Buscar

Sociologia da Educação

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 12 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 12 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 12 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

1° PARTE - WEBER E A EDUCAÇÃO
Weber e a educação moderna
A educação contemporânea não se conscientizou das profundas transformações pelas quais passou a sociedade. No mecanismo burocrático tudo deve ser preciso, constante e rápido, o cumprimento das tarefas é de forma calculável e sem relações entre as pessoas. Esta burocracia moderna é bem recebida pelo capitalismo (Obs.: ela é produzida pelo capitalismo) consegue desenvolver plenamente na medida em que desumaniza o ser humano, tudo isso reflete na ação educativa, principalmente quando são tirados do individuo sua liberdade e autonomia.
A educação é utilizada para garantir um estado de coisas, e também para que o indivíduo seja dominado, obediente e se submeta a normas fixas e estatuídas, torne-se um “homem de/da ordem”. A educação encontra-se sob a influência dominante daquela espécie de educação que se torna indispensável para o burocratismo moderno: ensino especializado, ou seja, com burocratização do capitalismo generalizou-se o sistema de exames pelo mundo por conta das exigências de indivíduos qualificados.
A superioridade do individuo se dá agora pela sua formação adquirida, ou seja, a burocracia do “status” adquirido. Desta maneira a sociedade passa a ser dominada por homens de ordem, e quando esta desaparece por momentos eles ficam totalmente perdidos. A busca pelo certificado não é mais pelo prazer de sabedoria, mas apenas pelo prestigio social, para caprichos individuais, para aparecerem nos círculos que seguem “códigos de honra”, e de obterem uma remuneração respeitável e uma aposentadoria assegurada pela vontade de monopolizar cargos social e economicamente vantajosos. Neste sentido a burocracia, tanto nos escritórios comerciais quanto no serviço público, é tanto portadora de um desenvolvimento especificamente estamental quanto eram os detentores de cargos do passado. Esse processo significa uma eliminação da pessoa em favor da riqueza e da propriedade. Se compararmos com outras formas de dominação vamos perceber que o prestígio social, em virtude do desfrute de determinada educação e formação não é por si mesmo algo especifico do burocratismo. É que outras estruturas baseiam-se em fundamentos distintos. Na dominação teocrática feudal, helênica, na antiga burocracia patrimonial chinesa, a educação tinha como finalidade não o “especialista”, mas o “homem culto”, isto é, o fim da educação não era a instrução especializada, mas uma qualidade no modo de viver estimada como “culta”.
	“Tanto na formação helênica quanto na medieval e na chinesa, elementos totalmente distintos dos “úteis” para determinada especialidade constituíam o centro da educação”.
(WEBER, p. 232. 1999)
Weber e a função do professor
Para Weber o objetivo fundamental do educador é proporcionar aos alunos um conteúdo que incentive a reflexão própria, porém para que isso aconteça não basta somente estar atento ao conteúdo, mas também a maneira como transmite o conteúdo, ou seja, o professor deve assumir uma neutralidade (sem passar para os alunos suas crenças e seus valores).
É preciso que o professor adote uma ética não partidária na sala de aula, portanto não pode expor a sua opinião ao apresentar o conteúdo e, caso o faça ter a honestidade de dizer o que está fazendo.
É necessário incentivar o aluno a adotar uma opinião condizente com a sua compreensão, de modo que a posição “neutra” do professor permita que também fora da sala de aula o aluno tenha a capacidade crítica de refletir sobre o que observa, experimenta e decide. Somente assim a conduta do professor estaria condizente com o processo de racionalização de nossa cultura.
Esta questão foi tratada com clareza numa conferência que Weber proferiu para jovens alemães, publicada em ciência e politica: duas vocações. Para ele estariam errados os jovens que buscam no professor a figura de um “líder”, pois a cátedra acadêmica deveria ser ocupada somente por um professor. Em quanto o líder pretende ser um orientador nas questões que se referem à conduta prática, qual um conselheiro na politica, o professor deveria abster-se de tal ocupação, reservando-se apenas a fazer “analise e formulações de fato”. O professor que se sente chamado a agir como conselheiro da juventude e a interferir nas lutas entre as concepções de mundo e posições partidárias deveria fazê-lo fora da sala de aula em lugar público, onde seus oponentes não estão condenados ao silêncio.
