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PEQUENO HISTÓRICO, GARRETT E HERCULANO

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O ROMANTISMO PORTUGUÊS – PEQUENO HISTÓRICO, GARRETT E HERCULANO
MOMENTO HISTÓRICO
	No início do século XIX, Portugal, que estava estreitamente vinculado ao que se passava no resto da Europa, vai refletir também a radical transformação cultural e histórica operada em seguida aos acontecimentos relacionados com a Revolução Francesa (1789); os quais desencadeiam a crise dos sistemas monárquicos absolutistas. Com isso, o chamado movimento liberal, com a sua doutrina sócio-política, alavanca a ascensão da burguesia.
	Mas a corte de D. João VI translada-se para o Brasil, por conta da invasão napoleônica, provocando a independência econômica brasileira em 1807, devida à abertura dos portos. Por outro lado, a burguesia portuguesa que ficou na terra natal entra em crise aguda; já que vivia, principalmente, das exportações para o mercado brasileiro. Dessa forma os ânimos ficam exaltados e inicia-se um processo de reação que gera as lutas entre absolutistas e liberais, estes procurando recolocar Portugal em sintonia com o resto da Europa.
	Em 1817 os franceses são expulsos e, sob o governo do general inglês Beresford, que combatera Napoleão em terras portuguesas, Gomes Freire de Andrade prepara uma conspiração de caráter liberal, mas é denunciado e acaba preso e, por fim, enforcado.
	Já na cidade do Porto, em 1820, uma revolução com propósitos idênticos aos de Gomes Freire sai vitoriosa ao conseguir a adesão da cidade de Lisboa e de boa parte das outras cidades portuguesas. É a partir desse período que as lutas entre uma burguesia ascendente contra a Igreja e a aristocracia, que detêm os bens feudais, começam e vão durar até a aprovação da lei de Mouzinho da Silveira, em 1834, que abolirá todos os direitos senhoriais da Igreja sobre suas terras.
	Neste período, em 1822, organiza-se a Carta Constitucional dentro de uma nova linha política, inspirada em Cádis, a qual evidencia como único soberano o povo, a nação. Contudo, ao mesmo tempo em que no Brasil é proclamada a independência, D. Miguel prepara, em Vila Franca, um comício totalmente absolutista, provocando muita turbulência e a queda do vintismo (como ficou conhecida a Revolução de 1820), e da Constituição, em 1823.
	No ano seguinte D. João VI, que está governando sem a Constituição de 20, considerada muito liberal, tem que exilar D. Miguel que, insatisfeito, tenta um novo golpe absolutista e é exilado por D. João VI; que obtém, dessa forma uma semipacificação em terras lusas.
	Com a morte de D. João VI, em 1826, e a abdicação de D. Pedro ao trono português, em favor da filha D. Maria da Glória. É então que D. Miguel, ainda no exílio, reaparece como um dos protagonistas da história portuguesa, tendo em vista a aceitação da proposta feita por D. Pedro de casar-se por procuração com D. Maria da Glória, então ainda menina. Neste mesmo ano, a nobreza redige uma nova Carta Constitucional, colocada como uma “dádiva à Nação”.
	Em 1827, ainda no exílio, D. Miguel, jura esta nova carta e casa-se. 
	Ao regressar, em 1828, D. Miguel é aclamado como rei de Portugal pela população. Logo após, é deflagrada uma intensa e severa perseguição aos liberais. Esse fato provoca uma guerra civil que dura até 1834 e da qual os liberais saem vitoriosos.
	Além da lei de Mouzinho da Silveira abolindo os direitos senhoriais da Igreja sobre as terras que detém, Joaquim Antonio de Aguiar confisca todos os bens da Igreja, acarretando novas relações sociais no campo. Mas o que poderia caminhar em uma direção toma outro curso e é nesta época que surge a burguesia rural proprietária (os Barões), que se erigiu em grupo governante.
	Mas, se a burguesia “endinheirada” tem seus problemas resolvidos, a pequena burguesia e artífices ainda têm muitos. Então, nesse quadro, organiza-se os dois partidos do novo regime: cartistas, dos proprietários rurais; e o dos setembristas, da pequena burguesia industrial e manufatureira.
	No entanto, a luta pelo poder entre D. Pedro e D. Miguel continua. A princípio D. Miguel sai vitorioso. Contudo, D. Pedro arma e organiza um exército e, em 1833, invade Portugal pelo norte e obtém a vitória.
	A Convenção de Evoramonte, de 1834, obriga D. Miguel a abandonar o trono e o país. Dessa forma chega ao fim, supostamente, as lutas pela implantação do Liberalismo em Portugal.
