiva e resolutiva. A condição suspensiva é um evento futuro e incerto que impede o negócio de produzir seus efeitos até que haja o seu implemento. A condição resolutiva faz cessar os efeitos do contrato, em decorrência de seu implemento. E, portanto, ela carrega a extinção do contrato. A condição resolutiva pode ser expressa ou tácita. Ela será expressa quando no contrato constar expressamente a previsão de um evento futuro e incerto que se se fizer presente ensejará a extinção da relação contratual. A condição resolutiva tácita, por sua vez, não está prevista expressamente, mas decorre da própria natureza do contrato (ex: descumprimento da prestação pela outra parte contratante). A condição resolutiva expressa se aplica de pleno direito (é automática), enquanto a condição resolutiva tácita depende de interpelação judicial.
- Extinção por fato superveniente
* Resilição -> é uma forma de extinção do contrato que decorre da manifestação de vontade.
Há a resilição unilateral e a resilição bilateral.
A resilição unilateral é aquela que decorre da vontade de uma das partes contratantes (uma só das partes resolveu pôr fim ao contrato, resilindo-o). Ela é admitida como exceção, em situações excepcionais (algumas espécies de contratos; o contrato de depósito e o mandato são exemplos). Mandato é um contrato celebrado entre mandante e mandatário, em que o mandante outorga poderes ao mandatário. Mandado é ordem judicial. Quando parte do mandante se diz que ele está revogando os poderes conferidos ao mandatário. Quando parte do mandatário se diz que ele está renunciando aos poderes.
Obs.: mesmo nas hipóteses em que a resilição é possível, há uma limitação imposta pelo legislador: quando uma das partes fizer investimentos para executar o contrato, a outra parte só vai poder resilir o contrato quando a primeira conseguir pelo menos cobrir os gastos efetivados para a execução dessa relação contratual.
A resilição bilateral também decorre da manifestação de vontade, porém da manifestação de vontade das duas partes envolvidas. Ela tem o nome de distrato. É um acordo de vontades entre as partes contratantes que visa a extinção da relação contratual. O distrato tem de revestir a mesma forma que é exigida para a celebração do contrato.
* Resolução -> difere da resilição. Não decorre da vontade. Pode decorrer do inadimplemento ou pode decorrer da chamada onerosidade excessiva.
* resolução em virtude de inadimplemento -> inadimplemento decorre do não cumprimento da prestação em virtude de sua impossibilidade culposa. Havendo esta resolução, o devedor vai ser condenado em perdas e danos.
* resolução por onerosidade excessiva -> está prevista no art.478 do CC e decorre da aplicação da teoria da imprevisão. O art.478 não admite apenas a revisão contratual, mas a extinção do contrato. Para isto ocorrer, o contrato deve ser de execução futura, isto é, diferida ou continuada. Tem de surgir um fato superveniente, extraordinárioe imprevisível (pode ser relativa - que diz respeito apenas às partes). Há de ter um desequilíbrio entre as partes contratantes, onerando demasiadamente em detrimento da outra. Se isso acontecer, PODE ocorrer a resolução por onerosidade excessiva. Se não for possível manter o contrato (mediante a revisão contratual), a opção é resolver o contrato.
Responsabilidade civil
Há muitas vezes fatos que geram repercussão na esfera penal, e outros que geram repercussão apenas no cível. Todavia, há fatos que geram repercussão tanto na esfera penal quanto na cível.
Penalmente não há crime de dano culposo, p/ex.
O homicídio, por seu turno, repercute na esfera penal e cível.
Círculos secantes são usados para representar a responsabilidade civil e penal. São os mesmos círculos secantes usados para representar direito e moral.
A relação entre direito penal e civil no art.935 do CC. Ele diz que a responsabilidade civil é independente da criminal, mas essa independência não é absoluta ("mas não se pode mais discutir no cível o fato e sua autoria que tenham se encontrado comprovados na esfera penal"). Se já há sentença penal condenatória transitada em julgado, é possível executá-la no cível (título executivo judicial). Isso ocorre porque o fato e sua autoria já estão comprovados. Vai ter de ocorrer a liquidação no cível para apurar o quantum (valor) da indenização.
