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ABORDAGEM SISTÊMICA

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ABORDAGEM SISTÊMICA
Luzia Sales Santiago
1. Pressupostos teóricos
Na contemporaneidade a palavra sistema passou a ser empregada nos mais diversos contextos e a apropriação da palavra tem relação direta com a revolução tecnológica que impõe o pensamento em termos de sistemas e não mais em termos de máquinas isoladas. O enfoque sistêmico ultrapassou as barreiras do contexto industrial, se estendendo para a física, biologia, psicologia e nas ciências sociais.
A Teoria Geral dos Sistemas foi, oficialmente estabelecida por Ludwig Von Bertalanffy, que em 1920 iniciou seus estudos em Biologia e em 1956 criou a sociedade para o estudo do sistema geral em Standfort nos Estados Unidos. Le Moigne (1977) e Capra (1996) apontam que a primeira obra sobre sistemas foi escrita no ano de 1913 pelo russo Alekssandrovich Bogdanov, porém foi pouco reconhecido no meio científico, até mesmo pelo próprio Bertalanffy. A Teoria Geral dos Sistemas passa a ser vista como uma das teorias que se dedica a
estudar os processos de interações sociais, fazendo com que a noção de sistema passe a aparecer e a fazer parte da investigação científica. De acordo com essa perspectiva, a ciência passa, então, a não mais isolar os fenômenos, mas a estudá-los em unidades cada vez maiores. Segundo Osório & Valle (2002, p. 26):
A teoria geral dos sistemas foi elaborada e sistematizada por Von Bertalanffy a partir da década de 20. Depois da teoria psicanalítica e da teoria behaviorista, a teoria geral dos sistemas é considerada como a terceira grande contribuição de uma teoria unificada do comportamento humano.
Nos anos 40 foram estabelecidas as principais ideias da Teoria Geral de Sistemas que foi fortemente influenciada pelo trabalho de equipes multidisciplinares de cientistas que buscavam resolver problemas complexos relacionados à Segunda Guerra Mundial. Na mesma época, outro aporte teórico veio juntar-se à teoria sistêmica na tentativa de entender o processo de interação humana, que é a cibernética. A cibernética se ocupa das transformações de comportamentos dos membros de um sistema e da influência de um membro sobre outro nessas mudanças de comportamentos. Quanto a isso Vasconcellos (1995,p.77) afirma:
A simples definição dos componentes do sistema não determina o modo de acoplamento e só os pormenores deste determinam o comportamento do todo. O estado de cada parte é função das condições proporcionadas pelas outras parte e cada parte tem poder de veto sobre os demais estados do todo.
A teoria sistêmica – e dentro dessa a cibernética - parte do ponto de vista de que todo o ser humano faz parte de um sistema (no caso a família), sendo esse sistema regulado por um sistema maior (a sociedade). Ao fazer parte de um micro e de um macrossistema, os seres humanos vão construindo o seu “eu” a partir das interações sociais. A teoria sistêmica parte do pressuposto de que os seres humanos, desde o nascimento, relacionam-se e interagem socialmente com outras pessoas, e que essas interações determinam o processo de construção da nossa identidade, bem como determinam, igualmente, toda a construção do psiquismo. Segundo a teoria sistêmica, não se pode ver a experiência humana e individual separando-as do relacional e do interacional.
2. Características do Pensamento Sistêmico
A abordagem sistêmica caracteriza-se pela sua capacidade de olhar para o humano como um ser capaz de influenciar e de ser influenciado pela sociedade, adaptando sua estrutura e reequilibrando-se num nível mais elevado de complexidade à medida que a sociedade se transforma.
De acordo com Bertoli, (2012) a teoria geral dos sistemas identifica algumas características e leis que acontecem em todos os sistemas, independente da área. Todo sistema deve possuir quatro características:
a) Elementos 
b) Relação entre elementos
c) Objetivo comum
d) Meio-ambiente
São leis universais dos sistemas:
a- “todo sistema se contrai, ou seja, é composto de subsistemas (e isso ocorre infinitamente).”
b- “Todo sistema se contrai, ou seja, é parte de um sistema maior (e isso ocorre infinitamente).”
c- “Quanto maior a fragmentação do sistema (ou seja, o número de subsistemas), maior será a necessidade para coordenar as partes.”
d- Sinergia- A sinergia pode ser entendida através da frase “o todo não é a mera soma das partes”. A sinergia pode ser exemplificada pela fórmula 1+1=3. Isso significa que as partes de um sistema podem interagir para geral algo maior, o que as partes não conseguiriam atingir se trabalhando isoladamente. 
