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Sistemas agroindustrial, visão sistêmica e mesoanálise Profª Vânia Ferreira Roque-Specht Commodity System Approach; Análise de Filière – Ao comparar os dois enfoques, observa-se que, apesar do ponto de partida em um CSA ser a matéria-prima, e em outros (filière) ser o produto, a definição de ambos converge para uma abordagem de aspecto mesoanalítico e sistêmico dos estudos de cadeia de produção agroindustrial. Análise das cadeia produtivas Permite avaliar aspectos de competitividade que partem do foco em uma empresa, seus processos e organização internos, seus relacionamentos com outras empresas, passando pelo entendimento dos arranjos formados pelas empresas e seus relacionamentos. O maior benefício do estudo de uma cadeia produtiva é a possibilidade de ampliação da compreensão do contexto onde as empresas estão inseridas, fazendo com que as mesmas caminhem no sentido de ter uma visão sistêmica de sua competitividade. No momento em que os atores regionais começam a perceber as inter-relações existentes entre os diferentes elos da cadeia produtiva, os seus “gargalos” começam a ficar mais claros, isto é, os pontos de estrangulamento da competitividade regional e das próprias empresas, onde esforços conjuntos podem produzir ganhos para todos os envolvidos. (PIRES, 2001, p. 80). Pires também comenta que existem dois tipos de leitura das inter-relações de uma cadeia produtiva regional, a leitura técnica e a leitura econômica. Pires (2001) estabelece quatro níveis de análise para a compreensão e intervenção na situação competitiva de uma região: Macro; Meso; Micro; Meta. Micro: – Nesse nível os elementos fundamentais são os internos: “práticas organizacionais, inovação e gestão tecnológica interna e relação com os fornecedores”. – “Representa as empresas e as redes de empresas e como elas se organizam para se tornarem competitivas”. – considera a capacidade das empresas de aumentar as receitas Meso: – ...“nesse nível, podem surgir entraves específicos na infra-estrutura, nas políticas comerciais e setoriais e nos sistemas normativos”. – ...“importância da articulação entre as empresas e as instituições do poder público e da sociedade, capazes de gerar sinergia e competitividade”. – trata da competitividade industrial e regional relacionada a infraestrutura e a capacidade de formar redes e de realizar melhorias nos sistemas de inovação. Macro: – “Busca-se um ambiente macroeconômico estável”, a partir da “competência, cooperação e diálogo social, para canalizar os potenciaisnacionais na direção da competitividade internacional”. – “Políticas cambial, monetária, orçamentária, fiscal, anti-trust, de comércio exterior e do consumidor.” – relacionado aos fatores macroeconomicos nacionais que afetam a competitividade das empresas, como taxa de juros e cambio, balanca comercial e de pagamentos e divida publica Meta: – ...”composto pelas variáveis mais lentas na competitividade, como as estruturas socioculturais e a capacidade dos atores regionais para formularem visões e estratégias”. – ...”refere-se à sociedade civil, envolvendo a capacidade de estabelecer um padrão nacional de organização jurídica, política, econômica e macrossocial que favoreça a competitividade”. – relacionado a fatores culturais do país, como a capacidade que a sociedade tem de realizar consensos para conseguir alcançar os objetivos defi nidos conjuntamente Determinantes da competitividade sistêmica: interação Fonte: Esser et.al. (1994) apud Barreto (2008, p. 18) Mesoanálise Zylbersztajn (2000: 37) afirma que a mesoanálise pode ser definida como “a análise estrutural e funcional dos subsistemas e de sua interdependência dentro de um sistema integrado”. A mesoanálise da cadeia de produção agroindustrial é importante pois aborda a competitividade de uma empresa não apenas como conseqüência das escolhas estratégicas relativas a seus processos internos de gestão, mas envolve uma visão mais abrangente, que analisa os relacionamentos com seus fornecedores e toda a cadeia à montante de sua operação, assim como a relação com seus clientes e toda a cadeia à jusante. Dessa forma há uma melhor compreensão da posição competitiva de um agente, sendo possível identificar e delimitar tanto as possibilidades e oportunidades quanto problemas e gargalos que se apresentam para uma empresa. A