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Universidade Federal do Rio Grande do Sul LUÍS FRANCISCO RAMOS-LIMA Faculdade de Medicina ATM 2012/2 Disciplina: GINECOLOGIA E OBSTETRÍCIA Aula 1: ANAMNESE E EXAME FÍSICO EM GINECOLOGIA Data: 05/07/10 Rotinas em Ginecologia + Notas de aula 1. História ginecológico-obstétrica: deve-se observar os seguintes itens: • Anticoncepção: vontade de gestar, método utilizado, duração e eventuais complicações • Atividade sexual: inicio, freqüência, orgasmo, desconforto, variedade de parceiros, dispareunia, sinusorragia (sangramento durante a atividade sexual) • Infecções: de origem pélvica, tratamentos, DSTs, seqüelas • Antecedentes obstétricos: gestações anteriores, partos vaginais e cesarianas, abortamentos, ectópicas (GnPnCnAnEn) 2. Exame físico: inicialmente, verificar PA, peso, altura (IMC), exame cardiopulmonar • Exame das mamas: o Inspeção estática: aparência da pele; tamanho e simetria das mamas, contorno das mamas, características dos mamilos, lesões da pele, rede vascular, ver se está caída (ptose) o Inspeção dinâmica: observar elevação dos braços (lesões em peitoral maior podem causar assimetria); braços para os lados e peito para frente (observar retrações de pele), forçar mãos na cintura (contrair peitorais) o Palpação: pcte deitada (em maca ginecológica, pernas sobre as perneiras) com mão do lado da mama a ser palpada; cobrir toda a superfície mamária; em nódulos, ver consistência, tamanho, mobilidade, dor à palpação; ver LN (axilares e supraclaviculares; o braço deve ser apoiado e a mão do examinador faz movimento “de concha” na axila) • Abdome: descrever aspecto geral o Cicatrizes: ver incisões (subcostal D, linha média, paramediana, apendicectomia, suprapúbica transversa [Pfannestiel], de hérnia) o Palpação e percussão: em abd gravídico, massa central com som maciço à percussão; em tu de ovário com ascite, som maciço central e timpânico nas laterais • Exame genital o Períneo: integridade, roturas, cicatrizes o Vulva: pelos, fenda, lábios, secreções, hiperemia, ulcerações, dermatopatias, malformações o Ânus: hemorróidas, plicomas, fissuras, prolapso; descrito em “horas” (12h é parte anterior) o Manobra de Valsalva: observar cistocele (bexiga), prolapso uterino ou retocele (do reto) ? grau 1 se não chega ao intróito; grau 2 se chega, e grau 3 se extrui) • Exame especular: fazer inspeção, colocar espéculo no sentido da vagina (cuidar períneo anterior, dói... o posterior não dói), introduzir até o fundo para encaixar colo do útero e abrir o especulo (movimento das “19 às 21h”) o Vagina trófica: mucosa corada, úmida, com dobras o Vagina atrófica: ressecada e pálida (mais em idosas) o Descrever orifício cervical externo (puntiforme, em fenda [normal em quem já teve gestação ou aborto], com laceração, JEC endocervical ou externalizada [+1, +2, +3]) e muco • Citopatológico (= preventivo ou Papanicolaou): rastreamento do ca de colo para mulher com atividade sexual ou dos 18-65 anos; a cada 3 anos após 2 exames normais ou após histerectomia (se doença benigna, não coletar); realiza-se coleta de células da JEC (área onde há metaplasia) com espátula de Ayre (para ectocérvice) ou cito-brush (para endocérvice) • Teste de Schiller: aplica-se a solução de Lugol (solução álcool de iodo), que cora epitélio normal (fica escuro) e mantém zonas glandulares esbranquiçadas o Schiller negativo: todo escuro (= iodo-positivo); o Schiller positivo: não cora área glandular, tanto normal quanto metaplásico (=iodo-negativo) o Mulheres com atrofia vaginal são iodo-positivas mas fracas o O SF não interfere no exame Ordem correta: Exame de mamas, abdome, retirada de secreções da vagina, especular (estática e dinâmica), CP (escova, espátula), Schiller, TV Adicionalmente, pode-se proceder a aplicação de ác acético em colposcopia quando Schiller pos para revelar lesões queratinizadas (ficam brancas – “aceto- branca”) • Toque vaginal: é bidigital e bimanual; deslizar anteriormente até borda do colo uterino; ver firmeza e mobilidade; fazer contorno pelo colo para delimitar posição do útero (normal é colo espesso e fechado) • Corrimentos o Leucorréia: branco-amarelada, leitosa; com bolhas, indica presença de anaeróbios o Exame direto: com KOH visualiza-se cândida; com clue cells, pode ser Trichomonas Aula 2: ASSISTÊNCIA PRÉ-NATAL Data: 05/07/10 Rotinas em Obstetrícia + Notas de aula Dentre os objetivos do pré-natal, estão diagnosticar ou confirmar gravidez quando ainda em dúvida; diagnosticar ou confirmar doenças maternas pré-existentes e tratar ou reduzir impacto na evolução; encaminhar casos de alto risco para centros terciários; orientar gestante quanto a hábitos de vida, dieta e ativ física; amparar e educar para o parto, aleitamento e noções de puericultura. No Brasil, o Programa de Humanização no Pré-natal e Nascimento (PHPN) determina que o número mínimo de consultas é 6: uma no 1º trim, 2 no 2º e 3 no último. O número reduzido não resulta em complicações clínicas, mas associa-se com insatisfação da gestante em relação aos cuidados pré-natais. As intercorrências mais comuns no período pré-natal são TPP, pré-eclâmpsia e eclampsia, amniorrexe. 1. Diagnóstico de gestação • História: atraso menstrual, náuseas, vômitos, tontura, sonolência, sialorréia, mudança de apetite, aumento na freqüência urinária • Ex físico: aumento mamas (tubérculos de Montgomery [gl sebácea da aréola]), presença de colostro, coloração violácea vulvar (sinal de Jacquemier), cianose vaginal e cervical (sinal de Chadwick) • Ex laboratoriais: β-hCG (pode ser detectado no sangue entre 8 a 11 dias após a concepção) • A ausculta do BCF (sonar a partir da 10ª semana) e a ECO (deve ser realizada entre 10-13 semanas; pode-se identificar BCF desde a 5ª) dão o diagnóstico de certeza 2. Medidas pré-concepcionais: requerem que a gestante consulte antes de engravidar para preparar-se. O Ac fólico deve ser dado até o 3º mês pelo forte efeito protetor contra defeitos do tubo neural. Prevenção da rubéola: se ainda não foi antes da gravidez, rastrear contra rubéola; devem ser vacinadas no puerpério. 3. Anamnese na gestação: • Nome e idade (associada com incidência de doenças); primigesta jovem: < 17 anos, primigesta idosa: > 30 anos; para > 35 anos, deve-se orientar doenças genéticas • Cor: em negras, maior incidência de anemia falciforme, miomatose uterina, mais bacia andróide • Profissão (posição, horário, esforço físico), estado civil (apoio econômico e emocional), procedência (endemias), escolaridade (grau de compreensão da situação e informações sobre gravidez) • Queixas comuns: ACV (tonturas, desmaios), trato GU (polaciúria, leucorréia), pele e anexos (estrias, linha nigra), TGI (náuseas, vômitos, sialorréia, pirose, constipação, cólicas), dor abd e lombar, cãibras • HF: cardiopatias, DM, HAS, epilepsia, neoplasias, alt psíquicas, doenças infec (TB, Hep, HIV, sífilis) • HMP • História ginecológica: menarca e regularidade do ciclo, sexarca, freqüência e nro de parceiros (DSTs), cx ginecológicas prévias • História obstétrica pregressa: evolução dos partos anteriores (cesariana ou vaginal, ectópica, natimorto, prematuridade), abortamentos (perdas por repetição), ver características dos RN anteriores o Depois de 2 cesáreas, realizar cesariana (iteratividade) • Historia obstétrica atual: paridade (GnPnAn), DUM, MAC • Cálculo da DPP (Regra de Nägele): prevê duração 280 dias; necessário conhecer DUM; soma-se 7 ao dia da DUM e subtraem-se 3 do mês; baseado em ciclos regulares e sem uso de ACO • Cálculo da IG: pode-se contar quantidade de dias a partir da DUM até consulta e dividir por 7; o quociente é a quantidade de semanas e o resto é nro de dias o 11-42% das IG estimadas pela DUM estão incorretas o Se tiver tempo estimado porECO, pode-se contar da data da ECO (1º trim) e somar o tempo • Na consulta de emergência, são fundamentais: o Subjetivo: contrações, perda de líquido, sgto vaginal, movimentação fetal e queixas urinárias o Objetivo: PA, AU, dinâmica (contrações), BCF +movimentação fetal, EE+TV 4. Exame Físico: ver mucosas (anemia), peso, PA, temp, tireóide, ausculta cardíaca, abd, mamas • Altura uterina: delimitar com fita métrica, desde a borda superior do púbis até a borda uterina; em 12 sem: útero sai da pelve; 20 sem: está na cicatriz umbilical; após 20 sem: aumenta 1cm por semana o Em 40 semanas, deve estar em torno de 34cm o Há correlação entre IG e AU entre 18 a 32 semanas o Queda 2 semanas antes do parto: insinuação (quando diâmetro biparietal se encaixa no estreito superior pélvico) o AU ↑: erro DUM, polidrâmnio, gestação múltipla, macrossomia, DM, moléstia trofoblástica o AU ↓: erro DUM, fetos pequenos, CIUR (crescimento intra-uterino restrito) • Manobras de Leopold: o 1ª manobra: altura uterina, do fundo uterino à sínfise púbica o 2ª manobra: ver a situação fetal (longitudinal, transversal ou oblíqua) e identificar dorso o 3ª manobra: ver apresentação fetal (cefálico, pélvico ou córmica) o 4ª manobra: identificar dorso e partes fetais • Ausculta de BCF: pode ser realizado com estetoscópio de Pinard a partir da 20ª semana ou com sonar doppler a partir da 10ª semana; com ECO, pode-se identificar a partir da 5ª semana 5. Exames laboratoriais: hemograma, tipagem sg, glicemia jejum, EQU, VDRL, HIV, toxo, HepB • Teste de Coombs indireto para gestante Rh neg e parceiro Rh pos ou desconhecido o Se teste pos, indicar para pré-natal de alto risco o Se teste neg, repetir mensalmente a partir da 24ª semana o Se gestante Rh neg não sensibilizada, Ig anti-D até 72h se feto Rh+ • EQU+urocultura: avaliar bacteriúria assintomática o Entre 12 a 16 sem para rastreamento; ATB é efetivo