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Sociologia geral

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Apostila
de
Sociologia
Marcelo Sabbatini
Recife, 2013
Apostila de Sociologia
Marcelo Sabbatini
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Brasil
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Este é um sumário para leigos da Licença Jurídica (na íntegra): 
http://creativecommons.org/licenses/by-nc-sa/2.0/br/legalcode
©2005-2013 Marcelo Sabbatini (marcelo@sabbatini.com) 2
Apostila de Sociologia
Marcelo Sabbatini
Sobre o autor
Marcelo Sabbatini
Doutor em Teoria e História da Educação – Universidad de Salamanca (Espanha) 
em 2004. Pós-doutorado realizado no Programa de Extensão Rural e 
Desenvolvimento Local – POSMEX da Universidade Federal Rural de Pernambuco, 
2006. Mestre em Comunicação Social, modalidade Comunicação Científica e 
Tecnológica, Universidade Metodista de São Paulo, 2000. Especialista em 
Comunicação e Cultura Científica, Universidad de Salamanca, 1999. MBA em 
Administração de Empresas, foco em Gestão, Fundação Getúlio Vargas, 2009. 
Engenheiro químico, Universidade Estadual de Campinas, 1997.
Página Web: http://marcelo.sabbatini.com
Email: marcelo@sabbatini.com
Facebook: https://www.facebook.com/marsabbatini
Twitter: #marsabbatini
©2005-2013 Marcelo Sabbatini (marcelo@sabbatini.com) 3
Apostila de Sociologia
Marcelo Sabbatini
Sumário
1. Introdução à Sociologia. Conceito. A imaginação sociológica. “O 
Suicídio”.
2. Aula-exemplo: o estudo sociológico da sexualidade.
3. O surgimento da Sociologia no contexto histórico. A Revolução 
Industrial, as mudanças culturais no trabalho.
4. O pensamento sociológico moderno. Principais pensadores e linhas 
teóricas. A sociologia como conhecimento.
5. Status e papel social. Conflito de papéis.
6. Estratificação social. Mobilidade social. Classes sociais. Desigualdade 
social.
7. As relações e os processos sociais básicos. Isolamento, acomodação, 
assimilação, cooperação, competição e conflito. Socialização.
8. Controle social. Normas. Sanções. Desvio social. Marginalização e crime. 
9. Mudança social. Teorias da mudança social.
10. Conceito de cultura. Sub-cultura. Contracultura. Símbolos. Aculturação. 
Etnocentrismo. Introdução à cultura organizacional.
11. Grupos sociais. Grupos primários e secundários. Grupo de fora e grupo 
de dentro. Grupos formais e informais. 
12. Redes sociais e a teoria do mundo pequeno. Sociograma.
13. Institucionalização. Instituições sociais básicas. Introdução às 
organizações formais.
©2005-2013 Marcelo Sabbatini (marcelo@sabbatini.com) 4
Apostila de Sociologia
Marcelo Sabbatini
1
Introdução à Sociologia. Conceito. A imaginação 
sociológica. “O Suicídio”.
Características que vamos buscar neste curso de Sociologia:
 Sintonia com a realidade com exemplos de casos concretos, estudo da 
comunidade onde os alunos estão inseridos. Buscar as causas e propor soluções 
para os problemas sociais é a razão de ser da Sociologia.
 Compreensão do ambiente social onde os alunos vivem e a função social da 
carreira que escolheram.
 O mundo que muda (origem da sociologia na revolução industrial): mudanças 
no mundo hoje com a integração mundial e o desenvolvimento da tecnologia.
 Uma relação entre o social e o pessoal, com a compreensão de si mesmo e do 
mundo social. Uma experiência libertadora!
E algumas habilidades específicas a desenvolver:
 Aprender como pensar, além de o quê pensar.
 Desaprender algumas idéias familiares.
 Aprender algumas novas idéias que nos acompanharão para o resto da vida.
 Aprender a diferença entre crença (desejo) e realidade (o que realmente é).
 Aprender que o senso comum (como forma de pensar) é limitado.
 Aprender a reconhecer tendências históricas de longo prazo, não tomando o 
agora somente como a única perspectiva.
 Aprender a valorizar-se como pessoa capaz de defender suas idéias.
E por quê tudo isso?
O trabalho sociológico, ao questionar os dogmas, ensinar-nos a 
apreciar a variedade cultura e nos permitir compreender o 
funcionamento das instituições sociais, aumenta as possibilidades da 
liberdade humana.
Anthony Giddens
©2005-2013 Marcelo Sabbatini (marcelo@sabbatini.com) 5
Apostila de Sociologia
Marcelo Sabbatini
Mais especificamente na Sociologia Aplicada à Administração, nos concentraremos em:
 Teorias sobre as relaciones sociais no trabalho
 Problemas históricos relativos à industrialização, e sua prospectiva (o futuro)
 Estudo das organizações como sistema social e dos papéis que a compõe
 Problemas relacionados ao controle e a participação na empresa 
 Temas relativos ao contexto exterior no qual se desenvolve a atividade 
empresarial: conflitos, sociedades, lazer, meio cultural, econômico e social.
Algumas definições
 A Sociologia é o estudo da vida social humana, dos grupos e sociedades 
(Giddens)
 É a ciência do comportamento coletivo (Park, Burgess)
 A sociologia geral é, em conjunto, a teoria da vida humana em grupo (Tönnies)
 A Sociologia pergunta o que acontece com os homens, quais as regras de seu 
comportamento, não no que se refere ao desenvolvimento perceptível de suas 
existências individuais como um todo, porém, na medida em que forma grupos e 
são influenciados, devido às interações, por sua vida grupal (Simmel).
 A Sociologia é um encontro com as Forças Sociais que moldam nossa vida, 
especialmente aquelas que afetam a nossa percepção (ou ignorância) de como 
criamos, mantemos e mudamos estas mesmas Forças Sociais ().
Os pontos comuns destas definições são as relações humanas, do comportamento do 
homem com os seus semelhantes.
Mas é um estudo científico (sistemático e crítico) que busca a verdade “além das 
aparências”.
Historicamente, a sociologia foi vista tanto como “arma a serviço dos interesses 
dominantes” ou como “expressão teórica dos movimentos revolucionários”.
De forma geral, a Sociologia também pode ser entendida como uma “tentativa de 
dialogar com a civilização capitalista”, relacionada então com um desejo de interferir 
no rumo da civilização (possuindo dimensão política, portanto) tanto para a 
manutenção ou alteração das relações de poder na sociedade.
O pensamento sociológico
O chamado pensamento sociológico, exige cultivar a imaginação, colocar-se no lugar do 
outro, liberar-se das circunstâncias pessoais e um distanciar-sedo cotidiano. 
©2005-2013 Marcelo Sabbatini (marcelo@sabbatini.com) 6
Apostila de Sociologia
Marcelo Sabbatini
Somente assim, o poderemos pensar na sociedade e em suas forças, sem estarmos 
influenciados por nossa própria experiência pessoal.
Exemplo: quais são os significados sociológicos de tomar uma simples xícara de café?
 Valor simbólico: tomar café como um ritual diário, “não me sinto gente até”
 Valor bioquímico: cafeína
 Relações sociais e econômicas: cultivo, preparação, distribuição, 
comercialização do café, afetando diversos grupos e culturas
 Desenvolvimento social e econômico anterior, histórico. Processo de 
disseminação pelo mundo auxiliado pelo comércio internacional (século 19), 
hoje cultivado em países em desenvolvimento
Portanto, para passar do problema pessoal ao problema social, necessitamos do que 
Charles Wright Mill chamou a imaginação sociológica.
Exemplo
Podemos pensar que um divórcio é motivado por razões puramente pessoais 
(emocionais, psicológicas): afastamento, incompatibilidade, ciúmes, traição, falta de 
confiança, monotonia....
Porém se pensarmos nas estatísticas a nível nacional (mais de metade dos jovens casais 
se separam após cinco anos, ver Leitura rápida #1), podemos pensar que há algo na 
sociedade que explica o por quê de um comportamento tão generalizado: a 
independência da mulher trabalhadora, o enfraquecimento dos laços morais e religiosos, 
a industrialização e a vida urbana com seu ritmo rápido e individualista e a própria 
possibilidade de se divorciar legalmente (que antes não existia)!!!
Portanto, dentro de uma discussão científica e sociológica sobre o divórcio temos que 
aplicar a imaginação sociológica para escapar das nossas experiências pessoais.
As forças sociais
Toda experiência pessoal é influenciada pelo ambiente social (estrutura social), nossas 
ações são pautadas pela família, pela igreja, pelo estado...
Podemos dizer então que o comportamento humano é ordenado, padronizado e 
estruturado.
Mas as interações sociais também são relacionadas entre si, então a sociologia deve 
buscar a compreensão da totalidade, adotar uma visão de sistema (conjunto de 
elementos interligados que são modificados devido às relações entre si onde cada 
alteração em um elemento provoca uma mudança no todo).
©2005-2013 Marcelo Sabbatini (marcelo@sabbatini.com) 7
Apostila de Sociologia
Marcelo Sabbatini
Para mostrar como a sociedade pauta o comportamento humano, mais além do pessoa, 
Émile Durkheim, no momento que a Sociologia surgia como disciplina, realizou um 
estudo clássico, a explicação sociológica do suicídio.
