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Direito Civil I - Matéria AV1 e AV2

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Direito Civil I - AV1 – AV2 
Código Civil de 1961 – Patrimonialista – Individualista (regra pacta sunt servanda). 
Mudança de modelo da Constituição Federal de 1988 – Igualdade – Solidariedade – 
Dignidade da Pessoa Humana. 
Código Civil de 2002 – Alteração do modelo – Importância do papel do testador, 
consumidor, empresário. 
 
Pessoas Naturais – Personalidade (Capacidade de aquisição de direitos) 
 
O art. 1º do Código Civil informa que toda pessoa é capaz de direitos e 
deveres na ordem civil. Isto quer dizer que qualquer ser humano, sem distinção, tem 
total possibilidade de adquirir direitos ou obrigações. Porém em nossa legislação atual, 
concede e reconhece a personalidade a qualquer ser humano, independentemente de 
quaisquer outros atributos ou características. Por isso, o sujeito adquire personalidade 
independentemente de: 
 
Constituir-se de ser viável – ou seja, ainda que a ciência afirme, peremptoriamente, que 
o feto, ao ser expulso do ventre materno, não terá vida viável, considerar-se-á pessoa 
capaz de adquirir direitos desde que nasça com vida (art.2º); 
Ter forma humana – legislações mais antigas não atribuíam ao ser humano de forma 
exótica a personalidade jurídica; para adquiri-la, era necessário que o ser nascido 
apresentasse forma padrão reconhecido como humana circunstância não exigida pela 
legislação, até porque contrária ao ser postulado da dignidade da pessoa humana; 
Condição social – o direito romano, por exemplo, não atribuía personalidade a certas 
classes de pessoas, como os escravos. Numa relação jurídica, eram tratados como 
objetos e não como sujeitos. O direito atual, por inspiração das ideias iluministas 
consagradas na Revolução Francesa, não concebe diferenciações na possibilidade de 
aquisição de direitos pela condição da pessoa. 
 
Devemos lembrar que, segundo a norma legal, o sujeito, desde que tenha 
personalidade, tem capacidade plena para adquirir direitos e obrigações (capacidade de 
direito), o que não se confunde com a capacidade para exercer esses direitos 
(capacidade de exercício ou capacidade de fato), o que só se dá com o implemento de 
alguns requisitos, dentre eles, principalmente, a maioridade. 
Início da personalidade: O Código Civil afirma que a personalidade civil somente tem 
início a partir do nascimento com vida (art. 2º), entretanto, de acordo com o mesmo 
dispositivo a lei põe a salvo, desde a concepção, os direitos do nascituro (ser concebido, 
mas ainda não nascido). Portanto são necessários dois eventos, sem os quais não se 
adquire a personalidade civil, que são exatamente o “nascimento” e “com vida”. 
 
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Nascimento → saída do nascituro para o mundo exterior, não precisa de se cortar o 
cordão umbilical (isso significa a separação da criança do corpo da mãe, não o 
nascimento em si), pode ser por meio natural ou cirúrgico, tanto faz que o nascimento se 
dê a termo (nove meses) ou não. 
Com vida → depreende-se pela respiração, pela entrada de ar nos pulmões. Se entrar ar 
nos pulmões respirou e, se respirou fora do ventre materno, adquiriu personalidade, 
tornou-se capaz de adquirir direitos e contrair obrigações. Se houver dúvidas quanto à 
ocorrência da respiração ou não se lançam mão de exames médicos legais, o mais 
comum é a docimasia hidrostática de Galeno, onde um pequeno pedaço do pulmão é 
retirado e colocado em uma solução hidrostática, se o pedaço flutuar é por que houve 
respiração, e a criança nasceu com vida, ao contrário, se afundar, é porque não houve 
respiração, e a criança nasceu sem vida. 
 
Assim, podemos elencar, basicamente, três teorias que explicam o momento 
de início da personalidade civil: 
a) Teoria natalista: resulta da interpretação literal do art. 2º do Código 
Civil, resultando daí que a pessoa natural só adquire direitos a partir do momento em 
que nasça com vida, embora a lei ponha a salvo esses direitos (futuros) desde a 
concepção. 
b) Teoria concepcionista: esta teoria supõe que a personalidade jurídica da 
pessoa natural começa a partir da concepção, donde resulta concluir que, uma vez 
adotado, tal sistema afirma que o nascituro, ainda antes de nascer, já adquire direitos. 
c) Teoria da personalidade condicionada: aqui, considera-se que o 
nascituro tem a personalidade desde a concepção, mas se trata de personalidade sujeita a 
uma condição suspensiva, qual seja, o nascimento com vida. É, de fato, uma condição, 
pois o nascimento com vida é evento futuro à concepção é incerto, pois a gestação pode 
ser interrompida por diversos fatores ou o feto pode, ainda, nascer morto (natimorto) 
hipótese em que, não implementada a condição, não adquiriu personalidade, muito 
menos direitos e obrigações. 
*A teoria adotada pelo STF, é a natalista, portando não poderá ser contestada, há 
não ser que possa surgir outra interpretação. 
 Capacidade de Fato 
 Capacidade de Exercício de Direitos 
 Noções gerais 
 
A capacidade para exercício dos direitos envolve, para muito além da mera 
personalidade, o preenchimento de requisitos legais para que o sujeito de direitos possa, 
além de adquirir direitos, exercê-los plenamente. 
 
 
 
 
 
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Esses requisitos são firmados pela lei civil com a intenção de proteger a 
situação de determinadas pessoas que, por imaturidade ou alguma outra condição 
especial, podem adquirir direitos, mas não podem exercê-los senão através de 
representante ou assistente, conforme o caso. 
Capacidade e Legitimidade (ou legitimação civil): Não se confundem, entretanto, 
capacidade e legitimidade (legitimação civil para determinados atos). 
A legitimidade civil ou legitimidade material é exercida legal de que o 
agente ostente determinadas condições jurídicas para praticar determinados atos. 
Diferente dos casos de incapacidade, que fazem se necessário que o agente 
pratique os atos da vida civil, em geral, sempre através de representante ou assistente, os 
casos de ilegitimidade em nada afetam a capacidade geral do agente, mas apenas a 
validade do ato que ele pratique em desacordo com a norma. 
É o caso, por exemplo, da venda de ascendente a descendentes (art. 496), 
dos impedimentos para o matrimônio (art. 1.521), da proibição da aquisição de bens do 
pupilo tutor (art. 1749, I), da vedação à nomeação de certas pessoas como herdeiros ou 
legatárias (art. 1.801) e outros que podem ser encontrados na legislação. 
Observe-se que, nesses casos, o agente não se considera incapaz para a 
prática dos atos da vida civil, mas apenas para os atos específicos previsto na norma, 
caso em que, praticado o ato vedado, a consequência será a invalidade, no grau que a lei 
determinar. 
A figura do representante/assistente e a questão da substituição: Devemos afigurar, 
nesse ponto, que, quando o sujeito de direitos é incapaz, alguém deve praticar os atos 
da vida civil em nome dele. A esse agente dá-se o nome de representante, em caso de 
incapacidade absoluta ou assistente, em caso de incapacidade relativa. 
Veremos mais adiante quais são os casos de incapacidade absoluta e relativa 
e, ainda mais à frente, as regras sobre a representação. 
Neste momento, porém, queremos chamar a atenção para o fato de que, 
quando se fala em sujeito de direito incapaz, seja essa incapacidade absoluta ou relativa, 
o representante ou assistente age em nome alheio para o resguardo de interesse alheio, 
qual seja, do agente incapaz. 
Incapacidade – Incapacidade absoluta: Já vimos que a lei assegura a toda pessoa a 
capacidade de direitos e deveres na ordem civil. Como pudemos observar, esta 
capacidade, assegurada pelo art. 1º do CC, é somente de direito, ou seja, nãoenvolve a 
capacidade de exercer os direitos. 
Para que a pessoa adquira a capacidade de exercício, é necessário que 
implemente algumas condições legais (art. 3º). Em verdade, a verificação de tais 
condições se dá pela ausência de algumas circunstâncias, quais sejam, aquelas que 
atribuem ao sujeito à incapacidade absoluta ou relativa. 
 
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Não têm capacidade de exercício, portanto, aqueles a quem a lei diz serem 
absolutamente incapazes de exercer pessoalmente os atos da vida civil. De acordo com 
o art. 3º do CC, estes são: 
 
a) Os menores de dezesseis anos; A incapacidade absoluta determina pela 
menoridade (art. 3º, I) difere das demais (art. 3º, I e II) pela sua plenitude, quer dizer, 
enquanto a pessoa não completa os dezesseis anos, é ela absolutamente incapaz, 
independentemente de qualquer ato jurídico, como ocorre, por exemplo, nos casos de 
enfermidade mental, em que se exige declaração de incapacidade através de ato judicial. 
Afora os casos excepcionais em que o menor de dezesseis anos pode adquirir 
capacidade precoce, como nas hipóteses contempladas por alguns dos incisos do art. 5º, 
como veremos adiante, será ele sempre absolutamente incapaz. Não se avalia a condição 
pessoal do indivíduo, se tem ou não discernimento, etc. Guardadas as diferenças, se 
assemelha à regra geral de imputabilidade do Direito Penal, que preconiza como 
inimputáveis de 18 anos (art. 27 do CP), não exigindo que sejam inteiramente incapazes 
de entender o caráter ilícito do fato ou de determinarem-se de acordo com esse 
entendimento. 
b) Os que, por enfermidade ou deficiência mental, não tiverem o 
necessário discernimento para a prática dos atos da vida civil; enfermidade e 
deficiência mental, como se vê, se diferenciam. Considera-se enfermidade ou doença 
mental o transtorno psíquico que afeta o sujeito que, embora dotado dos instrumentos 
intelectuais necessários, tem comprometida a sua habilidade de se relacionar em 
sociedade e de praticar atos da vida social (com depressão nervosa e no transtorno de 
pânico crônico), na deficiência mental, por sua vez, o transtorno não só compromete 
essas habilidades como também se caracteriza pela redução do próprio desenvolvimento 
intelectual do indivíduo, não possuindo ele, por conseguinte, os instrumentos 
intelectuais necessários pra a compreensão de todas as partes das coisas. 
 