Homeostase- Este princípio diz que os sistemas sempre procuram o equilíbrio. Isto quer dizer que, se uma parte não está trabalhando bem, outras partes terão que trabalhar mais a fim de manter o equilíbrio e assim o sistema
3. Psicologia da Educação e Teoria geral dos sistemas
A ciência procurava explicar os fenômenos a partir do isolamento de seus elementos constitutivos e Bertalanffy (1975) propõe uma nova forma de se ver as organizações e instituições, segundo ele a ciência considerada como contemporânea procura analisar os fenômenos a partir de sua totalidade considerando-os como sistemas. Bertalanfy (1975, p.61) acredita que: “A teoria geral dos sistemas portanto é uma ciência geral da totalidade”. 
Von Bertalanfy (1975), após algumas explicações a respeito dos postulados teóricos da teoria geral dos sistemas, pontua que essa possa ser utilizada também na educação. O autor (1975, p.79) destaca que: “Entretanto, se falamos de educação não queremos dizer apenas valores científicos, isto é, comunicação e integração dos fatos. Queremos nos referir tambémaos valores éticos, que contribuem para o desenvolvimento da personalidade”. 
Nessa perspectiva de se pensar a influência dos membros de um sistema, como no caso, o sistema educacional, cabe ressaltar que um sistema, para Gasparian (1997, p.27): “Pode ser visto como o conjunto de elementos materiais ou não, que dependem reciprocamente uns dos outros, de maneira a formar um todo organizado”. A teoria geral dos sistemas propõe, então, uma mudança de enfoque, das partes para o todo, levando-se em consideração que as partes só poderão ser entendidas a partir do todo.
Na visão sistêmica o mundo é visto como um todo, indiviso, fundindo-se todas as partes do universo. A totalidade é o ponto vital de qualquer paradigma que surge a partir da visão sistêmica. “O princípio da separatividade estabelecido, pelo paradigma cartesiano-newtoniano, dividindo realidades inseparáveis, já não tem mais sentido” (MORAES, 1996, p. 61). 
Segundo Saviani (2009) e Cury (2009) um sistema constitui-se na “unidade de vários elementos intencionalmente reunidos de modo a formar um conjunto coerente e operante”. Nessa perspectiva, os autores defendem que a constituição de um sistema educacional deve partir de uma ação intencional coletiva orientada que vise à formulação de uma teoria educacional.
4. Contribuições da Teoria Sistêmica para a Educação
Bertalanffy (1973, p. 69) define a educação como“um sistema integrado e que possui todas as peculiaridades de um sistema aberto, recebendo e transmitindo informações, comunicando e integrando fatos”. O enfoque sistêmico pratica a interdisciplinaridade, porque cria uma base conceitual comum e permite que desenvolvimentos em uma área de conhecimento possam ser aplicados em outras áreas. Bertalanffy (1973) argumenta que uma Teoria Geral de Sistemas seria um instrumento útil capaz de fornecer modelos a serem usados.
5. Princípios da relação entre educação, homem e mundo
Conceber o mundo nessa totalidade exige considerar a produção do conhecimento como algo que se renova e precisa ser reconstruído com o mesmo dinamismo do processo de renovação do mundo para que possa dar conta da realidade que se manifesta nas relações sociais, portanto algo não estático.
Nessa forma de perceber a realidade, o indivíduo é visto a partir das relações com os outros e com o mundo que o rodeia. Moraes (1996, p. 62) destaca que pensar e agir numa perspectiva sistêmica é manter um diálogo criativo entremente e corpo, do interior com o exterior, entre sujeito e objeto, do cérebro direito com o esquerdo, do consciente e inconsciente, entre o indivíduo e seu contexto, do ser humano com o mundo da natureza. 
De acordo com Gadotti (1997), educação vai muito mais além do que a mera instrução, do que treinamento ou apenas repetição. Pois o querer aprender é eminentemente transformador, deve se enraizar na cultura dos povos, pois, a partir dele, as pessoas tornam-se livres. O processo de aprendizagem não é estanque, e, por ser assim, inter-relaciona-se teorias que respaldem a análise e compreensão dos espaços da prática educacional, as quais são essenciais. 
6. O eixo das relações e a aprendizagem e o desenvolvimento
De que no eixo das relações se encontra a metacomunicação, e em um sistema encontrando-se a disfunção de tal problema na aprendizagem e desenvolvimento do aluno, na busca de se adquirir conteúdo, informação por meio da comunicação, interação tanto com o professor como também com os outros alunos. Pois de acordo com Watzlawick (1972) mostram que, em um sistema, a disfunção sempre se encontra ou na relação, e, portanto no processo interacional e não no conteúdo, ou em uma confusão que pode acontecer entre dois níveis: o conteúdo enquanto comunicação, e a relação enquanto metacomunicação. 