Justamente como o suicídio, um ato aparentemente altamente pessoal, que geralmente é 
explica do pelos motivos pessoais que levaram a pessoa á isso. 
Com efeito, se em lugar de apenas vermos os suicídios como 
acontecimentos particulares, isolados uns dos outros e que 
demandam ser examinados cada um separadamente, nós 
considerássemos o conjunto dos suicídios cometidos numa 
sociedade dada, durante uma unidade de tempo dada, constata-
se que o total assim obtido não é uma simples soma de unidades 
independentes, um todo de coleção, mas que ele constitui por si 
só um fato novo e sui generis, que possui sua unidade e sua 
individualidade, conseqüentemente sua natureza própria, e que, 
ademais, é uma natureza eminentemente social.
Durkheim
Durkheim foi buscar suas causas sociais e estudou as taxas de variação em suicídios em 
diferentes países e regiões (método estatístico):
 Compara a taxa de mortalidade/suicídio com a taxa de mortalidade geral, 
particularmente suas variações ao longo do tempo.
o Observa que não somente a taxa (de mortalidade/suicídio) permanece 
constante durante longos períodos de tempo, mas sua invariabilidade é 
muito maior do que aquela observada nos principais fenômenos 
demográficos.
 Compara as variações anuais nas taxas de suicídio (que só acusam pequenas 
mudanças), com as variações entre diferentes sociedades (que podem ir do dobro 
ao quádruplo ou ainda mais)
o Conclui que as taxas de suicídio são, portanto, “num grau bem mais alto 
que as taxas de mortalidade, pessoais a cada grupo social do qual elas 
podem ser vistas como um índice característico”.
Mas estas diferenças entre as taxas de suicídio de diferentes grupos não podiam ser 
explicadas somente por doença mental, etnia ou mesmo pelo clima. Sua conclusão foi 
que o grupo social encoraja ou desencoraja o suicídio e identificou quatro tipos de 
suicídio:
©2005-2013 Marcelo Sabbatini (marcelo@sabbatini.com) 8
Apostila de Sociologia
Marcelo Sabbatini
1. Suicídio egoísta: isolamento excessivo, pessoa separada do grupo, ostracismo
2. Suicídio altruístico: apego excessivo, valor da vida perde valor frente ao 
valor que pode aportar ao grupo (exemplo, terroristas, kamikazes)
3. Suicídio anômico: devido à anomia, a ausência de normas, perda dos valores 
tradicionais e das normas de comportamento 
4. Suicídio fatalista: sociedades com alto grau de controle sobre emoções e 
motivações (exemplo, seitas religiosas, adolescentes japoneses).
Durkheim conseguiu assim uma explicação em função dos grupos e das comunidades, 
não em fatores biológicos ou psicológicos.
Neste esquema os suicídios egoísta / altruístico estão relacionados com a integração 
social. Os suicídios anômico / fatalista e regulação moral.
A sociedade é mais que a soma de seus membros individuais
Um conceito básico é o de fatos sociais (regras e normas coletivas que orientam a vida 
dos indivíduos), tudo aquilo que é: externo ao indivíduo e determinador de suas ações.
Para o indivíduo na sociedade as “maneiras de agir, pensar e sentir exteriores ao 
indivíduo, e dotadas de um poder coercitivo”, “chegam a cada um de nós do exterior e 
que são susceptíveis de nos arrastar, mesmo contra nossa vontade”.
 Exteriores : porque consistem em idéias , normas ou regras de conduta que não 
são criadas isoladamente pelos indivíduos, mas foram criadas pela coletividade e 
já existem fora de nós quando nascemos .
 Coercitivos: porque essas idéias, normas e regras devem ser seguidas pelos 
membros da sociedade. Se isso não acontece, se alguém desobedece a elas, é 
punido, de alguma maneira pelo resto do grupo.
©2005-2013 Marcelo Sabbatini (marcelo@sabbatini.com) 9
Apostila de Sociologia
Marcelo Sabbatini
Em conclusão:
"A sociedade não só controla nosso movimentos, como ainda dá 
forma à nossa identidade, nosso pensamento e nossas emoções. 
As estruturas da sociedade tornam-se as estruturas de nossa 
própria consciência...As paredes de nosso cárcere já existiam 
antes de entrarmos em cena, mas nós a reconstruímos 
eternamente. Somos aprisionados com nossa própria 
cooperação...Em suma, a sociedade constitui as paredes de nosso 
encarceramento na história"
Berger
©2005-2013 Marcelo Sabbatini (marcelo@sabbatini.com) 10
Apostila de Sociologia
Marcelo Sabbatini
Leitura rápida #1
Casamentos diminuem e separações aumentam, diz IBGE
Ana Paula Grabois
Folha Online, 1999
Mais separações e divórcios e menos casamentos no Brasil. Esta é uma das conclusões 
da pesquisa de registros civis referente ao ano de 1998, realizada pelo IBGE (Instituto 
Brasileiro de Geografia e Estatística).
No Brasil de 1991 ocorriam 21,2 dissoluções de uniões para cada 100 casamentos. Em 
1998, para cada 100 casamentos, foram contabilizados 28,1 separações ou divórcios.
O número de casamentos no Brasil, apesar de ter crescido entre 1991 e 1994, caiu em 
1998. Em 1994, houve o maior volume de uniões legais, cerca de 763 mil. Em 1998, 
caiu 6%, passando para 699 mil.
No entanto, a taxa de nupcialidade(divisão do número de casamentos por habitantes) 
vem caindo ao longo da década. Segundo o IBGE, a população cresceu num ritmo mais 
acelerado que o crescimento das uniões.
Segundo o IBGE, os fatores que influenciaram mais o comportamento dos casamentos 
no Brasil são de ordem econômica e cultural.
O econômico ocorre porque casa-se mais quando a renda aumenta. Isto pode ser 
comprovado pelo fato de que em 1994 - ano de implantação do Plano Real e de aumento 
da massa salarial - ter ocorrido o maior número de uniões. 
O fator cultural é explicado pela tendência de aumento nas uniões consensuais, 
indicando um mudança de comportamento social.
Enquanto os casamentos diminuem, as separações e divórcios judiciais aumentam. O 
número de separações cresceu 19% de 1991 para 1998. Em 1991, o Brasil registrou 
76.233 separações judiciais. Este número saltou para 90.778 em 1998.
Já os divórcios cresceram 29,7% no país de 1991 a 1998, ano no qual foram registrados 
105.253 divórcios no país. Em 1991, eram 81.128. Na região Norte, o número de 
divórcios praticamente dobrou, com 99% a mais de divórcios.
©2005-2013 Marcelo Sabbatini (marcelo@sabbatini.com) 11
Apostila de Sociologia
Marcelo Sabbatini
Leitura rápida #2
Japão: O céu dos suicidas 
Ariel Kostman (de VEJA)
Na semana passada, os corpos de sete jovens japoneses – quatro homens e três mulheres 
na faixa dos 20 anos – foram encontrados numa caminhonete numa estrada próxima a 
Tóquio. Os vidros do veículo estavam selados com fita e, no chão, quatro fogareiros a 
carvão indicavam a causa da morte: asfixia por monóxido de carbono. Logo depois, os 
policiais acharam o corpo de outras duas mulheres num carro em outra província 
vizinha da capital. As duas haviam se suicidado usando o mesmo método. No carro, um 
bilhete: "Não se trata de assassinato. Nós planejamos isso". Embora chocantes, os casos 
não surpreenderam a polícia. Apenas neste ano, vinte japoneses entre 16 e 30 anos se 
suicidaram em circunstâncias semelhantes. Todos os casos estão ligados a um hábito 
macabro que vem se disseminando naquele país: o pacto de morte coletivo combinado 
pela Internet. Em dezenas de salas virtuais de bate-papo, candidatos ao suicídio trocam 
idéias sobre os melhores locais e as maneiras mais rápidas e menos dolorosas de tirar a 
própria vida. Muitos passam da conversa à ação. Na maioria dos casos, as pessoas que 
se matam em grupo mantêm contato apenas pelo computador e só se conhecem na hora 
em que se encontram para morrer.
O pacto de morte coletivo via Internet é a manifestação mais recente de um fenômeno 
que aflige a sociedade japonesa e impressiona o mundo: a escalada do número de 
suicídios no país. Nesta década, o número de suicidas tem crescido à razão de 10% ao 
ano. Em 2003, 34.000 pessoas se mataram no Japão. É o maior índice em relação à 
população (25 em cada 100.000 habitantes) entre os países desenvolvidos, mais que o 
dobro daquele verificado nos Estados Unidos e seis vezes o brasileiro. Entre japoneses 
na faixa de 20 a 30 anos, o suicídio já é a principal causa de mortalidade. Na origem 
dessa corrida para a morte combinam-se fatores culturais e reflexos de treze anos 
consecutivos de estagnação econômica enfrentada pelo Japão. Para começar, o suicídio 
é uma tradição antiga no país. O ritual do hara-quiri era comum na classe guerreira do 
período medieval. O samurai o utilizava quando não conseguia cumprir uma missão 
designada por seu mestre. A forma mais popular de arte dramática do Japão, o teatro 
kabuki, refere-se em muitas peças ao suicídio dos samurais e também ao pacto de morte 
realizado entre amantes. No fim da II Guerra, diante da derrota, militares japoneses se 
suicidaram para lavar a honra da nação. 
