Buscar

Revisão - Ambiência em Avicultura de Postura - PARENTE

Prévia do material em texto

AMBIÊNCIA NA AVICULTURA DE POSTURA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ARAGUAÍNA-TO 
2012 
UNIVERSIDADE FEDERAL DO TOCANTINS 
CAMPUS UNIVERSITÁRIO DE ARAGUAÍNA 
ESCOLA DE MEDICINA VETERINÁRIA E ZOOTECNIA 
DEPARTAMENTO DE ZOOTECNIA 
DISCIPLINA: BIOCLIMATOLOGIA 
PROFESSORA: ROBERTA VAZ 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
AMBIÊNCIA NA AVICULTURA DE POSTURA 
 
Seminário apresentado como requisito 
para obtenção parcial da nota na 
disciplina de Bioclimatologia do curso de 
Zootecnia da Universidade Federal do 
Tocantins. 
 
 
 
 
ACADÊMICOS: Railton França, Raimundo Nonato, Ranniere Parente. 
 
 
 
 
 
 
 
ARAGUAÍNA-TO 
2012 
SUMÁRIO 
 
INTRODUÇÃO 
 
 
1. RELAÇÃO AVE x AMBIENTE 
 
1.1 A ave e o ambiente 
1.2 Respostas fisiológicas 
1.3 Respostas comportamentais 
1.4 Qualidade dos ovos em função do bem-estar 
 
 
2. INSTALAÇÕES 
 
2.1 Caracterização dos sistemas de criação 
2.2 Localização – seleção de áreas 
2.3 Orientação das instalações 
2.4 Disposição das construções 
2.5 Proteção contra insolação (coberturas/telhados, oitões, beirais) 
2.6 Dimensões das instalações (largura, altura) 
2.7 Uso de lanternim 
2.8 Abastecimento de água (localização de caixas d’água, tubulações) 
2.9 Arborização (quebra vento, cobertura do solo) 
 
 
3. SISTEMAS DE CONTROLE TÉRMICO 
 
3.1 Acondicionamento térmico natural (Ventilação natural) 
3.2 Acondicionamento térmico artificial 
3.2.1 Ventilação forçada 
3.2.2 Ventilação de pressão negativa ou exaustora 
3.2.3 Ventilação de pressão positiva 
3.2.4 Resfriamento da temperatura do ar 
3.2.5 Ventilação positiva em túnel acoplado à nebulização 
3.2.6 Sistema de Material poroso acoplado a ventilador e tubo de 
 distribuição de ar 
 
 
CONSIDERAÇÕES FINAIS 
 
LITERATURA CONSULTADA 
 
 
 
 
 
INTRODUÇÃO 
 
 
A avicultura de postura tem a China como a maior produtora mundial, e 
o Brasil com 2,1% da produção mundial de ovos, figura na sétima posição. Em 
2005 a produção nacional foi da ordem de 22, 72 milhões de ovos com um 
crescimento de 9,22% em relação ao ano anterior, sendo que o estado de São 
Paulo é o maior produtor, representando 42% da produção nacional, seguido 
por Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Paraná, Pernambuco, e Goiás. O custo 
de produção no Brasil (US$ 0,506/kg) foi superior apenas ao da Índia. Este 
custo está sempre atrelado aos preços dos grãos (milho e soja), principal 
alimento para aves, e aos descartes regulares. Considerando a população 
nacional, o consumo “per capita” é de 123,3 ovos, enquanto a média de 
consumo mundial é de 168 ovos (ASSOCIAÇÃO PAULISTA DE 
AVICULTORES, 2005). 
Segundo Telatin Jr. (2007), o mercado interno consome praticamente 
toda a produção nacional. O aumento dessa produção e respectiva expansão 
do mercado esbarraram na alta lucratividade dos varejistas junto aos 
consumidores, da ordem de 100%. Com referência à exportação de ovos in 
natura ou industrializados os principais destinos da produção brasileira são o 
Japão e África. No mercado de ovos líquidos e em pó, o Brasil foi responsável 
por 1,19% e 2,25%, respectivamente, das exportações mundiais. 
O estreitamento das relações internacionais é cada vez mais exigente 
com relação à qualidade dos produtos, à contaminação ambiental, bem como 
ao respeito às leis de bem-estar animal. Neste sentido, com relação à produção 
de ovos, algumas questões estão sendo consideradas de grande importância. 
Entre as principais mudanças propostas pela União Europeia, está a troca do 
atual sistema de gaiolas em bateria, por um sistema que possibilite às aves 
expressar os seus comportamentos naturais, tais como: utilizar o ninho para 
postura, tomar banho de areia, empoleirar ou ainda bater e esticar as asas, 
sendo isso uma consequência das mudanças de um novo tipo de consumidor, 
que vem se tornando cada vez mais comum nos dias de hoje e que está cada 
vez mais preocupado com as regras em prol do bem-estar dos animais de 
produção e com qualidade do alimento que consome. 
Segundo Barbosa Filho (2004), essas exigências propostas pela União 
Europeia poderão colocar o Brasil em ótima situação quanto ao que se refere à 
exportação de ovos, pois estas poderão ser facilmente atendidas, já que o 
Brasil possui uma grande disponibilidade de área (o que para outros países é 
fator limitante), tendo em vista que as novas normas de criação exigem maior 
espaço para as aves, além é claro da eliminação das gaiolas. 
Nesse sentido este trabalho traz um enfoque sobre as questões acerca 
do bem-estar na criação de aves de postura. Serão abordados, de forma 
sucinta algumas considerações sobre a influencia que o ambiente exerce sobre 
a ave, sobre o planejamento das instalações afim de proporcionar o máximo de 
ambiência possível às aves, bem como os diferentes sistemas utilizados para 
promover o eficiente acondicionamento térmico das mesmas. 
 