c) Os que, mesmo por causa transitória, não puderem exprimir sua 
vontade; a doutrina anterior, estabelecida à luz do Código revogado, entendia que as 
causas transitórias não acarretavam a incapacidade, mas apenas viciavam os atos 
praticados durante elas. No sistema atual, no entanto, a causa transitória que tornar ao 
sujeito completamente impossível a expressão de sua vontade torná-lo-á absolutamente 
incapaz, devendo se representado para a prática dos atos da vida civil. Exemplos de 
causas transitórias que impedem a pessoa de exprimir sua vontade é a amnésia, o 
delírio, o coma, a embriaguez total, estado de inconsciência por influência de tóxicos e 
outros. 
Senectude: Não se cogita, legalmente, de limite legal de idade para a capacidade, ordem 
a se dizer que a senilidade ou senectude não implicam, por si só, nem em incapacidade 
automática, nem autoriza, de per se, a sua declaração. O que pode ocorrer é que, em 
virtude de males diversos (Alzheimer, Parkinson etc.), a falta de discernimento possa 
conduzir à necessidade de declaração de incapacidade e consequente interdição. Esses 
 
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males, no entanto, embora muitas vezes se vinculasse, estatisticamente, a pessoas de 
idade avançada, podem atingir outras faixas etárias. 
Não obstante, o Código Civil de 2002 manteve, em seu art. 1.641, II, a 
adoção de regime obrigatório de separação de bens para o casamento dos maiores de 
setenta anos, a nosso ver, indevidamente, pois em violação ao princípio constitucional 
da liberdade. 
Incapacidade relativa: São incapazes, relativamente a certos atos, ou à maneira de 
exercê-los (Código Civil, art. 4º): 
a) Os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos; 
b) Os ébrios habituais, os viciados em tóxicos, e os que, por deficiência 
mental o discernimento reduzido; 
c) Os excepcionais, sem desenvolvimento mental completo; 
d) Os pródigos. 
 
A incapacidade relativa deriva da preocupação do legislador de conferir a 
certas pessoas a proteção de outras, ou seja, conquanto aquelas já tenham condições de 
praticar os atos da vida civil, devem ser assistidos por estas, para que não sejam lesadas 
em função de sua inexperiência ou situação peculiar. 
Reside a diferença da incapacidade relativa da absoluta justamente no fato 
de que os absolutamente incapazes não podem praticar o ato diretamente, por que 
sempre serão representados para a defesa de seus interesses; já que o relativamente 
incapaz pratica o ato em pessoa, sendo apenas assistidos por quem de direito nessa 
prática. 
Em confronto com a regra da legislação revogada, o no CC diminuiu o 
período de incapacidade relativa, que, antes, somente terminava aos vinte e um anos. O 
novo regramento procurou se adequar ao fato de a idade de dezoito anos já vinha sendo 
adotada como parâmetro para outras situações jurídicas, como, por exemplo, a 
imputabilidade penal; a capacidade para obter-se a habilitação para dirigir veículo 
automotor; os direitos eleitorais ativos e o alistamento militar. 
As expressões incapazes relativamente a certos atos, ou à maneira de 
exercê-los quer dizer que, com relação a pratica de alguns atos, ou ao exercício de 
certos direitos, os relativamente incapazes podem praticá-los sem necessidade de 
autorização ou assistência. 
São, também, relativamente incapazes para a prática dos atos da vida civil, e 
devem ser assistidos para o exercício de seus direitos, os ébrios habituais, os viciados 
em tóxicos e os que, por deficiência mental, tenham o discernimento reduzido (art. 4º, 
II). 
Assim também o são os excepcionais, sem desenvolvimento mental 
completo (inciso III) e os pródigos (inciso IV), que são aqueles que têm um desvio de 
personalidade e gastam imoderadamente sua fortuna, também se enquadra na situação 
dos pródigos o indivíduo viciado em jogo. Nesses casos, também, depende a 
incapacidade de declaração judicial. 
 
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De consequência, devemos admitir que o pródigo pudesse praticar os atos 
da vida civil que não estejam englobadas pela regra geral legal, como, por exemplo, 
casamento (em qualquer regime de bens, desde que não necessite de pacto antenupcial, 
para o qual deverá ser assistido), união estável, inscrição em concursos públicos e 
quaisquer outros que, enfim, seja mera administração, uma vez que o pródigo não tem 
qualquer problema de discernimento, mas, em razão de um desvio de personalidade, não 
tem controle dos próprios gastos. 
A capacidade dos índios será regulada por legislação especial (art. 4º, 
parágrafo único). Importante frisar que o CC atual não disciplina a capacidade dos 
índios, nem tampouco dispõe que estes seriam relativamente incapazes, apenas e tão 
somente nosso diploma civil remete a questão à lei específica, a lei em questão é Lei 
6.001/73. 
Cessação da incapacidade: O Código Civil dispõe, no art. 5º, que a incapacidade dos 
menores cessa aos dezoito anos completos. A partir deste momento, a pessoa fica 
habilitada à prática de todos os atos da vida civil. Todavia, o parágrafo único do referido 
artigo regulamenta a aquisição antecipada da capacidade nos seguintes casos: 
a) Se obtiver a emancipação, concedida pelos pais, independentemente de 
homologação, diferentemente do Código revogado, o novo estatuto prevê que a 
emancipação sedará por instrumento público e que para ela deverão concorrer ambos os 
pais (não mais somente o pai e apenas na ausência deste, a mãe). A exigência da 
presença de ambos os genitores é fruto do poder familiar, agora distribuído igualmente 
entre os pais. Somente na falta de um dos pais o outro poderá conceder a emancipação 
sozinho. 
Por falta de um dos pais entendam-se, por exemplo, as seguintes situações: 
inexistência, no assento de nascimento, de indicação do pai; morte ou ausência de um 
dos genitores; destruição de um deles do poder familiar. Não se caracteriza como falta 
de um dos pais, para tal efeito, a circunstância de serem os genitores separados ou 
divorciados. 
A norma reza ainda que a emancipação possa ser dada por sentença judicial, 
ouvido o tutor, se o menor tiver dezesseis anos completos. Esta hipótese ocorrerá 
quando o menor se encontrar em situações dos pais do poder familiar, e não quando os 
pais, no exercício pleno do poder familiar discordar da emancipação. Neste caso, uma 
vez concedida a emancipação por sentença, cessa, automaticamente, a tutela. 
Ainda nesse tema, deve-se ressaltar que a emancipação, segundo o que se 
presume da lei, depende apenas do concurso da vontade dos pais, portanto, não é 
necessária a participação do menor a ser emancipado. Do mesmo modo, o ato não é 
homologado pelo Poder Judiciário, nem é ouvido o Ministério Público. Não há que se 
falar que a inexigência de participação do filho possa implicar em emancipações pelo 
puro e simples propósito dos pais de se desobrigarem de sua mantença, porquanto, para 
tanto, não basta aquisição de capacidade pelo rebento. Basta a leitura dos arts. 1.695, 
para que se veja que o filho, mesmo emancipado, tem direito d cobrar dos pais sua 
 
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manutenção, a não ser que não tenha necessidades educacionais e possua bens 
suficientes e possa prover, pelo seu trabalho (caso exerça), a própria mantença. 
Enfim, embora não dependa de homologação, essa emancipação voluntária 
deve ser levada ao registro público, por exigência do art. 9º, II do CC, sob pena de 
ineficácia. Trata-se, como se vê, de questão relativa à eficácia erga omnes do estado de 
capacidade do menor voluntariamente emancipado, pois entre ele e os pais deve 
prevalecer à vontade já externada, independentemente de registro. 
b) Pode a incapacidade de o menor cessar, também, pelo seu casamento, 
entretanto, deve-se observar que, para que possa casar o menor já deve ter completado a 
idade de dezesseis anos e contar com a autorização de ambos os pais (art. 1.517). 
Somente de forma excepcional se admite o casamento de quem ainda não completou 
dezesseis anos, precisamente nos casos do art. 1.520, que prevê que excepcionalmente, 
será permitido o casamento de quem ainda não alcançou a idade núbil (art. 1.517), 
para evitar imposição ou cumprimento de pena criminal ou em caso de gravidez. 
Em caso de nulidade ou anulação do casamento, as partes voltam ao estado 
anterior, por consequência natural da teoria das invalidades (CC art. 182). Lembramos 
aqui, no entanto, que, no caso da anulação, não há pacificidade da doutrina, bem como a 
“emancipação não prevalece (...), a não ser que do casamento resulte gravidez ou ainda 
quando o esposo menor possa invocar sua boa-fé. Pois nesta última hipótese a 
emancipação continua a substituir apesar da anulação do casamento”. 
Por fim, lembramos que em caso de divórcio ou viuvez o estado de 
incapacidade não retorna, eis que se teve casamento válido e eficaz, o qual, no entanto, 
foi desconstituído não por ausência de requisito de validade, mas por resolução 
decorrente de prerrogativas do cônjuge (divórcio) ou pela morte do consorte. 
 
c) Caso o menor de dezoito anos venha a exercer emprego público efetivo, 
obterá, também, a capacidade civil. Por emprego público efetivo entenda-se aquele 
obtido através de concurso público para cargos ou funções na Administração Pública 
direta, indireta, autárquica e fundacional, empresas públicas e sociedade de economia 
mista. Ainda que o servidor esteja em estágio probatório, o cargo é considerado de 
exercício efetivo e se encaixa na previsão legal ora estudada. O que interessa para o 
dispositivo é que o emprego seja público e efetivo, portanto, não se consideram como 
tais cargos ou funções exercidos de forma temporária na administração e aqueles que se 
fazem demissíveis ad nutum, com cargos de confiança. 
Perceba-se que não é a aprovação no concurso, ou a nomeação, ou mesmo a 
posse, mas sim o efetivo exercício do emprego público efetivo que causa a 
emancipação. 
Pode-se-ia argumentar que esta disposição seria “letra morta”, uma vez que 
a lei 8.112/1990 traz, em seu art. 5º, V, que dentre os requisitos básicos para investidura 
em cargo público se exige a idade mínima de 18 anos. 
 