Se a sentença penal for absolutória, vai depender do fundamento dessa sentença absolutória para ele conseguir a indenização no cível. Se ela for absolvida no âmbito penal porque chegou-se a conclusão que não existiu ou que existiu mas o autor foi outra pessoa, o fato e sua autoria não poderão ser mais discutidos no cível. Se ela for absolvida pela prescrição penal ou por falta de provas, o fato e sua autoria poderão ser discutidos no cível.
Art.200 do CC -> "Quando a ação se originar de fato que deva ser apurado no juízo criminal, não correrá a prescrição antes da respectiva sentença definitiva". Isso ocorre para não ensejar decisões contraditórias.
Responsabilidade contratual e extracontratual
A responsabilidade contratual é aquela que pressupõe a violação a um dever que surge no âmbito de uma relação jurídica pré-existente entre as partes. Isso significa que numa relação contratual já há uma relação jurídica entre as partes.
A responsabilidade extracontratual é aquela que existe independentemente de uma relação prévia entre as partes.
Alguns doutrinadores reclamam dessas nomenclaturas, porque muitas vezes há uma relação prévia que não nasceu de um contrato. Por isso eles preferem falar em responsabilidade negocial e responsabilidade extranegocial. Assim, não havendo relação prévia, responsabilidade não negocial.
Todavia, na prática prevalece as nomenclaturas de responsabilidade contratual e extracontratual.
Do ponto de vista prático há diferença em se utilizar essas nomenclaturas.
Para caracterizar a responsabilidade extracontratual, há um requisito indispensável: o dano. Além disso, a vítima que quiser ser ressarcida do dano tem de provar o dano e demonstrar a extensão dele, caso contrário não será indenizada.
No campo da responsabilidade contratual, há a possibilidade de se ajustar uma cláusula penal (pode ser moratória ou compensatória). A cláusula penal compensatória tem o objetivo de pré-fixar as perdas e danos. Para o credor exigir a cláusula penal ele tem de demonstrar o prejuízo? NÃO, o devedor incide na cláusula penal de pleno direito.
Os juros são devidos a partir de que momento? Se a responsabilidade for extracontratual, desde a prática do ato ilícito (pois desde o ato ilícito considera-se o devedor em mora). Na responsabilidade contratual a data que os juros são devidos de acordo com a natureza da obrigação (na obrigação positiva pode-se ter o termo ou não, dependendo disso para saber se deve ou não haver interpelação judicial/na negativa é a partir do momento do ato).
Responsabilidade Extracontratual:
* subjetiva -> pressupõe a apuração de culpa; normalmente cabe a vítima (credor) provar a culpa (ônus da prova); excepcionalmente haverá uma culpa presumida. Na responsabilidade contratual, a regra é inversa. Nesta, o ônus da prova é, via de regra, do devedor. Excepcionalmente o ônus da prova é do credor (quando a obrigação gerada for de meio).
A responsabilidade extracontratual subjetiva está centrada na ideia de culpa. Aqui culpa é em sentido amplo, abrangendo dolo e culpa em sentido estrito.
Não basta que a conduta seja culposa, é necessário dano.
Além disso, é necessário nexo causal.
Ato ilícito -> nexo causal -> dano
Ato ilícito (art.186): ação ou omissão voluntária, negligente ou imprudente, que viola o direito e causa um dano.
Essa definição acaba pecando pelo excesso, pois ela coloca o dano como requisito do ato ilícito. Ele é requisito da responsabilidade extracontratual subjetiva. Há ilícitos que não geram dano.
Por isso é que podemos definir ato ilícito como ação ou omissão voluntária, negligente ou imprudente, violadora do direito.
Espécies de ilícito:
* indenizante -> aquele que gera dano; indenizante vem de dano.
* invalidante -> aquele que gera a invalidade de um negócio jurídico celebrado.
* caducificante -> aquele que gera a perda de um determinado direito, de uma determinada prerrogativa.
* funcional -> aquele que caracteriza o chamado abuso de direito. O abuso de direito está previsto no art.187 do CC. Ele diz o seguinte: "também caracteriza ato ilícito o exercício do direito que violar manifestamente os limites impostos pelos seus fins econômicos, sociais, pela boa-fé ou pelos bons costumes.
Quando alguém exerce um direito, evidentemente não se trata de ato ilícito. Porém, o exercício do direito pode se dar de forma ilícita.
Conduta voluntária -> conduta dolosa
Negligência e imprudência -> conduta culposa
A conduta dolosa é aquela intencionalmente dirigida à violação do ordenamento jurídico e normalmente a um dano. Já nasce ilícita.