 
 
 
AMBIÊNCIA NA AVICULTURA DE POSTURA 
 
 
 
1. RELAÇÃO AVE x AMBIENTE 
 
 
1.1 A ave e o ambiente 
 
A ave de postura exige do meio em que habita, condições precisas de 
ambiente, tais como temperatura, umidade, pressão, luminosidade, nível 
sonoro, conteúdo de oxigênio, anidrido carbônico e nitrogênio. Cada individuo 
tem específicos poderes de adaptação que lhe permitem (ate certo limite de 
adversidade), sobreviver quando alguma daquelas variáveis se modifica; estes 
parâmetros dependem de diversos fatores, tais como a aclimatação da ave, 
idade e sexo, mas para que não ocorra prejuízos no seu desempenho, sempre 
é possível estabelecer limites ótimos dentro dos quais a espécie se desenvolve 
em sua plenitude. 
 Dentre os fatores ambientais, os térmicos, representados por 
temperatura, umidade, radiação térmica e movimentação do ar, são aqueles 
que afetam mais diretamente a ave, pois comprometem sua função vital mais 
importante que é a manutenção da própria homeotermia. 
 Assim, as aves necessitam manter a temperatura interna do corpo em 
níveis relativamente constantes, em ambientes cujas condições 
termohigrométricas são as mais variáveis, através de mecanismos orgânicos 
de controle representados por severas compensações fisiológicas. Estes 
ajustes são feitos em detrimento da produção destes animais que, ao invés de 
empregar os nutrientes para a síntese, os utilizam para produzir ou dissipar 
calor. Quando não ocorre nenhum desperdício de energia, seja para 
compensar o frio, ou para acionar seu sistema de refrigeração em combate ao 
excesso de calor do ambiente, diz-se que a ave está em condições de conforto 
e, consequentemente, de produtividade máxima; fora da zona de conforto 
ocorre decréscimo de desempenho produtiva, reprodutiva e resistência do 
organismo, sendo que extremos num e noutro sentido podem vir a ser letais. 
 Desta forma, se o conforto térmico não é atingido e a ave é exposta ao 
estresse calórico, situação muito frequente em boa parte do ano, 
especialmente no verão brasileiro, ocorrerá uma queda no consumo de ração , 
no ganho de peso, além de levar a piores valores de conversão alimentar e 
maior mortalidade. Especificamente no caso de aves de postura e 
reprodutoras, ocorrerá uma redução na espessura da casca, número, peso e 
volume dos ovos; em consequência haverá uma queda na taxa de incubação, 
no peso dos pintos e na taxa de fertilidade tanto de machos quanto de fêmeas. 
O problema se agrava a medida que a ave se desenvolve, pois existe uma 
correlação negativa da dissipação de calor com o peso corporal. 
 Considerando-se que o Brasil encontra-se localizado até a latitude de 
30º sul, ou seja, na faixa mais quente do planeta, verifica-se que este País 
inspira uma situação de maior cuidado com o estresse por calor do que 
propriamente por frio, (emboradeva-se também contemplar as prerrogativas 
necessárias ao conforto térmico no inverno e nas fases iniciais da vida da ave). 
Caso não se atente para este fato ao se planejar uma instalação avícola, 
fatalmente ocorrerá uma situação de desconforto térmico por calor, que 
comprometerá substancialmente o desempenho das aves. 
Aliado a isto, verifica-se no Brasil, especialmente, que a criação de aves 
de postura, ocorre quase que maciçamente em instalações abertas, sem 
ambiente controlado, sendo que, por razões econômicas de curto prazo ou 
mesmo desconhecimento, muito pouca observância se tem dado às fases de 
planejamento e concepção arquitetônica, compatíveis com a realidade climática 
de cada região. Ou seja: basicamente não tem sido dada nenhuma atenção ao 
acondicionamento térmico natural, que é a técnica que baliza os procedimentos 
construtivos para que os espaços habitados apresentem as condições térmicas 
exigidas pelo animal, utilizando os meios naturais, como a ventilação, o 
paisagismo circundante, os materiais de construção e a concepção 
arquitetônica e espacial. 
Baseados no exposto, torna-se fundamentalmente importante planejar 
as instalações para aves de postura face as variações climáticas regionais. 
Inicialmente, é necessário que a instalação contemple, ao máximo, todos os 
recursos do acondicionamento térmico natural e, somente no caso do conforto 
térmico não ter sido alcançado, deve-se lançar mão do adequado 
acondicionamento artificial, com envolvimento de sistemas de ventilação, 
aquecimento e resfriamento artificiais. 
 
