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Universidade Federal do Pará Ginecologia Francianne Rocha DOR PÉLVICA CRÔNICA Considerações: Doença debilitante Impacto na qualidade de vida Fisiopatologia não bem compreendida Abordagem ampliada Conceito Dor pélvica crônica é uma dor não maligna nas estruturas da bacia de homens ou mulheres. A dor é contínua ou recorrente por 6 meses. Pode estar associadas a consequências negativas cognitivas, comportamentais e sociais (nova definição). Guidelines on chronic pelvic pain /2010 Conceito Síndrome de dor pélvica (CPPS) Dor pélvica persistente ou recorrente associada com sintomas de trato urinário inferior, sexual, intestinal ou disfunção ginecológica. Não há nenhuma infecção comprovada ou outra patologia óbvia Guidelines on chronic pelvic pain /2010 Fisiopatologia: Modelo do mecanismo da dor : Biopsicossocial = atendimento multidisciplinar. Os estímulos dolorosos são universais e condições psicossociais específicas contribuem desenvolvimento e manutenção da dor crônica. Há evidências da associação : violência sexual e a queixas ginecológicas (dismenorreia e dor pélvica). Fisiopatologia: 1) Mudanças neuroplasticas no corno posterior da medula espinhal (mudanças eletrofisiológicas bioquímicas e metabólicas) pelo estimulo nocivo inicial 2) Sensibilidade cruzada entre vísceras com a mesma inervação (reflexo víscero- visceral). Fisiopatologia: 3) Desenvolvimento de um reflexo víscero-muscular : Repercussões disfuncionais (dificuldade miccional ou incontinência urinaria) Síndrome miofascial e geração de novos pontos de dor Tipos de Dor Dor de origem somática: A dor inicia em: pele, músculo, fáscias , ossos, articulações, a pcte consegue localizar um ponto de dor. Dor e irradiação bem delimitada , Poucos sintomas associados, Piora da dor em mudanças de postura ou manipulação do abdome Não se relaciona a história social da paciente Tipos de Dor Dor de origem visceral: A dor é mal localizada , mal definida Geralmente em cólicas, Pode estar associada a outros sintomas: náuseas, vômitos . Tipos de Dor Dor de origem psicológica: ( exclusão) as alterações psicológicas tem papel definido na percepção da dor. Dor mal definida, sentida em vários pontos do organismo. Localização difícil, é referida em áreas não afetadas. Queixa de sintomas desconexos, com relação a evento emocional Conceito Etiologia: Interação de sintomas dos sistemas: gastrointestinal, urinário, ginecológico, músculo–esquelético, neurológico , endócrino e psicológico, e influenciado por fatores sociais. Conceito PATOLOGIAS MAIS IMPORTANTES : Dismenorréia Dismenorréia primária começa com ciclos ovulatórios e tende a diminuir após o parto . Tratamento: orientação, AINH, supressão da ovulação Dismenorréia secundária sugere uma patologia: excluir endometriose e infecção pélvica . Investigar DST é obrigatório Conceito Disfunção no assoalho pélvico Funções: suporte, contração e relaxamento + Disfunção: Um músculo que é continuamente contraído vai doer. Aderências Pélvicas Estruturas fibróticas em forma de cordões, frouxos ou firmes, unindo órgãos abdominais ou pélvicos entre si, ou à parede abdominal. Resultado final do processo de cicatrização peritoneal após trauma, processo infeccioso ou endometriose. Aderências Pélvicas Aderências Pélvicas Conceito Endometriose AP: dismenorreia secundária ( dor cíclica) , dispaureunia, cicatriz na fórnices vaginais, com mobilidade reduzida uterina e massa anexial. Clinica: dor cíclica persistente, sangramento retal na menstruação, associação c/ nuliparidade Diagnóstico: Laparoscopia ( de certeza) Tratamento: analgésicos e AINH, tratamento hormonal A dor associada