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Aulas IED AV2

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SEMANA AULA 08 – DIREITO SUBJETIVO, OBJETIVO E POTESTATIVO
DIREITO OBJETIVO – é considerado como uma norma de agir (norma agendi) que visa ordenar as relações sociais por meio de disposições normativas escritas e consuetudinárias (decorrente dos costumes). Trata-se, portanto, do conjunto de normas escritas e não escritas que refletem o momento social em que foram criadas, sendo representado por modelos genéricos e abstratos de condutas (códigos, leis, etc).
DIREITO SUBJETIVO – também chamado de “direito-faculdade”, “direito-poder”, “direito-prerrogativa”. Pode ser analisado sob dois aspectos: 1) como poder de vontade e; 2) como interesse protegido.
São 03 (três) os principais tipos de direitos subjetivos:
Direitos de gozo – Existem independentemente da intervenção do seu titular (direito à vida, direito ao nome, direito à honra);
Direitos de agir – Direitos conferidos ao seu titular para praticar certos atos que devem decorrer de sua vontade (direito a propor uma ação, direito à sindicalização);
Direitos-funções – São os que existem independentemente de manifestação de vontade do seu titular, embora seja ela necessária para o exercício desses direitos (direito do estado em legislar, julgar, punir).
Nas palavras de Paulo Nader, “o direito subjetivo consiste, assim, na possibilidade de agir e de exigir aquilo que as normas de Direito atribuem a alguém como próprio”. Os direitos subjetivos são definidos pelo Direito objetivo.
Direito Subjetivo X Faculdade Jurídica
O direito subjetivo pode ser identificado por três elementos: 1) para cada direito existe um dever; 2) o direito é passível de violação (não cumprimento do dever) e; 3) o titular pode exigir a prestação jurisdicional do Estado.
A faculdade jurídica decorre do princípio da autonomia da vontade e não configura direito subjetivo, porque a ela não se opõe qualquer dever jurídico. Ex.: Emancipar um filho menor, adotar uma criança, doar bens, etc.
Aquisição, modificação e extinção dos direitos subjetivos
A aquisição é um fato pelo qual alguém assume a condição de titular de um direito subjetivo. Podem surgir em razão de determinação legal (ope legis) ou por ato de vontade.
A modificação pode ocorrer diretamente sobre os sujeitos (modificação subjetiva) ou sobre o objeto (modificação objetiva) – em quantidade ou qualidade.
A extinção pode ocorrer pelo perecimento do objeto, pela alienação, pela renúncia, pela prescrição ou pela decadência.
Direito Subjetivo X Direito Adquirido
Direito adquirido é o direito que integra o patrimônio jurídico de uma pessoa, ou seja, a aquisição de um direito decorre da vinculação de seu titular a um direito por um fato determinado em lei já realizado.
A partir do momento em que o direito subjetivo passa a ser exercido ele se torna direito adquirido, não podendo ser alterado pela vigência de novas normas.
Posições jurídicas dos indivíduos
É a situação jurídica do sujeito em uma relação por força da qual é chamado a agir na esfera jurídica do outro.
O sujeito situado na posição jurídica ativa possui: a) poder jurídico; b) faculdade jurídica; c) direito subjetivo; d) direito potestativo.
O sujeito situado na posição jurídica passiva possui: a) dever jurídico; b) obrigação; c) sujeição; d) ônus.
DIREITO POTESTATIVO – também chamado de discricionário ou poder formativo. Representa uma situação subjetiva em que o titular do direito subjetivo pode unilateralmente constituir, modificar ou extinguir uma situação subjetiva interferindo diretamente na esfera jurídica de outro sujeito que a esse poder formativo não poderá se opor. Em outras palavras, é a prerrogativa jurídica de impor a outrem a sujeição ao seu exercício. Difere do direito subjetivo porque a este se contrapõe um dever, o que não ocorre com o direito potestativo.
Obs.: Via de regra, direitos subjetivos estão sujeitos à prescrição e direitos potestativos estão sujeitos à decadência.
Prescrição: é a perda da ação atribuída a um direito, e de toda a capacidade defensiva, em consequência do não uso delas, durante um determinado espaço de tempo.