 
1.2 Respostas fisiológicas 
 
 As aves são animais homeotérmicos, apresentando a capacidade de 
manter sua temperatura interna constante, mas de maneira geral, não se 
ajustam muito bem a extremos de temperatura, o que, por sua vez, poderá 
causar alterações fisiológicas que comprometerão a qualidade e a produção 
dos ovos. 
 A temperatura corporal de uma ave oscila em torno de uma faixa de 41 
°C, e o controle desta temperatura se faz através das trocas de calor com o 
meio. Se uma ave se encontra em condições de temperatura e umidade 
elevadas, terá serias dificuldades de perder ou trocar calor como ambiente, 
ocasionando, assim, um aumento da temperatura corporal. 
 Para acompanhar as mudanças na temperatura corporal das aves, 
utiliza-se como variável resposta a temperatura retal, que dará uma ideia de 
como de como o organismo em questão está reagindo às condições ambientais 
a que está exposto. 
 Além de ocorrer aumento da temperatura retal, sob estresse térmico as 
aves apresentam também aumento da ofegação, que é uma forma de perda de 
calor latente por meio da evaporação do calor corpóreo na tentativa de evitar a 
hipertermia. Esse aumento na ofegação das aves é medido pela contagem da 
frequência respiratória. Se a umidade relativa estiver adequada, a maioria das 
aves será capaz de dissipar seu calor metabólico através da ofegação. 
 Outro fator importante relacionado com os métodos possíveis de troca 
de calor dos animais é o consumo de água. Quando a ave sente calor, pode 
beber mais água que o usual, sendo, portanto, o consumo de água maior em 
ambientes quentes. Um aspecto importante nesse contexto é a temperatura da 
água fornecida às aves, uma vez que esta interfere no seu consumo, que tende 
a diminuir, quando a temperatura da água aumenta. Estudos mostram que, 
com temperaturas ambientais superiores a 30 °C, o consumo de água pode 
atingir até 0,5 l/ave/dia, e a principal razão para esse consumo seria o aumento 
da perda de água pelo processo de perda de calor por evaporação. 
 
 
1.3 Respostas comportamentais 
 
 A maioria dos comportamentos apresentados pelas aves domésticas 
atuais são baseados nos comportamentos considerados como padrão pelas 
suas ancestrais, tais como dominância dentro do grupo, o comportamento de 
ciscar o chão, a agressividade e a construção do ninho. A comparação de 
estudos de comportamento de aves selvagens e domesticadas indica que o 
repertório comportamental destas aves em ambientes não confinados em geral 
é preservado, havendo, no entanto, mudanças na frequência e intensidade das 
características comportamentais. 
 De acordo com Sales et al. (2000), o fato de a ave pertencer a uma 
linhagem voltada para a produção e confinamento não altera seu 
comportamento padrão quando criada solta, pois comparando a linhagem 
comercial ISA com aves caipiras, puderam constatar que as aves 
apresentavam o mesmo padrão geral de comportamentos. Já foi comprovado 
também por estudos, que o maior problema de animais criados em 
confinamento (gaiolas) é a impossibilidade de expressar seus comportamentos 
naturais, o que leva os animais à frustração e a desenvolver comportamentos 
anômalos. 
 
 
1.4 Qualidade dos ovos em função do bem-estar 
 
 A qualidade da produção é, sem dúvida nenhuma, um dos principais 
interesses dos produtores e consumidores de ovos, uma vez que está 
diretamente relacionada a fatores como: higiene, sanidade e principalmente a 
saúde e bem-estar dos animais. 
 Muitos estudos têm sido conduzidos a fim de se evitar a influência do 
estresse térmico na qualidade dos ovos, onde foi observado que poedeiras 
submetidas a altas temperaturas, sofreram influência na qualidade das cascas 
dos ovos, além de um decréscimo nos valores de peso dos componentes 
constituintes do ovo. 
 Segundo Pereira (1991), o pH sanguíneo das aves de postura decresce 
juntamente como nível de cálcio, após duas horas de estresse térmico. Isso é 
prejudicial à formação da casca do ovo, pois há uma diminuição de cálcio no 
sangue. 
 Andrade et al. (1976) verificaram que aves expostas a uma temperatura 
de 32 °C apresentaram um decréscimo significativo em sua produção de ovos, 
além de um decréscimo de 25% no consumo de ração. Quanto à qualidade dos 
ovos, o estudo revelou um decréscimo significativo no peso dos ovos, nos 
valores de gravidade específica e na espessura da casca. 
 
 
 
 
2. INSTALAÇÕES 
 
 
2.1 Caracterização dos sistemas de criação 
 
Sistema caipira (Farmyard): neste sistema as aves ficam cercadas por um 
telado, têm total liberdade de movimentos, possuem um local para dormir 
coberto e seguro contra predadores, onde são recolhidas à noite. Neste local 
encontram se também ninhos e ração suplementar. A intenção é que as aves 
possam expressar seu comportamento natural, como investigar, ciscar, 
forragear. Este sistema permite a densidade de 1000 aves por hectare, e o 
preço dos ovos é 16 vezes mais elevado devido ao apelo de serem mais 
saudáveis, o que restringe o número de consumidores. Para o sistema ser 
considerado Caipira, existe outras regras como: tipo de alimentos permitidos, 
proibições no uso de aditivos químicos, entre outras. 
 
Sistema com acesso a pasto (Free range): este sistema é similar ao anterior, 
porém a construção utilizada para proteção dos animais é uma estrutura de 
metal pequena e móvel, coberta com plástico, contendo bebedouros e 
comedouros, sendo mudada de local para que o pasto abaixo dela se recupere. 
Utiliza-se também luz adicional para estender o comprimento do dia. Uma 
variável deste sistema é o “sistema semi-intensivo”, em que o abrigo para as 
aves é fixo e o pastejo é rotacionado, a densidade populacional pode ser 
aumentada para 4000 aves ha-1. 
 
Sistema com cama e pasto (Strawyard): utilizam-se barracões existentes na 
propriedade, permite acesso a pasto, é coberto com palha ou outro material 
servindo como cama, e equipa-se com comedouros e bebedouros e ninhos. 
Baixo custo, não é preciso recolher as aves à noite. Ocorre um aumento nos 
casos de doenças e proporção de ovos sujos, a iluminação artificial é 
necessária. Recomenda-se a densidade de 4 aves m-2. 
 