A conduta culposa, ao contrário, é aquela que nasce lícita. Não é intencionalmente dirigida à violação do ordenamento jurídico, mas se torna ilícita em virtude da violação de um dever de cuidado. Existe um dever de cuidado que é o de não lesar o interesse alheio. A violação ao dever de cuidado pode se dar por imprudência (violação positiva de um dever de cuidado), negligência (violação negativa de um dever de cuidado) e imperícia (inobservância de um procedimento técnico).
A distinção entre dolo e culpa não é como no direito penal (crimes dolosos são apenados de maneira mais rigorosa; é observada a culpabilidade etc).
Quando alguém comete ato ilícito, surge o dever de indenizar. Será observada a culpabilidade do agente? NÃO. Via de regra, é a extensão do dano que conta para se mensurar a indenização.
Espécies de culpa
* culpa concorrente -> haverá culpa concorrente sempre que tanto o agente quanto a vítima tiverem contribuído para o evento danoso, ou seja, tanto o agente causador do dano quanto a vítima deste agiram culposamente. Está prevista no Código Civil. O que acontece nesse caso? A culpa da vítima afasta a culpa do agente? A culpa concorrente apenas reduz o valor da indenização, ou seja, a culpa concorrente não afasta a responsabilidade do agente. Tem de avaliar o grau de culpa da vítima para se mensurar a redução do valor da indenização.
* culpa exclusiva da vítima -> apenas a vítima agiu culposamente, o que significa que o agente causador do dano não tem responsabilidade alguma. Qual é a sua consequência? A culpa exclusiva da vítima afasta a própria responsabilidade do agente, sequer ele vai responder pelas consequências desse evento danoso.
* culpa presumida -> é aquela que pressupõe uma inversão do ônus da prova, ou seja, ao contrário do que acontece como regra geral, não é vítima que terá que provar a culpa do agente causador do dano, mas sim este, que poderá, se quiser, afastar a sua culpa.
* culpa contra a legalidade -> aquela que se caracteriza como tal única e exclusivamente pelo fato de ter havido uma infração aum dispositivo legal, independentemente, portanto, da análise das circunstâncias que envolvem o caso concreto. Hoje, todavia, tanto a doutrina quanto a jurisprudência não aceitam a tese da culpa contra a legalidade no âmbito civil.
* culpa grave -> aquela que pressupõe uma violação patente (evidente) ao dever de cuidado, uma violação que poderia ter sido evitada por qualquer pessoa, independentemente do grau de sua atenção.
* culpa leve -> aquela que pressupõe uma violação ao dever de cuidado, que poderia também ter sido evitada por uma pessoa de atenção mediana, ou seja, por uma pessoa de diligência ordinária (diligência quer dizer cuidado)
* culpa levíssima -> aquela que também pressupõe uma violação a um dever de cuidado, porém se trata de uma violação a um dever de cuidado que só poderia ter sido evitada por uma pessoa de atenção ou diligência extraordinária (pessoa acima da média, extremamente astuta, muito atenta).
Toda vez que alguém praticar ato ilícito (doloso ou culposo) e causar dano, surgirá o dever de indenizar. A indenização é a consequência do ato ilícito danoso. Essa indenização será fixada levando em conta a extensão do dano, e não a culpabilidade do agente (esta que se dá no âmbito do direito penal com relação às penas). Para a indenização, pouco importa a análise do comportamento do agente, se ele agiu com dolo ou culpa. Indenizar significar voltar ao estado anterior ao dano. Via de regra a distinção entre culpa grave, leve e levíssima não é levada em consideração. Há situações, todavia, que fogem dessa regra.
P/ex, sempre que houver uma excessiva desproporção entre o dano e a culpa do agente, o juiz poderá reduzir o valor da indenização.
Dano -> na responsabilidade extracontratual é elemento fundamental, enquanto na contratual há a possibilidade de responsabilidade sem dano.
Dano significa lesão a um bem jurídico.
Há vários tipos de dano, uma vez que há muitos bens jurídicos.
Bem -> tudo que é útil ao ser humano.
Bem jurídico -> aquilo que é útil para o ser humano e é tutelado pelo ordenamento jurídico.
Se houver lesão ao bem jurídico, ocorre o dano. Nem todos bens jurídicos são suscetíveis de avaliação econômica.