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d) Também é contemplado com a capacidade civil plena o menor que 
colar grau em curso de ensino superior. Tal previsão se justifica pelo fato de que 
aquele que adquire grau em curso de ensino superior está apto, institucionalmente, a 
exercer a profissão a que se destina o seu diploma. Para o exercício de tal profissão, não 
raro, o cidadão necessitará também de capacidade civil plena, devendo, portanto, ser 
considerado capaz quando de posse do título de graduado em curso de ensino superior. 
 
e) A capacidade do menor cessa, também, pelo estabelecimento civil ou 
comercial, ou pela existência de relação de emprego, desde que, em função deles, o 
menor com dezesseis anos completos tenha economia própria. Segundo deflui da 
redação legal, portanto, a incapacidade somente cessa se o menor, com dezesseis anos 
completos, exerce emprego ou possuir estabelecimento civil ou comercial que lhe dêem 
renda suficiente para se manter somente com sua economia própria. Em outras palavras, 
se de tais circunstâncias não lhe decorre a independência financeira, não decorre, 
também, a aquisição da capacidade. 
 
f) Por fim, devemos mencionar a emancipação legal do menor militar, 
prevista pelo art. 73 da Lei 4.357/64 e regulamentada pelo Decreto 57.654, art. 239. 
Dispõe o art. 73 da referida lei eu “Para efeito do Serviço Militar, cessará a 
incapacidade civil do menor, na data em que completar 17 (dezessete) anos”. 
 
Fim da Personalidade 
 
A personalidade da pessoa humana termina com a morte – art. 6º do CCB – 
presumindo-se esta, quanto aos ausentes, nos casos em que a lei autoriza a abertura de 
sucessão definitiva. 
Morte Real: a morte real se configura, juridicamente, pela ocorrência da morte 
encefálica – art. 3º da Lei de Transplante de Órgãos, 9.434/1997, devendo ser 
registrada no Cartório de Registro de Pessoas Naturais – art. 77 da Lei 6.015/73 (Lei 
de Registros Públicos). 
Morte Presumida: embora a morte real seja a regra do fim da personalidade natural no 
Direito Civil, a lei autoriza que se possa presumir a morte da pessoa, quando, apesar de 
não atestada de maneira formal e científica, for extremamente provável a sua 
ocorrência. 
Situações de Presunção da Morte 
 a) abertura da sucessão definitiva, nos casos de ausência; 
b) sem decretação de ausência, se for extremamente provável a morte de quem estava 
em perigo de vida, ou se alguém, desaparecido em campanha ou feito prisioneiro, não 
for encontrado até dois anos após o término da guerra – art. 7º CCB; 
c) pessoas que tenham participado, ou tenham sido acusadas de participação, em 
atividades políticas, no período de 2 de setembro de 1961 a 15 de outubro de 1988, e 
 
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que, por esse motivo, tenham sido detidas por agentes públicos, achando-se, deste 
então, desaparecidas, sem que delas haja notícias – 1ºda Lei 9.140/1995. 
 
Ausência: Disposições gerais – consideram-se ausente aquele que desaparece de seu 
domicílio, sem que dela haja notícia e sem que tenha ele deixado representante ou 
procurador quem caiba administrar-lhe os bens (art. 22 CCB). 
 
Curatela do Ausente: a ausência também será declarada não só quando o desaparecido 
não deixar procurador, mas também quando o ausente deixar mandatário que não 
queira ou não possa exercer ou continuar o mandato, ou se os seus poderes forem 
insuficientes (art. 23). Declarada a ausência, será nomeado o curador dos bens do 
ausente. Uma vez nomeado o curador, o juiz fixará os seus poderes e obrigações, 
atendendo às circunstâncias peculiares à pessoa do ausente, com observância das regras 
próprias do Código Civil que se referem aos tutores e aos curadores. 
 
Sucessão Provisória do Ausente: será aberta por sentença, um ano após a arrecadação 
dos bens doa ausente. A sentença que abre a sucessão provisória deverá ser publicada na 
imprensa e somente produzirá efeitos 180 dias depois de publicada. Será feito inventário 
e aberto testamento. 
Na sucessão provisória os herdeiros receberão o direito de posse sobre os bens do 
ausente (art.30), sempre na esperança de que ele retorne antes do prazo para a sucessão 
definitiva. Pode ser exigida caução rela dos herdeiros. 
 
Sucessão Definitiva do Ausente: poderá ser requerida dez anos após a abertura da 
sucessão provisória, ou, diretamente, se o ausente conta mais de oitenta anos e há cinco 
anos não tem notícias dele. Presume-se a morte do ausente. 
 
Comoriência: ocorre comoriência quando dois ou mais indivíduos falecem na mesma 
ocasião e é impossível determinar-se qual deles morreu primeiro, quando, então, 
presume-se que eles faleceram, simultaneamente (art. 8º CCB). Não ocorre transmissão 
de direitos entre comorientes, especialmente no caso de herança. 
 
Domicílio da Pessoa Natural 
 
Conceito: é o lugar onde ela estabelece a sua residência com ânimo definitivo. 
 
Espécies de Domicílio: 
 
Domicílio Voluntário – escolhido livremente pela pessoa, geralmente é o local onde a 
pessoa exerce suas atividades usuais e mantém a sua residência principal. Pode ser 
múltiplo (art. 71 CCB). 
Domicílio Profissional – para as relações concernentes à profissão, considera-se 
domicílio o local em que o trabalho é exercido. Trata-se de domicílio específico para 
 
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tais relações (CCB, art. 72, caput). Pode ser múltiplo caso exercido em mais de um local 
(§ único, art. 72 CCB). 
Domicílio Aparente (ocasional ou eventual) – a pessoa natural que não tiver residência 
habitual (caso dos ciganos, andarilhos, artistas e trabalhadores de circo, por exemplo) 
será considerada domiciliada no lugar onde for encontrada, art. 73 CCB. 
Domicílio Legal (ou necessário) – a lei determina o domicílio de acordo com condições 
específicas do destinatário. Tem domicílio necessário: o incapaz, o servidor público, o 
militar, o marítimo e o preso (art. 76 CCB). 
Domicílio Convencional (ou de eleição) – especificado pelas partes, nos contratos 
escritos, para as obrigações resultantes dos contratos em questão (art. 78 CCB). 
 
Direitos da Personalidade 
 
Conceito: categoria de direito individual, indisponível e inalienável, essencial ao 
desenvolvimento da pessoa humana, na qual não se transfere. 
 
Características dos Direitos da Personalidade: 
 
Intransmissibilidade – como os direitos da personalidade advêm da relação da pessoa 
consigo mesma, nos âmbitos físicos e intelectuais, a pessoa que deles é detentora não 
pode transmiti-los a outra. Os direitos da personalidade não podem ser objeto de 
negociação e nem se transmitem por herança, embora sua lesão possa acarretar em ouras 
pessoas. 
Irrenunciabilidade – a irrenunciabilidade importa em que, no exercício dessas 
prerrogativas, seu titular não pode, ainda que de forma voluntária, comprometer-se a 
deixar de exercê-los. Como corolário da irrenunciabilidade, reza o art. 11 do CCB, que 
o exercício dos direitos da personalidade não pode sofrer limitação voluntária, do que se 
pode concluir que são inalienáveis. 
Imprescritibilidade – o instituto da prescrição não é compatível com a natureza dos 
direitos da personalidade. Não se pode, por falta de exercício de ações referentes à sua 
violação, fazer com que o seu titular seja sujeito à perda desse direito. Não é 
imprescritível, no entanto, o direito à indenização pela violação dos direitos da 
personalidade. 
Vitaliciedade – a ninguém se nega a proteção dos atributos personalíssimos em virtude 
de quaisquer circunstâncias, seja ela de classe social, cor, raça, credo. Alguns direitos da 
personalidade, entretanto, como os direitos políticos, podem ser suspensos 
temporariamente. Portanto, com raras exceções, os direitos da personalidade 
acompanham o ser humano desde sua concepção (e não apenas do nascimento) até a 
morte. 
Extrapatrimonialidade – os direitos da personalidade transcendem o conteúdo 
econômico do interesse que se exerce sobre os bens da vida. Como são compostos por 
características imanentes ao próprio ser humano não podem ser valorados 
monetariamente. Isso não significa que não se pode estabelecer valor pra a 
compensação financeira da lesão aos direitos da personalidade. 
 
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Impenhorabilidade e Inexpropriabilidade – como não possuem conteúdo econômico, 
os direitos da personalidade são também impenhoráveis e, logicamente, por esta mesma 
razão, não podem sofrer desapropriação por parte do poder público. 
Oponibilidade (erga omnes) – à semelhança dos Direitos Reais, os atributos da 
personalidade impõem que todos os elementos da sociedade observem e respeitem a 
órbita personalíssima alheia. 
Tutela Preventiva dos Direitos da Personalidade – o art. 12 do CCB prevê que se pode 
exigir que cesse a ameaça, ou lesão, a direito da personalidade, e reclamar perdas e 
danos, sem prejuízo de outras sanções previstas em lei. Destarte, poderá o cidadão, 
desde que ameaçado ou lesionado em seu direito pessoalíssimo, intentar ação para que 
se obrigue o ofensor a deixar de fazer algo que ameace ou viole esse direito, tal como, 
por exemplo, a ação cominatória prevista pelo art. 287 do Código Processo Civil. 
 
