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Direito das Obrigações
 Resumo
1. Adimplemento e extinção das obrigações: 
 Normalmente, dado o adimplemento da obrigação, esta se extinguirá. Contudo, há situações em que o adimplemento não necessariamente gera a extinção, e vice-e-versa. 
O credor tem o direito de exigir do devedor o cumprimento da prestação, enquanto este tem o dever de prestar. Tal dever gera automaticamente a satisfação objetiva do credor e a liberação do devedor. O devedor se libera pelo cumprimento da obrigação quando efetua a prestação de forma devida, ou seja, no tempo e no lugar convencionados, de modo completo e pela forma adequada. Mas caso a prestação, mesmo de forma atrasada, se realize de modo a satisfazer o credor, terá de mesmo modo havido o cumprimento da mesma, podendo o credor, nesse caso, pedir por uma indenização dos danos causados pela mora. 
2. Pagamento 
O pagamento é um ato-fato jurídico, portanto não será avaliado no plano da validade. Se, por exemplo, um sujeito for coagido a pagar o que deve, tal pagamento não pode ser considerado inválido por ser fruto de uma coação, não podendo o sujeito que o coagiu sofrer qualquer tipo de sanção obrigacional, somente em outras áreas. 
A pontualidade do pagamento é dado relevante para seu cumprimento. Não basta que se pague, é necessário que se observe tempo, lugar, etc. Não se fala em direito de pagar do devedor, pois isso geraria um dever ao credor de aceitar o pagamento; o certo a se afirmar é que o devedor tem o direito de se livrar de sua obrigação. Além disso, é dever das partes agirem de boa-fé para o cumprimento do pagamento. Um fazendeiro, por exemplo, que se obrigou a entregar 50 vacas daqui a um mês para alguém, não pode ser displicente e entregar as vacas de qualquer jeito, ele deve cuidar delas durante esse mês para que sejam entregues em bom estado. 
O pagamento significa o cumprimento ou adimplemento da obrigação, e não está atrelado apenas à solução em dinheiro de alguma dívida, mas sim à execução de qualquer espécie de obrigação. 
A extinção da obrigação pode se dar tanto por modo normal, que é o pagamento, direto ou indireto, quanto por meios anormais, como por exemplo sem o pagamento, nos casos de impossibilidade de execução sem culpa do devedor (serão tratadas mais à frente). 
3. De quem deve pagar
Tem-se nessa categoria o devedor (único que é parte da relação obrigacional e sofrerá seus efeitos), o terceiro interessado (embora não seja parte, pode vir a sofrer com os efeitos da relação obrigacional) e o terceiro não interessado (esse não é parte nem sofrerá efeitos da relação obrigacional). 
De acordo com o art. 304, pode-se inferir que qualquer interessado juridicamente (que esteja vinculado ao contrato, como um fiador, avalista, solidariamente obrigado, herdeiro e etc e possa ter seu patrimônio afetado caso não ocorra o pagamento) na extinção da dívida pode pagá-la. A única exceção a esse artigo, é quando finda-se uma obrigação intuitu personae, ou seja, em razão das condições ou qualidades pessoais do devedor. Nesse caso, somente o devedor pode cumprir a obrigação, e o credor não é obrigado a aceitar que nenhum outro sujeito a cumpra. 
 
O principal interessado na solução da dívida é o devedor, e compete a este o dever de pagá-la. Contudo, a ele são equiparados todos os sujeitos que se encontram interessados juridicamente no pagamento da dívida, assegurando-lhe igual direito de pagá-la e gerando-lhes a sub-rogação dos direitos do credor. Ou seja, o terceiro interessado que paga uma dívida ocupa a posição do credor, e herda todos os seus direitos, privilégios, ações e garantias contra o devedor. Já um terceiro não interessado que venha a pagar a dívida em seu próprio nome, não sub-roga-se à posição de credor, mas pode pedir reembolso do que pagou, caso o faça em seu próprio nome - obs.: se pagar antes do vencimento da dívida, só poderá ser reembolsado quando esta vencer. A sub-rogação e o reembolso diferem-se pois, enquanto a primeira conserva a obrigação inicial e apenas transfere o título de credor àquele terceiro que a cumpriu, o segundo gera uma nova obrigação envolvendo o sujeito que pagou a obrigação original e o devedor da mesma. 
A dívida também pode ser paga por um terceiro não interessado; são aqueles que não possuem interesse jurídico na solução da dívida mas possuem algum tipo de interesse, como moral, por exemplo, no caso de um pai que pague a dívida de seu filho. Caso o credor se recuse a receber o pagamento, pode o terceiro fazê-lo em forma de consignação, em nome e à conta do devedor. Se o devedor não quiser que o terceiro não interessado pague sua dívida, o credor pode usar isso como argumento para não aceitar o pagamento, mas esse fato não anula o direito do credor de receber o pagamento do terceiro, mesmo que seja contra a vontade do devedor. Ou seja, a oposição do devedor não vale como proibição, mas retira a legitimidade do terceiro para consignar, somente caso o credor também não queira receber o pagamento de um terceiro. 
Caso o devedor tivesse meios para ilidir totalmente sua dívida com o credor, e um terceiro a paga sem consultá-lo ou após ele dizer não, ele não será obrigado a reembolsar o terceiro. Se tivesse meios para ilidir parcialmente a dívida e o terceiro tiver pago ela por inteiro, só será obrigado a reembolsar a parte que não iria ilidir. 