Espécies de dano
* dano material -> aquele que ofende um bem jurídico suscetível de avaliação econômica, ou seja, um bem jurídico que compõe o patrimônio.
* dano moral -> aquele que ofende um bem jurídico extrapatrimonial (lesão à honra, imagem, nome, etc), que não é suscetível de avaliação econômica. O dano moral ofende os direitos de personalidade (aqueles que buscam tutelar atributos essenciais à pessoa humana, como a vida, honra, integridade).
Havendo dano material advindo de ato ilícito -> surge o dever de indenizar
Havendo dano moral advindo de ato ilícito -> tecnicamente não cabe falar em indenização, mas sim em compensação
Indenização x compensação
Indenização -> indenizar é tornar indene, ou seja, voltar ao estado anterior ao dano. Volta-se ao estado anterior recompondo o patrimônio (vez que houve desfalque patrimonial). Toda vez que se falar em dano material vai caber indenização, mas para alguém pleitear a indenização, a vítima tem o ônus de provar a extensão do dano por ela sofrido, além, é claro, do dano, do ato ilícito e do nexo causal. A indenização (art.944) mede-se pela extensão do dano. A indenização, salvo disposição legal em contrário, vai abranger além do que efetivamente a vítima perder (danos emergentes) o que razoavelmente ela deixar de lucrar (lucros cessantes). Isto é, a indenização abrange os danos emergentes e os lucros cessantes. Provar o dano emergente não é tão complicado, mas como que eu vou provar o montante que eu deixei de ganhar? Às vezes é fácil, mas nem sempre. Por isso o legislador diz "razoavelmente", que significa que tem de se levar em conta a regra, a média ("quanto o taxista ganha por dia, em média?").
Compensação -> compensar o dano moral para amenizar as consequências advindas desse dano (já que é impossível voltar ao estado anterior). O dano moral não ofende o patrimônio, por isso não há como a vítima quantificar o dano por ela sofrido. Como o juiz vai estabelecer o valor da compensação? O desafio não é só estabelecer o valor, mas verificar se há de fato dano moral. É um bem intangível, imperceptível aos sentidos. O instrumento que se usa para aferir se há dano moral ou não é a jurisprudência. E para estabelecer o valor da compensação? A doutrina e a jurisprudência lançam mão de alguns critérios. Há um critério segundo o qual a compensação deve ser fixada levando em conta a condição socioeconômica das partes. Outro critério usado defende a necessidade de se levar em conta também a gravidade da conduta (a culpabilidade vai ser levada em conta para fixar a compensação). Há ainda um terceiro critério segundo o qual o valor da compensação deve ser suficiente para punir o agente e, portanto, desestimular novas práticas delitivas, mas, ao mesmo tempo, não pode ensejar um enriquecimento ilícito.
Teoria do dano punitivo (veio dos EUA) -> o principal objetivo da compensação é desestimular futuros atos ilícitos, como punição ao agente; não é aceita no Brasil como lá. Pode gerar um efeito perverso, pode fomentar a indústria do dano moral, para enriquecimento ilícito.
Na prática leva-se em conta a posição dos tribunais quanto ao montante das compensações, para não haver decisão discrepante.
No caso de dano moral, além da compensação, às vezes temos outras consequências previstas no ordenamento. O legislador tem uma preocupação muito grande no sentido de viabilizar uma tutela inibitória. Tutela inibitória é aquela que tem como objetivo evitar, impedir que o dano se consume. Existe também o juízo de retratação, usado para que o autor possa se retratar publicamente da ofensa praticada em relação à vítima. Uma coisa não exclui a outra.
Pensão alimentícia -> outra consequência advinda do dano (além da indenização e da compensação). Em determinadas situações, o nosso ordenamento prevê a possibilidade da pensão alimentícia. Esta pode ser devida em 2 situações: em caso de homicídio e em caso de ofensa à integridade física que importe em redução ou supressão da capacidade laborativa.
No caso do homicídio -> sujeito foi vítima de um homicídio. Neste caso, haverá por parte do autor do homicídio o dever de indenizar. Além de eventuais danos materiais, a prestação alimentícia, destinada àquelas pessoas que dependiam economicamente da vítima. Em algumas situações há uma presunção de dependência econômica (filhos menores, incapazes, presumidamente dependem dos pais. Neste caso, não há a necessidade de produção de provas para provar sua dependência econômica).