Rol Exemplificativo dos Direitos da Personalidade 
 
Não há espaço para enumeração taxativa dos direitos da personalidade, diante da 
diversidade de valores da vida moderna, portanto analisaremos com mais vigor, a 
seguir, e apenas para fins didáticos, alguns dos direitos da personalidade que mais vêm 
sendo de especulação pela doutrina e pela jurisprudência. 
 
Direito à vida 
 
Em relação às várias questões que se prendem ao direito à vida, importa analisar que, 
embora a legislação pátria não proíba a pessoa de dispor da própria vida (a prática, ou 
tentativa, de suicídio, não é punida pela legislação), as discussões mais instigantes 
dizem respeito à morte assistida ou não. Sendo importante distinguir: 
Eutanásia – procedimento pelo qual o paciente acometido de doença sem cura tem sua 
morte assistida pro outrem, mediante consenso entre a duas partes. Não é permitida pelo 
direito brasileiro que a trata como homicídio (embora muito comumente na forma 
privilegiada); 
Ortotanásia – quando determinado paciente, acometido de mal sem cura ou qualquer 
expectativa de vida (terminal), e que é mantido vivo por meios artificiais (aparelhos), 
deixa de ter suprida sua incapacidade de sobrevivência (desligamento dos aparelhos), 
entende-se que não ocorre homicídio, já que não houve ação voltada para o resultado 
morte, mas apenas a ausência de prolongamento desnecessário e ineficaz de uma vidaque já não se mostra mais viável, desde que decorra da vontade do paciente ou de seu 
representante legal; 
Distanásia – procedimento contrário ao da ortotanásia, ou seja, quando se prolonga, 
através de meios artificiais, a vida do paciente que já não possui potencial de 
sobrevivência. Caracterizado que o mal de que padece o paciente é incurável, passa ser 
não recomendado a distanásia. 
 
Direito à Integridade Física: o Código Civil brasileiro prevê, no art. 13, que salvo por 
exigência médica, é defeso o ato de disposição do próprio corpo, quando importar 
 
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diminuição permanente da integridade física, ou contrariar os bons costumes, o art. 14 
prevê que, para depois da morte, é válida a disposição gratuita do próprio corpo, no todo 
ou em parte, como objetivo científico ou altruístico. Se a disposição não for gratuita 
configurará crime (art. 15, Lei 9.434/97). O ato de disposição post mortem poderá ser 
livremente revogada a qualquer tempo. 
 
Direito ao Nome: o nome civil – designação que a distingue das demais e a identifica no 
seio da sociedade; (art.16 ao 19, e LRP 6.015/73). O nome civil é o sinal exterior pelo 
qual são reconhecidas e designadas as pessoas, no seio familiar e social. 
É a designação pela qual se identificam e distinguem as pessoas naturais, nas relações 
concernentes ao aspecto civil da sua vida jurídica; é o principal elemento identificador 
dos indivíduos no seio social. 
Relevância: 
• Para os cidadãos, em suas relações intra-particulares; 
• Para o Estado, que possui a necessidade de particularizar os indivíduos na 
sociedade. 
É matéria de ordem pública – todo nascimento deve ser registrado no Cartório de 
Registro Civil de Pessoas Naturais – LRP (Lei 6.015/73) arts. 54 e 55. – O MP intervém 
em todos os procedimentos (judiciais ou administrativos que disserem respeito ao nome 
civil - art. 82, CPC). 
Características Principais: 
Obrigatoriedade de registro: O direito ao nome está ligado ao seu uso e é obrigatório o 
seu registro oficial no Cartório de Registro Civil de Pessoas Naturais. Jamais se 
admitirá alguém sem nome. 
Indisponibilidade: como integrante do direito da personalidade, o nome é indisponível. 
Uma vez registrado um indivíduo, não poderá ele dispor, ceder, alienar, ou renunciar a 
seu nome civil. 
Imprescritibilidade: o indivíduo não perde seu nome pelo desuso nem o adquire em 
virtude de posse. 
Inexpropriável: o nome identifica a pessoa na sociedade e, por isso, não poderá ser 
expropriado, ainda que por interesse público. Tal ato desfiguraria a própria 
personalidade do indivíduo. 
Imutabilidade (relativa) do nome: O artigo 58 da LRP assegura a definitividade do 
prenome. Inobstante, não se trata de dogma absoluto, haja vista a existência de outras 
possibilidades, previstas ou não em lei, capazes de propiciar a sua alteração. 
 
Elementos componentes do nome civil 
 
Prenome – (antigamente denominado nome de batismo). Serve para a designação 
individual de cada pessoa, de livre escolha pelos pais, pode ser simples ou composto. 
(art. 55 da LRP). Ex.: Felipe, Ana Julia, Carlos Daniel, Silvio. 
 
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Sobrenome – também conhecido como apelido de família, cognome ou patronímico, é 
o sinal que define e identifica a origem da pessoa, de forma a indicar sua filiação ou 
estirpe. É característico da família sendo, assim, transmissível por sucessão. Embora ele 
possa ser formado pelo sobrenome do pai ou da mãe, recomenda-se o registro de 
sobrenome duplo, a fim de reduzir os riscos de uma possível homonímia, comum nos 
grandes centros. Ex.: Silvio Sávio Venosa, Carlos Daniel Bracho. 
Agnome – o agnome tem a função de diferenciar pessoas da mesma família que 
possuem o mesmo prenome e sobrenome. São nomes do tipo Filho, Neto, Sobrinho, ou 
ainda Segundo, Terceiro. Ele não se transmite e deve ser inscrito ou no momento do 
registro de nascimento, haja vista fazer parte do nome civil, ou por meio de autorização 
judicial, posteriormente, se for o caso. Ex.: Humberto Theodoro Junior, Orlando 
Peixoto Neto. 
 
Direito à vida privada: vida privada, que o Código Civil qualifica de inviolável, são as 
relações íntimas do cidadão, como, por exemplo, suas relações familiares, telefônicas e 
de correspondência, bancárias, fiscais etc., ou seja, aqueles que detêm, na própria lei, 
proteção contra a divulgação a público. 
 
Direito à livre manifestação do pensamento e liberdade de imprensa: o atual 
ordenamento constitucional tutela, de forma irredutível e absoluta, a livre manifestação 
do pensamento, da criação, expressão e informação sob qualquer forma, proibindo, 
peremptoriamente, o estabelecimento de qualquer norma infraconstitucional que 
contenha dispositivo que constitua embaraço ao exercício desse direito (art. 220, § 1º). 
 
Direitos autorais: possuem natureza mista ou híbrida, pois resultam de atividade 
intelectual (daí a característica da personalidade de seu titular), mas também continuam 
a representar propriedade sobre determinada obra, (art. 3 da Lei 9.610/98 – Lei dos 
Direitos Autorais disciplina que “os direitos autorais reputam-se, para os efeitos legais, 
bens móveis”). 
 
Pessoas Jurídicas 
 
Conceito – pessoa jurídica é a entidade ou instituição que, por força das normas 
jurídicas criadas, tem personalidade e capacidade jurídicas para adquirir direitos e 
contrair obrigações. Ela nasce do instrumento formal e escrito que a constitui (art. 45 
CC), ou diretamente da lei que a institui. 
A pessoa jurídica consiste num conjunto de pessoas ou bens, dotado de personalidade 
jurídica própria e constituído na forma da lei, para a consecução de fins comuns. São 
entidades a que a lei confere personalidade, capacitando-as a serem sujeitos de direito e 
obrigações. 
 
Teoria orgânica da pessoa jurídica - Para esta corrente, as pessoas jurídicas são uma 
realidade sociológica, com vida própria que nasce por imposição das forças sociais, são 
 
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seres de existência anterior e independente da ordem jurídica, se apresentando às direito 
como realidades incontestáveis. 
Teoria da ficção da pessoa jurídica – Para esta corrente, as pessoas jurídicas 
constituem uma criação artificial da lei, um ente fictício, pois somente a pessoa natural 
pode ser sujeito da relação jurídica e titular de direitos subjetivos. São criações do 
direito e, assim, fora da previsão legal correspondente, não se as encontra em lugar 
algum. 
 
Importante! Hoje, para a maioria dos teóricos, a natureza das pessoas jurídicas é a de 
uma idéia, é expediente de ordem técnica, a forma encontrada pelo direito para 
reconhecer a existência dos grupos e indivíduos que se unem na busca de fins 
determinados, cujo sentido é partilhado pelos membros de uma comunidade jurídica, 
que a utilizam na composição de seus interesses. Sendo assim, ela não preexiste ao 
direito. A personalidade jurídica é um atributo que o Estado defere a certas entidades 
havidas como merecedoras dessa benesse. (teoria adotada pelo direito brasileiro). 
 
A pessoa jurídica, embora formada por pessoas naturais, tem vida própria e autônoma 
não se confundindo com a vida de seus membros. 
 
Classificação da Pessoa Jurídica 
 
 
 
As pessoas jurídicas de direito público – iniciam-se em razão de fatos históricos, de 
criação constitucional, de lei especial e de tratados internacionais, trata-se de pessoa 
jurídica de direito público externo. 
As pessoas jurídicas de direito privado – o fato que lhes dá origem é a vontade humana, 
sem necessidade de qualquer ato administrativo de concessão ou autorização, salvo os 
casos especiais do CC(art. 45, CC), porém a sua personalidade jurídica permanece em 
estado potencial, adquirindo status jurídico, quando preencher as formalidades ou 
exigências legais; o processo genético apresenta-se em duas fases: a do ato constitutivo, 
que deve ser escrito, e a do registro público. 
 