Sobre o art. 307, fala-se em pagamento da dívida através de transmissão de propriedade. Nem sempre a dívida precisa ser paga em dinheiro; é possível que se faça a entrega de um objeto, caso seja acordado entre devedor e credor. Contudo, aquele que entrega o objeto deve ser dono do mesmo, ou seja, capaz de aliená-lo. Caso o devedor entregue ao credor um objeto fungível que não era dele, não tendo o credor conhecimento de que o objeto não era do devedor, não ficará obrigado a restituir, cabendo ao verdadeiro dono do objeto cobrar de quem o alienou indevidamente, não do credor. Ou seja, se a coisa entregue for fungível e o credor consumí-la de boa-fé, ficará isento de culpa. 
4. A quem se deve pagar
A prestação deve ser feita ao credor ou a quem o represente. Contudo, credor não é somente aquele em cujo favor se constitui originariamente o crédito, pois também pode ser o herdeiro, na proporção de sua quota hereditária, o legatário, o cessionário e o sub-rogado nos direitos creditórios. Portanto, fica legitimado a receber o pagamento qualquer um que possa substituir o credor na titularidade do direito de crédito, devendo a prestação ser efetuada a quem for o credor na data do cumprimento. 
Credor representante: pode ser legal, judicial ou convencional. Legal é aquele que decorre da lei (pais, tutores, etc.), judicial é o nomeado pelo juiz (inventariante, sindico da falência, etc.) e convencional é o que recebe mandato outorgado pelo credor, com poderes especiais para receber e dar quitação. No caso das duas primeiras, a prestação só poderá ser entregue ao representante, enquanto na terceira opção poderá o devedor mesmo assim entregar ao credor originário. 
É válido o pagamento feito a terceiro se for ratificado pelo credor ou se o pagamento reverter em seu proveito. Tal proveito pode ser direto (se, por exemplo, o terceiro depositar o pagamento na conta do credor) ou indireto (se, por exemplo, o marido separado de sua mulher paga a pensão diretamente ao seu filho e não a ela, e este usa o dinheiro para pagar sua mensalidade escolar, não terá a mãe direito de pedir para que o pai pague novamente). 
Credor putativo: é aquele que se apresenta aos olhos de todos como o verdadeiro credor. Ou seja, aparenta ser credor mas não é. Se, por exemplo, há inicialmente um único herdeiro conhecido de uma pessoa que veio a falecer, e é pago a ele, de boa-fé, o crédito do falecido, se posteriormente for descoberto que na verdade havia um outro herdeiro a quem deveria se pagar, mesmo assim permanecerá válido o primeiro pagamento. A boa-fé e a escusabilidade do erro que provocou o pagamento, portanto, são critérios que decidirão se oato que a princípio seria nulo será válido. Ao verdadeiro credor resta se voltar ao credor putativo para cobrar o que lhe era de direito. 
Se o pagamento for feito a credor incapaz, só será válido caso o devedor não soubesse da incapacidade daquele ou se provar que o pagamento foi revertido em proveito do credor. 
Há a hipótese em que, mesmo sendo feito ao verdadeiro credor, o pagamento não valerá. Isso ocorre quando este possui uma penhora que recai sobre seu crédito, ficando o devedor obrigado a depositar em juízo o valor devido e não a pagá-lo diretamente ao credor. Se o fizer, portanto, poderão os terceiros que se beneficiariam da penhora do crédito exigir novo pagamento do devedor. 
5. Lugar do pagamento
A obrigação, em regra, é quesível, devendo o pagamento ser feito no domicílio do devedor. Contudo, há a chamada obrigação portável, que consiste no pagamento feito no domicílio do credor. Tal distinção é importante para que se saiba a quem caberá o ônus de ir até o local efetuar o pagamento, para que assim se saiba a quem caberá a inadimplência. 
Havendo dois o mais lugares para se pagar, quem decidirá é o credor. Este deverá avisar ao devedor em tempo hábil sobre sua escolha, sob pena de o pagamento vir a ser validamente efetuado pelo devedor em qualquer dos lugares, à sua escolha. 
Se ocorrer algum motivo grave que leve o devedor a não aparecer no local marcado, não haverá inadimplemento deste, ficando apenas responsável por bancar qualquer prejuízo que isso possa trazer ao credor. 
Quando o pagamento é reiterado em local diverso do combinado (sendo o conceito de reiteração baseado na proporção entre os pagamentos feitos em tal local e a quantidade total de pagamentos e na continuidade desses pagamentos, não podendo haver alternância), ocorre o supressio e surrectio – expectativa criada que dá o direito aos sujeitos de inferirem que o pagamento ocorrerá sempre nesse mesmo lugar. 
Se a obrigação tiver por objeto a entrega de um imóvel ou prestações relativas a imóvel, a prestação efetuar-se-á, por força da lei, no lugar onde o imóvel se situa. 
6. Objeto do pagamento
O objeto do pagamento é a prestação da dívida, e esta é a única que tem poder liberatório do devedor. Não ficará o devedor, portanto, obrigado a entregar qualquer coisa distinta da que constitui o conteúdo da prestação e nem o credor obrigado a aceitar coisa diversa também, mesmo que mais valiosa. A substituição de uma coisa por outra só poderá ser feita mediante consentimento do credor. 
Sendo o objeto da obrigação complexo, abrangendo diversas prestações, o devedor só se libera depois de ter cumprido integralmente o débito. Além disso, deve a prestação ser cumprida por inteiro, não sendo o credor obrigado a receber pagamentos parciais, mesmo que a soma deles represente a integral satisfação do crédito. 