Sistema com cama (Deep litter): as aves são criadas em cama que pode ser de 
palha, maravalha ou outras. O uso de cama reduz a bicagem de penas, poisas 
aves passam a investigar a cama ao invés de investigar a pena das outras, 
reduzindo, desta forma, o canibalismo. O uso de ventilação mecânica é 
necessário, o que auxilia na secagem da cama, reduzindo a formação de 
amônia e a proliferação de bactérias, mas deve ser bem dimensionada para 
não aumentar a dispersão de poeira no ambiente. A densidade que se 
recomenda é 7 aves m-2, pois uma densidade maior pode trazer problemas 
com canibalismo e restrição de movimentos. 
 
Sistema de baterias de gaiolas (Cages): no sistema de baterias de gaiolas, as 
galinhas poedeiras são criadas em aviários retangulares com medidas variadas 
sem paredes laterais, com cortinas de plástico que podem ser utilizadas 
conforme a necessidade de menor ou maior calor. As gaiolas são dispostas 17 
linearmente no comprimento do aviário a 50 cm do solo, o piso das gaiolas tem 
inclinação de 8º para a rolagem dos ovos, mantendo-os fora do alcance das 
aves. Possuem bebedouros do tipo nipple e comedouros externos ao longo de 
seu comprimento. Este sistema reduz custos e o trabalho com as aves; permite 
o aumento da densidade de aves, o uso de meios automáticos pra alimentação 
das aves, para coleta dos ovos e retirada dos dejetos. O uso de gaiolas, além 
de diminuir a incidência de doenças e parasitas, reduz a formação de amônia, 
a dispersão de poeiras e também o canibalismo que ocorre quando as aves 
são criadas em altas densidades, porém, apresentam um ambiente pobre, 
onde a expressão comportamental das aves é restringida. Estas baterias 
permitem que os dejetos sejam estocados abaixo das gaiolas para futura 
remoção manual, ou que sejam removidos do ambiente através de esteiras 
automatizadas. Os equipamentos automáticos devem ser inspecionados 
diariamente. Este sistema é encontrado em 90% das criações comerciais de 
poedeiras 
 
Gaiolas modificadas ou gaiolas enriquecidas (enriched cages): as aves criadas 
como no sistema descrito anteriormente, porém com maior espaço por ave, 
onde se podem encontrar poleiros, ninhos, uma altura maior das gaiolas, área 
de cama. Estas modificações encarecem o sistema, mas o intuito é criar um 
ambiente mais agradável para as aves, o que nem sempre resulta em ganhos 
de produtividade. Com o uso de poleiros, por exemplo, são reduzidos os 
problemas de ossos fracos, por outro lado o canibalismo aumenta, pois a ave 
que está sobre o poleiro fica, às vezes, com a cloaca em direção do bico de 
outra ave, que em seu comportamento exploratório pode bicar a cloaca da 
companheira. Com uso de ninhos, aumenta o número de ovos sujos e 
quebrados, o trabalho de inspeção e cata das aves também é dificultado neste 
sistema. 
 
 
2.2 Localização - seleção de áreas 
 
Devem ser observados os seguintes aspectos: Proximidade aos centros de 
consumo; clima; salubridade (drenagem do solo, ventilação, insolação, espaço 
físico, topografia); infraestrutura relacionada a comunicação, vias de acesso, 
energia elétrica, abastecimento d'agua, credito, associativismo, assistência 
técnica veterinária, etc.; 
 
 
2.3 Orientação das instalações 
 
 Para o clima tropical e subtropical o eixo longitudinal dos pavilhões 
avícolas deve estar orientado no sentido leste-oeste, com o que se conseguira: 
que a superfície exposta a oeste seja a menor possível, evitando-se 
sobreaquecimento pela forte insolação nas longas tardes de verão; que ao 
dispor de uma fachada orientada totalmente a Norte, o sol de inverno, que sobe 
pouco no horizonte, penetre ate o interior do edifício em decorrência do 
deslocamento paralelo do plano da trajetória aparente do sol para o norte, o 
que e desejável, enquanto no verão o próprio beiral atuara como guarda-sol (no 
caso do hemisfério sul); tendo duas fachadas, uma permanentemente quente e 
a outra permanentemente fria, favorece-se a ventilação natural naqueles 
edifícios que não dispõem de outro meio de ativa-la. 
 
 
2.4 Disposições das construções 
 
 O afastamento entre galpões deve ser suficiente para que uns não 
atuem como barreira a ventilação natural nos outros. Assim, recomenda-se 
afastamento de 10 vezes a altura da construção, para os primeiros galpões a 
barlavento, sendo que do segundo galpão em diante o afastamento devera ser 
de 20 a 25 vezes esta altura. Na pior das hipóteses, deve-se possibilitar 
afastamentos entre galpões de no mínimo 35 a 40 metros. 
 
 
2.5 Proteções contra a insolação (coberturas/telhados, oitões, beirais) 
 
 A principal causa do desconforto térmico dos galpões avícolas no verão 
e a insolação, a qual, durante o dia, contribui com a parcela mais substancial 
de calor que penetra na construção. Para atenuar este efeito, o primeiro 
artifício objetivando o conforto térmico em climas quentes e o sombreamento 
natural ou artificial. 
 