 Weber analisa a realidade alemã e constata o quanto os professores estão sujeitos a um processo de burocratização, temos como exemplo as citações das opiniões de alguns docentes que afirmavam que a tarefa das universidades é formar jovens para servir ao Estado e à Igreja.
A escola e a formação técnica e especializada em Weber
Como visto antes, para Weber a educação é dividida em três tipos como os tipos de dominação vistas no outro tópico do trabalho. Ela é vista de três formas fundamentais, a educação do tipo carismática, do tipo tradicional e do tipo burocrática. Em cada uma dessas formas de educação, é ensinado as crianças de diferentes maneiras, por exemplo, na tradicional, o objetivo de educar um homem culto, que depende da cultura a qual pertence, sempre seguindo a conduta do estamento onde vive.
Já a do tipo racional-burocrático, que é mais comum em nossa atual sociedade, é guiada por treinar e transmitir conhecimentos especializados que correspondem à dominação burocrática. Visa preparar o aluno para “finalidades práticas úteis à administração”, tanto na organização das autoridades públicas, quanto nos escritórios, oficinas, laboratórios industriais, exércitos disciplinados (WEBER, 1971, 482).
O capitalismo moderno exige cada vez mais uma maior qualificação das pessoas para que elas possam ser empregadas já que está se tornando cada vez mais racional e especializado. A burocracia da modernidade se define pela hierarquização, pela exigência de treinamento especializado e técnico dos trabalhadores, características que voltam ao processo educacional, que é exigido neste tipo de ensino, como podem ver na seguinte fala de Weber:
“A administração burocrática, pelo menos toda a administração especializada – que é caracteristicamente moderna – pressupõe habitualmente um treinamento especializado e completo” (Weber, 1971: 231). O desempenho do cargo segue regras gerais, mais ou menos estáveis, mais ou menos exaustivas, e que podem ser aprendidas. O conhecimento dessas regras representa um aprendizado técnico especial, a que se submetem esses funcionários (Weber, 1971: 231).
Esta exigência pela especialização é observada claramente a partir do momento em que vemos um trabalhador possuir um diploma profissional em que ele tem mais chances de conseguir um cargo superior do que aqueles que não tiveram a mesma educação e não teriam como arcar com novos meios de aperfeiçoamento.
De acordo com Weber, a burocracia traz um modo de vida racionalista e esse fato acaba por intervir no cerne do treinamento e da educação, sendo assim percebido em sua abordagem, que a sociedade moderna é marcada por um método progressivo de racionalização e burocratização. A racionalização é o que promove esse processo de especialização e que transforma a calculabilidade dos fatos técnicos em um elemento predominante, a imagem do especialista se torna deste modo de imprescindível importância.
Quanto mais complicada e especializada se torna a cultura moderna, tanto mais seu aparato de apoio externo exige o perito despersonalizado e rigorosamente "objetivo", em lugar do mestre das velhas estruturas sociais, que era movido pela simpatia e preferência pessoais, pela graça e pela gratidão (Weber, 1971: 251).
O processo de racionalização e burocratização atinge o conjunto das relações sociais e instituições, com o sistema de especialização colocando todas as atividades humanas em atividades especializadas, transformando esse tipo de formação em uma necessidade, atingindo as áreas educacionais de pesquisa e da própria ciência.
As instituições educacionais do continente europeu, especialmenteas de instrução superior – as universidades, bem como as academias técnicas, escolas de comércio, ginásios e outras escolas de ensino médio – são dominadas e influenciadas pela necessidade do tipo de "educação" que produz um sistema de exames especiais e a especialização que é cada vez mais indispensável à burocracia moderna (Weber, 1971: 277).