O pagamento em dinheiro implica dizer que deverá ser feito em moeda corrente e pelo valor nominal, ou seja, o valor da época em que se adquiriu a obrigação, não importando se houve desvalorização da moeda. Contudo, é possível a correção do valor do pagamento do preço quando, "por motivos imprevisíveis, sobrevier desproporção manifesta entre o valor da prestação devida e o do momento de sua execução." (art. 317). 
A cláusula de escala móvel prescreve que o valor da prestação deve variar segundo os índices de custo de vida. Será usada como critério de atualização monetária sob prévia estipulação contratual. Não se confunde com a teoria da imprevisão, que poderá ser aplicada pelo juiz quando fatos extraordinários e imprevisíveis tornarem excessivamente oneroso para um dos contratantes o cumprimento do contrato, e recomendarem sua revisão. 
As despesas com pagamento e quitação da dívida ficam a cargo do devedor, podendo esse livrar-se apenas de aumentos, nessas despesas, causados pelo credor. 
7. Prova do pagamento
A quitação é um direito do devedor, pois é a prova de que pagou sua dívida. Caso o credor se recuse a emitir a quitação ou não possa fazê-la no momento, pode o devedor recusar-se a efetuar o pagamento e fazê-lo através da consignação. Os requisitos que a quitação deve conter estão presentes no art. 320, contudo, seu parágrafo único relativiza tais requisitos, visto que valida a quitação desde que esta tenha os termos gerais claros, pois seria muito trabalhoso considerar nula a quitação que não seguisse à risca os requisitos impostos em lei. 
Existem três tipos de presunções de pagamento, que dispensam a quitação: quando a dívida é representada por título de crédito, que se encontra na posse do devedor; quando o pagamento é feito em quotas sucessivas, existindo quitação da última; quando há quitação do capital, sem reserva dos juros, que se presumem pagos. Na questão do título, a presunção é relativa, contudo, se o credor não provar dentro de 60 dias que o pagamento não foi efetuado, a presunção torna-se absoluta. Em relação ao pagamento em quotas sucessivas, parte-se da ideia de que não é comum que o credor aceite o pagamento da última prestação sem ter recebido as anteriores. Apesar dessa presunção ser estabelecida em benefício do devedor, admite prova em contrário que a anule. Quanto aos juros, estes presumem-se pagos se não houver ressalva visto que, logicamente, são pagos em primeiro lugar. 
8. Tempo do pagamento
Não pode o pagamento ser exigido antes de seu vencimento, salve disposição em lei. As obrigações puras, com estipulação de data para o pagamento, devem ser solvidas nessa ocasião, sob pena de inadimplemento, constituindo em mora o devedor que se atrasa. 
A regra de que a obrigação deve ser cumprida em seu vencimento sofre duas exceções: a primeira referente à antecipação do vencimento, nos casos expressos em lei e a segunda referente ao pagamento antecipado, que abrange situações presentes no art. 333 do CC. O pagamento antecipado ocorrerá: por conta da situação de insolvência ou pré-insolvência do devedor, que faz presumir que este não terá como arcar com sua dívida caso o credor aguarde até o termo final; em caso de os bens hipotecados do devedor serem penhorados em execução por outro credor, pois se fosse esperar sua dívida vencer, o primeiro credor poderia perder sua garantia de pagamento; ou em caso de diminuição/extinção de garantia pessoal, como por exemplo com a morte do fiador, ou de garantia real, como na hipótese de deterioração da coisa, onde obriga-se o devedor a providenciar o reforço em prazo razoável, se não sofrerá a antecipação do pagamento. 
Se não foi ajustada uma época para o pagamento, o credor pode exigi-lo imediatamente (faltando o termo, vigora o princípio da satisfação imediata). A mora do devedor só se iniciará depois de interpelação judicial ou extrajudicial. 
9. Imputação do pagamento
Há situações em que um mesmo devedor possui muitas dívidas de mesma natureza com o mesmo credor e o pagamento que faz não é suficiente para saldar todas elas, devendo escolher qual quitará primeiro. A imputação do pagamento consiste na determinação de qual dívida será quitada. 
Essa escolha só poderá referir-se a dívidas líquidas e vencidas. Havendo capital e juros, o pagamento se imputará primeiro nos juros, e, só depois de esgotados estes, recairá sobre o principal. 
Geralmente, quem tem o direito de fazer a imputação é o devedor, contudo, caso este não se pronuncie, poderá o credor no momento da quitação imputar a dívida que quiser. O devedor não é obrigado a aceitar a quitação, mas caso aceite, não poderá reclamar sobre a imputação, a menos que prove que o credor cometeu algum tipo de coação para obrigá-lo a aceitar. 
Se, por exemplo, o devedor possui 3 dívidas - uma de 50 reais, outra de 100 e outra de 200, e só se encontra em posse de 50 reais para efetuar o pagamento, ele só poderá pagar alguma das outras duas se o credor aceitar parcelar uma delas, caso contrário, ficará obrigado a imputar a dívida que ele pode pagar totalmente. 
Se nenhuma das partes indica qual débito deverá ser imputado, fica a critérioda lei decidir. 
Na imputação por vontade do devedor, este não pode obrigar o credor a imputar seu pagamento primeiro no capital e depois nos juros, quando estes estiverem vencidos. O credor tem direito de receber primeiro os juros e depois o capital, pois este produz rendimento e aqueles não. Não pode também imputar pagamento em dívida ainda não vencida, caso o prazo estabelecido tenha sido em benefício do credor. Mas caso o prazo seja em favor do devedor, o que normalmente ocorre, este poderá imputar o pagamento em dívida vincenda (que ainda virá a vencer). Se o devedor seguir todos os requisitos, o credor não pode recusar o pagamento oferecido, cabendo pagamento por consignação caso este o faça. 
