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*Giorgio Romano, 14.maio.2008 * * Ciência, Tecnologia e Sociedade (CTS) Bazzo – O que é CTS? Prof. Giorgio Romano Tidia: Prof Giorgio CTS 17 de setembro de 2010 *Giorgio Romano, 14.maio.2008 * * Imagem tradicional da C&T Imagem tradicional da ciência: modelo linear de desenvolvimento: mais ciência => mais tecnologia => mais riqueza => mais bem-estar social Crescimento econômico e progresso social virão por conseqüência Visão clássica do positivismo e escola funcionalista da sociologia da ciência: Ciência produz a acumulação de um conhecimento objetivo acerca do mundo *Giorgio Romano, 14.maio.2008 * * Premissas da visão tradicional Premissa: ciência busca a verdade e por isso precisa ficar livre da interferência de valores sociais reivindicação de autonomia da instituição científica diante do controle político A partir da década de 1970, novos movimentos sociais e políticos fazem da tecnologia moderna e do estado tecnocrático alvos de sua luta => identificação de tecnologia com armamentos, cobiça e degradação ambiental *Giorgio Romano, 14.maio.2008 * * Visão crítica Há um divórcio entre ciência e sociedade; esforços em pesquisa básica se concentram em campos muito esotéricos, completamente distantes dos problemas sociais cotidianos; C&T aplicada vinculadas ao benefício imediato; a serviços dos ricos e governos poderosos (há contradição?); consulta sobre decisões de política científica ou tecnológica somente a cientistas ou homens ou interesses econômicos. *Giorgio Romano, 14.maio.2008 * * Mitos 1) Mito do benefício infinito: mais ciência e mais tecnologia conduzirão inexoravelmente a mais benefícios sociais (Science the endless frontier) => bem-estar nacional depende do financiamento da ciência básica 2) Mito do controle interno: controle de qualidade científica da pesquisa já resolve problema responsabilidades morais Critérios: a) arbitragem entre os pares b) reprodutibilidade *Giorgio Romano, 14.maio.2008 * * Avanço de visão crítica Demanda para supervisionar efeitos da tecnologia sobre a natureza e a sociedade => demanda por regulação da C&T; surgiu movimento pró-tecnologia alternativa (movimentos ecologista); manifestação Papa Paulo VI Humanae Vitae: rejeição do controle artificial da natalidade; reivindicação: novo contrato social => reorientar prioridades e objetivos para as autênticas necessidades sociais. *Giorgio Romano, 14.maio.2008 * * Avanço de visão crítica Síndrome de Frankenstein: as mesmas forças utilizadas para controlar a natureza se voltem contra nós destruindo o ser humano. Disse o monstro a Victor Frankenstein: “Tu és meu criador, mas eu sou o teu senhor” Parque dos Dinossauros: temor das forças desencadeadas pelo poder do conhecimento *Giorgio Romano, 14.maio.2008 * * Da crítica ao novo campo de pesquisa Surge novo campo de pesquisa: compreender a dimensão social da ciência e da tecnologia: antecedentes (caracterização social dos fatores responsáveis pela mudança científica) conseqüências/ repercussões éticas, sociais, ambientais, culturais => filosofia e história da C&T sociologia do conhecimento científico educação em C&T economia da mudança técnica *Giorgio Romano, 14.maio.2008 * * Visões contrastantes C&T como processo/ atividade autônoma que segue uma lógica interna de desenvolvimento. ou Processo inerentemente social: valores morais, convenções humanas (regras que utilizamos para interpretar, representar e estruturar a realidade) convicções (religiosas), interesses profissionais, pressões econômicas desempenham um papel decisivo. *Giorgio Romano, 14.maio.2008 * * Problematizar objetividade C&T Configuração de tecnologia que teve êxito não é a única possível => estudo para entender por que algumas variantes sobrevivem e outras não identificar processo de seleção como um processo social negação da concepção linear de progresso científico-tecnológico + crítica ao determinismo tecnológico. => precisa identificar atores/ relações de poder/ dinâmicas de negociação *Giorgio Romano, 14.maio.2008 * * Problematizar objetividade C&T Desenvolvimento tecnológico não é um processo linear