Mais um detalhe constatado desse processo, é o surgimento de uma classe mais privilegiada por conta dos diplomas, como ele mesmo explica nesta fala.
O desenvolvimento do diploma universitário, das escolas de comércio e engenharia, e o clamor universal pela criação dos certificados educacionais em todos os campos leva à formação de uma camada privilegiada nos escritórios e repartições. Esses certificados apóiam as pretensões de seus portadores, de intermatrimônios com famílias notáveis (...), as pretensões de serem admitidos em círculos que seguem "códigos de honra", pretensões de remuneração "respeitável" ao invés da remuneração pelo trabalho realizado, pretensões de progresso garantido e pensões na velhice, e, acima de tudo, pretensões de monopolizar cargos social e economicamente vantajosos (Weber, 1971: 279).
Enfim, sua análise de educação na sociedade moderna é diretamente derivada de sua tese da burocracia e do processo de racionalização que acompanha o capitalismo moderno. A educação burocrática e seu conjunto de procedimentos burocráticos são expressões parciais de um processo global, que é o da racionalização ocidental que acompanha a sociedade capitalista.
Os tipos de educação de Weber são insuficientes e derivados de sua tipologia da dominação legítima e da ação social. Porém, não cabe uma crítica geral da metodologia weberiana e nem de sua tipologia da ação social e dominação legítima, mas tão somente ressaltar as insuficiências de sua tipologia educacional. O próprio Weber reconhece que sua tipologia é reducionista, que não dá conta da realidade mais complexa do que seus tipos ideais.
Assim, a análise weberiana da educação burocrática é importante na medida em que descreve os procedimentos burocráticos e o processo de burocratização da educação na sociedade moderna, mas é falha e limitada na análise realizada sobre sua razão de ser, devido aos valores de Max Weber que não supera o universo intelectual burguês e assim não supera os "limites intransponíveis da consciência burguesa" (Marx, 1988).
Dominação e educação em Weber
No cenário de relações sociais, moldadas pelas lutas, mas Weber percebe de fato a dominação, dominação esta assentada em uma verdadeira constelação de interesses, dominação estabelecida na autoridade, ou seja, o poder de dar ordens, por isso ele acrescenta a cada tipo de atividade tradicional, afetiva ou racional um tipo de dominação particular. Weber definiu as dominações como a oportunidade de encontrar uma pessoa determinada pronta a obedecer a uma ordem de conteúdo determinado.
	Para Weber, existem três tipos de dominação:
Dominação Racional – Legal: Tem por fundamento o cumprimento da lei, tem a burocracia como o “tipo tecnicamente mais pura”, sendo caracterizada por regras e disciplinas, por uma especialização e racionalização dos quadros administrativos. Porém, são tipos ideais que raramente são encontrados em estados puros da realidade.
Dominação Tradicional: Baseia-se na crença que valida o poder exercido por um chefe. Seu tipo mais puro é a dominação patriarcal, não tem um tipo de controle pré-definido, os quadros são compostos de forma não especializada e sua hierarquia não possui racionalidade.
Dominação Carismática: Se baseia na crença “cega” a um líder. Esta dominação tem a capacidade de superar a vida cotidiana, se fundamenta na emoção e não é racional. No quadro administrativo, os indivíduos são escolhidos segundo o carisma e vocação pessoal.
Weber acerca da educação analisou, existir três tipos fundamentais: 1) Tipo de educação carismática que desperta o “dom da graça exclusivamente pessoal”. 2) Tipo de educação tradicional que visa educar um tipo de homem culto. 3) Tipo de educação racional burocrática que é voltada para o treinamento e ensino especializado.
Max Weber observa que o poder racional ou legal cria em suas manifestações legitimidades a noção de competência, o poder tradicional a de privilégio e o carismático dilata legitimação até onde alcance a missão “do chefe”, na medida de seus atributos carismáticos pessoais.