Na imputação por virtude da lei, serão seguidos quatro critérios para decidir qual dívida será imputada: havendo capitais e juros, o pagamento será imputado primeiro nos juros vencidos; se houver dívidas vencidas e não vencidas, a imputação do pagamento se dará nas vencidas; se houver dívidas líquidas e ilíquidas, a preferencia será sobre as líquidas, seguindo a ordem de seu vencimento; se todas forem líquidas e vencidas ao mesmo tempo, vai se levar em consideração a dívida mais onerosa (aquela que, por exemplo, rende juros, ou a que tem juros mais altos, etc.)
10. Pagamento com sub-rogação
Há um objeto ou um sujeito jurídico que toma o lugar de outro diverso. Isso ocorre quando um terceiro paga a dívida do devedor, tomando o lugar do credor e herdando todos os seus direitos para com o devedor na mesma. Ou seja, o terceiro que paga toma o lugar do credor satisfeito e passa a ter direito de cobrar a dívida com todos os seus acessórios – garantias reais ou fidejussórias, elevada taxa de juros e afins.
O pagamento com sub-rogação é uma exceção à regra de que o pagamento extingue a obrigação. A extinção ocorre apenas em relação ao credor, que não poderá mais cobrar nada do devedor. 
Cessão de crédito x sub-rogação: na primeira, busca-se servir ao interesse da circulação de crédito, assegurando a sua disponibilidade como elemento negociável do patrimônio do credor. Já a segunda preocupa-se em proteger a situação do terceiro que, no seu interesse e forçado pelas circunstancias, paga uma dívida que não é sua. 
A sub-rogação legal é a que decorre da lei e independe de declaração do credor ou do devedor. Ocorre normalmente quando o terceiro tem um interesse direto na satisfação do crédito. Quanto a sub-rogação convencional, trata-se daquela que deriva da vontade das partes. A manifestação volitiva deve ser expressa. 
Caso o devedor tenha mais de um credor e um deles promover execução judicial de seu crédito, pode o devedor ficar sem meios para pagar aos demais. Nessas circunstâncias, pode um dos credores tomar a dívida para si, sub-rogando-se nos direitos do dono inicial da dívida, e aguardar a melhor oportunidade para cobrar seu crédito. Ou seja, tem interesse em pagar a dívida do devedor aquele credor que não possui garantias diante de outro que tenha direito de preferência, ou aquele que possui uma garantia mais fraca.
 A sub-rogação convencional pode ser consentida pelo credor sem intervenção do devedor, ou pelo devedor sem a necessidade de um concurso de credores para tal, mas sempre com a intervenção e concurso de um terceiro. Quando um terceiro interessado paga ao credor a dívida do devedor, ele já se sub-roga, automaticamente, nos direitos do credor, não sendo necessária uma transferência desses direitos feita pelo credor. No caso de terceiro não interessado, faz-se necessária a transferência expressa pelo credor e ainda exige-se que esta seja feita até o momento em que o credor recebe a prestação. Uma outra hipótese de sub-rogação convencional é quando um terceiro empresta ao devedor a quantia que ele deve para que este pague ao seu credor. Esta independe da vontade do credor e sub-roga os direitos do mesmo ao terceiro que emprestou. 
A sub-rogação produz dois efeitos - liberatório, já que libera o devedor ante o credor originário; translativo, por transmitir ao terceiro que satisfez o credor originário os direitos de crédito que este desfrutava, com todos os seus acessórios, ônus e encargos. Tais efeitos se aplicam aos dois tipos de sub-rogação, contudo, na convencional é possível que se limite os direitos do sub-rogado, visto que esta é contratual. 
Enquanto na sub-rogação legal o sub-rogado não pode cobrar do devedor a totalidade da dívida, mas só aquilo que houver desembolsado, na sub-rogação convencional pode ser acordado que o terceiro que pague apenas uma parte da dívida se sub-rogue integralmente, mesmo não tendo havido desembolso integral da importância necessária à satisfação do credor primitivo. No silêncio do contrato, essa sub-rogação não será total. 
No caso de pagamento parcial por terceiro, o crédito se dividirá; uma parte continuará com o credor primitivo (a parte não paga) e a outra parte ficará para o terceiro (a parte paga por este). Caso o devedor não tenha condições de pagar o restante da dívida e o que deve agora ao terceiro, terá preferência o credor originário. Em caso de insolvência do devedor, aquilo que for afeto ao pagamento do crédito global destina-se em primeiro lugar ao credor primitivo, restando somente o excedente, se houver, ao sub-rogado. 
11. Pagamento em consignação
Consiste em um pagamento feito mediante depósito judicial ou bancário, e não diretamente ao credor. 
O pagamento depende da concordância do credor, contudo, o devedor tem não apenas o dever de pagar, como também o direito. Por isso, quando o credor recusa-se, sem justa causa, a aceitar pagamento feito pelo devedor, pode este depositá-lo, a fim de se liberar da obrigação. 
Só pode ocorrer na forma e nos casos legais. Se não houver recusa do credor em receber, ou outra causa legal, não pode o devedor optar, sem um motivo justificável, pelo depósito da prestação devida. 