Esses rituais pertencem à história, mas a prática do suicídio continua a ser encarada com 
certa tolerância pela sociedade japonesa, ao contrário do que ocorre nas sociedades 
ocidentais. No budismo e no xintoísmo, religiões predominantes no Japão, tirar a 
própria vida não é pecado. Muitos vêem o gesto como uma forma aceitável, e até 
valorizada, de resolver uma situação. Se a pessoa tem uma dívida que não consegue 
pagar, considera-se que se matar é uma saída honrosa. O fato de a cultura japonesa 
valorizar o grupo, e não o indivíduo, também contribui para o alto número de suicídios 
no país. "Os idosos que precisam de um tratamento médico muito caro, ou que não 
podem pagar por um asilo, muitas vezes se matam para não onerar a família, e ninguém 
se espanta com isso", comenta a psicóloga Kyoko Nakagawa, japonesa radicada no 
Brasil. Também é comum que pessoas em dificuldade financeira façam um seguro de 
©2005-2013 Marcelo Sabbatini (marcelo@sabbatini.com) 12
Apostila de Sociologia
Marcelo Sabbatini
vida e depois se matem, garantindo assim o futuro da família. Há atualmente uma 
queda-de-braço entre as companhias de seguro que operam no Japão e a Justiça. As 
primeiras não querem mais pagar prêmios às famílias de suicidas, mas a Suprema Corte 
japonesa decidiu que devem pagar, sim. 
Outro fator que ajuda a explicar a alta incidência de suicídios no Japão é a rigidez da 
sociedade, que imputa enorme importância a valores como honra e vergonha. Como a 
sociedade é muito fechada, há muitos casos de crianças e adolescentes vítimas de maus-
tratos dos colegas na escola que não conseguem expor seus problemas para os pais ou 
professores e acabam se matando. "Muitos jovens estão também céticos com relação ao 
futuro, depois de anos de crise econômica", avalia o psiquiatra japonês Rika Kayama, 
que tem estudado o fenômeno dos suicídios coletivos combinados pela Internet. 
Nos últimos anos, as autoridades japonesas vêm tomando medidas para desestimular os 
suicídios. Muitos prédios em Tóquio foram reformados para impedir o acesso fácil a 
amuradas que servem de trampolim. No metrô de Tóquio, instalaram-se barreiras para 
evitar que pessoas pulem nos trilhos, uma forma tão comum de suicídio que o governo 
cobra das famílias das vítimas os estragos feitos nos trens e nas linhas. Também no 
metrô foram colocados enormes espelhos que cobrem inteiramente as paredes das 
plataformas, com a intenção de dissuadir os que planejam a própria morte. Espera-se 
que, ao olhar o próprio rosto, os suicidas pensem duas vezes e desistam de seu intento. 
Nada disso, porém, tem freado as estatísticas que fazem do Japão o céu dos suicidas.
©2005-2013 Marcelo Sabbatini (marcelo@sabbatini.com) 13
Apostila de Sociologia
Marcelo Sabbatini
Alta tecnologia e obsoletismo programado no setor de telefonia celular no Brasil: 
uma análise sociológica
Wagner Araújo
Introdução
A partir de 1997, com a quebra do monopólio estatal da Telebrás, o setor de 
telecomunicação no Brasil vem sofrendo radicais mudanças. Dentre as áreas que mais 
se modificaram, encontra-se a telefonia celular. Toda esta mudança vem tendo várias 
implicações para a sociedade brasileira, seja no âmbito econômico, jurídico, financeiro, 
ou sociológico. O presente trabalho se concentra nas implicações sociológicas da 
telefonia celular no Brasil, especialmente os aparelhos telefônicos, e sua ligação com o 
obsoletismo programado. Para tanto fez-se necessário uma pequena contextualização 
econômica para que se possa compreender a análise sociológica.
Contexto Econômico e Tecnológico
Desde a Lei Federal 9.472/97 que iniciou o processo de privatização do setor telefônico 
no Brasil, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) vem 
financiando uma quantia elevada de investimentos nesta área. A maioria das empresas 
que contraem o investimento no BNDES são empresas de capital estrangeiro, para 
constituir as operadoras. As operadoras são as responsáveis pela definição de quase todaa tecnologia envolvida no processo. Na balança comercial do segmento de 
telecomunicações brasileiro, o total de importações de telefones celulares fica em torno 
de apenas 15% do total. Embora aparentemente alto, este investimento fica muito 
aquém do investido na infra-estrutura de operação. O número de telefones móveis subiu 
de 6 milhões em 1997 para 12 milhões em 1999, porém a maioria desses telefones, pelo 
menos inicialmente, utilizava o sistema analógico, mesmo que as operadoras possuíam 
tecnologia para operar no sistema digital. Outro problema era o obsoletismo dos 
aparelhos, e ao mesmo tempo, paradoxalmente, a quantidade de funções inúteis e 
subtilizadas, daí surge os primeiros traços do obsoletismo programado neste setor.
©2005-2013 Marcelo Sabbatini (marcelo@sabbatini.com) 14
Apostila de Sociologia
Marcelo Sabbatini
O Obsoletismo programado e a "febre" dos celulares no Brasil
O obsoletismo programado consiste em lançar ou manter um produto no mercado, 
sabendo-se que tem uma ou várias tecnologias desenvolvidas, de melhor qualidade que 
a antiga, e também quando este produto vai ser substituído. Tal substituição visa a troca 
dos usuários das tecnologias passadas para as mais modernas. A diferença entre a 
evolução natural da tecnologia está na retenção desta que deixa, toda a tecnologia do 
mercado obsoleta. Neste ponto Gelernter, um dos fundadores da Internet e Doutor em 
Ciência da Computação, afirma que todos esses sistemas e máquinas são obsoletos e 
que "estão nos empurrando velharias, porcarias baratas". Embora esses aparelhos 
tenham uma série de funções como, por exemplo, calculadora, agenda, jogos, etc., que 
não são utilizadas pelos usuários, eles possuem uma tecnologia muito atrasada. Daí 
surge o aparente paradoxo: se de um lado a tecnologia é obsoleta, as pessoas necessitam 
de aparelhos muito mais simples, não utilizando a tecnologia que possuem. Este 
paradoxo, entretanto, é falso. O que acontece é que para "mascarar" o obsoletismo de 
seus produtos, os fabricantes os enchem de funções ditas "de última tecnologia", criando 
a imagem de um aparelho moderno e eficiente. Segundo GElernter, "alta tecnologia não 
é sinal de complexidade, nem complexidade é sinal de alta tecnologia." Para o autor, os 
aparelhos realmente modernos são os que reúnem "altíssima tecnologia com 
simplicidade extrema". Nada mais lógico, pois o objetivo da tecnologia de ponta seria 
melhorar, agilizar e tornar mais prática a vida do ser humano, não complicar, enchendo-
o de manuais gigantescos e inúmeras teclas e funções que ocupam um enorme espaço e 
tempo para serem memorizadas. Mas apesar de todo este problema, muitas vezes 
visível, as pessoas, em específico os brasileiros, continuam comprando cada vez mais 
telefones celulares, sempre procurando a "última tecnologia", não refletindo nem um 
pouco sobre este ato. Por quê?
Perspectivas Sociológicas
O porquê da pergunta anteriormente proposta encontra sua resposta na teoria 
sociológica. Ou seja, muitas vezes essas pessoas que compram celulares não são levados 
por sua necessidade pessoal, mas por uma exigência coletiva. Segundo BERGER a 
sociedade diz ao indivíduo exatamente aquilo o que ele deve fazer, e este não pode fazer 
muito para mudar essa situação. Uma das maneiras que o autor aponta para o exercício 
do controle social está nos mecanismos de persuasão, difamação e exposição ao 
ridículo. A sociedade, criando a necessidade de se ter um celular, expõe quem não o tem 
ao ridículo. Frases como "Ora, como você consegue viver sem um celular" são comuns, 
principalmente nas classes médias e altas. As pessoas dessas classes que não têm um 
aparelho celular são vistas com um certo desprezo pois, segundo a visão da sociedade, 
sua verdadeira classe social é contestável devido ao fato da grande maioria dessa classe 
possuir um celular. Resumindo, ter um celular é uma questão de status. Nesse ponto 
começa um grande ciclo vicioso. Isto acontece porque as classes mais baixas, devido à 
facilidade de acesso aos celulares, começam a comprar aparelhos para tentar se igualar, 
pelo menos aparentemente, às classes mais elevadas. Estas porém, ao perceberem essa 
conduta das classes inferiores, procuram comprar aparelhos mais caros e com a última 
tecnologia existe no mercado. As classes altas querem estabelecer um diferencial, para 
isso adquirem aparelhos que as classes mais baixas não podem adquirir. Entretanto, ao 
passar do tempo, esses aparelhos mais caros vão se tornando mais acessíveis às classes 
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Apostila de Sociologia
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mais baixas, o que faz com que as classes mais altas tenham a necessidade de buscar 
novos aparelhos para poder mostrar seu status social. Este é o grande ciclo da 
tecnologia. Mas onde se localiza o obsoletismo programado neste ciclo? Bem, as classes 
mais elevadas estão sempre em busca, como afirma Berger, da manutenção da sua 
posição na sociedade, e como já foi exposto, procuram adquirir a tecnologia mais cara. 