7. Relação do conhecimento com a educação, escola, aluno e família
Quando se fala em abordagem sistêmica, vem a noção de totalidade, a qual nos mostra uma visão em que engloba todos os aspectos, considerando tudo em um ambiente social e pessoal. Dito isto, Lustosa e Silva (2014) nos esclarece que ter essa visão exige que a produção de conhecimento deva ser considerada como algo que se renova, para acompanhar a dinâmica em que o mundo se movimenta para dar conta da realidade que temos em relações sociais.
Entendendo esse pensamento das considerações a serem feitas pelo meio, Jesus e Neves (2004, p. 21), esclarece isso no que se trata da escola, aluno e família: “Sendo esta, uma abordagem sistêmica, a escola, o aluno e a família têm de ser vistos como sistemas abertos sendo que, as trocas entre si e o sucesso das mesmas, dependem irremediavelmente da relação dinâmica que estabelecem.”
Considerar essas interações é importante para que os comportamentos, sejam em contexto familiar ou escolar, tenham sentido, pois é necessário que os sistemas se aproximem, entendendo e separando os papeis de cada um, uma vez que deve ser entendido que a família vai sempre ocupar esse papel, enquanto a escola tem um certo limite de tempo, embora essa comunicação seja posta sempre em totalidade do contexto (JESUS e NEVES, 2014).
8. Relação professor-aluno
Segundo Behrens (2005) [...] O professor na abordagem sistêmica ou holística tem um papel fundamental na superação do paradigma da fragmentação. [...] O aluno caracteriza-se como um ser complexo que vive num mundo de relações e que, por isto, vive coletivamente, mas é único, competente e valioso. 
A escola é um lugar para humanizar-se, e isto só ocorre a partir da aceitação das diversidades, principalmente compreendendo que existem diferenças no processo de desenvolvimento e aprendizagem de cada ser humano. Somos todos capazes de aprender e estamos aprendendo a todo tempo alguma coisa na relação com o outro, desde que assim o desejarmos (FREIRE, 1997).
A Abordagem sistêmica percebe a relação professor-aluno a partir de um sistema-classe, que fornece aos indivíduos os conhecimentos para a realização das tarefas de produção úteis para o funcionamento da sociedade. Segundo Curonici e McCulloch (1999), A finalidade individual do professor pode ser levar o maior número possível de seus alunos para a realização dos aprendizados propostos [...] a finalidade do aluno é apropriar-se dos conteúdos propostos pelo professor. Em ambos os casos, as autoras vem falar, que estão de acordo com a finalidade do sistema classe.
Cabe ao professor buscar priorizar não o que se aprende, mas a partir de qual perspectiva o aluno aprende, interrogando-se sobre qual é seu lugar no contexto escolar. Deve reconhecer que existem formas variadas de ensinar, que exigem novos posicionamentos em relação à diferença, com ações pautadas para além da transmissão de conhecimentos, baseada na cooperação, solidariedade e respeito às diferenças. 
9. Metodologia de ensino
Na Abordagem Sistêmica, considera-se a interação, a colaboração e a cooperação como elementos fundamentais nos processos de ensino aprendizagem, pressupondo trocas dialógicas entre professores, tutores e alunos. Compreende o aluno como ser autônomo e sujeito capaz de contribuir com os processos de ensino, e não somente como consumidor. Um sistema é um conjunto de elementos interagindo.
Identificando a escola como um sistema aberto, e pautados nos conceitos, a Teoria Geral de Sistemas, por ser caracteristicamente interdisciplinar, no que remete à compreensão do uso de métodos diferenciados, atrativos e, até mesmo, vivenciais. Pode-se, inter-relacionar a abordagem sistêmica e à prática pedagógica. Não podemos compreender a educação de forma isolada, ela está sempre trocando informações com diversas variáveis, internas e externas, tangíveis e intangíveis.
10. Processo avaliativo
Na Abordagem sistêmica o processo avaliativo é contínuo, abrange as múltiplas inteligências com suas especificidades e foca na construção do conhecimento. A avaliação é focada no crescimento gradual do aluno, respeitando a individualidade de cada um e suas múltiplas inteligências.
De acordo com Behrens (2005), a dimensão que se pretende com uma perspectiva sistêmica ou holística é que o homem recupere a visão do todo. Que se sinta pleno, vivendo dentro da sociedade como um cidadão do mundo e não como um ser isolado.