Para Weber “A dominação é a probabilidade de encontrar obediência a uma ordem de determinado conteúdo, entre determinadas pessoas indicáveis”.
E esta situação está ligada à presença afetiva de alguém mandando eficazmente em outras, mas não necessariamente à existência de um quadro administrativo. Constitui fundamentos para a persistência da dominação não apenas os motivos puramente materiais, afetivos ou racionais referentes a valores, mas, sobretudo, a crença em sua legitimidade. O grupo de pessoas a que obedece deve reconhecer que as ordens são legitimas, dependendo da natureza em sua legitimidade pretendida diferem o tipo de obediência e o quadro administrativo destinado a garanti-la, bem como o caráter do exercício da dominação. Para garantir esse estado de coisas uma das formas mais utilizadas é a educação. Para que o individuo seja dominado, obediente e torne-se um “homem de/da ordem” é necessário se criar “obediência”, significa que a ação de quem obedece ocorre substancialmente como se tivesse feito do conteúdo da ordem e em nome dela a máxima de sua conduta, e isso inicialmente em virtude da relação formal de obediência.
Educação e burocracia em Weber
A burocracia é umas das formas de dominação mais eficazes, seus limites estendem-se por diferentes modalidades sociais, entre elas a educação. Sem dúvida alguma, a prática educacional é uma das mais férteis para a legitimação da dominação, pois é nela que se constrói a divisão intelectual entre membros de um mesmo grupo social.
A burocracia, assim compreendida, se desenvolve plenamente em comunidades políticas e eclesiásticas apenas no Estado moderno, e na economia privada, apenas nas mais avançadas instituições do capitalismo. A autoridade permanente e pública, com jurisdição fixa, não constitui a norma histórica, mas a exceção (...) (WEBER, 1999, p. 138).
A educação é o meio mais adequado de garantir que o dominado aceite tranquilamente sua condição e se sujeite ao domínio burocrático exercido pelo outro ou pela instituição. Nesse momento, é preciso criar todo um aparato técnico e intelectual para a sustentação do mecanismo burocrático.
Weber complementa sua concepção de educação burocrática através de sua análise do ensino superior na Alemanha. Através de suas obras, A Ciência Como Vocação e O Sentido da Neutralidade Axiológica em Ciências Humanas e Econômicas (Weber, 1989), expondo seu ponto de vista pessoal sobre problemas existentes nas universidades alemãs, fazendo criticas aos representantes das universidades e do governo, assim evidenciando o papel do intelectual no ensino superior. Ele ainda realiza uma forte crítica à interferência do Estado neste processo, como os critérios que muitas vezes são utilizados para a aceitação de professores nas universidades alemãs. Assim, ele defende a aceitação de judeus, socialistas e anarquistas na universidade, e condena que a posição religiosa ou política seja motivo de exclusão da docência universitária. Toda esta discussão está inserida num contexto histórico preciso, que é o da sociedade alemã de sua época, marcada por um estado autoritário e intervencionista, que apesar de ter alguns elementos de sua análise sociológica, está mais ligada a suas posições político-ideológicas do que sua "sociologia da educação".
Ao perceber a educação como um caminho seguro de capacitação do indivíduo, treinando-o para obedecer às regras sociais fixas, Weber comenta que, muito mais que ensinar para a liberdade, o modelo representaria uma total submissão do sujeito à máquina burocrática.
A educação burocrática reproduz todas as características de todas as organizaçõesburocráticas e, por conseguinte, sua razão de ser é da mesma natureza.
"A razão decisiva para o progresso da organização burocrática foi sempre a superioridade puramente técnica sobre qualquer outra forma de organização. O mecanismo burocrático plenamente desenvolvido compara-se às outras organizações exatamente da mesma forma pela qual a máquina se compara aos modos não-mecânicos de produção" (Weber, 1971: 249).