para pielonefrite aguda o Tto associado à redução na incidência de TPP e/ou baixo peso ao nascer • Glicemia: dosar independente da presença de fatores de risco; recomendado TTG de 2h com 75g glicose • HIV: na 1ª consulta do PN (1º trim) e no 3º trim • HepB: 1ª consulta e antes do parto • HepC não é rotina; investigar em fatores de risco (drogadição, HIV, presidiárias, tatuagem) • Estreptococo do grupo B: coleta swab vaginal e retal entre 35-37 sem 6. Recomendações à gestante • Exercício físico: parece melhorar ou manter capacidade; indicar se pcte já tinha atividade física prévia o 30 min por dia na maioria dos dias da semana se sem risco (recomendação CDC) o Atividades recreativas são seguras durante gravidez o Exercícios aquáticos após 20 sem melhoram lombalgia • Trabalho: se história prévia de 2 ou mais abortamentos, observar muitas horas de pé ou caminhando • Atividade sexual: não existe associação com aumento de mortalidade e prematuridade, independente da presença de vaginose bacteriana ou tricomoníase • Prescrições médicas: em princípio, todo medicamento é danoso para o feto o Poucos confirmaram segurança na gravidez; ver necessidade, benefícios e riscos fetais o Cuidar particularmente 1º trimestre o Antieméticos e paracetamol podem ser usados o Vacinas: completar esquema para anti-tetânica se não imunizadas em até 5 anos Aula 3: CICLO MENSTRUAL Data: 08/07/10 Medcurso + Notas de aula A duração de um ciclo normal varia de 21 a 35 dias, período em que se considera atividade normal das gonadotrofinas. O 1º dia da menstruação é considerado o 1º dia do ciclo. O ciclo menstrual é dividido em ciclo ovariano (fase folicular, ovulatória e lútea) e uterino (fase proliferativa, secretora e menstrual). Ecografia: de preferência, realizar - entre 11-13 sem para datação, # fetos e ver translucência nucal - após 20 sem para morfologia 1. Maturidade do eixo: a mulher, ao nascimento, possui todos os folículos que manterá durante a vida • LH e FSH mantém-se constantes durante a infância • O pico inicial de LH leva a menina a ovular (aprox. 12 anos); as mulheres atualmente tem a menarca mais cedo, em parte por hábito alimentar (existe um peso mínimo para ocorrer a menstruação) e por hiperestimulação do ambiente (em questionamento) • No início da puberdade: pulsos de GnRH ocorrem durante o sono, provocando pulsos de LH; a freqüência de LH aumenta com a maturação. Com a aproximação da menarca, pulsos ocorrem sem variação diurna; com o tempo, os pulsos de LH aparecem durante o dia e com maior amplitude (alterações semelhantes ocorrem com o FSH) • Se pulsos de GnRH com freq 30h, secreção de LH; se pulsos de 2h, FSH 2. Hormônios envolvidos: no ovário, o compartimento folicular produz principalmente E; no corpo lúteo, principalmente P; no estroma, androgênios • Estrogênio (E): produzido nas céls da teca estimulado por FSH a partir de colesterol • Progesterona (P): produzido nas céls da granulosa a partir do E, estimulado por LH (ação da aromatase) • Inibina A: indicador da função lútea • Inibina B: ação de feedback negativo na hipófise e ação local inibidora dos folículos vizinhos (o folículo dominante secreta mais inibina) • IGF-1 e insulina 3. Ciclo ovariano: • Fase folicular: seleção e desenvolvimento do folículo dominante, sob ação do FSH; dura 10-14 dias o Ao final do ciclo anterior, há diminuição da P, E e inibina, que libera aumento de FSH, sendo sinal para o início do recrutamento folicular o As céls da teca produzem, sob estímulo do LH, androgênios (A e T) o As céls da granulosa, sob estímulo do FSH, produzem a enzima aromatase que converte os androgênios em E o A produção de E inibe o GnRH; à medida que os folículos crescem, os níveis de FSH caem pelo feedback neg o A diminuição do FSH ao longo da fase determina a involução dos folículos não selecionados o O pico de LH induz a ovulação • Fase ovulatória: retomada da meiose do ovócito e ruptura folicular • Fase lútea: formação do corpo lúteo e secreção de P; dura 14 dias (fixo) o O aumento da produção de P provoca a queda dos níveis de LH por feedback neg e suprime um novo crescimento folicular o Se não ocorrer fecundação e implantação embrionária, o corpo lúteo entra em remissão o Após a regressão do corpo lúteo, há diminuição da P, E e inibina, liberando novos picos de GnRH para reinício do ciclo • A secreção pulsátil de GnRH é necessária para a secreção de FSH e LH e conseqüente ovulação (a administração contínua de GnRH não adianta) • As variações de freqüência e amplitude de pulsação do GnRH definem a secreção das gonadotrofinas; na fase folicular há pulsos freqüentes de pequena amplitude (favorecem FSH); na fase lútea, há aumento do intervalo e da amplitude (favorecem LH) 4. Ciclo uterino: • Fase proliferativa: sob ação crescente do E, há proliferação do endométrio • Fase secretora: ação da P produzida pelo corpo lúteo, em contraposição ao E; crescimento restrito e colabamento dos vasos espiralados; há também edema do estroma • Fase menstrual: com a redução do E e P (fim do corpo lúteo), há ruptura irregular do endométrio o Espasmos vasculares levam à isquemia e perda de tecido Aula 4: PROPEDÊUTICA EM MASTOLOGIA Data: 08/07/10 Rotinas em Mastologia + Notas de aula No ciclo menstrual, as mamas aumentam na fase folicular ovariana (proliferativa) sob ação de E. Na fase lútea (secretora), há dilatação dos ductos e diferenciação das céls alvéolo-ductais em secretoras pela ação da P. 3-4 dias antes da menstruação há aumento do fluxo sg com edema e desconforto. No início da menstruação, há descréscimo hormonal e regressão do processo (involutiva). Durante a gestação, os níveis crescentes de PRL ajudam na diferenciação da mama, mas os níveis altos de E e P impedem lactação, juntamente com o HPL (hormônio lactogênico plancentário).Após parto, caem subitamente E, P e HPL, liberando a ação da PRL e produção de leite, de forma independente por 2 semanas; após, é necessário o estímulo da via hipotálamo-hipófise pelo reflexo da sucção. No climatério, há lipossubstituição (a partir dos 30-35 anos). 1. Fatores de risco em mastologia: idade e sexo, parentes de 1º grau com ca de mama, ter tido ca de mama ou ovário, menarca até 11 anos, menopausa tardia, uso de estrogênios ou progestágenos (acima de 5 anos), primeiro filho mais tardiamente 2. Exame de mamas • Anamnese: dor; presença de nódulos; derrame papular; antecedentes GO, mastológicos e familiares; • Inspeção: estática ou dinâmica (a contração dos peitorais facilita o aparecimento de retrações) • Palpação: região supra-clavicular, axilas, mamas (ver cada uma no seu lado); 1cm é o limiar palpátório o Nódulos são tridimensionais, enquanto que adensamentos são bidimensionais o Alterações assimétricas são mais suspeitas • Exames complementares (na dependência do caso): PAAF ou core biopsy, mamografia, ECO mamária; o diagnóstico histológico é preferencial • Cisto: o líquido castanho é normalmente benigno; se claro, pode ser maligno • Auto-exame: deve ser feito por que evita mutilações e pode fazer rebaixamento no estadiamento de tu; porém, não se encontra diferença em mortalidade. Mensal, 10 dias depois da menstruação. 3. Mamografia: Exame mais confiável para detecção ca de mama pré-clínico (reduz mortalidade e melhora sobrevida), com benefício máximo mesmo após os 50 anos. Não deve ser realizada antes da menstruação (semana seguinte). Exames normais com exame físico alterado não tem valor; continuar investigação. • Mamas muito densas dificultam visualização; se BIRADS 0, pode-se fazer ECO para complementar. • Indicações: screening, mama sintomática, tu clinicamente suspeito, seguimento após cx, alto risco, controle pós-punção, orientação de biópsias, planejamento cx, cancerofobia, pesquisa de sítio 1º • Incidência oblíqua-média-lateral (OML) e craniocaudal (CC); compressão serve para dispersar parênquima e facilitar diferenciação de áreas sobrepostas • MMG de base deve ser feita após os 40 anos; se HF 1º grau de ca mama, iniciar 10 anos antes da idade de dx; se BRCA1 ou 2, a partir dos 30 anos • Classificação BIRADS: BIRADS 0 Inadequado para diagnóstico BIRADS 1 e 2 1: normal; 2: benigno Anual BIRADS 3 Provavelmente benigno (2% risco) Semestral BIRADS 4 e 5 4: suspeitos (5-70%); 5: altamente suspeitos (85%) Avaliação histológica BIRADS 6 Malignos Conforme caso 4. ECO: segundo exame indicado, complementa a MMG e deve ser solicitada sempre junto à ela; avalia melhor densidades (jovens e grávidas). Não há base para ser solicitado de rotina. • Indicações: diferenciação lesões sólidas e císticas; avaliação mamas densas; detecção de lesões intra- císticas; punção e demarcação pré-op de lesões impalpáveis Aula 5: PATOLOGIA GENITAL NA INFÂNCIA E ADOLESCÊNCIA Data: 12/07/10 Rotinas em Ginecologia + Notas de aula 1. Vulvovaginites: inflamação da vagina e/ou vulva, processo mais freqüente nessa faixa etária (70-90%). Nem sempre é infeccioso, pode ser somente inflamatório. Na criança, é mais freqüente encontrar vulvite do que o acometimento vaginal. Na pré-púbere, há proximidade do vestíbulo com a região anal; a higiene costuma ser pobre. Pode ser específica ou inespecífica (desequilíbrio da flora local). • A clínica não indica etiologia: edema, eritema, maceração, prurido, sangramento (menos freqüente) • Fatores predisponentes: hormonais e anatômicos (proximidade com ânus, pH alcalino, ausência de E), comportamentais (higiene pobre, traumatismos, auto-exploração, masturbação) e doenças associadas (IVAS, DM, doenças da infância, dermatológicas [líquen escleroso, dermatite seborréica ou atópica]) • Vulvovaginite inespecífica: MOs habituais da vulva e vagina o 25-75% dos casos, higiene geralmente