Contudo, pouco se preocupam em questionar a qualidade e a modernidade do produto, 
compram porque é o mais novo e mais caro no mercado. A classe alta está, na verdade, 
preocupada em manter seu papel social. Diante desta situação, os fabricantes podem se 
aproveitar amplamente. Enquanto em seus centros de Pesquisa e Desenvolvimento 
desenvolvem tecnologias dez anos mais avançadas, vendem tecnologias obsoletas, 
disfarçadas por algumas peculiaridades e sustentadas por uma necessidade social. 
Considerando que essa situação é imperativa ao indivíduo e condiciona suas ações, 
pode-se considerar, sem exageros, a posse de um celular como uma instituição social, 
mesmo que pequena. E como instituição, pode proporcionar sanções coercitivas àqueles 
que não a seguem. Neste ponto, exatamente pode-se observar BERGER: "...sempre 
desejamos exatamente aquilo que a sociedade espera de nós". O indivíduo nesta 
perspectiva passa a estar subordinado à vontade coletiva, sua necessidade é criada por 
seu grupo de referência, independente da classe que ocupa. Esta concepção é tangente à 
durkheimiana, pois este fato social é externo às vontades individuais, é anterior ao 
indivíduo. A idéia de necessidade de celulares não advém de deliberações e críticas 
individuais, mas sim do todo. Porém é criada a ilusão de que ele próprio é quem tem 
esta precisão. Dentro do que expõe Durkheim, encontra-se o caráter sui generis desta 
fato social. Ou seja, o efeito total dessas ações é muito mais significativo do que a sua 
soma: o fato da manutenção do status de uma classe se torna infinitamente maior do que 
o simples de fato de várias pessoas adquirirem celulares novos. Outro ponto a ser 
considerado, dentro desse autor, é o papel chave da comunicação. Pois assim os 
conhecimentos das distintas classes tomam conhecimento do fato social. A 
comunicação é um meio de extrema importância para os fabricantes conseguirem 
estabelecer o obsoletismo programado. Não basta lançar um produto no mercado, é 
necessário apresentá-lo às classes inferiores e superiores. Primeiro para que estas o 
comprem de imediato; e segundo, para que aquelas tenham o desejo de comprá-lo. 
Portanto, assim, como Durkheim os fatos sociais não podem ser vistos da perspectiva 
individual, mas sim da ação da sociedade sobre tal indivíduo. Neste caso específico fica 
claro que as imposições sociais fazem com que necessidades surjam entre os indivíduos.
Conclusão
Pôde-se perceber neste estudo a grande influência que a sociedade possui sobre o 
indivíduo e suas ações. O que faz com que os grandesfabricantes possam facilmente 
prorrogar o obsoletismo programado. Tal obsoletismo não ocorre somente com 
telefones celulares. Pode-se encontrar exemplos como computadores, automóveis, e até 
mesmo produtos mais simples como fogões, geladeiras, aparelhos de som, etc. Uma 
prova que de tecnologia realmente avançada está no telefone de cartão, que consegue 
cumprir às exigências que esta se propõe: prática, de fácil uso e manutenção, barata e 
eficiente. Fazer com que as pessoas percebam este engano se torna um problema vital 
para um grande avanço tecnológico e cultural da sociedade. Todavia, com as 
determinações e pressões sociais existentes, torna-se uma tarefa extremamente difícil. E. 
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considerando-se os interesses econômicos envolvidos, quase impossível, pois, como 
afirma BERGER, pode-se concluir:
"A sociedade não só controla nosso movimentos, como ainda dá forma à nossa 
identidade, nosso pensamento e nossas emoções. As estruturas da sociedade tornam-se 
as estruturas de nossa própria consciência...
As paredes de nosso cárcere já existiam antes de entrarmos em cena, mas nós a 
reconstruímos eternamente. Somos aprisionados com nossa própria cooperação...
Em suma, a sociedade constitui as paredes de nosso encarceramento na história."
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Aula-exemplo: o estudo sociológico da sexualidade
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Para exemplificar ainda melhor a relação entre o individual e o social, vamos analisar 
sociologicamente outro fato social que geralmente se relaciona com fatores psicológicos 
e emocionais somente: a sexualidade.
O estudo científico da sexualidade deve ser tratado multidisciplinarmente, com 
contribuições da psicologia, da medicina, da antropologia e da sociologia.
Quando falamos de sexualidade, existem diferentes visões e perspectivas dos indivíduos 
sobre o objetivo da prática sexual. A explicação primária da sexualidade pode ser 
dividida em:
 Orientação procriacional: geração de filhos, reprodução.
 Orientação relacional-afetiva: expressão de apego emocional ao parceiro.
 Orientação recreacional: o sexo como prazer.
Também distinguimos duas correntes de pensamento teórico:
1) Essencialismo: o comportamento biológico é natural e ubíqüo.
Exemplo: as teorias evolucionistas dizem que o sexo deve maximizar a 
reprodução; os machos devem transmitir seus genes e por isso tentam engravidar 
o maior número de fêmeas possível. Estas, por sua vez, buscariam um parceiro 
capaz de proteger, a longo prazo, seus filhos. Neste esquema, perpetuaria-se a 
espécie.
2) Construcionismo: minimiza os fatores biológicos. A sexualidade é construída 
socialmente. Promiscuidade e fidelidade seriam valores transmitidos de uma 
geração à outra através da socialização (mensagens culturais). A identidade 
sexual (comportamento masculino, feminino) é aprendido através da interação 
social dos indivíduos.
Exemplo: segundo a teoria da troca social, os indivíduos buscam a 
maximização das recompensas e a minimização dos custos (por exemplo 
fidelidade em troca de recursos financeiros, atração física e poder). Já a teoria 
do conflito postula que existe uma luta de poder com relações de dominação e 
exploração. Dessa forma os indivíduos utilizariam da sexualidade para atingir os 
próprios objetivos.
Na atualidade, chama a atenção a natureza descritiva da pesquisa sociológica sobre 
sexualidade, com a falta de uma base teórica que dê o caráter explicativo necessário 
para compreendê-la totalmente. Justamente, os sociólogos ainda não sabem muito sobre 
como ou por quê a sociedade afeta o comportamento individual, apesar de poderem 
descrever este.[
Os dados a seguir são baseados em pesquisas norte-americanas (1994):
1) Freqüência do ato sexual
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O senso comum nos diz que “pessoas casadas não fazem sexo”. Apesar disso as 
pesquisas indicam que em relação a não realização do ato sexual no período de um ano :
 1,3% dos homens casados 
 3,0% das mulheres casadas
 22% dos homens não casados
 30% das mulhers não casadas
Dos casais que responderam positivamente:
 45% dos casais com 2 anos ou mais de união: 3 vezes por semana
 61% dos co-habitantes (união estável) recentes; 3 vezes por semana
 67% dos casais gays: 3 vezes por semana
 33% dos casais de lésbicas: 3 vezes por semana
Em resumo, o casamento não é a anomalia que o senso comum nos diz, apesar de que os 
casais de união estável apresentem maior freqüência e que os casais casados diminuam 
sua freqüência com o aumento da duração da relação.
2) Satisfação sexual
As pesquisas indicam que a freqüência de relações sexuais está correlacionada 
diretamente com a percepção da qualidade de vida do indivíduo.
Dos pesquisados:
 Aqueles que praticam sexo 3 vezes por semana: 89% mostram-se satisfeitos.
 Aqueles que praticam sexo 1 vez por mês: 32% mostram-se satisfeitos.
3) E a infidelidade?
Ou melhor, sexo extra-marital ou extra-diádico, utilizando terminologia científica.
 25% dos homens afirmam ter traído
 15 % das mulheres afirmam ter traído
Porém, o método estatístico tem suas armadilhas. Quando analisamos estes percentuais 
com uma divisão por idades, vemos que os jovens não mostram diferenças em relação 
ao sexo extra-diádico, mas aos 40 anos:
 29,3% dos homens traem
 19,3% das mulheres traem
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E aos 60 anos:
 34% dos homens traem
 7,6% das mulheres traem
Quando buscam-se as causas da traição:
 As mulheres afirmam que buscam o aumento da auto-estima, da confiança e da 
independência. Citam fatores como fatores amorosos (afeição, necessidade de se 
apaixonar) e afetivos (companhia, respeito, compreensão).
 Os homens justificam a traição principalmente em função da insatisfação sexual 
com o parceiro. Mencionam fatores como a novidade, a curiosidade e a 
excitação.
Como conclusões, o sexo extra-marital não é uma experiência majoritária, e a maioria 
dos casais é monogâmica. 
Conclusões
A pesquisa sociológica sobre a sexualidade em relações próximas é basicamente 
descritiva, faltando ainda explicações sobre as negociações que os casais fazem em 
relação a sua sexualidade e à forma de como a sociedade em geral influencia o 
comportamento individual nesta questão. Entretanto, os resultados desmistificam vários 
ditos do senso comum, ao utilizar dados, ao invés de opiniões.