Decadência: também chamada de “caducidade”, é caracterizada como a perda do direito potestativo pela inércia de seu titular no período determinado em lei.
CASO CONCRETO AULA 08
Um dia muito estranho...
Carlos Eduardo de Assis é um jovem economista, gerente adjunto do Banco Street Corner S.A., onde trabalha há mais de três anos. Aproveitou o dia de hoje para ir ao sindicato de sua categoria profissional para sindicalizar-se e propor uma ação pleiteando horas extras trabalhadas e não recebidas em face de seu patrão e ir à imobiliária pagar o aluguel do mês que vencia naquele mesmo dia. Na hora do almoço recebeu a grata visita de sua tia Laurinha que o informou haver colocado seu nome como o único herdeiro em seu testamento. No entanto, ao final do dia teve o desprazer de receber uma carta de demissão por parte de seu gerente titular. Que dia estranho foi aquele!...
A partir do caso concreto narrado, identifique no texto:
a) Um direito subjetivo.
b) Um dever jurídico.
c) Um direito potestativo.
d) Conceitua direito absoluto.
Gabarito:
a) Direito à sindicalização, herança, propositura de ação judicial.
b) Pagar o aluguel.
c) Direito do patrão de admitir ou demitir.
d) É aquele oponível a todos, ou seja, todos devem respeitar, como por exemplo o direito à propriedade, à saúde, à vida.
SEMANA AULA 09 – FONTES E INTEGRAÇÃO DO DIREITO
A expressão Fontes do Direito indica as formas pelas quais o Direito surge e se manifesta.
A classificação das Fontes
São divididas, basicamente, em 03 espécies: a)Fontes históricas; b) Fontes materiais e; c)Fontes formais.
Fontes Históricas
As fontes históricas do Direito indicam a gênese das modernas instituições jurídicas: a época, o local, as razões que determinaram a sua formação. A pesquisa pode limitar-se aos antecedentes históricos mais recentes ou se aprofundar no passado, na busca das concepções originais. Esta ordem de estudo é significativa não apenas para a memorização do Direito, mas também para a melhor compreensão dos quadros normativos atuais. No setor da interpretação do Direito, onde o fundamental é captar-se a finalidade de um instituto jurídico, sua essência e valores capitais, a utilidade dessa espécie de fonte revela-se com toda evidência.
“Aquele que quisesse realizar o Direito sem a História não seria jurista, nem sequer um utopista, não traria à vida nenhum espírito de ordenamento social consciente, senão mera desordem e destruições.”
Fontes Materiais
O Direito não é um produto arbitrário da vontade do legislador, mas uma criação que se lastreia no querer social. É a sociedade, como centro de relações de vida, como sede de acontecimentos que envolvem o homem, quem fornece ao legislador os elementos necessários à formação dos estatutos jurídicos.
Como causa produtora do Direito, as fontes materiais são constituídas pelos fatos sociais, pelos problemas que emergem na sociedade e que são condicionados pelos chamados fatores do Direito, como a Moral, a Economia, a Geografia, entre outros.
Podem ser divididas em fontes diretas ou imediatas (criam diretamente as normas jurídicas – leis, jurisprudências, costumes, etc) e indiretas ou mediatas (fatos ou fenômenos sociais que ocorrem em determinada sociedade – comoção social, por exemplo).
Fontes Formais
São os meios de expressão do Direito, as formas pelas quais as normas jurídicas se exteriorizam, tornam-se conhecidas. Para que um processo jurídico constitua fonte formal é necessário que tenha o poder de criar o Direito.
Segundo Miguel Reale, toda fonte pressupõe uma estrutura de poder. A lei é a emanação do Poder Legislativo; o costume é a expressão do poder social; a sentença, ato do Poder Judiciário; os atos-regras, que denomina por fonte negocial, são manifestações da autonomia da vontade.
CONCEITO E FORMAÇÃO DA LEI
Lei é a fonte formal imediata de Direito. É ato do Poder Legislativo, que estabelece normasde acordo com os interesses sociais.
Formação da lei – O Processo Legislativo
O processo legislativo é estabelecido pela Constituição Federal e se desdobra nas seguintes etapas: apresentação de projeto, exame das comissões, discussão e aprovação, revisão, sanção, promulgação e publicação.