inadequada o Sintomas: irritação vulvar, odor, maceração, secreção e eritema o Gardnerella vaginalis: pode ser encontrada normalmente em 20-30% das mulheres, assintomático; na vaginose, há desequilíbrio do meio; a incidência é semelhante entre meninas abusadas e controle, então não pensar em abuso pela vaginose o Outros agentes: E. coli, S. aureus, S. epidermitis, H. influenzae • Vulvovaginite específica: o agente não faz parte da flora endógena o Grande parte da flora oral-respiratória-entérica: S. pyogenes, S. aureus, H. influenzae, S. pneumoniae, Shigella (não é freqüente; 1 semana após diarréia, secreção purulenta- sanguinolenta); pode-se encontrar também ovos de Enterobius o Trichomonas (DST): leucorréia bolhosa, copiosa e esverdeada; quase não ocorre em crianças; o RN pode ser contaminado por transmissão vertical; em crianças, pensar em abuso sexual o Neisseria gonorrheae (DST): leucorréia copiosa, pode ser transmitida verticalmente (sintomas em 24-36 meses; diagnóstico em cultura em meio Thayer-Martin); em mulher adulta (já estrogeneizada), não dá corrimento, mas sim processo inflamatório no canal endocervical o Chlamydia (DST): processo inflamatório menos exuberante; situações de abuso sexual; 14% RN podem ser portadores, mas em 12 meses a cultura é negativa • Cervicite por gonococo: assintomático, leucorréia ou sangramento; 2-13% em abusadas; melhor método diagnóstico é PCR da urina • Leucorréia sanguinolenta: pensar em Shigella ou strepto β-hemolítico (pyogenes) • Outros acometimentos: infecção por HPV ou HSV (DSTs), aderência de pequenos lábios (inicia de baixo para cima, pode ser assintomática, com sintomas urinários ou infecções vaginais recorrentes), líquen escleroso (doença auto-imune, com prurido, desconforto, secreção vaginal, sangramento), prolapso uretral (tto clínico ou cx), papiloma mulleriano (leucorréia rebelde com sgto vaginal) 2. Diagnóstico • Nível 1: exame direto da secreção, teste do KOH 10% e solicitar EPF (enterobius), EQU e urocultura • Nível 2: Gram da secreção, culturas (vaginal, mucosa, pele) • Nível 3: VDRL, anti-HIV, cultura para Neisseria, cultura/PCR para Chlamydia • Normalmente, faz-se irrigação vaginal com sonda orotraqueal com SF morno • Na ocorrência de sgto vaginal anormal, suspeita de corpo estranho ou tu, VVG rebelde: vaginoscopia com anestesia 3. Tratamento • Se VVG inespecífica, medidas gerais e medicação tópica; aprender a limpar a urina de frente para trás o Permanganato de K, chá de camomila, benzidamida, pomada com vit A • Específicos: o Cândida: miconazol, clotrimazol, nistatina tópicos o Enterobius: mebendazol ou albendazol o Shigella: ampicilina ou sulfa-trim o E. histolystica: metronidazol o Clamída: eritromicina, doxiciclina, azitromicina (dose única) o Gonococo: ceftriaxona IM dose única ou cefepime VO o Vaginose / tricomonas: metronidazol o HPV: podofilina, podofilotoxina (eleição), ATA (ác tricloroacético), imiquimod, cometidina, eletro/crioterapia o Tópico para crianças: colocar pouca quantidade no vestíbulo, absorvido pela vagina curta o VO para adolescentes, peso > 40-50kg 4. Importante: DST tipicamente resulta de abuso; pólipos, corpos estranhos e tumores podem provocar leucorréia crônica; atrofia dos tecidos favorece infecção local; tratar infecção com ATB apropriado; remover corpo estranho com swab ou irrigação; tu e pólipos removidos cx; prolapso uretral: estrógeno tópico; aderência de pequenos lábios: estrógeno tópico + tração Aula 6: DOENÇA TROFOBLÁSTICA GESTACIONAL Data: 12/07/10 Rotinas em Obstetrícia + Notas de aula Alteração genética relacionada à gravidez (não existe DTG sem gravidez), neoplasia altamente curável mesmo se invasora, de prognóstico bom. Implantação endometrial: há diferenciação tecidual em tec fetais e extra-embrionários (placenta, membranas, cordão umbilical); há uma invasão trofoblástica no endométrio.As doenças são causadas pelo desenvolvimento anormal dos vilos que penetram no endométrio. Dividida nas seguintes formas: Mola Hidatiforme Parcial: cariótipo triplóide (69,XXY em 90% casos) • Com embrião; edema de vilos e hiperplasia trofoblástica focais • Óvulo com núcleo ativo + 2 espermatozóides • Aborto espontâneo é desfecho natural (99%) por múltiplas malformações, restrição de crescimento, fetos inviáveis Benignas (gestações molares) 80% Mola Hidatiforme Completa: cariótipo diplóide (46,XX em 90%; 46,XY) • Sem embrião; degeneração hidrópica, edema de vilos e hiperplasia trofoblástica difusos • Óvulo com núcleo ausente/inativo + espermatozóide que se duplica (carga totalmente paterna) Coriocarcinoma: ocorre em 3-4% das pacientes com mola hidatiforme • Histologia única, extensas áreas de necrose e hemorragia • Tendência invasiva: pulmão (80%), vagina (30%), pelve, fígado e cérebro • Quadro clínico: aumento do volume uterino, SUA, massa endurecida na parede vaginal Tumor do sítio placentário: raro, alto potencial de malignidade Malignas (tu trofobl gestacionais) 20% Mola invasora: detectado por Doppler; não possui tendência à mx mas pode ocorrer • Molas hidatiformes: 15% podem ser invasoras locais, apesar de benignas • Tu trofoblásticos gestacionais: baixo risco (sem fator de risco) e alto risco (hCG > 40k, duração > 4m, mx para fígado ou cérebro, falha prévia de quimio) 1. Quadro Clínico: sangramento vaginal 1º trimestre (pode ser normal até hemorragias graves com eliminação de vesículas), aumento uterino excessivo, aumento ovariano (produção excessiva de hCG provoca cistos teca-luteínicos, que podem se resolver em até 12 sem após esvaziamento uterino), anemia, hiperêmese gravídica, dor, pré-eclâmpsia (< 24 sem por endurecimento das arteríolas espiraladas), hipertireoidismo: o hCG é semelhante ao TSH 2. Diagnóstico: exame físico com útero aumentado, ausência de BCF; pode ser estabelecido por ECO (mola completa é mais fácil; a parcial é acompanhada de feto) entre 11 a 14 semanas • HCG: sensível e específico, reflete massa tumoral funcionante; >200k (normal é até 50k); mola parcial gera valores menores; deve-se pedir o marcador tumoral (quantitativo) 3. Tratamento: esvaziamento uterino por vácuo-aspiração (menor risco de perfuração e embolização) • Reservar sg e estabelecer acesso venoso; após retirada, usar ocitocina se sangramento protuso; misoprostol é alternativa; pode-se utilizar cureta como parte final do procedimento. Materiais aspirados devem seguir para AP • Seqüelas mx ou não-mx: quimioterapia (MTX); histerectomia em > 40 anos com prole completa e FR para seqüelas trofoblásticas 4. Seguimento: semanalmente até 3 sem com teste neg; após, mensalmente por 3 m e 1 teste após 6 m • Na gestação molar, o HCG pode permanecer positivo além de 3 semanas sem ser por ativ trofoblástica • FR para persistência em mola completa: útero aumentado, cistos tecaluteínicos, idade materna avançada, níveis elevados HCG pré-tratamento • Não há aumento do risco de parto pré-termo, morte fetal ou malformações congênitas Aula 7: AVALIAÇÃO DO CASAL INFÉRTIL Data: 15/07/10 Rotinas em Ginecologia + Notas de aula Infertilidade é a incapacidade de conceber após 1 ano de relações sexuais regulares sem uso de MAC ou a incapacidade de manter gestação a termo (p.ex. abortos de repetição). Em situações claras de impedimento, como cx, considera-se 6 meses. Chance de um casal normal de engravidar no 1º mês de tentativa: 25% (há 5 dias “mais férteis” por mês); 80% engravidam em 1 ano. A prevalência é de 8-12% dos casais em toda a vida reprodutiva. Mulheres até 30 anos tem mais chance por maior hiperresponsibilidade ovariana (35% de chance). 1. Fatores desencadeantes: tuboperitoniais (anatômicos), hormonais, masculinos e desconhecidos (situações imunológicas desconhecidas). Causas mais comuns de infertilidade: DSTs, doenças nas trompas (DIP), idade (mulheres), fumo e peso aumentado; exposição a tóxicos, infecções (homens). 2. Avaliação sanitária no casal: VDRL, HCV, HIV, HBsAg, Clamídia • Se IgG pos para Clamídia → forte ativação do sistema imune que impede o espermatozóide de navegar 3. Avaliação na mulher: • Fator anatômico: ECO (histerossonossalpingografia, com injeção de líquido) + sorologia para Clamídia; (1) se normais, esperar 3-6m; (2) se imagem normal mas Clamídia pos fazer laparoscopia; (3) se imagem alterada, laparoscopia e/ou histeroscopia o Laparoscopia é padrão-ouro na avaliação do fator tuboperitonial • Fator hormonal: prolactina, TSH, 17-OH-progesterona (principal) e testosterona o Devem ser coletados até o 5º dia do ciclo, de manhã em jejum o Prolactina: suspeita de hiperprolactinemia, ver junto TSH o TSH: o hipotireoidismo causa infertilidade por diminuição global do metabolismo e por liberar produção de prolactina, que inibe a progesterona o 17-OH-P: suspeita de hiperandrogenismo; valores altos indicam hiperplasia adrenal (deficiência de 21-hidroxilase) o Testosterona: avalia produção androgênica ovariana (excluir tu androgênico) o Confirmar ovulação com bx de endométrio a partir do 23º dia para ciclos regulares ou até 7dd antes do próximo fluxo para irregulares; pouca utilização na avaliação geral 4. Avaliação no homem: espermograma (20mi espermatozóides/mL; motilidade > 50%) e TSH • Espermograma: avalia volume, pH, motilidade, concentração, # total, morfologia, vitalidade, céls redondas; deve ser coletado com 3-7 dias de abstinência sexual • Se estiver alterado, testosterona, ECO testicular (alguns tu estão relacionados com diminuição espermática) e cariótipo eventualmente 5. Avaliação de fat desconhecidos / infertilidade sem causa aparente: 10-15% casais com avaliação normal • Quando o casal não atingiu concepção após 2 anos de relações sexuais regulares sem MAC e cuja investigação