	A “nova” literatura também é considerada uma revolução pelas suas conseqüências radicais e pela quebra do continuísmo existente.
	Ideologicamente, o romantismo português exprime o compromisso com o antifeudalismo, procurando limitar as conseqüências dessa transformação.
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João Batista da Silva Leitão de ALMEIDA GARRETT
Escritor e Dramaturgo romântico, foi o proponente da edificação do Teatro Nacional de D. Maria II e da criação do Conservatório. 
Nasceu no Porto, em 4 de fevereiro de 1799 e morreu em Lisboa em 9 de dezembro de 1854.
Filho segundo do selador-mor da Alfândega do Porto, acompanhou a família quando esta se refugiou nos Açores, onde tinha propriedades, fugindo da segunda invasão francesa, realizada pelo exército comandado pelo Marechal Soult que entrando em Portugal por Chaves se dirigiu para o Porto, ocupando-o.
Passou a adolescência na ilha Terceira, tendo sido destinado à vida eclesiástica, devendo entrar na Ordem de Cristo, por intercedência do tio paterno, Frei Alexandre da Sagarada Família, bispo de Malaca e depois de Angra. 
Em 1816, tendo regressado a Portugal, inscreveu-se na Universidade, na Faculdade de Leis, sendo aí que entrou em contacto com os ideais liberais. Em Coimbra, organiza uma loja maçônica, que será freqüentada por alunos da Universidade como  Manuel Passos. Em 1818, começa a usar o apelido Almeida Garrett, assim como toda a sua família.
Participa entusiasticamente na revolução de 1820, de que parece ter tido conhecimento antecipado, como parece provar a poesia As férias, escrita em 1819. Enquanto dirigente estudantil e orador defende o vintismo com ardor escrevendo um Hino Patriótico recitado no Teatro de São João. Em 1821, funda a Sociedade dos Jardineiros, e volta aos Açores numa viagem de possível motivação maçônica. De regresso ao Continente, estabelece-se em Lisboa, onde continua a publicar escritos patrióticos. Concluindo a Licenciatura em novembro deste ano.
Em Coimbra publica o poema libertino O Retrato de Vénus, que lhe vale ser acusado de materialista e ateu, assim como de «abuso da liberdade de imprensa», de que será absolvido em 1822. Torna-se secretário particular de Silva Carvalho, secretário de estado dos Negócios do Reino, ingressando em agosto na respectiva secretaria, com o lugar de chefe de repartição da instrução pública. No fim do ano, em 11 de Novembro, casa com Luísa Midosi.
A Vilafrancada, o golpe militar de D. Miguel que, em 1823, acaba com a primeira experiência liberal em Portugal, leva-o para o exílio. Estabelece-se em Março de 1824 no Havre, cidade portuária francesa na foz do Sena, mas em dezembro está desempregado, o que o leva a ir viver para Paris. Não lhe sendo permitido o regresso a Portugal, volta ao seu antigo emprego no Havre. Em 1826 está de volta a Paris, para ir trabalhar na livraria Aillaud. A mulher regressa a Portugal. 
É anistiado após a morte de D. João VI, regressando com os últimos emigrados, após a outorga da Carta Constitucional, reocupando em Agosto o seu lugar na Secretaria de Estado. Em Outubro começa a editar «O Português, diário político, literário e comercial», sendo preso em finais do ano seguinte. Libertado, volta ao exílio em Junho de 1828, devido ao restabelecimento do regime absoluto por D. Miguel. De 1828 a dezembro de 1831 vive em Inglaterra, indo depois para França, onde se integra num batalhão de caçadores, e mais tarde, em 1832, para os Açores integrado na expedição comandada por D. Pedro IV. Nos Açores transfere-se para o corpo acadêmico, sendo mais tarde chamado, por Mouzinho da Silveira, para a Secretaria de Estado do Reino. 
Participa na expedição liberal que desembarca no Mindelo e ocupa o Porto em julho de1832. No Porto, é reintegrado como oficial na secretaria de estado do Reino, acumulando com o trabalho na comissão encarregada do projeto de criação do Códigos Criminal e Comercial. Em Novembro parte com Palmela para uma missão a várias cortes européias, mas a missão é dissolvida em janeiro e Almeida Garrett vê-se abandonado em Inglaterra, indo para Paris onde se encontra com a mulher. Só com a ocupação de Lisboa em Julho de 1833, consegue apoio para o seu regresso, que acontece em Outubro. Em novembro é nomeado secretário da comissão de reforma geral dos estudos. Em Fevereiro do ano seguinte é nomeado cônsul-geral e encarregado de negócios na Bélgica, onde chega em junho, mas é de novo abandonado pelo governo. Regressa a Portugal em princípios de 1835, regressando ao seu posto em maio. Estava em Paris, em tratamento, quando foi substituído sem aviso prévio na embaixada belga. Nomeado embaixador na Dinamarca, é demitido antes mesmo de abandonar a Bélgica.