mesoanálise visa preencher a lacuna existente entre a análise microeconômica e a análise macroeconômica. Enquanto a primeira estuda o comportamento individual dos agentes econômicos, unidades familiares e empresas, abstraindo um modelo explicativo do comportamento do todo e a segunda busca explicar o funcionamento das partes com base no funcionamento do todo, nos grandes agregados econômicos. A abordagem mesoanalítica possibilita equacionar-se tanto os problemas referenciados ao processo de concorrência e às opções estratégicas das empresas como os que dizem respeito ao processo distributivo entre os agentes econômicos. Análise sistêmica Sistema “Um sistema é um conjunto de partes coordenadas realizando determinadas funções” (KAUFFMAN, 1980; KAST & ROSENZWEIG, 1985; DEMING, 1986; HARRY, 1990). Churchman interpreta o sistema como “partes coordenadas em busca de objetivos específicos” Uma análise sistêmica tem como pré-requisito a definição de vários aspectos que caracterizam o problema a ser estudado, isto é, definição do sistema e de seu meio ambiente passa pela definição do objetivo a ser alcançado pela análise. Churchman propõe cinco aspectos básicos para a análise dos sistemas, representados: – Objetivos do sistema total; – Ambiente; – Recursos; – Componentes ou as atividades para alcançar os objetivos; – Administração do sistema. Os objetivos do sistema são as suas metas; O ambiente abrange tudo o que está fora do controle do sistema, bem como o que influencia a sua atuação; Os recursos são considerados os meios disponíveis para o sistema atingir os seus objetivos; Os componentes e/ou atividades do sistema são as funções desempenhadas para atingir os seus objetivos. A administração do sistema que abrange as funções de planejamento e controle. Visão sistêmica do Sistema Agroindustrial A visão sistêmica mostra que os fenômenos devem ser entendidos não só em termos dos seus componentes, mas também em termos do conjunto integral das relações existentes entre eles (SCHODERBEK et al., 1980). Visão sistêmica do Sistema Agroindustrial “ O enfoque sistêmico considera que todo sistema evolui no espaço e no tempo em função de mudanças internas e externas ao sistema. Enquanto sistema, uma cadeia de produção agroindustrial também estará sujeita a mudanças ao longo do tempo”. Dessa forma, o conceito engloba os fornecedores de bens e serviços para a agricultura, os produtores rurais, os processadores, os transformadores e distribuidores e todos os envolvidos na geração e fluxo dos produtos de origem agrícola até o consumidor final. O enfoque sistêmico da produção agroindustrial é guiado por: Orientação pela demanda – a demanda gera informações que determinam os fluxos de produtos e serviços através de toda a cadeia produtiva. Uma cadeia é tão forte quanto... ... seu elo mais fraco Verticalidade –um elo da cadeia influencia os outros elos da cadeia. Coordenação dentro da cadeia – estar sempre atento a métodos alternativos de coordenação, pois a cadeia pode ser muito dinâmica cadeia de suprimentos e comercialização). Competição entre sistemas – um sistema pode envolver mais de um canal de comercialização (exportação e mercado doméstico). Alavancagem – busca identificar pontos específicos na sequencia produção-consumo para que se possa melhorar a eficiência de um grande número de participantes de um de uma só vez. Formas de representação do sistema agroindustrial De certo modo, as formas de representação do sistema agroindustrial tem variado ao longo do tempo, entretanto sobressaem as seguintes: Formas de representação do sistema agroindustrial Food chain Food web Food cycle Food context Fluxo de produtos e matérias-primas Mecanismos de retroalimentação, sobretudo de informações (feedbacks) dentro do sistema Relações entre SIG e as implicações do seu ambiente na sua dinâmica de funcionamento Estrutura de rede Food chain – foca-se no fluxo de produtos e matérias-primas através de uma sequencia de estágios, enfatizando um encadeamento ordenado e linear destes estágios de transformação. Food cycle – detém-se sobre os mecanismos de retroalimentação, sobretudo de informação (feedbacks). Food web – redes Food context – centraliza suas atenções nas relações entre o sistema agroindustrial e as implicações do seu ambiente na sua dinâmica de funcionamento.
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