Noutros casos a dependência econômica tem de ser provada.
Por quanto tempo os alimentos serão devidos? Serão devidos levando em conta a duração provável da vida da vítima.
Qual é o valor desses alimentos? Será fixado de acordo com a renda da vítima enquanto vivia. Desta renda, é deduzido 1/3, entendidos como utilizados para sua própria subsistência, de acordo com a doutrina dominante. Isto é, serão 2/3 da renda da vítima.
No direito de família, diferentemente, os alimentos serão fixados de acordo com a possibilidade de quem paga e a necessidade de quem recebe.
Se o autor do homicídio não pagar, cabe prisão? NÃO. O devedor de alimentos pode ser preso pelo não pagamento da pensão alimentícia, no contexto familiar. Todavia, entende-se que não cabe a prisão pelo não pagamento de alimentos fixados decorrentes da prática de atos ilícitos.
Mecanismos para assegurar o pagamento da pensão:
* constituição de um capital para assegurar o pagamento da pensão alimentícia (uma parte do patrimônio do homicida é destacado para formação de um capital para assegurar o pagamento da pensão alimentícia)
* caso o responsável pelo homicídio seja uma pessoa jurídica que tenha boa capacidade econômica é a inclusão dos alimentandos na folha de pagamento da P.J.
No caso de ofensa à integridade física que implica redução ou supressão da capacidade laborativa-> p/ex, o sujeito foi atropelado e ficou paralítico, não podendo mais exercer seu mister. Neste caso houve a supressão da força de trabalho. Pode haver também a redução da força de trabalho. Nos dois casos, também podem ser fixados alimentos, mas com uma diferença. Os alimentos serão devidos à própria vítima, e não às pessoas que dependiam dela.
Os alimentos serão fixados levando em conta a proporção da supressão ou redução da força de trabalho.
Quando há redução ou supressão da força de trabalho, o Código Civil estabelece uma regra que possibilita à vítima exigir antecipadamente o valor total devido em virtude desses alimentos
Perda de uma chance -> nasceu a partir de uma teoria surgida no direito francês e que de lá se estendeu para vários ordenamentos jurídicos. Tem por objetivo exatamente indenizar a vítima por ter perdido uma chance real iminente de auferir uma vantagem econômica ou de evitar um dano. Ficou famosa no Brasil por conta de um problema que surgiu no jogo do milhão (Silvio Santos). Chegou até o STJ. Um cara chegou até a última pergunta, mas dentre as alternativas propostas não havia uma correta. O cara desistiu e ficou apenas com 500 mil. Depois que ele viu que não havia resposta, ele entrou com uma ação, desejando o valor restante. O STJ deu uma decisão favorável a ele (1/4 de 500 = 125), reconhecendo que não havia certeza que ele acertaria a resposta correta, mas que ele perdeu a chance de acertar.
Ela também pode ser aplicada, como aludido acima, quando há uma perda de uma chance no sentido de evitar um determinado dano.
Nestes casos, é extremamente complicado estabelecer o valor da indenização, pois deve-se olhar a probabilidade de êxito no intento de auferir uma vantagem patrimonial ou de evitar um dano. Por isso, alguns doutrinadores defendem a tese de que a perda de uma chance enseja um dano moral, e não necessariamente material. Ou seja, eles defendem uma compensação em caso de perda de uma chance, principalmente em virtude dessa dificuldade de aferir, verificar a extensão do dano. Todavia, o entendimento dominante é que é indenização em caso de perda de uma chance, isto é, consideram que é dano material.
Nexo causal -> é o elo de ligação que deve existir entre o ato ilícito praticado e o dano sofrido pela vítima. Isso significa que o dano deve ser uma consequência direta, imediata do ato ilícito. Boa parte das vezes não é difícil de se estabelecer o nexo causal. Porém nem sempre a coisa é tão clara assim.
Para tentar resolver a questão, a doutrina lançou mão de algumas teorias.
Uma dessas teorias ficou conhecida como a equivalência dos antecedentes causais (teoria da conditio sine qua non). Considera como causa tudo que contribuiu para o evento danoso. Leva a exageros. De acordo com ela, toda circunstância que contribuiu para o evento danoso é causa dele.