11. Análise crítica
Percebemos a relevância do Pensamento Sistêmico e como este trouxe contribuições para a educação, a partir do momento em que este pensamento enxerga a possibilidade do sujeito romper com seu determinismo biológico através da educação e da cultura, uma vez que parte-se do pressuposto de que a pessoa transcende a sua “bagagem” genética, ou seja, ela não é somente constituída pela herança genética, mas caracteriza-se como um todo integrado.
Na Abordagem Sistêmica, sua essência reside no entendimento de que é um sistema aberto onde sofre e interage influenciando a sociedade e a partir da educação, o aluno é visto como um todo que precisa ser respeitado em suas especificidades e diferenças. Seu talento e sua criatividade são muito valiosos e cada um pode contribuir com a construção do conhecimento com seus referenciais.
Este artigo relaciona os temas família e escolha profissional. Tem como objetivo apresentar algumas contribuições da Terapia Familiar de abordagem Sistêmica ao cabedal teórico/prático da Orientação Profissional, correlacionando alguns conceitos desta área de conhecimento com a escolha profissional, tais como: regras, fronteiras, homeostase, sistema, subsistema, supra-sistema, ciclo de vida familiar, diferenciação do eu, lealdade, mitos familiares e genograma. A revisão apresentada demonstrou as possibilidades da utilização deste referencial teórico na práxis da Orientação Profissional.Palavras-chave: Terapia familiar, Abordagem sistêmica,
Escolha profissional, Orientação profissional.
Este trabalho tem o objetivo de relacionar alguns conceitos da Terapia Familiar de abordagem Sistêmica com a escolha profissional. Tal estudo se faz importante em função da necessidade de se perceber as influências que o indivíduo recebe de seu contexto familiar, ao escolher uma profissão. Procura-se, neste sentido, auxiliar os orientadores profissionais a utilizarem, em sua prática, algumas das ferramentas que a abordagem sistêmica de família propõe. O artigo apresenta uma revisão crítica da literatura a respeito do tema. Em uma primeira etapa, realizamos um levantamento da produção científica nacional na área da Orientação Profissional, indexada na base de dados Index Psi Periódicos (INDEXPSI Biblioteca Virtualem Saúde, BIREME/OPAS/ OMS), no período de 2001 a 2005. Foram utilizados os seguintes descritores
(palavras-chave): orientação vocacional / profissional / ocupacional, em suas múltiplas combinações. O mesmo procedimento de busca foi realizado com o tema terapia familiar sistêmica, com várias combinações: terapia familiar, terapia sistêmica, família, sistema, sistêmica, abordagem sistêmica, abordagem familiar sistêmica. Optou-se pelos resumos que mais se aproximavam ao tema do artigo, sendo excluídos os resumos que abordavam temática diferente ao objeto de estudo. Para uma segunda etapa do processo de seleção e classificação das publicações, dois critérios subsidiaram a qualificação das contribuições mais significativas. Um primeiro foi referente ao tipo de delineamento metodológico utilizado, subdividido em: teóricos e empíricos. O delineamento teórico compreende trabalhos que visam ao desenvolvimento teórico-conceitual e revisão de literatura. O delineamento empírico abrange estudos realizados com base em procedimentos empíricos de coleta de dados. Um segundo critério enfatizou alguns autores que desenvolveram seus trabalhos em outros países, para posteriormente listar os autores nacionais, até a inclusão de autores regionais, com o objetivo de melhor contextualização do tema. Conclui-se o artigo com o relato breve de pesquisa realizada em dissertação de mestrado pelos autores, junto ao Programa de Pós-graduação em Psicologia, na qual o referencial teórico da terapia familiar sistêmica foi utilizado como base epistemológica para o estudo das escolhas profissionais de estudantes de psicologia com descendência germânica, de uma universidade privada localizada no sul do Brasil. A Escolha Profissional A escolha de uma profissão pode ser entendida como o modo que o sujeito escolhe para se inserir no mundo e, através do trabalho escolhido, modificá-lo. Para Bohoslavsky (1982, p.79),
(...) quem escolhe não está escolhendo somente uma carreira. Está escolhendo ‘com que’ trabalhar, está definindo ‘para que’ fazê-lo, está pensando num sentido para a sua vida, está escolhendo um ‘como’, delimitando um ‘quando e ‘onde’, isto é, está escolhendo o inserir-se numa área específica da realidade ocupacional. A escolha profissional não se dá de um momento para outro, constituindo-se num processo (Bohoslavsky, 1982; Müller, 1988). Bohoslavsky (1982) aponta três momentos distintos pelo qual passa o jovem durante este processo, levando-o a sair do passado (seu antigo mundo, amigos, aspectos infantis, entre outros) para o mundo adulto representado pelo futuro (a universidade, a responsabilidade, a independência dos pais, entre outros). Num primeiro momento, há a seleção, ou seja, a discriminação das carreiras e classificação afetiva perante elas. O segundo momento é o da escolha, que não envolve somente o reconhecimento seletivo, mas o estabelecimento de vínculos diferenciados com a profissão escolhida. A decisão, terceiro e último momento, está ligada à possibilidade de lidar com a frustração, de resolver conflitos, de elaborar os lutos pelo não escolhido e pelo deixado para trás.