Assim, Weber procurou observar a formação educacional da Europa de sua época, analisando alguns centros educacionais destinados à educação de jovens. A conclusão foi que tais instituições são construídas com o objetivo de trabalhar a “formação cultural” que serve de amparo para a burocracia moderna (CARVALHO, 2005). 
A burocracia, em Weber, é um tipo de dominação que se estrutura em princípios cujos regulamentos, normas e ações humanas são distribuídas de forma fixas como deveres oficiais. Sendo que, a autoridade pode fazer uso de certos meios para o cumprimento de direitos e deveres estabelecidos.
Weber define burocracia como sendo: “A forma mais racional de exercício de dominação, porque nela se alcança tecnicamente o máximo de rendimento em virtude de precisão, continuidade, disciplina, rigor e confiabilidade, intensidade e extensibilidade dos serviços, e aplicabilidade formalmente universal a todas as espécies de tarefas (...) Toda nossa vida cotidiana está encaixada nesse quadro.” (Weber, 1998 : 145). Desta forma, a burocracia se expande em todos os campos da vida social.
Portanto, o ato de educar deveria ser como um desafio de formação de mentes preparadas para atuarem no futuro de determinado país. Assim, o professor teria um papel primordial, cabendo à responsabilidade e o rigor de ensinar seus aprendizes, sendo o único agente social habilitado, com capacidade intelectual e pedagógica para formação de alunos e futuros cidadãos. Ele ainda completa que o espaço universitário deveria ser marcado pela livre expressão política e científica. A sala de aula deve ser concebida como o lugar onde o professor pode livremente tecer críticas ao Estado e suas autoridades políticas dirigentes. Mas ao observar o cotidiano de uma sala de aula, vemos que os alunos cumprem tarefas determinadas, e estão sujeitos a regras e deveres de acordo com que se cobra na sociedade burocrática. Porém, a responsabilidade da ação educativa é introduzir nesta sociedade um espaço de libertação, que consiste em romper com o determinismo, abrindo espaço para o exercício da autonomia.
2° PARTE – Educação e Trabalho em Marx e Engels
A crítica de Marx a educação burguesa
A concepção marxista de natureza humana nada tem de metafísica, pois o ser humano é um ser social e ativo e isto é fruto de um longo processo histórico de humanização. O processo histórico marca o nascimento do trabalho e da sociabilidade como meios para satisfazer determinadas necessidades (comer, beber, amar, etc.) e se tornam, eles mesmos, novas necessidades, que, por sua vez, irão criar outras necessidades. O trabalho enquanto livre atividade criativa, manifestação das potencialidades humanas (físicas e mentais) e a sociabilidade enquanto forma livre e igualitária de associação de seres humanos, são necessidades humanas. Mas na sociedade capitalista, o trabalho deixa de ser objetivação, práxis, para ser alienação, trabalho dirigido por outro cujo objetivo é a exploração e a sociabilidade deixa de ser igualitária e passa a se fundamentar na desigualdade, no antagonismo, na exploração e na dominação. Este processo de degradação do trabalho e da sociabilidade é um processo histórico que se manifestou sob diversas formas e que assume uma forma específica na sociedade capitalista, que cria uma forma específica de trabalho alienado e de sociabilidade. 
O processo de educação é o livre processo de desenvolvimento das potencialidades humanas, da sociabilidade. O que, segundo Marx, como já exposto, não é possível na atual sociedade capitalista.
A educação capitalista está voltada para formar a força de trabalho e esta, no capitalismo, é especializada, e, por conseguinte, é unilateral, ou seja, se volta para o desenvolvimento de algumas potencialidades necessárias para o processo de produção capitalista em detrimento de diversas outras, criando um ser humano limitado. Marx se opunha ao desenvolvimento de um ser humano unilateral, especialista, submetido à divisão social do trabalho, e sua visão do desenvolvimento do ser humano omnilateral como o objetivo a ser alcançado, ele se opunha ao modo capitalista de educação fundamentado na divisão social do trabalho.