Existe outra teoria: a teoria da causalidade adequada. Esta parte do pressuposto de que somente as circunstâncias que abstratamente consideradas forem reputadas adequadas para produzir o evento danoso é que devem ser consideradas causa deste. 
Há causas sucessivas quando uma causa agrava a outra, e é este agravamento que acaba causando o evento danoso.
Teoria do dano direto e imediato -> esta teoria parte do princípio de que somente é possível falar em nexo causal se o dano for uma consequência direta e imediata de um determinado evento. 
Concausas e causas sucessivas na apuração do nexo causal
Concausas: várias causas distintas e paralelas que acabam concorrendo para o evento danoso.
Causas sucessivas: quando nenhuma delas por si só seria suficiente para produzir o evento danoso, o qual decorre exatamente do somatório de fatores, ou seja, somatório de causas.
Qual das teorias acima foi adotada pelo nosso ordenamento jurídico?
A primeira teoria (conditio sine qua non) foi totalmente deixada de lado.
Há alguns doutrinadores que defendem a teoria do dano direto e imediato, que ela estaria no artigo 403 do CC. Por isso essa teoria tem muitos adeptos.
Todavia, há alguns doutrinadores que defendem a teoria da causalidade adequada. 
Na prática, as duas teorias são cabíveis, dependendo do caso concreto para melhor aplicação.
Exclusão do nexo causal -> para que haja responsabilidade é necessário dano, ato ilícito e o elo chamado de nexo causal.
Rompendo o nexo causal, afasta-se a responsabilidade.
Hipóteses de rompimento do nexo causal:
* caso fortuito
* força maior
* culpa exclusiva da vítima -> se dá quando somente a vítima é responsável pelo evento danoso, o qual, portanto, não pode ser imputado ao agente causador do dano.
* fato de terceiro -> ocorre sempre que o evento danoso decorrer diretamente de um comportamento adotado por um terceiro e não propriamente do agente do qual o dano decorreu aparentemente. Este fato de terceiro rompe também com o nexo causal. Todavia, é um muito importante distinguir fato de terceiro de estado de perigo (conhecido no Direito Penal como estado de necessidade). Está previsto no inciso II do art.188. O estado de perigo ocorre quando alguém, premido da necessidade de se salvar, acaba causando um dano a um bem ou lesando outra pessoa. Estado de perigo não configura ato ilícito, porém gera um dever de indenizar, desde que a vítima não tenha sido responsável pela situação de perigo. Vale lembrar que pode se agir regressivamente em face do autor da situação de perigo.
Há uma corrente na doutrina que entende que força maior é tudo aquilo que está relacionado à força da natureza. Em contrapartida, caso fortuito é tudo aquilo que está ligado à ação humana.
Há outra corrente doutrinária que entende que a diferença entre caso fortuito e força maior é distinta. Fortuito é tudo aquilo que está ligado ao acaso, ou seja, algo inesperado e cujas consequências são inevitáveis. Força maior, para essa teoria, é aquilo, que embora previsível, seja inevitável no que tange às suas consequências.
As duas rompem o nexo causal e a ilicitude da conduta.
Obs1: nas relações de consumo, aquelas regidas pelo CDC, há uma diferença do ponto de vista prático entre fortuito interno e fortuito externo. O fortuito interno é aquele ligado à própria atividade, ou seja, é um risco inerente à atividade. Por sua vez, o fortuito externo é aquele que não faz parte da atividade, ou seja, não é um risco inerente à atividade desempenhada. Apenas o fortuito externo exime o fornecedor de responsabilidade. O fortuito interno não rompe o nexo causal, portanto não exime o fornecedor de responsabilidade.
Obs2: o caso fortuito e a força maior rompem o nexo causal tanto na responsabilidade contratual como na extracontratual. Todavia, diz o art.393 que o devedor não responde por prejuízos decorrentes de caso fortuito ou força maior, salvo se expressamente tiver se responsabilizado. Este tipo de cláusula é completamente possível de acordo com o CC. No CDC isso é mais complicado, pois estão previstas as cláusulas abusivas, e dentre estas, que são consideradas nulas, estão as cláusulas que suprimem direitos e garantias decorrentes do próprio negócio.
Responsabilidade Objetiva
- É necessário o dano (responsabilidade extracontratual) que deve estar ligado a uma conduta que não precisa ser ilícita.
- É necessário o nexo causal, o dano tem de ser consequência da conduta.