O sujeito que escolhe uma profissão está inserido num contexto complexo, capaz de influenciar diretamente sua decisão ocupacional. Müller (1988) menciona que a escolha profissional encontra-se condicionada a sutis influências que vão se desenvolvendo ao longo da trajetória de vida do indivíduo, das quais fazem parte as expectativas familiares, a situação social, cultural e econômica daquele que escolhe, as oportunidades educacionais, as disposições internas e as perspectivas profissionais da região em que reside. Aprofundando os fatores familiares que influenciam a escolha profissional, Bohoslavsky (1982) acredita ser a família o grupo de participação e referência essencial, tanto que devem ser analisados quais valores esta família repassa ao jovem a respeito das profissões, bem como o grau de satisfação ou insatisfação dos pais ou pessoas próximas quanto às suas próprias profissões, pois estarão, de algum modo, influenciando aquele que escolhe uma carreira. Andrade (1997) concorda com Bohoslavsky e cita o resultado de estudos que realizou, constatando que o nível de satisfação dos pais com suas carreiras influencia a motivação do jovem para com sua profissão. Quanto maior o grau de satisfação dos pais, percebido pelos filhos, maiores são as possibilidades de se entusiasmarem com sua própria escolha. Dias (1995) destaca que o momento da escolha profissional é de crise que envolve não só aquele que escolhe, mas também o grupo familiar no qual está inserido. Descreve que as ansiedades vividas pelo adolescente farão parte de um processo em família. Os pais reviverão, através do filho, seus próprios dilemas vividos no mesmo momento evolutivo. Dependendo do modo como resolveram ou não estas questões em suas vidas, terão um repertório mais ou menos fortalecido para, na situação atual, oferecerem continência às ansiedades do filho. Sendo assim, para o jovem que opta por uma profissão, a escolha profissional torna-se o reconhecimento e a aceitação do seu mundo familiar (interno, conhecido, limitado) para a exploração do mundo social (externo, desconhecido, complexo). Para os pais dos adolescentes que escolhem uma carreira, há a necessidade de aceitar que as relações com os filhos vão mudando; de que os jovens passam a questionar e confrontar suas idéias, passando a assumir seus próprios projetos pessoais. Os filhos começam a serem vistos como integrantes da sociedade e não somente como seus filhos (Müller, 1988).
A Abordagem Sistêmica
A Terapia Familiar Sistêmica nasceu nos Estados Unidos, em Palo Alto, Califórnia, na década de 50. Tem como referenciais conceitos de outras ciências, tais como a Biologia, a Física, a Química, entre outras áreas do saber e também de outras teorias, como a Cibernética, a Teoria da Comunicação e a Teoria Sistêmica. Daí o nome Terapia Familiar Sistêmica ou, como alguns mencionam: Terapia Sistêmica ou Terapia Familiar.Conforme Tondo (1998, p. 39),
(...) pode-se dizer que tudo começou quando alguns corajosos pioneiros ampliaram a visão sobre a doença mental. Eles se contrapunham à ênfase que focava unicamente o indivíduo como sendo aquele que desenvolve e mantém sua psicopatologia. Esta mudança propiciou o reforço da idéia de que o contexto também influencia de maneira significativa a formação do sujeito.
A Terapia Familiar Sistêmica trouxe uma contribuição teórica importante para o tratamento das famílias, atuando no contexto mais imediato do sujeito, podendo ser definida como uma “técnica de intervenção terapêutica que tem como foco principal a alteração das relações que se passam no sistema familiar, com o objetivo de alívio dos sintomas disfuncionais (Tondo, 1988, p. 40).
De uma maneira ampla, as famílias, nas sociedades ocidentais, podem ser caracterizadas como um grupo de indivíduos que mantêm laços de consangüinidade, sendo voltados para a criação dos filhos. Na visão sistêmica, representam sistemas abertos em interação com o meio em que estão inseridas. Estão baseadas em questões econômicas e de propriedade, permeadas por afetos e sentimentos. Assumem, portanto, as funções de proteção de seus membros, bem como a de transmissão à sua prole de padrões culturais da sociedade da qual fazem parte.