com endometriose mesmo após extensa remoção das lesões e supressão da condição, pode continuar. Síndrome do Intestino Irritável Dor ou desconforto abdominal há pelo menos 12 semanas, alívio da dor à defecação , mudança da frequência das evacuações ou à aparência das fezes Sintomas: flatulência , eliminação de muco e sintomas extra intestinais: letargia, dor lombar, polaciúria, dispaureunia DIAGNÓSTICO Dificuldades da abordagem da DPC Psicoemocionais: Reforçar vínculos de credibilidade na relação médico-paciente. Apresentar expectativas reais na propedêutica e terapêutica Não assumir a psicoterapia DIAGNÓSTICO Dificuldades da abordagem da DPC Anatômicas Vários sistemas orgânicos em uma mesma região corporal : cutâneo, miofascial, osteoarticular, nervos e gânglios, peritônio parietal, sist. Reprodutor, sist. Digestivo e sist. Urinário. DIAGNÓSTICO Dificuldades da abordagem da DPC Inervação sensitiva pelviperitonial ESTRUTURA PELVIPERITONIAL NERVOS ÁREA MEDULAR ESPINAL Abdômen inferior reg. ant da vulva Ilioipogastrio, ilioinguinais, Genitofemurais T12, L1,L2 Porção distal ureter Trigono vesical Uretra post e reto Colon sigmóide Plexo pélvico S2, S3 ,S4 Colo e fundo uterino 1/3 médio trompas Lig largo + fundo vesical Intestino Delgado distal Ceco e apêndice cecal Aferent. viscerais, plexos simpaticos uterinos, Plexo hipogastrico inferior, Nervos epigástricos, Plexo epigástrico super., Plexo mesentério inf, Cadeias simpat lombar e torácicas caudal. T10, T11, T12 e L1 1/3 distal vaginal períneo pudendos S2 , S3 , S4 Ovários 2/3 laterais das trompas mesossalpinge Plexo ovariano e mesentério inferior T10, T11, T12 ÓRGÃO LESADO TERRITÓRIO DA DOR Corpo uterino Hipogástrio, sacro, glúteo, face medial e anterior das coxas Trompas e ovários Acima dos pts medioinguinais , face ant e medial das coxas Colo uterino Fossas ilíacas, região sacra e glútea Paramétrio e peritônio pélvico Fossas ilíacas Ligamentos uterossacros Região sacra caudal Vesícula biliar, estõmago, int. delgado, Apêndice e colon sigmóide Região mediana, umbilical e hipogástrio Reto Região mediana infra umbilical Trigono vesical e uretra Região sacra e caudal, coxas, períneo e face Posterior dos mmii até os tornozelos Fundo vesical Região distal do abdômen Ligamentos, ossos, músculos, e raramente Estruturas viscerais pélvicas Região lombar Raízes e plexos nervosos lombares e sacros Face post das coxas, reg glúteas e períneo posterior Diafragma Ombros Vasos pélvicos Hipogástrio, reg. sacra e glútea, face medial e anterior das coxas. Diagnóstico Anamnese: escutar, reforçar vínculos de confiança, caracterizar a dor: 1- localização 2- irradiação 3- intensidade 4- qualidade ( pontada, facada, cólica, peso... ) 5- inicio e duração 6- melhora ou piora com... 7- impacto funcional 8- o que a dor impede ou dificulta de realizar Diagnóstico Início da dor: insidioso ou abrupto; Localização da dor: indicar (mão) qual o local da dor. Na DPC há dor em outros pontos: 60% dores de cabeça e 90% dores nas costas. A dor de origem somática profunda ou visceral, tem localização incerta, dificulta a diferenciação da dor , que pode ser ginecológica, urológica ou intestinal. Diagnóstico Intensidade da dor: escala numérica, de gradação de cor ou verbal; Periodicidade: cíclica ou acíclica. Ciclicidade : origem ginecológica (endometriose, “dor-do-meio”); Questionar relação com o trânsito intestinal, micção ou movimentação (cistite, síndrome do cólon irritável, síndrome miofascial abdominal). Diagnóstico AP: cirurgias pélvicas, abdominais e angiológicas, transtornos de humor, uso de medicações e drogas, história de abuso sexual e físico. Valorizar as histórias de “má