Outra crítica de Marx à educação capitalista se encontra no fato de que esta possibilita o aumento da exploração dos trabalhadores, pois os prepara para se adaptar ao processo de produção capitalista, domesticando-os antes de os inserir neste processo. Assim, a educação capitalista buscaria domesticar a força de trabalho e prepará-la para o trabalho no processo de produção capitalista, visando o preparo técnico e disciplinar. Assim, ela teria como papel a formação da força de trabalho de trabalho para o capital.
Marx também considera a educação capitalista marcada pela desigualdade, na qual a classe capitalista dispõe de um grau de educação superior ao do proletariado e do campesinato (Marx & Engels, 1992). Isto é facilmente perceptível pela divisão entre os níveis educacionais e na diferença entre aqueles que conseguem atingir os níveis mais elevados e os que não conseguem, pois expressam classes sociais diferentes.
Um terceiro elemento da crítica de Marx à educação capitalista está no seu caráter ideológico, caracterizado por buscar propor os valores e ideias dominantes nas crianças (Marx & Engels, 1992).
Proposta marxista de união entre trabalho produtivo e educação
Marx considerava a união entre trabalho e educação como um dos mais poderosos meios para a transformação social. Mas o modo de educação capitalista se caracteriza pela separação entre educação e trabalho, a não ser no caso da educação técnica profissionalizante, que é do interesse do capital. 
Marx afirma que são os homens que transformam as circunstâncias e, por isso, é necessário primeiro mudar os homens e sua consciência para só depois mudar as circunstâncias. De acordo com isso, ele propõe uma prática educacional transformadora, onde a escola teria basicamente um duplo papel: 1°- Desmascarar todas as relações sociais (relações de dominação e exploração) estabelecidas pelo capitalismo no âmbito da sociedade, tornando cada indivíduo consciente da realidade social na qual ele está inserido; 2° - Militar pela abolição das desigualdades sociais, pelo fim da dominação e exploração de uma classe sobre outra; Por último, pela transformação da sociedade.
Marx rejeita a educação industrial, mesmo a dita “diversificada” e propõe uma educação politécnica. Em outras palavras, Marx propõe a união entre educação e trabalho no sentindo de abolir a separação entre trabalho intelectual (educação) e trabalho manual (“trabalho”) visando a formação multilateral do ser humano como ponto de partida para a transformação social e sua futura formação omnilateral. Assim, Marx pretende utilizar a educação politécnica, uma alternativa superior à educação industrial diversificada, como meio de transformação social.
A educação politécnica é um meio para a transformação social e, portanto, para a formação do ser humano omnilateral. Assim, o ser humano deve se desenvolver de forma omnilateral, mas na sociedade capitalista se desenvolve de forma unilateral (devido a especialização provocada pela divisão social do trabalho) e, por isso, deve ser substituída por uma formação multilateral como meio para se atingir a formação omnilateral, o que significa que possui um papel no processo de transformação social. 
A educação politécnica, na concepção de Marx, preparava o proletário para se desenvolver mais plenamente e também lhe fornecendo condições de gerir o processo de produção por conta própria, sem necessitar de técnicos e do capitalista:“A formação politécnica, que foi defendida pelos escritores proletários, deve compensar os inconvenientes que se derivam da divisão do trabalho, que impede o alcance do conhecimento profundo de seu ofício aos seus aprendizes” (Marx & Engels, 1992, p. 98).
O princípio da união trabalho e ensino apresenta um caráter duplo que não é nada mais nada menos que a expressão da própria natureza contraditória do trabalho no capitalismo. Do mesmo modo que o trabalho, que nega o homem ao mesmo tempo em que é pressuposto das relações de homens livres, assim também se coloca o princípio da união trabalho e ensino. Ele, igualmente, aparece como meio de favorecer tanto o desenvolvimento político dos trabalhadores, isto é, seu desenvolvimento enquanto força revolucionária, quanto de amenizar os malefícios causados pela divisão do trabalho e fortalecer sua organização com vistas à derrubada da sociedade burguesa.

Outros materiais