Estes sucessivos abandonos por parte dos governos cartistas, levam-no a envolver-se com o Setembrismo, dando assim origem à sua carreira parlamentar. Logo em 28 de Setembro de 1836 é incumbido de apresentar uma proposta para o teatro nacional, o que faz propondo a organização de uma Inspeção-Geral dos Teatros, a edificação do Teatro D. Maria II e a criação do Conservatório de Arte Dramática. Os anos de 1837 e 1838, são preenchidos nas discussões políticas que levarão à aprovação da Constituição de 1838, e na renovação do teatro nacional.
Em 20 de Dezembro é nomeado cronista-mor do Reino, organizando logo no princípio de 1839 um curso de leituras públicas de História. No ano seguinte o curso versa a «história política, literária e científica de Portugal no século XVI».
Em 15 de Julho de 1841 ataca violentamente o ministro António José d'Ávila, num discurso a propósito da Lei da Décima, o que implica a sua passagem para a oposição, e o leva à demissão de todos os seus cargos públicos. Em 1842, opõem-se à restauração da Carta proclamada no Porto por Costa Cabral. Eleito deputado nas eleições para a nova Câmara dos Deputados cartista, recusa qualquer nomeação para as comissões parlamentares, como toda a esquerda parlamentar. No ano seguinte ataca violentamente o governo cabralista, que compara ao absolutista. 
É neste ano de 1843 que começou a publicar, na Revista Universal Lisbonense, as Viagens na Minha Terra, descrevendo a viagem ao vale de Santarém começada em 17 de Julho. Anteriormente, em 6 de Maio, tinha lido no Conservatório Nacional uma memória em que apresentou a peça de teatro Frei Luís de Sousa, fazendo a primeira leitura do drama.
Continuando a sua oposição ao Cabralismo, participa na Associação Eleitoral, dirigida por Sá da Bandeira, assim como nas eleições de 1845, onde foi um dos 15 membros da minoria da oposição na nova Câmara. Em 17 de Janeiro de 1846, proferiu um discurso em que considerava a minoria como representante da «grande nação dos oprimidos», pedido em 7 de Maio a demissão do governo, e em Junho a convocação de novas Cortes
Com o advento da revolução da Maria da Fonte, e da Guerra Civil da Patuleia, Almeida Garrett que apóia o movimento, tem que passar a andar escondido, reaparecendo em Junho, com a assinatura da Convenção do Gramido.
Com a vitória cartista e o regresso de Costa Cabral ao governo, Almeida Garrett é afastado da vida política, até 1852. Em 1849, passa uma breve temporada em casa de Alexandre Herculano, na Ajuda. Em 1850, subscreve com mais de 50 outras personalidades um Protesto contra a Proposta sobre a Liberdade de Imprensa, mais conhecida por «lei das rolhas». Costa Cabral nomeia-o, em dezembro,  para a comissão do monumento a D. Pedro IV
Com o fim do Cabralismo e o começo da Regeneração,  em 1851, Almeida Garrett é consagrado oficialmente. É nomeado sucessivamente para a redação das instruções ao projeto da lei eleitoral, como plenipotenciário nas negociações com a Santa Sé, para a comissão de reforma da Academia das Ciências, vogal na comissão das bases da lei eleitoral, e na comissão de reorganização dos serviços públicos, para além de vogal do Conselho Ultramarino, e de estar encarregado da redação do que irá ser o  Ato  Adicional à Carta. Em 25 de Junho é agraciado com o título de Visconde, em duas vidas.
Em 1852 é eleito novamente deputado, e de 4 a 17 de Agosto será ministro dos Negócios Estrangeiros. A sua última intervenção no Parlamento será  em Março de 1854 em ataque ao governo na pessoa de Rodrigo de Fonseca Magalhães.
Morre devido a um cancro de origem hepática, tendo sido sepultado no Cemitério dos Prazeres.
Fontes: 
Revista da Bibilioteca Nacional, n.º 4, Primavera de 1999 (número consagrado a Almeida Garrett, e integrado nas comemorações do Bicentenário do seu nascimento); 
António José Saraiva e Óscar Lopes. História da Literatura Portuguesa, Porto: Porto Editora, 1975
Sobre o romantismo português
Durante o século XIX, Portugal participou de grandes transformações políticas europeias. Nesse período as primeiras manifestações pré-românticas aconteceram, mas o Romantismo só teve início no final dos anos 20.