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Leitura rápida #1
Questões tratadas pela Sociologia da Sexualidade
A sexualidade e com a emergência da subjetividade moderna reflete a organização 
social e sexual dos gêneros, trata, mais especificamente, da ordem dos sexos e das 
coisas vistas como imutáveis. Classificação dualista e binária dos sexos. Em torno da 
reprodução, oposição entre feminino e masculino, masculino ativo x feminino passivo. 
Reforço da dependência social e sexual das mulheres em relação aos homens. Esfera da 
reprodução.
O processo de normatização dos corpos e a importante influência da biologia nesse 
processo. A “segunda revolução contraceptiva” ou o que comumente denominamos de 
“revolução sexual”, a partir do final dos anos 60, nos então países desenvolvidos.
Esta se caracteriza por uma reorganização e rédea docontrole docorpo, ampla difusão 
de métodos contraceptivos médicos, associado a uma maior autonomia e controle do 
processo reprodutivo por parte da mulher. A fecundidade passa a ser vista como projeto 
individual. Articulação destes acontecimentos em países desenvolvidos e sua 
comparação com os chamados países em desenvolvimento. O impacto da adoção destes 
métodos contraceptivos modernos na vida sócio-familiar contemporânea. A redução das 
uniões oficiais, com casamentos no civil e no religioso; o planejamento no número de 
filhos; e a racionalização do prazer, associadas ao direito ao prazer, liberação das 
minorias e maior igualdade sexual entre homens e mulheres.
Reorganização de hábitos e costumes em relação ao exercício da sexualidade. Em 
tempos de Aids, aumento da adoção de preservativo masculino e recuo de contraceptivo 
oral, pelo menos no início das relações sexuais. Nos adultos, fala da vida em comum do 
casal, da queda na freqüência das relações sexuais, associadas à procriação, 
parentalidade e influência do investimento na trajetória profissional. Em relação aos 
idosos, o aumento significativo da atividade sexual neste segmento; em particular das 
mulheres, o que está vinculado ao oferecimento no mercado das modernas técnicas 
científicas contra impotência e outros. Em termos de práticas sexuais, a 
homossexualidade ainda aparece relacionada à dificuldade da aceitação institucional e 
os conflitos internos / privados, como a família; e os externos / públicos, como os 
amigos, escola e trabalho. Juventude e homossexualidade, e os conflitos familiares e 
outros advindos desta orientação. O declínio do discurso religioso, tanto a medicina 
quanto a psicologia são cada vez mais utilizadas como suporte de uma nova 
normatividade, mais técnica, das condutas e funcionamentos sexuais. A organização da 
sexualidade através dos tempos, o surgimento dos escritos eróticos, da pornografia e a 
libertinagem francesa; está última como uma ruptura nas representações e nos códigos 
de sexualidade vigente.
Leitura rápida #2
Comportamento sexual: o relatório Kinsey
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Apostila de Sociologia
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Quando Alfred Kinsey começou suas pesquisas nos Estados Unidos nos anos quarenta e 
cinqüenta, era a primeira vez que se levava a cabo um estudo de envergadura sobre a 
conduta sexual real. Kinsey e seus colaboradores se enfrentaram a condenação de 
numerosas organizações religiosas e seu trabalho foi tachado de imoral na imprensa e 
no Congresso. Entretanto, Kinsey persistiu em seu empenho e finalmente obteve a 
história da vida sexual de 18.000 pessoas, uma amostra bastante apreciativa da 
população norte-americana branca.
Os resultados que obteve Kinsey surpreenderam a maioria e resultaram impactantes 
para muitos, já que revelavam uma profunda diferença entre as concepções dominantes 
na opinião pública do momento a respeito da conduta sexual e o que era o 
comportamento sexual real. Kinsey descobriu que aproximadamente 70% dos homens 
tinham freqüentando prostitutas e que 84% tinham mantido relações sexuais antes do 
matrimônio. Entretanto, 40% dos homens esperavam que sua mulher fora virgem ao 
casar-se. Mais de 90% tinham praticado a masturbação e ao redor do de 60% algum tipo 
de sexo oral. Entre as mulheres, ao redor do 50% tinha tido alguma experiência sexual 
antes do matrimônio, embora a maioria fosse com seus futuros maridos. Ao redor de 
60% se masturbava e a mesma percentagem de mulheres tinha tido contatos genitais 
orais.
A diferença que havia entre as atitudes aceitas publicamente e o comportamento real 
que demonstravam as conclusões de Kinsey é muito provável que fosse especialmente 
grande naquele momento, imediatamente depois da Segunda Guerra Mundial. Um 
pouco antes, nos anos vinte, tinha começado uma fase de liberalização sexual em que 
muitos jovens se livraram dos estritos códigos morais que tinham governado às 
gerações anteriores. Provavelmente, a conduta sexual mudou muito, mas as questões 
relacionadas com a sexualidade não se discutiam abertamente como é habitual hoje em 
dia. Aqueles que praticavam atividades sexuais que ainda recebiam a desaprovação da 
opinião pública as ocultavam, sem dar-se conta de até que ponto outros muitos estavam 
imersos em práticas similares. A era mais permissiva dos anos sessenta aproximou as 
atitudes expostas abertamente às realidades da conduta sexual.
Leitura rápida #3
Juventudes e sexualidade
O livro Juventudes e sexualidade resulta de uma pesquisa realizada em 13 capitais 
(Belém, Cuiabá, Florianópolis, Fortaleza, Goiânia, Maceió, Manaus, Porto Alegre, 
Recife, Rio de Janeiro, Salvador, São Paulo e Vitória) e no Distrito Federal.
Abrange diferentes aspectos da vida sexual dos jovens, tais como a iniciação sexual, 
comportamentos diversificados como o “ficar” e o namorar, a iniciação sexual cada vez 
mais precoce, o conhecimento e as informações que possuem sobre métodos 
anticoncepcionais, de prevenção da gravidez e de doenças sexualmente transmissíveis 
(DSTs).
No livro também se faz uma discussão sobre como os jovens encaminham as 
negociações entre eles a respeito da utilização desses métodos, além de problemáticas 
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Apostila de Sociologia
Marcelo Sabbatini
como a gravidez juvenil e o aborto. Analisa-se ainda, a partir de diálogos com os 
adultos, os diversos tipos de violência e abordagens desenvolvidas pela escola a respeito 
da sexualidade. 
A pesquisa indica que os jovens, apesar da precocidade da vida sexual, tendem a ter 
contatos com apenas um parceiro - o que remete a um questionamento do senso-comum 
sobre a suposta “promiscuidade” sexual juvenil.
A gravidez juvenil é um tema de destaque no estudo: a maioria dos alunos e professores 
afirmam ter contato com adolescentes grávidas nas escolas.
No que diz respeito à violência, mostra a pesquisa, muitos jovens ainda estão 
vulneráveis e já sofreram violências de várias ordens (tais como assédio, estupro e 
discriminação por conta de gênero e opção sexual). 
A discriminação em relação aos homossexuais é um aspecto de grande relevância que 
aparece em dados como o seguinte: cerca de um quarto dos alunos afirma que não 
gostaria de ter um colega homossexual.
A pesquisa também indica uma certa vulnerabilidade negativa dos jovens no campo da 
sexualidade. Nesse sentido, faz-se necessário a implantação de políticas públicas, assim 
como o auxílio do ambiente escolar para suprir a carência de informação do jovem 
acerca da sexualidade.
Entretanto, além das vulnerabilidades negativas, percebe-se as “vulnerabilidades 
positivas” entre os jovens, como a impulsividade e as curiosidades pelas possibilidades 
do seu corpo e das relações com o parceiro.
Finalmente, também foram registrados na pesquisa questionamentos sobre estereótipos, 
tabus, preconceitos e a vontade de saber e construir relacionamentos mais ricos e 
afetuosos, atribuindo sentidos positivos para as relações.
Leitura rápida #4
Mulher que usa sexualidade no trabalho ganha menos, diz pesquisa
Folha Online
Uma pesquisa divulgada pelo jornal americano "USA Today" revela que as mulheres 
americanas que usam a sexualidade para crescer dentro de uma empresa acabam 
recebendo salário menores e menos promoções.
A reportagem apresenta números para mostrar que as mulheres que cruzam as pernas de 
maneira provocante, vestem saias curtas ou camisas com decote e massageiam os 
ombros dos chefes crescem menos na carreira.
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Apostilade Sociologia
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Os estudo, elaborado pela Universidade de Tulane (Louisiana) com base em 164 
entrevistadas de idades entre 20 e 60 anos, mostra que 49% das mulheres graduadas e 
com MBA (especialização) admitem ter tentado galgar cargos dentro de uma empresa 
por meio do comportamento sexual.
Essas mulheres conseguiram em média duas promoções na carreira e recebem entre 
US$ 50 mil e US$ 75 mil por ano. Por outro lado, as demais, que afirmaram nunca ter 
apelado para a sexualidade, dizem ter recebido em média três promoções na carreira e 
possuir um salário de US$ 75 mil a US$ 100 mil.
"Há conseqüências negativas paras as mulheres que usam a sexualidade no local de 
trabalho", afirmou o professor Arthur Brief, da Universidade de Tulane, ao "USA 
Today.
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O surgimento da Sociologia no contexto histórico. A 
Revolução Industrial, as mudanças culturais no trabalho.