A Abordagem Sistêmica de Famílias e a Escolha Profissional
Correlacionando alguns conceitos das abordagens psicológicas que atuam com famílias e a escolha profissional, Bratcher (1982) menciona as regras, fronteiras e homeostase como sendo os de maior probabilidade para influir na escolha de uma carreira. No que se refere às regras, ou seja, o conjunto de normas e leis explícitas ou implícitas existentes nas famílias, o autor menciona o fato de algumas famílias tentarem impor a seus membros suas regras no que tange ao modo de pensar sobre o que seja o trabalho, sem permitir que formulem as suas próprias crenças. Reforçam, muitas vezes, valores e tradições familiares num sentido de manter o equilíbrio familiar (homeostase).Por exemplo, os filhos devem seguir a tradição da família em estudar em alguma universidade reconhecida, já que todos os outros membros da família também o fizeram, mesmo não sendo sua vontade. No que tange às fronteiras, Bratcher (1982) menciona que as famílias que possuem fronteiras flexíveis permitem a seus filhos um movimento fácil e que encoraja sua autonomia pessoal, o que poderá auxiliar na escolha de um trabalho. Em algumas situações, os filhos são impelidos a escolher profissões que os mantenham perto da família, afetiva e geograficamente, o que pode vir a manter a homeostase do sistema familiar. Neste sentido, é importante que o orientador profissional identifique quais as normas que fazem parte do núcleo familiar do orientando, favorecendo-lhe sua própria percepção e questionamento a respeito das mesmas.
Gabel (1996) retoma os conceitos de Morin (1977) sobre sistema, supra-sistema e subsistema para retratar o grau de interdependência destas três instâncias, que, na escolha profissional, foi apresentada como a inter-relação que o jovem (subsistema) possui com o sistema familiar e este, por sua vez, com a comunidade a que pertence (supra-sistema). Este último pode favorecer ou dificultar a escolha profissional que o jovem deve realizar. Em exemplo específico, a autora menciona o fato de, em algumas cidades, não haver a oferta do curso pelo qual o jovem optou por estudar, forçando-lhe a transferência para a realização do curso superior, o que vai interferir em toda a dinâmica do sistema familiar. O papel do orientador profissional poderá ser aquele de alertar a família quanto a estas mudanças inevitáveis, mas não necessariamente negativas.Outro conceito da Terapia Familiar que pode ser correlacionado à escolha profissional é o de ciclo de vida familiar. Carter e McGoldrick (1995) utilizam o termo ciclo de vida familiar para definir as etapas evolutivas pelas quais as famílias e os indivíduos passam, baseando-se no tempo e nas novas condutas necessárias a cada período de desenvolvimento atingido. As autoras propõem seis estágios de ciclo de vida familiar a partir de estudos que desenvolveram com famílias americanas. O primeiro estágio é caracterizado pela saída do jovem da casa dos pais, passando a aceitar maior responsabilidade emocional sobre si, podendo vir a desenvolver relacionamentos mais íntimos, além de buscar sua independência financeira. O segundo estágio é descrito pelo momento em que há a formação do novo casal; o indivíduo passa a relacionar-se de modo marital com seu parceiro. Passa-se ao terceiro estágio com o nascimento dos filhos, surgindo os papéis sociais de pais e avós. A escolha profissional está presente no ciclo vital dos filhos adolescentes, quarto estágio proposto, em que os jovens almejam mais liberdade e experiências fora do lar, com questionamentos da ordem e regras estabelecidas. Os pais, neste momento, possuem outros tipos de questionamentos, repensando o que realizaram até o momento e indagando-se também quanto a suas vidas profissionais. As etapas de vida seguintes são aquelas em que os filhos, já adultos, deixam o lar dos pais (quinto estágio) e o sexto estágio, das famílias em estágio tardio na vida, em que o casal passa pelas transformações e declínio fisiológico inerente ao avanço da idade. Cerveny (1997) realizou estudos sobre o ciclo de vida das famílias brasileiras no estado de São Paulo, o que levou à formulação de uma caracterização de ciclo vital diferente da que está disponível na literatura estrangeira. Para a autora, a primeira fase é denominada fase de aquisição, na qual a aquisição do jovem casal que se forma é a principal preocupação, podendo esta ser o primeiro emprego, a compra do carro, a complementação escolar, etc., além da aquisição de um modelo próprio de família diferente daquele modelo observado em sua família de origem. A fase dos filhos adolescentes é a que se sucede (segunda fase), e que
(...) afeta sobremaneira a família que se torna também um pouco adolescente no sentido de mudanças que estão ocorrendo (...) se os adolescentes questionam os valores, as regras familiares, preocupam-se com o futuro, os seus pais estão na fase do questionamento profissional, revendo posições, fazendo reformulações e também pensando no futuro”(Cerveny 1997, p. 14).