É o conjunto de atos preordenados visando à criação de normas de Direito.
Iniciativa da lei – É a faculdade que se atribui a alguém ou a um órgão para apresentar projetos de lei ao Legislativo – art. 60, 61 CF/88.
Votação – É o ato coletivo das Casas do Congresso. É ato de decisão (art. 65 e 66 CF/88), que se toma por maioria de votos.
Sanção e Veto – São atos de competência exclusiva do Presidente da República. Sanção e veto recaem somente sobre projetos de lei.
Promulgação e Publicação – Promulga-se e publica-se a lei, que já existe desde a sanção ou veto rejeitado. É errado falar em promulgação de projeto de lei. Promulgação é a declaração da existência da lei. A lei é perfeita antes de ser promulgada.
 - Lei Promulgada X Lei Outorgada?
Exemplo de lei (sim, essa lei existe):
“
	Presidência da República
Casa Civil
Subchefia para Assuntos Jurídicos
LEI Nº 13.050, DE 8 DE DEZEMBRO DE 2014.
	 
	Institui o dia 25 de outubro como Dia Nacional do Macarrão.
A PRESIDENTA DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei: 
Art. 1o  Fica instituído o Dia Nacional do Macarrão, a ser celebrado em todo território nacional, anualmente, no dia 25 de outubro. 
Art. 2o  Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação. 
Brasília, 8 de dezembro de 2014.  
DILMA ROUSSEFF
Este texto não substitui o publicado no DOU de 9.12.2014”
O COSTUME
O termo “costume” deriva do latim consuetudine, que significa hábito, uso. É a prática social reiterada e considerada obrigatória.
O costume demonstra o princípio ou a regra não escrita que se introduziu pelo uso, com o consentimento tácito de todas as pessoas que admiram a sua força como norma a seguir na prática de determinados atos.
O costume é a mais antiga e autêntica fonte do Direito. Duas forças psicológicas concorrem para sua formação: o hábito e a imitação.
O Direito Costumeiro (Consuetudinário) é o conjunto de normas costumeiras em vigor em um Estado – direito não escrito. Podem ser divididas em:
Contra Legem – Significa “contra a lei”. Não têm admissibilidade em nosso direito;
Secundum Legem – Serve de interpretação da lei, esclarecendo-a, eis que se encontram em perfeita sintonia com ela.
Praeter Legem – Utilizado quando a lei for omissa. É o costume considerado como subsidiário do direito.
A prova da existência dos costumes poderá ser realizada por meio de documentos, testemunhas, vistorias, etc. Vide art. 376 do NCPC.
SEMANA AULA 10 – FONTES E INTEGRAÇÃO DO DIREITO II
A jurisprudência
Em sentido amplo, é a coletânea de decisões proferidas pelos juízes ou tribunais sobre uma determinada matéria jurídica. Tem como objetivo estabelecer a uniformidade e a constância das decisões para os casos idênticos (precedente judicial). 
Jurisprudência cria direito?
Para os ordenamentos jurídicos filiados ao sistema anglo-americano, a jurisprudência constitui uma importante forma de expressão do Direito. Nos Estados que seguem a tradição romano-germânica, a cujo sistema vincula-se o Direito brasileiro, não obstante alguma divergência doutrinária, prevalece o entendimento de que o papel da jurisprudência limita-se a revelar o Direito preexistente.
Súmula vinculante
Ato pelo qual o STF, após reiteradas decisões sobre matéria constitucional, aprova súmula que, a partir de sua publicação, tem efeito vinculante em relação aos demais órgãos do Poder Judiciário e à administração pública direta e indireta. Tem como objetivo evitar a divergência de entendimentos entre órgãos judiciários ou entre estes e a Administração Pública.
Obs.: As súmulas vinculantes têm como objeto material constitucional!
A doutrina jurídica
É uma das fontes subsidiárias do Direito. É uma forma expositiva e esclarecedora do direito feito pelo jurista, a quem cabe o estudo aprofundado do Direito. A doutrina serve para demonstrar a necessidade de evolução do Direito, sistematizar o ordenamento, análise e interpretação das normas, crítica ao conteúdo legislativo, etc.