A consignação é permitida não só com dinheiro, mas também bens móveis ou imóveis. Contudo, somente as obrigações de dar permitem pagamento em consignação. Sendo uma obrigação de dar coisa certa que implica na entrega da coisa no mesmo lugar onde ela está, pode o devedor citar o credor para ir buscá-la ou mandar recebê-la, sob pena de esta ser depositada. Se for coisa incerta, o credor terá um tempo para escolher. Caso não o faça, perderá esse direito e quem escolherá será o devedor. Nesse caso, o credor tem um prazo para se manifestar acerca da escolha da coisa; caso não o faça, ficará o devedor livre da obrigação. Caso o faça, se o juiz julgar tal manifestação procedente, a coisa voltará para o devedor e este ficará encarregado dos custos do processo. Contudo, se o juiz julgar a manifestação improcedente, o credor deverá aceitar a coisa depositada e arcar com os custos do processo. 
Os fatos que autorizam a consignação estão presentes de maneira não taxativa no art. 335 do CC. Estes têm por fundamento a mora do credor e as circunstâncias inerentes à pessoa do credor que impedem o devedor de satisfazer sua intenção de exonerar-se do pagamento. O recibo de quitação, por exemplo, se trata de meio liberatório do devedor; portanto, caso o credor receba o pagamento mas recuse-se a dar tal recibo ao devedor, ou não possa fazê-lo, cabe o pagamento por consignação. Outro exemplo é quando a obrigação é quesível e o credor não vai até o devedor para receber sua dívida. Nesse caso, também autoriza-se a consignação. Outra hipótese que autoriza a consignação é caso o credor seja incapaz de receber, seja desconhecido, tenha sido declarado ausente, ou resida em lugar incerto/ de acesso perigoso ou difícil. O incapaz não deve receber o pagamento, devido a sua condição. Contudo, nesses casos existe o representante legal para receber por ele. Para que a consignação ocorra, a inexistência de um representante legal é pressuposta. O último caso de consignação se configura quando ocorre dúvida sobre quem deva legitimamente receber o objeto do pagamento. Se, por exemplo, dois credores mostram-se interessadosem receber o pagamento, havendo dúvida sobre quem tem direito a ele, deverá o devedor valer-se da consignação para não correr o risco de pagar mal, requerendo a citação de ambos. 
O levantamento do depósito ocorrerá quando o devedor arrepender-se da consignação feita. Se o credor ainda não foi citado, ou se citado não impugnou ainda a oferta, o devedor é livre para levantar o depósito. Este arcará com as consequências jurídicas de sua retratação, bem como os juros da dívida e os riscos da coisa, até que ocorra a tradição, e pelas despesas do depósito. Se o credor recusar o depósito ou contestar a ação, o levantamento não poderá ser feito sem que ele concorde. Caso aceite o depósito, contudo, perderá sua preferência e garantia quanto à coisa consignada. A dívida, nesse caso, se extingue. Se depois de aceitar o depósito, o credor anuir no levantamento do mesmo, feito pelo devedor, surgirá uma nova dívida e dela estarão liberados os fiadores e codevedores do débito anterior, que não tenham anuído. Depois de julgado procedente o pedido do depósito, este não poderá ser levantado nem mesmo com a autorização do credor, caso existam outros devedores e fiadores, uma vez que extingue-se a obrigação a que estava preso o devedor e exoneram-se fiadores e devedores da mesma. Nesse caso, o levantamento só ocorrerá caso esses fiadores e devedores aceitem se obrigar novamente. 
O pagamento em consignação pode ser feito de maneira judicial ou extrajudicial. A primeira ocorrerá quando houver recusa ou obstáculo para a efetivação do pagamento, ou quando existir dúvida sobre quem deve receber. Se o credor, sem justa causa, recusa-se a receber o pagamento em dinheiro, pode o devedor optar pela consignação extrajudicial. 
12. Dação em pagamento
Consiste em um acordo feito entre credor e devedor, onde o primeiro aceita receber do segundo prestação diversa do que lhe é devido. Em regra, o credor não é obrigado a receber outra coisa que não seja a que lhe fora prometida, mas caso concorde poderá. Nesse caso, a obrigação originária se extinguirá não pela satisfação do credor, mas por este assumir um novo crédito ao mudar a obrigação. A nova prestação deve ser distinta da que se devia antes. 
Não se exige coincidência de valor entre a coisa recebida e a prestação anterior. O credor poderá receber algo de valor superior ou inferior ao que lhe era devido.
Se a prestação consistir na entrega de dinheiro e for substituída pela entrega de um objeto, o credor não o recebe por preço certo e determinado, mas apenas como satisfação da dívida. Contudo, caso haja um preço prefixado na coisa, o negócio será regido pelos princípios da compra e venda. 
Se o devedor der uma coisa que não é sua para prestar o pagamento e o credor aceitá-la, este perderá a coisa para o verdadeiro dono. A obrigação primária é restaurada e o devedor arca com as perdas e danos. (Evicção)
13. Compensação
É o meio de extinção de obrigações entre pessoas que são, ao mesmo tempo, credor e devedor uma da outra. Se, por exemplo, João deve a José 100 reais e depois se torna credor de José em igual quantia, as obrigações se extinguem automaticamente, não sendo necessário o duplo pagamento. Caso João deva 100 reais e depois torne-se credor de José em 50 reais, haverá a compensação parcial e ele só deverá pagar 50 reais a José. 
Pode ser legal, quando decorre da lei e independe da vontade das partes; convencional, quando resulta da vontade das partes; ou judicial, quando efetivada por determinação do juiz. 
O único terceiro que pode usar um crédito que tenha com o credor do seu devedor para extinguir a dívida deste através da compensação é o fiador. 
É necessário que as dívidas estejam vencidas para que haja a compensação legal. Contudo, quando há um prazo de favor, pode o credor suspende-lo e exigir a compensação da dívida. 