O introdutor do Romantismo em Portugal é Almeida Garrett, essa nova escola dominará até a década de 60.
Conforme se sucederam as gerações dos autores o Romantismo foi evoluindo, isso se deu em três momentos:
* Primeira geração romântica portuguesa
- Sobrevivência de características neoclássicas;
- Nacionalismo;
- Historicismo, medievalismo.
Principais autores:
- Almeida Garrett
Obras:
Poesia: Camões (1825); Dona Branca (1826); Lírica de João Mínimo (1829); Flores sem fruto (1845); Folhas caídas (1853).
Prosa: Viagens na minha terra (1843-1845); O Arco de Santana (1845-50).
Teatro: Catão (1822); Mérope (1841); Um Auto de Gil Vicente (1842); O alfageme de Santarém (1842); Frei Luís de Sousa (1844); D. Filipa de Vilhena (1846).
- Alexandre Herculano
Obras:
Polêmicas e ensaios: A voz do profeta (1836); Eu e o clero (1850); A ciência arábico-acadêmica (1851); Estudos sobre o casamento civil (1866); Opúsculos (10 volumes, 1873 – 1908).
Historiografia: História de Portugal (1846-1853); História da origem e estabelecimento da Inquisição em Portugal (1854-1859).
Poesia: A harpa do crente (1838).
Prosa de ficção: Eurico, o presbítero (1844); O monge de Cister (1848); Lendas e narrativas (1851); O bobo 1878 publ. póst.).
- Antônio Feliciano de Castilho
* Segunda geração romântica portuguesa
- Mal do século;
- Excessos do subjetivismo e do emocionalismo românticos;
- Irracionalismo;
- Escapismo, fantasia;
- Pessimismo.
Principais autores:
- Camilo Castelo Branco
Obras: Carlota Ângela (1858); Amor de perdição (1862); Coração, cabeça e estômago (1862); Amor de salvação (1864); A queda dum anjo (1866); A doida do Candal (1867); Novelas do Minho (1875-77); Eusébio Macário (1879); A corja (1880); A brasileira de Prazins (1882).
- Soares Passos
* Terceira geração romântica portuguesa
- Diluição das características românticas;
- Pré-realismo.
Principais autores:
- João de Deus
- Júlio Diniz. 
Obras:
Romance: As pupilas do senhor reitor (1867); Uma família inglesa (1868); A morgadinha dos canaviais (1868); Os fidalgos da casa mourisca (1871).
Conto: Serões da província (1870).
Poesia: Poesias (1873)
Teatro: Teatro inédito (3 vol. – 1946-47)
Por Marina Cabral - Especialista em Língua Portuguesa e Literatura�
Roteiro bio-bibliográfico
1799 -	João Baptista da Silva Leitão, a que só depois acresceram os nomes com os quais se notabilizou; nasce a 4 de fevereiro numa casa da velha zona ribeirinha do Porto, não longe da alfândega de que o pai possuía o cargo de selador-mor. Segundo filho, entre cinco irmãos, de António Bernardo da Silva e de Ana Augusta de Almeida Leitão, família burguesa ligada à atividade comercial e proprietária de terras na região portuense e nas ilhas açoreanas;
1809–1816 -	Partida da família para os Açores, antes que as tropas de Soult entrassem no Porto.Adolescência na ilha Terceira, destinado à carreira eclesiástica, entre a escola régia do padre João António e as aulas do erudito Joaquim Alves a que a aprendizagem no seio familiar dava seqüência. Chegou a tomar ordens menores com que, por intercedência do tio Alexandre, então bispo de Angra, deveria ingressar na ordem de Cristo, mas cedo recusou prosseguir;
1816–1820 -	Primeiras incursões literárias, algumas já com o pseudônimo de Josino Duriense: Odes Anacreônticas, c. 1814 (ed. póst. 1902); algumas das primeiras poesias inclusas na Lírica; poema épico inacabado Afonseida, ou fundação do império lusitano, 1815-16 (ed. póst. 1985); um esboço trágico de Ifigénia em Tauride, 1816 (ed. póst. 1952) e a tragédia Xerxes. Segue para Coimbra. Cursa Direito e, ao contacto com os escritores das Luzes, acresceu a leitura dos primeiros românticos, enquanto transformava em ardor revolucionário a rápida adesão às idéias liberais. Se, de início, pouco escreveu, depressa intensificou a criação literária. Compõe poemas de sabor árcade, mais tarde reunidos no volume Lírica de João Mínimo (1829) e tenta o teatro, escrevendo a peça Lucrecia, representada em 1819, Mérope, Afonso de Albuquerque, Catão, tragédia representada em 1821;