Para Cerveny, também é nesta etapa que ocorrem os dilemas da escolha profissional do jovem. Esta é uma situação importante de ser percebida pelo orientador profissional. Nos últimos anos, no Brasil e no mundo, as relações de trabalho estão cada vez mais se modificando. Os profissionais com alguns anos de carreira estão assumindo os rumos de sua trajetória profissional. Mudam de empresa, passam a trabalhar como autônomos, entram em outras áreas, se aposentam... E estes podem ser os pais daquele jovem que está realizando um processo de orientação profissional. Dessa maneira, os orientadores poderão utilizar maior sensibilidade para com o tema – profissão – não somente com seu orientando, mas envolvendo a família como um todo.Retomando Cerveny (1997), a fase madura é a terceira fase, identificada nas famílias do estado de São Paulo, caracterizada pela necessidade de assistir aos pais com idade avançada e o de ajudar os filhos que necessitam de auxílio dos pais para o cuidado com os próprios filhos. A quarta fase do ciclo vital é chamada de última, coincidindo com a aposentadoria e o retorno a uma vida a dois pelo casal, tendo sido estendida em função do aumento da expectativa de vida da população. Aylmer (1995) retoma o conceito de diferenciação do eu (Bowen, 1978) em relação à família de origem para mencionar a dificuldade que muitos jovens sentem ao perceber as expectativas profissionais dos pais, podendo ser diferentes das suas. As lutas para superar os pais ou opor-se às suas escolhas de vida poderão provocar desvios inadequados no trajeto profissional do jovem, afastando-o daquilo que seria mais apropriado para seus próprios interesses.
Ao contrário, as pessoas diferenciadas são capazes de tomar posições definidas sobre as questões, porque conseguem pensar nas coisas, decidir em que acreditam e depois agir de acordo com essas crenças. Isto lhes permite estar em contato íntimo com os outros, sem ser reflexivamente moldadas por eles. (Nichols e Schwartz, 1998, p. 312).
No que se refere à escolha profissional, segundo Andrade (1997, p. 129) o fato de “abraçar uma carreira significa assumir um papel ativo e maduro de transformação pessoal e social, acelerar o processo de separação dos pais, que já vem ocorrendo em toda a adolescência”. Porém, caso as diferenças entre as expectativas dos pais com relação ao projeto profissional de seus filhos forem significativas, poderão vir a inibir a diferenciação desses últimos (Aylmer, 1995), vindo a comprometer a carreira profissional escolhida.Relacionando outro conceito da Terapia Familiar com a escolha profissional, identificamos o conceito de lealdade familiar. A palavra lealdade deriva do francês loi, lei, implicando atitudes de acatamento à lei. O membro leal busca alinhar seus interesses aos interesses do grupo a que pertence. Como afirma Boszormeny-Nagy (1994, p. 56),
(...) os membros de um grupo podem comportar-se de maneira leal levados por uma coerção externa, o reconhecimento consciente de seu interesse a pertencer a este grupo, sentimentos de obrigação conscientemente reconhecidos, ou a uma obrigação de pertencer que os ligue de modo inconsciente.
A lealdade familiar se baseia nos parentescos biológico e hereditário, em que cada membro da família se acha constantemente sujeito às suas expectativas, quer as cumpra ou não. Nos filhos pequenos, o cumprimento destas expectativas se dá por meio de medidas disciplinares externas, como por exemplo, as punições, castigos, imposição de horários e rotinas, etc., sendo que, nos filhos mais velhos e nos adultos, as expectativas podem ser cumpridas por compromissos de lealdade internalizados. Tomando a escolha de uma profissão como exemplo, observa-se que em algumas famílias há o compromisso internalizadode seguir os negócios do pai. O não cumprimento destas expectativas familiares leva o membro da família a um sentimento de culpa, o que constitui uma força secundária de regulação do sistema familiar. A partir do momento em que é internalizada, a lealdade passa a ser não só uma característica do grupo, mas também uma atitude individual, e como tal, vai além da identificação com o grupo. As exigências daquele grupo familiar passam a determinar pautas de comportamento ao sujeito de acordo com estas expectativas. Para o orientador profissional, ambos os conceitos – diferenciação do eu e lealdade familiar – podem ser alvo de discussão para com seu orientando. Cabe a este último a sua decisão em permanecer leal à sua família ou diferenciar-se, responsabilizando-se pelas implicações de sua decisão. Independentemente de sua escolha, o importante é que esta seja consciente. Para Krom (2000), escolher uma profissão se faz importante tanto para o ciclo de vida individual quanto para o ciclo evolutivo da família, sendo que, neste momento de escolha, as influências intergeracionais irão se fazer presentes. “Tal escolha é fortemente determinada e construída por forças