Ainda sobre a compensação legal, as prestações precisam ser fungíveis (da mesma natureza) entre si. Dívida em dinheiro só será compensada com outra dívida em dinheiro, dívida em sacas de café só será compensada com outra dívida em sacas de café. Não poderá uma dívida em dinheiro ser compensada com sacas de café e vice-e-versa. Além disso, as prestações devem ser de mesma qualidade. Uma dívida com sacas de café tipo A só poderá ser compensada com sacas de café desse mesmo tipo. 
Na compensação convencional, permite-se que haja compensação mesmo sem o preenchimento de alguns requisitos que a compensação legal exige. Pode ser acordado entre os sujeitos, por exemplo, que uma dívida de sacas de café compense uma dívida de dinheiro. 
A compensação facultativa ocorrerá no âmbito da compensação convencional, quando um credor abre mão de um crédito que ainda não venceu para compensar uma dívida feita com o devedor desse crédito. 
Apesar de haver maior autonomia privada na compensação convencional, ficam estas limitadas a seguir a ordem pública e a função social do contrato, bem como os limites impostos pelo seu fim econômico-social, pela boa-fé e pelos bons costumes. 
Haverá dívidas em que a compensação não será permitida. Na compensação convencional, essas dívidas serão acordadas entre as partes. Na compensação legal, tais impedimentos ocorrerão, em alguns casos, da causa de uma das dívidas, e em outros, da qualidade de um dos devedores. Nos primeiros casos, há três exceções, presentes no art. 373: se provier de esbulho, furto ou roubo (a razão desta é de ordem moral, pois o direito recusa-se a ouvir o autor de esbulho ou o delinquente, quando este invoca um crédito para compensar com a coisa esbulhada ou furtada, que lhe cumpre devolver); se uma se originar de comodato, depósito ou alimentos (a razão está na causa do contrato – o comodato e o depósito baseiam-se na confiança mútua, somente se admitindo o pagamento mediante restituição da própria coisa emprestada ou depositada. Além disso, as dívidas alimentares não podem ser alvo de compensação pois são indispensáveis para a subsistência do alimentando); se uma for de coisa não suscetível de penhora (a compensação pressupõe dívida judicialmente exigível).
14. Remissão
É o perdão da dívida. Ocorre quando o credor exonera o devedor do cumprimento da obrigação.
Para sua eficácia, faz-se necessário que o remitente seja capaz de alienar e o remitido capaz de adquirir. Além disso, o devedor precisa aceitar a remissão, pois se negá-la nada o impede de pagar a dívida. 
Todo crédito é passível de remissão, desde que não prejudique terceiros ou o interesse público. 
A remissão pode ser expressa (quando o credor declara, em instrumento público ou particular, o perdão da dívida), tácita (quando se presume, pelo comportamento do credor, que este não quer mais o crédito, como por exemplo quando se contenta com uma quantia inferior ao que lhe é devido, quando destrói o titulo na presença do devedor ou quando faz chegar a ele ciência dessa destruição) ou presumida (quando deriva de expressa previsão legal). 
Se concedida sob condição suspensiva ou a termo inicial, o efeito extintivo da remissão só ocorrerá quando a condição for implementada ou quando o termo for atingido. 
A devolução do título da obrigação implica em remissão. 
Numa obrigação solidária, quando o credor remite a dívida de um dos codevedores, só poderá cobrar aos outros o restante do crédito, retirando a parte remitida. 
15. Confusão
Quando credor e devedor se tornam a mesma pessoa. Nesse caso, extingue-se a obrigação. Ocorre principalmente nas heranças, quando por exemplo, no caso de um herdeiro que é devedor do falecido, e, quando este morre, aquele torna-se credor da própria dívida. Se forem vários herdeiros, o devedor coerdeiro ficará liberado unicamente da parte concorrente entre sua quota hereditária e sua dívida. 
Nas obrigações solidárias, a confusão só extingue a dívida em relação a pessoa em que se efetuou e não aproveita aos codevedores nem ao devedor, a não ser na parte correspondente a pessoa em que operou seus efeitos. 
A confusão extingue, além da obrigação,todos os seus acessórios, como a fiança e o penhor, por exemplo. 
Pode ocorrer a cessação da confusão, quando, por exemplo, há a suspensão da herança, ou ainda a declaração da ausência do presumidamente morto, etc. Nesse caso, suspende-se a extinção da obrigação, e diz-se que esta apenas foi paralisada até ser reestabelecida por um fato novo. 
16. Novação
É a criação de uma obrigação nova para se extinguir a anterior. Ocorre quando, por exemplo, um pai procura o credor do filho para lhe pedir que seja seu novo devedor. Se o credor concordar, será emitido um novo título que inutilizará o assinado pelo filho e tornará a primeira dívida extinta, substituída pela do pai. A novação é portanto extintiva e geradora, pois extingue dívida anterior e cria uma nova no lugar desta. 
Não gera a satisfação imediata do crédito, sendo, portanto, extintiva mas não satisfatória. Além disso, opera-se apenas por ato de vontade dos interessados, jamais por força da lei.
São requisitos da novação - a existência de obrigação anterior (já que visa a substituição, é necessário que exista e seja válida a obrigação a ser novada. Uma obrigação nula não pode ser objeto de novação, mas uma anulável pode, enquanto não rescindida judicialmente.); a constituição de nova obrigação (só será configurada a novação caso haja diversidade substancial entre a dívida anterior e a nova. Não se configuram como novação as alterações secundárias na dívida, como a exclusão de uma garantia.); e a intenção de novar, que pressupõe um acordo de vontades (a novação não se presume, por isso é necessária a expressa vontade do credor de renunciar ao crédito e aos direitos acessórios que o acompanham, com a intenção de novar). 