1820-1823 -	O jovem bacharel e liberal maçônico participou com ardor na revolução vintista, como poeta e dramaturgo, mas também como dirigente estudantil e orador, por entre atividades clandestinas. Curiosamente, as obras deste período, bem como a correspondência pública, eram datadas conforme o calendário francês republicano. Forma-se e adquire notoriedade com a publicação do poema considerado libertino: Retrato de Vênus, que lhe vale ser acusado de materialista e ateu, assim como de «abuso da liberdade de imprensa», de que será absolvido em 1822. Casa-se com Luísa Midosi, uma jovem de catorze anos, e ingressa em agosto no Ministério do Reino, como secretário de estado dos Negócios do Reino, com o lugar de chefe de repartição da instrução pública, depois de torna-se secretário particular de Silva Carvalho;
1823-1828 -	Em precária subsistência, à distância de um 1º exílio na Inglaterra permitiu-lhe melhor refletir criticamente e atualizar conhecimentos que marcaram a virada romântica do autor, sem completo abandono clássico e racionalista. No seguinte e curto período da primeira vigência da Carta, aplicou-se em trabalhos políticos que fixaram as bases de doutrinação liberal pelos quais irá pautar toda a sua posterior carreira de «homem público». Ainda tentando melhorar a subsistência, muda-se para o Havre (França) e dá continuidade aos escritos dentro dos novos modelos: Camões (1825); D. Branca (1826). Regressa a Portugal (1826);
1828-1834 -	com a subida de D. Miguel ao trono, Garrett vê-se forçado a um 2º exílio na Inglaterra, em piores condições que o anterior, onde demora pouco tempo, passando para a França e de lá para a Ilha Terceira. É neste período momento que se junta ao exército liberal de D. Pedro IV e em que ao novo rumo do gosto literário junta a pedagogia liberal de uma legalidade constitucional e de uma prática das liberdades, colaborando diretamente nos primeiros monumentos legislativos do liberalismo e iniciando-se na carreira diplomática, sendo é nomeado para tratar dos negócios de Portugal junto ao governo belga. Participa do desembarque das forças liberalistas no Mindelo e escreve, enquanto dura o cerco do Porto, O Arco de Santana, só publicado entre 1845 e 1850. Contudo, nunca perde de vista a publicação das obras que vai compondo em meio a uma vida atribulada e cheia de aventuras;
1835-1840 -	A breve ostracismo, com que a nova administração liberal o relegou para o estrangeiro, seguiu-se o envolvimento no setembrismo, com colaboração na ordem jurídica demoliberal, e o início da carreira parlamentar, ao mesmo tempo que lançou as bases do teatro nacional, quando ajuda a fundar o teatro de D. Maria II e o Conservatório Dramático. De volta a Lisboa, separa-se da esposa ;
1841-1850 -	Com a década cabralista - durante a qual «passou para os bancos da oposição», em que emergiu na liderança da minoria parlamentar, ou foi afastado das atividades públicas - coincidiu o auge da sua carreira literária, produzindo as obras-primas que definitivamente o consagraram e entre as quais não faltam as diatribes contra a nova aristocracia dos barões ou agiotas. Conhece Adelaide Deville, que lhe dará uma filha. Publica Viagens na minha terra;
1851-1854 -	O início da chamada Regeneração, último ato de sinceridade política do liberalismo, de que foi paladino, marcou a sua consagração oficial, conquanto breve: foi visconde, sem que o título alcançasse desejada segunda vida, pois novos amores ocupam-lhe a imaginação, um dos quais, pela Viscondessa da Luz, lhe inspirará Folhas caídas (1853); ocupou o posto de Ministro dos Negócios Estrangeiros, somente por cinco meses, vítima de intriga; par de um reino cujo governo rápido criticou até ao fim da vida. Em 9 de novembro de 1854, falece deixando uma novela de tema brasileiro: Helena.
QUANDO SE FUNDEM HISTÓRIA E CULTURA EM GARRETT
	Em 9 de junho de 1828, um golpe de estado conhecido pelo nome de Vila-Francada aboliu a Constituição de 1822. Garrett empenhara-se em uma campanha jornalística de compromisso e moderação, já muito afastada do seu anterior “vintismo”, mas a perseguição que começou a sofrer foi se agravando à medida que a força absolutista crescia. Então, teve de fugir par a Inglaterra.

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