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A Revolução Industrial (séculos XVIII-XIX)
A Revolução Industrial foi uma revolução científico-tecnológica que ocasionou uma 
mudança na organização social e grandes transformações em um curto espaço de tempo:
economia agrária economia industrial
sistema feudal sistema capitalista
artesão indústria
utensílios manuais máquinas
água, vento, força animal eletricidade
aldeões operários
? empresários, engenheiros e cientistas
Foi caracterizada por um conjunto de inovações técnicas:
 teares mecânicos
 Siderurgia e ferro de alta qualidade
 Motor a vapor
 Novas máquinas
 Ferrovias e barcos a vapor
E por novas formas de organização do trabalho:
1. Substituição progressiva do trabalho humano pelas máquinas
2. Divisão do trabalho: necessidade de coordenação, perda de qualificação, 
especialização e tarefas isoladas, repetitivas
3. Mudanças culturais no trabalho: auto-controle à disciplina imposta e à 
supervisão, modo de vida urbano, falta de condições impostas pelos empresários
4. Produção em massa, maior produção, mais produtos, mais baratos
A Revolução Industrial, com suas inovações técnicas se auto-alimenta, pois cada 
inovação (o trem a vapor como forma de escoar as mercadorias, aço mais resistente para 
fabricação de máquinas mais eficientes, etc.) a produção aumenta e criam-se mais 
indústrias. O pioneirismo é da Inglaterra e cidades como Londres e Manchester são as 
grandes metrópoles industriais.
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E surgem também novos papéis sociais: 
Dentro desse cenário é que surge a chamada questão social:
 Fluxo de massas camponesas rumo ao meio urbano
 Grande concentração humana nas cidades
 Degradação do espaço urbano e dos valores tradicionais
 Exploração do homem pelo homem
 Epidemias, prostituição, alcoolismo, violência, suicídios
As fábricas do início da Revolução Industrial não apresentavam o 
melhor dos ambientes de trabalho. As condições das fábricas eram 
precárias. Eram ambientes com péssima iluminação, abafados e sujos. 
Os salários recebidos pelos trabalhadores eram muito baixos e chegava-
se a empregar o trabalho infantil e feminino. Os empregados chegavam 
a trabalhar até 18 horas por dia e estavam sujeitos a castigos físicos dos 
patrões. Não havia direitos trabalhistas como, por exemplo, férias, 
décimo terceiro salário, auxílio doença, descanso semanal remunerado 
ou qualquer outro benefício. Quando desempregados, ficavam sem 
nenhum tipo de auxílio e passavam por situações de precariedade.
De forma mais ou menos paralela ocorre uma revolução no pensamento:
 Século XVII uso livre da razão: Racionalismo
 Século XVIII uso da razão, associado a uma crítica da sociedade (esta seria 
injusta e impediria a liberdade dos homens). Surge a doutrina do Iluminismo que 
representa a ideologia burguesa versus sociedade feudal. Critica principalmente 
o aspecto irracional e injusto das instituições sociais, contrária à liberdade do 
homem.
Existe uma única lei que, pela sua natureza, exige consentimento 
unânime - é o pacto social, por ser a associação civil o mais voluntário 
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empresário / industrial /capitalista
detentor dos meios de produção (matéria prima, 
capital, máquinas)
operário / proletário
detentor da força de produção
criação de um “mercado de trabalho”
relação de interdependência
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dos atos deste mundo. Todo homem, tendo nascido livre e senhor de si 
mesmo, ninguém pode, a qualquer pretexto imaginável, sujeitá-lo sem o 
seu consentimento. Afirmar que um filho de escravo nasce escravo, é 
afirmar que não nasce homem...Fora desse contrato primitivo, e em 
conseqüência do próprio contrato, o voto dos mais numerosos sempre 
obriga os demais. Pergunta-se, porém, como o homem poder ser livre, e 
forçado a conformar-se com vontades que não a sua. Como os 
opositores serão livres e submetidos a leis que não consentiram? 
...Respondo que a questão está mal proposta. O cidadão consente todas 
as leis, mesmo as aprovadas contra sua vontade e até aquelas que o 
punem quando ousa violar uma delas. A vontade constante de todos os 
membros do Estado é a vontade geral: por ela é que são cidadãos e 
livres. Quando se propõe uma lei na assembléia do povo, o que se lhes 
pergunta não é precisamente se aprovam ou rejeitam a proposta, mas se 
estão ou não de acordo com a vontade geral que é a deles".
Rousseau, Do Contrato Social
Este pensamento desembocará na Revolução Francesa, pregando a igualdade, a 
liberdade e a fraternidade entre os homens, frente à concepção anterior de que os reis 
eram descendentes diretos de Deus e devido a isso possuíam poder absoluto.
A Sociologia aparece então em um contexto de uma dupla revolução, a industrial 
(aperfeiçoamento dos métodos produtivos, abandono da família patriarcal, urbanização) 
e a política-intelectual (organização da classe operária: consciência de interesses e 
instrumentos de ação e de crítica).
Após a desorganização (derrubada de um sistema e criação de outro) ocasionada pela 
Revolução, o Positivismo busca re-estabelecer a estabilidade, a hierarquia social, a 
autoridade e os valores morais, porém ainda conservando a idéia do uso livre da razão.
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Por exemplo, alguns dos fatos surgidos com a Revolução e que são apontados por 
Leplay (um filósofo positivista) como razões da decadência da sociedade francesa:
 Corrupção da língua
 Falta de crença em deus e na religião
 Influência anormal dos literados
 Perda da influência das autoridades sociais
 Excesso de burocracia
 Falta de sentimento patriótico
 Perda progressiva da autoridade paterna 
 Dissolução dos costumes
 Espirito revolucionário
O pensamento positivista vê o capitalismo como forma de satisfazer necessidades 
humanas, como fim para os conflitos sociais, através do progresso econômico. O 
pensamento social então surgia como forma de orientar a ciência, a indústria e a 
produção industrial.
O principal expoente do positivismo é Augusto Comte (1798-1857), que em sua 
Filosofia Positiva sugere uma forma de organizar o conhecimento humano, com os 
seguintes níveis. Cada nível aumenta em complexidade e interesse, além de depender do 
anterior:
1. Astronomia
2. Física
3. Química
4. Fisiologia
5. Física Social, logo rebatizada como “Sociologia”.Algumas máximas de Comte:
 “saber para prever, a fim de prover”, significando que se deve conhecer os 
problemas a fundo, para resolvê-los e dessa forma alcançar o progresso.
 “progresso constituiria uma conseqüência suave e gradual da ordem” dando 
origem ao lema “ordem e progresso”
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Da Mecânica, Comte extraiu os conceitos de estática e dinâmica 
e aplicou-os ao estudo dos fenômenos sociais. Viu neles uma 
oposição e uma complementaridade, a estática era o desejo 
intrínseco de ordem que toda sociedade civilizada deseja, a 
dinâmica era o progresso, o destino que ela deve cumprir rumo 
às etapas superiores de organização e produção. Harmonizou-os 
no lema: "ordem e progresso", adotado na nova bandeira da 
brasileira por sugestão do coronel Benjamin Constant, um dos 
fundadores da república em 1889.
Voltaire Schilling
O positivismo, possui portanto um conteúdo estabilizador, pregando uma reforma 
conservadora, com a revalorização das instituições consideradas fundamentais para a 
coesão social (autoridade, família, hierarquia):
É a partir das mudanças ocasionadas pela Revolução Industrial e pelas reformas 
políticas que a Sociologia surge para colocar a “sociedade num plano de análise”, como 
objeto de estudo a ser investigado orientação para a ação, para manter ou modificar 
radicalmente a realidade.
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Leitura rápida #1
A análise da sociedade antes na Antiguidade
Grande parte dos filósofos da antigüidade praticamente abandonaram a análise neutra da 
realidade social, insistindo em falar sobre a forma que consideravam ideal para aquele 
momento social.
Em “República”, Platão insiste em impingir sua idéia de ideal social, assim como 
Tomás Morus em “Utopia”, Campanela em “Cidade do Sol”, e Santo Agostinho em 
“Cidade de Deus”. 
Embora todas essas obras sejam consideradas valiosas para o estudo da Sociologia 
devemos levar em consideração que elas versam sobre o ideal social pensado e 
apresentado pelos seus autores. 
Em “República”, por exemplo, os comentários feitos por Platão sobre a 
interdependência e divisão das funções sociais são valiosíssimos até hoje. 
O método comparativo, cuja eficácia é até hoje evidente, foi apresentado de forma 
pioneira por Aristóteles em suas obras “Política” e em “Constituição de Atenas”. Nessas 
obras Aristóteles analisa as organizações sociais das cidades antigas e elabora estudos 
sobre a ordem social. 
Entre suas idéias, Aristóteles reconhece a família como grupo social básico e elementar 
e afirma que o homem é um animal político, destinado a viver em sociedade. Outra 
característica encontrada em Aristóteles é o conceito de sociedade como ser vivo, 
sujeito às mesmas leis que regem o Ser Humano: nascimento, crescimento e morte. 
Outras contribuições decisivas para o estudo social foi a trazida pelos romanos, com 
suas análises e definições de instituições como família, matrimônio, propriedade, posse, 
contrato e outras, feitas pelos jurisconsultos romanos Caio, Paulo, Sabino, Labão, 
Juliano, Pompônio, Papiniano e Ulpiano.