A forma utilizada para novar só poderá ser tácita caso a conduta do agente demonstre inquestionavelmente que este quer fazer a novação. 
Há três espécies de novação - objetiva (altera-se o objeto da prestação); subjetiva (altera-se o sujeito da prestação); e mista (ocorre simultaneamente a mudança do objeto e a substituição das partes). A objetiva constitui-se quando, por exemplo, por não possuir dinheiro para pagar a obrigação, o sujeito oferece prestação de serviços ao credor, e este aceita. Na subjetiva, pode haver a novação passiva ou ativa. A primeira se configura quando há a substituição de um devedor por outro, não sendo necessário o consentimento desse primeiro (denomina-se expromissão). A segunda se dá quando há a substituição de um credor por outro, o que desobriga o devedor da obrigação para com o primeiro, e obriga-o com o outro. Ex.: A deve a B, que deve igual quantia a C. Nesse caso, por acordo entre os três, A pagará diretamente a C e B se retirará da relação jurídica. Na mista, como exemplo, tem-se o pai que assume a dívida em dinheiro do filho, mas com a condição de pagá-la mediante a prestação de determinado serviço. 
A insolvência do novo devedor corre por conta e risco do credor, que o aceitou, não cabendo ação regressiva contra o primeiro devedor. A única exceção a essa regra é quando o devedor primitivo agiu de má-fé, ocultando maliciosamente a insolvência do novo devedor. Nesse caso, anula-se a novação. 
Extinta a obrigação antiga, exaure-se a solidariedade, a menos que os devedores solidários também participem da novação.
17. Inadimplemento das obrigações
Ocorrerá quando não houve o cumprimento da obrigação, seja porque o sujeito não tinha como pagar a prestação (ordem fática), ou porque esta não tinha mais utilidade dado o atraso de seu cumprimento. 
O inadimplemento pode ser de ordem culposa, quando o devedor falta ao cumprimento por um fato que lhe é imputável; ou de ordem fortuita, quando a inexecução da obrigação se dá por um motivo alheio ao devedor, o qual não podia ser evitado por este. Nesse caso, o devedor não responderá pelos danos causados ao credor, se expressamente não se houver por eles responsabilizado. 
Pode ainda ser absoluto ou relativo. O primeiro ocorrerá quando a obrigação, mesmo que a possibilidade de cumprimento desta ainda exista, não foi cumprida e nem poderá sê-lo de forma útil ao credor. Já o segundo se configura quando a obrigação é cumprida com mora, ou seja, quando ocorre a inobservância do tempo, lugar e forma convencionados. 
A violação positiva da obrigação ou do contrato se caracteriza quando não há a boa-fé objetiva, caracterizando o inadimplemento mesmo que não haja mora ou inadimplemento absoluto do contrato. Ou seja, a inobservância de algum dos deveres anexos na obrigação também gera o inadimplemento da mesma.
Todo inadimplemento inicialmente presume-se culposo, cabendo ao devedor provar que houve um evento fortuito e de força maior que o impediu de cumprir a obrigação. Na responsabilidade contratual essa regra permanece, já na extracontratual quem deve provar a culpa ou dolo do causador do dano é o lesado. 
Nem sempre a prestação devida e não cumprida se converte em perdas e danos. Tal ocorre somente quando não é possível a execução direta da obrigação ou a restauração do objeto da prestação. Cabe a execução forçada quando as perdas e danos não são suficientes para satisfazer o pagamento. Nesse caso, recairá a penhora sobre os bens do devedor. 
No caso de inadimplemento em contratos benéficos, aquele que é beneficiado responde por culpa, enquanto o que não é beneficiado pelo contrato só responderá por dolo. Se, por exemplo, um sujeito se obriga a doar um livro, mas no dia anterior deixa sem querer a janela aberta e o livro molha, não responderá por nada. Já em contratos onerosos, ambos respondem tanto por dolo quanto por culpa, visto que ambos são beneficiados no contrato. 
18. Mora (inadimplemento parcial)
Trata-se de retardamento ou imperfeito cumprimento da obrigação. Ocorrendo a mora, fica o sujeito que a praticou responsável por perdas e danos que esta venha a causar. 
Possui caráter transitório, uma vez que para que a mora termine basta o sujeito resolver o que lhe deixa em tal situação ou desistir da obrigação. 
Existe a mora ex re, que automaticamente deixa o sujeito em mora, pois o fato gerador da mesma está previsto em lei e dispensa qualquer ação por parte do credor.; e a mora ex persona, que depende da interpelação ou notificação por escrito para a constituição da mora.
Se o caso fortuito ocorrer depois de o devedor já estar em mora, só o tirará da mora caso ele prove que esse caso ocorreria mesmo depois do cumprimento da obrigação. 
A mora do credor gerará: a anulação da responsabilidade do devedor de conservar a coisa; a obrigação do credor de ressarcir as despesas empregadas na conservação da coisa; e a sujeição do devedor a receber a coisa pela estimação mais favorável a ele. Estando o credor em mora, o único modo possível de o devedor responder será se agir dolosamente.
Caso a mora seja simultânea, uma eliminará a outra, pela compensação. Caso seja sucessiva, ficarão os efeitos pretéritos de cada uma. Ou seja, cada um, credor e devedor, responderá pelos prejuízos ocorridos nos períodos em que a mora foi sua, operando-se a compensação. 
A purgação e cessação da mora implica na neutralização de seus efeitos. Esta só poderá ser feita caso a prestação ainda seja proveitosa ao credor. 