Procedimentos de integração das leis
Analogia – É a utilização de certo dispositivo legal adequado para certa situação, para regular outra semelhante. Assim, quando não existe uma lei expressa para a resolução de um caso, o julgador aplica a analogia.
Princípios gerais do Direito – São aqueles que decorrem dos próprios fundamentos do ordenamento positivo. São considerados essenciais ao Direito. Não existe um rol de quais são os princípios gerais do Direito.
Equidade – É a adequação da norma ao caso concreto para se chegar à solução justa. É a análise das particularidades do caso concreto.
Direito comparado – Ao confrontar ordenamentos jurídicos vigentes em diversos povos, o Direito Comparado tem por finalidade apontar semelhanças e diferenças, buscando preparar resumos conceituais e aprontar o caminho para uma possível unificação de certos setores do Direito.
Gabarito: B
Gabarito: D
Gabarito: B
SEMANA AULA 11 – HERMENÊUTICA JURÍDICA
Hermenêutica – Estudo dos processos de interpretação da norma.
Interpretação – É formada pelos procedimentos técnicos, de que lança mão o profissional de direito na busca do sentido e alcance das regras jurídicas.
A hermenêutica é, portanto, a soma da interpretação e da construção do direito criada pelo intérprete, eis que esta seria o resultado obtido por meio da interpretação.
O sentido da norma jurídica
A construção do significado das normas jurídicas segue basicamente duas concepções teóricas:
1) Teoria Subjetiva – tem como preocupação central a busca pela vontade do legislador, a mens legislatoris, representando a primeira teoria sobre a interpretação das normas. Trata-se de uma teoria tendente a defender um apego excessivo à literalidade dos textos legais.
2) Teoria Objetiva – É a tendência predominante no direito contemporâneo, que vê o ponto de referência principal do processo hermenêutico na vontade da lei, a mens legis, como ente dotado de vida própria, cabendo ao intérprete buscar a adaptação da lei à dinâmica social.
A teoria objetiva está consagrada no art. 5º da LINDB, cuja redação é a seguinte: “Na aplicação da lei, o juiz atenderá aos fins sociais a que ela se dirige e às exigências do bem comum.”
Métodos e processos de interpretação do Direito
O estudo dos processos de interpretação das normas jurídicas é de fundamental importância para a formação dos profissionais de direito, uma vez que são eles uma ferramenta utilizada com frequência na prática jurídica.
PROCESSOS COM BASE NA ESCOLA DA EXEGESE
Surgiram no contexto do positivismo jurídico do século XIX, de perfil estritamente formal, sem uma conexão maior com o campo fático do direito. Para essa escola, a única interpretação correta seria a que traduzisse o pensamento de seu autor.
Processo gramatical, literal ou filológico
Representa o primeiro contato entre o intérprete e a norma. É de grande importância, pois a primeira tarefa do intérprete é compreender o texto jurídico em sua literalidade. Devem ser considerados no texto o sentido de todas as palavras utilizadas, a pontuação, a acentuação, uma vez que todos esses fatores influenciam a própria compreensão da norma.
Processo lógico
Relacionado ao plano lógico do conhecimento jurídico, recebe os seus fundamentos da lógica jurídica e trata das operações mentais do intérprete na correlação entre as normas no ordenamento jurídico e entre a norma e o fato.
Processo sistemático
Parte da premissa que o ordenamento jurídico é um sistema integrado de normas e que elas não podem ser interpretadas isoladamente. É importante que o intérprete observe a hierarquia das normas.
Interpretação lógico-sistemática
Representauma espécie de fusão entre o processo lógico e o sistemático, de vez que a lógica hermenêutica vai se operacionalizar exatamente na correlação sistêmica entre as normas que compõem o ordenamento jurídico, examinando as suas diferenças de conteúdo e seu alcance material, a fim de determinar o direito aplicável ao caso concreto.
PROCESSO COM BASE NA ESCOLA HISTÓRICA
Processo histórico-evolutivo
Parte da premissa que a lei surge em função de determinadas circunstâncias, mutáveis com o tempo, que devem ser levadas em consideração no momento da sua interpretação. Esse processo reconhece a necessidade de adaptar a interpretação das normas às mudanças ocorridas na vida social desde a sua entrada em vigor.