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Apostila de Sociologia
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4
O pensamento sociológico moderno. Principais pensadores 
e linhas teóricas. A sociologia como conhecimento
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Apostila de Sociologia
Marcelo Sabbatini
A sociologia como ciência
A sociologia, dentro da atual classificação das ciências, situa-se nas ciências sociais, 
que estudam a interação entre os seres humanos e o produto desta interação. Além da 
sociologia, são Ciências Sociais:
 Antropologia
Estuda a história, origem e desenvolvimento da cultura do homem. Inicialmente 
limitada ao estudo dos povos ágrafos (iletrados ou primitivos), estuda aspectos 
culturas e comportamentais do homem
Exemplos: rituais, cerimônias, mitos, artesanato, folclore.
 Direito
Estuda as normas que regulam o comportamento social e as formas de controle 
social necessárias para exercer a coerção sobre os indivíduos. Dentro destas 
normas, preocupa-se com as leis (regras jurídicas) e seu conjunto, o sistema 
legislativo.
Exemplos: normas de proteção ao trabalhador (direito trabalhista), divórcio 
(direito civil), penalidades por crimes cometidos (direito penal).
 Economia
Estuda a organização dos recursos, produção, circulação, distribuição e consumo 
de bens e serviços. Analisa a atividade econômica em função das necessidades 
humanas.
Exemplos: macroeconomia (sistema monetário, consumo, renda e investimentos 
na sociedade como um todo), microeconomia (agentes individuais, 
produtividade da empresa, orçamento familiar).
 Ciências Políticas
Estudam a distribuição do poder na sociedade, a teoria e prática do governo.
Exemplos: formas de governo, organização dos partidos políticos, funções do 
Estado
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 Psicologia social
Estuda o comportamento e a motivação do indivíduo, no contexto de seu grupo e 
de seus valores associados. Analisa o fenômeno da personalidade, moldada pela 
cultura e pela sociedade.
Exemplos: comportamento dos adolescentes, comportamento organizacional
 Sociologia
Estuda o homem na sociedade, suas relações sociais e os elementos comuns 
existentes em todos os tipos de fenômenos sociais. Busca um conhecimento 
objetivo da realidade social.
Exemplos: formação e desintegração de grupos, divisão da sociedade em 
camadas.
Diferentemente da psicologia social, a sociologia considera a sociedade como um 
todo e busca por características que possam ser observadas em qualquer sociedade.
Muitas vezes seu estudo transcende o campo das disciplinas específicas, pois o homo 
socius (o ser social) é o conjunto do homem econômico, político, religioso, ético, 
artístico, etc.
Aprender Sociologia é aprender a analisar o comportamento 
social com mais abrangência, procurando compreender as 
atitudes das pessoas e dos grupos para poder interferir no 
momento certo e da forma mais acertada, para alcançar os seus 
objetivos.
A Sociologia faz do Ser Humano mais do que um simples 
elemento no grupo, já que desenvolve nele a habilidade 
necessária ao exercício da verdadeira cidadania, com 
competência não só para entender o mundo e os fatos, mas 
também para influenciar e participar ativamente das necessárias 
reconstruções sociais.
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Campos da sociologia
Sociologia sistemática: estuda os elementos básicos e universais dos sistemas sociais e 
o modo como se relacionam.
Exemplos: relações sociais, processos sociais, grupos.
Sociologia descritiva: estuda os fenômenos sociais nas condições reais em que operam.
Exemplo: estudo da família na sociedade
Sociologia comparada: estuda como os fenômenos sociais variam na história humana, 
se apresentam semelhanças ou divergências.
Exemplo: a família através dos tempos.
Sociologia diferencial: busca as peculiaridades de cada sociedade específica
Exemplo: característica da família brasileira
Sociologia aplicada: utiliza a intervenção sobre as condições sociais
Exemplo: racionalização do trabalho em uma empresa
Sociologia geral: busca estabelecer a validade lógica do conhecimento sociológico, 
sistematizando-o e realizando a crítica e a síntese do mesmo.
Sociologia especial:analisa e estuda em profundidade as categorias específicas de fatos 
sociais
Exemplos: sociologia política, sociologia da educação, sociologia do turismo, sociologia 
da comunicação, sociologia rural, sociologia industrial, sociologia da arte.
As fontes da verdade
 Intuição: é a capacidade de perceber ou pressentir, independentemente de 
qualquer raciocínio lógico e explícito
 Autoridade: é o acúmulo de conhecimento, confiável ou não. Já a autoridade 
sagrada ou conhecimento religioso é a fé em tradições e documentos de origem 
divina e tem como característica principal o fato de não poder ser questionada.
 Tradição: sabedoria acumulada, conjunto de conhecimentos que deram certo no 
passado e portanto aceitos de forma geral.
 Bom senso: estabelece relação entre os fatos, sem identificar causas reais.
 Ciência: é a fonte de conhecimento mais confiável, para a compreensão da 
realidade. Também a mais jovem, devido a que o método científico existe 
apenas há 400 anos, aproximadamente. É questionável (avança sobre os novos 
descobrimentos, que substituem os antigos) e falível (é aberta, admite que o 
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conhecimento pode mudar, pode avançar). Baseia-se no pensamento crítico e 
não admite o senso comum.
Senso comum (opinião) Senso crítico
 espontâneo
 esporádico
 sem explicações satisfatórias
 falta de profundidade
 aplicável a casos específicos
 utiliza juízos de valor
 "o que -deve ser"
 reflexivo
 demonstra os motivos
 procura as causas dos fatos
 as conclusões podem ser 
generalizadas
 busca a "verdade por trás das 
aparências"
 "o que é"
Exemplo: o senso comum nos diz que “todas as mulheres são más motoristas”. As 
estatísticas (e as companhias de seguro), utilizando fatos (e não opiniões) nos dizem que 
as mulheres envolvem-se em menos acidentes que os homens.
Características dos conhecimento científico na Ciência Social
 Detecta regularidades e padrões na vida social.
 As mesmas causas levam aos mesmos efeitos.
 Intersubjetivo, toda afirmação para tornar-se conhecimento aceito deve ser 
confirmado por outros observadores.
 Estuda o comportamento da sociedade como um todo, não de indivíduos ou de 
casos específicos
.
O método científico na Sociologia:
 Exige a observação sistemática, com a necessidade de provas e dados.
 Busca a minimização do erro e do preconceito.
 Suas conclusões nunca são absolutas, mas passam por um mecanismo de auto-
correção.
 São necessários o estudo de muitos casos, para chegar à generalizações.
 Procura não somente descrições, mas explicações.
E principalmente nas Ciências Sociais se destaca o duplo papel do homem:
 ator/espectador
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 objeto/observador
Existe portanto, objetividade e neutralidade na ciência social? Podemos chegar a algum 
conhecimento realmente confiável?
Esta é uma questão aberta, talvez o sentido de objetividade seja diferente do utilizado 
nas ciências exatas, de forma pode estar limitada a que "não deve ser afetada pela 
própria crença, por emoções, hábitos ou preferências, desejos ou valores do 
observador".
Tipos de pesquisa utilizados na sociologia
Método histórico
Parte do princípio de que os atuais modos de vida possuem sua origem no passado. 
Pesquisa as raízes históricas dos fatos sociais, para compreender sua função atual.
Exemplos: influência francesa nas quadrilhas da festa junina, “Casa Grande e Senzala”.
Método comparativo
Compara diferentes tipos de grupos, comunidades ou fenômenos, buscando identificar 
semelhanças ou diferenças entre eles. A partir deste conhecimento, tenta obter 
generalizações sobre os fatos sociais.
Exemplos: estudo comparativo entre as filiais brasileira e argentina de uma grande 
organização multinacional.
Estudo de caso ou método monográfico
É o estudo específico de um grupo, comunidade, etc, ou de algum aspecto dele. Parte do 
princípio de qualquer caso pode ser representativo de muitos outros.
Exemplo: estudo da política de recursos humanos da empresa X.
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Método estatístico / quantitativo
Utiliza procedimentos matemáticos (estatísticos) para estudar os fenômenos sociais. 
Reduz os fenômenos a indicadores quantitativos. Algumas vezes revela-se ineficaz, 
devido à imprevisibilidade no objeto de estudo (o homem), pois apesar do caráter direto 
e aparentemente objetivo dos resultados, ocasiona a perda de uma riqueza no 
conhecimento social, pois não é capaz de identificar as atitudes e experiências pessoais 
dos indivíduos estudados.
Exemplo: “O suicídio” de Durkheim.
De qualquer forma, na prática observamos a combinação dos diferentes métodos, com 
a combinação da fortaleza de cada um, para a obtenção de uma melhor compreensão da 
realidade social.
Outros contribuidores para o início da Sociologia como Ciência
Além de Auguste Comte, considerado o “pai da sociologia”, podemos destacar o papel 
de:
Émile Durkheim (1858-1917)
Fundador da sociologia como ciência independente, estabelece seus métodos e inicia a 
comunidade científica ao redor deste conhecimento. Uma de suas principais obras é "As 
regras do método sociológico".
Sua principal contribuição é a idéia de que os fatos sociais devem ser considerados 
como "coisas", sendo aplicáveis os mesmos métodos de observação das ciências exatas. 