não identificou fator causal de infertilidade • Para esses, a probabilidade mensal é de 3%; 60% gestação em 3 anos • Causas imunológicas, alteração do transporte de gametas, desordens de fertilização e/ou implantação 6. Tratamentos: • Fatores masculinos: cx, medicamentoso ou reprodução assistida (seleção espermática) • Fatores hormonais femininos o Indução da ovulação: citrato de clomifeno (antagonista E com ef fraco, induz liberação de GnRH, LH e FSH; atua centralmente e na região pélvica) o Após 3-6 meses sem sucesso, superovulação + reprodução assistida com controle ecográfico (padrão-ouro para avaliação da ovulação); para inseminar, é necessário tuba em condições e preparado de espermatozóides viável • Fatores anatômicos: o Alteração tubária < 35 anos e diâmetro < 2cm: plastia tubária laparoscópica o Se idade > 35 ou lesão > 2cm, fertilização in vitro (FIV) o Se alteração uterina (miomas ou pólipos): ressecção histeroscópica e/ou laparotômica • Síndrome do hiperestímulo ovariano (SHEO): pelo aumento do vol ovariano, há possibilidade (1-2%) de torção ovariana, ascite, derrame pleural, hemoconcentração, distúrbios hidroeletrolíticos, risco para tromboses, IRA e IRpA entre outras; FR são uso de fármacos potentes e presença de SOP Aula 8: INFECÇÕES PRÉ-NATAIS Data: 15/07/10 Rotinas em Obstetrícia + Notas de aula STORCH: sífilis, toxoplasmose, outros, rubéola, CMV, herpes 1. Toxoplasmose: causada pelo protozoário Toxoplasma gondii, infecta por contato com gatos, verduras mal-lavadas, ingestão de carnes não cozidas. O dx antenatal preciso evita abortamentos inúteis, e se precoce e associado ao tto, evita fetopatias • Contaminação fetal só ocorre na primoinfecção durante gestação; infecções prévias não • Quanto mais precoce, mais grave: pode causar abortamento, prematuridade e infecção congênita com ou sem malformações (anemia, trombocitopenia, icterícia, pneumonia, coroidorretinite,RM, malformações do SNC) • Clínica: 95% assintomático em imunocompetentes; hipertermia, mialgias, rash cutâneo, linfoadenopatia • Diagnóstico: na 1ª consulta PN fazer sorologia IgM e IgG; se neg (não imunes), repetir mensalmente o Datação adequada da fase aguda: nova dosagem IgM em 3 sem ou teste avidez para IgG • Tratamento: Espiramicina 3g/dia na gravidez e encaminhar a um centro de medicina fetal o Se primoinfecção (a reinfecção raramente contamina feto): → até 25 sem: Espiramicina + propedêutica invasiva (amniocentese) → após 25 sem: Espiramicina + ECO quinzenal (procurar alteração anatômica) + aval neonatal o Ver contaminação fetal (via amniocentese com PCR, cordocentese ou a ECO) → se neg: manter Espiramicina até o termo + ECO quinzenal + avaliação neonatal → se pos (até 17 sem): tratamento múltiplo o Achados na ECO: hidrocefalia, calcificacoes intracranianas, ascite, hepatomegalia, placentite (edema de placenta) • Prevenção: 1ª: orientação higieno-dietética; 2ª: dx pré-natal da dça congênita o Se a mãe tem infecção prévia, é rara a reinfecção que afete o feto 2. Rubéola: infecção viral exantematosa, não causa complicações nas não-gestantes; transmissão por aerossol, incubação 10-14dd • Primoinfecção materna causa o problema na gravidez (1ª metade da gestação): doença congênita, abortamento ou morte fetal/pós-natal; a reinfecção é mais rara. Quanto mais cedo na gestação, mais há problema; porém, o risco é quase nenhum de malformaçao após 16 semanas de gestação. • Clínica: 20% assintomáticos; 30-50% apenas LNadenopatia; demais, apresenta quadro completo (rash cutâneo, mialgia, febre) • Lesões no RN: cegueira, microcefalia, comunicaçao IV, surdez e outros • Diagnóstico: na 1ª consulta PN fazer sorológico; ver se está em grupos de risco (professoras, médicas, contato com crianças); se neg, repetir até 16 sem o Pesquisar infecção fetal se soroconversao no pré-natal até 16 sem, dx materno ou contato conclusivo, dúvida de dx materno em período de risco fetal importante, suspeita ou confirmação de reinfecção o Observar sangue fetal: altera IgM, pode causar anemia, eritroblastose e outros o Infecção materna: → até 16 sem: amniocentese + ECO seriada + ECOcardio → após 16 sem: não investiga mais feto, faz ECOcardio em 24sem • Tratamento para 1º trimestre (é o mais grave) o Se positivo até 12 sem: interrupção gravidez?? Ou ECO 15/15dd + ECOcardio o Se positivo 13-15 sem: ECO + ECO neonatal • Prevenção fácil: realizar vacina (mas não na gravidez!) 3. Citomegalovírus: infecção congênita mais freqüente em RN; 30-90% adultos já tiveram contato com CMV. Risco de transmissão na primoinfecção: 2/3. Teste de avidez IgG < 15%: baixa avidez, infecção últimos 3m > 30%: infecção há mais de 6m outras doenças: olhar aula 12 - DSTs • Suspeita de infecção materna ou anomalia detectada pela ECO; normalmente é transitória na gestação o Ascite transitória na ECO o Pode afetar SNC com hidrocefalia e retardo • A infecção não confere imunidade; mesmo se presença de Ac na mãe presentes, o RN pode se contaminar por vírus estar no colo do útero • Transmissão: relação sexual, transfusão, hematogênica, transplacentária, parto, leite materno • A sintomatologia é rara: ver inclusões citoplasmáticas em cultura do colo • Conduta o Até 20 sem: amniocentese, PCR para CMV o Após 20 sem: propedêutica não invasiva 4. Streptococcus pyogenes – Estreptococo β-hemolítico do grupo B: a colonização pela bactéria no trato GU feminino é comum e frequentemente assintomática, mas com importante repercussão na morbimortalidade neonatal, associado à sepse em RN e morte. • Conduta: rastreamento em todas as gestantes a partir de 35 semanas com potencial para parto vaginal; o Se somente cultura pos, realizar profilaxia no trabalho de parto com penicilina G cristalina IV o Se cultura pos + TPP ou rupreme, usar dose de ataque (5mi U) e depois 2,5mi 4/4h até parto o Se cesárea eletiva com bolsa íntegra, não utilizar Aula 9: ANTICONCEPÇÃO EM SITUAÇÕES ESPECIAIS Data: 19/07/10 Notas de aula + Medical eligibility criteria for contraceptive use (WHO, 2009) Hirsutismo • Aumento do androgênio (hiperplasia adrenal congênita tardia, SOP) ou maior sensibilidade ao androgênio (idiopático) • ACO: etinilestradiol + progestágeno VO o O P deve ser não androgênico, preferencialmente anti-androgênio o Progestágeno: acetato de ciproterona (Diane; é o mais anti-androgênico) / drospirenona (Yasmin, Yaz) / clormadinona • Ação: redução do LH (diminuindo níveis androgênicos); aumento do SHBG (menos androgênio livre), inibição da 5α-redutase (inibe passagem para dihidrotestosterona) o 80% dos hormônios estão ligados à SHBG (inativos); 19% à albumina e 1% livre • Alternativa: se fatores assoc SOP (HAS), usar acetato de medroxiprogesterona IM 150mg o É só progestágeno: reduz LH e tem efeito comparável ao ACO o Pode ser usado a cada 3 meses HAS • O etinilestradiol está relacionado com aumento dos níveis pressóricos • ACO combinado: HAS classe 1 – categoria 3; HAS classe 2 – categoria 4 • Opções: progestágeno VO, injetável mensal ou trimestral, implante, DIU cobre ou LNG o Categorias 1 e 2 DC valvular • DIU: categorias 1 e 2 • Progestágenos: categoria 1 TVP, TEP, cx grande porte com imobilização • ACO comb, anel, IM: categoria 4 • Progestágenos e DIUs: categoria 1 AVC ou história prévia • ACO comb: categoria 4 • Outros: categorias 1 a 3 DM • O etinilestradiol não influencia no metabolismo dos carboidratos • Os progestagênios (mais androgênicos) tem pior perfil de tolerância à glicose e piora hiperinsulinemia • DM gestacional ou DM sem história de doença vascular: categorias 1 e 2 • Nefropatia, neuropatia, retinopatia: categorias 3 e 4 para combinados Tabagismo • É o FR mais importante e antigo; aumenta muito o risco em tabagistas ativas, principalmente quando superior a 15 cigarros/dia • Até os 35 anos, o risco da idade não é importante; a partir dos 35, a associação tabagismo + ACO é contra-indicada • Acima de 35 anos, ACO comb: categoria 4 • Acima de 35 anos, injetável mensal: categoria 3 • Acima de 35 anos, progestágeno VO, injetável trimestral e DIUs: categoria 1 Critérios de elegibilidade dos MACs (OMS) - 1: usar em qualquer circunstância - 2: em geral, usar o método - 3: não é recomendado, a menos que outros não estejam disponíveis - 4: não deve ser usado Medicações concomitantes • Considerar outro MAC, usa o p450; acelera muito o ACO e diminui eficácia • Barbutúricos, fenitoína, carba, vigabatrin, rifampicina, griseofulvina • DIU (cobre): categoria 1 • DIU (LNG) e inj trimestral: categoria 2 • Outros: categoria 3 Cefaléias • Relação com ocorrência de AVC; com cefaléia, aumenta muito o risco de AVC (principalmente isquêmico) com uso de ACO • Para incluir na proibição, deve ter a aura da cefaléia • ACO comb ou injetável mensal: categoria 4 • Progestágeno oral: categoria 2 Doenças de mama • Ca de mama: qualquer um é contra-indicado, exceto DIU de cobre • Em nódulos de mama e fibromas, é liberado Aula 10: CLIMATÉRIO Data: 19/07/10 Rotinas em Ginecologia + Notas de aula 1. Conceitos: • Climatério: período que compreende toda a transição entre fase reprodutiva e não-reprodutiva • Menopausa: “marco” no período; data da última menstruação, confirmado após 12 meses de cessação • Pós-menopausa: após os 12 meses da menopausa • Pré-menopausa: antes da data da última menstruação, desde o início do surgimento dos sintomas • Peri-menopausa: período definido em um ano antes a um ano depois da última menstruação 2. Fisiologia: ocorre declínio progressivo da função dos ovários de produzir hormônios, a partir dos 35 anos de idade; dos 35 aos 45 há poucas queixas, mas há capacidade reprodutivadiminuída. Há então diminuição da produção de estrogênios, causando feedback positivo