míticas, uma vez que ele (o jovem) vai responder diretamente às expectativas individuais e familiares” (Krom, 2000, p. 37). Em trabalhos acadêmicos realizados com estudantes de Psicologia e posteriormente com psicólogos, a autora percebeu a presença dos mitos de união, de ajuda e de cuidado, relacionando-os à sua escolha profissional realizada. Os mitos familiares podem ser concebidos como uma maneira de reviver no cotidiano os mitos culturais.O termo mito familiar foi primeiramente utilizado por a A. J. Ferreira (Miermont, 1994) para definir certas atitudes que se originam em alguns pensamentos do grupo familiar, garantindo uma coesão interna e uma proteção externa. “O mito familiar é, pois, um organizador que cumpre uma função homeostática que será tanto mais socilitada pelo grupo considerado quanto maior for o sofrimento, a dificuldade, a crise, a ameaça de transformar-se, de deslocar-se, ou inclusive de desaparecer” (Miermont, 1994, p. 389). Os mitos mantêm a coesão do grupo familiar através da delimitação de suas regras, papéis e funções a serem desempenhados por seus membros, valores e crenças compartilhados e compromissos de lealdade a serem cumpridos. Portanto, os mitos familiares se constituem em complexos modelos norteadores de conduta para os membros de uma família, não conscientes, transmitidos entre as gerações. Os mitos familiares podem ser repassados nas famílias através de seus rituais, compromissos de lealdade, padrões de comunicação, entre outros. Krom (2000) amplia a identificação dos mitos em famílias em que pode resgatar informações de três gerações. Aponta a existência do:(a) mito da união, garantindo a perpetuação das famílias através do pertencimento e manutenção das trocas afetivas;(b) mito da propriedade, identificado em famílias que buscam assegurar o patrimônio e a estabilidade familiar;(c) mito da religião, norteado pela prática de algum credo religioso na família;(d) e (e) mito da conquista e mito do sucesso, que foram identificados em grupos familiares com expoentes míticos aos quais a família busca seguir como exemplo, determinando a forma de conquistar bens, posições e outras situações. O mito do sucesso vai além no sentido de determinar pautas comportamentais que visam o sobressair-se perante os demais, ser admirado e imitado;(f) e (g) o mito da autoridade é diferente do mito do poder, já que há uma distribuição do poder na família, seus membros acatam opiniões, exercem funções e respeitam a autoridade hierárquica. Em famílias nas quais se identifica o mito do poder, observa-se o abuso da autoridade. Para Krom (2000), portanto, os conceitos de ciclo de vida familiar, influências intergeracionais, mitos familiares e lealdade são aqueles que são utilizados para o entendimento da escolha profissional sob a perspectiva da abordagem sistêmica. A mesma autora propõe a utilização da técnica da confecção do genograma familiar para se obter uma representação gráfica das complexas normas das famílias.Lucchiari e Bonneaud (1995) denominam genoprofissiograma a construção de uma árvore genealógica, dando principal importância às profissões da família nas últimas três gerações, levando em consideração a dimensão vertical (pais, avós e bisavós) e a dimensão horizontal (irmãos, primos e tios). O genograma elaborado com um tema, neste caso, as profissões da família, é também denominado genograma temático.Gabel (2002), em pesquisa realizada junto aos alunos do curso de Psicologia da Universidade Regional de Blumenau1 com descendência germânica, identificou alguns mitos presentes nas famílias destes alunos e que influenciaram sua escolha profissional. Para tal, entrevistou cinco estudantes, representando cada ano cursado, bem como elaborou um genograma com as profissões existentes nas famílias de cada estudante pesquisado. Foram identificados os mitos familiares da propriedade, da união, da religião, do poder, da conquista e do sucesso, sendo estes últimos observados em diversas famílias de imigrantes, que viam em seus ancestrais modelos de identificação a serem seguidos. “Este mito [mito do sucesso] pode ter sido fortalecido em nossa sociedade pelas condições da própria imigração e, em geral, porque na sociedade brasileira, neste momento histórico, encontram-se aqui as famílias de imigrantes na terceira ou quarta geração” (Krom, 2000, p. 57).A técnica da confecção do genograma em um processo de Orientação Profissional pode instrumentalizar de modo positivo o orientador e seu orientando, já que permite identificar informações importantes sobre as profissões na família, bem como outros valores inconscientes ou míticos podem ser evidenciados. Observa-se, portanto, que os construtos teórico-práticos da abordagem sistêmica podem contribuir de modo significativo tanto para o entendimento do processo da escolha de uma profissão quanto à práxis da Orientação Profissional.
REFERÊNCIAS
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