- O fundamento dessa responsabilidade é o risco.
- Se for criada uma situação de risco por meio de alguma atividade exercida, e esse risco se concretizar, tornando-se dano, cria-se a responsabilidade objetiva, que é completamente independente de culpa.
Risco criado -> cria-se uma situação de risco, portanto deve-se arcar com as consequências
Risco proveito -> a ideia não é quem criou a situação de risco, mas quem está usufruindo dos bônus daí advindos. Mesmo que não tenha criado o risco terá responsabilidade.
O legislador adota a teoria do risco criado (eu criei a situação de risco, eu vou arcar com as consequências daí advindas).
Só terá responsabilidade aquele que desempenha uma atividade que implica risco paraos direitos de terceiros.
Risco integral -> foi adotado pelo nosso CC em caráter excepcional. Há situações em que a responsabilidade objetiva não é afastada (força maior, caso fortuito e fato de terceiro). Nestas situações a responsabilidade está pautada no risco integral. Acidente de trabalho é um exemplo claro. Seguro DPVAT idem.
Responsabilidade do Estado por danos causados aos cidadãos -> responsabilidade objetiva - art.37 parágrafo 6° da CF
- O mesmo serve para as pessoas jurídicas de direito privado prestadoras de serviços públicos.
- não exclui a possibilidade de agir regressivamente contra o funcionário causador do dano, mas nesse caso é preciso provar o dolo ou a culpa.
A responsabilidade objetiva do Estado está pautada no risco integral? A resposta é não. Via de regra a responsabilidade do Estado não está pautada no risco integral, desde que fique provado força maior, caso fortuito, fato de terceiro, culpa exclusiva da vítima etc.
Via de regra esta responsabilidade está pautada no risco administrativo.
Responsabilidade do Estado em caso de omissão -> no caso de omissão, a responsabilidade é objetiva (existe independentemente de culpa)? Do ponto de vista jurídico, sim. Porém, a questão não é vista apenas do ponto de vista jurídico. Ela tem uma grande importância no ponto de vista político. O entendimento que vem prevalecendo é que, em caso de omissão, a responsabilidade do Estado pressupõe a demonstração de culpa. Trata-se de uma construção jurisprudencial e doutrinária, o legislador não distinguiu.
Responsabilidade objetiva no CDC (1990)
O CDC reconhece a responsabilidade objetiva como regra geral. Isso significa que o CDC também consagra a responsabilidade subjetiva, mas esta é exceção.
Nos CDC há duas hipóteses em que inegavelmente a responsabilidade será objetiva:
1) responsabilidade por vício do produto ou serviço -> vício que é intrínseco, que não extrapola o produto ou serviço. Este vício normalmente está ligado ao mau funcionamento do produto ou serviço. É vício de qualidade ou quantidade. A responsabilidade, além de objetiva, é solidária para quem participou do fornecimento do produto ou serviço.
2) responsabilidade por fato do produto ou serviço -> vício que vai além do produto ou serviço e que por isso causa um dano à própria pessoa do consumidor. Pode-se falar em acidente de consumo. Neste caso não é simplesmente substituir o bem por outro ou pedir o dinheiro de volta, mas sim pedir uma indenização em virtude desse acidente de consumo. O prazo para pleitear indenização é de 5 anos. Não é preciso comprovar culpa, pois a responsabilidade é objetiva. Em primeiro lugar, deve ser acionado o fabricante, o construtor, o importador, ou seja, não é o fornecedor de quem eu adquiri diretamente, mas quem construiu ou importou o produto. O fornecedor só pode ser acionado se o fabricante não puder ser identificado ou se se tratar de produto in natura. Não se baseia em risco integral. A responsabilidade do comerciante é subsidiária.
Responsabilidade objetiva no CC
A responsabilidade objetiva é exceção no CC/02. A responsabilidade subjetiva é a regra.
A responsabilidade objetiva está prevista no parágrafo único do art.927. O caput deste artigo estabelece a regra geral (responsabilidade subjetiva).
Haverá a responsabilidade independentemente de culpa nos casos especificados em lei ou quando a atividade normalmente desenvolvida implicar riscos para os direitos de outrem.
Cláusula geral -> não diz em quais situações específicas; a cláusula geral é um conceito indeterminado, mais amplo, dando ao intérprete maior maleabilidade na interpretação. Está prevista nas atividades que implicarem risco.