NACIONALIDADE
Art.11 LICC
NACIONAL
ESTRANGEIRA
ESTRUTURA INTERNA
Corporação
ASSOCIAÇÕES
FUNDAÇÕES
SOCIEDADES
 
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Pessoa Jurídica de Direito Público Externo: Regidas pelo Direito Internacional, 
abrangendo: ONU/OEA, UNESCO, FIFA, Nações Estrangeiras; entre outros. 
São criados através de tratados internacionais, fatos históricos, criação constitucional. – 
art. 42 CC – Estados estrangeiros e todas as pessoas que forem regidas pelo direito 
internacional público. 
Pessoa Jurídica de Direito Público Interno: O art. 41 do Código Civil enumera as pessoas 
jurídicas desta classe: 
Adm. Direta - União, os Estados, os Territórios (retorno dos territórios pelo CC 2002), 
os Municípios e o Distrito Federal. 
Adm. Indireta - IV – autarquias, e V – demais entidades de caráter público criadas por 
lei. 
Administração Indireta: É o conjunto de entidades personalizadas, vinculadas 
normalmente a um órgão da Administração Direta (Ministério ou Secretaria), previstas 
no art. 4, II, do Decreto-Lei nº 200, de 25/02/1967. Compõe-se das autarquias, 
fundações públicas e entidades paraestatais, representadas estas pelas empresas 
públicas e sociedades de economia mista. Somente por lei específica poderá ser criada 
autarquia e autorizada à instituição de empresa pública, de sociedade de economia mista 
e de fundação. 
a) Autarquia. É uma entidade de direito público, com personalidade jurídica e 
patrimônio próprio, destinado à execução de atividades destacadas da administração 
direta. 
A autarquia opera com autonomia frente ao poder que a criou. Responde diretamente 
por seus atos. Mas o poder que a criou poderá responder subsidiariamente, no caso de 
falta de recursos da autarquia ou no caso de sua extinção. 
b) Empresa Pública: Entidade com patrimônio próprio e capital exclusivo da União, 
criada por lei para a exploração de atividade econômica que tenha que ser exercida pelo 
governo. É uma empresa de capital inteiramente público, dedicada a atividades 
econômicas, tendo, porém, personalidade jurídica de direito privado 
Exemplo: Embrapa (As empresas públicas regem-se, no que couber, pelo Código Civil, 
salvo disposição em contrário. 
c) Sociedades de Economia Mista: Entidade criada por lei para exploração de atividade 
econômica sob forma de sociedade anônima, cujas ações com direito a voto pertençam, 
em sua maioria à União ou à Administração Indireta. É uma empresa de capital público 
e particular, com direção estatal e personalidade jurídica de direito privado. Deve ter 
forma de sociedade anônima, com maioria de ações votantes nas mãos do poder público 
(DL 200/67, Art. 5º, III). Exemplo: Petrobrás. 
d) Fundações Públicas 
Fim específico, sem fins lucrativos. Surgem quando a lei individualiza um patrimônio a 
partir de bens pertencentes a uma pessoa jurídica de direito público, afetando-o à 
realização de um fim administrativo e dotando-o de organização adequada. Instituídas 
pelo Poder Público, criadas por lei específica, portanto, estando revestida das 
características de “fundação pública”, Art. 37, XIX, CF/88 
(Ex. Fundação Nacional de Saúde). 
 
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Pessoa Jurídica de Direito Privado: São as associações, sociedades simples ou 
empresariais, as fundações, as organizações religiosas, os partidos políticos, e as 
entidades paraestatais (como as empresas públicas, as sociedades de economia mista e 
os serviços sociais autônomos); são instituídas por iniciativa de particulares, 
Iniciam sua personalidade jurídica com a inscrição do ato constitutivo no respectivo 
registro, precedida, quando necessário, de autorização do Poder Executivo. 
Obs. As sociedades de advogados são registradas na OAB. 
Associações: Não tem fim lucrativo ou intenção de dividir o resultado, embora tenha 
patrimônio, formado por contribuição de seus membros para a obtenção de fins 
culturais, educacionais, esportivos, et. 
Sociedades empresárias: Visam lucro, mediante exercício de atividade empresária; para 
diferenciá-la da Simples, basta considerar-se a natureza das operações habituais; se estas 
tiverem por objeto atos de empresa, a sociedade será empresarial, caso contrário, 
simples. 
Sociedade Simples: é que visa fim econômico ou lucrativo, que deve ser repartido entre 
os sócios, sendo alcançado pelo exercício de certas profissões ou pela prestação de 
serviços técnicos; tem ela certa autonomia patrimonial e atua em nome próprio, pois sua 
existência é distinta dos sócios de modo que os débitos destes não são da sociedade e 
vice-versa. 
 
Fundações Privadas 
 
I - Fundação de Direito Público II - Fundação de Direito Privado 
Instituída pelo Poder Público. 
Instituída pelo Poder Público, criada 
por lei específica, portanto, estando 
revestida das características de 
“fundação pública”, inciso XIX do 
artigo 37 da Constituição Federal. 
Instituída pelo (s) Particular (es) 
Reguladas pelos dispositivos do Código Civil 
Brasileiro, em seus artigos 62 a 69 e da Lei nº 
6.515/73 que exige o registro de sua Escritura e 
respectivo Estatuto Social junto ao Cartório de 
Registro de Títulos e Documentos. 
Lei específica de criação Estatutos Sociais 
Mantida pelo Poder Público Não é mantida ou subvencionada pelo Poder 
Público 
O patrimônio inicial é formado com a 
transferência de bens móveis e imóveis 
públicos 
O patrimônio inicial é formado por dotação de seus 
instituidores 
Os bens e rendas são considerados 
patrimônio público 
Seus bens e direitos não são considerados bens 
públicos, estando vinculados ao Código Civil 
Os contratos estão sujeitos a Lei de 
Licitações 
Não é alcançada pela Lei de Licitações 
O pessoal está sujeito ao regime 
jurídico único do Poder Público 
Seus funcionários são vinculados ao Regime da 
CLT 
 
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Partidos políticos: Associações civis que têm por escopo assegurar dentro do regime 
democrático, os direitos fundamentais estatuídos pelo CF/88. Foram considerados como 
pessoa jurídica de direito privado pela Lei 9.096, de 19.09.1995, que dispõe em seu art. 
EIRELI - Empresa individual de responsabilidade limitada: A empresa individual de 
responsabilidade limitada será constituída por uma única pessoa titular da totalidade do 
capital social, devidamente integralizado, que não será inferior a 100 (cem) vezes o 
maior salário-mínimo vigente no País. 
§ 1º O nome empresarial deverá ser formado pela inclusão da expressão "EIRELI" após 
a firma ou a denominação social da empresa individual de responsabilidade limitada. 
(L-012. 441.2011). 
 
Entes Despersonalizados: São aqueles que, embora possam ser capazes de adquirir 
direitos e contrair obrigações, não preenche as condições legais e formais para serem 
enquadrados como pessoas jurídicas, por falta de alguns requisitos ou pela sua situação 
jurídica “sui generis”. Estão entre tais, a massa falida, espólio e a pessoa jurídica “de 
fato” – (que são aqueles pequenos comerciantes que compram e vendem produtos sem 
terem sociedade comercial regularmente constituída. (ambulantes camelôs etc.). 
 
Massa Falida – Serve para designar a situação jurídica em que se coloca o negócio ou o 
estabelecimento comercial, em virtude da declaração de falência de seu proprietário, 
firma ou comerciante. 
Herança Jacente e Vacante – (herança sem dono) é entendida a herança quenão se 
apresentam herdeiros do “de cujus”, por não os ter deixado ou por não os ter capazes 
para sucedê-lo como, mesmo, quando livres, por não terem aceitado. 
Espólio – é a soma da totalidade dos bens deixados por uma pessoa, após sua morte. 
 
Responsabilidade Civil da Pessoa Jurídica 
 
As pessoas jurídicas de direito público interno – são civilmente responsáveis por atos 
dos seus agentes que nessa qualidade causem danos a terceiros, ressalvado direito 
regressivo contra os causadores do dano, se houver, por parte destes, culpa ou dolo. 
.Art. 43 CC. 
Em caso de abuso da personalidade jurídica, caracterizado pelo desvio de finalidade, ou 
pela confusão patrimonial, pode o juiz decidir, a requerimento da parte, ou do 
Ministério Público quando lhe couber intervir no processo, que os efeitos de certas e 
determinadas relações de obrigações sejam estendidos aos bens particulares dos 
administradores ou sócios da pessoa jurídica – Art. 50 CC. 
 
Responsabilidade Extracontratual 
 
As pessoas de direito privado – devem reparar o dano causado pelo seu representante 
que procedeu contra o direito; respondem pelos atos ilícitos praticados pelos seus 
representantes, desde que haja presunção juris tantum de culpa in eligendo ou in 
 
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vigilando, que provoca a reversão do ônus da prova, fazendo com que a pessoa jurídica 
tenha de comprovar que não teve culpa nenhuma (STF, Súmula 341); 
As pessoas de direito público – bem como as de direito privado que prestem serviços 
públicos, são civilmente responsáveis por atos dos seus representantes que nessa 
qualidade causem danos a terceiros, procedendo de modo contrário ao direito ou 
faltando dever prescrito por lei, salvo o direito regressivo contra os causadores do dano. 
 
Princípio da Separação Patrimonial 
 
Quando a pessoa jurídica é constituída, adquire uma personalidade jurídica própria e 
distinta das personalidades das pessoas naturais que a constituíram, ou seja, sua aptidão 
para ser titular de direitos e deveres não se confunde com a aptidão dos sócios, quer 
dizer que, quando uma pessoa jurídica assume uma obrigação essa obrigação é dela e 
não se confunde com as obrigações dos sócios, quando a pessoa jurídica tem um direito 
o direito dela não se confunde com os direitos dos sócios; o patrimônio da pessoa 
jurídica não se confunde com o patrimônio dos sócios – art. 20 CC de 1916. 
 