que eleva FSH (mais, pela diminuição das inibinas) e LH tentando manter produção; esta elevação se mantém em toda a pós-menopausa. Apesar da elevação do FSH e LH, não é necessário dosagem; na fase pré-menopáusica, o FSH é totalmente variável. • Mulheres obesas podem ter menos sintomas por maior conversão periférica de androgênios • As dosagens hormonais não são úteis na avaliação das pacientes • Após a menopausa, há maior secreção de GnRH para aumentar estrogênios, mas não ocorre 3. Sintomatologia: varia de acordo com distribuição de receptores de E no corpo, podendo ser assintomática • Agudos: irregularidade menstrual (mais frequente), fogachos, suores noturnos, insônia, ansiedade e irritabilidade, sintomas depressivos, diminuição memória e concentração, alteração de humor e libido • Intermediários a tardios: dispareunia, síndrome uretral, atrofia vaginal, osteoporose • Modificações do ciclo: encurtamento ou alargamento dos intervalos intermenstruais, aumento da duração e/ou fluxo menstrual, até a ausência do fluxo (a pouca quantidade de estrogênio não consegue mais induzir a menstruação) • Quando o sangramento é excessivo, deve-se descartar patologias uterinas • Atrofia urogenital: ressecamento vaginal (dificuldade de lubrificação; mais frequente), dispareunia, diminuição do tamanho vaginal, ardência, leucorréia atrófica, aumento do pH vaginal o Tratamento: estrogênio tópico • Queixas urinárias comuns: disúria, perda involuntária da urina, ITUs de repetição • Doença cardiovascular é a principal causa de morte no período pós-menopáusico o Menopausa precoce (< 40a) ou ooforectomia (< 35a) são associadas a maior risco de IAM 4. Osteoporose: A perda de massa óssea e a alteração da microarquitetura levam a uma maior fragilidade óssea e risco de fraturas, com maior incidência de fraturas e influenciadas pela diminuição do estrogênio. A massa óssea máxima na mulher é atingida ao final da 2ª década de vida; após a menopausa, há reabsorção intensa pela saída do estrogênio. 80% da massa óssea é determinada geneticamente. • 1/3 das mulheres entre 60-70 anos evoluem para osteoporose; 2/3 das com mais de 80 anos o 20-25% das mulheres > 50 anos tem 1 ou mais fraturas vertebrais • FR (pouco úteis para seleção): DMO diminuída, sexo feminino, envelhecimento, raça branca, déficit de estrogênios, baixo IMC (< 18), HF, tabagismo, história prévia de fraturas, sedentarismo, menarca tardia e menopausa precoce, uso crônico de corticóide oral. Álcool e cafeína: resultados não conclusivos. • Fraturas mais importantes: vertebrais, quadril, antebraço • O diagnóstico é feito com densitometria óssea, usando escore T (baseado em mulheres jovens), e não com escore Z (mesma faixa etária como parâmetro) • Tratamento: 1,2-1,5g/dia de cálcio diárias; se > 65 anos, considerar uso de vit D associado; se risco de fratura, usar bifosfonados ou estrogênio • Prevenção: mudança de hábitos de vida, ingestão adequada de Ca, atividade física o Ver ausência de hipoestrogenismo 5. TRH – situação atual • Até 2000: considerava-se benéfico TRH, sugestão de proteção cardiovascular • 2002: HERS-2 e WHI – aumento de IM, AVC, TEP e Ca de mama em usuárias de TRH o Proteção de Ca de colon e reto e fraturas de bacia o Nas faixas etárias de 50-59 anos (4% da pop do estudo), não se verificou a diferença o Não há contra-indicação da TRH na faixa de 50-59 anos, desde que não tenha FR para DCV • 2003:WHI E+P – até 5 anos de tratamento, não há diferença entre grupos (RA: 0,8 casos extras/1000) • 2004: WHI E: sem aumento do risco de ca de mama o Não precisa progestágeno em histerectomizadas • Indicações TRH: sintomas climatéricos (prevenção e tto da atrofia urogenital e osteoporose) o E: efeito favorável sobre perfil lipídico, reduz LDL, aumenta HDL; alguns P podem atenuar efeitos benéficos, sobretudo aqueles mais androgênicos • Esquema de TRH: hormônios naturais, doses baixas, via de administração (oral, transdérmica, subcutânea, nasal, intrauterina, vaginal – há diferença entre as vias), regime (contínuo, cíclico) • Situações para via parenteral: efeitos GI, hipertrigliceridemia, fumante, história de TEP • Contra-indicações: ca de mama ou endométrio, alterações hepáticas ativas, doença coronariana ativa ou sgto vaginal anormal sem causa definida o Não existe indicação atual de prescrição de TRH para prevenção 1ª ou 2ª de DCV • Opções não hormonais: o Sintomas vasomotores: clonidina, venlafaxina, paroxetina (não é para todos os ISRS!) o Atrofia urogenital: tópico de promestriene (não tem absorção sistêmica); lubrificantes vaginais o Osteoporose: raloxifeno, bifosfonados e outros 6. Avaliação da paciente climatérica: perfil lipídico, glicemia, TSH, mamografia anual, ECO TV (avaliação endometrial), densitometria óssea (> 65 anos ou antes), rastreamento ca de colon e outros Aula 11: VULVOVAGINITES Data: 22/07/10 Rotinas em Ginecologia + Notas de aula A secreção vaginal fisiológica tem coloração branca em virtude da presença de Lactobacillus. O pH da vagina é 4,5; os bacilos mantém esse pH controlando outras populações de MOs, produzindo peróxido de hidrogênio. A secreção fisiológica pode estar aumentada em determinadas situações, como na gestação. Lembrar que a leucorréia é sintoma, e não sinal. O exame a fresco (direto) é melhor do que cultura para a prática ambulatorial comum. Coleta-se a secreção com espátula, colocar na lâmina, pingar 1 gota de SF e estender; deve ficar levemente leitoso para melhor visualização. Whiff test: em outra lâmina, pinga-se 2 gotas de KOH ou NaOH; se odor “de peixe”, teste do odor positivo (pesquisa para Gardnerella e outros anaeróbios). Após o teste do odor, o KOH lisa as céls; coloca-se lamínula e procura-se fungos. Solicita-se cultura apenas se desconfiança de um MO específico; há aprox. 20 espécies de bactérias normalmente na vagina. 1. Vaginose bacteriana: não é “vaginite” por não ter fenômeno inflamatório; resultante do desequilíbrio da flora normal, com diminuição dos lactobacilos e aumento de anaeróbios; maior causa de VVs (40%) • Patógenos: Gardnerella, Bacterioides, anaeróbios, Mycoplasma hominis • Associada a salpingites, peritonites, endometrites pós-parto ou cesariana e infecções pós-cx • Diagnóstico: pH > 4,5 (80-90% presente, mas não deve ser considerado isoladamente); leucorréia branco-acinzentada e cremosa; teste de odor positivo; visualização de clue cells (muitas bactérias aderidas às cels vaginais, o contorno é borrado) → se houver clue cells e clínica compatível, mesmo sem outros elementos considera-se diagnóstico • Tratamento: Metronidazol 500mg VO BID por 7dd; tratar parceiro se sintomático ou recidiva da pcte o Principal objetivo é aliviar sintomas, portanto não se trata assintomáticas o Alternativo: Clindamicina tópico (pode usar à noite por 5-7dd) o Tratar gestantes mesmo se assintomáticas (associado à TPP, rupreme, endometrite e celulite pós-parto, cesarianas): usar 250mg VO TID por 7 dias • Se o MO for Actinomyces israeli (anaeróbio em alguns DIUs), usar Clindamicina + Penicilina VBO 2. Tricomoníase: DST causada pelo Trichomonas vaginalis, incubação 4-28 dias, 25% das VVs; É considerado DST; como as outras não costumam ser sintomáticas, outras devem ser investigadas na presença de tricomonas; se em criança, pensar em abuso • Clínica: muitas vezes assintomático; aumento do fluxo vaginal, corrimento bolhoso e amarelo- esverdeado, prurido intenso, hiperemia e edema vaginal, eventuais erosões na parede vaginal, sintomas urinários (menos freqüentes), principalmente após o período menstrual e durante gravidez o Colpite focal: representa agressão do protozoário, é desprendimento do epitélio (não coram com Lugol por que não tem epitélio)• Diagnóstico: identificação dos protozoários no exame a fresco da secreção, com grande quantidade de céls inflamatórias e vaginais no esfregaço; o aquecimento da lâmina estimula mobilidade • Tratamento: Metronidazol 2g VO dose única (cura 90-95%); tratar também parceiro com mesmo esquema (evitar álcool nas 24h da dose única, efeito dissulfiram) o Só tto com creme vaginal não é suficiente, pois podem se esconder nas dobras de mucosa o Alternativos: Metronidazol 250mg TID por 7 dias, Metronidazol 500mg BID por 7 dias o Recorrência: reinfecção ou tto inadequado; Metronidazol 500mg VO BID por 7 dias o Gestantes: usar tto VO + duchas vaginais com ac acético para alívio dos sintomas 3. Candidíase: 75% das mulheres apresentarão pelo menos 1 episódio de VV fúngica na menacme; 85-90% da flora fúngica vaginal é colonizada por Candida albicans; pode estar associada a outras DSTs • FR: gestação, contato oro-genital, uso de E em altas doses, ACO, diafragma, espermicidas, DIU, DM, uso de ATB • Clínica: leucorréia esbranquiçada e grumosa, prurido intenso, edema de vulva e vagina, eritema vaginal e eventualmente pequenas fissuras, disúria terminal (vulvar) pode estar presente • Diagnóstico: visualização de pseudo-hifas e hifas no exame a fresco ou Gram; KOH ajuda a visualizar; pode ser só diagnóstico clínico o Candidíase não-complicada: esporádica, leve-moderada, imunocompetentes o Candidíase complicada: recorrente, severa, não-albicans, DM, gestantes, imunodeprimidas • Tratamento: preferência para VO; Fluconazol 150mg VO dose única; tratar parceiro se sintomático ou recidiva da paciente o Alternativos: Clotrimazol, Miconazol ou Terconazol tópico 3-14dd o As recidivas são freqüentes; usar Fluco 3 doses com intervalo de 3 dias, 1 dose por dia o Usa-se tópicos se sintomas intensos, para promover alívio o Gravidez: usar tratamento tópico (acima) • Lembrar que não está comprovado que o uso de roupas sintéticas está associado à recorrência 4. Cervicite mucopurulenta: pode ser infecção por gonorréia, clamídia ou micoplasma; não são vistos no exame direto, e pode não se encontrar os acometimentos anteriores • Pode no início ser assintomático; se não diagnosticado, pode evoluir para pelveperitonite • Cabe aqui a solicitação de culturas específicas da secreção para gonorréia, clamídia ou micoplasma o Após a coleta, trata-se empiricamente • Tratamento: Ceftriaxona 250mg IM dose única (gonorréia) + Doxiciclina 100mg BID por 7 dias (clamídia) Aula 12: DOENÇAS SEXUALMENTE TRANSMISSÍVEIS Data: 22/07/10 Rotinas em Ginecologia + Notas de aula 1. Sintoma mais exuberante: secreção uretral (também uretrite, cervicite) • Gonococo (blenorragia, gonorréia): Neisseria gonorrheae, diplococo gram neg, aeróbio e anaeróbio facultativo; infecção de transmissão sexual, canal de parto e fomites. O risco de aquisição em uma única exposição é estimado em cerca de 20% para H e 80% para M; na exposição contínua, 80% H e 90% M. É assintomático em 60-80% casos. Causador de DIP e provável facilitador do HIV. o Sinais e sintomas: secreção endocervical mucopurulenta, dor pélvica, dispaurenia, sgto irregular, hiperemia vaginal, disúria, polaciúria, extragenitais; o No homem, pode haver secreção uretral purulenta o Tratamento: Ciprofloxacina 500mg VO dose única • Clamídia: a endocérvice é o local mais comum de infecção (endocervicite purulenta), geralmente é assintomático. Suspeitar quando ectopia hipertrófica folicular periorificial com secreção mucopurulenta endocervical ou quando 10 ou mais leucócitos PMN por campo (gram). o É causadora de DIP e predispõe a gestações ectópicas; na DIP, principal queixa é dor abd baixa o Quando causa uretrite, 65% tem sintomas urinários e culturas neg o Pode complicar para síndrome de Fitz-Hugh-Curtis (peri-hepatite, afeta cápsula de Gleason); mesma clínica da DIP + dor em QSD e hiperestesia à palpação hepática o Tratamento: Azitromicina 1g VO dose única; erradica em 98%, indicada na uretrite e cervicite ? 7 dias: Doxiciclina 100mg 12/12h, Tetraciclina 500mg VO 6/6h, Tianfenicol 500mg 8/8h, Ofloxacina 200mg 8/8h 2. Sintoma mais exuberante: úlcera genital • linfogranuloma venéreo, donovanose • Sífilis: causada pelo Treponema pallidum; adquirida por contato sexual, transfusão sg, transplacentária (em qualquer período da gestação) o 1ª (cancro duro): úlcera única, indolor, endurecida, circular (1-2cm), cor de carne. Pode ser acompanhada de adenopatia regional não supurativa, móvel, indolor e múltipla. Na mulher, é comum aparecer nos peq lábios, paredes vaginais e colo do útero; no homem, mais reg peniana. Diagnóstico: pesquisa treponemica em campo escuro. o 2ª: presença de lesões cutâneo-mucosas (condiloma plano), não ulceradas, após 6-8 sem da sífilis 1ª; micropoliadenopatia generalizada; ocasionalmente, artralgias, febrícula, cefaléia e desânimo; diagnóstico diferencial com processos alérgicos e condiloma acuminado o Tratamento: em sífilis recente (< 1 ano de evolução), usar Penicilina G benzatina 2.400.000U IM dose única; se tardia (> 1 ano), usar por três semanas, doses semanais (total de 7,2miU); para pacientes alérgicos à penicilina, usar Eritromicina 500mg 6/6h por 15 dias o Pode ocorrer abortamento até 12sem pela reação inflamatória placentária (placentite) o Os testes de identificação do Ag (campo escuro, IF direta) diagnosticam lesões em atividade o Sorologias: VDRL (não-treponêmico, resultado neg não afasta), FTA-abs (treponêmico); servem para triagem e acompanhamento pós-tratamento • HSV: DST ulcerativa mais frequente; 70% assintomáticos. Na infecção 1ª: lesões, dor, prurido, secreção vaginal ou uretral, disúria, adenopatia inguinal dolorosa e sintomas sistêmicos; maiores taxas de transmissão na vigência de lesões. o Infecção recorrente: sintomas gerais praticamente inexistentes, sintomas locais mais brandos e fugazes; 50% pacientes possuem pródromos em 48h antes da recidiva (hiperestesia ou dor que irradia para glúteos) o Tratamento: Aciclovir 400mg VO 3x/dia por 7-10dd ou 200mg 5x/dia ? Recorrência: Aciclovir 200mg 5x/dia por 5dd ou Valaciclovir 500mg 12/12h por 5dd o O tratamento pode ser prolongado se não houver cura depois de 10 dias de tto o Lesões que persistem por cerca de 30 dias, investigar infecção por HIV o O tratamento tópico é menos efetivo e sua utilização deve ser desencorajada o O tratamento supressivo é indicado para pctes que apresentam recidivas freqüentes (6x/ano); seguro e altamente eficaz; Aciclovir 400mg 2x/dia por 6-12m; Valaciclovir 500mg 2x/dia por 6m o Analgésicos orais e limpeza das lesões ajudam no tratamento o Herpes neonatal: cesariana deve ser indicada nos casos de lesões ativas ou na vigência de prodromos; lesões ativas afastadas da vagina (p.ex. nádegas) permitem parto normal o No HSV, pode ocorrer abortamento tardio • HPV: DST viral mais freqüente. Transmitida por via sexual, auto-inoculação, RN/contato direto, luvas e toalhas, outras formas (vapores de água). À medida que avança a idade, a incidência diminui mas o risco de desenvolver ca aumenta. o FR: início precoce das ativ sexuais, promiscuidade sexual, outras DSTs, baixo nível sócio- economico-cultural, tabagismo, não uso de preservativos, imunosupressao, higiene adequada o Baixo risco: 6, 11, 42, 43, 44 o Alto risco: 16, 18, 31, 33, 35, 39, 45, 51, 52, 56, 58, 59, 68 (16+18: 70% das ocorrências) o Formas clínicas: clínica (condiloma acuminado ou plano), subclínica (maioria; dx por colposcopia ou citologia) e latente (dx por hibridização DNA) o Eficácia da vacina (independente do tipo): 70% para NIC2, 87% para NIC3; a vacina é profilática, não terapêutica o Tratamento: não há tratamento para erradicar; o objetivo é remoção das lesões sintomáticas, com recidiva de 25% em 3 meses • Cancro mole (não comentado emaula): tbm chamado úlcera de Ducreyi, causado pelo Haemophilus ducreyi, bacilo gram neg, altamente capaz de usar plasmídeos; mulher é portadora assintomática o Lesão papulada ou vesiculada que progride rapidamente para úlcera, única ou múltipla, dolorosa, fundo purulento, fétido por infecção 2ª; acompanhada de LNpatia satélite o Tratamento: Azitromicina 1g VO dose única; tratar também o parceiro • Linfogranuloma venéreo (não comentado em aula): causado pela Chlamydia trachomatis, em sorotipos invasivos o Quadro clínico: fase aguda (inoculação; pequena úlcera ou pápula indolor e precoce); linfogranuloma venéreo (linfoadenite inguinal regional, que em 2 sem supuram, abscedam e fistulizam); fase crônica (fibrose cicatricial com abscessos e fístulas, elefantíase e estenose) o Tratamento: Doxiciclina 100mg VO 12/12h por 14 dias • Donovanose (não comentado em aula): tbm chamado granuloma inguinal; infecção mais freqüente em negros; pouco contagiosa, causada pelo Calymmatobacterium granulomatis, bact intracelular o Lesão nodular, única ou múltipla, subcutânea que pode ulcerar; indolores, auto-inoculáveis, não associadas à LNpatia, ulcerovegetante Aula 13: ASSISTÊNCIA AO TRABALHO DE PARTO Data: 26/07/10 1. Conceitos: o trabalho de parto é a seqüência de contrações uterinas, apagamento e dilatação do colo, e no esforço voluntário de expulsão do feto através da pelve e pelo canal vaginal. O parto é o modo como o feto e placenta são expulsos (vaginal ou cesárea). • Interações materno-fetais da parturição (Parturition; NEJM 2007): há participação ativa da hipófise fetal no trabalho de parto além da liberação de corticóides. • Tríplice gradiente descendente: a massa muscular superior do útero (fundo) é maior; colo tem mais tec conjuntivo. O marcapasso da contração uterina começa em um dos polos do útero; o vetor resultante é descendente; inversões do TGD seriam por disfunção uterina o Há uma série de substâncias que alteram o marcapasso mas não se sabe o que desencadeia • Situação (maior eixo do feto em relação ao maior eixo da mãe): longitudinal, transversa ou oblíqua • Apresentação: parte do feto que se apresenta na bacia; pode ser cefálico, pélvico ou córnica o Altura da apresentação: planos de De Lee, varia de -5 a +5cm; altura 0 é o ápice da apresentação entre as espinhas isquiáticas o Variedade de apresentação: direção da pequena fontanela (occipital) em relação à mãe; occipito- púbica, occipito-sacra e outros (na apresentação pélvica, a posição do sacro do feto determina) 2. Mecanismos do parto • Insinuação: primeiro item a ocorrer, é o encaixamento da apresentação cefálica no estreito superior da pelve; ocorre algumas semanas antes do início do trabalho de parto • Flexão da apresentação: na variedade anterior, a flexão da cabeça é essencial para passagem do menor diâmetro cefálico do feto pelo menor diâmetro da pelve (o feto faz movimentos com cabeça e pescoço) • Rotação interna da cabeça: o mais comum é que a sutura sagital oriente-se para o diâmetro antero- posterior da pelve; geralmente a posição está em occipito-transversa ou anterior; o feto flexiona a cabeça e procura a posição occipito-pubica • Extensão ou deflexão: na saída da cabeça do feto, a base occipital apoia-se na margem inferior da sínfise púbica e o desprendimento ocorre por movimento de deflexão (“em báscula”) da cabeça • Restituição ou rotação externa: após a saída da cabeça, ela volta para a posição original antes da rotação interna, de modo a permitir a saída dos ombros (o diâmetro biacromial deve procurar o espaço mais adequado) • Expulsão dos ombros: com uma leve tração, auxilia-se o feto na passagem dos ombros 3. Progressão do trabalho de parto em primigesta: relacionado com tempo de dilatação do colo • Fase latente: <1cm/hora; quase nunca está acompanhado de riscos, com contrações de baixa intensidade e irregulares • Fase ativa: >1cm/hora (1,2-6,8cm/hora), começa em torno dos 3cm de dilatação; contrações fortes e regulares, 1cm/hora é a menor velocidade considerada normal o A partir de 6-7h do início das contrações, há uma fase de aceleração de dilatação • Parturientes com FR (CIUR, pós-datismo, DMG) devem ser admitidas mesmo na fase latente • Períodos clínicos o 1º período: dilatação, fase latente e ativa o 2º período: expulsão o 3º período: dequitação o 4º período: 1ª hora após expulsão da placenta (hemostasia) • Diagnóstico de fase ativa de trab de parto: contrações uterinas dolorosas e regulares (pelo menos 3 por 10min) + dilatação cervical ≥ 3cm o Fase ativa: duração média de 5h, com grandes desvios o Se uma gestante entra em trab de parto (fase ativa) com 4cm, espera-se 4-5h para encerramento • Manejo clínico do trabalho: avaliação na admissão o Observar consultas PN, certificar-se da IG o Ver peso, altura e SV o Medir AU e realizar manobras de Leopold (situação e apresentação) o Auscultar BCFs o Medir dinâmica uterina em 10min o Inspecionar vulva (especular e integridade da bolsa amniótica) o Realizar toque bimanual: pelvimetria clínica (ver se bacia é favorável), dilatação cervical, altura da apresentação 4. Primeiro período: dilatação • Deambulação livre • Se em decúbito, sempre lateral (evitar decúbito dorsal para não comprimir v. cava) • Monitorar SV • Imersão em água morna relaxa e alivia dor; massagens na região lombar • Ingestão de pequenas quantidades de alimentos ou líquidos pode ser permitida • Monitorização do BCF • Avaliação do progresso do trabalho de parto (partograma) • Apoiar emocionalmente a parturiente e seu companheiro • O partograma não faz diagnóstico de problemas no trabalho de parto, mas indica a evolução funcional • Realizar TV a cada hora nas primeiras 3h e, a partir de então, a cada 2h 5. Segundo período: expulsão • Posição verticalizada da parturiente • Orientar e incentivar paciente durante os puxos (“força” para ajudar a empurrar; não são necessários para o nascimento, mas ajudam a expulsar o feto mais rapidamente) • Auscultar BCFs a cada 5min, antes, durante e após contrações • Acompanhar a descida e cinética de apresentação; pode ser necessário corrigir apresentação • Durante período expulsivo, é possível fazer bloqueio pudendo para analgesia, porém é raro (anestesia assoalho da pelve); se tiver bloqueio peridural, não é necessário o Não alivia contração uterina, portanto não auxilia no 1º período • Assistência à expulsão o Fazer o parto devagar; mais rápido está associado a mais problemas o Evitar fazer força constantemente o Respiração curta e rápida o Deitar a cabeça da paciente o Manobra de Ritgen (modificada): evitar a deflexão súbita da apresentação com uma compressão leve por uma das mãos, com compressa, sobre o mento fetal pelo períneo; não se faz mais; auxilio à deflexão nos intervalos da contração • Distócia de ombro o Chamar ajuda: obstetra experiente, dois ajudantes, pediatra e anestesia o Controlar o tempo o Ver evidências de sofrimento fetal pré-existente o Não puxar cabeça, aplicar pressão no fundo uterino nem demorar para iniciar manobras o Episiotomia: abertura no períneo (m. elevador do ânus), objetivando espaço para passagem o Manobra de Mc Roberts: efetividade em 90% dos casos; fazer flexão do joelho e quadril materno, as coxas são posicionadas contra o abdome; se não funcionar, outro auxiliar faz pressão supra-púbica o Manobra de Wood’s: insere-se mão na vagina, aplicando pressão digital no ombro post e rotar o tronco do feto em 180º 6. Terceiro período: dequitação • Manejo expectante: aguardar parada de pulsações para seccionar o cordão, orientar puérpera a fazer puxos só após sinais de desprendimento da placenta e somente tracionar o cordão quando placenta estiver na vagina • Manejo ativo: ocitocina (10U IM ou 20-60U em 1000mL de SF IV, 200mU/min)logo após desprendimento dos ombros; imediatamente após o parto, seccionar e fazer tração controlada no cordão até completar dequitação • O uso profilático de medicações uterotônicas reduz incidência de hemorragia puerperal em 40%; manejo ativo é recomendado, com NNT = 22 • Sinais de separação da placenta: útero globular e firme, golfada súbita de sangue, “sobe” o fundo do útero e “desce” o cordão umbilical 7. Quarto período: hemostasia por miotamponamento, na primeira hora que se segue à dequitação; a contratilidade uterina faz tamponamento dos vasos; a hipercoagulabilidade da gravidez também auxilia no trombotamponamento após o parto. Aula 14: SANGRAMENTO UTERINO ANORMAL Data: 26/07/10 Rotinas em Ginecologia + Notas de Aula Evento de fisiopatogenia variável. É sintoma e não diagnóstico: por isso, o estabelecimento da causa permitirá tratamento adequado. Uma das queixas mais comuns em consultórios de ginecologia. Pode ser dividida em orgânica ou disfuncional (SUD – endocrinológica), e essa pode ser dividida em ovulatória ou anovulatória. Pode ocorrer por mudanças hormonais, complicações de gestação, coagulopatias, infecções ou neoplasias. Em 50% não se encontra patologia orgânica, sendo o SUD diagnóstico de exclusão. O ciclo menstrual normal é de 28 ± 7, encurta com idade. A duração média de sgto é de 4,5 dias. Limite superior por risco de anemia: 120mL (37,5% Hb < 12g/dL, 53,8% ferritina < 16µg/L). O consenso é > 80mL. O padrão-ouro de medição é a extração alcalina da hematina (NaOH medido por espectrofotometria) em absorventes internos. A prevalência de menorragia na população é em aprox. 45%. 1. Investigação (NICE, 2007): gravidez, uso de medicamentos, endocrinopatias (tireóide, prolacrinomas), coagulopatias, doenças benignas, FR para hiperplasia ou ca de endométrio (peso > 90kg, idade > 45 anos, HF de ca colon, nuliparidade, HF de ca endométrio). 2. Fatores de risco: variam de acordo com faixa etária. Criança: vulvovaginite, traumas. Adolescentes: anovulação e coagulopatias. Idade reprodutiva: DSTs em mais jovens, leiomiomas e pólipos em mais maduras. Perimenopáusicas: anovulação, neoplasias. Menopáusicas: lesões benignas e malignas, atrofia do endométrio. 3. Diagnóstico diferencial: história e EF; Metrorragia: irregular Polimenorréia: freq ≤ 21dd Oligomenorréia: freq ≥ 35dd Hipomenorréia: pouco fluxo HIpermenorréia / menorragia: muito fluxo (vol > 80mL) ou > 7dd Menometrorragia: muito fluxo e irregular Sgto intermenstrual: em ciclos regulares 1) descartar inicialmente causas gestacionais (descolamento placenta, gestação ectópica, abortamento, placenta prévia, doença trofoblástica) → manejo obstétrico 2) Após, verificar medicamentos/iatrogenia (anticoagulantes, antipsicóticos, corticosteróides, ginseng, ginko, TRH, ACO combinado, ISRS, tamoxifeno, T4) → ajustar medicamento 3) observar causas sistêmicas (hiperplasias adrenais, discrasias sg, coagulopatias, hepatopatias, supressão hipotálamo, estresse, perda de peso, adenoma de hipófise/prolactinoma, SOP, nefropatia, tireoidopatias) → tratar causa específica 4) ver doenças ginecológicas (DIP, neoplasias, trauma ou corpo estranho, SUD) 4. Investigação laboratorial: • Hemograma completo para todas as pacientes • Teste para coagulação, TSH, creatinina e TGO/TGP/albumina se história positiva 5. Diagnóstico • ECO: ver lâmina endometrial; forma e volume uterinos; algumas massas • Biópsia de endométrio por aspiração: pode ser no consultório, não depende de anestesia; pode deixar desapercebidas lesões focais • Histeroscopia + biópsia de endométrio: padrão-ouro • Indicações de biópsia: persistência de sgto intermenstrual, ≥ 45 anos, falha no tratamento • Não se deve fazer: ECO com infusão salina ou RM como 1ª linha; dilatação e curetagem como dx; medir direta ou indiretamente perda menstrual; dosar ferritina sérica, TSH sem sintomas clínicos ou FSH e LH 6. Tratamento: • Clínico: 1ª escolha: sistema intra-uterino com levonorgestrel o 2ª escolha: ac tranexâmico (antifibrinolítico), AINE (reduzem PG, usar durante sgto) ou ACO combinado continuado o 3ª escolha: norestisterona (3x/dia do 5º ao 26º dia do ciclo) ou progesterona injetável o 4ª escolha: análogos do GnRH (hipogonadismo; SUD grave e desejo de engravidar no futuro, cuidar pseudo-menopausa) • Não usar: progesterona na fase lútea, danazol, etamsilato e dilatação-curetagem • Cirúrgico: ablação endometrial (persistência apesar da TH), embolização da a. uterina, miomectomia, histerectomia (único que dá solução definitiva!) o Curetagem uterina: redução temporária no 1º mês, tende a retornar Aula 15: ENDOMETRIOSE Data: 29/07/10 Notas de Aula A endometriose é a presença de glândulas endometriais e estroma fora da cavidade uterina. É definição histológica, mas o diagnostico é por laparoscopia. Afeta 10% da pop feminina e homens em hormonioterapia, entre 20-40 anos. Causa infertilidade em 60%, e tem maior frequência com HF positiva. A clínica consiste basicamente de dor pélvica crônica e dificuldade para engravidar. Na menopausa a doença regride. 1. Fisiopatogenia: 90% das mulheres terão menstruação retrógrada; sangramento deveria ser destruído pela resposta imunológica, mas com problema em resposta de linf Th, há perpetuação. A dor ocorre pela reação inflamatória regional (IL) e principalmente por dor neuropática (o implante endometrial invade terminações SUD • Sgto por disruptura E: E e P são interrompido ao mesmo tempo; baixos níveis levam à spotting; altos níveis sustentam longos períodos de amenorréia, seguidos de sangramentos intensos • Sgto por deprivação E: interrupção de E (p.ex. ooforectomia) • Sgto por disruptura P: só se alta relação P/E; precisa certo grau de proliferação endometrial (E é responsável por produção de receptores de P) • Sgto por deprivação P: mesmo mantendo E, haverá sgto se retirada P nervosas; mesmo tirando os implantes, pode ainda continuar com dor). É associado a alterações genéticas ou com associação ambiental (poluentes). 