CONCEPÇÃO ATUAL
Processo finalístico ou teleológico
Enxerga o significado da lei em sua finalidade social, sendo esta obviamente a do presente e não da época em que a lei entrou em vigor, devendo a norma ser interpretada em função de sua capacidade de alcançar os resultados esperados a seu respeito pela sociedade. Incorporação dos elementos valorativo e fático à interpretação da norma.
SEMANA AULA 12 – HERMENÊUTICA JURÍDICA II
ESPÉCIES DE INTERPRETAÇÃO
	EM FUNÇÃO DA AMPLITUDE
	Interpretação extensiva
	É tida como aquela em que o intérprete ultrapassa os limites da literalidade do texto da norma. Utilizada para concretizar a finalidade social da norma.
	Interpretação restritiva (estrita)
	Aplicável naqueles casos em que a realização da finalidade social da norma exige uma exegese quase literal do seu texto.
- Exemplo interpretação extensiva: A norma constitucional que protege o domicílio (CF, Art. 5º, XI) se refere a "casa" ("A casa é o asilo inviolável do indivíduo, nela ninguém podendo penetrar [...]”), mas hoje em dia se considera que sua proteção se estende a consultórios dentários, escritórios de contabilidade e escritórios de advocacia (local de trabalho). Isso foi possível por uma ampliação do sentido do termo "casa" de modo a abarcar todo "local fechado, de propriedade privada, de acesso restrito, em que não se possa entrar sem autorização do dono" (decisão célebre do STF em HC, hoje já convertida em norma pelo legislador: CP, Art. 150, §4º, III). Ora, se se entende "casa" no sentido comum, o consultório dentário estaria fora; mas se se entende "casa" nesse sentido mais amplo, o consultório dentário passa a estar coberto pela norma.
- Exemplo interpretação restritiva: Art. 843 do CC (“A transação interpreta-se restritivamente, e por ela não se transmitem, apenas se declaram ou reconhecem direitos.”). Assim, se as partes fazem um acordo, mas não preveem o pagamento de honorários de sucumbência, nenhum das partes poderá suscitar referido pedido posteriormente, pois a transação deve ser interpretada de forma restrita, ou seja, somente nos termos em que foi realizada.
	EM FUNÇÃO DA FONTE DE INTERPRETAÇÃO
	Interpretação autêntica
	É aquela dada pelo próprio legislador e ocorre quando a lei interpreta o próprio texto legal. Obs.: Só pode ser considerada interpretação autêntica aquela dada pelo mesmo órgão que elaborou a norma.
	Interpretação jurisprudencial
	Entendimento majoritário dos tribunais a respeito de uma questão jurídica (jurisprudência).
	Interpretação administrativa
	Aquela cuja fonte elaboradora é a própria Administração Pública. Tal interpretação vincula as autoridades administrativas que estiverem no âmbito das regras interpretadas, mas não impede que os particulares adotem interpretações diversas.
	Interpretação doutrinária
	Vem a ser a realizada cientificamente pelos doutrinadores e juristas em suas obras e pareceres. Há livros especializados de Direito que comentam artigo por artigo de uma lei, código ou consolidação, dando o sentido do texto comentado, com base em critérios científicos.
- Exemplo interpretação autêntica: art. 150, §§4º e 5º do CP. Crime de violação de domicílio. Definição da expressão “casa”.
- Exemplo interpretação jurisprudencial:
COMPETÊNCIA LEGISLATIVA – FILA DE BANCO – TEMPO DE ESPERA – INTERESSE LOCAL – PRECEDENTE. De acordo com o entendimento consolidado no Supremo, compete aos municípios legislar sobre o período máximo ao qual os clientes de instituições bancárias podem ser submetidos, no aguardo de atendimento. Precedente: Recurso Extraordinário nº 610.221/SC, mérito julgado com repercussão geral admitida.