 
2.5.1 Coberturas 
 
 A principal proteção contra a insolação direta e conseguida através da 
cobertura, sendo que um bom material de cobertura apresenta temperaturas 
superficiais amenas, devendo para isto ter alta reflexividade solar conjugada a 
alta emissividade térmica na parte superior da superfície e baixa absortividade 
solar conjugada a baixa emissividade térmica na parte inferior. A absorção de 
calor solar radiante pela telha e diretamente proporcional a superfície real 
exposta, por isso deve-se, para um mesmo material, dar preferencia as telhas 
não rugosas. Os telhados mais usuais podem ser constituídos dos seguintes 
materiais, na sequencia de sua qualidade térmica, do melhor ao pior: isopor 
entre duas laminas de alumínio (eficiente, porem dispendioso); sape 
(susceptível ao ataque de pragas e fogo, temores quanto ao comprometimento 
sanitário); madeira compensada, ondulada, revestida na parte superior por 
lamina de alumínio (durável, bom comportamento térmico, porem caro); 
alumínio simples (sujeito a danos por granizo e ventos, ha referencias de que 
são melhores que os de barro, porem oxidam com o tempo, perdendo a 
vantagem inicial, alem de propiciarem barulho.); barro – (exige engodamento 
mais caro, apresenta frestas que atuam como bolsas de ar e permitem certa 
ventilação, o que e desejável, mas dificultam a limpeza); amianto – 
(comportamento térmico ruim, melhorando quando pintados de branco); Chapa 
zincada ou ferro galvanizado (mais durável e econômica e tão efetivo na 
redução da carga térmica de radiação quanto a chapa de alumínio, porem 
oxida mais rapidamente). 
 Para melhorar o comportamento térmico das coberturas pode-se lançar 
Mao de alguns artifícios tais como: 
 
a) Uso de forros sob a cobertura 
 
 O forro atua como uma segunda barreira física, a qual permite a 
formação de uma camada de ar móvel junto a cobertura, o que contribui 
sobremaneira na redução da transferência de calor para o interior da 
construção. Segundo COSTA (1982) esta redução e de 62% ao se passar de 
um abrigo sem forro para um abrigo com simples forro de duratex de 6 mm não 
ventilado e de 90% no caso de forro com ventilação. Os lanternins, quando 
bem planejados, contribuem muito nesta ventilação. 
 
b) Pinturas com cores claras e escuras 
 
 Segundo vários pesquisadores, a combinação de cores que proporciona 
melhor resultado em termos de redução do desconforto térmico para climas 
quentes e a cor branca (que possibilita alta reflexividade solar) na face superior 
e a preta na face inferior do material de cobertura. Embora a superfície negra 
possua efeitos indesejáveis tais como: maior temperatura da superfície, maior 
emissividade e absortividade, tem a vantagem de possuir baixa reflexividade. 
Assim a CTR sobre as aves torna-se menor. Quanto maior a radiação 
proveniente do solo aquecido e sombreado, maior a importância da pintura 
negra. 
 
c) Uso de materiais isolantes 
 
 Isolantes sobre as telhas (poliuretano), sob as telhas (poliuretano, 
Eucatex, lá de vidro ou similares), ou mesmo formando um forro abaixo da 
cobertura, podem se constituirótima proteção contra a radiação solar. A 
disposição mais efetiva das três consiste na colocação de um forro isolante que 
aproveite a camada de ar formada entre o mesmo e a cobertura. 
 
e) Uso de aspersão de água sobre o telhado 
 
 Com o objetivo de reduzir a temperatura da telha e circunvizinhança nas 
horas de calor intenso. Deve-se, equipar o telhado com calhas no beiral para 
recolhimento e reaproveitamento da agua, evitando-se umedecer os arredores 
do galpão. 
 
 
2.5.2 Beirais 
 
 Os beirais nos climas quentes devem ser projetados de forma a evitar 
simultaneamente a penetração de chuvas de vento e raios solares. Em regiões 
muito chuvosas aconselha-se inclinação de 45 graus com relação ao piso. De 
uma maneira geral, recomendam-se beirais de 1,5 a 2,5 metros, em ambas as 
faces norte e sul do telhado, de acordo com o pé-direito e com a latitude. 
 
 
2.5.3 Inclinação do telhado 
 
 A inclinação do telhado afeta o condicionamento térmico ambiental no 
interior do galpão, em dois pontos básicos: mudando o coeficiente de forma 
correspondente as trocas de calor por radiação entre o animal e o telhado e 
modificando a altura entre as aberturas de entrada e saída de ar (lanternim), 
que quanto maior a inclinação, maior será a ventilação natural devido aos 
termos sifão. Inclinação entre 20 e 30 tem sido considerada adequada, 
atendendo condicionantes estruturais e térmicos ambientais. 
 
 
2.6 Dimensões das instalações 
 
 A largura a ser considerada para o galpão esta relacionada ao clima da 
região e ao projeto de organização das gaiolas. Segundo HERMETO BUENO 
(1980), normalmente recomenda-se: larguras ate 8,00 a 10,00 m - clima quente 
e úmido larguras ate 10,00 a 14,00 m - clima quente e seco No que diz respeito 
ao pé direito do galpão, este deve estabelecido em função do projeto de 
organização das gaiolas e da largura adotada, de forma que os dois 
parâmetros, em conjunto, favoreçam a ventilação natural no interior da 
instalação. 
 
 
2.7 Uso de Lanternins 
 
 Para galpões com larguras iguais ou superiores a 8,0 metros, ou no caso 
de se utilizar mais de duas alas de gaiolas, o uso do lanternim e imprescindível. 
Este deve permitir abertura mínima de 10% da largura do galpão, em todo o 
comprimento da cobertura, com uma sobreposição de telhados com 
afastamento de 50% desta abertura ou, no mínimo 0,40 m. 
 