19. Arras/Sinal
Caracteriza-se pela quantia ou coisa entregue por um dos contraentes ao outro, como confirmação do acordo de vontades e princípio de pagamento. Não existe por si, depende do contrato principal. 
Tem caráter confirmatório ou penitencial. O primeiro ocorre quando a principal função das arras é de confirmar o contrato, que se torna obrigatório após a sua entrega. Não configura hipótese de desistência. Já o segundo acontece quando as partes convencionam o direito de arrependimento, tornando as arras uma pena convencional, como sanção para quem se valer dessa faculdade. 
As arras representam o mínimo de indenização, podendo ser pleiteada ainda a reparação integral do prejuízo. Acordado o arrependimento, o contrato torna-se resolúvel, e responde aquele que se arrependeu pelasperdas e danos prefixados pela lei: perda do sinal dado ou sua restituição em dobro. 
Havendo acordo nesse sentido, culpa de ambos os contratantes ou não efetivação do contrato em razão do fortuito ou outro motivo estranho a vontade dos contratantes, a devolução do sinal deve ser pura e simples, não em dobro. 
Caso seja de mesma natureza, o sinal é abatido do total quando este for entregue. No caso de naturezas diferentes, a coisa que foi dada como sinal será devolvida com a entrega da coisa. 
19. Perdas e danos
Quando se fala em perdas e danos, incluem-se não somente os danos patrimoniais, como também os extrapatrimoniais. Além disso, abrangem além do que o sujeito efetivamente perdeu, tudo aquilo que razoavelmente deixou de ganhar – o dano emergente e o lucro cessante, sendo dano emergente o efetivo prejuízo, a diminuição patrimonial sofrida pela vítima, e o lucro cessante a frustação da expectativa de lucro, a perda de um ganho esperado. 
O dano deve ser direto e imediato, ou seja, apresentar um nexo causal com a conduta. Não cabe indenização pelos danos remotos, pois estes dependem de mais fatores além da execução a que o devedor faltou. 
A perda de uma chance se aproxima do dano emergente, e apesar de não estar descrita no CC, pode ser aplicada quando o sujeito perde uma chance por conta do inadimplemento. Pagará este indenização. 
A intenção não importa, a análise é do prejuízo causado. 
No caso de obrigação a ser paga em dinheiro (obrigação pecuniária), o normal é que não se fale em perdas e danos, pois os próprios juros já cobrem o prejuízo. Entretanto, caso os juros não cubram o prejuízo, é totalmente cabível a aplicação das perdas e danos. 
20. Cláusula penal
Se caracteriza como uma obrigação acessória, pela qual se estipula pena ou multa destinada a evitar o inadimplemento da principal, ou retardamento do seu cumprimento. É um tipo de reforço ao pacto obrigacional. 
A invalidade da obrigação principal importa a da cláusula penal, mas o contrário não acontece. 
Tem dupla função - atua como meio de coerção para compelir o devedor a cumprir a obrigação e, assim, não ter de pagá-la; e ainda como prefixação das perdas e danos devidos em razão do inadimplemento do contrato. 
O credor só precisa provar o inadimplemento, não é necessário que prove o prejuízo, para sujeitar o devedor à multa. Não cabe pedir indenização suplementar se não foi acordado entre as partes que a cláusula penal seria o mínimo da indenização. 
O devedor não pode alegar que a cláusula penal é excessiva, pois foi acordada entre ele e o credor. Por outro lado, não pode o credor querer aumentar seu valor, alegando ser insuficiente. O que se deve fazer nesse caso é deixar de lado a cláusula penal e aplicar perdas e danos. O ressarcimento do prejuízo será, nesse caso, integral. Contudo, o credor perderá o ônus de não precisar provar o prejuízo, pois nas perdas e danos é necessário que se prove.
A redução da cláusula penal pode ocorrer caso esta ultrapasse o limite legal ou ainda nas hipóteses do art. 413 do estatuto civil. O limite legal é o valor da obrigação principal. 
Pode ser compensatória (quando estipulada para a hipótese de total inadimplemento da obrigação); ou moratória (quando destinada a assegurar o cumprimento de outra cláusula determinada ou a evitar o retardamento, a mora). 
Quando houver pluralidade de devedores, basta que um só infrinja a obrigação para que se aplique a cláusula penal. Poderá ela ser reclamada por inteiro apenas para o devedor que descumpriu a obrigação, tendo que ser cobrado dos codevedores as respectivas quotas. 
21. Juros legais
São os rendimentos do capital. Remunera o credor por ficar privado de seu capital e paga-lhe o risco em que incorre de não recebe-lo de volta. Não se confundem com correção monetária, pois esta visa apenas ajustar o valor da prestação, enquanto os juros são um valor a mais a ser pago.
Dividem-se em compensatórios e moratórios, convencionais e legais, simples e compostos. Os compensatórios são os devidos como compensação pela utilização de capital pertencente a outrem. Devem estar previstos no contrato. Moratórios são aqueles que incidem no caso de retardamento na sua restituição ou descumprimento da obrigação. Os juros convencionais são ajustados pelas partes, enquanto os legais são previstos ou impostos pela lei. Simples serão os juros que são sempre calculados sobre o capital inicial. Compostos implica naqueles juros calculados sobre juros, ou seja, os juros computados passam a integrar o capital. 
A Lei da Usura estipula um valor máximo de 1% ao mês para os juros. Contudo, o STF entende que as instituições financeiras podem praticar juros no limite estabelecido pelo Conselho Monetário Nacional. O STJ entende que esses juros superiores a 1% que os banqueiros podem cobrar devem se basear no Código de Defesa do Consumidor, para que não seja muito abusivo.

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