circulação” e eventos tromboembólicos Passado de DST, DIP ou contato com Tuberculose. Diagnóstico Exame Físico: Posição ortostática: procurar alterações posturais como lordoses, escolioses e hérnias inguinais, femorais. Posição sentada: avaliar se há posição antálgica. Palpar o dorso da paciente avaliar pontos dolorosos: fibromialgia, síndrome miofascial e outros problemas posturais. Procurar “pontos de gatilho” da dor. Diagnóstico Sinal do obturador (rotação interna do quadril): flete a perna sobre a coxa e a coxa sobre a pelve e então a rotação interna do quadril: APENDICITE Teste de Carnett: quando o ponto doloroso abdominal é palpado, solicita-se à paciente que eleve a cabeça. Caso a dor aumente com esta manobra, considera-se origem miofascial, se diminuir, origem intrabdominal. Cicatrizes cirúrgicas procuradas e palpadas para detectar hérnias incisionais. A palpação da sínfise púbica pode mostrar osteítes. Por fim, o exame habitual do abdome, com palpação superficial e profunda, descompressão e percussão Diagnóstico Exame ginecológico: Inspeção da genitália externa: hiperemia, leucorréia, abscessos, nodulações, fístulas, etc. Palpa-se vulva e região inguinal: nodulações e pontos dolorosos. Exame especular : paredes vaginais e o fundo de saco anterior e posterior, a procura de abaulamentos, feridas, escoriações, condilomatoses. Diagnóstico Exame ginecológico: Toque vaginal primeiro unidigital :o vestíbulo vaginal, músculos pélvicos, vagina anterior, uretra e área do trígono vesical. O toque bimanual : comprimir o útero contra o sacro para avaliar FCC e mobilização do útero. Dor: Nodulações (endometriose?) Toque retal Miomatose, Adenomiose, aderências pélvicas e endometriose À mobilização = DIP Diagnóstico – Exames complementares Diagnóstico – exames mais complexos Colonoscopia (pólipos intestinais, endometriose intestinal, tumores, síndrome do cólon irritável) Endoscopia digestiva alta. Histerossalpingografia. Histeroscopia (anormalidades uterinas, pólipos, adenomiose, miomatose). Cistoscopia (cistite intersticial, divertículos vesicais). Estudo urodinâmico (IUE, causas centrais) Tomografia computadorizada. Ressonância Nuclear Magnética. Pesquisa de sangue oculto nas fezes. Eletroneuromiografia (alterações nervosas). Diagnóstico – exames mais complexos Laparoscopia A laparoscopia diagnóstica é considerada o exame padrão- ouro para DPC. Indicado quando exames não invasivos não elucidaram o diagnóstico. Laparoscopia Laparoscopia Tratamento A progressão da doença e os desapontamentos com os resultados = hostilidade contra os profissionais Indivíduos com dor crônica, em geral, possuem longa história de dor, acentuado sofrimento psíquico, comprometimento laborativo e físico e descrença no tratamento = Depressão. Tratamento Etiológico Tratamento multidisciplinar –psicoterapia Endometriose: ressecção ampla- HTA Aderências: adesiólise (remover tecido fibroso) Varizes pélvicas e S. da congestão pélvica: ligadura ou embolização das veias ovarianas Tratamento Sintomático / Farmacológico Indução da amenorréia: após exclusão de DIP, c/ progesterona= diminuição da dor AINE- efeito analgésico: Acetominofeno, ácido mefenâmico; efeito antiinflamatório: indometacina Antidepressivos: diminuem a percepção central da dor, normalizam o sono , melhoram o apetite e o humor Tratamento Sintomático / Farmacológico Dor grau 1- analgésicos não opióides AINH: aceclofenaco 100mg 12/12 hs Dipirona: 30 gts 8/8 hs Acetominofeno: 500mg 8/8 hs Dor grau 2 - analgésicos não opióides + opióides fraco Codeína 30mg 6/6 hs Tramadol 50-100mg 6/6 hs Dor grau 3 – opióides Morfina Fentanil
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