Atividade -> é algo feito com habitualidade, com profissionalismo.
Implicar riscos -> criar, gerar risco para os direitos de outrem
Os doutrinadores e a jurisprudência vêm entendendo que se deve analisar o contexto no qual a atividade vem sendo desenvolvida. Tem de ver se a atividade, dentro de um determinado contexto histórico, extrapola ou não o que é razoável para as várias atividades.
Do ponto de vista prático essa cláusula geral não tem muita importância, pois na grande maioria das vezes incide o CDC.
Vem sendo discutida também a questão da socialização do risco. Quando a situação de risco beneficiar a todos, os ônus devem recair sobre todos.
O CC/02 estabelece regras que preveem situações específicas. Uma das regras é a que fala de responsabilidade objetiva em caso de estado de perigo, que corresponde ao chamado estado de necessidade do direito penal. O estado de perigo está previsto no art. 188, II. É a conduta de alguém que, para remover uma situação de perigo, acaba lesionando bem de outrem ou outra pessoa. Esse estado de perigo não constitui ato ilícito, mas mesmo assim há o dever de indenizar, pois a vítima não criou a situação de perigo. Poderá agir regressivamente contra quem criou a situação de perigo (poderá, pois se vai conseguir é outra história).
A responsabilidade por ato de outrem -> está prevista no artigo 932. Alguém só vai responder por ato de outrem se houver uma ligação entre elas que justifique essa responsabilidade. O art. 932 prevê em 5 incisos as hipóteses de responsabilidade por ato de outrem:
I -> os pais respondem por atos praticados pelos filhos menores (de 18 anos) que estão sob sua responsabilidade ("poder familiar") e em sua companhia (não significa estar na presença dos pais, mas sim estar de fato sob a responsabilidade do pai/mãe)
II -> do tutor por atos praticados pelo tutelado e do curador por atos praticados pelo curatelado
III -> do empregador por ato praticado pelo empregado preposto ou serviçal no exercício da função ou em função dela (empregador e empregado aqui é em sentido amplo). Pode agir regressivamente sobre o empregado, devendo demonstrar dolo ou culpa dele.
IV -> dos hotéis por atos praticados pelos hóspedes, das escolas por atos praticados pelos alunos. Podem agir regressivamente sobre quem praticou o dano.
V -> dos que foram beneficiados com produto gratuito do crime.
A responsabilidade, além de objetiva, é solidária, via de regra. Isso significa que a vítima pode acionar tanto quem causou o dano como quem tem responsabilidade sobre isso. Quanto ao incapaz, a sua responsabilidade é subsidiária, e não solidária.
A responsabilidade por fato proveniente de uma coisa
ex: quando meu cachorro morde alguém, eu respondo pelos danos advindos da conduta dele.
Entendia-se antes do CC/02 que era responsabilidade subjetiva, baseando-se na culpa presumida. Era chamada de culpa in custodiendo, o entendimento que predominava era no sentido de o dono tinha de fazer a custódia da coisa. Atualmente, estamos no terreno da responsabilidade objetiva, que significa que não há necessidade de se indagar sobre o elemento culpa.
3 hipóteses previstas expressamente no CC:
1) responsabilidade por dano advindo de animal -> o dono e/ou o detentor do animal responderá pelo dano causado. Pode-se acionar um ou outro. Embora objetiva, não está pautada no risco integral, tanto é verdade que está prevista a possibilidade de se afastar essa responsabilidade, provando culpa exclusiva da vítima ou alguma hipótese de força maior. Como regra especial, ela afasta a regra geral de fato de terceiro, mas é perfeitamente possível agir regressivamente contra quem criou a situação.
2) responsabilidade pela ruína de prédio ou construção -> Ruína aqui abrange a destruição total e a destruição parcial de um imóvel. Prédio aqui significa imóvel, podendo ser, portanto, uma casa. A responsabilidade é apenas por parte do dono, isto é, o locatário, por exemplo, não responde. Se for um dano a um próprio morador, quem responde é a construtora, de acordo com o CDC.
"Art. 937. O dono de edifício ou construção responde pelos danos que resultarem de sua ruína, se esta provier de falta de reparos, cuja necessidade fosse manifesta."
Parece que ele está inserindo na responsabilidade subjetiva. Na doutrina, todavia, o entendimento dominante é no sentido

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