 
2.8 Abastecimento de água (localização de caixas d’água, tubulações) 
 
 Manter a agua de consumo das aves em temperatura ideal, próxima a 
21 a 23°C, devendo-se, para isto proteger as tubulações de radiação solar 
direta. Assim, e importante evitar que as caixas de agua e tubulações passem 
perto do telhado ou fiquem expostas ao sol. Quando as caixas de agua 
estiverem fora do galpão, estas devem possuir cobertura ou isolamento. As 
tubulações podem ser enterradas ou protegidas com revestimentos térmicos 
como poliuretano. Em regiões de extremo calor, uma alternativa que pode ser 
adotada, e o resfriamento da agua de bebida no reservatório. 
 
 
2.9 Arborizações (quebra vento, cobertura do solo). 
 
 Renques de vegetação ou quebra-ventos são destinados a deter ou 
reduzir a ação de ventos fortes ou muito frios sobre as construções. Tem sido 
usado também como proteção sanitária, funcionando como cordões de 
isolamento aos núcleos, principalmente de aves e suínos. Em sua maioria são 
naturais, sendo constituídos por: pinus, casuarina (zonas costeiras), eucalipto, 
milho, acácia, etc., dispostos perpendicularmente à direção dos ventos 
dominantes. Os renques de vegetação, por sua vez, podem ter um objetivo 
inverso ao dos quebra-ventos, ou seja, o de incrementar a ventilação natural. 
 A cobertura do solo pode afetar grandemente a CTR (carga térmica de 
radiação) sobre as aves devido à diferença de reflexividade dos diferentes tipos 
de materiais e cores. A grama e a melhor opção para a área externa de 
galpões em climas quentes. A possibilidade de existência de arvores na face 
leste ou oeste de construções abertas e muito desejável (como divisórias de 
alto amortecimento), para evitar a incidência da irradia Cia solar direta dentro 
das áreas das coberturas. A vegetação em geral, seja promovendo sombra 
natural sobre as coberturas, seja criando regiões com microclima ameno, pode 
reverter completamente uma situação de desconforto térmico. 
 
 
 
3. SISTEMAS DE CONTROLE TÉRMICO 
 
 
3.1 Acondicionamento térmico natural (Ventilação natural) 
 
 A ventilação natural permite alterações e controle da pureza do ar, 
promovendo o galpão de oxigênio, eliminando amônia, CO2 e outros gases 
nocivos, excesso de umidade e odores, possibilitando, também, dentro de 
certos limites, controlar a temperatura e a umidade do ar nos ambientes 
habitados, de tal forma que o ar expelido, quente e úmido, seja substituído e 
assim aumente a perda calorífica por convecção. 
 A ventilação natural pode e deve ser amplamente aproveitada nos 
climas quentes, o que se consegue com um criterioso estudo sobre as 
possibilidades propiciadas pelo clima, topografia do terreno, localização do 
setor avícola e organização espacial dos galpões, paisagismo natural e da 
própria construção. Muitas vezes torna-se adequado prever renques de 
vegetação, com finalidade de canalizar o fluxo do vento para determinados 
pontos das construções, visando aumento ou redução de sua velocidade, 
conforme o caso. 
 
 
3.2 Sistemas de acondicionamento térmico artificial 
 
 
3.2.1 Ventilação forçada 
 
A ventilação mecânica, além de ser independente das condições 
atmosféricas, apresenta as vantagens de possibilitar o tratamento do ar, e a 
sua melhor distribuição. 
 
 
3.2.2 Ventilação de pressão negativa ou exaustora 
 
 A qual forca a saída do ar, criando um vácuo parcial na construção. Por 
sua vez, a diferença de pressão do ar, assim gerada, entre o interior e o 
exterior do abrigo, seleciona o ar externo para o interior da construção. Este e o 
sistema de ventilação mais comum para abrigos de animais domésticos 
quando se dispõe de controle de ambiente, como no caso de incubatorios 
avícolas, ou nos galpões climatizados. Praticamente inexiste na avicultura de 
postura brasileira. Em um dos processos de climatização, nas extremidades 
laterais de uma das cabeceiras do galpão, são dispostas aberturas, onde e 
instalado um sistema de placas evaporativas ou nebulizadoras para 
resfriamento do ar que entra no alojamento. Na extremidade oposta podem ser 
locados exaustores, dimensionados para possibilitar a renovação de todo o ar 
do galpão a cada minuto, e a uma velocidade que pode chegar de dois metros 
a dois metros e meio por segundo. Assim, com o sistema em funcionamento, o 
ar e selecionado por uma das extremidades, percorre todo o galpão e sai 
através dos exaustores, na extremidade oposta. O bom funcionamento do 
sistema depende da perfeita vedação do galpão, evitando-se perdas de ar. O 
sistema inclui painel para comando automático do funcionamento dos 
equipamentos, como arrefecedores, exaustores, placas evaporativas, cortinas, 
outros mais. 
 