Obs. Embora o princípio da separação patrimonial não esteja previsto no CC.2002, 
continua existindo, sendo esse princípio a regra. 
Assim, pelo princípio da separação patrimonial, toda vez que a pessoa jurídica 
descumpre suas obrigações e causar dano a outrem, quem responde é a pessoa jurídica, 
a ação será sempre contra a pessoa jurídica – não se coloca os sócios no pólo passivo da 
demanda. A ação de conhecimento é contra a pessoa jurídica. 
Se a pessoa jurídica não tiver patrimônio suficiente, na fase de execução da sentença é 
que se pede a desconsideração da personalidade jurídica da PJ e que execute o 
patrimônio dos sócios. 
 
A desconsideração da personalidade jurídica da PJ é sempre uma medida excepcional, a 
regra é executar o patrimônio da empresa e somente o da empresa, excepcionalmente 
perseguir o patrimônio dos sócios e administradores. 
 
Requisitos 
 
Art. 50. Em caso de abuso da personalidade jurídica, caracterizado pelo desvio de 
finalidade, ou pela confusão patrimonial, pode o juiz decidir, a requerimento da parte, 
ou do Ministério Público quando lhe couber intervir no processo, que os efeitos de 
certas e determinadas relações de obrigações sejam estendidos aos bens particulares dos 
administradores ou sócios da pessoa jurídica. 
 
Desvio de finalidade – O desvio de finalidade pode ser entendido como o uso indevido 
ou o destino diferente que se deu à coisa em vez do destino que, no caso da pessoa 
jurídica, deveria ser aquele previsto em seu s estatutos, para os fins sociais nele 
previstos. O desvio de finalidade como a utilização de meios ou a busca de fins que não 
vão a favor da pessoa jurídica, mas a favor de outrem, sócio ou qualquer beneficiário. 
 
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Ex.: uma finalidade lícita praticando uma finalidade ilícita, toda vez que uma PJ estiver 
numa situação de desvio de finalidade, causar dano a terceiro e não tiver patrimônio 
para responder pelas dívidas, quem será executado serão seus sócios ou 
administradores. 
 
Confusão patrimonial - A confusão do patrimônio ocorre quando se mostra ao menos 
dificultoso distinguir entre os patrimônios da pessoa jurídica e do beneficiário, de modo 
a impossibilitar o discernimento das obrigações concernentes a cada um deles, ou seja, 
quando os sócios se utilizam do patrimônio da PJ como se fosse seus, ou seja, 
desrespeitando o princípio da separação patrimonial. 
 
ATENÇÃO! 
A desconsideração da personalidade não extingue a pessoa jurídica. A desconsideração 
da pessoa jurídica NÃO É medida de Direito Civil, é simples ATO PROCESSUAL em 
que o juiz da demanda, na fase de execução determina a inclusão dos sócios no pólo 
passivo. A pessoa jurídica não desconstituída, não vai deixar de existir. 
 
Domicílio da Pessoa Jurídica 
 
Domicílio: é a sua sede jurídica, onde os credores podem demandar o cumprimento das 
obrigações; é o local de suas atividades habituais, de seu governo, administração ou 
direção, ou, ainda, o determinado no ato constitutivo. 
Domicílio Plural: Característica que merece destaque é a de que a pessoa jurídica 
dispuser de estabelecimentos em lugares diferentes, será dotada de domicílio plural. 
 
Domicílio da Pessoa Jurídica de Direito Público Interno: Diz o Código que o 
domicílio: (art. 75 CC) 
a) da União é o Distrito Federal; 
b) dos Estados e Territórios, as respectivas capitais; 
c) dos Municípios, o lugar onde funcione a administração municipal. 
 
Obs.: as autarquias e as demais entidades de caráter público criadas por lei foram 
enquadradas na categoria genérica das chamadas demais pessoas jurídicas de que 
cuida o Código Civil, a cujo regime jurídico equipou-se para efeito de domicílio. 
 
Preponderância do domicílio - O domicílio da pessoa jurídica de direito privado é o 
lugar onde funcionarem as respectivas diretorias e administrações, isto quando dos seus 
estatutos não constar eleição de domicílio especial. 
O parágrafo 1º do mesmo artigo estabelece que se haja mais de um estabelecimento 
relativo à mesma pessoa jurídica, em lugares diferentes, cada qual será considerado 
domicílio para os atos nele praticados. 
 
 
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Domicílio das demais Pessoas Jurídicas: À exceção da União, dos Estados, dos 
Territórios e dos Municípios, as pessoas jurídicas, de direito público interno ou de 
direito privado, têm como domicílio: 
 
a) o lugar onde funcionarem as respectivas diretorias e administrações; 
b) o lugar designado no estatuto ou contrato social ou ato constitutivo. 
Na definição certeira do domicílio, examina-se, em primeiro diagnóstico, a disposição 
legal encartada nos atos legais da pessoa jurídica. 
 
Caso a pessoa jurídica só tenha sede no estrangeiro, em se tratando de obrigação 
contraída por agência sua, levar-se-á em consideração o estabelecimento, no Brasil, a 
que ela corresponda como emana do parágrafo 2º do já citado art. 75, CC. Dispõe a 
Súmula 363, do STF: "A pessoa jurídica de direito privado pode ser demandada no 
domicílio da agência, ou do estabelecimento, em que se praticou o ato". 
 
O Código de Processo Civil, em seu art. 88, I, e no parágrafo único, também disciplina a 
matéria, dispondo: 
"Art. 88. É competente a autoridade judiciáriabrasileira quando: 
I - o réu, qualquer que seja sua nacionalidade, estiver domiciliado no Brasil; 
Parágrafo único. “Para o fim do disposto no n° I, reputa-se domiciliada no Brasil a 
pessoa jurídica estrangeira que aqui tiver agência, filial ou sucursal”. 
 
Fim da Pessoa Jurídica: A pessoa jurídica tem o seu fim através da dissolução, 
deliberada entre seus membros, ou quando é cassada a autorização para seu 
funcionamento, porém subsiste até a conclusão da liquidação. Concluída a liquidação, 
será cancelada a inscrição da pessoa jurídica. Ainda poderá ter seu fim por determinação 
legal ou por ato do governo. 
Bens Jurídicos 
 
Bens "são as coisas materiais ou imateriais que têm valor econômico e que podem 
servir de objeto a uma relação jurídica" (Agostinho Alvim). 
Coisa é tudo o que existe objetivamente, com exclusão do ser humano, de modo que se 
pode concluir o seguinte: 
"todo bem é coisa, mas, nem toda coisa é bem"; 
"coisa é o gênero, do qual bem é a espécie". 
 
Pessoa – é sujeito de direito 
Bens – objetos das relações jurídicas 
Fatos jurídicos – forma de criar, modificar e extinguir direito; 
Todo direito tem um objeto; 
Direito subjetivo – poder outorgado a um titular – requer um objeto 
Bens – tudo que satisfaz a necessidade humana 
 
 
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 Há bens jurídicos que não são coisas? 
 
 
 Coisas 
 Ações Humanas Bens e Prestações 
 Atributo da Personalidade, Usufruto, Cessão, Poder Familiar... 
Coisas comuns - insusceptíveis de apropriação pelo homem – ar, mar, etc. 
Coisa sem dono (res nullius) – nunca forma apropriada Ex: peixe, caça solta; 
Coisa móvel abandonada (res derelicta) – foi objeto da relação jurídica, mas seu titular 
a lançou fora, com a intenção de não mais tê-la para si. 
Patrimônio – conjunto de bens que pertence a um titular. Existe pessoa sem 
patrimônio? 
 
Patrimônio Mínimo 
Bem de família – Lei nº 8009/90; 
Vedação de doação da totalidade do patrimônio (CC.548); 
Impenhorabilidade de determinados bens (CPC, art.649, 650); 
 
Classificação 
a) Bens considerados em si mesmos: 
a.1 - Bens corpóreos (têm existência material- ex.: mesa) 
a.2 - Incorpóreos (não têm existência tangível e são relativos aos direitos que as 
pessoas naturais ou jurídicas têm sobre as coisas, sobre os produtos de seu intelecto ou 
contra outra pessoa, apresentando valor econômico - ex.: direitos pessoais de caráter 
patrimonial). 
b.1 - Bens imóveis (aqueles que não podem ser transportados de um lugar para o outro, 
em alteração da substância ou da destinação econômico- social) 
b.2 - Móveis (os suscetíveis de movimento próprio, como os animais - semoventes -, ou 
de remoção por força alheia, como um livro – móvel propriamente dito, sem alteração 
da substância ou da destinação econômico- social). 
 
Importância da distinção: 
 Diversidade das formas de aquisição da propriedade; 
 Possibilidade de os bens móveis serem alienados ou gravados de ônus real por 
um cônjuge, sem a anuência do outro, o mesmo não ocorrendo quanto aos bens 
imóveis, salvo em certos regimes de bens; 
 No patrimônio dos incapazes tem preferência o bem imóvel, que somente pode 
ser alienado em casos excepcionais e mediante prévia autorização judicial; 
 O tempo para a aquisição do bem por usucapião é maior para os imóveis, do 
que para os móveis; 
 
 
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Espécies de bens imóveis: 
Por natureza: o solo com sua superfície, o espaço aéreo e o subsolo; 
Por acessão natural: tudo o que se incorporar naturalmente ao solo, como as árvores e 
os frutos pendentes; 
Por acessão artificial ou industrial: tudo aquilo que o homem incorporar 
permanentemente ao solo, como a semente lançada a terra, os edifícios e construções, de 
modo que se não possa retirar sem destruição, modificação, fratura ou dano; 
Por determinação legal: os direitos reais sobre imóveis, as ações que os assegurem e o 
direito à sucessão aberta. As apólices da divida pública oneradas com a cláusula de 
inalienabilidade não mais são consideradas imóveis por determinação legal. 
 