(STF - AI: 568674 RJ, Relator: Min. MARCO AURÉLIO, Data de Julgamento: 19/02/2013, Primeira Turma, Data de Publicação: ACÓRDÃO ELETRÔNICO DJe-045 DIVULG 07-03-2013 PUBLIC 08-03-2013)
- Exemplo interpretação administrativa: interpretação que ocorre por meio dos órgãos da administração pública mediante pareceres, despachos, decisões, circulares, portarias etc.
- Exemplo interpretação doutrinária: algumas doutrinas entendem que o art. 5º da LINDB (interpretação da lei de acordo com a função social) é de observância obrigatória pelos juízes, outras doutrinas entendem que tal dispositivo é apenas um “direcionamento” para o julgamento do magistrado.
ANTINOMIAS JURÍDICAS
Antinomia é a existência, no ordenamento jurídico, de duas normas conflitantes, das quais uma permite e outra proíbe, por exemplo. Para que ocorra, as duas normas devem incidir total ou parcialmente sobre o mesmo caso e naturalmente apresentar comandos incompatíveis entre si.
As antinomias podem ser aparentes (solúveis) ou reais (insolúveis).
Por sua vez, as antinomias aparentes podem ser analisadas segundo:
Critério Cronológico – é aquele no qual prevalece o entendimento da norma posterior, pois parte da premissa lógica de que a norma editada mais recentemente tende a expressar de maneira mais fiel à realidade social a que se destina. É o que a doutrina chama de “revogação tácita de lei”, prevista no art. 2º da LINDB.
Critério Hierárquico – é aquele no qual prevalece a norma hierarquicamente superior, exatamente porque a primeira serve de fundamento para a última, não podendo ela ser contrariada.
Critério de Especialidade – trata-se de conflito entre normas de graus de especialidade distintos, o que vai ser aferido de acordo com o conteúdo de cada uma das normas. A norma específica prevalece sobre a norma geral.
OBS.: Havendo conflito entre os critérios acima, o cronológico somente prevalecerá quando analisadas normas de mesma hierarquia ou especialidade.
OBS.2: Conflito entre o critério hierárquico e o critério de especialidade – Não existe uma regra geral consolidada neste caso. A solução da antinomia dependerá do exame de cada caso, pois ainda que a questão hierárquica seja fundamental no ordenamento jurídico, as normas situadas ao topo da pirâmide do ordenamento jurídico tendem a ter um conteúdo mais aberto e de menor densidade normativa, o que pode fazer ver ao intérprete uma aparente contradição com normas inferiores, que disciplinam de forma mais detalhada certas questões jurídicas, sendo de fato a antinomia muitas vezes apenas aparente.
As antinomias reais (insolúveis) são assim denominadas porque não podem ser solucionadas pelos critérios das antinomias aparentes ou porque podem ser utilizados dois ou mais critérios para sua solução.
Ex.: Choque entre duas normas contemporâneas, de nível hierárquico idêntico e de mesmo grau de especialidade.
Na falta de critérios (cronológico, hierárquico e de especialidade) para a solução da antinomia, pode-se adotar o critério com respeito à forma ou com respeito ao caso concreto.
O critério com respeito à forma é aquele onde será analisada a forma da norma – permissiva, proibitiva ou imperativa. Assim, no conflito entre normas proibitivas/imperativas e permissivas, prevalecerá esta última.
O critério com respeito ao caso concreto, a solução pode ser eliminar uma norma, eliminar as duas normas ou conservar as duas normas (modificando a interpretação destas).
SEMANA AULA 13 E 14 – LEI DE INTRODUÇÃO ÀS NORMAS DE DIREITO BRASILEIRO
A Lei de Introdução às Normas de Direito Brasileiro (antiga Lei de Introdução ao CódigoCivil – LICC) é um conjunto de parâmetros de interpretação e aplicação do Direito, a ser seguido por todo o ordenamento jurídico, ressalvados os casos em que a própria legislação específica assim determine.
Princípio da obrigatoriedade e continuidade das leis
A obrigatoriedade da lei se encontra estampada no art. 3º da LINDB, vez que todas as normas são públicas e o seu descumprimento não pode ter como justificativa o desconhecimento do texto legal.
Por sua vez, o princípio da continuidade da lei encontra guarida no art. 2º da LINDB, pois a lei terá vigor até que uma outra lei a modifique ou a revogue.