 
3.2.3 Sistema de ventilação de pressão positiva 
 
 Na qual os ventiladores forçam o ar externo para dentro da construção, 
com aumento da pressão do ar. O gradiente de pressão interno-externo, assim 
gerado, movimenta por sua vez o ar interno para fora. E o sistema mais comum 
nas instalações avícolas abertas. No caso da avicultura de postura, os 
ventiladores devem estar dispostos paralelamente, nas linhas intermediarias as 
gaiolas, de tal forma que todas as aves, especialmente aquelas alojadas nas 
linhas centrais, sejam beneficiadas pela ventilação. Um aspecto que pode 
explicar a baixa eficiência de boa parte dos sistemas de ventilação brasileiros e 
o fato de que, ate inicio da década de 90, a velocidade máxima recomendada 
para movimentação do ar perto das aves adultas era de 0,2m/s no invernoe 
0,5m/s no verão. Estes baixos limites foram estabelecidos por LLOBET & 
GONDOLBEL, 1980; VAQUERO, 1981; CURTIS. 1983, entre outros autores, 
devido a temores relativos a incidência de doenças pulmonares. Hoje, os 
trabalhos demonstram que, na fase adulta e em condições de calor, a 
velocidade do ar pode chegar a 2,0 a 2,5m/s, valores estes ainda passiveis de 
discussão e comprovação . Contudo, e notório que o incremento da velocidade 
do ar tem efeito muito importante na sensação térmica da ave e 
consequentemente na redução do estresse calórico. BOND et ali, ao 
estudarem os efeitos de velocidades do ar de 0,18 a 1,52m/s e de 
temperaturas de 10 a 38,7°C, verificaram que a dissipação de calor pelos 
animais aumentou com o aumento da velocidade do ar, em conseqüência do 
aumento na dissipação de calor por convecção e evaporação, embora tenha 
havido redução na dissipação de calor por radiação. 
 Segundo CUNNINGHAM (1995) e DONALD (1996), a movimentação do 
ar em torno das aves e capaz de provocar uma redução da sua sensação 
térmica, em ate 8°C, quando alcança uma velocidade de 2m/s. Contudo, a 
possível vantagem da ventilação na dissipação do calor corporal se anula 
quando a temperatura do ar se iguala a temperatura corporal da ave, sendo 
muito prejudicial para valores superiores a este. 
 
 
3.2.4 Resfriamento da temperatura do ar 
 
 Um fato importante a ser ressaltado e que a ventilação simples, não 
possibilita a redução da temperatura do ar a ser incorporado ao ambiente e, 
desta forma, a temperatura mínima que se conseguira obter no interior do 
galpão será exatamente aquela do ar externo usado na ventilação, a qual 
muitas vezes assume valores acima do desejável, tornando-se necessário 
promover o pré-resfriamento do ar que entra nas instalações. 
 Uma das formas mais efetivas de resfriamento do ar que podem ser 
adotadas em instalações abertas ou fechadas e o resfriamento adiabático 
evaporativo (SRAE), o qual possibilita uma redução substancial da temperatura 
do ar de ate 12oC nas regiões mais secas, e em media 6oC nas condições 
brasileiras. 
 Os sistemas de resfriamento adiabático evaporativo (SRAE), consistem 
em mudar o estado psicrométrico do ar para maior umidade e menor 
temperatura, mediante o contato do ar com uma superfície umedecida ou 
liquida, ou com água pulverizada ou aspergida. Como a pressão de vapor do ar 
a ser resfriado e menor que a da água de contato, ocorre vaporização da água; 
o calor necessário para esta mudança de estado vem do calor sensível contido 
no ar e na água, resultando em decréscimo da temperatura de ambos e, 
consequentemente, do ambiente . 
 Uma vez que o SRAE consiste na redução da temperatura do ar com 
consequente aumento da umidade relativa, entende-se que sua maior 
eficiência ocorra em regiões de climas quentes e secos, com maior depressão 
de temperatura, o que e verdade; entretanto, e possível notar no ciclo diurno de 
certas regiões úmidas que a maior temperatura do ar e acompanhada pela 
menor umidade relativa, possibilitando assim o uso do SRAE nas horas de 
maior estresse calórico naquelas regiões. 
 Nas instalações avícolas, os SRAE em geral, deverão entrar em 
funcionamento sempre que a temperatura do ar ultrapassar a do limite de 
conforto e permanecera funcionando enquanto a umidade relativa for inferior a 
máxima tolerada, que e geralmente em torno de 75% a 80%; processo este 
que poderá ser controlado automaticamente por umidostato e termostato. 
 O resfriamento adiabático evaporativo, ou simplesmente resfriamento 
evaporativo pode ser obtido por vários processos, os quais podem estar 
associados a sistemas de ventilação positiva ou negativa: 
 
 
3.2.5 Sistema de ventilação positiva em modo túnel em associação a 
 nebulização (SVPTN) 
 
 A utilização do sistema de nebulização associado a ventilação positiva 
para utilização na avicultura de postura pode ser feita através do túnel de 
ventilação. O sistema túnel consiste em criar um fechamento lateral do galpão 
através de cortinas bem vedadas, permitindo duas aberturas similares, nas 
duas extremidades do galpão. Se o galpão possui lanterníns, estes devem ser 
fechados com cortinas ou sistema de painéis de fechamento, afixados a terça 
superior através de dobradiças. Algumas vezes, a utilização de um forro para 
reduzir o volume de ar a ser carreado e desejável. Os ventiladores são 
posicionados ao longo do comprimento do galpão, entre as alas de gaiolas, de 
forma a selecionar o ar de uma extremidade, e levá-lo para fora através da 
extremidade oposta da forma mais uniforme possível. A ventilação em túnel 
cria uma corrente de ar de alta velocidade, ate 2,5m/s, gerando uma sensação 
térmica na ave que pode chegar de seis a oito graus centigrados abaixo da 
temperatura registrada no termômetro de bulbo seco. 
 O sistema de nebulização possibilita um arrefecimento adicional do ar, 
através do processo evaporativo (em media 6°C para boa parte do Brasil), 
situação muito desejável nos momentos de estresse pelo calor. Nesse sistema, 
os ventiladores entram em funcionamento quando a temperatura interna do ar 
atinge 25°C. 
 As linhas de nebulizadores, dispostas na direção dos ventiladores, 
devem entrar em funcionamento quando a temperatura interna do ar atingir 
29°C, com as cortinas laterais previamente fechadas. Quando a umidade 
relativa do ar atingir 80%, o sistema de nebulização deve ser desligado e as 
cortinas abertas, permanecendo em funcionamento apenas os ventiladores e a 
aspersão sobre a cobertura, saindo, portanto, das condições de túnel. Este 
sistema e acionado durante o dia quantas vezes as condições ambientais de 
temperatura e umidade permitirem. 
 O sistema de ventilação positiva no modo túnel e associado a 
nebulização, pode ser perfeitamente adaptado a maioria dos galpões de aves 
de postura brasileiros, bastando para isto tomar-se alguns cuidados no que diz 
respeito a melhoria do conforto térmico da instalação, por via natural (tais como 
promover aspersão sobre coberturas de amianto ou alumínio, melhorar cortinas 
de vedação, etc). Este sistema de ventilação também pode ser empregado sem 
utilização de cortinas, ou seja, sem estar em modo túnel. 
 