Defende a observação, a experimentação como forma de indagação racional, com o 
abandono do sobrenatural, da tradição, da revelação, em uma nova atitude intelectual. É 
um dos precursores do método histórico, no qual a sociedade pode ser compreendida 
justamente por que é obra dos indivíduos.
Para Durkheim mais do que os: fatos econômicos é a fragilidade moral e de valores que 
determinam o comportamento na sociedade. Portanto, em resposta às propostas 
socialistas (modificação na propriedade, distribuição das riquezas), defende a divisão do 
trabalho, onde cada membro da sociedade dependeria mais dos outros. Dessa forma, 
aumentaria a união e a solidariedade, que ele denomina, orgânica.
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Karl Marx (1818-1883)
Realiza uma crítica radical a nova ordem social estabelecida pela Revolução Industrial. 
Afirma que a estrutura econômica é a base da história humana e defende que o 
conhecimento da realidade social deve ser um instrumento político.
Porém, oposto ao positivismo, defende a realização de mudanças na ordem social. 
Justamente, são nas situações de conflito econômico que a história avança, através do 
que denomina "luta de classes". Sua obra mais conhecida é "O Capital" (1867)
Após Marx confrontar a economia política, lançando pela primeira vez o termo 
“alienação no trabalho” e suas conseqüências no cotidiano das pessoas, Marx expõe 
pela primeira vez a alienação da sociedade burguesa.
A alienação no trabalho é gerada na sociedade devido à mercadoria, que são os produtos 
confeccionados pelos trabalhadores explorados, e o lucro, que vem a ser a usurpação do 
trabalhador para que mais mercadorias sejam produzidas e vendidas acima do preço 
investido no trabalhador, assim rompendo o homem de si mesmo.
Já a alienação da sociedade, o fetichismo, que é a fato da pessoa idolatrar certos objetos 
(automóveis, jóias, etc). O importante não é mais o sentimento, a consciência, 
pensamentos, mas sim o que a pessoa tem. Sendo o dinheiro o maior fetiche desta 
cultura, que passa a ilusão às pessoasde possuir tudo o que desejam a respeito de bens 
materiais.
Max Weber (1864-1820)
Destaca-se no campo do estudo da burocracia como forma de organização e da 
sociologia da religião, estabelecendo assim as bases teóricas da estratificação social.
Em sua obra "A ética protestante e o espírito capitalista" afirma que o maior 
desenvolvimento econômico dos países com religião protestante na Europa e América 
ocorreu por que esta religião valoriza o individualismo, o trabalho árduo, o êxito pessoal 
e a acumulação de riquezas (capital). A ética protestante seria uma nova mentalidade 
diante da vida econômica (pioneirismo, ousadia), com o êxito econômico como benção 
de Deus. Ao mesmo tempo, a não fruição dos lucros (rigidez na vida familiar) permite a 
acumulação e re-investimento do capital.
Em comparação, o catolicismo prega a renúncia aos bens materiais, o amor fraterno e 
condena a usura (empréstimos). Seriam estas diferenças culturais que levaram 
Inglaterra, Alemanha, Estados Unidos, Holanda Suécia, etc, a desenvolver o capitalismo 
e a Revolução Industrial muito mais cedo (e de melhor forma) que países como Itália, 
Espanha, Portugal, Brasil e outros países da América Latina.
Frases do catolicismo negativas em relação ao dinheiro e à riqueza:
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 "Ora, aconteceu que o pobre morreu e ele foi levado pelos anjos para o seio de 
Abraão. O rico morreu também e foi amortalhado no inferno". - Evangelho de 
Lucas, 16
 "Todo o homem rico é, ou injusto na sua pessoa, ou herdeiro da injustiça e da 
injustiça de outros" (Omnis dives aut iniquus est, aut heres iniqui) - São 
Jerónimo.
 "Quem quer se tornar rico tomba nas armadilhas do demônio, e se entrega a mil 
desejos não apenas vãos mas perniciosos, que o precipitam por fim no abismo da 
perdição e da condenação eterna" São Timóteo, 6
 "Ou tu és rico e tens o supérfluo, e nesse caso o supérfluo não é para ti mas para 
os pobres; ou então tu estás numa fortuna medíocre, e então que importa a ti 
procurar aquilo que não podes guardar ?" São Bernardo
Herbert Spencer (1820-1903)
Aplica a teoria da evolução à sociedade humana, criando a "teoria da evolução social". 
Pensa na sociedade como um organismo, que cresce através da diferenciação 
(surgimento de órgãos especializados) e da interdependência entre partes. Assim, tantos 
nos organismos como na 
história das sociedades observa-se uma complexidade crescente. Com a evolução social 
se parte de uma organização social vaga para convenções cada vez mais precisas / 
costumes que se transformam em lei / leis que se tornam cada vez mais rígidas e 
específicas.
A evolução social e o progresso independem da vontade humana
Spencer
Exemplo: uma tribo igual em todas as partes evolui para uma nação civilizada, repleta 
de diferenças estruturais e funcionais
Leitura rápida #1
O manifesto comunista (trechos)
Um espectro ronda a Europa - o espectro do comunismo
A história de todas as sociedades que existiram até nossos dias tem sido a história das 
lutas de classes. Homem livre e escravo, patrício e plebeu, barão e servo, mestre de 
corporação e companheiro, numa palavra, opressores e oprimidos, em constante 
oposição, têm vivido numa guerra ininterrupta, ora franca, ora disfarçada; uma guerra 
que terminou sempre, ou por uma transformação revolucionária, da sociedade inteira, ou 
pela destruição das duas classes em luta.
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A condição essencial da existência e da supremacia da classe burguesa é a acumulação 
da riqueza nas mãos dos particulares, a formação e o crescimento do capital a condição 
de existência do capital é o trabalho assalariado. Este baseia-se exclusivamente na 
concorrência dos operários entre si. 
Suprimi a exploração do homem pelo homem e tereis suprimido a exploração de uma 
nação por outra. Quando os antagonismos de classe, no interior das nações, tiverem 
desaparecido, desaparecerá a
hostilidade entre as próprias nações.
Os comunistas não se rebaixam a dissimular suas opiniões e seus fins. Proclamam 
abertamente que seus objetivos só podem ser alcançados pela derrubada violenta de toda 
a ordem social existente. Que as classes dominantes tremam à idéia de uma revolução 
comunista! Os proletários nada têm a perder nela a não ser suas cadeias. Têm um 
mundo a ganhar.
Escrito por Karl Marx e Friedrich Engels em dezembro de 1847 - janeiro de 1848. 
Publicado pela primeira. vez em Londres em fevereiro de 1848. 
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Status e papel social. Conflito de papéis.
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Status: posição que o indivíduo ocupa na sociedade.
Observação: o status é diferente de prestígio, fama; todas pessoas possuem um status, 
que como a definição diz, é a posição.
É o principal fator que vai determinar as relações sociais, pois a ele estão associados os:
 direitos
 deveres
 e privilégios
das pessoas na sociedade
A diferença entre posições estabelece uma distância social.
Exemplos
Na faculdade
 reitor
 diretor acadêmico
 professor
 secretária
 estudantes
Na família
 avô
 pai
 filho
 neto
A distância social é maior entre os alunos e o reitor do que entre alunos e professores.
O status é inseparável do papel social. O papel social é a parte dinâmica do status, ou 
seja, como as pessoas desempenham as funções que estão associadas com sua posição 
na sociedade.
O status pode ser visto como as posições que umas pessoas ocupam em um carro 
(motorista, passageiro do banco da frente, outros passageiros). Já o papel social seria 
como o motorista está dirigindo, como os passageiros estão se comportando.
Assim, status e papel social estão ligados a um comportamento socialmente esperado. 
Se este comportamento não é alcançado, então ocorre a pressão social. Todos estamos 
sujeitos à pressão social, basta pensar em nosso comportamento, vestuário, linguagem...
Por exemplo: o ocupante de um cargo político que bebe demais nas reuniões sociais não 
está cumprindo o papel que dele se espera. Os meios de comunicação, e a sociedade em 
geral, demandam uma atitude condizente.
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Se o papel social é vastamente difundido e reconhecido pela sociedade, podemos falar 
de um papel padrão. É por exemplo o caso do "pai-gelol" (não basta ser pai, tem que 
participar) e do operário padrão, figura criada durante o governo de Getúlio Vargas.
Portanto o conjunto de status e de papéis são uma forma de controle social, quer dizer, 
de controle do comportamento humano no grupo.
Os papéis sociais algumas vezes são representados através de símbolos, que identificam 
a posição de um determinado grupo na sociedade. É o caso da bata branca e o 
estetoscópio dos médicos, de uniformes, condecorações e medalhas dos militares.
Símbolo: qualquer expressão verbal ou não-verbal que pretenda representar alguma 
coisa e é utilizada para transmitir significado do emissor para o receptor.
Já os símbolos sociais são tipos de personalidades que as pessoas são levadas a imitar. O 
herói é o mais significativo, possuindo traços que as pessoas devem copiar (bondade, 
perseverança, força, liderança, etc.). Mas também possibilita a promoção e manipulação 
de certos valores, sejam religiosos, sejam de solidariedade, prestígio ou aspirações.
Exemplo: os heróis nacionais brasileiros são aqueles que nunca promoveram revoluções

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