Vigência e conhecimento da lei
No direito brasileiro a vigência da lei ocorre com sua publicação em órgão oficial de imprensa. Importante ressaltar o disposto no art. 1ª da LINDB, restando ressalvado que, salvo disposição em contrária, a lei começa a vigorar 45 (quarenta e cinco) dias após sua publicação.
Revogação da lei
O termo “revogação” se refere a um critério temporal entre as normas de direito no qual prevalecerá a norma que entrou em vigor mais recentemente.
A revogação poderá ocorrer de duas formas:
A revogação de uma lei poderá ocorrer de forma expressa ou tácita – art. 2º §1º da LINDB.
Obs.: Repristinação – trata-se de uma hipótese onde a lei revogada volta a ter vigência após a norma revogadora ter perdido sua própria vigência. Exemplo: A lei “X” é revogada pela lei “Y”. Após, a lei “Z” revoga a lei “Y”. Assim, poderia se pensar que a lei “X” voltaria a vigorar, pois a lei que a revogou não mais existe. Contudo, a repristinação é um fenômeno não admitido no direito brasileiro – art. 2º, §3º LINDB.
Retroatividade, irretroatividade e ultratividade das leis
A mudança do texto da lei, em regra, somente terá efeitos a partir do momento em que se tornou acessível à sociedade, em razão do princípio da segurança jurídica, não podendo ser aplicada a fatos anteriores.
Contudo, excepcionalmente, os efeitos jurídicos se projetam no tempo, como no caso da irretroatividade da lei.
- Princípio da irretroatividade – previsto no art. 5º, XXXVI da CF. A lei não retroage, salvo em situações excepcionais. Por exemplo, no direito penal, a lei retroage para beneficiar o réu, inclusive desconstituindo sentenças penais condenatórias. A lei também retroage quando houver interpretação autêntica (aqui há uma divergência doutrinária) e quando houver leis abolitivas (de cunho político). Via de regra, leis com efeito retroativo devem ser de caráter benéfico, não gerando prejuízos aos particulares.
Obs.:
1) Direito adquirido: art. 6º, §2ª da LINDB – o direito adquirido é direito em estado latente, surgido quando determinada pessoa preenche os requisitos estabelecidos pelo ordenamento jurídico, para ser considerado um titular de direito, pouco importando se e quando será exercido esse direito.
2) Ato jurídico perfeito: art. 6º, §1º da LINDB – é o ato já consumado segundo a lei vigente ao tempo em que se efetuou. Quando o ato é praticado sem vícios, a lei que altere o regime jurídico aplicável a matéria não mais poderá emanar efeitos ao referido ato.
3) Coisa julgada: art. 6º, §3º da LINDB – garantia jurídica segundo a qual não pode ser questionada a decisão judicial da qual não é mais possível interpor recurso, ou seja, ela já se consolidou na forma da legislação em vigor.
Aplicação imediata da lei
As leis de aplicação imediata atingem as relações jurídicas em curso no estado em que se encontram, sendo preservados os atos jurídicos perfeitos praticados na vigência da legislação revogada, mas adequados os atos subsequentes aos ditames do novo regime jurídico. São as seguintes hipóteses: normas processuais e normas de ordem pública.
Leis temporárias e perpétuas, comuns e especiais
Vigora no direito brasileiro que a lei terá validade até que outra a modifique ou a revogue. Portanto, via de regra, as leis são perpétuas. Existem, todavia, leis com “prazo de validade”, que possuem prazo ou condição para expiração de sua vigência.
Por sua vez, leis comuns são aquelas de conteúdo mais geral, mais aberto, que em muitos casos são a expressão de princípios de direito em forma de regras. Leis especiais são as que tratam de certos temas de forma pontual ou mais detalhada.
SEMANA AULA 15 – O PODER JUDICIÁRIO BRASILEIRO
É o poder estatal que exerce a jurisdição.
Jurisdição – é o poder/dever estatal de formular e tornar efetiva a norma jurídica concreta que deve regular determinada situação jurídica. Em outras palavras, significa “dizer o direito”. É ao mesmo tempo poder, dever, função e atividade.