 
3.2.6 Sistema de material poroso acoplado a ventilador e tubo de 
 distribuição de ar (SMPVT) 
 
 Este processo de resfriamento, em uma de suas formas mais comuns 
para instalações abertas, consiste em forçar a passagem do ar por material 
poroso umedecido por gotejador de água, utilizando-se para isto um ventilador. 
Com este processo, o ar externo e resfriado antes de ser conduzido, por 
ventilação, ao interior do galpão, o que poderá se dar com a utilização de tubos 
perfurados para melhor distribuição da vazão. Assim, o SMPVT e capaz de 
tornar um sistema de ventilação comum mais efetivo. 
 No caso da avicultura de postura, os ventiladores devem ser dispostos 
da mesma forma que no túnel de ventilação descrito no item anterior, ou seja 
entre as alas de gaiolas. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CONSIDERAÇÕES FINAIS 
 
 
Durante um bom tempo as técnicas de alojamento e o ambiente de 
criação das galinhas poedeiras foram, em parte, negligenciados pela avicultura 
de postura brasileira. Somente muito recentemente, com a perspectiva do 
processo de globalização que movimenta a economia mundial, passou a se 
buscar nas instalações e no ambiente, as possibilidades de melhoria no 
desempenho avícola e de redução dos custos de produção como forma de 
manter a competitividade. 
É importante considerar que, ao se projetar ou reformar uma instalação 
para aves poedeiras, o primeiro cuidado que se deve ter e a atenta observância 
ao acondicionamento térmico natural, baseado no conhecimento das 
possibilidades de intervir sobre as variáveis do meio para melhorar a 
habitabilidade térmica dos espaços por meios puramente naturais. A forma e a 
orientaçãodos volumes conjuntamente com os dispositivos que controlam a 
radiação solar; a seleção adequada dos materiais e procedimentos 
construtivos; a previsão de uma ventilação natural perfeitamente controlada, o 
paisagismo circundante, etc., são todos elementos que podem ser explorados 
com vistas ao oferecimento do conforto térmico exigido para máximo 
desempenho produtivo das aves. O acondicionamento térmico artificial é 
fundamental, mas deve vir como recurso auxiliar ao acondicionamento natural. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
LITERATURA CONSULTADA 
 
 
 
ANDRADE, A. N.; ROGLER, J. C.; FEATHERSTON, W. R. Influence of 
constant elevated temperature and diet on egg production and shell quality. 
Poultry Science, v.55, p. 685-693, 1976. 
 
ASSOCIAÇÃO PAULISTA DE AVICULTORES. Boletim mensal – outubro de 
2005. Disponível em: http://www.apa.com.br. Acesso em: 
 
BARBOSA FILHO, J. A. D. Avaliação do bem-estar de aves poedeiras em 
diferentes sistemas de produção e condições ambientais, utilizando análise de 
imagens. Dissertação de mestrado. ESALq: Piracicaba, 2004. 123 p. 
 
COSTA, E. C. Arquitetura ecológica, condicionamento térmico natural. 5:ed. 
SãoPaulo: Edgard Blúcher, 1982. 264p. 
 
CUNNINGHAM, D. L. Poultry production systemas in Georgia, costs and 
returns. Analysis cooperative expension service, College of Agricultural na 
Enviromental Sciences, The University of Georgia, Athens, GA 30602 4356, 
1995. 
 
DONALD, J. Considerações básicas sobre ventilação em galpões de 
integração de aves. 1996. 22 p. (Circular ANR, 956) 
 
PEREIRA, A. M. Stress calórico em poedeiras comerciais. In: Seminário de 
Postura Comercial. Campinas: Guabi, 1991. p. 133-146. 
 
SALES, M. N. G.; GARCIA, R. A. M.; PINHEIRO MACHADO, F. L. C.; 
PADILHA, J. C. F.; SILVEIRA, T. D.; DINON,P. S. L. Isa Brown and Native 
Brazilian Chicks raised on pasture display similar behavior. In: Intern. 
Congresso of tha ISAE, 34. Florianópolis, Brazil, 2000. Proceedings. 
 
TELATIN JR., A. Caracterização tipológica e bioclimatológica da avicultura de 
postura no Estado de São Paulo – um estudo de caso. Dissertação de 
Mestrado. ESALq: Piracicaba, 2007). 71 p.

Outros materiais