de acumulação de melhorias. Enfoque construtivista: controvérsias científicas ou tecnológicas usando análise das diferentes opções dos grupos sociais relevantes. As controvérsias surgem na opinião pública – meios de comunicação => entra na agenda política (ex. energia nuclear) Conferência mundial da ONU – Budapeste, 1999, Ciência para o Século XXI: um novo compromisso *Giorgio Romano, 14.maio.2008 * * Democratizar processo decisório? Visões opostas: I Deixar com os especialistas as decisões com relação à gestão do risco gerado pela aplicação do conhecimento (argumento da complexidade das questões/ argumento tecnocrático) ou II Defesa da participação na gestão das mudanças científico- tecnológicas *Giorgio Romano, 14.maio.2008 * * Argumentos para democratização C&T 1) Realismo tecno-social: as decisões tecno- científicas nunca são neutras; 2) necessidade de construir consenso social => participação pública levará a melhores resultados (participação educará os indivíduos) => neutralizar reações negativas/ evitar desconfiança risco de NIMBY: not-in-my-back-yard ou BANA: build-absolutely-nothing-any-where questão moral: cultura pós-moderno de perda de referências éticas/morais => alternativa: consenso democrático; *Giorgio Romano, 14.maio.2008 * * Argumentos para democratização C&T especialistas tendem a promover seus interesses x interesses do público em geral; princípio democrático: os diretamente afetados pelas decisões técnicas têm direito de dizer algo sobre o que lhes afeta (autonomia moral); juízos dos leigos são tão válidos quanto os dos especialistas (seria simplesmente outro olhar); => renegociar/ repactuar relações entre ciência e sociedade estabelecer os objetivos supervisionar *Giorgio Romano, 14.maio.2008 * * Democratizar: como? Problema: 1) Identificar os atores sociais (a sociedade?)/ quais os critérios para participação? 2) Como coordenar os diversos interesses na participação pública (ex. através de representações de classe?) *Giorgio Romano, 14.maio.2008 * * Quem participa? Critérios para definir atores relevantes? pessoas diretamente afetadas pela inovação tecnológica consumidores dos produtos da C&T público interessado por motivos políticos e tecnológicos comunidade científica outros? *Giorgio Romano, 14.maio.2008 * * Como organizar a participação? 1) audiências públicas programa previamente determinado pelos representantes da administração público é convidado a escutar as propostas governamentais e a comentá-las 2) gestão negociada comitê negociador composto por representantes da administração e por grupos de interesse envolvidos procurar consenso *Giorgio Romano, 14.maio.2008 * * Como organizar a participação? 3) painéis de cidadãos modelo de jurado: cidadãos comuns escolhidos por sorteio/ amostra aleatória para apreciar assunto no qual são leigos consultivo ou decisório 4) pesquisa de opinião testemunho da percepção pública sobre um assunto determinado 5) questionar em juízo (âmbito judicial) 6) consumo diferencial: efetividade controle social depende de informação e legislação *Giorgio Romano, 14.maio.2008 * * Como organizar a participação? Em todos os casos: precisa de esforço para otimizar mecanismos de participação: articular uma opinião pública crítica, informada e responsável => importância de educação em C&T Democracia pressupõe capacidade para entender alternativas, expressar opiniões, tomar decisões fundamentadas *Giorgio Romano, 14.maio.2008 * * Contribuição CTS para os alunos do C&T: sensibilidade crítica acerca dos impactos sociais e ambientais derivados das novas tecnologias/ criar imagem mais realista da natureza social da C&T para os alunos das CH: capacitá-los para participar em qualquer controvérsia pública ou em qualquer discussão institucional sobre tais políticas => diminuir abismo mútuo entre culturas humanísticas e cientifico- tecnológicos *Giorgio Romano, 14.maio.2008 * * Limites CTS Não impor a priori restrições ao desenvolvimento da ciência e da tecnologia. Não estabelecer alguma classe de controle político ou social sobre as atividades dos cientistas.
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