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Dandara Resenha Introdução ao método da teoria social José Paulo Netto Professor titular do Departamento de Métodos e Técnicas da Escola de Serviço Social da UFRJ. José Paulo Netto, 69 anos, doutor em Serviço Social é considerado figura central na percepção de Gyorgy Lukács no Brasil, divulgador incansável do marxismo é autor de várias obras dentre as quais vamos trabalhar o artigo “Introdução ao método da teoria social”. Começamos analisando os equívocos que desfiguram o pensamento marxiano: O primeiro é o equívoco de pensar e afirmar que a aplicação do método de Marx solucionaria todos os problemas, que uma análise econômica forneceria a explicação do sistema político, das formas culturais etc. Concordamos que o método de Marx é mais um guia do que um manual pronto para ser seguido, pois propõe aprender a dinâmica real do objeto para achar soluções como nos diz Engels É necessário estudar novamente toda a história- e estudar, em suas minúcias as condições de vida das diversas formações sociais- antes de fazer derivar delas as ideias políticas, estéticas, religiosas [...] etc. que lhes correspondem (MARX; ENGELS, 1963, p. 283; itálicos não originais) O segundo equívoco seria a percepção reducionista ou monocausalista, que diz que o fator econômico seria o determinante dos fatores social e cultural, quando na verdade isso não é possível vindo de Marx que trabalha com a categoria da totalidade, e que entende todo esse processo como materialista, dialético e histórico. O terceiro equívoco é o chamado determinismo evolucionista, que seria uma dinâmica histórica cujo o fim já é previsto (o socialismo), que naturalmente passaríamos do capitalismo para o socialismo. O que nós juntamente com Netto discordamos, pois para que isso aconteça é necessário um despertar, uma união do proletariado de todo o mundo para modificar a base de produção, redefinir o poder político e assim construir uma nova forma de sociabilidade. O método de Marx: uma longa elaboração teórica Percebemos que o método de Marx resulta de uma demorada investigação, sendo mais precisos, digamos que demandou mais de quinze anos para que Marx formulasse com precisão os elementos centrais do seu método, o que para nós não é nenhuma surpresa já que precisamos dominar bem as técnicas, conhecer o objeto de pesquisa em sua essência. Teoria, método e pesquisa Netto esclarece que a teoria para Marx não se reduz ao exame das formas dadas de um objeto, significa o movimento real do objeto transposto para o cérebro do pesquisador- é o real reproduzido e interpretado no plano ideal (do pensamento); o objeto da pesquisa (no caso a sociedade burguesa) tem existência objetiva, não depende do sujeito, do pesquisador, para existir. O objetivo do pesquisador é apreender a essência (estrutura e a dinâmica) do objeto. Essa concepção de teoria só se torna possível quando o sujeito vai além da aparência do objeto. No entanto, acreditamos que alguns pesquisadores deixem a desejar no quesito conhecer a essência do objeto, pois muitas vezes ficam acomodados a conhecer somente o aparente, o superficial do objeto estudado. O papel do sujeito que pesquisa é essencialmente ativo: para apreender o objeto como um processo, o sujeito deve ser capaz de mobilizar o máximo de conhecimentos, criticá-los, revisá-los e deve ser dotado de imaginação e criatividade. Na investigação, o sujeito “tem de apoderar-se da matéria, em seus pormenores, de analisar suas diferentes formas de desenvolvimento e de perquirir a conexão que há entre elas” (MARX, 1968, p. 16). Os instrumentos ou técnicas de pesquisa são os meios de que se vale o pesquisador para “apoderar-se da matéria”. Somente quando o pesquisador conclui a sua investigação (que é provisória, sujeita à aprovação, retificação, abandono etc.) que ele expõe os resultados a que chegou. Na investigação, o pesquisador parte de perguntas, questões: na exposição ele já parte dos resultados que obteve na investigação.
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