A jurisdição possui alguns princípios relacionados, dentre eles:
Investidura: quem exerce esta função deve estar investido no cargo de juiz – art. 93, I da CF.
Aderência: a jurisdição não se divide e só pode se manifestar em um território (é una e indivisível).
Indelegabilidade: não pode ser delegado a terceiros o poder de solucionar os conflitos.
Inevitabilidade: a jurisdição é inevitável na medida em que a autoridade dos seus órgãos é imposta às partes mesmo conta a vontade delas.
Inafastabilidade ou Princípio do Controle Jurisdicional: dirige-se aos três Poderes do Estado (Legislativo, Executivo e Judiciário) e veda que a lei suprima do controle jurisdicional qualquer lesão ou ameaça a direito – art. 5º, XXXVII da CF.
Principais características da jurisdição:
A ESTRUTURA DO PODER JUDICIÁRIO
A estrutura do Poder Judiciário pode ser encontrada no art. 92 da CF/88.
Em síntese, as principais funções dos órgãos do Poder Judiciário são:
Supremo Tribunal Federal
O STF é o órgão máximo do Poder Judiciário brasileiro. Sua principal função é zelar pelo cumprimento da Constituição e dar a palavra final nas questões que envolvam normas constitucionais. 
É composto por onze ministros indicados pelo Presidente da República e nomeados por ele após aprovação pelo Senado Federal.
Superior Tribunal de Justiça
Abaixo do STF está o STJ, cuja responsabilidade é fazer uma interpretação uniforme da legislação federal. 
É composto por 33 ministros, nomeados pelo Presidente da República, escolhidos numa lista tríplice elaborada pela própria Corte. Os ministros do STJ também têm de ser aprovados pelo Senado antes da nomeação pelo Presidente do Brasil.
Justiça Federal
A Justiça Federal comum pode processar e julgar causas em que a União, autarquias ou empresas públicas federais sejam autoras, rés, assistentes ou oponentes — exceto aquelas relativas à falência, acidentes de trabalho e aquelas no âmbito da Justiça Eleitoral e à Justiça do Trabalho. 
É composta por juízes federais que atuam na primeira instância, nos Tribunais Regionais Federais (segunda instância) e nos Juizados Especiais Federais, que julgam causas de menor potencial ofensivo e de pequeno valor econômico.
Justiça do Trabalho
A Justiça do Trabalho julga conflitos individuais e coletivos entre trabalhadores e patrões. 
É composta por Juízes Trabalhistas que atuam na primeira instância e nos Tribunais Regionais do Trabalho (TRT), e por ministros que atuam no Tribunal Superior do Trabalho (TST).
Justiça Eleitoral
Com o objetivo de garantir o direito ao voto direto e sigiloso, preconizado pela Constituição, a Justiça Eleitoral regulamenta os procedimentos eleitorais. Na prática, é responsável por organizar, monitorar e apurar as eleições, bem como por diplomar os candidatos eleitos. Também pode decretar a perda de mandato eletivo federal e estadual e julgar irregularidades praticadas nas eleições. 
Os juízes eleitorais atuam na primeira instância e nos tribunais regionais eleitorais (TRE) e os ministros que atuam no Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Justiça Militar
A Justiça Militar é composta por juízes militares que atuam em primeira e segunda instância e por ministros que julgam no Superior Tribunal Militar (STM). Sua função é processar e julgar os crimes militares.
Justiças Estaduais
A organização da Justiça estadual é competênciade cada estado da federação e do Distrito Federal.
Nela atuam Juízes de Direito (primeira instância) e Desembargadores, (nos Tribunais de Justiça, segunda instância). 
A função da Justiça estadual é processar e julgar qualquer causa que não esteja sujeita à Justiça Federal comum, do Trabalho, Eleitoral e Militar. A Justiça estadual se divide pela organização judiciária de cada estado fixando as competências das Varas Cíveis, Criminais, Empresariais, de Família, Juizados Especiais Cíveis e Criminais etc.
ORGANOGRAMA DA ESTRUTURA DO PODER JUDICIÁRIO
AS FUNÇÕES ESSENCIAIS À JUSTIÇA

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