Espécies de bens móveis: 
 
Por natureza: bens suscetíveis de movimento próprio, ou de remoção por força alheia, 
sem alteração da substância ou da destinação econômico- social. O navio e o avião são 
considerados bens móveis, embora possam ser objeto de hipoteca; 
Por antecipação: bens incorporados ao solo, mas destinados à oportuna separação e 
conversão em móveis, como as árvores destinadas ao corte. A esse respeito, o Código 
Civil (art. 95) estabelece que, apesar de ainda não separados do bem principal, os frutos 
e produtos podem ser objeto de negócio jurídico; 
Por determinação legal: as energias que tenham valor econômico (energia elétrica, 
sinal de TV a cabo, Internet, gás encanado, v.g.), 
 
Os direitos reais sobre objetos móveis e as ações correspondentes, os direitos pessoais 
de caráter patrimonial e as ações respectivas, os direitos do autor e os direitos de 
propriedade industrial. 
Não perdem o caráter de imóveis: 
I - as edificações que, separadas do solo, mas conservando a sua unidade, forem 
removidas para outro local (ex.: casas pré-fabricadas); 
II - os materiais provisoriamente separados de um prédio, para nele se reempregarem. 
 
Entretanto, os materiais destinados a alguma construção, enquanto não forem 
empregados, conservam sua qualidade de móveis; readquirem essa qualidade os 
provenientes da demolição de algum prédio. 
 
Bens fungíveis (os que podem substituir-se por outros da mesma espécie, qualidade e 
quantidade. Ex.: um saco de arroz agulhinha tipo 1 com 5 Kg) 
Infungíveis (os que não podem substituir-se por outros da mesma espécie, quantidade e 
qualidade. Ex.: um determinado quadro de Portinari). 
 
Importância da distinção: 
 O empréstimo de coisas fungíveis é o mútuo e o de coisas infungíveis é o 
comodato; 
 
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 A compensação efetua-se entre dividas liquidas, vencidas e de coisas fungíveis; 
 O credor de coisa certa não pode ser obrigado a receber outra, ainda que mais 
valiosa; 
 O contrato de locação de coisas refere-se apenas ao uso e gozo de coisas 
infungíveis. 
 
A fungibilidade é própria dos bens móveis e a infungibilidade, dos bens imóveis. 
Entretanto, existem móveis infungíveis. Utiliza-se a idéia de fungibilidade também 
quanto ás obrigações de fazer. Se a prestação puder ser realizada por qualquer pessoa, 
por não demandar técnica ou conhecimentos especializados, será fungível. Caso 
contrário (se requerer atuação personalíssima) será infungível. Em matéria processual 
também há a utilização da idéia de fungibilidade, como, por exemplo, no que tange às 
ações possessórias típicas e à interposição de recursos. 
 
As coisas fungíveis têm poder liberatório, visto que basta que o devedor entregue ao 
credor coisa do mesmo gênero, qualidade e quantidade, para que se libere da obrigação. 
No caso dos bens infungíveis, o devedor somente se libera com a entrega da coisa certa 
e específica. Para Maria Helena Diniz, a fungibilidade e a infungibilidade decorrem da 
natureza da coisa, admitindo-se, entretanto, a possibilidade de os contratantes tomarem 
infungíveis coisas fungíveis. 
 
Bens consumíveis – (os móveis, cujo uso importa destruição imediata da própria 
substância, como os alimentos - consuntibilidade natural - e os destinados a alienação, 
como uma tela exposta para a venda em uma galeria de artes - consuntibilidade jurídica) 
 Inconsumíveis – (os que podem ser usados continuamente, possibilitando que se 
retirem todas as suas utilidades, sem importar em destruição imediata de sua substância,como, por exemplo, um automóvel). 
 
Bens divisíveis – (os que se podem fracionar sem alteração na sua substância, 
diminuição considerável de valor ou prejuízo do uso a que se destinam) 
Indivisíveis – (os que se não podem partir sem alteração na sua substância, diminuição 
considerável de valor ou prejuízo do uso a que se destinam. 
 
Bens Reciprocamente considerados 
 
Principal (é o bem que existe sobre si, abstrata ou concretamente, como o solo) 
Acessório (é o bem cuja existência supõe a do principal, como uma construção em 
relação ao solo). 
Tanto os bens corpóreos, como os incorpóreos, comportam tal distinção. 
Exemplo de tal distinção relativamente aos bens corpóreos já foi dado. Quanto aos bens 
incorpóreos, pode-se citar como exemplo um crédito como coisa principal e os juros ou 
a cláusula penal como acessórios, eis que se submetem á existência daquele. 
 
 
 
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Espécie de Bens Acessórios 
 
Frutos - são as utilidades que a coisa periodicamente produz, cuja percepção não lhe 
altera a substância. 
Quanto a sua origem, os frutos podem ser: 
Naturais - aqueles que resultam da própria força orgânica da coisa. Ex.: as crias dos 
animais, os frutos de uma árvore, os ovos etc. 
Nota: Não perdem esta característica pelo simples fato de o homem contribuir, através 
de processos técnicos, para melhorar a qualidade e a produtividade; 
 
Benfeitorias - são os melhoramentos que têm por fim conservar o bem ou evitar que se 
deteriore (benfeitorias necessárias. Ex.: conserto de um telhado), aumentar ou facilitar o 
seu uso (benfeitorias úteis. Ex.: construção de uma garagem), ou de mero deleite ou 
recreio, que não aumentem o uso habitual do bem, ainda que o tornem mais agradável, 
ou seja, de elevado valor (benfeitorias voluptuárias. Ex.: construção de um jardim em 
imóvel residencial). 
 
Pertenças - bens que, não constituindo partes integrantes, se destinam, de modo 
duradouro, ao uso, ao serviço ou formoseamento de outro. 
Ainda que sejam separados da coisa principal, esta continuará sendo considerada 
completa. Ex.: rádio instalado em um carro, quadro pendurado na parede de uma casa, 
aparelho de ar condicionado, etc. 
 
Os bens públicos classificam-se em: 
 
1 - de uso comum do povo (ou do domínio público) - pode ser utilizado, sem restrição, 
gratuita ou onerosamente, por qualquer pessoa. Ex.: ruas, praças, jardins, mares, praias, 
rios etc. 
2 - de uso especial (ou do patrimônio administrativo) - são destinados a algum serviço 
da pessoa jurídica de direito público a que pertencem. Ex.: edifícios ou terrenos 
destinados a serviço ou estabelecimento da administração federal, estadual, territorial ou 
municipal, inclusive os de suas autarquias. 
3 - dominicais ou dominiais (ou do patrimônio disponível) - constituem o patrimônio da 
pessoa jurídica de direito público, como objeto de direito pessoal ou real da entidade. 
Ex.: créditos, terras devolutas etc. 
Não dispondo a lei em contrário, consideram-se dominicais os bens pertencentes às 
pessoas jurídicas de direito público a que se tenha dado estrutura de direito privado. 
Nota: Os bens públicos dominicais podem, por determinação legal, ser convertidos em 
bens de uso comum do povo ou de uso especial (afetação) e vice-versa (desafetação). 
 
 
 
 
 
 
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Característica dos bens públicos 
 
Inalienabilidade quanto aos bens públicos de uso comum do povo e os de uso especial, 
enquanto conservarem a sua qualificação. Os bens públicos dominicais podem ser 
alienados, observadas as exigências da lei; 
Imprescritibilidade, não podendo ser adquiridos por usucapião; 
Impenhorabilidade vista serem, em regra, inalienáveis. Além disso, a execução contra 
os entes de direito público interno encontra-se ordinariamente sujeita à expedição de 
precatório, e não à penhora de bens da entidade devedora. 
 
Fatos Jurídicos 
 
O Direito origina-se do fato  Fato é o elemento gerador do direito subjetivo. 
Todo direito subjetivo tem os seus pressupostos materiais a que o ordenamento jurídico 
condiciona as fases de existência de uma relação jurídica. Sua base é um fato. 
Fato jurídico  Relação jurídica  direito subjetivo 
Mas nem todo fato é jurídico, como por exemplo, a chuva que cai. 
Quando o fato tem repercussão no campo do direito, é que ele toma conteúdo e 
denominação de fato jurídicos. 
 
Fato/acontecimento + Jure/direito + Geno/gerar/criar 
Fato jurídico, fato jurígeno ou fato gerador: é todo acontecimento a que a norma 
jurídica atribui efeito. 
Para ser um fato jurídico é preciso que tenha alguma consequência na interrelação 
humana, “é todo e qualquer fato de ordem física ou social, inserido numa estrutura 
normativa”. (Miguel Reale). 
 
Fatos jurídicos são todos os acontecimentos que podem ocasionar efeitos jurídicos, 
todos os atos suscetíveis de produzir aquisição, modificação ou extinção de direitos. 
Fatos jurídicos são os acontecimentos em virtude dos quais começam se modificam ou 
se extinguem as relações jurídicas. 
 
O fato jurídico possui dois fatores constitutivos: 
 O fato, 
 Uma declaração do ordenamento jurídico atribuído àquele acontecimento. 
“São fatos jurídicos todos os acontecimentos que, de forma direta ou indireta, 
ocasionam efeito jurídico”. (Silvio Sávio Venosa). 
 Nesse contexto, admitimos a existência de fatos jurídicos em geral, em sentido amplo, 
que compreendem tanto os fatos naturais, sem interferência do homem, como os fatos 
humanos, relacionados com a vontade humana. 
 
Assim, são fatos jurídicos a chuva, o vento, o terremoto, a morte, bem como a 
usucapião, a construção de um imóvel, a pintura de uma tela. 
 