2. Diagnóstico: a importância de realizar o dx consiste em tto altamente custoso, demora de até 14 anos para dx (8-12 anos é a média) e associação com ca ovariano (2-3x mais chance). • Anamnese: 60% dispareunia, 33% algum desconforto pélvico; ver irradiação, antalgia e intensidade; dificuldade para engravidar; 4-60% pctes com dor pélvica crônica tem endometriose • Em adolescentes: atentar com pctes < 17 anos, pois tem dor e cólica; procurar sinais de alerta para alguma patologia (HF, dor sem alívio com AINE ou analgésicos, dor incapacitante); para esse tipo, não precisa fazer laparoscopia e trata com ACO contínuo (se não melhorar em 6 meses, laparoscopia) • Ex físico: pode-se palpar lesões com > 1cm ou endometrioma (lesão no ovário) • Imagem: TC não serve; ECO e RM (melhor nas endometrioses profundas); pode-se fazer transretal para acometimento colorretal • Ca-125: isoladamente é marcador ruim para endometriose; pode-se melhorar acurácia usando também prolactina; o Ca-125 não exclui endometriose • Indicações de biópsia: lesão atípica (incolor), endometrioma ou endometriose profunda 3. Tratamento: os objetivos do tratamento são evitar infertilidade ou tratar dor pélvica → ver a idade (35 anos) e paridade (se há ainda desejo de engravidar). Importante para definir tto: se afeta trompas ou não. • Classificação: superficial, ovariana (endometrioma), profunda (intestinal) • Tratamento inicial: cauterização ou retirada dos focos na laparoscopia o Continua-se com tto clínico com agonista do GnRH ou pílula contínua o A retirada melhora 80% da dor; 20-40% continuam com dor o Após cauterização dos focos, coloca-se para indução da ovulação com citrato de clomifeno (anti-estrogênico central e endometrial),não mais do que 6 meses (atinge plateau reprodutivo) • Tratamento para endometriose intestinal, bexiga ou ureter: sempre é cirúrgico; geralmente não afeta luz • Tratamento para endometriomas: pode-se tratar com punção por ECO (mais simples, 100% de recidiva); o melhor tratamento é a cistectomia (recidiva de 5-10%); pode-se fazer fenestração e destruição da cápsula Aula 16: INCONTINÊNCIA URINÁRIA FEMININA Data: 29/07/10 Notas de Aula A IU feminina caracteriza-se por qualquer perda involuntária, com esforço ou sem esforço. 80% dos casos são em mulheres; 50% das mulheres terão incontinência em alguma parte da vida. Mulheres levam em média 6,5 anos para procurar médico por queixa de IU. A fisiopatogenia refere-se à neuromodulação da bexiga; há centros de micção na ponte e no sacro que atuam por efeitos parassimpático (relaxamento) e simpático (contração). Alguns requisitos necessários para continência urinária são: continuidade de superfície entre bexiga e uretra; pressão intra-uretral maior do que a pressão intravesical; integridade do m. dextrusor; inervações da m. lisa da uretra e do m. esquelético do esfíncter externo preservadas. O m. elevador do ânus é fundamental para a continência do assoalho pélvico. 1. Classificação: • IU de esforço: relacionada com aumento do esforço abdominal, por descenso do assoalho pélvico; gestações e partos, esforço físico excessivo; é mais precoce (40-50 anos) • IU de urgência: relacionada à urgência miccional com perda; bexiga que não comporta muita urina, por alt funcionais (musculatura vesical, menopausa [ausência de E]); os ttos costumam ser mais clínicos • IU mista 2. Classificação funcional: • Anormalidades congênitas ou adquiridas: ureter ectópico, fístulas (mais raro, ligado à cxs prévias) • Alterações neurológicas da bexiga: hiperreflexia (espástica), hiporreflexia (flácida, enche e não tem reflexo para urinar; DM ou traumas raquimedulares) • Disfunção uroginecológica: IU de urgência, instabilidade do dextrusor (contrações involuntárias), prolapso uretrovesical 3. Classificação anatômica (relacionado ao esforço): • 1º grau: antes do intróito vaginal • 2º grau: quando chega ao intróito • 3º grau: quando ultrapassa intróito 4. Diagnóstico • Exame físico: sem esforço, pode estar aparentemente normal; realizar Valsalva para observar prolapsos • Avaliação clínica: o História: correlação com esforço; severidade, freq e significado social; vol de urina perdido; urgência, enurese, noctúria o Ex clínico: anatômico, teste esforço; deficiência estrogênica (bexiga tem mesma origem embrionária do útero e vagina, tendo mesmos receptores; a diminuição do estrógeno diminui a espessura da parede); urina residual, reflexo urogenital o Laboratório: cultura, uroanálise e glicemia; cistoscopia, urodinâmica, teste do absorvente; ECO • Exames complementares: avaliação urodinâmica 5. Tratamento • Conservadores: diminuição do peso (a perda de 10% já é suficiente para melhorar em 60% a IU), farmacológico, estimulação mecânica e elétrica, fisioterapia, TRH; nunca há 100% de eficácia o Farmacologia para resistência uretral: a uretra tem eficácia pequena para tratamento ? Adrenérgicos, imipramina ou propalamina contraem uretra ? BZD ou alfa-bloqueadores podem relaxar uretra e provocar perda urinária o Farmacologia da contração vesical ? Bexigas hiporreflexas: usar colinérgicos, prostigmina, mestigmina ? Bexigas hiperreflexas: usar anticolinérgicos, propantelina, menantelina, imipramina, oxibutinina (seria o padrão; efeito muscarinico e anestésico local; 5mg 12/12h; efeitos adversos são boca seca, constipação, taquicardia; contra-indicado para glaucoma de ângulo estreito, uropatia obstrutiva, constipação) • Tratamento com ACO combinado: preventivamente piora os sintomas; usar em pctes sintomáticas e com atrofia (melhora com uso de creme vaginal) • Cirurgias: abd (Burch, Marchall-Marketti-Krantz), vaginais (Kelly-Kennedy-Barnes), compostas (Pereyra, Raz, cirurgia de cinta [Sling]) Aula 17: DOENÇA INFLAMATÓRIA PÉLVICA Data: 02/08/10 Rotinas em Ginecologia Síndrome clínica 2ª à MOs da vagina ou endocérvice ao trato genital alto (útero, trompas, ovários, peritônio, estruturas contíguas). Não está relacionada com ciclo grávido-puerperal ou cx em órgaos pélvicos. Seqüelas precoces: peri-hepatite, ATO, morte. Risco aumentado de gestação ectópica (pela lesão tubária), dor pélvica crônica e infertilidade tubária, dispareunia, aderências pélvicas, DIP recorrente (25%). A Neisseria e a Chlamydia são os agentes mais freqüentes. Suas principais complicações são o abscesso tubo-ovariano (ATO), peritonite pélvica e síndrome de Fitz-Hugh-Curtis. Os mecanismos associados ao desenvolvimento de DIP são infecção prévia de vagina ou colo (normalmente assintomáticos) e a ascensão desses MOs para o trato genital superior. 1. Fatores de Risco: idade (inversamente prop; ocorre mais em adolescentes), baixo nível sócio-econômico, múltiplos parceiros, história de DSTs ou DIP prévia, manipulação do trato genital, anticoncepção, tabagismo, álcool+drogas, uso de DIU 2. Quadro Clínico: determina tratamento empírico; grande variação em intensidade e sinais/sintomas; • Critérios mínimos: dor abd inf + dor à palpação de anexos + dor à mobilização colo o Dor constante, bilateral, após menstruação (menor qtde de P); dispareunia; melhora em 7 dias • Critérios adicionais: febre, secreção vaginal ou cervical purulenta, PCR ou VSG elevados, comprovação de infecção por Clamídia ou gonococo, sintomas urinários, massa ou tumoração pélvica • Critérios definitivos: evidência AP de endometrite, ATO ou abscesso em FSD em ECO, laparoscopia com DIP 3. Patógenos causadores: clamídia, gonococo, CMV, Gardnerella vaginalis, H. influenzae, enterococos (E. coli), Peptococcus, S. agalactie, Bacterioides fragilis, Mycoplasma genitalium 4. Diagnósticos diferenciais: apendicite aguda (anorexia e dor após ovulação), gravidez ectópica (hCG +), endometriose, ITU, litíase renal, aborto espontâneo ou séptico, torção/ruptura de cistos ovarianos (ausência ou febre discreta), torção de mioma, tu anexiais, colecistite, diverticulite • TC pode ser usada no diag diferencial; pode localizar áreas de abscesso e coleção de líquido • RM: alta sensibilidade e especificidade, raramente usada 5. Procedimentos: • Culdocentese: uso de seringa (18 gauge) através do exame especular para puncionar fundo de saco; pode sair conteúdo purulento e/ou sanguinolento; resultado positivo para leucócitos e bactérias é inespecífico e pode aparecer em apendicite e diverticulite; a partir da ECO TV, é raramente usado (pode ser usado em locais onde não tem ECO, rápida execução) • Biópsia endometrial: diagnóstico histopatológico da endometrite, que geralmente é acompanhada de salpingite. Geralmente feita por sucção • Laparoscopia: padrão-ouro para diagnóstico; critérios mínimos para diagnóstico são edema tubário, hiperemia da superfície e presença de exsudato nas tubas e fímbrias. Pode-se visualizar diretamente ATO ou gravidez ectópica. Não define DIP em até 20% dos casos 5. Tratamento: deve ser iniciado em quadro suspeito! • Objetivos: tto da infecção aguda, alívio dos sintomas e prevenção das complicações • ATB amplo espectro normalmente é suficiente para eliminar infecção; algumas vezes, cx... • Tratamento ambulatorial: Ceftriaxona 250mg IM dose única + Doxiciclina 100mg VO 12/12h 14dd o O tratamento do parceiro é mandatório, cobertura para clamídia e gonococo (Azitromicina 1g + Levofloxacina 500mg dose única) • Critérios de internação: suspeita de abscesso pélvico ou ATO, quadro grave com febre, peritonismo/sepse, dúvidas diagnósticas, falha tto ambulatorial, imunodeficiência • A febre e dor abd devem sofrer melhora após 48h do início do ATB • Indicações
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