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Tanto uns como outros apresentam, com maior ou menor profundidade, consequências 
jurídicas. 
Assim, a chuva, o vento, o terremoto, os chamados fatos naturais, podem receber a 
conceituação de fatos jurídicos se apresentarem consequências jurídicas, como a perda 
da propriedade, por sua destruição, por exemplo. 
Assim também ocorre com os fatos relacionados com o homem, mas independentes de 
sua vontade, como o nascimento, a morte, o decurso do tempo, os acidentes ocorridos 
em razão do trabalho. De todos esses fatos decorrem importantíssimas consequências 
jurídicas. 
O nascimento com vida, por exemplo, fixa o início da personalidade entre nós. Por aí se 
pode antecipar a importância da correta classificação dos fatos jurídicos. 
 
 
Fato Jurídico lato sensu 
a) Fato natural ou fato jurídico stricto sensu: advém de fenômeno natural, sem 
intervenção da vontade humana, que produz efeito jurídico. 
a.1) ordinário (nascimento, decurso do tempo, etc.) ou 
a.2) extraordinário (caso fortuito, força maior). 
b) Fato humano ou ato jurídico em sentido lato: é o acontecimento que depende da 
vontade humana, abrangendo tanto os atos lícitos como ilícitos. 
b.1) Atos jurídicos em sentido estrito caracterizados pela vontade humana de que 
decorram efeitos previstos na norma jurídica (materiais e participações); 
b.2) Negócio jurídico = categoria na qual, a vontade humana escolhe os efeitos que 
decorrerão: (contrato); 
b.3) Ato-fato jurídico = o elemento humano é essencial para sua existência, mas cuja 
produção de efeitos independe do ânimo, pois o direito reputa irrelevante a vontade de 
praticá-lo. 
 
 
 
 
FATO
JURÍDICO
(em sentido 
amplo)
FATOS
NATURAIS
(sticto sensu)
ORDINÁRIOS
(nascimento, decurso 
de tempo, maioridade)
EXTRAORDINÁRIOS
(Caso fortuito
Força maior)
ATOS HUMANOS
(lato sensu) 
ATO JURÍDICOATOS
LÍCITOS
EM SENTIDO ESTRITO OU
MERAMENTE LÍCITO
MATERIAIS OU REAIS E
DE PARTICIPAÇÃO
NEGÓCIO
JURÍDICO
ATO-FATO
JURÍDICOATOS
ILÍCITOS
 
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Fato jurídico em sentido amplo: É todo acontecimento dependente ou não da vontade 
humana, a que a lei atribui certos efeitos jurídicos, podem ser fatos naturais ou atos 
humanos, ou seja, engloba: 
 
Os fatos naturais derivados de acontecimentos da natureza sem a interferência humana. 
Os atos jurídicos: são fatos derivados da interferência humana. São atos humanos. 
 
A) Fatos naturais ou fato jurídico em sentido estrito– acontecimento da natureza que 
gera efeitos jurídicos com ou sem a intervenção humana. Ex. nascimento, morte, 
decurso de tempo, maioridade terremoto, chuva... Dividem-se em: 
 Ordinários: relacionados ao homem, mas independente da sua vontade. Ex. o 
nascimento, a morte, o decurso do tempo, os acidentes ocorridos em razão do 
trabalho, a menoridade, a maioridade, etc. 
 Extraordinários: como o caso fortuito e a força maior, que se caracterizam pela 
presença de dois requisitos. 
 
Caso fortuito ou força maior - requisitos 
 
1) OBJETIVO: inevitabilidade do evento; 
2) SUBJETIVO: a ausência de culpa na produção do acontecimento. 
 
Na força maior conhece-se a causa que dá origem ao evento, pois se trata de um fato 
da natureza, como o raio, que provoca incêndio, a inundação, que danifica produtos. 
No caso fortuito, acidente que gera o dano advém de causa desconhecida, como o 
cabo elétrico aéreo que se rompe e cai sobre fios telefônicos, causando incêndio. 
 
B) Ato jurídico em sentido amplo ou em sedo lato: são atos jurídicos (que podem 
também ser denominados atos humanos ou atos jurígenos) aqueles eventos emanados 
de uma vontade, quer tenham intenção precípua de ocasionar efeitos jurídicos quer 
não. 
Dividem-se em: 
• Atos lícitos: são aqueles que guardam conformação com o direito. Já os atos 
lícitos são diametralmente opostos aos atos lícitos, são contrários ao direito. 
• Atos ilícitos: ao contrário dos lícitos, são aqueles atos humanos praticados em 
desacordo com o que prescreve o ordenamento jurídico, possuindo, portanto, 
efeitos negativos, tendo em vista que tais atos repercutem na esfera jurídica. 
 
Os altos lícitos se subdividem em: 
 Ato jurídico em sentido estrito ou meramente lícito 
 Negócio jurídico; 
 Ato-fato jurídico. 
 
O ato jurídico em sentido estrito ou meramente lícito constitui simples manifestação de 
vontade, sem conteúdo negocial, que determina a produção de efeitos legalmente 
 
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previstos. Neste tipo de ato, não existe propriamente uma declaração de vontade 
manifestada com o propósito de atingir, dento do campo da autonomia privada, os 
efeitos jurídicos pretendidos pelo agente (como no negócio jurídico), mas sim um 
simples comportamento humano deflagrador de efeitos previamente estabelecidos em 
lei. 
Subdivide-se em: materiais ou reais e participações. 
 
Os atos materiais ou reais são os atos quais existem uma vontade consciente na origem 
da atividade humana, mas o mesmo não ocorre na produção dos seus efeitos, ou seja, 
existe uma vontade na produção de um ato, mas não objetivando a produção de seus 
efeitos, os quais são produzidos sem o seu querer. 
Exemplos: no reconhecimento da filiação, a percepção de frutos (colher o fruto de uma 
árvore, em local permitido), a fixação de domicílio, a despedida sem justa causa do 
empregado, a adoção. 
 
As participações são atos de mera comunicação, dirigidos a um destinatário, sem cunho 
negocial, que se consumam por uma declaração. 
 Nas participações há um ato intencional que se consuma por meio da declaração, com 
as repercussões pretendidas pelo seu autor, consistente no desejo de levar a terceiros a 
ciência de um determinado intuito, ou da ocorrência de determinado fato; 
Exemplos: notificação, intimação, confissão, aviso, etc. 
 
Negócio Jurídico: consiste na manifestação de vontade que procura produzir 
determinado efeito jurídico. Trata-se de uma declaração de vontade que não apenas 
constitui um ato livre, mas pela qual o declarante escolhe os efeitos que dela decorrerão. 
Finalidade Negocial: No negócio jurídico a manifestação da vontade tem finalidade 
negocial, que abrange a aquisição, conservação, modificação ou extinção. 
 
Nos atos-fatos jurídicos a vontade humana é irrelevante, o que importa é o resultado 
produzido. Nestes casos o elemento psíquico pouco importa, ou seja, não é relevante 
que o ato-fato jurídico tenha sido praticado por um incapaz, por exemplo. 
Exemplo disto é um louco encontrar um tesouro. Ele não tinha intenção de encontrar o 
tesouro, mas o encontrou. Para o ordenamento importa que ele o ache, e 
independentemente do agente ser capaz e da intenção dele, ainda assim serão aplicadas 
as normas do artigo 1264 do Código Civil, ou seja, independentemente de um louco ter 
achado o tesouro, ele será dono de parte dele. 
 
 
 
 
 
 
 
 
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ATOS MERAMENTE 
LÍCITOS: ART. 185 CC 
ATO-FATO JURÍDICO NEGÓCIO JURÍDICO 
O efeito da manifestação de 
vontade está predeterminado 
na lei. 
Podem ser. 
 Materiais ou reais 
 Participações 
É o fato jurídico qualificado pela 
atuação humana, sendo 
irrelevante para o direito se a 
pessoa teve ou não a intenção de 
praticá-lo. 
A conduta do agente não tinha 
por fim imediato adquirir-lhe a 
metade, mas tal acaba ocorrendo, 
por força do disposto no art. 
1.264 CC. 
Ainda que se trate de um 
absolutamente incapaz, assim, o 
louco, pelo simples achado do 
tesouro, torna-se proprietário de 
parte dele. A intenção do agente 
é irrelevante. 
Consiste na manifestação de vontade que 
procura produzir determinado efeito 
jurídico. Trata-se de uma declaração de 
vontade que não apenas constitui um ato 
livre, mas pela qual o declarante escolhe 
os efeitos que dela decorrerão. 
Finalidade Negocial: No negócio jurídico 
a manifestação da vontade tem finalidade 
negocial, que abrange a aquisição, 
conservação, modificação ou extinção de 
direitos. 
 
 
É a conjunção do direito com seu titular. Adquirir um direito é tornar-se o titular do 
mesmo e ser o titular de um direito é possuir a mesma como coisa própria, é apropriar-
se dele. Todo direito pertence a alguém que o adquire, e esse alguém, em virtude da 
aquisição, assume a posição de titular do direito, e este titular recebe a denominação de 
sujeito de direito. Segundo Carlos Roberto Gonçalves, ocorre à aquisição de um direito 
com sua incorporação ao patrimônio e à personalidade do titular 
 
Originária: quando se dá sem qualquer interferência do anterior titular. Ex.: ocupação 
de coisa sem dono, apropriação de uma concha que o mar atira na praia (res derelicta ou 
res nullius). Art. 1.263 e art. 1.260 CC. Usucapião 
Derivada: quando decorre da transferência feita por outra pessoa, ou seja, quando 
houver a transmissão do direito de propriedade de uma pessoa a outra, existindo uma 
relação jurídica entre o anterior e o atual titular. Ex. compra e venda (481CC), doação 
(538 CC), herança (1784 CC). 
Nesse caso, o direito é adquirido com todas as qualidades ou defeitos do titulo anterior, 
visto que ninguém pode transferir mais direitos do que tem. Ex. compra e venda. 
 
Direito adquirido: É o que já se incorporou definitivamente ao patrimônio e/ou à 
personalidade do sujeito de direito. 
O direito torna-se adquirido por conseqüência concreta e direta da norma jurídica ou 
pela ocorrência, em conexão com a imputação normativa, de fato idôneo, que

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